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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

BRUNO RODRIGUES BULHÕES

ESTUDOS DA EFICIÊNCIA DE ISOLAMENTOS EM CONTÊINERES PARA USO


RESIDENCIAL ATRAVÉS DE SIMULAÇÕES TÉRMICAS

ARARANGUÁ
2016
BRUNO RODRIGUES BULHÕES

ESTUDOS DA EFICIÊNCIA DE ISOLAMENTOS EM CONTÊINERES PARA USO


RESIDENCIAL ATRAVÉS DE SIMULAÇÕES TÉRMICAS

Projeto para a aprovação na disciplina de Projeto


em Engenharia de Energia do curso de
Engenharia de Energia da Universidade Federal
de Santa Catarina.

Orientador: Professor Reginaldo Geremias

ARARANGUÁ
2016
ERRATA

BULHÕES, B. R. Estudos da eficiência de isolamentos em contêineres para uso


residencial através de simulações térmicas. 2016. 39p. Projeto em Engenharia de Energia
(aprovação na disciplina) – Curso de Engenharia de Energia, Disciplina Projeto de Engenharia
de Energia, Universidade Federal de Santa Catarina, Araranguá, 2016.

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18 1 resiliência resistência
BRUNO RODRIGUES BULHÕES

ESTUDOS DA EFICIÊNCIA DE ISOLAMENTOS EM CONTÊINERES PARA USO


RESIDENCIAL ATRAVÉS DE SIMULAÇÕES TÉRMICAS

Projeto para a aprovação na disciplina de Projeto


em Engenharia de Energia do curso de
Engenharia de Energia da Universidade Federal
de Santa Catarina.

Professor Reginaldo Geremias

Aprovado em: __/__/____

Banca Examinadora:

Professor Reginaldo Geremias


UFSC – Campus Araranguá
Dedico esse trabalho a todos que me incentivaram a seguir sempre em frente, principalmente
aos meus pais, pelo carinho e paciência que tiveram ao decorrer de meus anos de estudo, e
também a minha madrinha que me ajudou a escolher minha profissão através de teste
vocacional.
AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais, e professores por todos os conhecimentos que me passaram
durante toda minha vida, e também a Deus pelo livre arbítrio de nos deixar errar para aprender
qual caminho é o melhor para nós mesmos.
“Existe apenas um bem, o saber, e apenas um mal, a
ignorância”. (Socrates)
RESUMO

O comércio internacional cada vez está mais forte e a rota marítima é a forma mais viável
para essa atividade. Para que a mesma seja executada muitos contêineres são necessários, mas
devido a sua vida útil de 10 anos logo se acumula como lixo em muitos portos pelo mundo.
Como alternativa para os contêineres descartados, o presente projeto tem como foco fazer
uma análise do comportamento térmico desses contêineres, sem e com isolantes térmicos,
para a construção civil. Para isso, simulações térmicas serão feitas para ter uma ideia do
comportamento térmico dessas casas. As simulações serão feitas através de dois programas
que analisam o comportamento térmico e da eficiência energética de construções, sendo esses
o EnergyPlus e o eQuest. Os resultados depois de organizados serão utilizados para montar
análises comparativas entre as casas contêiner sem e com isolantes térmicos montadas em
várias configurações e, ao final, será elaborado um Trabalho de Conclusão de Curso. O
esperado é que o projeto apresentado mostre de maneira numérica que existe uma solução
para a alta condução térmica dos contêineres, e que com isso possa ser utilizado como
referência para outras pesquisas que visam o uso desse equipamento.

Palavras-chave: Casa contêiner. Isolamento. EnergyPlus. eQuest.


ABSTRACT

The International trade market is increasing strongly, and the maritime route is the most
viable way for this activity, as a result, many containers are needed; however, because its
useful life is only 10 years, it accumulates as waste in many ports of the world. As an
alternative to discarded containers, the following project is focused to make a thermal
behaviour analysis of these containers, without and with thermal insulation, for civil
construction. For this, thermal simulations will be made to get an idea of the thermal behavior
of these houses. The simulations will be made through two softwares that analyze the thermal
performance and energy efficiency of buildings, these being the EnergyPlus and eQuest. The
results after organized will be used to assemble comparative analysis between the house
container with and without thermal insulation mounted in various configurations and, at the
end, will be elaborated the Course Final Paper. It is expected that the project presented shows
in a numerical manner that exists a solution for the high thermal conductivity of the containers
material; and also, that it can be used as a reference for further research aiming the use of this
equipment.

Keywords: Container house. Insulation. EnergyPlus. eQuest.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Modelos de transferência de calor...........................................................................15


LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Propriedades de materiais isolantes..........................................................................19


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ISO International Organization for Standardization


LISTA DE SÍMBOLOS

°C grau Celsius
W Watts
SUMÁRIO

1 JUSTIFICATIVA ....................................................................................................................... 14
2 REFERENCIAL TEÓRICO ...................................................................................................... 15
2.1 Fluxo de calor .............................................................................................................................. 15
2.1.1 Condução térmica......................................................................................................................... 16
2.2 Tipos de isolamentos térmicos ................................................................................................... 17
2.2.1 Característica do isolante térmico ............................................................................................... 20
2.3 Contêiner ..................................................................................................................................... 22
2.3.1 Contêiner para construção civil .................................................................................................... 24
2.4 Programas para simulação térmica .......................................................................................... 25
3 OBJETIVOS ............................................................................................................................... 27
3.1 Objetivo geral ............................................................................................................................. 27
3.2 Objetivos específicos .................................................................................................................. 27
4 METODOLOGIA ...................................................................................................................... 28
4.1 Pesquisa bibliográfica ................................................................................................................ 28
4.2 Simulação do contêiner sem isolamento .................................................................................. 28
4.3 Simulação do contêiner com isolamento ................................................................................. 28
4.4 Comparação dos resultados....................................................................................................... 28
4.5 Elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso ................................................................... 29
5 EQUIPE EXECUTORA ............................................................................................................ 30
6 RESULTADOS ESPERADOS .................................................................................................. 31
7 CRONOGRAMA ....................................................................................................................... 32
8 ORÇAMENTO ........................................................................................................................... 33
REFERÊNCIAS ......................................................................................................................... 34
GLOSSÁRIO .............................................................................................................................. 36
APÊNDICE A – ESQUEMA PAREDE COM ISOLAMENTO EXTERNO ........................ 37
ANEXO A – EXEMPLO DE LOJA CONSTRUIDA POR CONTÊINERES ...................... 38
INDICE DE ASSUNTO ............................................................................................................. 39
14

1 JUSTIFICATIVA

Toda casa precisa de uma estrutura forte e confiável. Porém, muitas das vezes a parte
estrutural de uma residência é geralmente um dos maiores custos da obra, e também a mais
demorada, pois deve conter vigas e pilastras bem resistentes para a estrutura não entrar em
colapso.
Existem várias alternativas para deixar uma estrutura mais rentável, e dentre elas está a
de usar containers como as paredes e a estrutura principal da casa acompanhada de paredes de
drywall, ou de madeira. Entretanto um problema aparece ao usar essa alternativa. Que é em
relação ao conforto térmico.
Desta forma, o esse projeto aborda o estudo da eficiência do uso de diferentes
isolantes térmicos, utilizando o programas como energyplus e EQuest para a simulação de
diferentes situações, para analisar o comportamento do fluxo de calor em cidades de climas
quentes.
O presente projeto irá apresentar uma natureza de pesquisa quanto à viabilidade da
implantação de isolantes em residências montadas a partir de contêineres através de
simulações computacionais. Os programas utilizados são utilizados frequentemente por
muitos estudiosos na área de conservação de energia e afins.
Com isso dito, o trabalho apresenta a meta de fazer uma base introdutória para
pesquisas relacionadas a possibilidade de tornar casas feitas de contêineres em casa
confortáveis e mesmo assim continuar, possivelmente, sendo casas de baixo custo.
15

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Nesse item será apresentado as ideias propostas pelo projeto estudado

2.1 Fluxo de Calor

Incropera et. al. (2007) aponta em seu livro que através da termodinâmica a energia
pode ser transmitida na interação entre um sistema analisado e seus arredores. Assim, a
transferência de calor pode ser definida como um estudo aprofundado da conservação de
energia dessas interações, ou seja, a definição dada pelo autor é que a transferência de calor é
a energia térmica transmitida devido a uma diferença de temperatura no meio.
Existem três tipos de modos de transferência de calor, apresentados na Figura 1. A
radiação térmica, que ocorre entre duas superfícies finitas que possuem diferentes
temperaturas e não possuem um corpo para servir de mediador. O objeto de análise emite a
energia através de ondas eletromagnéticas. A convecção, que é a interação entre uma
superfície em um fluido em movimento com diferentes temperaturas. Por fim, a condução,
que a ocorre pelo gradiente de temperatura existente através de um corpo em regime
estacionário. Para análises de isolantes térmicos, a condução é apresentada como enfoque
principal para o estudo de fluxo de calor em uma parede, visto que os outros dois tipos de
transferência de calor viram uma transferência de calor por condução ao passar por uma
parede (INCROPERA; et. al., 2007).

Figura 1 - Modelos de Transferência por condução, convecção e radiação térmica.

(INCROPERA et. al., 2007)


16

2.1.1 Condução térmica

Condução térmica é a aptidão que o calor possui para atravessar diferentes materiais
na presença de variações de temperaturas (ABDOU; AL-HOMOUD, 2002). A condução
térmica ocorre a nível molecular, onde pode ser analisada de um nível de energia bastante
energético até pouco energético. Assim, a condução é a interação entre uma partículas e as
outras ao seu redor que, através de uma diferença de temperatura, apresenta agitação e rotação
nas moléculas. Para uma análise mais básica e de fácil compreensão, considera-se para uma
primeira análise um meio gasoso, pois é mais fácil de imaginar as moléculas se movendo
livremente e colidindo uma com as outras do que em um sólido onde elas parecem paradas.
Assim na Figura 2 pode-se ver como é a associação entre a agitação das moléculas e a
condução de calor (INCROPERA et. al.,2007).

Figura 2 – Associação entre a condução térmica e a distribuição de energia molecular.

Fonte: INCROPERA et. al., 2007

Quando analisado em gases e líquidos, as moléculas são livres, mesmo que em


líquidos elas estejam mais próximas que em um gás. A ideia em sólidos é basicamente a
mesma, mas ao invés de a partícula ser livre e poder se mover no meio, a mesma será fixa na
estrutura e apenas terá uma transferência de energia baseada na vibração das moléculas
(INCROPERA et. al., 2007).
A transferência de calor, mostrada na figura 3, é calculada através de equações de
fluxo de calor, onde dependem de constantes do material analisado e das diferentes
temperaturas de superfície. Assim para uma transferência de calor por condução Incropera et.
al. (2007) demonstra uma equação simplificada, que aqui será apresentada como Equação 1,
2
onde ( ) será o fluxo de calor na direção cartesiana x, mas também poderia ser usado
17

a direção y ou z deixando a equação mais complexa. Para as duas temperaturas tem-se e


, que são o gradiente de diferença de temperatura do sistema analisado e sua unidade é em
Kelvin ( ). O coeficiente k ( ) da equação é a condutividade térmica do material
sendo que essa constante que diferencia o comportamento da transferência de calor em cada
tipo de material.

(1)

Figura 3 – Transferência de calor por condução em uma dimensão

Fonte: INCROPERA et. al., 2007

O fluxo de calor é a quantidade de calor que passa por metro quadrado em um


material. Assim na Equação 2 é feito o cálculo do calor total que passa pelo sistema
em análise é o fluxo multiplicado pela área superficial AS ( ) do sistema.

(2)

2.2 Tipos de isolamentos térmicos

De acordo com Abdelrahman e Ahmad (1991), isolantes térmicos são materiais que
criam resistência térmica para a transferência de calor. A resistência térmica é uma medida de
resistência que o calor sofre ao atravessar um material, sendo diferente para cada tipo de
material (AL-HOMOUD, 2004). Sendo assim, os isolantes térmicos podem apresentar três
características básicas de sua forma de impedir a transferência de calor, sendo elas por
18

resistência capacitiva, resistência resistiva e resistência refletiva (ABDELRAHMAN;


AHMAD, 1991).
A resistência capacitiva ocorre quando a estrutura das paredes for muito espeça. Assim
mesmo com uma condutividade térmica mais alta, a taxa de transferência de calor por
condutividade será baixa. Um exemplo de resiliência capacitiva seriam castelos e palácios,
onde apresentam, em sua grande maioria, paredes feitas de pedras com grandes espessuras,
que na época eram necessárias para proteção de seus moradores e para a sustentação de suas
estruturas magnânimas (ABDELRAHMAN; AHMAD, 1991).
A resistência refletiva é a única das três que se concentra em diminuir a transferência
de calor proveniente da radiação solar. Materiais com essa característica utilizam de sua
natureza refletiva para impedir que as ondas eletromagnéticas solares que geram calor
penetrem nas paredes da residência, fazendo, assim, que exista apenas uma transferência de
calor por condução (GUO et. al, 2012).
Por último, o método mais utilizado pelas estruturas na atualidade, são os isolantes
resistivos. Assim como a resistência capacitiva, os isolantes resistivos têm como objetivo a
diminuição da transferência de calor através da condução térmica. Mas o resistivo diverge do
capacitivo pelo fato de que utiliza da diminuição do coeficiente de condutividade térmica ao
invés do aumento da espessura das paredes (ABDELRAHMAN; AHMAD, 1991).
Os materiais mais adequados com ótimos resultados são os que apresentam a
característica de isolantes resistivos. A escolha do material mais adequado para isolamento da
estrutura irá depender do clima, do quanto de quantidade de calor que se quer ser barrado e a
espessura da parede ou teto da residência. Ressalta-se que não é só o isolante que apresenta
resistência, e por esse motivo a resistência total será a soma da resistência de cada camada de
material. Na Figura 4 e Tabela 1 se pode ver os tipos de materiais isolantes, suas propriedades
e suas principais utilizações (ABDELRAHMAN; AHMAD, 1991; LAMBERTS, 2014).
19

Figura 4 – Tipos de materiais isolantes.

Adaptado de: (ABDELRAHMAN; AHMAD, 1991)

Tabela 1 – Aplicação e propriedade dos materiais isolantes

Condutividade Absorção Força de


Material Térmica de Compressão Aplicação
( ) Vapor (%) (kN/m2)
Poliestireno Expandido 0,0360 2-3 14 Telhados comuns e
paredes

Poliestireno Extrudido 0,0316 0,1 27,5 Telhados invertidos e


paredes

Poliuretano Rígido 0,0239 4-5 25-27 Telhados comuns e


paredes

Placa de fibra de vidro 0,0330 40-50 9,5 Paredes de cavidades


e telhados comuns
vazios
Espuma de vidro 0,0500 0 - Telhados
Perlita 0,0457 0,5 9 Paredes de cavidades
Concreto leve 0,1650 - - Paredes
Bloco de concreto 0,9600-1,13890 - 17,5 Paredes
Tijolo 0,4400-0,7500 - 23 Paredes

Fonte: ABDELRAHMAN; AHMAD, 1991.


20

2.2.1 Característica do isolante térmico

Como apresentado anteriormente, o isolante térmico tem a função de reduzir a


transferência de calor pela estrutura da residência, e para climas quentes sua função é impedir
que o calor adentre pelas paredes. A característica mais comum dos isolantes, atualmente, são
os isolantes resistivos. Assim, o tipo de transferência de calor que é barrado será a condução
(AL-KHAWAJA, 2004).
Existem três principais características que deve ser levada em conta na hora da escolha
do isolante ideal para sua obra: o preço, a espessura e a condutividade térmica. O preço irá
variar de material para material e de sua origem. A espessura será definida pelo tipo de
material, pelas limitações do tamanho da estrutura, do preço e da quantidade de calor que se
deseja ser barrada. E, por fim, a condutividade térmica é analisada pela espessura do material
e pela quantidade de calor que se deseja ser barrada (KAYNAKLI, 2011).
A condutividade do material pode ser apresentada no chamado valor U (U-value) ou
como valor R (R-value). O valor U representa a resistência térmica, sua unidade pode estar no
sistema internacional como ou em no sistema americano, nessa
representação quanto menor o valor de U melhor o isolamento será. O valor R será o inverso
do valor U e representa a resistência do material. Assim, quanto maior o valor R melhor será o
isolamento (BOLATTÜRK, 2007; INCROPERA et. al., 2007). Com isso, a relação entre
esses valores e a forma de calculá-los será dada pela Equação 3, tendo U como o valor U, R é
o valor R, k é a já vista condutividade térmica e L é a espessura em metros, é o fluxo de
calor e é a diferença de temperatura em .

Com isso fica explicito como a resistência do isolante do material é diretamente


proporcional à espessura e cresce de acordo com o valor da condutividade térmica do material
(BOLATTÜRK, 2007; DOMBAYCI; GÖLCÜ; PANCAR, 2006).
Na escolha do material para construção, geralmente, o que tiver o melhor custo
beneficio será o utilizado. Porem, em alguns casos pode haver limitação na espessura das
camadas de isolamento, por exemplo, quando o espaço interno da residência for pequeno
(KOSSECKA; KOŚNY, 2001). Com isso, para se obter o melhor custo beneficio de um
21

material é necessário ter uma análise do custo da energia elétrica, o preço do material e a
espessura do material, para assim se obter uma análise onde exista um ponto otimizado, assim
como apresentado na Figura 5 (KAYNAKLI, 2011).

Figura 5 – Custo benefício de um material isolante

Fonte: KAYNAKLI, 2011

Como visto na Figura 5 o preço do isolamento é linearmente proporcional à espessura


do mesmo. Assim, para um cálculo do custo benefício em relação à espessura, um dos
métodos utilizados é pela análise do custo pelo ciclo de vida de um material. Para isso, é
necessária a dependência da condutividade térmica do material, das condições climáticas e as
propriedades da estrutura do imóvel. Pode-se obter o custo de refrigeração de uma residência
se comparar a energia utilizada pelo ar condicionado ( ) com a carga térmica transportada ( )
pelo mesmo, utilizando as Equações 4, 5 e 6, (Wh) será calculado utilizando como a área
da parede em m2, é a medida de graus-dias de resfriamento (relação entre temperaturas
maiores que a temperatura base e entre a quantidade de dias ocorrentes), é a espessura do
isolante em metros, é a condutividade térmica, é a resistência da parede ( )e éo
coeficiente de desempenho do ar condicionado (ABDELRAHMAN; AHMAD, 1991).

( ⁄ )
22

Para o cálculo do custo , apresentado na Equação 7, será necessário a energia


utilizada , o preço da energia elétrica ( ), o preço do isolante ( ), e
que é a vida útil do isolante (ABDELRAHMAN; AHMAD, 1991):

Substituindo a Equação 8 na Equação 9, tem-se a equação 8:

( ⁄ )

Agora se deriva a Equação 10 e iguala-se a zero, para se obter a espessura do


isolamento com o menor custo possível, dada pela Equação 9 e 10 (ABDELRAHMAN;
AHMAD, 1991):

( ⁄ )

( )

2.3 Contêiner

Contêineres são equipamentos para carregar algum tipo de carga. No caso de


contêineres de carga, são feitos de metal e são utilizados, principalmente, para transporte de
carga marítima, isso por causa de sua resistência e pela possibilidade de empilhar de forma
modular (SOUZA, 2015).

Os contêineres que existem hoje são relativamente recentes, uma vez que só estão em
circulação a menos de 50 anos. Antes disso, as mercadorias eram transportadas como fardos,
em sacas ou no máximo em barris, o que deixava exposta a roubos e danos. Outro problema é
23

que por não ter uma forma padronizada a descarga era feita manualmente e precisava de
muitos trabalhadores para isso, o que tornava o processo caro e demorado (SMITH, 2006).
O crédito pela invenção do contêiner utilizado atualmente vai para Malcolm MacLean,
pois foi o primeiro a patentear. A invenção foi para solucionar seu problema de transporte de
carga. Após a ideia se disseminar outros também viram essa ideia como uma solução para
seus problemas. Porem com essa disseminação muitos tamanhos diferentes de contêiner
foram criados, o que trouxe a necessidade de padronizar o tamanho. Em 1995, foi criada então
a ISO 668:1995, a qual padroniza o tamanho e a classificação dos contêineres (SMITH,
2006).
Nas Tabelas 2 e 3 podemos ver as dimensões padronizadas (ISSO 668:1995, 1995).

Tabela 2 – Dimensões externas, tolerância e estimativa de peso

Fonte: ISO 668:1995, 1995


24

Tabela 3 – Dimensões internas mínimas e dimensões mínimas da abertura da porta

Fonte: ISO 668:1995, 1995

No Brasil a definição de contêiner é dada pelo Decreto nº 80.145 de 15 de agosto de


1977, Art. 40:
O container é um recipiente construído de material resistente, destinado a propiciar
o transporte de mercadorias com segurança, inviolabilidade e rapidez, dotado de
dispositivos de segurança aduaneira e devendo atender às condições técnicas e de
segurança previstas pela legislação nacional e pelas convenções internacionais
ratificadas pelo Brasil.
§ 1º Enquanto não houver a padronização nacional promovida pelo Instituto
Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO), da
Secretaria de Tecnologia Industrial do Ministério da Indústria e do Comércio,
aplica-se-ão os padrões editados pela International Organization for Stendardization
(ISO).

§ 2º O container deve preencher, entre outros, os seguintes requisitos:


a) ter caráter permanente e ser resistente para suportar o seu uso repetido;
b) ser projetado de forma a facilitar sua movimentação em uma ou mais
modalidades de transporte, sem necessidade de descarregar a mercadoria em pontos
intermediários;
c) ser provido de dispositivos que assegurem facilidade de sua movimentação
particularmente durante a transferência de um veículo para outro, em uma ou mais
modalidades de transporte;
d) ser projetado de modo a permitir seu fácil enchimento e esvaziamento;
e) ter o seu interior facilmente acessível à inspeção aduaneira, sem a existência de
locais onde possam ocultar mercadorias.

2.3.1 Contêiner para construção civil

Após 1992, na II Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e


Desenvolvimento Humano, a importância da sustentabilidade na construção civil começou a
ter uma maior relevância. E uma das soluções encontradas é a utilização de contêineres, que
por segurança, possuem uma vida útil de 10 anos para fins de transporte, e por não serem
degradáveis acabam como lixo em portos ao redor do mundo (OCCHI; ROMANINI, 2014).
25

Existem vários tipos de contêineres padronizados, mas os dois mais utilizados para
construção civil são os categorizados como Dry 20’ e Dry 40’. O nome indica o comprimento
em pés. A categoria Dry é a mais utilizada por ser completamente fechada (ROMANO; DE
PARIS; NEUENFELDT, 2014).
Na Tabela 4 são apresentadas as dimensões externas dos contêineres mais utilizados
para a construção civil:

Tabela 4 – Dimensões e carga máxima de alguns tipos de contêineres

Tipo Largura (m) Comprimento (m) Altura (m) Carga máx. (t)
Dry Box 20’ 2,438 6,06 2,59 22,10
Dry Box 40’ 2,438 12,92 2,59 27,30
Dry High 2,438 12,92 2,79 27,30
Cube 40’

Adaptado de: OCCHI; ROMANINI, 2014.

Outro atrativo para a utilização dos contêineres é o baixo custo da obra se comparado
ao método tradicional de alvenaria utilizado no Brasil. No Anexo A apresenta um exemplo de
uma loja construída a partir de contêineres (OCCHI; ROMANINI, 2014).
Uma das principais desvantagens da construção por contêineres é que o uso de
isolantes térmicos é indispensável, uma vez que metal é um material com alta condutividade
térmica. Existem dois arranjos possíveis para a implantação do isolante, sendo um interno e
outro externo. O arranjo externo é uma solução mais cara, pois necessita de uma melhor
vedação para resistir as condições climáticas, um exemplo de montagem pode-se ver no
Apêndice A. Já o interno tem como desvantagem a diminuição do espaço habitacional da casa
(OCCHI; ROMANINI, 2014).

2.4 Programas para simulação térmica

Existem alguns tipos de programas para simulação de eficiência energética em


edificações, e dentre eles podemos destacar o DOE-2, o BLAST, o EnergyPlus e o eQUEST
(BILESIMO, 2015).
26

EnergyPlus é um programa disponibilizado pelo US Department of Energy -


Departamento Americano de Energia, desde 2001. O programa simula a energia consumida
em uma edificação a cada hora, a carga térmica interna, e o cronograma diário. Os cálculos
devem ser sempre baseados no clima local onde será feita a edificação (SAILOR, 2008).
Também conhecido como Quick Energy Simulation Tool, o eQuest é um software
gratuito dos mesmos desenvolvedores do DOE-2, que através de características físicas,
ocupacionais e da localização geográfica calcula o consumo de energia em uma edificação,
tendo resultados numéricos e gráficos como resposta as informações inseridas (BILESIMO,
2015).
As simulações feitas pelos programas para calcular as zonas térmicas são através de
um modelo de balanço térmico. Para os cálculos algumas considerações são feitas, como por
exemplo, a temperatura do ar será uniforme em um mesmo cômodo. Outras considerações
comuns nesse tipo de programa são temperaturas uniformes e radiação difusa nas faces das
paredes, e a condução térmica deve ser unidirecional. Esses programas podem ser utilizados
para representar a maioria das construções existentes, e um contêiner não é exceção por isso
foram escolhidos (CRAWLEY, D. B. et al, 2001).
27

3 OBJETIVOS

O objetivo geral e o específico para o projeto estão apresentados a seguir:

3.1 Objetivo geral

O presente projeto possui como objetivo geral avaliar a eficiência térmica de isolantes
em casas montadas com contêineres através de programas computacionais.

3.2 Objetivos específicos

O presente trabalho tem por objetivos específicos:

 Realizar pesquisas bibliográficas em literatura relacionada ao tema projeto;


 Fazer a simulação de um contêiner sem isolamento para servir de referência de como é o
comportamento térmico nesse caso, será utilizado os programas EnergyPlus e eQuest;
 Fazer a simulação de um contêiner com diferentes tipos de isolamentos, o isolamento
também será simulado com montagens externa e, novamente será utilizado os programas
EnergyPlus e eQuest.
 Comparar e avaliar os resultados obtidos nas simulações. Será possível analisar quais
opções são as melhores e, além disso, será possível mostrar a diferença térmica que existe
entre os contêineres com isolamento e a referência sem isolamento;
 Elaborar o Trabalho de Conclusão de Curso conforme é predefinido pelas normas
institucionais;
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4 METODOLOGIA

A seguir será apresentada a metodologia seguida por esse projeto:

4.1 Pesquisa bibliográfica

Para o dado projeto será efetuada uma pesquisa bibliográfica em textos acadêmicos,
sendo esses, periódicos, livros ou qualquer outro texto permitido como revisão bibliográfica
para um trabalho acadêmico.

4.2 Simulação do contêiner sem isolamento

Com o intuito de servir de referência para o presente projeto, ou seja, demonstrar


como é o comportamento térmico esperado para um contêiner, para isso será feito uma
simulação sem nenhum tipo de alteração em sua estrutura. Será considerada apenas sua
estrutura metálica, e com isso será analisado pelo programa o comportamento térmico dentro
do contêiner em um clima típico de um país quente e úmido. Para efetuar a simulação será
feita utilizando os programas EnergyPlus e eQuest.

4.3 Simulação do contêiner com isolamento

Uma nova simulação será efetuada, mas dessa vez além da estrutura básica metálica as
simulações serão efetuadas adicionando três tipos de isolantes térmicos por vez, e esses são: a
lã de vidro, a lã de rocha e o poliuretano rígido. E em cada isolante também serão realizados
os dois tipos de arranjos, o montado internamente no contêiner e o montado externamente ao
contêiner. Através desses diferentes tipos de arranjos, teremos como resultado quais são as
melhores alternativas de isolamento térmico em um contêiner. Para as simulações serão
utilizados novamente os programas EnergyPlus e eQuest.

4.4 Comparação dos resultados

Tendo os resultados da simulação sem isolamento e das simulações com os diferentes


tipos isolantes térmicos, serão elaboradas tabelas e outras formas comparativas de exposição
29

de resultados para demonstrar a necessidade do isolante e, ao mesmo tempo, demostrar o quão


eficiente termicamente cada um dos tipos de isolante podem ser.

4.5 Elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso

Após o termino da pesquisa, os resultados serão direcionados para a elaboração do


Trabalho de Conclusão de Curso conforme previsto nas normas institucionais.
30

5 EQUIPE EXECUTORA

O presente projeto será constituído por uma equipe de um aluno de Engenharia de


Energia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) - Campus Araranguá, com
experiência internacional com isolantes térmicos, contribuindo nesse projeto com as
simulações e a elaboração de um Trabalho de Conclusão de Curso. E também por seu
professor orientador da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) - Campus Araranguá
que possui experiência na área termodinâmica que será fundamental para o auxilio com as
comparações dos resultados vindos da simulação.
31

6 RESULTADOS ESPERADOS

Para os resultados espera-se que:


. O presente projeto sirva como uma análise do conforto término existente mesmo utilizando
uma alternativa mais barata de casas feitas de contêineres, e se possível, que possa ser até
mais confortável que o padrão brasileiro atual;
. O presente projeto seja uma ferramenta inicial, para novas pesquisas seguindo a mesma linha
de raciocínio, podendo se estender para o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), assim
como outro tipo de pesquisa;
. O tema proposto possa contribuir de alguma forma para a implantação de um método ainda
pouco explorado de construção sustentável, que são os contêineres.
32

7 CRONOGRAMA

O cronograma para realização do projeto será apresentado abaixo.

Atividade Ano de 2017


Mar Abr Mai Jun Jul
Pesquisa bibliográfica X X X X X
Simulação do contêiner sem isolamento X X
Simulação do contêiner com isolamento X X
Comparação e avaliação dos resultados X
Elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso X
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8 ORÇAMENTO

O projeto apresentado possui o seguinte orçamento previsto.

Item Quantidade Valor Unitário (R$) Total (R$)

Tinta para impressora 2 65,15 130,30


Deslocamento 1 12,63 25,26
VALOR TOTAL (R$) 185,56
34

REFERÊNCIAS

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Climates. Building and Environment, Dhahran, Arabia Saudita, v. 26, n. 2, p. 189-194,
1991.
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building thermal insulation materials. Building and Environment, Dhahran, Arabia Saudita,
v. 40, n. 3, p. 353-366, março 2005.
AL-KHAWAJA, M. J. Determination and selecting the optimum thickness of insulation for
buildings in hot countries by accounting for solar radiation. Applied Thermal Engineering,
Daha, Catar, v. 24, n. 17-8, p. 2601-2610, dezembro 2004.
BILESIMO, T. L. Análise e eficientização do consumo de energia em um campus
universitário. 2015. 29p. TCC (graduação) – Universidade Federal de Santa Catarina -
Campus Araranguá, Araranguá. 2015
BOLATTÜRK, A. Optimum insulation thicknesses for building walls with respect to cooling
and heating degree-hours in the warmest zone of Turkey. Building and Environment,
Isparta, Turquia, v. 43, n.6, p. 1055-1064, junho 2008.
BRASIL. Decreto nº 80.145, de 15 de Agosto de 1977. Regulamento a Lei n.º 6.288, de 11 de
dezembro de 1975, que dispõe sobre a unitização, movimentação e transporte, inclusive
intermodal, de mercadorias em unidades de carga, e dá outras providências.Diário Oficial
[da] Republica Federativa do Brasil, Brasília, DF, 15 agosto 1977.
CRAWLEY, D. B. et. al. EnergyPlus: creating a new-generation building energy simulation
program. Energy and Buildings, Kyoto, Japão, v. 33, n. 3, p. 319-331, abril 2001.
DOMBAYCI, Ö. A.; GÖLCÜ, M.; PANCAR, Y. Optimization of insulation thickness for
external walls using different energy-sources. Applied Energy, Denizli, Turquia, v. 83, n. 9,
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GUO, W. et. al. Study on energy saving effect of heat-reflective insulation coating on
envelopes in the hot summer and cold winter zone. Energy and Buildings, Hangzhou, China,
v. 50, p. 196-203, julho 2012.
INCROPERA, F. P. et.al. Fundamentals of heat mass transfer. 6. ed. Hoboken, New
Jersey, 2007. 997 p. ISBN-13: *9780-471-45728-2.
INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION. ISO 668:1995 - Series
1 freight containers – Classification, dimensions and ratings. Genebra, 1995. 31p.
KAYNAKLI, O. A review of the economical and optimum thermal insulation thickness for
building applications. Renewable and Sustainable Energy Reviews, Bursa, Turquia, v. 16,
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loads in a continuously used building. Energy and Buildings, Oak Ridge, Tenessi, v. 34, n.
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35

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ed. Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. 2014. 366 p.
ROMANO, L.; DE PARIS, S. R.; NEUENFELDT JUNIOR; A. L. Retrofit de contêineres na
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SAILOR, D. J. A green roof model for building energy simulation programs. Energy and
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SEMINÁRIO NACIONAL DE CONSTRUÇÕES SUSTENTÁVEIS, 3., 2014, Passo Fundo.
Reutilização de containers de armazenamento e transporte como espaços modulados na
arquitetura. Passo Fundo: Núcleo de Estudo e Pesquisa em Edificações Sustentáveis - NEPES,
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abril 2006. 158p.
SOUZA, I. L. S. T-house: Casas Conteiner. 2015, 121 p. Monografia – Departamento de
Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Rio Grande do
Norte , 2015.
36

GLOSSÁRIO

Graus-dia: relação entre temperaturas maiores que a temperatura base, e a quantidade de dias
em que elas ocorrem.

Isolante: material utilizado como barreira, com intuito de diminuir ou bloquear totalmente um
impacto que seria causado ao meio, podendo ser utilizado, por exemplo, para nomear
materiais que bloqueiam calor, som, eletricidade, etc.
37

APÊNDICE A – ESQUEMA PAREDE COM ISOLAMENTO EXTERNO


38

ANEXO A – EXEMPLO DE LOJA CONSTRUIDA POR CONTÊINERES

Figura 1 – Container: Ecology Store

Fonte: Souza, 2015


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INDICE DE ASSUNTO

Condução térmica, 16

Dimensão de alguns tipos de contêineres, 25

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