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Centro de Educação Superior de Brasília

Instituto de Educação Superior de Brasília


Bacharelado em Administração

Aspectos Culturais Contidos na Gastronomia de Brasília


como Atrativo Turístico

Camila Guimarães Cadima Ribeiro


Brasília-DF
Novembro de 2004
Camila Guimarães Cadima Ribeiro

Aspectos Culturais Contidos na Gastronomia Brasiliense


como Atrativo Turístico

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de Turismo, do
Instituto de Educação Superior de Brasília
como requisito parcial para obtenção do
grau de bacharel, sob a orientação da
professora Verônica Cortez Ginani.

Brasília-DF
IESB

2
Novembro/2004

3
Camila Guimarães Cadima Ribeiro

Aspectos Culturais Contidos na Gastronomia Brasiliense


como Atrativo Turístico

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado e aprovado em (dd) de
novembro de 2004, pela banca
examinadora constituída pelos
professores:

______________________________________________________
Prof. (Verônica Cortez Ginani) - orientadora

_______________________________________________________
Prof. (Nome completo do professor membro da banca)

_______________________________________________________
Prof. (Nome completo do professor membro da banca)

4
Dedico a minha mãe por ter me dado a
vida, por nunca ter saído do meu lado e
por ter me apoiado em todos os
momentos.

5
AGRADECIMENTOS

Agradeço a minha maravilhosa família que esteve ao meu lado me

apoiando e ajudando em todos os momentos, em especial a minha mãe, minhas

irmãs Priscila e Gabriela e a minha tia Shanna.

Agradeço a professora orientadora Verônica Cortez Ginani pela paciência,

pelos ensinamentos prestados e pelo conhecimento compartilhado.

Agradeço também a todos os professores, pelo conhecimento nestes

últimos quatro anos.

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RESUMO

A gastronomia é um fator de identidade cultural. Brasília não possui uma


gastronomia típica, mas possui uma gastronomia própria que é refletida na
formação da população da cidade. Brasília é formada por pessoas
vindas de todo país e do mundo, da mesma forma que é a sua gastronomia. Os
restaurantes da cidade também possuem esta característica, são provenientes de
todos os lugares e possuem todo tipo de influência. E são exatamente estes
restaurantes que estão formando a gastronomia da cidade, pois estes recém
influencias para se adaptar ao gosto do brasiliense, criando assim uma comida
inovadora e própria para ser utilizada como atrativo turístico.

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SUMÁRIO

RESUMO..............................................................................................................................................................7

INTRODUÇÃO....................................................................................................................................................8

2.2 HISTÓRIA DA GASTRONOMIA NO DISTRITO FEDERAL.................................................................13

....................................................................................................................................................................13

4.0 OS RESTAURANTES EM BRASÍLIA..................................................................................................23

De acordo com a revista Veja Mais Brasília, edição 2004, Brasília possui 183 restaurantes divididos em

25 especialidades. Para demonstrar a variedade da culinária na cidade, foram selecionados os restaurantes e

especialidades mais representativos na cidade, levando-se em consideração apenas as culinárias típicas de

paises ou regionais existentes em Brasília. ........................................................................................................23

- Alemão.......................................................................................................................................................23

4.5 GASTRONOMIA BRASILEIRA................................................................................................................39

REFERÊNCIAS.................................................................................................................................................50

INTRODUÇÃO

O turismo tem suas bases em várias manifestações. Existe uma infinita gama
de atrativos que transformam uma localidade em 1ponto turístico. Uma das
manifestações que possui cada vez mais importância é sem duvida o patrimônio
cultural e em grande escala o patrimônio intangível.

A gastronomia é um patrimônio cultural que possui destaque como atrativo


turístico por várias razões. A gastronomia regional é um dos expoentes que mais
desperta interesse ao turista, pois esta possui características particulares da
localidade que a produz fazendo assim da alimentação um fator de identificação
cultural.

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Cada sociedade possui normas alimentares que estão na forma de
preparação e de consumo de um prato, porém com a homogeneização da
alimentação e a industrialização em grande escala dos alimentos, a gastronomia
vem perdendo algumas características de identidade ao mesmo tempo que a
comida típica regional vai se espalhando pelo mundo.

Essas alterações podem ser notadas nos restaurantes. No caso específico


de Brasília, por ser uma cidade nova e formada por imigrantes de todo o Brasil e
do mundo, há uma enorme variedade de restaurantes com temática regional.

E exatamente nestes restaurantes pode-se encontrar uma amostra do que


está acontecendo na gastronomia atual. Existem restaurantes típicos de todas as
partes do mundo que tiveram detalhes de seu cardápio alterados para agradar ao
brasiliense, porém a grande maioria mantêm-se fiel à sua gastronomia original.

Esta variedade mostra o alto índice de qualidade nos restaurantes de


Brasília e também que o brasiliense mesmo não possuindo uma comida típica,
aceita muito bem a variedade, pois é desta maneira que a população da cidade é
formada, à partir da variedade.

2.0 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 GASTRONOMIA: MARCADOR DE IDENTIDADE CULTURAL DE


UM POVO

O turismo tem sua raiz nas diferentes manifestações patrimoniais, sejam


elas naturais ou culturais e nos dias de hoje é o patrimônio imaterial que vem
ganhando maior importância.

Tanto que no Decreto n° 3.551 de 4 agosto de 2000, o então Presidente da


Republica Fernando Henrique Cardoso decretou:

9
Art 1° Fica instituído o Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial que
constituem patrimônio brasileiro.

§ 1° Esse registro se fará em um dos seguintes livros:

I- Livro do Registro dos Saberes, onde serão inscritos conhecimentos e


modos de fazer enraizados no cotidiano das sociedades.

A gastronomia se encaixa exatamente nesta categoria, pois de acordo com


Shulter (2003) a gastronomia pode ser a cultura manifestada na forma de
alimento, pois esta está condicionada pelos valores culturais e códigos sociais em
que as pessoas se desenvolvem. Ou seja, a sua identidade.

A gastronomia como patrimônio está diretamente ligada á identidade de um


povo, tanto que para Shulter, o interesse do turismo pela gastronomia pode ajudar
a resgatar antigas tradições de um povo. Pois é exatamente a cozinha de caráter
étnico que pode ressaltar características de uma cultura em particular.

Garcia (1997), também ressalta a ligação da gastronomia com a identidade


regional, pois para este a alimentação é uma linguagem relacionada à cultura
regional, ou seja, seus costumes e comportamentos. E isso também inclui seus
pratos, pois o modo de cozinhar está ligado ao modo de vida de uma população.
Desde a preparação até o consumo estão inclusos vários fatores de identidade
cultural.

Um dos fatores de identidade que mais possui força principalmente no Brasil,


de acordo com Da Matta (1984) é a figura mãe, da mulher, pois universos
predominantemente masculinos estão longe da comida. Portanto o espaço da
cozinha tornou-se um local vedado aos homens. Este mito da mulher como
cozinheira ocorre intensivamente no Brasil devido à forte influencia italiana.

Porém, Carneiro (2003) afirma que, nos dias de hoje a identidade está se
perdendo devido à penetração das grandes industrias no espaço da cozinha nos
dias de hoje está ocorrendo um processo de padronização da alimentação e a

10
identidade está se perdendo. Para se ter uma idéia da força das industrias, o
consumo de refrigerante tornou-se maior que o de água encanada ou engarrafada
nos Estados Unidos desde 1986.

Entretanto, a homogeneização da alimentação provocada pela


industrialização não é apenas maléfica, para Carneiro (2003), ao mesmo tempo
que se uniformiza o gosto e suprime a identidade do local, divulga-se culinárias
regionais espalhando-as pelo mundo.

Poulain (2004) possui o mesmo pensamento, porém ao mesmo tempo que


se divulga estas culinárias regionais pelo mundo, faz com que estas se adaptem
ao gosto local, pois as particularidades nacionais não se desaparecem facilmente.

“A história da alimentação mostrou que cada vez que identidades


locais são postos em perigo, a cozinha e as maneiras à mesa são os
lugares privilegiados da resistência” (Poulain, 2003).

Um grande exemplo ligado a isso è a rede de restaurantes MC Donald’s,


porque é um fator de identidade para os americanos, pois onde quer que um
americano esteja, este vai se sentir em casa em um Mc Donald’s. E para
exemplificar como uma grande rede tem de se adaptar às comunidades locais, o
mesmo acrescentou maionese às batatas em diversos paises europeus, pois
originalmente e na maioria do mundo apenas se usa o ketchup.

Segundo Carneiro (2003), é exatamente nos dias de hoje, que existe esta
variedade e abundancia na alimentação, que se aumenta a população subnutrida
nos paises mais pobres, é acompanhado pelo aumento da alimentação excessiva
no ocidente, causando um enorme números de obesos.

Este fato ocorre, pois segundo Da Matta (1984), existe uma diferença entre o
alimento e a comida. A comida é tudo aquilo que se come com prazer, já o
alimento é tudo que se pode ser ingerido para manter a pessoa viva. Antes de
tudo o ato de se alimentar é uma necessidade biológica, e a luta contra a fome.

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Vendo a alimentação por este ângulo, nota-se porque ocorreram tantas
alterações população devido aos alimentos e principalmente pela falta deles. Entre
os séculos XIV e XVIII as condições nutricionais foram tão ruins que se refletiu na
altura da população e imagina-se que no final do século XIX ocorreram mais de 50
milhões de mortes pelo mundo devido à crises de fome. Carneiro (2003).

Porém, ainda segundo o autor a alimentação é muito mais do que um estudo


biológico. O estudo da alimentação é multidsciplinar envolvendo também os
aspectos econômicos, sociais e culturais. A comida adquire características
particulares á cada população criando um forte padrão de identidade, pois “o que
se come é tão importante quanto quando se come, onde se come e com quem se
come”. (Carneiro, 2003).

Desta forma, Trigo (2001), identifica também a gastronomia como identidade


e patrimônio, fazendo com que esta seja incorporada aos novos produtos
turísticos oriundos a determinados nichos de mercado, permitindo incorporar os
atores da própria comunidade na elaboração desses produtos.

A gastronomia faz parte da nova demanda por parte dos turistas de


elementos culturais e ligado ao crescente interesse pelas cozinhas regionais,
existe uma necessidade de colocar as praticas alimentares no lugar que as fez
nascer. (Poulain,2004).

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2.2 HISTÓRIA DA GASTRONOMIA NO DISTRITO FEDERAL

Brasília foi inaugurada em 21 de abril de 1960, porém a sua história não se


resume aos últimos 44 anos. A história de Brasília remonta a 1823. Neste ano, o
ministro do Império de Dom Pedro I, José Bonifácio, apresentou o projeto de
mudança da capital, que seria nomeada Brasília.Porém, o Imperador vetou o
projeto antes que este chegasse a ser votado pela constituinte.

A Assembléia Constituinte de 1891 aprovou uma emenda que tinha como


objetivo a mudança da capital para o interior do país. A partir daí, o governo
estabeleceu uma comissão para a demarcação no Planalto Central de uma área
de 14.400 km² para a construção da futura capital. A comissão ficou conhecida
como Missão Cruls e a área demarcada por estes foi nomeada “Quadrilátero
Cruls” (Mirador, 1980).

No entanto, apenas em 1922, com a comemoração dos 100 anos da


independência do Brasil, que coincidentemente comemorava também os 100 anos
de estudos sobre a mudança da capital, o então presidente Epitácio Pessoa,

13
amparado na constituição de 1891, lança a Pedra Fundamental em Planaltina –
GO (Mirador, 1980).

Vários anos se passaram até que em 04 de abril de 1955, na pequena


cidade goiana de Jataí, o candidato a presidência Juscelino Kubitschek promete
em seu comício, cumprir a constituição e mudar a capital para o Planalto. No ano
seguinte, já como presidente eleito, Juscelino lança o edital para o concurso do
Plano Piloto, que teve como vencedor o projeto inovador de Lúcio Costa (Idem).

Em abril do ano seguinte, já eleito presidente, Juscelino assinava a famosa


mensagem acompanhada do projeto de lei que delimitava a área do Distrito
Federal no Planalto e criava a Companhia Urbanizadora da Nova Capital,
Novacap. Os trabalhos de terraplanagem e construção tiveram inicio em três de
novembro de 1956, e após 41 meses, Brasília foi inaugurada em 21 de abril de
1960 (Idem).

Para a construção de Brasília, deslocaram-se para a cidade contingentes


populacionais provenientes de todas as partes do país que logo se instalaram na
cidade satélite do Núcleo Bandeirante, na época conhecida como “Cidade Livre”.
De acordo com dados da Codeplan (1999), em 1957, 10.404 habitantes moravam
em Planaltina, Brazlândia e fazendas próximas. Apenas 6 meses após o início da
construção da capital, a população já havia aumentado em 12.700 pessoas.

A Cidade Livre, denominada assim pela distribuição de casas e lotes, sem


venda ou licitação pelo governo, era o único local de venda de mantimentos e
alimentos, no Distrito Federal. Fato esse, que tornava Brasília muito distante em
questões de desenvolvimento comercial das outras capitais do País, como Rio de
Janeiro e São Paulo que possuíam inúmeros restaurantes e vida social intensa
(Areal, 2003)

Fruto de uma miscigenação de migrantes de todo o país, os hábitos culturais


da população de Brasília refletem essa mistura. Uma das manifestações culturais
mais expressivas do povo brasiliense é a gastronomia, revelada, entre outros

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fatores, de acordo com Fisberg et al. (2000 – Oliveira), pela variedade de
restaurantes nacionais e internacionais existentes na cidade.

O auge desse processo de migração, verificado na década de 60, constituiu


o principal fator de formação da população no Distrito Federal. Porém, mesmo
antes da década de 60, a cidade já possuía uma população de número
considerável para a criação de um restaurante que acabou tornando-se um marco
na história da alimentação do brasiliense. Como informa periódicos da época,
como a revista “O Cruzeiro”, a instalação da SAPS, Serviço de Alimentação da
Previdência Social em 11 de dezembro de 1956, foi definitivamente relevante na
história de Brasília, pois foi o primeiro restaurante público e popular do Distrito
Federal na área da Novacap, revelando os primeiros sabores coletivos da capital.

Com o passar do tempo e com o aumento da população, segundo


informações do Núcleo de População da Codeplan, da década de 1960/70, o
número de migrantes constituiu em 358.014 pessoas. Vários restaurantes foram
criados na área da Candangolândia, principalmente de culturas regionais mineiras
e goianas. Era fato que o presidente Juscelino era um grande apreciador da
comida mineira, e inclusive trouxe para Brasília o seu cozinheiro pessoal.

Essa apreciação de Juscelino pela culinária regional ainda hoje tem um


grande destaque nos restaurantes da cidade. Fisberg (2000) enfatiza a
importância dos restaurantes que possuem essa temática na área rural e no
entorno. Dão destaque ainda as feiras livres que tem a sua maior movimentação
nas barracas de comidas típicas.

É necessário dar destaque também, além das culinárias típicas brasileiras,


aos frutos do cerrado, que são característicos da região do Distrito Federal. A
utilização culinária destes frutos é variada. Servindo como base para doces,
geléias, pães, mingaus, bolos, tortas, sorvetes, licores e pratos salgados. Uma
outra característica relacionada aos frutos é o consumo praticamente durante todo
ano, pois o clima do cerrado não propicia variações sazonais para colheita destes
frutos, salvo exceções.

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A grande atração da população de Brasília pelas culinárias típicas pode ser
explicada pela grande quantidade de migrantes em que constitui a população.
Ainda de acordo com a Codeplan na década de 1970/80, o número de migrantes
constituiu em 488.546 pessoas. Contudo, no período de 1980/91 o número de
migrantes diminui consideravelmente, apresentando uma média anual de 8.966
voltando a crescer em 1991/96, atingindo uma média anual de 19.229 migrantes.

Atualmente, a predominância de migrantes está começando a diminuir em


algumas áreas da cidade.Dados de 2000 mostram que 45,58% tem a sua
naturalidade no Distrito Federal, o que demonstra a formação da população
brasiliense, com um perfil próprio e, conseqüentemente, uma gastronomia única,
apesar de influenciada pelo mundo (Tabela 1).

De uma forma geral, pode-se dizer que as principais influências da capital


são as mineira, goiana e nordestina. Pois, a maioria dos imigrantes é de Minas
Gerais constituindo 10,86% da população, em segundo lugar, 7,68% dos
habitantes são provenientes de Goiás e em terceiro lugar vem os imigrantes do
Piauí, que representam 6,14% da população (Tabela 2).

Vale ainda destacar que o Nordeste é a região mais representada. Além dos
imigrantes do Piauí, os principais são: Bahia (5,58%), Ceará (4,71%) e Maranhão
(4,4%)

Essa grande quantidade de imigrantes mineiros e nordestinos, ainda está


relacionada à existência de uma grande quantidade de restaurantes de culinárias
mineira e nordestina no Distrito Federal.

Portanto, Brasília é uma cidade formada por habitantes provenientes de todo


o Brasil, fazendo assim com que a identidade cultural da cidade, esteja sendo
formada pela diversidade de costumes de seus habitantes. Esse alto número de
migrantes vindos de todo país e também imigrantes, de diferentes partes do
mundo, pois a embaixadas se localizam na cidade, provavelmente contribuíram
para Brasília possuir uma rede de restaurantes de alta qualidade e variedade.

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Um indicativo da qualidade dos restaurantes da cidade, é que de acordo com
o periódico Guia 4 Rodas (2003), Brasília é considerada o terceiro pólo de
gastronomia do país. É a cidade que possui o maior número de estrelas de
excelência da publicação, perdendo apenas para Rio de Janeiro e São Paulo.
Todos esses fatores apontam para uma possível valorização da alimentação para
o brasiliense.

Um fenômeno que pode demonstrar uma necessidade de comida caseira e,


conseqüentemente, marcada por traços de regionalismo, foi a proliferação dos
restaurantes self-service . Grande parte deles foi sendo construída perto de
grandes centros comerciais e econômicos, mas também existem vários em áreas
residenciais. A busca por alimentos simples, que lembram uma comida feita em
casa, mas de fácil acesso e rápido consumo, mostra-se uma tendência do
brasileiro, incluindo-se neste grupo o brasiliense. Estes estabelecimentos se
direcionam para a população que não dispõe de tempo ou oportunidade de
deslocar-se para sua própria casa, podendo realizar uma refeição de qualidade e
baixo custo. Também constitui público-alvo destes locais, famílias que apesar de
terem tempo para se reunirem, não possuem estrutura para executar preparações
no ambiente doméstico.

Um local que caracteriza bem a diversificação de Brasília é “rua dos


restaurantes” que fica na 405 sul, esta é conhecida por este nome por possuir uma
enorme variedade de restaurantes. Nesta rua encontram-se desde restaurante
japonês a lanchonete fast food, ou seja, uma enorme variedade de restaurantes
que demonstra bem como é formada a gastronomia brasiliense. Uma cidade que
foi formado por vários povos e culturas e que atende a todos os gostos.

Tabela 01 – Percentual de habitantes nascidos no Distrito Federal

CIDADE - N° DE HABITANTES NASCIDOS NO DF PERCENTUAL


SATÉLITE %
Brasília 219.341 70.847 32,80%

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Brazlândia 42.730 23.738 55,70%
Candangolândia 14.289 7.621 53,34%
Ceilândia 350.067 175.055 30,01%
Cruzeiro 75.615 29.674 39,24%
Gama 127.662 67.343 52,75%
Guará 126.507 55.176 43,62%
Lago Norte 27.341 9.732 35,60%
Lago Sul 30.239 10.547 34,88%
Núcleo Bandeirante 31.763 12.877 40,54%
Paranoá 40.896 18.569 45,40%
Planaltina 108.817 51.602 47,08%
Recanto das Emas 70.318 35.213 50,08%
Riacho Fundo 37.378 17.889 47,86%
São Sebastião 52.671 21.169 40,19%
Samambaia 154.964 72.845 47,01%
Santa Maria 95.164 48.098 50,54%
Sobradinho 119.105 56.072 47,08%
Taguatinga 235.618 109.647 46,54%
Total 1.960.479 893.714 45,58%
Fonte:CODEPLAN – Pesquisa Domiciliar Transporte 2000

Tabela 02 – Naturalidade dos membros das famílias moradoras do Distrito


Federal

ESTADO PERCENTUAL
Acre 0,48
Alagoas 0,29
Amapá 0,06
Amazonas 0,13
Bahia 5,58
Ceará 4,71
Distrito Federal 43,94
Espírito Santo 0,40
Goiás 7,68
Maranhão 4,40
Mato Grosso 0,25
Mato Grosso do Sul 0,21
Minas Gerais 10,86
Pará 0,64
Paraíba 2,96
Paraná 0,46
Pernambuco 1,93
Piauí 6,14
Rio de Janeiro 3,52
Rio Grande do Norte 1,64
Rio Grande do Sul 0,80
Rondônia 0,08
Roraima 0,02
Santa Catarina 0,21

18
São Paulo 2,06
Sergipe 0,22
Tocantins 0,53
Estrangeiro 0,28
Total 100,00
Fontes: CODEPLAN/PISEF/DF

2.3 O TURISMO EM BRASÍLIA

No mundo atual existe uma consciência da importância do turismo como


elemento de geração de emprego e renda da economia. Porém, para que
este fato aconteça, é necessário que uma localidade possua estrutura e
serviços para dispor ao seu turista.

Para se ter uma idéia da importância da atividade turística, de acordo com a


Organização Mundial de Turismo – OMT (dados de 2003), o turismo assume
atualmente, posição de liderança na economia mundial, com U$$ 4,5 trilhões de
faturamento anual com geração de U$$ 792, 4 bilhões em impostos.

Outro dado da Organização Mundial de Turismo indica que um entre cada


nove empregos no mundo é do setor de turismo. Os números no Brasil mostram a
relação de um para cada onze empregos diretos da população economicamente
ativa (PEA), sendo a atividade turística responsável por cerca de 5,3 bilhões de
empregos. O turismo é o segundo maior produto de exportação do Brasil, gerando
7 bilhões de dólares em impostos diretos e indiretos.

No caso do Distrito Federal, o Ministério do Trabalho e Emprego informa que


das 880.000 pessoas economicamente ativas no Distrito Federal (dados de 1998),
3,31%, ou seja, 29.128 são representantes do setor de turismo, portanto esta
atividade é uma ótima alternativa para o desenvolvimento do Distrito Federal.

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O Distrito Federal é uma região de enorme potencial turístico. Localizada
nesta área de grandes riquezas naturais, Brasília é reconhecida pela elevada
qualidade de vida de seus habitantes, por sua arquitetura arrojada e sua
urbanística inovadora, que lhe renderam o titulo concedido pela UNESCO, em
1987, de Patrimônio Cultural da Humanidade. Como Capital Federal e centro do
poder possui um forte apelo patriótico, é caracterizada pela multiculturalidade de
seu povo e pela crescente demanda por turismo da eventos e negócios.

De acordo com dados da Secretária de Turismo de Brasília – SETUR/DF,


Brasília possuem inúmeros atrativos que tornam a cidade propensa ao turismo.

Brasília é uma cidade cosmopolita, onde existe 90 embaixadas e


representações diplomáticas, acostumada a receber grandes delegações
internacionais, como na posse presidencial de 2003, onde estiveram 187 paises
representados.

A vocação para eventos da cidade é fortíssima, tanto que, para que haja
ainda maior avanço nesta área, o Centro de Convenções está sendo totalmente
reformado com a sua inauguração prevista para 2005. Porém, independente do
Centro de Convenções, a cidade possui várias opções para a realização de
eventos auditórios, salas de conferencia e exposições.

Ainda possui vantagens de estar localizada no centro geográfico do país,


facilitando a chegada de vôos na cidade, tendo o único aeroporto a ligar
diretamente a todas as capitais brasileiras, tanto que é considerado o terceiro
maior aeroporto do país em termos de movimento médio de passageiros.

Possui ainda a terceira maior rede hoteleira do Brasil com 17 mil leitos, tendo
a presença das maiores redes de bandeiras internacionais.

De acordo com dados do Brasília Convention and Visitors Bureau – BC&VB,


a grande maioria dos visitantes da cidade são de alta renda, grande poder
aquisitivo que busca o melhor em qualidade na sua estadia, que realizam a maior

20
parte de seu gastos (27%) em alimentação, e ainda, 97%, avaliaram os
restaurantes como bom ou ótimo.

Esses dados apenas demonstram a importância da gastronomia para a


cidade, que possui a considerada 3ª melhor rede de restaurantes do país.

E com todos os seus atrativos e potencialidades, Brasília possui toda a infra-


estrutura e atrativos de qualidade necessária para fazer da cidade um pólo de
turismo nacional e internacional que não deixaria a desejar a nenhuma grande
cidade no Brasil e mundo.

Porém, infelizmente a realidade é outra, pois apesar de todo este potencial,


Brasília não se posiciona sequer entre os dez principais destinos turísticos do
país. Ainda são muitos os turistas brasileiros, bem como estrangeiros, que não
conhecem a capital.

21
3.0 METODOLOGIA

Este trabalho foi realizado no intuito de estabelecer do que é formada a


gastronomia brasiliense. Tendo enfoque nos restaurantes de cunho regional na
região administrativa de Brasília e suas principais influências.

A pesquisa baseou-se inicialmente em levantamento de dados utilizando-se


bibliografia específica, informações e dados de arquivos e jornais, textos de
internet e revistas especializadas. Da mesma forma, as informações estatísticas
do trabalho foram apuradas junto aos órgãos de classe.

Os restaurantes da cidade foram listados e separados em categorias de


acordo com publicações especializadas. Foi realizado um estudo bibliográfico
sobre cada categoria de restaurante para que assim estas mesmas informações
fossem ou não confirmadas posteriormente através de entrevistas.

As principais informações colhidas sobre os restaurantes foram realizadas


através de entrevistas com os responsáveis pelos mesmos.

O trabalhou visou realizar um estudo sobre as principais influências nos


restaurantes da cidade, e mostrar assim que o brasiliense possui um paladar que
acolhe todos os gostos e sabores, fazendo assim de seus restaurantes um ramo
de excelência em qualidade.

22
4.0 OS RESTAURANTES EM BRASÍLIA

De acordo com a revista Veja Mais Brasília, edição 2004, Brasília possui 183
restaurantes divididos em 25 especialidades. Para demonstrar a variedade da
culinária na cidade, foram selecionados os restaurantes e especialidades mais
representativos na cidade, levando-se em consideração apenas as culinárias
típicas de paises ou regionais existentes em Brasília.

- Alemão

Fritz
Servus

Os restaurantes alemães representam 1,6% dos restaurantes em Brasília.

- Árabes
Tanoor
Lagash

Os restaurantes árabes representam 1,6% dos restaurantes em Brasília.

- Brasileiros
Cabana da Árvore
Carne de Sol 111
Chão Nativo
Cumê na Roça
Don Francisco
Empório do Vale
Esquina Mineira
Feijão Verde
Feitiço Mineiro

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Gerimum Alado
Patú Anú
Picuí – O Rei da Carne de Sol
Rosental
Tambaú
Trem da Serra
Xique-Xique

Os restaurantes brasileiros representam 14,16% dos restaurantes de Brasília.

- Chineses
Ásia
China
Dragon
Fon Min
Grande Muralha
New China
Palace Long Xiang
Pequim
Taiwan

Os restaurantes chineses representam 8,3% dos restaurantes de Brasília.

- Churrascarias
Buffalo Bio
Churrascaria Pampa
Churrascaria Portal
Porteira Grill
Potência do Sul
Spettus

As churrascarias representam 5% dos restaurantes em Brasília

- Contemporâneos
Alice
Babel
Dudu Camargo
Gazebo
I Maestri
L´affaire
Universal Dinner

Os restaurantes contemporâneos representam 5,83% do restaurantes de


Brasília;

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- Espanhóis
Calaf Cozinha Espanhola
La Torreta
O Espanhol
Salamanca

Os restaurantes espanhóis representam 3,3% dos restaurantes em Brasília

- Feijoada
Cavalcante (Ki filé)
Carpe Diem
La Góndola
Lake´s Restaurante
Paulicéia Bar e Restaurante
Piantella
The Falls

Os restaurantes de feijoada representam 5,83% dos restaurantes de Brasília.

- Fondue
Au fondue
Chez fondue
La fondue

Os restaurantes de fondue representam 2,5% dos restaurantes de Brasília.

- Franceses
Jardim do Éden
La Chaumiére
L´etoile
Le Français
Melanie

Os restaurantes franceses representam 4,16% dos restaurantes em Brasília

- Italianos / Cantinas
Belini
Cantina da Massa
Cantina Riviera Itália
Cielo
I Siciliani
Jera Pasta e Grill
La Felicitá
La Focaccia
Lucca
Ninny Case buone tra amici

25
Trattoria da Rosario
Vercelli
Villa Borghese
Villa Teveri

Os restaurantes italianos] cantinas representam 11,6% dos restaurantes em


Brasília.

- Japoneses
Haná
Ichiban
Kosui
Mitsubá
New Yoko
Nipon
Sushiá
Sushi Bonsái
Sushi Brasil
Sushi San
Taiyo
Tanabata

Os restaurantes japoneses representam 10% dos restaurantes de Brasília.

- Mexicanos
Chili Pepper
El Coyote Café
El Paso Texas

Os restaurantes mexicanos representam 2,5% dos restaurantes em Brasília

- Naturais
A Tribo
Flor de Lótus
Girassol
Naturama
Natural Green`s
Naturetto
O Rei do Glúten
Sabor Vital
Vitória Régia

Os restaurantes naturais representam 7,5% dos restaurantes em Brasília.

- Pizzarias

Baco

26
Boca de forno Pizza e Cozinha
Dona Lenha
Don Romano
Fortunata
Fratello Uno
Germana
Gordeixo
Gordeixo´s
Italiani Pizza
Mama July
Mangiare Pizza Bar
Piano Pizza
Pizzaiolo
Primo Piato
Querubina DOC
San Marino
Santa Pizza
Villa São Jorge

As pizzarias representam 15,83% dos restaurantes de Brasília.

- Portugueses
Casa do Bacalhau
Mouraria Casa Portuguesa
Porto do Bacalhau
Sagres

Os restaurantes portugueses representam 3,3% dos restaurantes de Brasília.

Com esta pesquisa notou-se que os restaurantes de especialidades


brasileiras, chinesas, japonesas, italianas, incluindo as pizzarias são a maioria na
cidade, totalizando 59,89% dos restaurantes de Brasília. Considerando que os
estabelecimentos que comercializam alimentos em uma localidade,
provavelmente, expressam as preferências dos habitantes da cidade, a
predominância dos tipos de restaurantes citados refletem, de certa forma, os
hábitos alimentares de Brasília.

Como referido anteriormente, Brasília é uma cidade nova, que começa a


expressar timidamente uma cultura própria. Como capital de um país, possui
características cosmopolitas. No entanto, todas as influências externas que

27
integram a cultura do brasiliense, sofre as adaptações que a população julga
conveniente.

Partindo desta premissa, entender a gastronomia original que os


restaurantes, localizados em Brasília, divulgam e compará-las com o que é
realmente comercializado na cidade, certamente, auxiliará no entendimento da
formação da gastronomia brasiliense. Desta forma, a criação de um roteiro
gastronômico pela cidade, poderá atrair uma clientela por meio de uma divulgação
única sobre a gastronomia brasiliense.

4.1 A Gastronomia Italiana

A cozinha Italiana teve o auge de sua criatividade, durante o período da


renascença. Pois foi neste período que as cidades italianas geraram ruptura
decisiva dos padrões gastronômicos medievais (Franco, 2001).

Diversos fatores foram responsáveis pela ascensão da culinária italiana


durante a renascença. Um destes fatores foi o açúcar. Durante a Idade Média o
valor do açúcar era muito elevado, pois este era importado do Oriente. Quando o
açúcar começou a ser produzido no Ocidente, facilitando assim a culinária no
local, um dos maiores produtores foi a região da Sicília localizada na Itália
(Franco, 2001).

Graças a sua localização geográfica privilegiada, bem ao centro do


mediterrâneo, a Itália foi ponto de passagem de vários viajantes. Transformou-se
assim, em grande área de comércio e desenvolvimento econômico. Este
desenvolvimento fez com que banqueiros e mercadores realizassem cada vez
mais viagens às feiras pelo mundo, fazendo com que o homem italiano fosse mais
propenso à assimilação da cultura de diferentes lugares.

Ainda de acordo com Franco (2001), a França tornou-se essa potência


gastronômica que é hoje graças aos Italianos, ou melhor, graças à uma italiana:

28
Catarina de Médicis. Esta se casou com Herique II da França e mudou-se para
este país, levando consigo um cozinheiro italiano. Este gesto, segundo o autor, fez
tornar moda entre a realeza francesa possuir um cozinheiro italiano.

No entanto, outras fontes literárias afirmam que a influência italiana ocorreu


anteriormente a esse fato. Invasões francesas sucessivas à Itália, apesar de
fracassadas em relação aos objetivos econômicos e políticos, foram fundamentais
para que reis, como Carlos VIII, Luís XII e Francisco I

, observassem uma nova forma de vida que surgia na Itália, com o Renascimento
(Lopes, 2003).

Outro fato relevante foi a publicação de um livro chamado “La Honesta


Voluptate et Valetudine” do italiano Bartolomeu Sacchi, que de forma inteligente
abordava a gastronomia sem ir contra os princípios da Igreja Católica, que
condenava a gula e tudo que se relacionava. Sacchi vendeu, na França, durante
100 anos, 14 edições de sua obra, fato que confirma uma influência nos modos de
fazer, relativos a gastronomia, italiana neste país. Com o a Renascença o direito
ao prazer à mesa ressurge e aspectos relacionados à gastronomia italiana
começaram a integrar de forma mais intensa a cultura francesa (Lopes, 2003).

Apesar de não possuir o requinte que a cozinha francesa adquiriu, a


importância da culinária italiana para o mundo não está reduzida. Hoje a culinária
italiana ainda possui um grande valor e ainda é uma das mais importantes do
mundo causando inclusive equívocos de lugar-comum em relação aos italianos.
Como por exemplo, costuma-se dizer que os italianos comem muito.
Principalmente espaguete.

Primeiramente é necessário esclarecer que o espaguete não é o nome de


um prato, mas apenas um tipo de massa. Espaguetes, macarrão, tortelini, ravioles,
nhoques, taliatelas, lasanhas e tantos outros tipos de massa fazem parte de um
prato tradicional justamente chamado "pastaciutta" (literalmente massa seca). A

29
"pastaciutta" é uma massa escoada, temperada com diversos tipos de molhos.
(Rios, 2004)

Inclusive não se pode deixar de falar da cozinha italiana e não falar das
massas. A massa é o alimento básico e símbolo da Itália. Porém a origem da
massa é controvertida. De acordo com Bolaffi, (2000), o consumo da massa já
existia na região antes mesmo de Marco Pólo trazer iniciar suas expedições ao
Oriente. Na verdade, as massas seriam uma evolução do pão. Existe uma farta
documentação de que não apenas o romanos, mas também os gregos e etruscos
já preparavam e consumiam massas de diversos modos. Acredita-se ainda que
serracenos introduziram na Sicília, depois de terem aprendido a prepara-la com as
caravanas persas que chegavam da China. Na verdade as massas como
conhecemos hoje .começam a aparecer na Itália, em pequena quantidade, na
forma de macarrão somente no século 14.

O mito dos italianos comerem muito está ligado à sua hospitalidade. Na


Itália, quando há um hóspede, ou nas festas anuais, quando a família inteira se
reúne, é comum prepararem-se pratos especiais que compreendem entradas,
sopas, cozido, massa, diferentes tipos de carne, acompanhamento, doces e café.
É uma forma, como outras, de demonstrar simpatia pelo hóspede ou para festejar
filhos ou parentes distantes que se vêem raramente. Essa característica nota-se
ainda nos imigrantes italianos existentes no Brasil e também inclusive nos
restaurantes especializados em comida italiana. Onde existe sempre uma
sensação de grande hospitalidade e de mesa farta.

Outro mito existente sobre a culinária italiana, é que esta se resume às


massas, porém de acordo com a revista Minha Cozinha, cada região possui suas
próprias tradições. Na zona costeira predominam peixes e crustáceos, arroz nas
redondezas de Milão; alcachofras, berinjelas e tomates em Roma e nas regiões
mais ao sul e doces na Sicília. Porém, essa culinária regional não é muito vista
nas cantinas espalhadas pelo mundo, pois as massas ainda predominam.

4.1.1 A GASTRONOMIA ITALIANA EM BRASÍLIA

30
O restaurante Trattoria da Rosário foi considerado pela revista Veja Mais
Brasília o melhor restaurante italiano da cidade. O proprietário do restaurante,
Rosário é italiano, nascido em Nápoles e sua culinária possui elementos do norte
quanto do sul da Itália. Para manter um sabor exatamente italiano, a grande
maioria dos ingredientes é importada da Europa. Portanto não existem alterações
em seu cardápio original italiano para agradar ao gosto do brasiliense.

Os principais pratos do restaurante são a massa com mexilhão, lula e


camarões ao molho de tomate e bisteca de cordeiro em crosta de queijo de cabra
com molho de mostarda de Verona acompanhada de risoto negro e cogumelos.
Nota-se a existência da massa em todos os pratos, porém esta não predomina. A
maioria dos pratos do restaurante possui massa, pois o chef acredita que apenas
desta maneira há uma identificação para o brasileiro que este está comendo algo
tipicamente italiano.

Essa aceitação da massa pelo brasilense pode ser notada em praticamente


todos os restaurantes de culinária típica italiana em Brasília.Porém a grande
maioria não é assim tão tradicional e utiliza-se de elementos que não são
considerados tradicionais na culinária italiana, como o restaurante Cantina da
massa que utiliza molho shoyo em uma de suas receitas dando assim um toque
oriental ao prato.

4.2 PIZZARIAS

Como todo prato antigo, é difícil especificar sua origem, ainda mais se
pensarmos que ela não é nada mais que uma evolução do pão. A primeira notícia
que se tem da pizza tem mais de 6.000 anos. Os antigos hebreus e egípcios já
saboreavam uma mistura de trigo e água que era chamada "O Pão de Abrahão”.
Mostrando assim que a pizza não passa de uma evolução do pão. A pizza
inicialmente era conhecida como piscea, Bolaffi (2000)..

31
A evolução da pizza ocorreu lentamente. Os italianos, milhares de anos
depois, incrementaram esta massa com recheio de tomate.Consumiam a massa
dobrada, como recheio em seu interior como se fosse um sanduíche.à receita.

Ainda de acordo com Bolaffi (2000), com o passar do tempo a pizza foi
ficando cada vez mais popular sendo vendida por ambulantes na rua e sendo
comida até no café da manhã. Estes ambulantes começaram a vender pizzas em
formatos variados de acordo com o pedido do cliente. O primeiro pizzaiolo da
história foi Don Rafaelle de Espósito, dono de uma famosa pizzaria em Nápole.

Don Rafaelle ficou famoso, pois em 1889, cozinhou para os reis Humberto I
e a rainha Mergherita de Sabóia. Para prestar uma homenagem á rainha, o
pizzaiolo fez a pizza nas cores da bandeira da Itália, branco, verde e vermelho. A
rainha gostou tanto da idéia que Rafaelle, que resolveu batizar a pizza com seu
nome. E a pizza Margherita é umas das mais famosas e mais consumida até os
dias de hoje.

A produção de pizzas para comercialização em estabelecimentos


apropriados aconteceu anteriormente a fama de Don Rafaelle. A primeira pizzaria
foi Port´Alba inaugurada em Nápoles em 1830. O local se transformou no ponto de
encontro de pintores, poetas e escritores da época. A partir desse momento se
disseminou pelas regiões vizinhas e em seguida o mundo com os imigrantes
italianos, se tornando, talvez, um dos pratos mais populares do mundo.

No Brasil, até os anos 50, as pizzarias eram uma exclusividade das colônias
italianas e seus redutos. Á partir daí tornou-se um dos pratos mais consumidos e
conhecidos, tanto que, na cidade de São Paulo, no dia 10 de julho de 1985, foi
instituído pelo então Secretario de Turismo, Caio Luiz de Carvalho, o dia da pizza.

Apesar da origem da pizza ser italiana, os países que mais a consomem são
Brasil e Estados Unidos, dando destaque à cidades de São Paulo e Nova Iorque.
(www.cybercook.com.br - fonte: Guia dos Curiosos).

32
“Aqui no Brasil estamos habituados com a pizza napolitana (tomates, aliche,
orégano e mussarela) e suas múltiplas variações. Mas na Itália há toda uma serie
de variantes, como a schiacciiata (amassada), apenas ligeiramente temperada de
vários modos, ou as focaccie” Bolaffi (2000), O que demonstra como a pizza é
uma alimento suscetível à variações e que realmente acontecem fora da Itália,
para agradar o gosto da cultura do país que a está consumindo.

4.2.1 AS PIZZARIAS EM BRASÍLIA

A melhor pizzaria de Brasília, segundo a revista Veja Mais Brasília é a Santa


Pizza. O restaurante foi idéia do proprietário Marcelo Terra Peixoto que fazia
parte de um grupo que se reunia para criar novas recitas de pizza, daí vem o estilo
do restaurante: inovação. O cardápio do restaurante é baseado nessa premissa
de que a pizza é um prato que pode ser consumida de várias maneiras, além da
tradicional, adequando-se ao sabor do cliente.

Porém, o restaurante não deixa de servir as tradicionais, como marguerita e


calabresa e ainda para não afastar o sabor da típica pizza italiana, o restaurante
apenas utiliza tomates e queijos italianos, azeite extravirgem e massa fina.

4.3 GASTRONOMIA CHINESA

A importância da gastronomia para os chineses é imensurável. Tanto que há


mais de cinco mil anos, sábios, filósofos e pensadores políticos escrevem sobre a
alimentação.

Franco (2001), descreve que por volta de 550 ac, a culinária chinesa foi
dividida entre duas “escolas”. A primeira delas era a escola de Confúcio que era

33
um grande gourmet e observador do protocolo à mesa. Ele foi quem estabeleceu a
elegância e a cerimônia na cozinha chinesa. A outra escola era a dos taoistas,
discípulos de Lao-Tse, que tinha o apreço pela leveza, frescor natural dos
ingredientes e uso moderado de gordura como suas características.

Na verdade, todas as características das duas escolas fazem parte hoje do


que é a gastronomia chinesa. Porém não são apenas estes os determinantes
desta cozinha. A culinária chinesa é repleta de pequenas regras ou minúcias que
fazem esta cozinha singular.

Comer para os chineses é principalmente uma experiência estética, onde é


destacada à combinação de aromas, sabores, cores e contraste de texturas e
consistências. O contraste na verdade é um fator muito importante para os
chineses que simboliza a concepção dualista do universo (frio-qunte, doce-
salgado, macio-crocante), o yin e yang1, que na verdade demonstra a harmonia
entre todas as coisas (Franco, 2001).

A cozinha chinesa também tem uma forte ligação com a medicina. De


acordo com Franco (2001), os dois na verdade se misturam, pois para os
chineses, a comida é mesmo que remédio e qualquer enfermidade é diretamente
ligada à alimentação ou ao mal uso desta. Este ponto de vista poderia ser
considerado o antecessor da ciência nutricional da China. Notável nesta teoria é o
conceito segundo o qual uma proporção correta de carne e ingredientes de
verduras deveria ser mantida. Um terço dos pratos feitos de carne deveria ser
ingredientes de verduras, e um terço do prato de verduras deveria ser carne. No
preparo de sopas, a quantidade de água deveria totalizar sete décimos do volume
da tigela. Resumindo, a proporção correta de ingredientes devem ser observadas
no preparo de cada prato ou sopa para assegurar o absoluto valor nutricional
(Franco, 2001)

1
O Yin e o Yang é simbolizado por duas formas que se entrelaçam no interior de um círculo e que contêm
cada uma pequena porção da outra. É a base da macrobiótica zen, muito difundida no Ocidente nas últimas
décadas (Franco, 2001).

34
A geografia da China não é muito privilegiada para o cultivo de plantas e o
país, durante vários anos sofreu duras crises de pobreza e fome. Por este motivo,
para os chineses vários produtos, que para o ocidente é rejeitado como alimento,
na China é utilizado como iguaria comum. Nada poderia ser desperdiçado na
culinária chinesa, o que a torna, apesar da escassez de alimentos freqüentes em
todos os continentes, bastante variada (Idem)

A carne, por exemplo, é um produto que não tem grande consumo entre os
chineses devido á sua escassez e não devido à proibição pela religião budista
como se acredita ser. Um fator que não acontece nos países do Ocidente que
comercializam a comida chinesa, pois nestes restaurantes é possível encontrar
uma grande variedade de pratos feitos com carne. E foi exatamente a falta de
carne que fez com que a soja se tornasse a maior fonte de proteínas para os
chineses.

A carência de outro produto também foi um fator que determinou


características fortes na culinária. A falta de lenha fez com que a preparação e o
cozimento dos pratos fosse inteiramente diferentes e o cozimento tomasse muito
pouco tempo. Exatamente por isso que o forno não é muito utilizado, o cozimento
á vapor é predominante. O forno é utilizado unicamente em ocasiões especiais. E
também nestas ocasiões especiais o arroz não é consumido, pois este simboliza
comida do cotidiano.

Alguns dos diferenciais da cozinha chinesa para Ocidental e que não


acontece nos restaurantes típicos chineses é que estes não possuem o hábito de
comer sobremesa. O doce pode ser consumido durante qualquer momento da
refeição. As sopas não são servidas separadamente como, por exemplo, servindo
de entrada. Estas possuem papel de vinho. E a razão de usarem os famosos
pauzinhos (haschi) é que não se usa faca à mesa, pois o ato de cortar e picar é
papel do cozinheiro.

Estes fatores apenas demonstram a grande diferença existente entre a


comida chinesa e a comida servida nos restaurantes fora da China. Pois estes

35
servem pratos personalizados com ingredientes mais encontrados na localidade.
Isso mostra porque muitos pratos foram inclusive criados no exterior. Um exemplo
é o famoso Chop-Suey que foi criado no estado da Califórnia nos Estados Unidos.

Um grande problema com esta proliferação da comida chinesa pelo mundo,


e o mau uso de cozinheiros chineses improvisados e de produtos de qualidade
inferior. O uso inadequado da filosofia culinária chinesa compromete a qualidade
de uma das comidas mais refinadas do mundo, que porém, é de fácil adaptação a
qualquer ambiente e paladar. Pois como fala Franco (2001) “O grande número de
restaurantes chineses espalhados pelo mundo inteiro denota versatilidade e
adaptabilidade às possibilidades locais”.

A globalização que divulgou a cozinha chinesa para o mundo demonstra


eses existem em qualquer grande cidade do mundo e o visitante pode estar na
localidade mais exótica possível que se existir um restaurante de comida chinesa
a identificação é imediata.

4.3.1 A GASTRONOMIA CHINESA EM BRASÍLIA

O melhor restaurante chinês da cidade, de acordo coma revista Veja Mais


Brasília é o Palace Long Xiang.

Este estabelecimento é um autêntico restaurante chinês, pois o chef Li Peng


prepara todas as receitas da mesma maneira que lhe foi ensinado na China.
Portanto esse é mais um caso que demonstra muito bem como o brasiliense preza
pela qualidade e se adapta ás culinárias de outro países.

Para se ter uma idéia de quão tradicional é este restaurante, seu prato de
maior destaque, o pato Pequim, um pato inteiro defumado preparado ao forno à
lenha, deve ser pedido um dia antes.

Porém, este restaurante é uma exceção, pois a grande maioria dos


estabelecimentos desta modalidade na cidade, além de não possuir pratos, assim

36
tão sofisticados utilizam-se de uma preparação em massa de seus ingredientes
sem nenhum tipo de ritual.

4.4 GASTRONOMIA JAPONESA

A culinária japonesa, recentemente muito apreciada pelo mundo, revela a


cultura de seu povo de forma fiel. Na culinária japonesa assim como na cultura,
tudo tem o seu lugar, e os seus elementos são indissociáveis, ou seja, uma
entrada na culinária japonesa apenas tem significado no todo harmônico que
constitui a refeição. A culinária japonesa pode, deste modo, ser definida como
uma expressão de harmonia. A disposição da comida nos pratos, os ingredientes
usados e todos os elementos restantes, são como que ritualizados, tendo uma
localização específica no espaço e no tempo (Franco, 2001)

Os japoneses possuem várias características específicas em sua culinária,


todas com razão específica de existir. Os peixes e as algas marinhas são
essenciais, isso se deve , em grande parte, ao fato de que, como afirma Franco
(2001), no séc X, o budismo, em ascensão no país ter proibido a matança de
animais, excetuando-se peixes, tornando assim a população vegetariana. O
consumo da carne (apesar de pequeno) retornou aos hábitos alimentares do povo
japonês apenas no séc. XIX.

Outra característica, também influenciada pelo budismo, é a existência dos


5 sabores e 5 cores na culinária japonesa: doce, picante, salgado, amargo e ácido,
amarelo, preto, branco, verde e vermelho, que devem estar presentes nas
preparações culinárias.

O uso de produtos congelados não é aceito, pois estes têm a textura e o


sabor comprometidos. Essa também é uma das razões que explica o uso reduzido
de temperos pelos japoneses, pois existe uma ênfase ao sabor puro dos

37
ingredientes principais de um prato. Um dos principais temperos utilizados pelos
japoneses é o wasabi, que em japonês significa “rosa das montanhas”. É uma
floração encontrada em montanhas, leito de rios de água gelada e límpida. Nós o
consumimos na forma de pó ou pasta, pois o wasabi fresco é algo raro e caro.
Outro condimento muito utilizado pelos japoneses é gengibre, porém
diferentemente do resto do mundo, no Japão o gengibre não é encontrado em pó,
mas consumido fresco ou marinado em vinagre de arroz . O gengibre mais famoso
e utilizado pelos japoneses é o gari, pois este é o gengibre que não apenas enfeita
os sushis, mas também é consumido pra limpar e preparar o paladar para receber
um outro sabor. (Hirata, 2001).

Um produto que possui grande importância para os japoneses é a soja, pois


é a partir da soja que é feito os três principais elementos na culinária japonesa. O
miso, que é a pasta de soja fermentada, o tofu, que é o leite de soja coagulado, e
o shoyu, que é o molho de soja.

O arroz é outro ingrediente que possui grande importância para os


japoneses. Franco (2001), descreve que a relevância do arroz é tão intensa que a
palavra gohan que significa arroz também pode ser utilizada como refeição.

Ao contrário do que se imagina o Japão recebeu sim grande influencia de


outros países em sua culinária. Foram os portugueses e holandeses que, no séc.
XVI introduziram as frituras e o açúcar. O tradicional Tempura 1 existe por causa da
influencia dos portugueses. O arroz foi trazido pelos coreanos e o molho de soja, o
chá e os pauzinhos (hashi) foram trazidos pelos chineses.

Assim como na culinária chinesa, existe hoje uma proliferação dos


restaurantes japoneses pelo mundo, a influencia da gastronomia é tão grande que
se acredita que a nouvelle cousine é fruto justamente desta culinária.Uma das
características da nouvelle cousine é a capacidade dos molhos aguçar o sabor
dos alimentos. Este é justamente o papel do molho shoyu na culinária japonesa.
Também para se ter idéia, o teppanyaki – carne e legumes grelhados sobre uma
1
Tempura: fritos japoneses

38
chapa metálica foi criado para turistas que visitam o Japão, porém os japoneses
aderiram o prato a sua alimentação e logo os restaurantes típicos no mundo
também. (Flandrim, 1998)

Outra razão do sucesso dos restaurantes japoneses é a moda dos sabores


naturais, pois a cozinha japonesa sempre teve a fama de ser uma comida
saudável e não com baixo teor calórico, uma vez que o uso de gordura é bastante
reduzido.

4.4.1 A GASTRONOMIA JAPONESA EM BRASÍLIA

Na eleição de melhor restaurante japonês em Brasília, pela revista Veja Mais


Brasília houve um empate entre os restaurantes Kosui e Nippon.

O restaurante Kosui é um restaurante tipicamente japonês, pois o seu


sushiman nasceu em Tóquio (capital do Japão) e estudou para ser chef de
cozinha. O restaurante utiliza apenas os ingredientes mais típicos da comida
japonesa que são atum, salmão, robalo, peixe-serra, linguado, tainha, polvo,
camarão e ovas. Portanto os sushis e sashimis são preparados da maneira
tradicional.

Já o restaurante Nippon segue a linha do rodízio de comida japonesa, o que


não é muito tradicional e é comandado pelo nissei Jun Ito. A casa se baseia na
variedade, tanto é que além dos pratos tradicionais existe um bufê de saladas.
Provando que a tradicional comida japonesa pode ser misturada a outros
alimentos.

4.5 GASTRONOMIA BRASILEIRA

39
A cozinha brasileira tem sua origem na mistura entre as gastronomias
indígenas, portuguesas e por último africana. Sendo que a gastronomia do
colonizador possui forte domínio sobre as demais.

Porém, a gastronomia brasileira é muito mais complexa do que essa mistura,


pois, devido às proporções geográficas do país, as culinárias variam bastante de
região para região, e ainda deve-se levar em conta que a gastronomia não é
baseada somente nas influências vindas de fora. Na gastronomia brasileira deve-
se considerar os regionalismos e adaptações culinárias existentes em cada
localidade.

Alguns pratos regionais são famosos em todo o país, outros são quase
desconhecidos pelas demais regiões, muitas vezes pelo fato de que os
ingredientes necessários são exclusivos do lugar de origem. Porém, além das
práticas alimentares diferenciadas, existem outras, encontradas em todo o Brasil e
em todas as classes sociais, representadas pelo consumo do feijão com arroz e
da farinha de mandioca, combinação que se constitui na comida básica do
brasileiro.

De acordo com Fernandes (2002), da influencia indígena temos


principalmente os alimentos crus, frutas nativas e ervas. O principal alimento vindo
dos índios é a mandioca. A mandioca aliás, é base alimentar de norte a sul do
país e é também um alimento cultivado pelos índios desde o primeiro milênio A.C.
Possui também uma enorme variedade na sua tecnologia de processamento, pois
a mandioca é um alimento extremamente venenoso e que possui centenas de
variedades e subprodutos que são consumidos em todo o Brasil, como a farinha,
tapioca e beijus.

A mandioca logo foi aprovada pelos hábitos alimentares do português e


tornou-se fator de importância na colonização do Brasil. Uma das utilizações deste
alimento foi no tráfico negreiro, a mandioca teve grande utilidade como moeda de
troca, na forma de farinha e que graças ao seu alto valor nutricional, ainda
garantia a alimentação dos escravos. Os bandeirantes também fizeram um

40
grande uso da mandioca, durante sua expedições, sempre deixavam um grupo
plantando-a em locais estratégicos para garantir a alimentação do grupo, pois uma
das vantagens deste alimento é a velocidade com que pode ser cultivada.

Os peixes também faziam parte da alimentação básica dos indígenas que


eram consumidos moqueados, ou seja, assado e defumado. Já as carnes de caça
eram mais exclusivas das tribos centrais que não tinham grande acesso a mares
ou rios para a pesca. Porém na região da Amazônia também era grandes o
consumo de lagartos, cobras, jacarés e seus ovos.

Fernandes (2002) diz que além das influencias alimentares, Portugal trouxe
para o Brasil os seus hábitos. O português trouxe para o Brasil, os utensílios, o
horário das refeições, a ordem dos pratos, os pesos e medidas e ainda os modos
de preparar, temperar e conservar os alimentos. E principalmente trouxe para os
brasileiros o hábito da mesa farta.

Da influencia alimentar vieram a criação de animais para o abate e o


consumo de suas carnes como: vaca, ovelha, cabra, porco, galinha, patos e
gansos. Várias frutas e verduras que já eram cultivadas na Europa foram trazidas
e plantadas no Brasil e que hoje fazem parte do hábito alimentar do brasileiro
como: romã, laranjas, limas, limões, melão, melancia, abóbora, gengibre,
mostarda, hortelã, manjericão, cebola, alho, berinjela e cenoura.

Porém, pode-se dizer que uma das maiores e mais importantes influencias
dos portugueses na alimentação do Brasil, foram os doces. A doçaria portuguesa
possui tamanha importância, devido à influencia dos árabes, descobridores do
açúcar, e atingiu o seu ápice nos conventos, tanto que, a maioria dos nomes dos
doces de remete ao sagrado ou a sentimentos como: cabelos-de-virgem, papos-
de-anjo, queijinhos-de-hóstia, sonhos, beijos, suspiros etc. Para se ter uma idéia
da importância dos doces para os portugueses, toma-se como exemplo os bolos.
Foi graças a eles que este alimento ganhou uma função social no mundo,
festejando aniversários, noivados, casamentos, nascimentos etc.

41
A chamada cozinha do azeite resume bastante o que é a alimentação
africana no Brasil. É uma cozinha baseada no azeite de dendê (proveniente de
Angola), que tem as suas bases no recôncavo baiano e que logo se espalhou por
todo Brasil.

Os condimentos são a base da alimentação africana, além do azeite, a


pimenta é um ingrediente que passou a ser utilizado em larga escala na cozinha
pelos escravos. E não só a pimenta, vários outros condimentos como folhas,
molhos e leite de coco são de origem africanas. Exatamente por esse fatores que
pode se considerar que a comida baiana é uma grande expoente da culinária
africana com seus pratos típicos como: acarajé, vatapá, abará, acassá. Além de
outros alimentos salgados como feijão preto, quiabo e angu.

Porém, a formação da gastronomia brasileira é extremamente complexa,


pois em cada região houve uma maior ou menor influencia de cada um dos povos
formadores do Brasil.

No caso deste trabalho, será considerada a gastronomia de Minas Geral e


da região nordeste, principalmente do estado da Bahia, pois estes são os
principais expoentes dos restaurantes regionais existentes em Brasília.

A formação da culinária mineira remonta aos bandeirantes e exploradores na


época da colonização brasileira, Fernandes (1998) confirma que umas das
principais influencias na culinária mineira foram os paulistas, isto aconteceu devido
ao comércio entre as duas localidades, pois o estado de Minas Gerais foi
explorado mais tardiamente do que o de São Paulo. Portanto, sendo este mais
desenvolvido do que o anterior.

“A vida nas Minas, nos primeiros anos que sucederam às descobertas seria
praticamente impossível sem o fornecimento de mantimentos e gêneros de todas
as espécies, partidos das cidades e vilas de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia”
Rocha (1998). Isso só vem a confirmar a dependência do mineiro aos outros

42
estados litorâneos e, portanto mais desenvolvidos e a escassez de mantimentos
neste momento.

E foi justamente essa escassez que tornou a culinária mineira tão variada,
pois os mineiros desde então aproveitavam todo o tipo de alimento consumível
possível formando assim uma gastronomia “criativa e inovadora, demarcada pela
busca do sabor e da combinação de gostos entre os poucos e limitados produtos
disponíveis”. Rocha (1998).

Vários alimentos tradicionais do mineiro têm a sua razão de ser que remonta
a esse momento histórico. O feijão tropeiro, por exemplo, possui esse nome
devido aos tropeiros exploradores do estado que necessitavam de um alimento
nutritivo e que pudesse ser conservado por um longo período de tempo. O feijão,
aliás, se tornou “a escora da casa”, o alimento mais importante na alimentação de
Minas Gerais juntamente do angu e da couve.

De acordo com Rocha (1998), um dos alimentos mais importantes e


identificador cultural de Minas Gerais é o queijo de minas, que começou a ser
produzido em longa escala, pois o mineiro foi um dos primeiros povos do Brasil a
se tornar pecuarista e assim a produzir derivados do leite. Porem, as comarcas do
oeste eram grandes produtoras de suínos, fazendo assim com que a carne de
porco, principalmente o lombo seja mais um tradicional prato mineiro.

A culinária baiana pode ser bastante explicada pelas duas frases de Pereira
(1999):

“A cozinha baiana é plural, rica e variada. Ela reúne diferentes culturas,


povos que expressam sua identidade com ingredientes, pratos, rituais de fazer e
oferecer”

“A comida baiana é para se comer com os olhos, comer de mão, lambuzar


os dedos nos molhos, dourar a boca com o azeite de dendê e se permitir suspirar
em gozo dionisíaco”

43
Por estas afirmações nota-se a importância do simbolismo e da comida para
o baiano, para se ter uma idéia, as festas na Bahia são conhecidas pelos nomes
da comida. E este grande simbolismo pode ser expresso justamente na roupa
típica da baiana que, na verdade, demonstra a imensa mistura que é a formação
de não apenas o povo baiano, mas também do povo brasileiro.

Cada parte do traje da baiana representa a influencia de uma localidade


formadora deste povo: a saia é à européia, bata e turbante à muçulmana e as
jóias à africana.

A cozinha baiana é conhecida por seus molhos, pimentas, acarajés,


camarões e etc, mas na verdade, como afirma Pereira (1999), a culinária deste
povo é muito mais do que isso, pois ela pode ser dividida em duas partes: a
culinária do litoral e recôncavo e a do sertão.

A gastronomia do litoral e recôncavo é representada pelo dendê, leite de


coco, moquecas, arroz de cocos e camarões.

Já a do sertão é representada pelo feijão, farinha, carne seca, de sal, pirão


de leite, queijos ensopados, buchadas, escaldados e rapaduras. Que na verdade,
não são representativos apenas no sertão da Bahia, mas também em todo o
nordeste.

E é por toda essa variedade que a culinária baiana representa também a


variedade e simbolismo da complexa gastronomia brasileira, que é formada de
diversos povos e ainda assim mantêm características exclusivas de sua
localidade, fazendo assim com que a comida brasileira seja única no mundo.

4.5.1 A GASTRONOMIA BRASILEIRA EM BRASÍLIA

O melhor restaurante brasileiro da cidade de acordo com a revista Veja Mais


Brasília, é O Convento.

44
O restaurante possui uma grande quantidade de comidas regionais, que é
definida pela proprietária do restaurante, Maria Christina Brocahdo Costa, como
uma mistura das culinárias mineira, goiana e nordestina. Porém a casa também
oferece pratos internacionais, mas sempre com uma pitada de regionalismo.

Para dar este toque regional, a proprietária sempre busca utilizar matérias
primas do cerrado realizar a preparação dos pratos artesanalmente.

Para se ter uma idéia da força do regionalismo no restaurante, o carro-chefe


da casa é o Picadinho a Franciscana, que contem arroz branco, farofa de ovos,
mandioquinha frita e milho verde refogado, todos tipicamente brasileiros.

Porém, com a hoje constante preocupação com a saúde e boa forma,


restaurantes tradicionais brasileiros em Brasília como o Dom Francisco estão
dando muito valor além das comidas tradicionais regionais, ás saladas. O Chef
Francisco Ansiliero ressalta que hoje 100% das mesas pedem a opção da salada
antes do prato principal, e mais o numero de consumo de carne vermelha caiu de
90% para 60%.

Porém, mesmo comendo uma salada como entrada, ainda há um consumo


do prato principal. Isso apenas prova que o brasiliense está preocupado com a
saúde, porém não deixa de consumir a sua comida regional favorita.

45
5.0 ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS

Brasília possui uma rede de restaurantes vasta e variada, com influências


de todo o Brasil e também de todo o mundo, esse fator também se reflete na
formação da população da cidade, formada por imigrantes de todo o país e
também do mundo.

Toda essa miscigenação pode ser notada nos restaurantes da cidade. E é


exatamente este fator que está fazendo se formar uma gastronomia típica
brasiliense. Uma gastronomia em que não existe pratos típicos, porém é uma
mistura de culinárias de todo mundo que sofreram adaptações para se ajustar ao
paladar do brasiliense.

Pela análise dos restaurantes, nota-se na verdade que a população de


Brasília adaptou-se muito bem às culinárias de outras culturas, pois existe uma
quantidade relativa de restaurantes que não fizeram grandes alterações em seu
cardápio para adequar-se ao sabor brasileiro.

Porém, há de se ressaltar que estamos falando de um população de classe


média alta, pois este é o público freqüentador dos restaurantes analisados./

46
Como já foi citado anteriormente, o fato da maioria dos restaurantes serem
de culinárias brasileira, chinesa, japonesa e italiana, isso demonstra a preferência
do brasiliense, porém para cada especialidade foram notadas particularidades na
sua forma de se adaptar à Brasília.

No caso dos restaurantes brasileiros, notou-se que a grande maioria é na


verdade uma mistura de temáticas regionais espalhadas pelo Brasil. É fácil
entender este fator, pois a formação dos restaurantes reflete muito bem a
formação da população da cidade em si. Vale ressaltar também que essa mistura
possui a predominância das culinárias mineira, nordestina e goiana. Fato que
também acontece nos restaurantes brasileiros que possuem temática de apenas
uma localidade há uma predominância nos restaurantes nordestinos, mineiros e
goianos.

Esse fato pode ser explicado pela razão que a imensa maioria da população
de Brasília é formada por migrantes provindos destes estados.

A comida italiana é muito agradável ao paladar do brasileiro, portanto os


restaurantes desta categoria não possuem a necessidade de realizar grandes
adaptações para agradar ao paladar brasiliense. O fator que mais ocorre nestes
restaurantes é apenas um reflexo do que anda ocorrendo na gastronomia pelo
mundo para demonstrar inovação: é o fusion-food.2 Pois mantêm-se os fatores
tradicionais da comida italiana, porém acrescenta-se alguns alimentos
diferenciados para dar um novo sabor à essa culinária.

No caso da pizza, acontece praticamente o mesmo, pois a pizza em si


(considerando-se apenas a massa), é um prato totalmente suscetível à inovações
e a adaptações, porém a pizza tradicional italiana é bem apreciada na cidade.

No caso das gastronomias chinesas e japonesas acontece basicamente o


mesmo fenômeno. Nos restaurantes que tem como publico alvo classes mais
altas, não acorrem alterações no cardápio em relação a comida tradicional

2
Fusion-food: mistura de uma grande variedade de alimentos para a formação de um novo prato.

47
preparada no pais, porém, há uma diferença no ritual. Nestes paises as refeições
são mais do que um ato de se alimentar, é um ritual á parte que não é realizado
nos restaurantes. Aqui apenas se alimenta.

Já nos restaurantes considerados mais populares, houve a introdução de


alimentos que não são típicos destes paises para não causar maior
estranhamento há um paladar desavisado ou não muito acostumado com comidas
consideradas excêntricas.

6.0 CONCLUSÃO

A gastronomia é um patrimônio cultural que reflete a identidade de um povo


que se encontra em alta para o turismo. Pesquisa realizada pelo Centro de
Excelência em Turismo da Universidade de Brasília (CET/UNB) em parceria com a
Universidade de Nottingham, na Inglaterra, mostra que o turismo colabora com
5,56% do PIB nacional. E desse percentual, 37,59% vem da gastronomia, ou seja,
restaurantes e outros estabelecimentos de serviços de alimentação. A
gastronomia é, portanto, a atividade que mais gera receita no setor turístico.

Brasília é uma cidade nova, uma capital que contem peculiaridades pois é
formada por culturas de todo o Brasil e do mundo. Esse fator se reflete na sua
gastronomia, pois apesar da cidade não possui um prato ou comida típica, é
exatamente essa mistura que é típica de Brasília.

Prova disso, é que a cidade possui uma enorme quantidade de restaurantes


de todas as variedade culinárias. Porém, nota-se que um maior índice em alguns
tipos de restaurante, refletindo o gosto do brasiliense.

O gosto do brasiliense é bastante variado e se adaptou para sabores


variados, prova disso que a maior quantidade de restaurantes, além da culinária

48
brasileira obviamente, é de culinárias chinesas, italianas e japonesas.
Restaurantes estes que não realizaram grandes mudanças para se adaptar ao
gosto de Brasília.

Portanto os restaurantes refletem bem o fenômeno que está acontecendo


com a gastronomia no mundo. Está ocorrendo, devido a homogeneização da
alimentação, uma difusão em grande escala das culinárias típicas pelo mundo,
porém essa culinária não chega da maneira original de seu país. A gastronomia,
por ser parte da identidade cultural de um povo, é um traço muito forte e muito
difícil de ser mudado, portanto uma culinária de fora tem de se adaptar ao gosto
do país e não o contrário. Nota-se nos restaurantes da cidade algum traço que
caracterize a culinária do Brasil.

Pois como Da Matta (1984) cita, uma pessoa quando vai há um restaurante,
mesmo saindo o desejo é encontrar um lugar para se sentir em casa. Mais um
fator que prova que mesmo não intencionalmente o restaurante precisa receber
alterações para que o cliente se sinta à vontade. E é exatamente isto que os
restaurantes de Brasília estão realizando, fazendo com que o cliente conheça a
sua identidade cultural através da comida, porém se sentindo em confortável e
não esquecendo que independente da comida que estão comendo, existe ali
sempre um jeitinho brasileiro.

49
REFERÊNCIAS

BOLFFI, Gabriel. A saga da comida. Rio de Janeiro: Record, 2000.

CARNEIRO, Henrique. Comida e Sociedade: Uma historia da alimentação. Rio


de Janiro: Campos, 2003.

CASCUDO, Luis Câmara. História da Alimentação no Brasil. Belo


Horizonte/São Paulo: Itatiaia/Editora da Universidade de São Paulo, 1983.

DA MATTA, Roberto. O que faz o Brasil, Brasil?. Rio de Janeiro: Rocco, 1984.

FERNANDES, Caloca. A Culinária paulista tradicional nos hotéis Senac – São


Paulo. Rio de Janeiro: Ed Senac Nacional, 1998.

FISBERG,Mauro;WEHBA,Jamol;COZZOLINO, Silvia M.F. Um, dois, Feijão com


Arroz. 1ªed. São Paulo: Ed. Metha, 2002.

FLANDRIN, Jean-Louis; MONTARINI, Massimo. História da Alimentação. 2ª ed.


São Paulo. Ed: Estação Liberdade, 2000.

FRANCO, Ariovaldo. De caçador a gourmet: uma história da gastronomia. 2ª


ed. Rio de Janeiro: Senac Nacional, 2001.

50
GARCIA, Rosa Wanda Diez. Práticas e Comportamento alimentar no meio
urbano: um estudo no centro da cidade de São Paulo. 19 9 7

LEAL, Maria Leonor de Macedo Soares. A história da gastronomia. Rio de


Janeiro: Senac Nacional,1998.

MIRADOR, Enciclopédia. São Paulo: Ed. Enciclopédia Britannica do Brasil


Publicações Ltda, 1980.

PEREIRA, Marcos da Veiga. A culinária baiana no Senac Pelourinho. Rio de


Janeiro: Ed. Senac Nacional, 1999.

POULAIN, Jean-Pierra. Sociologia da Alimentação: Os comedores e o espaço


social alimentar. Florianópolis: Ed. UFSC, 2004.

ROCHA, Sebastião.Sabores & Cores das Minas Gerais. Rio de Janeiro: Ed.
Senac Nacional, 1998.

SCHULTER, Regina G. Gastronomia e Turismo. São Paulo: Aleph, 2003.

TRIGO, Luiz Gonzaga Godoi (Org.). Turismo: como aprender, como ensinar.
2ªed. São Paulo: Senac, 2000. 2v.

Endereços eletrônicos

AREAL, A. C. , 2004. Disponível em http://infobrasilia.com.br acessado em


15/09/2004.

HIRATA, 2001. Disponível em http://basilico.uol.com.br/cozinhar acessado em


27/08/2004.

LOPES, 2003. Disponível em http://estadao.com.br acessado em 02/10/2004

51
RIOS, 2004. Disponível em http://gastronomiaitaliana.com.sapo.pt acessado em
18/09/2004

Periódicos

Guia Quatro Rodas - Ed. Abril, São Paulo, 2004.

Jornal de Brasília- Caderno Viva, dia 08/11/2004

Jornal de Brasília – Revista Coma Bem, dia 09/10/2004

Revista Veja Mais Brasília – Ed. Abril, edição 2004. Abr/2004.

ANEXO – QUESTIONÁRIOS

Questionário do restaurante “O Convento”

1. Restaurante:

O Convento

2. Tipo:

Cozinha Brasileira e Inernacional

3. N° de refeições por período:

Variável a no máximo 70.

4. Publico alvo:

Classe alta de Brasília.

5. Carro – chefe do restaurante:

Picadinho a Franciscano

6. Adaptações no cardápio para atender ao público:

Tamanho da porção e opções de acompanhamentos, cobrança de rolha para o


caso de trazerem a bebida alcóolica pessoal.

52
Questionário do Restaurante “Palace Long Xiang”

1.Restaurante:

Palace Long Xiang

2. Tipo

Cozinha Chinesa

3. N° de refeições por período:

Variável entre 60 e 80

4. Público - Alvo

Classe alta de Brasília.

5. Carro – chefe do restaurante:

Pato Pequim

6. Adaptações no cardápio para atender ao público:

Retirada ou acréscimo de certos temperos para atender ao público, cerveja e


vinho no cardápio.

53
Questionário do Restaurante “ Trattoria Da Rosário”

1.Restaurante:

Trattoria Da Rosario

2. Tipo

Cozinha Italiana

3. N° de refeições por período:

Variável entre 30 e 40

4. Público - Alvo

Classe alta de Brasília.

5. Carro – chefe do restaurante:

Linguine Maré nostro

6. Adaptações no cardápio para atender ao público:

Grande utilização de massas,em quase todos os pratos

54
Questionário do restaurante “Kosui”

1.Restaurante:

Kosui

2. Tipo

Cozinha Japonesa

3. N° de refeições por período:

Até 100

4. Público - Alvo

Classe alta de Brasília.

5. Carro – chefe do restaurante:

Sushi e sashimi

6. Adaptações no cardápio para atender ao público:

Temos garfo e faca caso seja necessário. No modo de preparação dos


alimentos nenhum.

55
Questionário do restaurante “Nippon”

1.Restaurante:

Nippon

2. Tipo

Cozinha Japonesa

3. N° de refeições por período:

Entre 80 e 100

4.Público - Alvo

Classe média e alta de Brasília.

4.Carro – chefe do restaurante:

Sushi e sashimi

5.Adaptações no cardápio para atender ao público:

Utilização de um buffet de saladas

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