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UNIVERSIDADE ALTO VALE DO RIO DO PEIXE - UNIARP

CURSO BACHAREL EM DIREITO

ANDREA APARECIDA CONTE

DIREITO E CIDADANIA-DIREITOS CIVIS E SOCIAIS

FRAIBURGO
2018
ANDREA APARECIDA CONTE

DIREITO E CIDADANIA-DIREITOS CIVIS E SOCIAIS

Trabalho apresentado para disciplina de


Sociologia Jurídica, no primeiro semestre de
2018 sob orientação do professor Rodrigo
Regert.

FRAIBURGO
2018
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 3
2 DIREITO E CIDADANIA .......................................................................................... 4
2.1 DIREITOS CIVIS E SOCIAIS ................................................................................ 4
3 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 10
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 11
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1 INTRODUÇÃO

A Sociologia Jurídica de Spagnol sob coordenação de Maciel surgiu pela


necessidade de tornar relevante o estudo voltado para a prática mais humanística dos
profissionais do direito. Se refere em o direito como forma de vivência social das
relações humanas de modo a não o tornar o detentor do poder, mas um meio para
compreendermos e mantermos o cidadão digno enquanto o ser humano que é.
Os precursores da sociologia jurídica foram Kant, Kelsen, Durkheim, Weber,
Marx, Ehrlich e Engels.
O Direito no Brasil teve influência dos Romanos e dos países contemporâneos
da Europa.
A Sociologia Jurídica tem se desenvolvido começando com ênfase na
importância desse estudo nas universidades, pois atualmente está sendo exigido esse
estudo para formação de profissionais mais humanos na prática do direito, um “Direito
com formação humanística”.
O estudo sobre a Sociologia Jurídica no campo do Direito e Cidadania voltado
para os Direitos Civis de âmbito acadêmico serve para conhecermos sobre o tema em
seus aspectos histórico, social e humano para uma aprendizagem consistente, pois
vivemos em sociedade, e para o desenvolvimento de um bom trabalho no futuro torna-
se necessário tal entendimento dos fatos já ocorridos, de como se encontra e suas
projeções futuras.
De forma individual através de pesquisa, leituras e das aulas administradas
pelo professor em sala são possíveis de conhecimentos e da compreensão da
importância de uma prática do Direito mais humano de forma geral e principalmente
no constante dos Direitos Civis e Sociais dentro do Direito e Cidadania.
Para tanto o trabalho se desenvolveu através de pesquisa bibliográfica para
abordar o tema Direito e Cidadania voltado para os Direitos Civis e Sociais com seu
objetivo centrado no histórico dos fatos associados as revoluções, Francesa, Liberais
“Burguesas” em âmbito global, e sob essa influência das Revoluções Burguesas no
Brasil, a inconfidência mineira e a democracia, ao qual tornou a sociedade como está
atualmente.
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2 DIREITO E CIDADANIA

Para o indivíduo “cidadão” deter de direitos e poder exercer a cidadania


atualmente o povo passou por diversos movimentos históricos. Aos quais serão
abordados neste trabalho.
Num contexto geral cidadania é a compreensão e execução dos direitos pela
execução da prática dos deveres podendo assim conceituar, e que faz parte de um
governo democrático.
Os direitos dividem-se em civis, políticos e sociais e a cidadania consiste na
conquista desses direitos. Que também se divide em real (o que se vive na rotina
diária) e formal (referente as leis).

2.1 DIREITOS CIVIS E SOCIAIS

No século XVII e XVIII, chegou ao fim o sistema feudal onde o capitalismo


começou a se fortalecer e se tornando predominante, formando a classe social
denominada de burguesia com domínio político.

Conforme Spagnol (2013, p. 99) retrata que:

Ao longo dos séculos XVII e XVIII, a Europa passou por diversos movimentos
revolucionários que transformaram a sociedade europeia nos campos social,
político e econômico. Essas revoluções marcaram a decadência do sistema
feudal e o fortalecimento do capitalismo como sistema econômico
predominante, e principalmente a ascensão de uma nova classe social [...].
Com os entraves que o Estado absolutista ocasionou, fez com que a burguesia
defendesse a liberdade comercial em oposição ao absolutismo rompendo os laços
com a monarquia.

Os filósofos políticos do liberalismo foram pensadores que influenciaram em


muito o momento político que a Europa atravessava, e também outras
revoltas que sucederam em diversas partes do mundo. Os filósofos
contratualistas como John Locke (1632-1704), passando por Montesquieu
(1689-1755), cuja obra O Espírito das leis propõe a separação dos poderes
em executivo, legislativo e judiciário, seguido por Voltaire (1694-1778),
grande defensor dos direitos individuais e um duro crítico da igreja, chegando
Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), com O contrato social-sustentavam o
rompimento da bu8rguesia com o absolutismo como forma de defesa dos
direitos sociais (SPAGNOL,2013, p. 100).
Com o contrato social, foi idealizado a igualdade nas interações sociais entre
os cidadãos, fazendo surgir assim um governo, e a sociedade civil.
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O contrato serviria de base para os direitos dos cidadãos, onde o governo teria
responsabilidades à segurança e ao respeito dos direitos naturais. Caso contrário se
isso não ocorresse o indivíduo poderia se opor.
Essa idealização resultou em um crescimento dos interesses da burguesia que
queria deter do “poder”. Os iluministas e fisiocratas apoiavam estes interesses
burgueses na época da liberdade econômica propondo fim das relações dos Estados
nos assuntos econômicos.

Nos séculos que antecederam essas revoltas, a burguesia desenvolveu-se


graças a uma ligação com absolutismo, o que garante um desenvolvimento
das práticas mercantilistas e o aumento da produção de mercadorias o que
gerou um processo de acumulação de capitais. Contudo com as
interferências do Estado absolutista nos problemas econômicos, a burguesia
viu inúmeros entraves ao desenvolvimento do capitalismo (SPAGNOL, 2013,
p. 99-100).
Iluminismo foi o movimento intelectual que surgiu na Europa que defende a
razão na conquista de mais liberdade política e econômica, para “iluminar o
pensamento humano, acabando assim com a escuridão” pois o povo daquela época
seguia fielmente as crenças religiosas e místicas, com o iluminismo grandes
mudanças sociais políticas e econômicas baseado na liberdade, igualdade e
fraternidade ocorreram com o apoio total da burguesia.
“As ideias iluministas repercutiram em toda a Europa influenciaram diversas
revoluções, como a Revolução Francesa e as Revoluções Inglesas inclusive no EUA,
uma vez que podemos dizer que a Independência Americana sofre influências do
Iluminismo” (SPAGNOL, 2013, p.101).
Os iluministas influenciaram por defenderem um modelo de sociedade onde o
rei não tivesse poderes absolutos e que também não interferisse na economia. Tanto
os iluministas quanto os burgueses queriam acabar com o poder do rei abraçando a
causa. Quando as ideias iluministas começaram a se espalhar na população os reis
se preocuparam com a possibilidade de perder o trono a partir daí começaram a adotar
algumas ideias iluministas. Esses reis foram chamados de “Déspotas Esclarecidos”.

O chamado "despotismo esclarecido" é o termo mais comum utilizado para


designar a prática dos monarcas que, apesar de reinarem de forma absoluta,
ainda implementaram reformas político-econômicas baseadas nas ideias
iluministas vigentes no período (PISSURNO, 2018, p. 01).
Fenômeno que surgiu com aceleração dos processos de modernização
promovido pelos monarcas que estavam com medo de perder o poder na época, para
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acalmar quem fazia parte do movimento iluminista. Por que apesar de adotar algumas
práticas ainda queriam deter de todo o poder (SPAGNOL, 2013).
Liberalismo assim como o iluminismo dava sequência pela burguesia porque
apesar de possuir características de revolução para a abolição de um regime que
existia na época e por lutarem contra a monarquia e por se imporem pela classe social,
na prática desfaziam a classe baixa e não aceitavam que alguém desta classe
detivesse de poder político e\ou econômico. Tanto que os Marxistas nomearam as
revoluções liberais por sua base camuflada em revoluções burguesas.
Segundo Guerra (2018, p. 01),

Liberalismo é uma teoria política e social que enfatiza fundamentalmente os


valores individuais da liberdade e da igualdade. Para os liberais, todo
indivíduo têm direitos humanos inatos. O governo tem o dever de respeitar
tais direitos e deve atuar principalmente para resolver disputas quando os
interesses dos indivíduos se chocam. De acordo com a filosofia política
liberal, a sociedade e o governo devem proteger e promover a liberdade
individual, em vez de impor constrangimentos; a pluralidade e a diversidade
devem ser encorajadas e a sociedade deve ser igual e justa na distribuição
de oportunidades e recursos.
No Brasil, o pensamento liberal não provocou ou teve como resultado revolução
burguesa, porém provocou discussões a respeito dos direitos civis.
Com o conceito de individuo que surgiu nesta época, veio de encontro o
conceito de cidadão, pois até então a ideia era apenas povo e sociedade. Com isso o
indivíduo “cidadão” passou a gozar de seus deveres e direitos civis e políticos em
relação a um estado praticando a cidadania.

A cidadania, em verdade, pode ser visualizada tanto no plano jurídico, como


no sociológico. No primeiro, assume os contornos traçados pela ordem
jurídica, em especial pela Constituição, indicando os direitos e os deveres que
alcançam o indivíduo enquanto célula da sociedade e destinatário do poder
estatal. No segundo, por sua vez, atua como fator de aglutinação de
referenciais éticos, ecológicos e democráticos; o status de cidadão é atribuído
àqueles que estão efetivamente inseridos no contexto social, observando
certos padrões comportamentais, de natureza normativa ou não, e tendo
reconhecidos certos direitos que se mostram essenciais à própria espécie
humana. Sob essa última ótica, não é incomum afirmar-se que vândalos e
indigentes, os primeiros por afrontarem a ordem jurídica, os segundos por
não serem realmente amparados por ela, são não-cidadãos (GARCIA, 2018,
p.01).
Exposição dos principais estágios da história do Brasil, ao qual resultou em
Direito e Cidadania voltados para direitos civis, políticos e sociais da atualidade.
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Fonte: Leônidas Felipe, Designer Gráfico (2018, p.01)

Linha do tempo segundo Silveira e Luna, 2018:


Brasil Colonial (século-XVI):
• Estado absolutista, sociedade de privilégios, sem noção de Estado de Direito
e Cidadania.
• Lutas de resistência de indígenas e escravos pela liberdade.
Séc. XVIII – Movimentos nativistas anticoloniais:
• Introdução do ideário liberal e suas concepções de Estado de Direito e
Cidadania, sob inspiração das revoluções inglesas, norte-americana e francesa.
1824 – Carta outorgada por D. Pedro I:
• Formalização jurídico-constitucional de ideias liberais de Cidadania.
Restringida a certos segmentos sociais. Cidadania interditada aos escravos.
Império brasileiro (séc. XIX):
• Lutas de segmentos sociais destituídos (escravos e homens livres pobres) X
privilégios, injustiças sociais e violência.
1891-1ª Constituição republicana:
• 1ª Constituição republicana: igualdade jurídica de todos os cidadãos. Mas,
manutenção de privilégios, desigualdades e opressão. Participação
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política restringida em lei e pelas práticas oligárquico-coronelísticas.


1ª República (1889-1930):
• Resistência X Estado Oligárquico: greves operárias, cangaço e messianismo.
Estado brasileiro pós-30:
• Direitos trabalhistas, sindicais, previdenciários; e voto feminino. Mecanismos
de controle da classe trabalhadora pelo Estado X Cidadania plena. Ditadura do Estado
Novo (1937-45).
1945-1963:
• Redemocratização constitucional do país. Controle político das massas por
líderes populistas e por grupos oligárquicos.
• Movimentos de resistência dos trabalhadores urbanos e rurais.
Golpe militar e implantação da ditadura (1964-1985):
• Supressão das garantias de direitos. Prisões, torturas e mortes de opositores
pelo Estado. Arrocho salarial.
2ª metade dos anos 1970:
• Movimentos da sociedade civil X ditadura. Lei da Anistia (1979). Volta dos
exilados políticos.
1980 – “Pra não dizer que não falei das flores”:
• 1ª Metade da década de 1980: crise do regime militar. Movimento pelas
Diretas-Já. Fim do regime militar.
• 1987: Congresso Nacional Constituinte.
• Constituição de 1988: garantia de direitos liberais clássicos + direitos novos
(sociais, econômicos, culturais).
Final da década de 1980:
• Globalização: Confronto entre defensores da supressão de direitos
(neoliberalismo) e defensores do alargamento dos direitos (multiculturalismo).
• Governos brasileiros: Eleição de Collor; assinatura e ratificação de inúmeros
documentos, declarações e resoluções internacionais de garantia de direitos,
aprovados pelo Congresso Nacional.
• Multiplicidade de movimentos sociais e identitários em luta pela inclusão
social.
Década de 2000:
a) No plano jurídico-normativo:
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• Estatuto do Idoso (2003)


• Decreto de Acessibilidade (2004)
• Diretrizes Nacionais para a Educação das relações Étnico-raciais
e para o ensino de História e cultura afro-brasileira e africana
(2004)
• Decreto 5.626 – Língua Brasileira de Sinais (2005);
• PNEDH (2006);
• Lei Maria da Penha (2006).
b) No plano da política de Direitos Humanos:
• Programa Nacional de Ações Afirmativas (2002);
• Plano de Erradicação do Trabalho Escravo (2003);
• Brasil sem Homofobia (2004);
• Brasil Quilombola (2004);
• Plano Nacional de Políticas para as Mulheres (2005)
• Campanhas pela Diversidade Sociocultural;
• Plano de Desenvolvimento da Educação (2007).
Pelas linhas do tempo expostas à cima pelos elaboradores, é observável o
traçado histórico, político e social do Brasil, ao qual passou por diversos movimentos,
revoluções internas refletidas das revoluções externas de outros países, além das
situações atuais como a corrupção, prisão Luiz Inácio Lula da Silva, entre outras.
Tudo isso faz com que ocorra um desequilíbrio de como o país se direcionava,
para transformações de um novo direcionamento. E que apesar do cidadão ser
influenciado ainda à não exercer plenamente sua cidadania, mesmo que esteja
presente na constituição, “pela classe dominante”, dos que detém de poder
econômico. É um começo de mudanças que provocam a população a uma mudança
de paradigmas.
Entende-se que Democracia é um poder advindo do povo, porém o que não
ocorre na prática, tornando numa demagogia da própria história.
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3 CONCLUSÃO

Através deste trabalho pesquisado e elaborado sobre Direito e Cidadania no


viés de Direitos Civis e Sociais dentro da Sociologia Jurídica com ênfase num Direito
com Formação Humanística, pôde-se constatar que para o Brasil estar com está
atualmente, tiveram muitos processos históricos e atuais envolvidos. Aos quais é
possível de se observar que grandes transformações ocorreram devido a grandes
desequilíbrios políticos, econômicos e sociais.
Porém, o país se encontra num distanciamento intenso no que se refere ao
direito como forma de vivência social das relações humanas, para manter o cidadão
digno enquanto ser humano que é, pois ainda se divide em classe dominante os que
detém de poder econômico, minoria da população, e que conseguem regalias
desnecessárias , e no povo, os que são influenciados, manipulados de modo a
apresentar que não praticam sua cidadania de forma justa como consta na
constituição, devido as burlagens do sistema. Apesar da publicidade ser outro, é o
“positivismo” em foco.
Contudo nesse resgate do estudo da Sociologia Jurídica com ênfase no direito
humanístico, poderemos acreditar em mudanças consideráveis se os alunos das
universidades desempenharem em sua profissão esse viés mais humano da
sociedade. Oportunizando ao povo o Direito na prática do exercício de cidadania.
Conclui-se que, mesmo que o objetivo de diversas situações estava exposto
nas mudanças para o bem social do povo para o exercício de uma democracia, ainda
é nítido a camuflagem dos resultados para a minoria da classe dominante. Ou seja,
resquícios da burguesia.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FELIPE, Leônidas. Linha do tempo-História do Brasil. Disponível em: <


http://leonidasfelipe.blogspot.com.br/2017/07/linha-do-tempo-historia-do-brasil.html>.
Acesso em: 21 de abril, 2018.
GARCIA, Emerson. Cidadania e Estado de Direito: breves reflexões sobre o
caso brasileiro. Disponível em: < https://conamp.org.br/pt/component/k2/item/1202-
cidadania-e-estado-de-direito-breves-reflexoes-sobre-o-caso-brasileiro.html >.
Acesso em: 21 de abril, 2018.
GUERRA, Luiz Antônio. Liberalismo. Disponível em: <
https://www.infoescola.com/filosofia/liberalismo/ >. Acesso em: 20 de abril, 2018.
PISSURNO, Fernanda Paixão. Despotismo Esclarecido. Disponível em: <
https://www.infoescola.com/historia/despotismo-esclarecido/ >. Acesso em: 19 de
abril, 2018.
SILVEIRA, Rosa Maria Godoy. LUNA, Guanambi. Direitos humanos no brasil:
linha do tempo. Disponível em: < http://www.cchla.ufpb.br/redhbrasil/wp-
content/uploads/2014/04/LINHA-DO-TEMPO..pdf >. Acesso em: 21 de abril, 2018.
SPAGNOL, Antônio Sérgio. Sociologia Jurídica. São Paulo: Saraiva, 2013. –
(Coleção direito vivo/coordenação José Fabio Rodrigues Maciel)

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