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O Mundo dos Mistérios: história da Imprensa e história cultural - o

sensacionalismo como objeto de uma abordagem multidisciplinar

Autor: Valéria GUIMARÃES


Titulação: Professora Doutora
Graduação: Bacharel e Doutora em História Social (USP), pós-doutoranda em Comunicação e Semiótica
(CEO-COS-PUC-SP)
Instituição: Centro de Estudos da Oralidade (CEO-COS-PUC-SP) e FAPESP
Unidade da Federação: SP
e-mail: valeriaguimaraes@terra.com.br
Grupo Temático: GT4 – História da Mídia Impressa

O sensacionalismo e o fait divers têm sido alvo de variadas abordagens. Nossa


pergunta é: o que caracteriza uma história cultural da imprensa? E qual a contribuição dos
estudos da comunicação para uma história os primórdios do sensacionalismo em periódicos
no Brasil.

1. Um objeto de pesquisa pouco explorado


Há pouca informação sobre as primeiras publicações de fait divers no Brasil.
Em Freitas Nobre (1950) há uma lista de jornais publicados com suas respectivas
descrições, tais como tiragem, direção, número de páginas. Nas páginas introdutórias, porém,
não há qualquer referência ao sensacionalismo ou sobre o início da publicação de fait divers
pela imprensa brasileira.
Werneck Sodré (1999: p.283) fala da modernização da imprensa ocorrida no início do
século XX quando se abandona o que chamou de linguagem empolada dos literatos, havendo
uma adesão gradativa a um estilo simples, claro e direto. Surge a reportagem e a influência
francesa seria predominante até este período. A crescente penetração do estilo americano de
se fazer jornalismo, mais objetivo, aparece como marca de modernização, sobretudo no pós-
guerra. O autor não mais se refere ao sensacionalismo nos jornais e só cita esporadicamente
crônicas sobre suicídios que, para ele, são exemplos ainda da falta de objetividade e da “baixa
literatice” (Sodré, 1999: p.288) que permanece nos textos jornalísticos.
Esta questão sobre o marco da modernização da imprensa está presente também em
Juarez Bahia (1990: p.155). Ambos afirmam que a passagem para o século XX marca uma
inovação técnica e citam a I Guerra Mundial como limite de passagem do estilo francês para o
americano (Bahia, 1990:138). Em relação ao sensacionalismo, é evasivo e o cita quando se
refere à questão ética, identificando a modernização com a erradicação do tom sensacionalista

1
em fins da década de 20, pelo menos entre os grandes jornais, considerados sérios (1990:
p.216).
Capelato informa que até a metade do século XX “a maioria dos jornais brasileiros
(inclusive os órgãos de partido, como o Diário Nacional) davam destaque à seção de crimes”
(1988: p.16). Que a mudança começou apenas após os anos 30, com a maior concorrência
entre os jornais, o que resultou na sofisticação gráfica, por exemplo, e na melhora da
qualidade da apuração e da notícia. Mas também não traz mais informações sobre o universo
da produção dos fait divers nas redações.
O que parece central, no que diz respeito ao sensacionalismo neste contexto é a tônica
na oposição entre modernização e sensacionalismo.
Desde nossa pesquisa de doutorado (Guimarães, 2004b) constatamos que o projeto de
modernização que esteve por trás de reformas sociais na República Velha também atingiu a
imprensa. E que o sensacionalismo, dentro da perspectiva dos contemporâneos, estava ligado
ao seu oposto em uma chave representada como atraso, excessivamente popular, não
civilizado, algo a ser banido.
Defendemos que o sensacionalismo em jornais é parte da modernização da imprensa
não só brasileira, mas de vários outros países. Embora ele fosse carregado de estigma e se
vinculasse diretamente a uma matriz cultural popular, muitas vezes de feições opostas aos
projetos civilizatórios encampados, ele é fruto desta modernização.

2. História cultural e estudos comunicacionais


Sabemos que estudos mais atuais, como a História Cultural, têm se esforçado para
resgatar objetos desprezados pela pesquisa de cunho tradicional, levantando questões que
fogem da abordagem puramente técnica e que destaca os grandes personagens (Hunt, 2001;
Burke, 2005). A linguagem aparece como campo constituinte da realidade, entendida em sua
materialidade (Williams, 2000). O estudo do periodismo por este viés encerra a busca de
desvendar esses processos sociais através da análise de suas práticas e representações
(Chartier, 1988). Uma história da leitura do sensacionalismo na imprensa deve buscar, dentro
desta perspectiva, a relação entre cultura letrada e as novas levas de leitores em formação,
tentando achar seus nexos que não são apenas uma expressão da base econômica dada pelos
progressos materiais (Cruz, 2000).
A prática letrada é entendida, então, como uma dimensão importante da vida na cidade
e a imprensa, como local de transformação da cultura. No período por nós estudado há uma

2
penetração da cultura impressa em parcelas iletradas da população (Cruz, 2000: p.34-36). E
assim, há um redimensionamento no espaço social ocupado pela cultura oral.
Nos estudos comunicacionais o fait divers como objeto de pesquisa é marcado pela
crítica da indústria cultural, mero pastiche e expressão da mercantilização da cultura com a
conseqüente perda da qualidade estética. Sob esta perspectiva, não há possibilidade de
resistência, apenas integração. Martín-Barbero chama a tudo isso de “aristocratismo cultural”
que “se nega a aceitar a existência de uma pluralidade dos modos de fazer e usar socialmente
a arte.” (Martín-Barbero, 2003: p.82)1.
Devemos levar em conta o interesse pelas margens que Benjamin demonstra e que
vem em direção oposta a seus colegas frankfurtianos, dando outra direção aos estudos de
mídia. A sua pesquisa sobre as redes que ligam o conto e o mito faz Benjamin perceber que os
caminhos da comunicação são complexos e que o espaço da comunicação é compartilhado.
Cita o exemplo de Dickens em cuja obra vê o universo compartilhado entre “os burgueses e
os criminosos (que) coexistem em grande harmonia, porque seus interesses, embora opostos,
situam-se no mesmo mundo. O mundo desses marginais é homólogo ao mundo burguês.”
(Benjamin, 1985: p.59).
Com os estruturalistas, como Roland Barthes (1970) e George Auclair (1970), o fait
divers torna-se objeto legítimo de reflexão. Ainda assim, o primeiro vê o sensacionalismo
como a-histórico, fato sem contexto e “universal” e Auclair dá a mesma abordagem estrutural,
colocando-o como objeto fora da história.
Retomando toda essa tradição, os Estudos Culturais relêem o conceito de indústria
cultural e a encaram como local das tensões, conflitos entre cultura e modos de vida, visão
esta que se constitui a partir dos trabalhos de Thompson (1997) e Raymond Willians (2000).
Sem negar a dimensão econômica da comunicação, têm uma abordagem mais abrangente,
tomando os conceitos de ideologia e hegemonia como centrais à sua crítica.
Seguindo esta direção e fazendo parte do grupo de teóricos da mediação latino-
americana, temos Gillermo Sunkel que se dedicou a entender o sensacionalismo como
expressão de uma indústria cultural que toma o lugar de uma cultura popular tradicional no
seu livro Razon y Pasion en la prensa popular – un estudio sobre cultura popular, cultura de
masas y cultura política (1985). Ele nos interessa em particular porque faz um estudo
detalhado da imprensa sensacionalista no Chile e levanta hipóteses interessantes que podem
contribuir para nossa pesquisa, apesar de não concordarmos plenamente com suas conclusões.
1
Sobre a questão da resistência do leitor temos o livro de Michel de Certeau, A Invenção do Cotidiano
(1990), sobre o qual iremos nos debruçar em outra oportunidade.

3
Ele relaciona os jornais sensacionalistas com as publicações populares que ganharam
espaço em vários países da América Latina no século XIX como as gacetas argentinas ou a
literatura de cordel brasileira que “misturavam o noticioso ao poético e à narrativa popular”
(Martín-Barbero, 2003: p.256).
Como outros teóricos da medição latino-americanos, Sunkel trata a comunicação a
partir da expressão cultural, com uma trajetória histórica particular calcada na mestiçagem.
Seu objeto de estudo não é um estudo dos meios, mas das instituições, organizações e
sujeitos, da diversidade das temporalidades sociais e da pluralidade das matrizes culturais
(Martín-Barbero In: Sunkel, 1985: p.11).
Para além dos aspectos técnicos adotados, em geral vistos como tributários da
importação dos padrões europeus de produção e difusão, são valorizadas as características
próprias do caso latino-americano. Ele relaciona o sensacionalismo na imprensa de periódicos
mais com “los modos de expresión populares” (Martín-Barbero In: Sunkel, 1985: p.10) que
com um processo ocorrido em função das tecnologias de impressão ou de expansão das
grandes empresas, olhando a história da imprensa por um viés econômico, feito de tiragens e
expansão da publicidade.
Vendo o massivo como o espaço das diferenças e do conflito, sua perspectiva se
choca, porém, com a abordagem marxista, criticando sua representação do popular e a
exclusão do cotidiano, da subjetividade e das práticas culturais do povo, vistas como
alienação e onde não se poderia exercer consciência política. (Martín-Barbero In: Sunkel,
1985: p.11).
Seu objeto consiste em comparar a produção sensacionalista da era industrial como a
“lira popular” (poesia popular chilena) sob seu aspecto político. Traz, assim, temas que
questionam o discurso político oficial (no que se refere aos atores e aos conflitos que daí
emergem), o papel dos meios de comunicação na construção de uma identidade nacional e da
cultura de massas como o lugar de resistência e luta popular das classes subalternas pelo seu
reconhecimento (Martín-Barbero In: Sunkel, 1985: p.12).
Ele chama de Imprensa de massas aquela que se desenvolve, no Chile, de 1930 em
diante, tomando força nas décadas de 40 e 50. Os classifica como populares tendo como base
o fato de que todos têm programas populares e se autodenominam como tal. E, em vista de
uma distribuição é nacional, ao contrário dos antigos periódicos, desenvolve uma “linguagem
nacional” e uma “temática nacional” que se vinculam ao tema da identidade (Sunkel, 1985:
p.17).

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Há, assim, a quebra da oposição entre cultura popular e cultura de massas. Vê a cultura
popular sob a ótica de Canclini, onde ela é espaço de resistência em oposição ao espaço
organizado pelo capitalismo (trabalho, família, comunicação etc.). Defende a existência de
uma articulação entre práticas e sistemas de representação simbólica nesta concepção de
cultura, que a aproxima muito das novas abordagens da história cultural.
É bem interessante sua hipótese sobre a existência de duas matrizes na cultura popular:
a matriz racional-iluminista e a matriz simbólico-dramática (Sunkel, 1985: p.23).
Aos jornais dos trabalhadores, de cunho mais doutrinário, se vincularia a primeira
matriz, qual seja, a racional-iluminista. Esta, por sua vez, seria definida como aquela que se
volta para o popular com fins civilizatórios, em volta da cultura política e da educação.
(Sunkel, 1985: p.47) O objetivo é erradicar as concepções tradicionais populares através da
razão, educação, ilustração e progresso (Sunkel, 1985: p.49).
E os jornais sensacionalistas, de cunho comercial, estariam vinculados à matriz
simbólico-dramática, que é justamente esta que o projeto racional-iluminista combate.
Provinda de uma visão religiosa e mágica do mundo, seus componentes encerram
contradições dicotômicas entre o bem e o mal. O sensacionalismo de massas vem, na
concepção de Sunkel, deste sensacionalismo já presente na comunicação da Igreja católica,
por exemplo.
En este sentido, parece posible sostener que el “sensacionalismo” de la cultura popular de
masas tiene como un antecedente importante el “sensacionalismo” de la imaginería
religiosa de la Iglesia Católica. Sin duda, los medios de la cultura popular de masas (y,
particularmente los diarios) van a incorporar otros temas, pero utilizarán los mismos
médios para conseguir un mismo efecto: apelando a instintos primários (al miedo, a la
emoción, al dolor, al sufrimento, a la alegria, etc.) intentarán causar sensación, es dicer,
impresionar (Sunkel, 1985: p.51).

Esta matriz simbólico-dramática se integraria à cultura de massas, sobretudo no


tablóide, onde temas, linguagem e estética são os mesmos.
Depois da I Guerra Mundial, no Chile, os poetas populares começam a glosar com
temas urbanos, enquanto ainda não estava constituída uma imprensa sensacionalista (Sunkel,
1985: p.79), que ele chama de “periodismo popular espontâneo” (Sunkel, 1985: p.80), onde se
comentam os fatos do dia.
Contra as críticas a esta visão sobremaneira dicotômica para quem se propõe a se
livrar das polarizações, o autor chama a atenção para o fato de que os jornais analisados não
expressam as matrizes acima definidas de maneira homogênea. Neles se encontra, ao
contrário, variantes destas matrizes, articulando elementos de ambas. Um exemplo disso é sua

5
análise do Clarín que incorpora as duas matrizes, ou do Puro Chile que faz um
sensacionalismo marxista, usando os temas e estruturas da matriz simbólico-dramático em
função da doutrina.
O problema dos conceitos da cultura popular e da cultura de massas no contexto
específico da América Latina é bastante debatido por intelectuais como Martín-Barbero
(2003) e Canclini (2003) entre outros. Do mesmo modo, a questão do “povo” nos meios de
comunicação e de uma imprensa de massas foi alvo de várias teorias da comunicação.
Sua tese consiste em afirmar não só as raízes fincadas na tradição oral-popular deste
sensacionalismo, mas também na existência de um diálogo deliberado e assumido entre os
produtores da notícia e seu leitor. Assim, sob esta perspectiva, é descartada a hipótese mais
aceita de manipulação ideológica pura e simples. Existe uma “busca de conexão com as outras
linguagens que circulam marginalizadas na sociedade. (...) Todavia, somente correndo riscos
se pode descobrir a conexão cultural entre a estética melodramática e os dispositivos de
sobrevivência e revanche da matriz que irriga as culturas populares” (Martín-Barbero, 2003:
p.259).
Neste caso, caberia uma reavaliação do fait divers na historiografia brasileira. Deixar
de ser visto como simples recurso comercial ou resultado da inovação técnica. Desembaraçar-
nos da idéia de ser este um tipo menor de jornalismo e, por isto, um objeto de pesquisa menos
importante. Cabe ao historiador, a nosso ver, em amplo diálogo com outros métodos e
disciplinas, explorar a dimensão simbólica desta narrativa, visto que o fait divers não é
resultado de uma operação restrita à imaginação do autor ou do editor e nem é uma forma
narrativa isolada. É fruto de uma determinada sociedade e assim deve ser encarado.

3. O Mundo dos Mistérios: questões para a história do fait divers no Brasil


Em nossa pesquisa atual levantamos alguns jornais paulistas, entre eles um dos mais
sensacionalistas dos que pudemos localizar, o jornal “A Gazeta”. Comparado com O Estado
de S.Paulo ou o Correio Paulistano, o sensacionalismo d’A Gazeta é muito mais explícito,
escandaloso, estampado na primeira página – enquanto os demais tinham uma seção exclusiva
para os fatos diversos, aos fundos dos jornais – e com um tom nada sóbrio.
Este diário foi fundado dia 16/05/1906, por Adolpho Araújo, com seis páginas. Com
sua morte passa a ser propriedade de Dr. João Dente, em 08/11/1916, adotando o lema “Jornal
Independente”, com 8 páginas. Em 18 de abril o jornal passa para A.A. Covello, um dos

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redatores. Em 16 de maio de 1918 o novo proprietário passa a ser Casper Líbero. Suas
dimensões iniciais são de 48 x 65 cm, com 6 páginas divididas em 6 colunas. A partir de 1917
passa a ser menor, com 44 x 59 cm, de 4 a 8 páginas, com 7 colunas cada. Isso já fazia parte
de um esforço de reestruturação do jornal que foi encampado com maior força por Casper
Líbero.2
Para nossa pesquisa, adotamos a divisão em três tipos de faits divers: cotidiano, crime
e prodígios. Esta divisão foi estabelecida depois da pesquisa em vários periódicos de São
Paulo e do Rio de Janeiro, dentro do recorte temporal de 1870 a 1930. Isso porque reparamos
que as crônicas sensacionalistas encontradas em jornais da época são normalmente
classificadas simplesmente como notícias policiais ou tragédias. De fato, algumas delas são
notícias de ocorrências policiais que não raro acabaram em tragédias, tendo, por isso mesmo,
destaque nos jornais. Mas nem todos os faits divers podem ser assim identificados. Existem
casos que são relatados de forma muito bem-humorada, migrando da tragédia para a comédia;
outras onde o tom exagerado, característico do sensacionalismo, é empregado para destacar o
ufanismo e não a realidade agônica.
As tragédias foram por nós incluídas na rubrica CRIME, que se subdivide em:
homicídios e suas variações – parricídios, uxoricídios etc.; suicídios; brigas e cenas de sangue
em geral; roubos e assaltos; atropelamentos; colisões etc.
Em COTIDIANO são classificadas as crônicas sobre: ocorrências de destaque
(políticas, econômicas, sociais) na cidade; notícias sobre guerras, revoltas ou conflitos;
desastres (incêndio, inundações, acidentes); campanhas de higienização (contra o tabaco, o
álcool, a prostituição, o cafetismo etc.); conto do vigário; esportes; curiosidades científicas.
E ainda os PRODÍGIOS: fenômenos espíritas, circenses, gêmeas siamesas, seres
fenomenais.
A Gazeta era farta dos três tipos.
As chamadas de Gazeta eram em letras garrafais e faits divers que se espalhavam pela
primeira página, continuando nas seguintes, até as seções de texto acabarem para dar lugar às
últimas páginas com a publicidade crescente. Essa tendência predominou até os anos 20. A
entrada de Casper Líbero vinculou a modernização do jornal com a diminuição do espaço
dado ao sensacionalismo, mas não o extinguiu.
Vemos algumas manchetes encontradas em nossa pesquisa abaixo:
♦ “De encontro a um Bonde” (01/01/1914);
♦ “Scena de Sangue - DOIS HOMENS BRIGARAM POR QUESTÕES DE NEGÓCIOS” (05/01/1915);

2
Pesquisa realiza pela autora no acervo de periódicos do Arquivo do Estado de São Paulo.

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♦ “O CRIME DE ONTEM - Uma mulher assassinada pelo amante” (05/01/1915);
♦ “Episódios da Guerra” (09/01/1911);
♦ “CRIMINOSO PRECOCE - Em Pirassununga um menor assassinou outro a facadas” (15/10/1915);
♦ “TRÊS GÊMEOS” (10/11/1915);
♦ “EL CUENTO... Dois vigaristas avançaram em 200$000 de uma ingênua” (01/01/1916);
♦ “No Mundo dos Excêntricos - Acha-se em S. Paulo o ‘homem da natureza’” (22/09/1916);
♦ “OS FENÔMENOS HUMANOS - Um Caso de Macrocefalia” (10/10/1916);
♦ “O club da Morte – uma campanha de saneamento moral” (10/03/1017);
♦ “Espectros da Fome - Os gêneros de primeira necessidade estão pela hora da morte” (10/05/1917);
♦ “Os crimes Misteriosos” (com foto da mulher degolada) (18/05/1917);
♦ “Queria Morrer... - uma Italiana se jogou no rio Tietê” (07/01/1918);
♦ “OS CRIMES SENSACIONAIS - O preto Mauricio entrou hoje em julgamento no tribunal do jury”
(10/05/1918);
♦ “Oito gols a um! Rah!..Rah!.. Chiii!.. Pum! Paulistas! S. Paulo! S. Paulo! Já tão cheio de vitórias, o seu
pavilhão oscila debaixo de tantas glórias!” (06/09/1918);
♦ “Os Vícios da população - o uso e a venda de álcool, cocaína, ópio e seus derivados” (01/09/1921);
♦ “OS PÁRIAS – uma noite no albergue noturno” (12/09/1921);
♦ “Que Valente! Agrediu uma mulher” (05/01/1931);
♦ “Quedas desastradas – menor ferido na auto estrada” (05/01/1931).

Não vamos nos ater aqui às descrições já bem documentadas dos progressos técnicos
que possibilitaram a jornais como A Gazeta existirem. Novas técnicas de impressão, um
melhor sistema de comunicação integrado pelos correios e transportes, ampliação da
distribuição, racionalização da produção vieram junto com a transformação da imprensa em
uma empresa capitalista. Além do crescimento do publico leitor, principalmente do leitor de
periódicos, muito mais lidos que os livros (Cruz: 2000). Um processo, como sabemos,
vinculado ao processo mais amplo ocorrido em fins do século XIX de redimensionamento nos
padrões de consumo e no surgimento de uma nova sensibilidade.
A nossa análise também tenta se afastar da daquela que entende o aumento do
sensacionalismo nos periódicos de SP tão somente como um fenômeno derivado do aspecto
técnico – muito embora o consideremos como central para entender o fenômeno do
sensacionalismo como um todo, tendo nos debruçado sobre o tema em outras oportunidades.
Pretendemos levantar questões sobre como o sensacionalismo revela a existência de
uma matriz cultural articulada à memória e à tradição, estabelecendo um diálogo com o
passado que tende a permanecer de forma renitente, ainda que reciclado.
Supor que o leitor de fait divers é menos instruído ou é pobre (Barbosa, 2007),
também é visto por nós como um reducionismo das possibilidades múltiplas e cruzadas que
apresentam tais textos que são populares em vários sentidos: no seu diálogo como uma forma
de narrativa tradicional ou na capacidade de alcance, o que coloca em bases frágeis a idéia de
um conceito de popular restrito à classe social.

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Outro ponto que temos observado é a constatação, por parte de estudiosos (Barbosa,
2007), de fait divers na imprensa brasileira apenas no século XX, quando eles aparecem já no
século XIX, em menor número, mas já presentes em jornais do eixo Rio de Janeiro-São Paulo.
A questão acerca de um gosto e hábito populares que justifiquem esta produção
também deveria ser mais bem explorada. Em termos de recepção, talvez seja peça chave para
entender como a demanda define a produção.
Defendemos também o jogo de tensões na questão da definição da identidade nacional
que aparece de forma explícita em faits divers, onde o projeto de modernização por vezes
toma feições eugênicas, como mostramos em nossa tese (Guimarães, 2004b) e em artigo
recente (Guimarães, 2007).
Escolhemos uma crônica do dia 19/05/1916 que aparece numa coluna à esquerda d’A
Gazeta com a chamada “O Mundo dos Mistérios”. Delimitada por um fio, encima a manchete
em negrito “Dr. Carlos Niemayer fala à ‘Gazeta’ sobre as experiências do Sr. Mirabelli -
Sensacionais Revelações”. Trata-se de um homem que afirma ter poderes mediúnicos. A ele
foi dedicada durante dias a seção “O Homem do Dia” e “O Mundo dos Mistérios”, sempre
tratando de forma ruidosa seus feitos. Todos os recursos de uma imprensa de moldes
empresariais já podem ser notados: o repórter com poderes investigativos, a enquete,
entrevistas, testemunhos de gente com credibilidade na sociedade e fotografias (Delporte,
1995).
O caso do Sr. Mirabelli é um caso de fait divers de prodígio. É um típico fait divers
por que reúne pouca informação e farta invenção3. Cria situações que ampliam o poder de
alcance. É anunciado em seção especial, na primeira página, em manchetes garrafais que
facilitam a leitura (Guimarães, 2004b). E é usado para chamar a atenção para a notícia, como
eram os folhetos populares, pela aparência, pelo tema e pela estrutura.
No dia 20/05 é dado maior destaque ao “Homem do Dia”: “As almas do outro mundo
- Duas aventuras misteriosas do Sr. Mirabelli, na sapataria Villaça e na Farmácia Assis - O
Dr. Carlos de Castro acha o homem do dia simplesmente extraordinário - As suas faculdades
de visão e audição espiritual são notáveis”.
E logo abaixo das manchetes temos “fotografias de espíritos”, ou seja, de espectros
que as legendas afirmam serem espíritos, algumas delas tiradas especialmente para A Gazeta
pelo fotógrafo Valério Vieira, cuja experiência lembra mais uma investida surrealista
(Benjamin, 1994: p.24).

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Questões relativas à ficção/realidade no fait divers foram tratadas em outro artigo (2008).

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Assim, o leitor tem sua atenção despertada para um longo texto de duas largas colunas
no lado superior direito da folha:
Se é verdade que muitas pessoas existem em S. Paulo de insuspeita idoneidade, que
afirmam possuir o Sr. Carlos Mirabelli dons de mediunidade dos mais notáveis, graças aos
quais pode “ver” o “invisível” e ouvir o que para os profanos não é suscetível de ser ouvido
– numerosas outras há também que asseguram ser o homem do dia nada mais que um
comum charlatão, quando muito um hábil prestidigitador. E para estes o “fenômeno” da
saída de um lápis do interior de uma garrafa é simplesmente um “truc” conseguido com o
auxílio de um fio de linha ou de cabelo e de uma ínfima quantidade de cera.
Ora, pois, entre uns e outros ficamos, francamente, indecisos. “Entre les deux notre coeur
balance...”. Nessa alternativa de confiança e desconfiança, quanto à autenticidade dos
fenômenos espiritistas anunciados, prosseguimos com empenho na reportagem que
encetamos, menos, aliás, para satisfazer a nossa curiosidade do que em satisfação da
curiosidade dos leitores.
UMA DO SR. MIRABELLI
Os leitores talvez ignorem que o “médium” de hoje foi, noutros tempos, alguma coisa
menos interessante: apenas sapateiro, filho de sapateiro, neto, quem sabe, de oficial do
mesmo ofício. Como sapateiro, o Sr. Mirabelli foi, por vários meses, empregado da Casa
Villaça, conceituada casa de calçados.
Um dia, o homem maravilhoso de agora, então modesto caixeiro de sapataria, teve de servir
a uma cliente e acabou por obter que esta escolhesse um par de borzeguins do último
figurino. Quando os borzeguins novos, depois de experimentados haviam voltado para a
respectiva caixa e iam ser embrulhados, uma coisa extraordinária se verificou: primeiro, os
sapatos a saltarem sozinhos, dentro da caixa de papelão e, logo em seguida, a cliente fugiu
espavorida, presa de um pavor muito justificável.
A conseqüência deste fato foi o misterioso caixeiro ser mais tarde despedido da casa sem
remédio, como elemento pernicioso, tanto para o negócio como para a freguesia...
OUTRA
Muito mais recentemente, o Sr. Mirabelli procurou o farmacêutico Assis Ribeiro disse-lhe
que um seu amigo, já falecido, lhe mandava pedir que perdoasse de uma dívida velha
proveniente de drogas que havia adquirido na farmácia.
O popular boticário estranhou o caso, não só pela esquisitice do pedido póstumo, como,
além disso, não se lembrava de que aquele seu amigo lhe ficasse a dever qualquer coisa.
Por via das dúvidas, recorreu aos livros da casa.
Pois acreditem: lá contava dos livros esse débito antigo e, mais ainda – precisamente a
importância declarada pelo Sr. Mirabelli sem mais nem menos real...
MAS SERÁ “TRUC”?
Não teria o homem, no primeiro caso, arranjado as coisas de modo que as botinas da Casa
Villaça saltassem dentro da caixa “aparentemente” por espontâneo movimento? Não teria,
no segundo, conhecimento prévio da dívida esquecida pelo farmacêutico Assis, que outras
muitas, provavelmente esqueceu da mesma forma?
Francamente não há provas que, nestes dois casos possam ser admitidas como eficientes.
Assim também, só pelo testemunho de pessoas de boa fé, não se podem aceitar como
autênticos fenômenos de mediunidade os processos físicos até agora realizados pelo Sr.
Mirabelli, tais como fazer mover-se um dado objeto, independente, como ele diz, de
qualquer intervenção material.
O homem, entretanto, não faz só isso que o público está farto de saber. As provas do seu
misterioso poder residem em fenômenos diversos que além de outras muitas pessoas
atestam os drs. Capote Valente, Carlos de Castro e Alberto Seabra, advogados e médicos
conceituadíssimos no nosso meio. Citemos aqui, por agora,
A OPINIÃO DO DR. CARLOS DE CASTRO
sobre as faculdades espíritas do digno rival do barão Ergonte:
- Estive presente a várias sessões do Sr. Mirabelli – duas vezes em casa do dr. Capote
Valente, uma vez na residência do farmacêutico Luiz Pinto de Queiroz e outra ainda no
consultório do Alberto Seabra.
- E qual foi a sua impressão?

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- A de que o Sr. Mirabelli possui, incontestavelmente, dons notáveis. Os seus sucessos não
residem absolutamente em “trucs”: são de tal ordem, que impressionam a quantos a eles
assistam.
- Qual foi o fenômeno por ele conseguido que mais o empolgou?
- A saída de um anel do interior de uma garrafa.
- Sempre mais ou menos as mesmas coisas... os mesmos fenômenos físicos...
- Mas verdadeiros, insofismáveis. O Sr. Mirabelli submeteu-se, em nossa presença, aos
mais minuciosos exames. Despiu-se das suas roupas e cobriu-se de outras que lhe demos –
simples avental de cirurgião. Foram tais as precauções tomadas, que tornavam impossíveis
os “trucs”. Demais, não se dão através do Sr. Mirabelli, apenas os fenômenos físicos. Nós
já o ouvimos descrever pessoas mortas que ele não conheceu: pessoas vivas que ele nunca
viu, usos e hábitos de umas e outras, pequeninas particularidades, de que só parentes muito
íntimos estão ao par. A um filho do Sr. Aratangy, o médium, descreveu, minuciosamente, o
prédio de residência de sua família, fez um retrato perfeito de seu progenitor e de sua
progenitora, sem jamais os ter encontrado em pessoa ou em efígie.
- Isso é mais extraordinário...
- Mas é pouco ainda. Fui testemunha de coisas simplesmente impressionantes, ocorridas em
casa dos drs. Capote Valente e Alberto Seabra. Não estou autorizado a divulgá-las ao
amigo, nem me competiria fazê-lo. Acredito, porém, que aqueles meus dois distintos
amigos não se recusarão a prestar-lhe informações interessantíssimas, provando cabalmente
que o Sr. Mirabelli, conquanto desconheça o espiritismo quase por completo, é um médium
digno de admiração, com faculdades elevadas de visão e audição espirituais.
***
Publicaremos no próximo número uma interessante carta do dr. Carlos de Niemeyer a
respeito das experiências feitas em sua casa pelo Sr. Mirabelli.
Daremos também uma sensacional entrevista que nos concedeu o Sr. Valério Vieira.

A “notícia” continua, interminável, ocupando a página 2. Na primeira página ela é


entrecortada por “fotografias de espíritos”. A foto 1 vem com o que parece ser um espectro de
uma senhora de branco e a seguinte legenda: “Fotografia de W. Crockes e do espírito de Katie
King à luz do magnesium”. A foto 2, o espectro de um homem alto, de branco e a legenda
“Experiência de Aksakof – reprodução de uma fotografia de Eglington e de um espírito
materializado, obtida à luz do magnesium” e a foto 3, um homem segurando uma flor cuja
legenda afirma ser parte da “Experiência de Aksakof - reprodução da fotografia
transcendental de um espírito materializado obtida na obscuridade completa”.
O fait divers continua por dias, como é de costume, e sempre dialogando com a
opinião pública. No dia seguinte o famoso fotógrafo Valério Vieira é conclamado a narrar “as
cousas espantosas” (A Gazeta, 22/05/1916) de que foi testemunha em matéria de primeira
página, com amplo destaque. A repercussão parece que foi tal que o rival Correio Paulistano
armou um desafio com o intuito de desmascarar o Sr. Mirabelli e desmoralizar A Gazeta: “O
Sr. Mirabelli aceita o repto que lhe foi lançado pelo Correio Paulistano” (A Gazeta,
26/05/1916). A coisa extrapola a cidade e chega à capital do país4, onde Carlos de Castro
escreve sobre o “Homem do dia” no carioca Correio da Manhã (27/05/1916) e dias depois,
4
O que faz deduzir que tenha chegado a vários outros estados do país, às vezes mesmo até outros
países, visto que tais jornais tinham distribuição e escritórios no interior e exterior do Brasil, e suas notícias eram
incorporadas a outros jornais, multiplicando o alcance da notícia.

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dia 07/06, ganha as páginas do jornal A Noite. Até os conceituados médicos Vital Brasil (A
Gazeta, 07/06/1916) e Franco da Rocha (A Gazeta, 19/06/1916), entre outros menos
conhecidos hoje em dia, são convocados a seções coletivas para observar os feitos do Sr.
Mirabelli que, a despeito do sucesso, continua desempregado e sem meios de subsistência.
Problema esse que mobilizou A Gazeta que anuncia a abertura de aceites de subscrições para
o “fabuloso homem”.
Só dia 13 de julho acaba o destaque dado a Mirabelli e não se vê mais notícia deste
n’A Gazeta. Iniciada em 19 de maio, temos que foram quase dois meses de matérias
ininterruptas sobre o mesmo caso, técnica do folhetim que a crônica jornalística tomou para si
(Meyer, 1996).
Não cabe desenvolver no espaço deste artigo uma análise exaustiva desta fonte. Mas
são questões a serem analisadas, entre outras: o significado do espiritismo neste momento
histórico – com a adesão das elites brasileiras à religião de Alan Kardec, caso de Múcio
Teixeira (o Barão Ergonte mencionado) que também traduzira Victor Hugo, outro adepto do
espiritismo. Não havia uma separação rígida ainda entre ciência e religião e parecia possível
que a existência de espíritos pudesse ser comprovada cientificamente, como quase tudo, aliás,
na época do magnetismo, da eletricidade, da microbiologia, das forças invisíveis da ciência.
Ou qual o papel do jornal como agente social neste contexto, a qual matriz se vincula,
para usarmos o exemplo de Sunkel? Esta conexão com os temas do popular se dá no espaço
do jornal que traduz o espaço da cidade: os nomes das ruas, dos estabelecimentos – a loja, a
farmácia –, os nomes conhecidos, todos a dar uma coesão à esfera pública. E nas ruas da
cidade, onde convivem diversas tradições, a matriz oral5 é resgatada para a linguagem
coloquial dos jornais. E essa mesma matriz oral está presente no tema do sobrenatural, do
prodígio, no tom agonístico que lhe caracteriza. Ou na estrutura, que remonta ao ritmo da fala,
com repetições, sínteses, estruturas formulares (Ong, 1998) muitas vezes vista como inépcia
técnica, quando se trata de uma opção consciente empregada em um formato da era da
reprodutibilidade técnica.

Tentamos apontar algumas questões acerca da história cultural do fait divers, como os
estudos brasileiros tratam o tema e como os estudos da comunicação se relacionam com
algumas propostas da história cultural, diálogo necessário e enriquecedor.

5
Preferimos nos referir assim ao que Sunkel chama de matriz simbólico-dramática.

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1995.
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