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Cadernos do LALE
Série Propostas
Coordenação:
Ana Isabel Andrade
Maria Helena Araújo e Sá
Gillian Moreira
Universidade de Aveiro
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Cadernos LALE Série Propostas
Coordenação:
Ana Isabel Andrade
Gillian Moreira
Maria Helena Araújo e Sá
Autores:
Ana Isabel Andrade
Ana Raquel Simões
Gillian Moreira
Leonor Santos
Maria Helena Araújo e Sá
Susana Pinto
Equipa do projecto
Maria Helena Araújo e Sá (Investigadora Principal); Ana Isabel Andrade; Ana Paula Pedro; Ana Raquel
Simões; Filomena Martins; Gillian Moreira; Leonor Santos; Lúcia Soares; Manuel Bernardo Canha; Maria
Luísa Álvares Pereira; Paulo Feytor Pinto; Sílvia Melo; Teresa Cardoso.
Ano 2007
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Cadernos LALE Série Propostas
ÍNDICE
INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 4
OUTRAS LEITURAS.......................................................................................................48
Situações escolares de ensino/aprendizagem de línguas ..........................................48
Sistemas de formação de professores .......................................................................50
Associações de imigrantes.........................................................................................51
Imprensa escrita...........................................................................................................52
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS……………………………....…………………………..54
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INTRODUÇÃO
Este volume da Série Propostas dos Cadernos do Lale (Laboratório Aberto para a
Aprendizagem de Línguas Estrangeiras) surge como resultado do Projecto Imagens das
línguas na comunicação intercultural: contributos para o desenvolvimento da competência
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plurilingue . Trata-se de um projecto que teve lugar entre Setembro de 2003 e Dezembro
de 2006, coordenado pela Universidade de Aveiro em colaboração com a Associação de
Professores de Português e a Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de
Lisboa.
O projecto foi concebido no contexto do encontro entre línguas e culturas que
caracteriza as sociedades actuais, em particular a Europa e, consequentemente,
Portugal, e parte do pressuposto de que este encontro é uma valiosa fonte na construção
do diálogo intercultural, favorecendo a comunicação e o entendimento entre os povos.
Como referem Moreira, Araújo e Sá & Cardoso (2004) “…intercultural encounter is about
meeting and sharing, and producing new meanings and discourses”. Assumindo-se, na
sequência de investigações recentes, que a disponibilidade e abertura dos sujeitos e dos
grupos face aos outros, às suas línguas e à comunicação intercultural estão relacionadas
com as imagens que circulam na sociedade sobre essas mesmas línguas e as culturas
que representam, pretendia-se com este projecto evidenciar a origem, organização e
dinâmica de tais imagens, tendo em vista a planificação de um trabalho educativo capaz
de desenvolver o desejo por uma aprendizagem linguística mais diversificada.
De facto, numerosos estudos realizados em diferentes países (ver, por exemplo,
Zarate, 1993; Matthey, 1997; Perrefort, 2001) têm vindo a mostrar que a aprendizagem
de uma língua implica a construção de imagens/representações dessa mesma língua, em
termos do seu estatuto, funções, locutores, história, cultura, utilidade e particularidades.
Estas imagens, por sua vez, parecem influenciar as disponibilidades dos sujeitos para a
sua aprendizagem, em particular no que diz respeito às escolhas que efectuam, às
motivações que desenvolvem, às estratégias que mobilizam, à forma como hierarquizam
as línguas umas em relação às outras, ou à vontade de se relacionarem ou não com os
sujeitos que as falam. Concretizando com resultados das nossas próprias investigações,
a desvalorização do catalão e do romeno como parentes da família românica conduz os
sujeitos à exclusão simbólica destas línguas e dos seus falantes do seu imaginário
linguístico (cf. Melo & Araújo e Sá, 2006, com estudantes universitários portugueses). Por
sua vez, a consideração do alemão como uma língua “difícil, feia e esquisita” parece
tolher os alunos a inclui-la nos seus horizontes académicos mais próximos (cf. Schmidt &
Araújo e Sá, 2006, com alunos do ensino secundário).
É neste quadro que o projecto se desenvolveu em torno das seguintes questões:
- Que imagens acerca das línguas/culturas circulam em diferentes contextos
sociais? Como evoluem? Através de que dinâmicas?
- Que factores determinam estas imagens e como é que elas influenciam o
1
Atribuído através dos fundos FEDER, no âmbito Eixo 2, Medida 2.3. do Pocti – Programa Operacional. “Ciência, Tecnologia, Inovação” do
QCA III (2003-2006) (POCTI/CED/45494/2002). A equipa deste projecto era constituída por Maria Helena Araújo e Sá (Investigadora
Principal); Ana Isabel Andrade; Ana Paula Pedro; Ana Raquel Simões; Filomena Martins; Gillian Moreira; Leonor Santos; Lúcia Soares;
Manuel Bernardo Canha; Maria Luísa Álvares Pereira; Paulo Feytor Pinto; Sílvia Melo; Teresa Cardoso. Colaboraram ainda Alexandra
Schmidt, Maria de Lurdes Gonçalves, Rosa Chaves, Mário Cruz e, na qualidade de bolseiras de investigação, Susana Pinto e Sílvia Gomes.
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Regional de Educação (DRE) de Lisboa e Vale do Tejo. Em cada uma das escolas
inquiridas, existe uma média de 18% de alunos com português língua não materna
(PLNM). No ano lectivo de 2004/05, cerca de 67% destas tinham entre um a dez alunos
nessa situação, com maior destaque na DRE do Algarve.
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Importa ainda alertar para o seguinte facto: o português foi, entre 74 e 04, a única
língua veicular ou de escolarização (no ensino público português). O português, disciplina
curricular, até ao 9º ano foi sempre obrigatório. Em 1978, passou a ser obrigatório para
todos os alunos do 10 e 11º ano e, em 1989, tornou-se obrigatório também no 12º ano.
Também será relevante assinalar que, entre 1860 e 1973, o francês foi a LE1 obrigatória.
Dever-se-á registar ainda a ausência da língua gestual portuguesa (LGP) pelo facto de a
legislação (erradamente) não a incluir na "educação linguística", mas na "educação
especial".
Em jeito de conclusão
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“Se o inglês fosse a minha língua materna, nunca teria problemas de compreensão”
“A língua chinesa é para mim uma porta aberta para o meu futuro profissional”.
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“Si l’on reconnaît la diversité des langues de son répertoire, celle de leurs fonctions et
de leur valeur, cette conscience de la diversité que l’on porte en soi est de nature à
favoriser une perception positive des langues de l’Autre. La valorisation du
plurilinguisme constitue ainsi le fondement d’une éducation à la tolérance linguistique,
en tant qu’éducation interculturelle » (Beacco, 2004 : 46)
“Languages are today disappearing faster than ever before in human history. A
language is threatened if it has few users and a weak political status, and, especially, if
children are no longer learning it, i.e. when the language is no longer transmitted to the
next generation. There are detailed definitions of the degree of threat or endangerment.
Even the most 'optimistic realistic' linguists now estimate that half of today's spoken
languages may have disappeared or at least not be learned by children in a 100 years
time, whereas the 'pessimistic but realistic' researchers (e.g. Krauss 1992) estimate
that we may only have some 10% of today's oral languages (or even 5%, some 300
languages) left as vital, non threatened languages in the year 2100.” (Skutnabb-
Kangas, 2002: 8)
“Over 70 per cent of all languages in the world are found in just 20 nation states,
among them some of the poorest countries in the world. In general, however, bilingual
and multilingual contexts, that is, the presence of different linguistic groups living in the
same country, are the norm rather than the exception throughout the world, both in the
North and the South.” (Unesco, 2003: 12)
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Para leitura:
“(… ) en los últimos trescientos años o más el aumento de la muerte y extinción de las lenguas ha sido
dramático y sostenido y, en muchas regiones del mundo, condujo a la situación actual en la que más de
3000 idiomas aún hablados están en peligro, seriamente amenazados o moribundos y muchas otras
lenguas aún viables muestran signo de estar potencialmente amenazadas e de entrar de manera
acelerada en fase de peligro de extinción.”
(Wurm, S. A., 1996, Atlas de las Lenguas del Mundo en Peligro de Desaparición, Paris, Ediciones
UNESCO)
Textos/Documentos de apoio:
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“[il convient d’]aborder le plurilinguisme et la diversité des cultures en tant que tels, dans la
globalité, en présentant aux enfants plusieurs langues qu’il s’agisse de langues étrangères, de
langues de migrants, de langues régionales, de langues anciennes ou des variétés dialectales
de la langue nationale.” (Candelier, 2001: s.p.)
“Presentemente, a realidade mostra-nos que a língua [mirandesa] ainda mantém vitalidade
pois é falada por cerca de 15 mil pessoas nas aldeias do concelho de Miranda do Douro […]
falada no trato diário e no comércio local, na família e entre vizinhos […] A maioria dos
mirandeses falam-na entre si desinibidamente e usam-na diariamente mas perante pessoas
estranhas evitam falá-la e já desde tempos antigos. Porém, com a sensibilização que tem vindo
a fazer-se nos últimos tempos a população rural, em especial, fica mais receptiva, deixa de a
considerar como a língua do subdesenvolvimento e passa a vê-la como um valor linguístico-
cultural.”(http://www.eb2-miranda-douro.rcts.pt/mirandes/vitalid.html)
“[The] promotion of plurilingualism should include considerations about the role of English
against the backdrop of Europe as a polity in which citizenship means both a multitude of
(linguistic) identities and the ability to enter public discourse.” (Breidbach, 2003: 8)
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“People learn to be responsible citizens not only in schools, but in the family, neighbourhood,
churches and many other groups and forms in civil society.” (Kymlicka, 2001: 293).
“Healthy democracies are composed of individuals who are able to communicate with their
fellow citizens and use their linguistic skills to participate actively in for instance, associations,
movements, cultural groups and political parties.” (Starkey, 2002: 9).
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Fase 4 - Avaliação do projecto com discussão e divulgação pública dos resultados (final do
ano escolar);
Materiais: Artigos de jornais e revistas; notícias da televisão e/ou rádio; textos publicitários;
avisos em instituições públicas; planos de actividades de associações; projectos de escola;
actas, etc;
Nota: Esta actividade, a desenvolver durante um ano lectivo, deve implicar os educadores,
os alunos e as suas famílias, bem como jornalistas e outros actores sociais.
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Introdução
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Embora o conceito “imagem” seja utilizado nos últimos anos de forma recorrente
em Didáctica de Línguas (DL), disciplina na qual se ancora o presente projecto, o seu
sentido não se encontra estabilizado (situação que, aliás, parece própria deste campo
conceptual), nem sequer do ponto de vista terminológico. Assim, por exemplo, o termo é
utilizado frequentemente como sinónimo ou hiperónimo de “representação” (cf. Matthew,
1997a e Dabène, 1997, respectivamente) e próximo do de “estereótipo”. Neste quadro,
importa, num primeiro momento, clarificá-lo no âmbito deste projecto (ver, o
desenvolvimento desta síntese conceptual em Araújo e Sá & Pinto, 2006).
Analisando estudos vários, situados preferencialmente nesta área científica, ou
noutras que com ela se intersectam, e nas quais ele assume operacionalidade
investigativa, verificamos que o conceito é apreensível através de três características:
- imigrante (porque provém de outros lugares, em particular da Psicologia Social,
através do conceito de “representação social”);
- nómada (porque se move actualmente, adoptando diferentes designações, nas
esferas de diversos campos de estudo das ciências humanas - antropologia, filosofia,
linguística, psicologia social, sociologia, sociolinguística e, mais recentemente, DL);
- carrefour (porque, decorrente das primeiras características, nele se cruzam
múltiplas perspectivas teóricas e metodológicas).
Estas características explicam e legitimam, de algum modo, o seu carácter fluido,
ambíguo e pouco consensual e a sua permeabilidade (ou mesmo confusão) face a outros
conceitos-fronteira (representação social, estereótipo, atitude, crença, concepção,
pensamento...), entendidos como noções capazes de agrupar e re-configurar “redes de
significações, de intencionalidades, de concepções, crenças, valores e perspectivas que
movem a pessoa ao longo do seu percurso” (Sanches & Jacinto, 2004:133). Neste
mesmo sentido, Pajares escreve:
“Defining beliefs is at best a game of the player’s choice. They travel in disguise and
often under alias – attitudes, values, judgments, axioms, opinions, ideology,
perceptions, conceptions, conceptual systems, pre-conceptions, dispositions, implicit
theories, explicit theories, personal theories, internal mental processes, action
strategies, rules of practice, practical principles, perspectives, repertoires of
understanding, and social strategy, to name but a few that can be found in literature”
(1992: 309).
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contexto de origem” (1987: 48). Migração que Zarate (1997:5) considera responsável
pelas “declinações” do conceito, ou seja, pelas novas cargas semânticas que pode vir a
assumir e que motivam frequentes re-designações, como forma de traduzir novos
sentidos entretanto adquiridos. Nas palavras da autora: “Les notions ne traversent pas les
frontières sans infléchir leur identité, voir sans changer de nom”, até porque “les notions
se transforment, évoluent et induisent une dynamique” (1997: 6).
É também com esta fundamentação que vários didactas2 têm vindo a justificar a
sua preferência pelo termo imagem (como termo único, principal, ou alternando com
outros, destacando-se o de “representação”): “la notion de représentation amène (…) à
interroger la relation entre ce qui est donné et ce qui est perçu, entre le vrai et le faux-
semblant. Il n’est pas étonnant que cette notion se vulgarise à travers les métaphores du
reflet, de l’image, du miroir” (Zarate, 1997: 7).
Neste sentido, importa definir as propriedades semânticas do conceito em foco
neste projecto. Com base nos contributos dos estudos acima referidos, o conceito
“imagem” pode ser apreendido como se segue (ver, em particular, Araújo e Sá & Pinto,
2006; Castellotti, 2001; Castellotti, Coste & Moore, 2001; Castellotti & Moore, 2002; de
Pietro & Müller, 1997; Matthey, 1997; Melo, 2006; Moore, 2001; Zarate, 1993; Zarate &
Candelier, 1997):
- ele remete para uma realidade socialmente construída (relacionando assim a DL
com as ciências sociais e contribuindo, por esta via, para a definição epistemológica da
disciplina);
- nesta construção, é enfatizada a capacidade dos sujeitos generalizarem os
fenómenos sociais e os transformarem em esquemas cognitivos, tornando assim o
mundo mais facilmente cognoscível e explicável, ou seja, é evidenciado o seu papel
interpretativo e accional;
- no desenvolvimento desta ideia, revelam-se as funções complexas das imagens:
explicação dos comportamentos individuais e das relações sociais, orientação destes
comportamentos e esclarecimento das suas características sócio-afectivas;
- realça-se aqui a influência das imagens nos comportamentos dos sujeitos, ou
seja, assume-se que as imagens de um sujeito, grupo ou sociedade, acerca dos outros e
suas línguas têm uma funcionalidade pragmática e influenciam a percepção, a acção e a
relação intercultural (Coste, 2001);
- constructo social colectivo, as imagens são, por conseguinte, tomadas como
processos dinâmicos, evolutivos, criados por indivíduos e grupos, de acordo com as suas
próprias histórias e experiências de vida; nesta dinâmica, tornam-se mutáveis e
moldáveis por e através das actividades discursivas, ou, por outras palavras, as imagens
“sont des objets de discours qui se construisent dans l’interaction, grace au langage et à
la médiation d’autrui, observables au moyen des traces discursives” (Castellottti, Coste &
Moore, 2001: 103).
Em síntese, as imagens estão ancoradas em processos históricos, sócio-
identitários, cognitivos e discursivos próprios a cada sujeito e grupo, fazendo parte do seu
processo de apreensão e construção da realidade e influenciando o modo como com ela
2
Ver, entre outros, Castellotti (1997), Dabène (1997), de Pietro & Müller (1997), Marquilló (1997), Matthey (org.) (1997), Mondavio (1997),
Monnanteuil (1994), Pekarek (1997), Rimbert (1995), Spaniel (2002), Tournadre (1997a e 1997b), Wynants (2002).
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interagem. As suas dinâmicas não podem ser isoladas das suas circunstâncias de
produção ou do contexto mais alargado em que circulam.
Assim traçado, compreende-se a relevância deste conceito na educação
linguística, nomeadamente no quadro de estudos que pretendem compreender a
influência das imagens na comunicação intercultural e nos processos que ela envolve
(abertura às línguas, esforço dispendido na sua aprendizagem e ensino, motivação,
disponibilidade para o contacto interlinguístico, etc). Mais especificamente, nos estudos
que se debruçam sobre estes processos, considera-se que o conceito permite dar conta
das relações que os sujeitos estabelecem com as línguas com que contactam e com a
comunicação, bem como do modo como se posicionam em relação às ofertas e aos
currículos linguísticos (Candelier & Hermann-Brennecke, 1993; Castellotti & Moore,
2002). Considera-se igualmente que as imagens assumem funções fundamentais nas
situações de contacto de línguas: elas são suporte das trocas interpessoais e
intergrupais, utensílios cognitivos e semióticos e marcadores de identidade (Castellotti,
Coste & Moore, 2001; de Pietro & Müller, 1997).
Ora se, conforme se assume, é no discurso que as imagens se constroem e
circulam e se é através dele que se re-avaliam, então elas estão no centro das
actividades discursivas, em particular em situações de educação e formação linguística,
onde, mais do que em qualquer outro lugar, se fala nas línguas, das línguas e sobre as
línguas, e onde as representações de si e do outro se jogam continuamente, consciente
ou inconscientemente (Porcher, 1997). Observar estas imagens torna-se, assim, uma
forma de perceber como são construídas quotidianamente pelos discursos educativos, ou
seja, como estes discursos as encenam e as tornam objecto de reflexão.
Por outro lado, se a educação e formação em línguas pretende assumir uma
“pragmática intercultural” (de Pietro & Müller, 1997), ou seja, se se entende que uma das
suas funções é favorecer os contactos entre interlocutores que falam diferentes línguas,
então torna-se de grande importância conhecer as relações que os sujeitos estabelecem
entre as representações do Outro e de si mesmo, de forma a promover o conhecimento
mútuo e a desmistificar crenças que podem funcionar como eventuais barreiras à
comunicação intercultural (Byram, 1997; Castellotti & Moore, 2002). É neste âmbito que o
estudo das imagens se tem desenvolvido em DL associado e orientado para uma
educação plurilingue e intercultural (Mariko, 2005).
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Este dispositivo foi utilizado na análise dos dados recolhidos pela equipa e que se
encontram organizados numa base informática de livre acesso (http://srv-dte-
arquivo.dte.ua.pt/lale/arqdoc/gesdoc/default.asp). Esta base permite a consulta dos
dados por diferentes categorias: contextos da pesquisa, tipo de instrumentos de recolha
de dados e ainda objecto das imagens (isto é, língua/povos).
Quanto ao corpus, ele é constituído por um conjunto de dados diversificados quer
quanto à sua natureza discursiva, quer quanto aos contextos onde foram recolhidos, o
que se prende com os objectivos do estudo e com as opções metodológicas acima
explicitadas, conforme se sistematiza no quadro seguinte.
2. Percursos da investigação
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Trata-se, em particular, dos seguintes projectos: A dimensão afectiva no processo de ensino-aprendizagem
das LE: um estudo no contexto das aulas de alemão (Alexandra Schmidt, em curso); Sensibilização à
diversidade linguística no 1º Ciclo: das línguas da criança às línguas do mundo (Ana Isabel Andrade &
Filomena Martins); A cultura linguística em contexto escolar: um estudo no final da escolaridade obrigatória
(Ana Raquel Simões, 2006); Emergência e negociação de imagens das línguas em encontros interculturais
plurilingues em chat (Sílvia Melo, 2006); Imagens das línguas estrangeiras de alunos universitários
portugueses (Susana Pinto, 2005); O cibercomunicador intercultural: imagens das línguas, suas culturas e
aprendizagens em situação de chat plurilingue (Mário Cruz, 2005)
Para uma descrição de alguns destes projectos, ver ARAÚJO e SÁ, M. H. (Coord.) (2006). Parte 1 – Mal-te-
quero, bem-te-quero: imagens dos outros em populações escolares e suas dinâmicas . In A. I. Andrade & M.
H. Araújo e Sá (Coord.), Imagens das línguas em contextos de educação e formação linguística, Cadernos do
Lale, Série Reflexões Nº. 2. Aveiro: Universidade de Aveiro, Centro de Investigação Didáctica e Tecnologia
na Formação de Formadores, (pp. 07-55).
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Trata-se, em particular, dos seguintes projectos: O portfolio e a construção do currículo para uma educação
em línguas: potencialidades e constrangimentos em contexto escolar português (Lurdes Gonçalves, em
curso); Investigação em didáctica e prática docente em busca de diálogos de coerência (Manuel Bernardo
Canha, em curso); Intercompreensão, identidade e conhecimento profissional em futuros professores de
línguas (Ana Sofia Pinho, 2007); Formação para a diversidade linguística - um estudo com futuros
professores do 1ºCEB (Filomena Martins, 2007); Diversidade linguística no 1º Ciclo do Ensino Básico:
concepções dos professores (Sílvia Gomes, 2006); As línguas estrangeiras no 1º CEB – representações dos
professores (Célita Leitão, 2006); Programas e manuais de Francês Língua Estrangeira: contributos para o
Plurilinguismo (Alda Rita, 2005). Sensibilização à diversidade linguística: que lugar nos currículos de
formação inicial de professores do 1.º Ciclo do Ensino Básico (Mafalda Marinho, 2004).
Para uma descrição de alguns destes projectos, ver ANDRADE, A. I. (Coord.) (2006). Parte 2 – Educação e
diversidade linguística: compreender e construir a formação de professores. In A. I. Andrade & M. H. Araújo e
Sá (Coord.), Imagens das línguas em contextos de educação e formação linguística, Cadernos do Lale, Série
Reflexões Nº. 2. Aveiro: Universidade de Aveiro, Centro de Investigação Didáctica e Tecnologia na Formação
de Formadores, (pp. 57-103).
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mais flexível, numa compreensão mais clara da sua autonomia profissional. Nas
situações de formação inicial os professores de línguas são igualmente menos abertos,
menos conscientes das finalidades gerais da educação.
Em síntese, a investigação desenvolvida leva a afirmar que as imagens das
línguas se vão construindo ao longo de percursos de vida mais ou menos complexos em
interacção com muitos outros factores (onde a escola desempenha um importante papel)
e que, no quadro dos programas de formação, temos de saber como podemos conhecer,
em diferentes momentos, essas mesmas imagens para as podermos (re)construir de
modo sustentado, no sentido de proporcionarmos percursos de ensino/aprendizagem
mais plurais e, consequentemente, mais atentos aos sujeitos e aos seus trajectos,
desejos e motivações.
Categoria de análise
• Integração na sociedade de acolhimento
Imagens • Factor de coesão social
da cidadania
• Aquisição de direitos cívicos (educação, cultura, trabalho...)
• Participação no contacto intercultural
• Manutenção da identidade
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que eram as suas questões de partida. Esta sistematização coloca lado a lado os quatro
contextos observados, de forma a evidenciar as transversalidades encontradas, indo
assim ao encontro do pressuposto inicial da investigação, quanto à natureza social e
partilhada desta construção colectiva.
Assim, o quadro 5 faz o retrato das imagens identificadas nos nossos espaços de
trabalho.
Quadro 5. Que imagens das línguas podemos identificar?
Auto-imagens = mais
densas, menos
consistentes
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Se quisermos perceber com que outros factores se relacionam estas imagens das
línguas, podemos salientar que elas determinam e são determinadas pelas imagens do
mundo em geral, dos povos e das suas relações sócio-históricas, pelas imagens das
práticas comunicativas e/ou de educação, pelas imagens de percursos possíveis, tanto a
nível pessoal, como escolar ou profissional e pelas imagens dos sujeitos, de si e dos
outros, em termos das suas qualidades e potencialidades. O quadro 6 sintetiza os
factores que parecem condicionar as imagens.
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Para concluir, importa referir que foi a partir da discussão, muito partilhada, entre
nós, investigadores/formadores, e os nossos sujeitos, no âmbito de actividades
orientadas para o desenvolvimento de imagens valorizadoras das línguas e das culturas,
que foram sendo construídas propostas concretas sobre como ter em conta as
conclusões deste estudo em contextos de educação e formação. São estas propostas
que procurámos fundamentar e exemplificar na Parte II deste documento.
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OUTRAS LEITURAS
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SCHMIDT, A. & ARAÚJO E SÁ, M. H. “Difícil, feia e esquisita”: a cristalização de um discurso escolar sobre
o Alemão; MELO, S. & ARAÚJO E SÁ, M. H. Retratos de família: imagens de bem e mal querer das línguas
românicas por alunos lusófonos; SIMÕES, A. R. & ARAÚJO E SÁ, M. H. Para uma intervenção escolar sobre
o mal/bem-te-quero de alunos no final da escolaridade obrigatória: jardinando imagens das línguas e culturas.
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que nela circulam na inclusão ou exclusão dos Outros e suas línguas nos imaginários
sócio-afectivos e nas práticas interaccionais dos sujeitos. Mas mostram igualmente a
permeabilidade do discurso escolar a práticas de reconstrução positiva dessas imagens,
que importa explorar no sentido de trilhar percursos que conduzam a uma escola
valorizadora da diversidade e capaz de a integrar nas suas práticas educativas.
ARAÚJO e SÁ, Mª. H. & PINTO, S. (2006). Imagens dos outros e as suas línguas em
comunidades escolares: produtividade de uma temática de investigação em educação
linguística. In R. Bizarro (Org.), A escola e a diversidade linguística cultural.
Multiculturalismo, interculturalismo e educação. Porto: Areal Editores, (pp. 227-240).
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Resumo: The Linguistic European Policy stresses the importance of linguistic diversity
and encourages students to learn several languages, believing that the more languages
we know, the better we can understand each other and preserve our languages. To
preserve diversity and to value all the languages (either included in the curriculum or not)
6
ANDRADE, A. I. & CANHA, M. B. Estudo das imagens das línguas em contextos de formação de
professores: contributo para um projecto de educação para o plurilinguismo; GONÇALVES, Mª. L. &
ANDRADE, A. I. Integrar a diferença, valorizar o plurilinguismo: uma análise de momentos de formação
contínua; MARTINS, F. Integrar a diversidade linguística, valorizar as línguas: um percurso de formação
inicial de professores do 1º Ciclo.
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Associações de imigrantes
PEDRO, A. P., SIMÕES, A. R. & MELO, S. (aceite para publicação). As línguas como factores
de integração social: estudo de representações junto de duas associações portuguesas de
imigrantes. Educare Educere, 20.
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Cadernos LALE Série Propostas
PEDRO, A. P.; SIMÕES, A. R. & MELO, S. (2007). “'Não estamos tão diferente ': das
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Resumo: We all know the feeling of watching a major sporting event in a country other
than ‘our own’ and the strange and sometimes irritating way in which it does not tell us
what we want to know. We might be watching the Olympic Games in France, or the World
Cup in England, but we can be sure that we will hear all about the exploits of the home
teams and heroes and that this will be framed in a discourse which in some way excludes
us, whether crudely by making us into the ‘enemy’, or more subtlely and simply by the use
of shared frames of reference from which we are excluded. In Europe today, as we
struggle with open borders, a failing constitution and what it means to be European, our
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national identities and rivalries are played out on the football field and mediated through
television. This chapter looks at Portugal’s staging of the final phase of the EURO 2004
football championship and asks what such sporting events represent to the host country
and what role is played by television in these events, particularly in relation to the visibility
it provides for local stories to be retold and feelings of national community and belonging
to be strengthened.
MOREIRA, G.; CARDOSO, T. & ARAÚJO e SÁ, M. H. (2004). Cidades em festa! Images of
intercultural encounter in the Portuguese press during the EURO 2004. IALIC 5th Annual
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Resumo: This paper presents findings of research being undertaken within a wider project
to identify and analyse images and representations of languages produced and
reproduced in educational and extra-educational contexts in Portugal. The research in
question focuses on the images of languages and cultures circulating in the Portuguese
media during the EURO 2004 football championship. Findings will be presented relating to
the promotion of this event in the Portuguese press as an intercultural encounter in which
different cultures play different roles. These findings will be discussed in relation to what
they reveal about the mediation and mediatization of images in intercultural
communication and what light they shed on the way such images (re)circulate within
societies, feeding into wider perceptions of languages and identities across cultures.
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