Você está na página 1de 33
ome GEOPROCESSAMENT sem complica¢a an) LeU) gKOm Ce reer} Of cis. TEAS 24 “a © copyright 2008 Oficina de Textos 2. Sia Palo £5-£5238-22.6 1, Geotecnologa 2, Sot 09-08359 00-621.3678 fndices para Todos os direitos reservados 3 Oficina de Textos Prericio As diferentes concepedes de espaco geogréfico e de como este é construido, organizado, estruturado e gerenciado tém sido palco de discussdes académicas ha bastante tempo. A inesgo Projeto Auxiliado por Computadon), que podem ser descritos como sistemas gue armazenam dados espaciais como entidades graficas ados, principalmente, em projetos de arquitetura e engenharia dada sua excepcional precisio. Em rao de sua funcionalidade, sao bastante usados para digitalizar cartas topograficas Sistemas CAM (Computer Aided Mapping > Mapeamento Auxiliado por Computadoy), os quais sao utilizados para a producéo de mapas utilizando layers ou camadas de entidades ‘tdficas georreferenciadas. Podem ser considerados como uma sofisticagio dos CAD no que diz respeito ao uso em cartografia mas ainda sem as possibilidades de um SIG. ® Sistemas AM/FM (Automated Mapping/Faciity Management > Mapeamento Automatizado/Gerenciamento de Equipamentos), que sao baseados nos sistemas CAD, mas ‘menos precisos e/ou detalhados que os CAM. Apresentam Sao uti énfase no armazenamento e na anélise de dados para a producto de relatérios. Como se pode observar, os sistemas acima descritos possuem aplicabilidades espectficas. Um SIG necessariamente deverd possuir fung6es e aplicagdes bastante mais complexas, o que os enquadram em uma categoria especial 2.1.3 Apuicagies pe um SIG As consideracées até aqui promovidas fornecem ao leitor uma breve idéia da potencialidade das geotecnologias. Em. geral, 0s produtos gerados por um SIG vinculam-se a0 espaco fisico, podendo, entretanto, trabalhar fenémenos climaticos, ‘humanos, sociais ¢ econdmicos, entre outros. A par espacos devidamente “mapeados” e trabalhados pelo SIG, desses pode-se conhecer melhor uma regizo, poss! do, assim, 0 fornecimento de subsidios para uma futura tomada de decisdes. Cabe salientar, entretanto, que o proprio desenrolar das atividades desenvolvidas no decorrer do uso de um SIG pode fazer parte de um processo decisério mais consistente, [As aplicagdes esses sistemas demonstram ser, onforme as caracteristicas apresentadas até aqui, incontéveis, Agdes vinculadas ao planejamento, 2 gestZo, a0 monitoramento, ao manejo, a caracterizarao de espacos urbanos ou rurais certamente serao melhor trabalhadas com o auxil de um SIG, Num municipio qualquer, pode-se extrait, como exernplo, as seguintes aplicacdes em termos de planejamento urbano: © mapeamento atualizado do muni © zoneamentos diversos (ambiental turistico ete); © monitoramento de areas de risco e de protecdo ambiental; 4 estruturagio de redes de energia, Agua e esgoto; 4 adequacdo tariféria de impostos; 4 estudos e modelagens de expansio urbana; % controle de ocupacées e construcdes irregulares; & estabelecimento e/ou adequacio de modais de transporte ete. ocioeconémico, Deve-se destacar, entretanto, a necessairia existéncia de mapas atualizados e de dados georreferenciados na prefeitura do municipio em questo, Um SIG desvinculado de um banco de dados consistente pouco ou nada tende a produzir de eficiente. Outra aplicacao bastante pratica dos SIGs, mais especificamente vinculada ao geoprocessamento, diz respeito a realizacao de anilises de cunho espacial por meio de mapas tematicos diversos. Uma das técnicas trabalha a sobreposicio. Cada mapa contendo um tema especifico, 0 qual constitui um PI ~ Plano de Informario, é sobreposto a outro de ‘tematica diferente, mas de igual dimensao, para a obten¢ao de um produto deles derivado. O mapa resultante é analisado com base nos anteriores e nos pressupostos metodolégicos da ciéncia geografica, Autilizacdo de funcdes como a sobreposicao de mapas diversos para a obtengao de produtos derivados e a realizacao de andlises de cunho espacial, conforme apresentam diversos autores, tem sido utilizada pelos geégrafos, jé ha muito tempo, a partir do uso de transparéncias. Na atualidade, esses procedimentos tornaram-se comuns no meio computacional, ¢ 0 geégrafo parte do uso do teclado e do mouse na busca de resultados (Buzai, 2000, p. 23). Pode-se explicar, assim, > 2 GaocRariA TecnoLocica’ a “‘popularizaao" dessa forma de andlise ea utilizacao de SIGs e das técnicas de geoprocessamento nas mais diversas areas, mesmo naquelas que até entio desdenhavam propostas de anzlise espacial. O uso das geotecnologias por parte de equipes interdisciplinares é uma realidade inquestionavel, Possivelmente, os avancos tecnol6gicos que proporcionaram facilidade de uso, rapidez e consisténcia de resultados tenhiam sido os responsaveis pela difuso e evolucao desses sistemas. 2.1.4 GeocRaria TECNOLOGICA OU CIENCIA DA GEOINFORMAGKO? Fazendo uso de tecnologias de importantes aplicages e que ‘exigem sélidos conhecimentos, os SIGs necessitam de profissionais qualificados para a obtencao de resultados plenamente satisfat6rios. A construsio e o uso de um SIG deveriam, assim, partir dai diferentes areas do saber. O produto final agregaria, portanto, a conjugacao dos diversos pensamentos e correntes cientificas, possibilitando trabalhos nos mais diversos campos do saber. sgracao das visbes especificas de individuos das Em termos de um uso mais nobre, tis sistemas deveriam proporcionar 40s técnicos a possibilidade de simular problemas, criax projetos, planejar agdes e usar as informasoes geradas na busca de solugées para suas formulagdes, Para tal, éindispensivel um bom de conhecimento do espaco que sera palco de sua atuasso. Nas condicées apresentadas, pelas caracteristicas de sua formagao, 0 profissional gedgrafo parece ser aquele que mais se adapta 20 perfil exigido, ou 20 menos faz parte de uma equipe multidisciplinar. Nao se trata de um posicionamento corporativista, até porque pode-se criticar duramente a formagao académica desse profissional. Nesse sentido, verifica-se um certo direcionamento do curso, em que a carga hordria de disciplinas mais técnicas 6, em geral, muito inferior & das disciplinas ‘humanisticas, ao menos em termos de Brasil. Além dessa caracter ppressupde-se que a pequena carga horaria verificada em grande parte dos cursos de Geografia brasileitos (normalmente com menos de 3.000 horas/auila) impede a formatacao de uma estrutura curricular ‘mais consistente para o momento atual (ao menos no sentido concebido poreste texto) Derivando de tais situacées, vislumbra-se a pertinéncia do surgimento das discussdes a respeito de um novo ramo do conhecimento cientifico, conforme colocado anteriormente, ou mesmo de um novo campo do saber geogréfico. A constituigto de uma Ciéncia da Informagao Geogrdfica, ou, como preferimos denominar, Ciéncia da Geoinformacto, ficaria caracterizada pela aghutinagao dos conhecimentos inerentes & confecca0 de SiGs eas suas utilizagbes praticas, De igual forma poderiamos pensar uma Geografia Teenolégica, ou seja, uma nova proposta paradigmética dentro da Geografia, Aidéia intrinseca a uma ciéncia diz respeito a existéncia de um objeto de estudo definido e de um método de pesquisa associado. Pode- se conceber a Geografia, por exemplo, como a citneia que estuda as relagées e interagdes existentes da sociedade humana e do meio que esta ‘ocupa, bem como as conseqiiéncias dessa dindmica, Para a obtencio de resultados, a ciéncia geografica faz uso de conceitos e metodologias de outras ciencias, podendo ser vinculadas aos principios bsicos de as30 da chamada Geografia Tradicional, a saber: localizagao, extensao e causalidade dos fendmenos abordados. Bm termos assemelhados, tanto uma Geografia Tecnoldgica quanto uma Cigncia da Geoinformagao fariam uso de métodos de outras ciéncias agregadas, utilizando-se dos principios basicos de anélise da propria Geografia. A diferenciacao estrutural entre a Geografia tradicionalmente concebida e as propostas apresentadas estaria ‘vinculada mais a metodologia do que ao objeto de estudo dessas ‘reas. Assim, a rela¢ao homem-meio seria trabalhada num sentido mais dinamico, analisando questdes ambientais, sociais, econtmicas, culturais, historicas, geolégicas ete. a partir de modelagens virtuais. Essa caracterizagdo, a nosso ver, nao implicaria uma nova ciéncia, ‘mas sim uma nova abordagem epistemol qual denominamos de Geografia Tecnol simplesmente de uma nova forma de ca. Trata-se, portanto, sara e modelagem do objeto de estudo da Geografia. As atividades de modelagem, anélise e resolu de problemas de carater ambiental, econémico, fisico, social ete. seriam trabalhadas, dentro dessa nova concepso, por meio da unio de ~ 2 Grocrarta TecNoLdctc: caracteristicas especificas da geografia, da informatica e da cartografia. A idéia apresentada traduz a hibridez dessa abordagem, o que pode justificar uma certa reluténcia em termos de sua disserninacio, ou mesmo de sua derivagdo para um novo ramo cientifco, Em alguns paises, é apresentada a denominagio “geomatica” (Bosque Sendra, 1999; Matos, 2002). A preferéncia pela utilizayao da terminologia “ciéncia da geoinformacao" em vez de “geomatica’ diz respeito a idéia de “ciéncia’ vinculada ao uso de SIGs, seguindo ‘08 apontamentos de Dobson (2004) e Goodchild (2004). termo ‘geomética vem sendo comumente apresentado como uma tecnologia, ‘eno uma ciéncia, Os pardmetros curriculares do MEC apontam para «a formagio do profissional “Tecnélogo em geomatica’ traduzindo bem ‘essa idéia quando afirmam que a “geomitica, enquanto tecnologia de informagao, é multifacetada’, tratando-se “da area tecnol: ica que a disseminacdo eo vvisa A aquisigho, 20 armazenamento, a an gerenciamento de dados espaciais” (Ministério da Educaga0, 2000, p. 9) Entretanto, cabe introduzir Matos (2002), que aponta a geomitica com¢ uma nova designacdo para a evolucio experimentada pela cartografia, ‘vinculada a uma ciéncia de construcao de modelos descritivos da realidade com énfase na sua caracteriza¢ao espacial, com uma vertente computacional bastante destacada. Tal nogao abrange as caracteristicas anteriormente apresentadas como “ciéncia da geoinformacio". Nao obstante, a quase totalidade de textos que fazem uso da terminclogia “geomatica” trabalha com aspectos eminentemente técnicos, distanciando-se de questdes epistemologicas. Dessa maneira, em se tratando de uma terminologia, neste livro, a ‘geomatica sera entendida como técnica, e nao como ciéncia. by ~ Para trabalhar com geotecnologias, énecesséria acompreensio | de determinadas técnicas especificas. Uma delas diz respeito 20 uso de bases cartograficas confidveis, 0 que vincula-se diretamente & compreensio | de regras bisicas para essa forma de representacio da realidade. ‘Num primeiro momento, se faz necesséria uma abordagem a respeito a forma da Terra. Esta, atualmente de compreensio um tanto Sbvia, foi motivo de discussoes exaustivas e até de violentas execusdes num passado nem tio distante, Desde a época do apogeu da antiga Grécia, muitos pensadores jé acreditavam que a Terra possuia uma superficie esférica, Com maior ou ‘menor precisio, varios investigadores realizaram experimentos a fim de rmensurar suas dimensbes e procurar definir sua forma caracteristica Apesar dos retrocessos cientificos experimentados no decorver da dade Média, a partir de algumas observagées feitas pelos antigos navegadores, as questbes apresentadas pelos gregos foram novamente sendo retomadas, ea esfericidade tervestre voltou a ser aceita No século XVII, o astrénomo francés Jean Richer verificou que em. io dotado de um péndulo de um metro atrasava cerca de dois minutos e meio por dia em relacao a idéntica situacdo experimentada em Paris, capital da Franga. A partir do principio da Gravitacao Universal de Newton, 0 pesquisador estabeleceu uma relacio entre as diferentes gravidades Caiena, na Guiana Francesa, um rel ‘experimentadas nas proximidades do equador e em Paris. Dessa maneira, concluiu que, na zona equatorial, a distancia entre a superficie eo centro da Terra era maior do que a distancia mensurada za proximidade dos polos. oom As observacbes realizadas levaram, portanto, a idéia de que a forma do Planeta néo seria a de uma esfera perfeita, pois ocorre um “achatamento” nos seus pélos. Assim, sua forma estaria préxima.a de um elipséide, ‘figura matematica cuja superficie 6 gerada pela rotagao de uma elipse ‘em torno de um de seus eixos. Cabe ser considerado, entretanto, queas diferengas entre as dimensdes dos diametros equatorial (aproximadamente 12.756 kan) e do eixo de rotagao (cerca de 12.724 kre) no sio tdo significativas. A diferenca de, aproximadamente, 42 ka centre as medidas representa um “achatamento" proximo de 1/300, ado para definir a forma do Planeta, 0 1ado como uma superficie coincidente com 0 nivel médio e inalterado dos mares e gerada por um conjunt de pontos, caja medida do potencial do campo gravitacional da Terra € constante e com direcao exatamente perpendicular a esta. O geéide infinito seria, assim, a superficie que representaria da melhor forma a superficie real do planeta, Entretanto, as dfculdades no uso do gedide como superficie representativa da Terra conduziram a utilizagao do elipséide de revolugao, dadas suas propriedades, como figura utilizada pela Geodésia para seus, trabalhos. A Fig, 3.1 apresenta uma comparacdo ilustrativa entre as, diversas formas de representacao do Planeta 3.1 Sistemas Geovésicos DE REFERENCIA Uma das condigdes essenciais para quem trabalha com geoinformagao diz respeito 20 uso de sistemas de referéncia. Quando se deseja estabelecer uma relacao entre um ponto determinado do terreno e um elipsoide de referéncia, é preciso referir-se a um sistema especifico que faca esse relacionamento, Os sistemas geodeésicos de referéncia cumprem essa fungéo. 3.1.1 Sisrewa ceovéstco srasierro Cada pais adota um sistema de referéncia préprio, baseado em parametros predeterminados a partir de normas especificas. 0 Sistema Geodésico Brasileiro (SGB), por exemplo, é composto por redes de altimetria, gravimetria e planimetria, \ 3 Basts Canrograicas No SGB, oreferencial de altimetria est vinculado a0 gebide, forma deserita anteriormente como uma superficie equipotencial do campo gravimétrico da Terra, ‘a qual, no caso brasileiro, coincide com a marca “zero” do marégrafo de Imbituba, no Estado de Santa Catarina, O referencial de gravimetria do SGB vincula-se a milhares de stages existentes no teritéio eee nacional, as quais colhem dados Fig. 2.1 Formas de representago da Tero com respeito a aceleragio da sgravidade em cada uma delas. Por firs, a definicdo das superficie, origem e orientasao do sistema de coordenadas usado para mapeamento e georreferenciamento no territério brasileiro s4o dadas pelo referencial de planimetria, representado ainda hoje pelo SAD-69, poxém em processo de alteracdo. Sistema Geodésico Sul-Americano de 1969 (SA-D 69) Sistema Geodésico Brasileiro faz parte do Sistema Geodésico Sul- Americano de 1969, conhecido como SAD-69. Este aptesenta dois parametros ‘a saber: a figura geométrica representativa ipscide de referéncia, e sua orientacao, ou seja, alocalizago espacial do ponto de origem — a base ~ do sistema. © SAD-69 possui as seguintes caracteristicas principais: Figura da Terra De acordo com o Elipsside Internacional de 1967: © Semi-eixo maior (a) = 6.378.160,00 m *# Semi-eixo menor (b) = 6.356.774,72 m. achatamento (a) = (a-b)/a = 1/298,25 Orientagéio © Geocéntrica: dada pelo eixo de rotago patalelo ao eixo de rotagio da Terta e com o plano meridiano de origem paralelo a0 plano do meridiano de Greenwich, conforme o Servigo Internacional da Hora (Bureau International de LHeure ~ BIE). Topocéntrica: no vértice de Chua, da cadeia de triangulagao do paralelo 20S, om as seguintes coordenadas atitude) ~ 19°45°41,6527°S longitude) = 48°06'04,0639°WGr * NGltitude) = 0,0 m Sirgas Outro sistema de referéncia utilizado no Brasil, o Sistema de Referéncia Geocéntrico para as Américas (Sirgas), encontra-se em implantacdo e esté sendo utilizado concomitantemente como SAD-69. (© Sirgas foi concebido em razio da necessidade de adogao de um. sistema de referéncia compativel com as técnicas de posicionamento por satélite, dadas por sistemas dessa natureza, como o GPS. Amplamente discutido no meio cartografico Iatino-americano, ele esta programado para substituir o SAD-69 até 2025. Esce sistema leva em consideracio os seguintes parametros: # International Terrestrial Reference System (ITRS) - Sistema Internacional de Referéncia Terrestie; ipsdide de Referéncia: Geodetic Reference System 1980 (GRSB6) - Sistema Geodésico de Referéncia de 1980, com: + raio equatorial da Terra: a= 6378.37 m + semi-eixo menor (raio polar): = 6:356.752,3142m « achatamento (a) = 1/298,257222102, 3.2. SisteMas DE CooRDENADAS Um sistema geodésico de referencia, conforme a descrigao anterior, sustenta-se na figura de um elipsdide de referencia, Essa figura, entretanto, esta dotada de um sistema de coordenadas definido por duas posig6es principas,a latitude ea longitude. ‘ 3 Bases Canrogedricas Assim, altitude de um ponto pode ser descrita como a distancia angular entre o plano do equador e um ponto na superticie da ‘Terra, unido perpendicularmente ao centro do Planeta. A latitude & representada pela letra grega (fi), com variagio entre 0° e go, nas diregdes norte ou sul ‘Jaa longitude de um ponto pode ser considerada como o angulo formado entre o ponto considerado e 0 meridiano de origem (normalmente Greenwich = 0°), A longitude varia entre 0° e 280%, nas dizegbes leste ou oeste desse meridiano e é representada pel sgrega h (lambda). A Fig. 3.2 mostra uma representacao dos conceitos de latitude e longitude, Outros conceitos que merecem ser destacados sio 0 de meridiano, ou seja, cada um dos cixculos ‘maximos que cortam a Terra em das partes iguais, passam pelos pélos Norte e Sul ecruzam- se entre sinesses pontos; €0 Ge paralelo, que representaria cada circulo que corta a Terra perpendicularmente em relagio a0s meridianos. O eruzamento de tum paralelo com um meridian representa, conseqilentemente, uum ponto de coordenadas (2, ) especificas, Fig. 3.2 tite e longitude Allocalizacao precisa de pontos sobre a superficie da Terra se dé, portanto, com a utilizagdo de um sistema de coordenadas. Este possibilita, por meio de valores angulares (coordenadas estéricas) ou lineares (coordenadas planas), 0 posicionamento preciso de um ponto em um sistema de referencia, 6 “cropnocassasenro A pratica com SIGs define a utilizagao de diversos sistemas de coordenadas. Neste livro serao apresentados dois dos mais utilizados: 0 ‘Sistema de Caordenadas Geogréficas, baseado em coordenadas geodésicas, 0 Sistema UTM, baseado em coordenadas plano-retangulares, 3.2.1. SISTENA DE COORDENADAS GEOGRAFICAS A forma mais utilizada para a representacdo de coordenadas em um mapa se dé pela aplicagao de um sistema sexagesimal denominado Sistema de Coordenadas Geogréficas. Os valores dos pontos localizados na superficie tervestre slo expressos por suas idee longitude, contendo unidades de medida angular, ou sea, graus (), minutos ()e segundos (. coordenadas geogratficas, ‘As Coordenadas Geogrdficas localizam, de forma direta, qualquer ponto sobre a superficie terrestre, O valor da coordenada deve vir acompanhado da indicacao do hemisfério correspondente: N ou S para a coordenada norte ou sul (latitude), e E (do inglés East) ou W (do ingles West) para a coordenada leste ou oeste (longitude), respectivamente, te e oeste. Foi convencionada, + ou para a indicagao das coordenadas inal positivo) e S e W (sinal negativa). Assim, quando 0 ponto estiver localizado ao sul do equador, a leitura da latitude sera negativa, ¢,aonorte, po: a ceste de Greenwich, a longitude tera valor negativo, ea leste, . Da mesma forma, quando o ponto estiver situado. valor positive. Para exemplificar, pode-se citar 0 caso do municipio de Arroio do Meio, no Estado do Rio Grande do Sul. De acordo com 0 IBGE, para efeitos de localizagio, 0 mu © b= 51°562q"WGr (1é-se: cinglienta e um graus, cinguenta e seis minutos e vinte e quatro segundos de longitude oeste, ou, a coeste de Greenivich), ou ainda, 2=~ 52°56'24's€ ® @ = ao'24'S (lé-set vinte e nove graus e vinte e quatro minutos dela =~ a9'a4. io situa-se nas coordenadas: 1de sul, ou, ao sul do equador), ou entéo, na forma \ +3 Bases CarrooRAtica Céilculo das coordenadas geogréficas (O calculo das coordenadas geograficas de um ponto, em uma carta topogréfica impressa, pode ser realizado a partir da realizacao de regras de trés simples. Nesse caso, procede- se. proporcao entre a distancia medida sobre um paralelo (ou meridiano) ficticio do ponto até a longitude (ou latitude) conhecida mais proxima e a distancia existente entre duas longitudes (ou latitudes) conhecidas, medida da mesma forma. A Fig, 33 exemplifica essa aplicacao, sow No exemplo apresentado pela 3S + Fig, 3.3, tem-se a seguinte composicao: sem > 20° (50° - 40") aacm>x x= gat = gaa! Assim, 0 ponto "X" esté a 4112’ do meridiano aparente de 5o°W, ou seja,o valor da Tongitude no ponto “x” sera dado por 50° — 4/12’ = 45°48! IEICE «vs + — = Fig. 3.3 Coordenades geogdficas do ponto "X De forma idéntica se faz 0 céleulo para a latitude do ponto em questao. No caso, tem- 20° (ao - 30°) 2sem>x xm 5319148936" = s'19'08,94" Entio, a latitude do ponto “X" sera dada por 4o' - 571908 34°40'5,06"S, Assim, as coordenadas do ponto "X” serao dadas pela suas longitude & latitude, ou seja: 8 ‘ceomnacessauetero 3.2.2. SisteMa Universal TRansvensat be Mexcaror (UTM) O sistema UTM ¢, talvez, o mais empregado em trabalhos que envolvam SIGs. Suas facilidades dizem respeito a adocio de tama projegio cartografica que trabalha com paralelos retos ¢ meridians retos e equidistantes, Essa projecdo, concebida por Gerhard Kremer, conhecido como Mercator, publicada em 1569, originou tal sistema Alem de apresentar o sistema de coordenadas geograficas,o sistema UTM caracteriza-se por adotar coordenadas métricas planas ou plano- retangulares, Tais coordenadas possuem especificidades que aparecem ras margens das cartas, acompanhando uma rede de quadriculas planas. ‘A origem do sistema é estabelecida pelo cruzamento do equador com um meridiano padrao especifico, denominado Meridiano Central (MC), (Os valores das coordenadas obedecem a uma sistematica de numeracéo ‘que estabelece um valor de 10.000.000 m (ez milhdes de metros) sobre ‘oequador e de 500.000 m (quinhentos mil mettos) sobre o MC. As I) de referencia, localizado sobre o equador terrestre, vao se reduzindo no sentido sul do exo, As coordenadas do eixo B (leste-oeste), contadas a partir do MC de referéncia, possuem valores crescentes no sentido leste e decrescentes no sentido este, coordenadas lidas a partir do eixo N (nort importante ser observado que, em funcao de ser constituido por ‘uma projecio secante, no MC tem-se um fator de deformacao de escala k= 0,9996 em relagao as linhas de secdncia, em que k= 2, que indicam 0s tinicos pontos sem deformacao linear. Como ha um crescimento progressivo apés a passagem pelas linhas de secancia, grandes problemas de ajustes podem vir a ocorrer em trabalhos que utilize cartas adjacentes ou fronteirigas, ou seja, cartas consecutivas com meridianos centrais diferentes, Assim, uma estrada situada em ‘um determinado local numa carta pode aparecer bastante desloceda na folha adjacente a esta, \ 3 Bases Canrosraeic Calculo das coordenadas UTM ‘As coordenadas UTM de um ponto qualquer de um mapa podem ser calculadas utilizando-se o mesmo principio apresentado para o célculo das coordenadas geograficas. Em se tratando de coordenadas planas, entretanto, sempre deve-se atentar 20 fato de que estas representam distancias planimétricas em relagio a um ponto de origem dado pelo cruzamento do MC referente e d linha representativa do plano do equador. Como exemplo, serio 3 BASES CantocRArica 3.3.2. SISTEMAS DE FOSICIONAMENTO POR SATELITE Outra forma de obtencao de coordenadas geogréficas em campo se da com o uso de sistemas de posicionamento por satélite. Os sistemas em operagao utilizados para esse fim - Global Position ‘System (GPS), Global Navigation Satellite System (Glonass)e Galileo so baseados no recebimento de dados em terra via satél Dada a crescente evolucao de tais sistemas, verifica-se que estes, ‘0s poucos, tendem a substituir, em boa parte dos casos, os levantamentos topogréficos tradicionais. Sistema de Posicionamento Global (GPS) ( sistema de posicionamento por satélite mais utilizado atualmente no Brastl, 0 GPS, foi concebido nos Estados Unidos com fins militares. Entretanto, por causa da crescente demanda, acabou se disserminando pelo mundo, constituindo-se, atualmente, como uma ferramenta de enorme utilidade para os ‘mais diversos fins. Bsse sistema faz uso de dezenas de sal que descrevem érbitas circulares inclinadas em relaco ao plano do equador, com duragao de 22 horas siderais. Os satélites estdo posicionados numa altura de cerca de 20.200 km em relagao a superticie terrestre e enviam sinais que sio capturados por um ou mais receptores GPS no terreno. As coordenadas geogréficas e da altitude de um ponto sio lidas por mei de um processo semelhante & triangulacao, Para isso, sio selecionados, 1no minimo, os quatro satélites melhor posicionados em relagio 20s aparelhos situados na superfi tereestre, ‘As coordenadas adguiridas por GPS podem ser lidas de duas formas basicas: * Com um posicionamento absoluto, em que se utiliza apenas um receptor GPS para a realizacéo das leituvas, de forma isolada, ‘quando a precisao exigida ¢ fixada pela acurdcia do aparelho. Essa maneira de posicionamento é utilizada nos processos de navega¢o em geral; por exemplo, em embarcacées, automével ¢ levantamentos expeditos realizados em campo. one Com um posicionamento relativo, quando se utilizam pelo menos duas estagdes de trabalho que fazem alleitura simultanea dos mesmos satélites. No caso do uso de dois, aparelhos, um deles, que deve estar situado sobre um ponto/estacao de referéncia onde as coordenadas sto conhecidas, serve para corrigir os erros provocados pelas interferéncias geradas nas transmissdes; 0 outro é utilizado para a realizacao das leituras necessérias ao levantamento. Como os dois receptores léem os mesmos dados, no mesmo Instante, 6 possivel estabelecer uma relacao entre as leituras ¢ efetuar um ajuste ou uma corregio diferencial com 0 auxilio de um programa especifico, geralmente fornecido pela empresa fabricante dos aparelhos. Bssa forma de zagao é indispensavel quando se requer grandes precisées = mafores do que no método absoluto, Para tal, deve-se utilizar aparelhos de precisao geodeésica. Estagoes fixas de rastreamento continuo (differential GPS ~ DGPS) fornecem dados para os usuarios re dos Estado Unidos reso! izarem essa correcio. O governo =u retirar, em 1° de maio de 2000, 0 ruido ou a interferéncia que propositalmente havia colocado nas transmissdes dos satélites,a fim de dificultar a recep¢0 dos sinais GPS. Assim, a menos que seja retomada essa condigao, considera-se como ruido somente a atuacio da atmosfera terrestre, ‘A Fig. 3.5 apresenta o caminhamento realizado entre o ponto. om) € 0 ponto G (¢,. 4), contendo outros tantos caminhamentos levantados como uso de um GPS mével em relacao ao GPS fixo localizado em um ponto de coordenadas conhecidas, H (0,,,) Cuassiricacio 005 REcEPTORES GPS Pode-se classificar os receptores GPS em quatro categorias principais, em funcio de sua precisio, de acordo com as «caracteristicas apresentadas pelos fabricantes. O Quadro 3.1.” procura apresentar as principais caracteristicas inerentes a cada tipo de tais receptores. ‘ 3 BASES CARTOGRAFICA re A (ord tarhd —tgehd a) S * a Hd Sy Sy ° ond ae 65 fu coordenadsconheccs) Fig. 35 Cominhamento realizado com receptor GPS desde o ponto A (ep G (Ge A). com correo eiferencel em relogdo a0 ponto H (ay ,) Quadro 3.1 Caracteristicas de receptores GPS Tipo Precisio planimétrica Navegagio do que 10 m eteeo mein Submétrico Entre 0,1 me 10m Geadésico 3.4 Consteucho pe Maras Tenaricos ‘Alem da utilizaeao de mapas diversos para a conduso dos trabalhos com 0 uso de SIGs, outros mapas podem ser obtidos como produtos derivados desses sistemas, Esses mapas sgeralmente se vinculam a um tema especifico, sendo, em decorréncia, denominados de mapas temiticos. A.utilizacao do geoprocessamento propicia facilidades quanto a confecgdo de mapas, o que pode vir a gerar tanto bons produtos quanto ‘quadros desastrosos. Nesse sentido, torna-se importante lembrar ‘que a producao de mapas é regida por lei, cuja fiscaliza¢4o, no Brasil, é exercida pelos Conselhos Regionais de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (CREAs). A responsabilidade técnica por sua execugao remete, portanto, a profissionais devidamente habilitados para tal [A geragio de mapas temiticos necessita de outros mapas como base. O objetivo bésico dos mapas tematicos ¢ 0 de fornecer uma representacao dos fendmenos existentes sobre a superficie terrestre fazendo uso de uma simbologia especifica. Com certos cuidados, pode-se afirmar que qualquer mapa que apresente outra informacao, distinta da mera representacio da por¢io analisada, pode ser enquadrado como tematico, ‘Um mapa tematico, assim como qualquer outro tipo de mapa, deve ppossuir alguns elementos de fandamental importancia para fécil entendimento do usuario em geral, além de fornecer subsidios para o uso profissional 3.4.1 Eventos cousTTTuINTes DE UM MAPA TEMATICO Entre os variados elementos passiveis de estarem presentes em sum mapa tematico, merecem destaque: © o titulo do mapa: realgado, preciso e conciso; + as convencées utilizadas; abase de origem (mapa-base, dados etc); as referéncias (autoria, responsabilidade técnica, data de confeccao, fontes etc.); aindicacio da direcio norte; acscala; # o sistema de projecio utilizado; & 0(6) sistema(s) de coordenadas utilizado(s), Deve-se destacar que, em se tratando de mapas digitais, todas as, tornam-se praticam lispensaveis, j& que sua omissio impediré trabalhos coma utilizacao das técnicas do geoprocessamento. (Os mapas tematicos gerados a partir do uso das téenicas de geoprocessamento devem apresentar determinadas caracteristicas basicas para que possam ser facilmente entendidos por qualquer usuario, profissional ou leigo. Nesse sentido, deve-se lembrar que as cartas so representacdes do terreno elaboradas com a finalidade de apresentar as caracteristicas do terreno o mais felmente possivel. Para que um mapa possa traduzir exatamente o que se deseja, é imprescindivel o uso preciso de determinadas varidveis vieuais. Uma ‘ 3 Bases CanTooRAFica delas relaciona-se ao tamanho do elemento a ser representado, do qual € imprescindivel sempre manter uma proporgio adequada a escala do mapa e também ao tamantho final do produto a ser impresso. Outra caracteristica diz respeito as tonalidades, hachuras ~ métodos de representacao que utilizatn tragos cruzados ou paralelos de igual espacamento para dar idéia de densidade ou para a representagio da estrutura de um relevo - ou aos colores utilizados, que, para uma boa representacio, devem ser de facil e imediata compressio. A execugao de um mapa com informagées quantitativas deve possuir tons diferenciados, do mais claro (ou hachuras mais espacadas), para valores menores, até tons mais escuros (ou hachuramento mais denso para valores maiores, Um mapa hipsométrico, por exemplo, represent orelevo por meio da utilizacao de cores para as diferentes altitudes; ‘em geval, as éreas baixas sao representadas por tons de verde pasando para amarelo; as médias altitudes, por tons amarelados até avermelhados; ¢ as maiores altitudes, por tons de vermelho até marrom. Muitas vezes, acrescenta-se, em tons de cinza~: 4rea correspondente a linha de neve presente em grandes altitudes. izam-se duas ou trés cores fas entre elas (dégradé), a firn de tude. Jé em mapas pol Assim, em um mapa hipsométrico, ut Dasicas e variagées tonais interm representar melhor as diferencas de por exemplo, as divisbes administrativas deverdo apresentar cores bem distintas umas das outras, a fim de facilitar a localizagio das fronteiras, Tais cuidados sao necessarios na medida em que, em meio digi numérico, o gual, por sua vez, pode estar relacionado a um banco de -ada cor apresentada no mapa esta associada a um valor dados especific. A forma do simbolo utilizado é outra caracteristica fundamental para uma informagio precisa e objetiva. As informagées existentes na realidade da superficie devem ser, como ja foi dito, de facil compreensa: Os simbolos utilizados também poderdo estar vinculados a um banco d dados e poderio apresentar: © Forma linear: utilizada para informagoes que, 20 serem transportadas para um mapa, requerem um tracado a ‘cuomwocessansnro ‘caracteristico, sob a forma de linha continua ou nio. Exemplos: estradas, rios ete. © Forma pontual: utilizada para as informacées cuja representagdo pode ser traduzida por pontos ou figuras geométricas. Exemplos: cidades, casas, indistrias etc; “ Forma zonal: usada para representar as informacdes que ‘ocupam uma determinada extensio sobre a érea a ser trabalhada, Essa representacao ¢ feita com a utilizagio de poligonos. Exemplos: vegetacao, solos, clima, geologia etc. 3.4.2. SISTEMAS OE PROJEGAO As caracteristicas apresentadas indicam a existéncia de alguns cuidados especiais na realizacao de trabalhos em meio digital. 0s diversos softwares de SIG existentes no mercado apresentam caracteristicas que dever ser bem compreendidas pel ‘Uma delas diz vespeito aos sistemas de projecao disponil ‘A forma prépria da Terra conduz a algumas adaptagdes para sua representacéo. Nesse sentido, como ja visto, em razéo dessas dificuldades, escolheu-se uma figura o mais préximo possivel da propria superficie terrestre e que pudesse ser matematicamente trabalhada, o elipsdide de revoluga. ‘Assim, os pontos constantes na superficie terrestre sdo transportados , por meio de um sistema de "Projecdes Cartograficas”. As projecées cartograficas, apoiadas em fungSes matemiticas definidas, ralizam esse transporte de pontos utilizando diferentes figuras geométricas como superficies de projesio. Pode-se estabelecer um sistema de funcées continuas fg, he i que buscam relacionar as variveis x ey, as coordenadas da superficie plana, com a latitude @ e alongitude 2, as coordenadas do elipsside Resumindo, tem-se x=F,) y=8@) grhe&ey) heify) \ 13 Bases CaRTOGRAFICA: ‘As funcdes apresentadas levam a infinitas solugées, sobre as quais, uum sistema de quadriculas busca localizar todos os pontos a serem representados. Apesar do mecanismo ser aparentemente simples, 0 transporte de pontos da realidade para esse mapa-plano acaba por transferir uma série de incorrecées, gerando deformacées que podem ser mais ou menos controladas. Esse controle pode ser percebido pelos principias de conformidade (quando a projegéo mantém a verd: forma das éreas a serem representadas, nao deformando os angulos existentes no mapa); eqiidistancia (quando a projecéo apresenta constancia entre as distancias representadas, isto é, quando nao apresenta deformacoes lineares);e equivaléncia (quando a possui a propriedade de manter constantes as dimensdes re areas representadas, isto é, nao as deforma). Entre as diversas maneiras de classificar as projegées cartograticas, merece ser destacada a classificagao quanto ao tipo de superficie de rojerio, Nessa forma, temos as seguintes projecdes (Fig. 3.6) planas: quando a superficie de projesao é um plano; conicas: quando a superficie de projecao é um cone; rcas: quando a superficie de projesio é um cilindro; € ® poliédricas: quando se utilizam varios planos de projegao que, reunidos, formam um poliedro. Fig. 3.6 Cassificacto das projectes de acordo com 0 tipo de superficie de proegto ae ‘ceoroceseauento 3.5 Uso ve Escatas Entre os diversos componentes de um mapa, um dos elementos fundamentais, para 0 seu bom entendimento e uso eficaz, € scala, Pode-se definir escala como a relacio ou a proporcao existente entre as distancias lineares representadas em um mapa e aquelas existentes no terreno, ou seja, na superfi pontes podem ser facilmente calculadas por meio de uma simples regra de trés, a qual pode ser montada como segue’ real, Assim, as distancias entre quaisquer D=Ned (a 3.) emque: D~ distancia real no terreno N~denominador da escala (Escala = 2/N) 4d ~ distancia medida no mapa Em geral, as escalas sao apresentadas em mapas nas formas numérica, ‘grafica ou nominal A Escala Numérica € representada por uma fracdo na qual o numerador € sempre a unidade, designando a distancia medida no mapa, eo denominador representa a distancia correspondente no terreno. Essa forma de representa¢ao é a maneira mais utilizada em mapas impressos, Exemplos: 2:50.000 1/50.000, Em ambos 05 casos, aleitura ¢feita da seguinte forma: aescala é de um para cingienta mil, ou seja, cada unidade medida no mapa corresponde ‘a cingaenta mil unidades na realidade. Assim, por exemplo, cada centimetro representado no mapa corresponderé, no terreno, a 43 BASES CanToGRAFICA sob forma numérica, na sua parte inferior. O taldo deve ser expresso preferencialmente por um valor inteiro. Normalmente utilizada em mapas digitais, a escala gréfica consta de duas porydes:a principal, desenhada do zero paraaa direita, ea fraciondria, do zero para a esquerda, ‘que corresponde ao taldo da fracdo principal subdividido em dez partes. Bxemplo: 1.000 0 1.000 00 3000 “000m No trabalho com SIGs, o uso da escala gréfica é preferivel em razéo de sua funcionalidade para impressio. Nesse sentido, tem-se que, na ‘medida em que a escala acompanha possiveis distorcdes de ajustes de ‘plotagem, as preocupactes quanto a impressdo tornam-se reduzidas, ‘AEscala Nominal ou Equivalente é apresentada nominalmente, por extenso, por uma igualdade entre o valor representado no mapa e sua correspondéncia no terreno. Exemplos: aem=20km aem=5om Nesses casos, a leitura sera: um centimetro corresponde a dez quilémetros ‘eum centimetro corresponde a cingilenta metros, xespectivamente, 3.5.1. ESCOLHA DA ESCALA Para qualquer trabalho em que se for utilizar um mapa, a prime preocupacio deve se concentrar na escala a ser adotada. A escalha desta deve seguir dois preceitos basicos, que dizem respeito: © ao fim a que se destina o produto obtido, ou sea, a necessidade ou nao de precisao e detalhamentos do trabalho efetuado; © a disponibilidade de recursos para impressio, ou sea, basicamente com relacdo ao tamanho do papel a ser impresso. ATab. 3.2 apresenta alguns tamanhos de papel para impressio. No caso de mapas armazenados em arquivos digitais, essa situasao tende a ser relegada a um segundo plano, pois, em principio, aescala pode ser facilmente transformada para quaisquer valores. Entretanto, ados isso pode vir a gerar uma série de problemas. Deve-se ter muito cuidado 20 lidar com esse tipo de estrutura, pois 0 que realmente condiz com a realidade é a origem das informasées geradas. Assim, um mapa criado em meio digital, originalmente concebido na escala 1:50.00, nunca tera ‘uma precisio maior do que a permitida para essa escala. Tab, 3.1 Tamanhos de papel Tipe de papel Tamanho (polegadss ver Quadro 3.2) Tamanho (nilimetros) 35x 215.9 mm x 2794 mim B54 2359 an 13556 mm Teueie Ta 10" 29.6 mn #8 wm 0 Saraeai 8st nm x 10880 mn AL ae 23,386" x3310" 5940 mm x 841,0 mm Bee a Tues 16850" 2920'am 54200 mm 889889" 2100 287.0 Fp 2 x88" 080m 2100 a ge 080 48.90 “ara T0705 1.0000 “Be 80) 13898" —200 mm 9358.0 35 (50) E198" T7A0 nm 2300 nm ‘Um problema importante a ser considerado no momento da escolha da escala dia respeito as possibilidades de existéncia de erros nos mapas comumente utilizados. Bsses erros estao relacionadas as formas lade do material impresso. Além da incerteza advinda da origem das informagées, da qualidade da mao-de-obra e dos lade de de confeccao ea qual ‘equipamentos que geraram o produto final, existe a possi deformagio da folha impressa, Entre as varias ocorvéncias possiveis, uma que deve ser respeitada ¢0 erro grafico, Esse tipo de erro, que pode ser definido como o aparente deslocamento existente entre a posigao real teérica de um objeto e sua posigao no mapa final, é potencialmente desenvolvido durante a confecgao do desenho. O erro grifico nio deve ser inferior a 0,1 mm, ind sndentemente do valor da escala. Entretanto, em certos casos, é vel um valor compreendido entre o,1 mm e 0,3 mm. ~ 3 Basas CarrocRarica Assim, pode-se trabalhar a questo do erro grafico da seguinte forma: eze-N (0.3.2) em que: e~ erro grifico, em metros e~ erro correspondente no terreno, em metros N- denominador da escala (E = 1/N) O erro grafico reduz sua intensidade com o aumento da escala, Dessa forma, quando se faz uma linha de o,5 mm (o di&meteo do grafite de ‘uma lapiseira comum) em um mapa numa escala 150.000 (na qual um ‘milimetro corresponde a cingiienta metros), a escala ja é possuidora de um possivel erro de 0,5 min no mapa. O possivel erro cometido correspondera na realidade, ou seja, no terreno, a 25 metros. Em uma escala de 2:100.000, para esse mesmo tragado, 0 ervo ficaria er 50 metros. Jé para um traco de 0,25 mm, quando o olhio humano quase jamao consegue mais distinguir diferentes feicées, o erro cometido em uma escala de 1:50.00 seria de 12,5 metros, ¢em uma escala de 2:100.000, de 25 metros. As colocagdes anteriores tornam-se importantissimas quando se trabalha em meio digital com espessuras de tracos predefinidas, Nao se pode, portanto, negligenciar tais apontamentos, uma vez que tais erros so cumulativos e podem ser motivo de sérios problemas em projetos e modelagens. Exercicto resowvtoo Deseja-se realizar o mapeamento de uma area com precisio grifica de 0,2 mm, cujo detalhamento exige que sejam distinguidas feicdes de mais de 2,5 m de extensio. Que escala devers ser utilizada? Da expresso ¢ =e N, tem-se que: Nee/e Entio: N=8/e=2,50m/o,0001 m= 25.000 Assim: E :25.000 Observa-se que essa seria a escala minima para que se possa perceber 08 detalhes requeridos (feigdes de mais de 2,5 m, com preciséo grafica de 0.1 mm). 3.5.2. Conversio oe uaioanes Uma ocorréncia bastante freqlente é 0 uso de unidades de medidas fora do Sistema Internacional (SI). Um exemplo dessa situagio die respeito a digitalizacao de cartas e imagens. A xesolucao de uma imagem digital é dada pelo seu numero de pir , cada ponto que forma a imagem, pela sua densidade, medida em dpi (dots per inch), isto é, pontos por polegada (ver Cap. 4 (Picture elements), ou 5 Outras conversées de unidades so, em geral, pouco empregadas, salvo quando se utiliza material de origem anglo-saxonica, Nesse sent apresenta-se 0 Quadro 3.2, que contém algumas equivaléncias entre unidades de comprimento e area mais frequentemente utilizadas Quadro 3.2 Conversio de unidades de medidas Unidade de medida Equivaléncia 1 Equivaléncia 2 Polegads {inch/inches~ in ou") tin 25,40 Pe (fotyfeet~ Ft ou") rein 306.8100 ‘Jarda (yard - yd) aft 9146 mm Braga (fathom 2yd 1.8288 mn ste (statue mile ~ ) 1.760 yd 11.609,3 km tha 10.000 mt Hectare tha 2,47 acres \ 4 Base de dados georreferenciados ‘A.utilizacdo de um SIG pressupde a existéncia de um banco de dados georreferenciados, ou seja, de dados portadores de registros referenciados ‘aum sistema de coordenadas conhecido. A manipulacio desses dados <é-se por meio de um Sistema Gerenciador de Banco de Dados (SGBD). (OSGBD deve ser estruturado de tal forma que os dados possam telacionat-se entre si. Para iso, sio utilizados cOdigos identificadores ue vinculam os registros dentro do sistema. No caso do SGBD de um SIG, € preciso que os dados ditos tradicionais (alfanuméricos) possam ser vinculados a dados espaciais, ou seja, a arquivos digitais grficos. 4.1 Estrutura pe Davos Em termos gerais, dentro do SGBD de um SIG, concebe-se a tipos de dados: os dados espaciais e os dados alfanuméricos. Tal caracteristica torna complexa a estruturagio esses tipos de SGBD. 4.1.1 Davos esractars Os dados espaciais sao considerados aqueles que podem ser representados espacialmente, ou seja, de forma grifica. Estes constituem-se em imagens, mapas teméticos ou planos de informagées (Pls) A estrutura de tais tipos de dados pode ser vetorial ou matricial. Dados em estrutura vetorial Aestrutura vetorial (vector structure) & composta por trés primitivas graficas (pontes,linhas e pol(gonos) e utiliza um sistema de coordenadas para a sua representagao. Os pontos sio representados por apenas um par de coordenadas, ao passo que Iinhas e poligonos so representados por um conjunto de pares de coordenadas. Deacordo coma escala utilizada, as entidades podem receber diferentes caracterizagées. Uma cidade, por exemplo, numa escala pequena (4:1.000.000) pode ser representada somente por um ponto. Jé em ‘uma escala média (1:250.000), pode ser representada por um poligono indicando sua configuracio espacial. Finalmente, em uma escala muito {grande (1:10.00), pode ser representada por um conjunto de pontos (paradas ou pontos de énibus, telefones pablicos, hidrantes etc), linhas (Caminhos, ruas, avenidas, linhas de transmissio de energia etc) poligonos (quadras, pragas, parques etc) Cada um desses elementos graficos pode apresentar, ainda, uma estrutura associada, relacionando cada entidade a um atributo digital ou mesmo ‘a um banco de dados alfanuméricos. Curvas de nivel contendo a sua altitude, poligonos demarcando manchas de solo, ou relacionando o tipo de solo, vinculado a uma propriedade, o loteamento de uma rea urbana contendo a delimitacao de cada terreno e as edificagoes vinculadas, s80 alguns exemplos desse tipo de estrutura, (Outras classes de elementos vetoriais muitas vezes traballiadas como ‘uma categoria diferenciada slo as Trianguled Irregular Networks (TINS), ou seja, Redes de Triangulos Irregulares, Esses elementos s0 composicées de poligonos (vetores, portanto) dispostos para a formacao de redes tridimensionais. Dados em estrutura matricial (Os dados espaciais também podem ser armazenados em uma estrutura matricial, owem grade (raster structure), Essa estrutura de dados é epresentada por uma matriz com m linhas em colunas, M (n,m), na qual cada célula, denominada de pixel (contracao de picture element, ou seja, elemento da imagem), apresenta um valor 2 que pode indicar, por exemplo, uma cor ou tom de cinza a ele atribuido, Produtos advindos do sensoriamento remoto, como \ 4 Bast DE DaDOs GEORREFERENCIADOS imagens de Gigitalizadas, es efotografias aéreas digitas, além de mapas izam essa forma de armazenamento. Em uma imagem digital georreferenciada, cada pixel apresenta ur par de coordenadas planas e/ou geogréficas e um valor 2 associado. Uma comparagao entre os dois tipos de estruturas de dados espaciais pode ser observada na Fig, 4.1 eno Quadro 4.3. Fig, 4.1 Est ras de dedos vetorial erates Quadro 4.1 Estruturas de dados raster e vett ester vet Traduzem imagens digitals matrclals gera- Tada das por sensoriamento remato e processes de pontos,. de escanerizacso Execugdo de oper layers de mesma area e bastante complera e éemor Vinculo com atributos atfan se faciitado, ja que se dé iagens $30 descontinuas Caleulos de distancia, dreas ete. vinculam se 20 desempenho do hardware 36 ‘Gxopnocessaninco 4.1.2 Dnoos ausanuéaicos Os dados alfanuméricos sS0 dados constituidos por caracteres (letras, niimexos ou sinais gréficos) que podem ser armazenados em tabelas, as quais podem formar um banco de dados. Em um SIG, 0s dados dispostos nas tabelas devem possuir atributos que possam vinculé-los & estrutura espacial do sistema, identificados pelas suas coordenadas, eatributos especificos, com sua descri¢éo qualitativa ‘ou quantitativa. Esses dados possuem, portanto, informasées a respeito dos mapas a eles vinculados, via seu “endereco’, ‘Taistipos de dados podem estar vinculados a ambas as estruturas espaciais. Em geral, é preferivel o uso de estrutura vetorial para a conexio desses dados. Toponimos, dados de area, populacao, indicadores socioeconémicos etc. séo alguns exemplos de dados alfanuméricos que podem ser vinculados a mapas em um SIG. 4.2 Intropucao € Danos em um SIG Em um SIG, a introducio de dados se da pela aquisicéo de produtos de SR, confecgao de planilhas de dados, do uso de sistemas de posicionamento por satélite e dos processos de digitalizarao evetorizagao, 4.2.1 PRocesso D€ DIGITALIZAGKO No processo de digitaliza;io, também conhecido como processo de “escanerizacao”, um produto como um mapa, uma foto ou uma imagem ¢ introduzide no computador com 0 uso de um scanner. Esse periférico fotocopia digitalmente o material por um procedimento de varredura ou “rasterizacao”. Os scanners mais, comuns podem ser de mesa (em geral no formato A4) ou de rolo (formato AO) O procedimento mais tradicional para a digitalizac3o de uma imagem segue os seguintes passos: ® escolher a resolugao digital da imagem a ser gerada. Essa opcéo diz respeito A quantidade de pixels ou pontos por polegada (dp desejada pelo ususrio, Em geral, recomenda-se digitalizar \ ‘4 BASE DE DADOS GEORREFERENCIAD‘ uma imagem com, no minimo, 300 dpi. Consagrouse, ‘mesmo em meio digital, o termo dpi (dots per inch), utilizado primeiramente para impressao, em detrimento de ppi (pixels per inch); * escolher a quantidade de cores a ser trabalhada (resolugdo radiométrica). Geralmente se deve trabalhar com, no 256 cores (arquivo de oito bits). Bit refere-se a digito bindrio - do inglés binary digit -,e cada oito bits equivalem a um byte: © abrir o programa a ser utilizado para 0 processo de ‘® seguir os passos determinados pelo programa; + preceder aos ajustes (brilho, contraste, tamanho da area etc) nna imagem digitalizada;e “® salvar a imagem em formato adequado. 0 produto gerado estaré no formato matri ou raster. Em geral, -am-se formatos de arquivos comerciais para 0 procedimento acim descrito, sendo os mais comuns os formatos bmp, tif jpeg e gif A escolk do formato de saida dependera das caracteristicas do arquivo resultant conforme a necessidade do usuario. E importante ser destacado que umn arquivo no formato vetorial poder ser convertido em formato raster, de forma automatica, por meio de u procedimento especifico existente nos softwares. O processo inverso vetorizagio ~ é bem mais problemético Escotha da escala da imagem A imagem digital resultante do processo de digitalizagdo deve do mapa ou imagem original. Para isso, deve-se levar em consideracio a escala original do mater Nesse sentido, faz-se importante a introdugio do conceito da GSD — Ground Sample Distance, que pode ser traduzido como Distancia Correspondente do Terreno, a qual refere-se 20 tamanho real (no terreno) de um determinado pixel com relacio a resolu: de uma imagem e & sua escala. manter as caracteri AGSD 6 dada pela formula: em que: GSD ~ Distancia Correspondente do Terreno N—Denominador da escala R—Resolueao da imagem, em dpi GSD =N/R (Ee. 4.2) Como se pode perceber, a unidade da GSD seré em polegadas. Assim sendo, 0 resultado obtido deverd ser convertido para unidades métricas, em que cada polegada equivale a 2,54 cm. Exencicos aeso.vioos 1 Sabendo-se que uma carta, foi digitalizada com resolugdo de 200 dpi, pergunta-se: qual o tamanho de cada pixel, em metros? SD =N/R GSD = 25,000/200 ~ 225 polegadas GSD em unidades métricas: GSD = 325” x 2,54 0m = 317,5 cm= 3,275 m Assim, cada pixel tera 3,275 metros, 2. Dispondo-se de uma imagem digitalizada com resolugto horizontal/vertical de 300 dpi, pede-se a sua escala original, sabendo-se que cada pixel possui aproximadamente 20 m x 20m, GSD=N/R ¥=2,s4em > 20m = 7874" 7874 = N/300 > N= 787.4" x 300 N= 236.2205 Assim, aescala original da imagem sera de 1: 236.220. Formato de arguivos matriciais Um cuidado fandamental durante os procedimentos de digitalizacao de produtos esta ligado ao formato do arquivo a ser gerado. Tal condigao vincula-se ao fato de que nem todos 08 softwares trabalham com certos tipos de arquivos. Além ja escala original era de 1:25.00, \ 4 Base De Dabos GEORREFERENCIADO disso, deve-se ter em mente a capacidade de armazenamento do equipamento a ser utilizado, pois certos formatos demandario ‘muita meméria, Para que o leitor possa compreender melhor tal estruturagao, a fim de decidir quanto a utilizagao de um ou ‘outro tipo de arquivo, serao listados alguns dos formatos mais comumente utilizados e suas caracteristicas principais. Formato BMP © formato BMP (bitmap ou mapa de bits) 60 formato “nativo” da plataforma Windows da Microsoft. Esse tipo de formato nao faz uso de recursos de compressdo de imagem, o que torna o arquivo gerado um tanto "pesado", ou seja, ocupando muito espaco na meméria do computador. Essa caracteristica, no entanto, possui a vantagem de apresentar uma imagem com excelente qualidade grifica, isto é, com grande definigio e pequeno efeito serrilhado, Cutra vantagem desse formato é 0 fato de que os arquivos gerados em BMP podem ser manipulados pela maior parte dos SIGs disponiveis sno mercado, Formato TIFF No.uso de SIGs, na maioria das vezes, deve-se utilizar imagens de qualidade, com maxima resolucdo possivel. Como colocado anteriormente, os arquivos BMP possuem como caracteristica principal uma excelente resolucao digital, porém acabam por ocupar muita meméria no computador. Quando nao se especificar, 0 termo “resolugo” pode definir quaisquer dos tipos apresentados. Para superar tal dificuldade, outros formatos foram sendo criados, Um dos formatos basta izados em geoprocessamento é 0 Tagged Image File Format (TIFF). Esse formato comprime a imagem sem perda de qualidade, fazendo com que o tamanbo de um arquivo com extensac tif seja bem menor do que o de um arquivo BMP. Assim como ocorre ‘com os bitmaps, a maior parte dos softwares de geoprocessamento (o mest vale para softwares gréficos tradicionais) trabalha com arquivos TIFF (Gmportacao e exportacac). Formato JPEG Outro formato utilizado para digitalizacao de imagens e/ou importacio de imagens em ambiente SIG é o Joint Photographic Expert Group (JPEG). Esse formato também faz uso de compressio de dados, mas, diferentemente do padrao TIFF, ocorre perda de qualidade na imagem gerada, pois hé remogao de pontos da imagem original. Em termos gerais, o JPEG, que utiliza a extensdo jpg, faz uso de um algoritmo de compactago baseado na capacidade de visto do olho humano, retirando da imagem detalhes imperceptiveis a nossa vista, O processo de compressao produz imagens bastante realistas, dentro de nossa capacidade visual, tornando os arquivos bastante leves. Salienta-se, entretanto, que a taxa de compactagao do arquivo é proporcional a sua qual que sofreu muita compressio, apesar de ocupar pouco espaco na meméria do computador, tera qualidade bastante reduzida. Outra desvantagem desse formato relaciona-se ao fato de que a cada salvamento realizado, tem-se perda de qualidade na imagem. de: um arqui Essas caracteristicas salientam as principais deficiéncias do formato JPEG para uso em SIGs, pois o trabalho com imagens de satélite, por exemplo, amplia em muito essas dimensbes.£ aconselhdvel, portanto, ‘0. uso de outros formatos na realizacao de trabalhos intermediarios. © formato JPEG pode ser utilizado em produtos fina, como para impressoes, or exemplo, Formato GIF 0 formato Graphics Interchange Format (GIF) utiliza uma forma de compactacio que nao altera a qualidade da imagem a cada salvamento, como ocorre com o JPEG. Entretanto, as imagens sifutilizam uma paleta de 256 cores, o que faz com que esse padrao trabalhe com arquivos bastante leves, mas de qualidade limnitada, Em termos de SIGs, esses arquivos tém sido utilizados para agregacdo de tais sistemas a Internet, em virtude de sua leve estrutura. \ 4 Bast DE Danos GEORREFERENCIADOS Formato PNG 0 formato Portable Netivork Graphics (PNG) trabalha com ‘uma forma de compactagao bastante eficiente, que reduz substancialmente os arquivos gerados, mantendo sua qualidade Assim, consegue-se utilizar mais de 16 equivalentes a 24 bits, portanto, com alta definicao -, sem ‘ocupar muito espaco em termos de meméria (se comparado com © formato BMP, por exemple). Os arquivos gerados possuem extensdo .png. Alguns SIGs jé estao trabalhando com esse formato, bastante utilizado em imagens disponi jes de cores ~ adas na web, Tamanho dos arguives matriciais Conforme ja comentado, 0 tantanho dos arquivos gerados pelo processo de digitalizacao esta diretamente vinculado aos atributos digitais da imagem. Como se sabe, uma imagem raster é caracterizada por uma matriz, composta de linhas e colunas. A quantidade de pontos ou pixels e de cores que a compéem, bem como a sua taxa de compressio, s¢ for 0 caso, definiréo o tamanho do arquivo. Quantidade de pixels A.quantidade de pixels que define uma imagem é dada pela altura, com base no nimero de linhas,¢ pela largura, com base no mimero de colunas. Essa caracteristica esta vinculada a quantidade de pontos (pixels) por polegada (dpi) A resolucio digital (R) de uma imagem ¢ dada por: Rapid © p=R-d (E9s.4.2843) emque: R-resolugio digital (horizontal ou vertical) em dpi p~nimero de pixels da largura (colunas da matriz) ou altura (inhas da atria) da imagem; d~largura (ou altura) de impressio da imagem, em polegadas. Em geral, para a digitalizacao de uma carta, é estabelecido um padrio de resolusio digital. Exercicto resowvto0 5 utilizando-se uma resolucdo digital de 300 x 300 dpi em uma porcdo de carta digitalizada com 5,93 em x 6,73 cm, ou seja, 2,333" * 2,65", deseja-se saber: qual seré a quantidade de pixels da largura eda altura da imagem gerada? tum processo de digitalizacio com o uso de um scanner, Com base na equacdo apresentada, tem-se que: Re 300 dpi; dj=2.333" d= 2,65" Entio, como p « Rd, teremos: b,=R-d.= 300 dpi x 2,333" = 700 pixels de largura p,=Rod,= 300 dpi x 2,65" = 795 pixels de altura A imagem final ficaré, portanto, com largura de 700 pixels e altura de 795 pixels. Quantidade de cores Cada pixel de um arquivo raster possui certas informacées armazenadas. Quando se trabalha com cores "reais", ou seja, mais, de 26 milhdes de cores, cada ponto ocupa trés bytes (24 bits) na meméria, No caso de se utilizar 256 cores, cada cor é armazenada ‘em apenas um byte (oito its) de meméria, 8 interessante ser lembrado que os bits sto sempre expressos em poténcias de dis. Assi, um bit significa ou cores (preto e branco, no caso); vito bits, a! = 65,536 nivel tons ou niveis de cinza 256 niveis; 36 bits, 4 bits, 2* = 16.777.216 niveis, e assim por diante, (0 tamankho ocupado por uma imagem é proporcional, portanto, A quantidade de bytes de armazenamento, isto é, a quantidade de cores requerida e & quantidade de pixels (Iargurae altura) da imagem final, Para arquivos descompactados, o tamanho da imagem pode ser calculado da seguinte forma: ~ ‘4 Bass DE DADOS GeORREFERENCIADOS T=py-p,b (Eq 4.4) emque: T- tamanho da imagem, em bytes; p,~niimero de pixels da largura da imagem (por coluna da matrie); p,~ iimero de pixels da altura da imager (por linha da matri); b— quantidade de bytes de armazenamento. Exercicto resowvi00 Utilizando os dados do exercicio anterior, pergunta-se: qual o tamanho da imagem gerada em arquivos com: 2) 256 cores (um byte)? 1) a6 milhdes de cores (trés bytes)? Como Tp, p,B, tem-se: 8) T= 700 x 795 x3 = 556.500 bytes 8) T=700 x 795 x 3 = 1.669.500 bytes Assim, a imagem anteriormente descrita possuira 556.500 bytes em um arquivo com 256 cores, ¢ 1.669.500 bytes em um arquivo com 26 milhde: de cores. Salienta-se, mais uma vez, que esses valores esto vinculados aarquivos descompactados e sao valores teéricos, podéndo, portanto, diferit de arquivos "reais". Impressfio de arquivos ‘Uma questi importante para o trabalho com arquivos digitais raster diz respeito a sua impressio. Isso se vincula, portanto, A resolucdo de saida necesséria para uma boa qualidade ‘visual. Em virtude da limitagao do olho humano, que nao distingue resolugdes maiores do que 300 dpi, esse valor ‘vem constituindo-se como um padrio para impressbes de boa qualidade. © tamanho para impressdo de uma imagem (largura x altura) é definido pela quantidade de i resolucao digital em dpi, Assim, tem-se: Is das linhas e colunas da imagem e sua La2sg-p/R © H=254°p,/R (EQS.45846) em que: 1. largura da imagem impressa, em cm; He altura da imagem impressa, em crn; P,~nimero de pixels da largura da imagem (por coluna da matriz); pp, ~miimero de pixels da altura da imagem (por linha da matriz) R- resolugdo digital da imagem, em dpi Exercictos resowipos 1. Utilizando os dados dos exercicios anteriores, deseja-se saber © tamanho “ideal” para impressio do arquivo gerado, Como L = 2,54-p,/R, tem-se: L=2,54- 700/ 300 = 5,93 cm E, como H = 2,54 °p,/R, tem-se: H = 254.795 / 300 = 6,73 cm Assim, a imagem raster ocuparia um espaco de 5,93 cm de largura por 6,73 em de altura, 2. Qual o tamanho do arquivo, em termos de quantidade de pixels dispostos nas linhas e colunas de uma imager em 300 dpi, numa folha Ad (23,0 em x 29,7 em)? Como L =2,54°p,/R, tem-se: 21,0 = 254°'P,/ 300° p= 300°23,0/ 254 Assim, p,= 2.480 pixels B, como H = 254-7, 8, tease 29:7 = 254° p,/'300 > p,= 300° 29,7 /2.54 Assim, p, = 3.508 pixels Dessa forma, o arquivo deveria possuir 2.480 pixels de largura por 3.508 pixels de altura, ou sea, cerca de 8,7 megapinels, \ ‘4 BASE DE DabOS GEORREFERENCIADOS Compactagdo de arquivos ‘A preocupacéo com o tamanho dos arquivos digitais graficos trouxe a necessidade de economizar espago em disco, Pata 1inimizar os efeitos relativos a imagens de alta resolu¢io, foram. criados programas compactadores. A compactacio de arquivos permite, assim, areducao do tamanho ocupado pelo arquivo. Os formatos TIFF, JPEG, GIF e PNG, anteriormente refer trabalham com arquivos compactados. A idia de compressa de arquivos pode ser traduzida como a eliminacdo de repetigdes existentes dentro de um arquivo. Um arquivo comprimido pode ocupar um espaso dezenas de vezes menor do que o mesmo arquivo nao compactado, Convém ressaltar, novamente, os cuidados que devem ser tomados com esses tipos de arquivo, visto que eles podem sofrer grande perda de qualidade no momento de sua compactacao. 4.2.2 Processo Dé verorrzacio Em termos gerais, o processo de vetorizacio diz respeito a0 transporte dos elementos de uma imagem (carta, fotografia, imagem de satélite) realizado por meio de desenho com o auxilio de um mouse, digitalmente, no formato vetorial A vetorizacéo pode ser manual, semi-automatica ou automética Os arquivos gerados normalmente possuem extensbes proprias. No entanto, arquivos com as extensdes Windows Metafile Format (WME) e Enhanced Metafile Format (EME), Drawing Interchange Format (ou Drawing Exchange Format (DWG e DXF), Shapefile (SHP) e o formato para Internet Drawing Web Format (DWF) podem ser importados ¢ exportados por um grande niimero de SIGs. Vetorizago manual O processo de vetorizacio manual é realizado por um operador ‘que desenha 0s detalhes desejados constantes no mapa (Foto/ imagem) original, em papel, ou na imagem digital rasterizada apresentada pela tela do computador, por meio do uso de um mouse. A Fig. 4.2 apresenta um fragmento de mapa no formato matricial. 0 inicio do procedimento de vetorizagao de algumas 66 (ceomocsssauento de suas informagées sobre a imagem original pode ser conferido pela Fig. 4 3. 0 resultado final do processo, contendo somente 0 arquivo vetorial,¢ apresentado pela Fig. 4.4 Avetorizagio manual pode ser feita com 0 uso de uma mesa digitalizadora ou diretamente na tela do monitor do computador: Vetorizacdo com uso de mesa digicalizadora. Nesse proceso, éutilizada uma mesa especialmente construida para fins de transferéncia de dados digitais, na forma de vetores para o computador sins «78, «Teme possuir varios formatos. Sobre la é colocado, por exemplo, uum mapa convencional (em papel), sendo realizada uma cépia das feicoes nele 2 Frogmento de mapa no formato matricial (aste Patgono Procesze de vetntacto tmandanento vetoed Fig, 4.3 Proceso de vetorizago em ondamento Fig. 4 Resultado do procedimento de vetrisacdo \ 4 Base DE Dabos GEORREFERENCIADO: apresentadas com o uso de um mouse que dispde de uma mira, a qual indica 0 local do respectivo cursor na tela do computador. Esse processo de vetorizacdo est quase em ddesuso, em razdo da praticidade da vetorizagio em tela e dos, custos de uma mesa digitalizadora. + Vetortzagdo em tela. Nesse caso, 0 processo é realizado diretamente na tela do computador. Para isso, faz-se necesséiria uma imager previamente rasterizada, a qual seré desenhada com o ausilio de urn mouse corum, cujo cursor, que aparece na tela, serve de indicador para o caminho a ser percortido pelo operador. A vetorizacio em tela tende a ser bem mais precisa do que a realizada em mesa digitalizadora, em virtude dos recursos de zoom que os programas oferecem, Essa precisio esta também diretamente ligada a qualidade da imagem digital. A antiga desvantagem relacionada & necessidade de grande capacidade de armazenamento de imagens com boa definicio nas maquinas tornou-se, hoje, pouco expressiva, por causa da evolugio das equipamentos. E importante salientar que a quantidade de pontos, linhas e poligonos criados pelo proceso de vetorizagio estaré diretamente ligada a resolugao digital do produto gerado e ao seu tamanho em termos de ‘espaco nia meméria do computador. Assim, quanto mais coraplexo ‘© arquivo, mais espago em disco ele ocupara e mais capacidade de armavenamento e de processamento ele exigira. (Os arquivos vetoriais gerados normalmente sto armazenados em camadas ayers) distintas, para uma melhor organizasao dos dados. Nesse sentido, aconselha-se a organiza¢io das camadas com alguma base hierarquica, considerando-se que certos aspectas serao sobrepostos a outros. Vetorizacio automética esse processo de vetorizagio, a transformagio da imagem rasterizada em vetorial se da de forma totalmente automatica. Por esse procedimento, os pixels que representam determinadas feicées na imagem original rasterizada sio convertidos em pontos, linhas ou poligonos. Nessas condig6es, fa2-se necessério 68 (Geoenaceesasanro "um programa especifico e uma posterior edicao na imagem. obtida. Conforme o leitor pode imaginar, esse tratamento final da imagem é um tanto demorado e oneroso, acabando por restringir a sua utilizacio. Vetorizagdo semi-automatica (© processo de vetorizacao semi-automatica procura mesclar as facilidades da vetorizagao automitica com a experiéncia ~ ‘e competéncia ~ do operador, Nessa forma de procedimento, © operador direciona as ages do computador, ot sea, 0 téenico & quem decide 0 caminho a ser percorrido pelo cursor quando ocorre uma interseceio de linhas ~ né ~ durante a transformagio dos pixels da imagem raster em vetores. Essa forma de vetorizacdo também necessita de pés-edigao; entretanto, bem menos penosa do que no caso da automatica, 4.2.3. DAbOS ALFANUMERICOS Ainsergio de dados alfanuméricos se dé pelas tabelas que podem ser importadas pelo sistema ou criadas diretamente nele, Os dados tabulares, constituidos por caracteres diversos e/ou textos mais ou menos longos, de acordo com a necessidade do usuario, devem estar georreferenciados, ou seja, vinculados @ um sistema de coordenadas conhecido, como seré visto a seguir. Assim, cada dado inserido no computador estaré, de alguma manetra,ligado a tum endereco especifico, Esse vinculo pode se dar por um cédigo- chave disponivel em cada uma das planilhas que formam o BD. A descrigao das caracteristicas (populagao total, renda per capita, indicadores sociais etc.) de uma determinada localidade em um mapa é um exemplo de dados dessa natureza. Esse local possui, portanto, ‘no minimo, um par de coordenadas que faré a vinculacao de tais caracteristicas ao(s) ponto(s) existente(s) no mapa digital 4.2.4 Daoos PROVINDOS DE STSTEMAS OE POSICIONAMENTO FOR SARELITE, Dados colhidos por sistemas de posicionamento por satélite podem ser introduzidos em um SIG por meio de programas > 4 Base DE Davos GsORREFERENCIADOS. especificos ou mesmo via compilagio “manual” em uma planilha dos para esse fim — ion System (GPS), Global Navigation Satellite System 0 ~ sio baseados no recebimento de dados em. lite, por receptores mais ou menos sofsticados. de dados. Os sistemas em operagao Global Pos Glonass) € terva, via sat (Os dados obtidos por um sistema de posicionamente podem ser alfanuméricos (coordenadas de pontos, topénirnes etc.) ou vetoriais (caminhamentos, pontos no terteno, locaizagio de estagbes et). Apprecisio dependera da qualidade da letura realizada e do 4.3 GEORREFERENCIAMENTO DE Davos ESPACIAIS Conforme visto até aq) (arquivos raster ou vetori a introdugao de dados espaciais is) pode ser realizada pela importacao desses dados por programas que nem sempre possuem as fervamentas e a precisio exigida por um SIG. Para a insergi0 € 0 uso de tais arquivos em um sistema dessa natureza, faz-se necessério um ajuste desses arquivos. Sua vinculagzo a0 SIG deve ocorrer por meio de um sistema de coordenadas conhecido. Esse procedimento é denominado georreferenciamento. Os dados do SGBD, possuidores de coordenadas relativas ao SIG, ppoderdo, assim, ter correspondéncia com a imager digital inserida. Para isso, de maneira geral, deve-se proceder de forma assemelhada a esta: ‘© separar um mapa ou imagem com um sistema de referéncia conhecido da mesma area, que serviré de base para 0 arquivo de correspondéncia da nova imagem; 4 abrir a imagem de estudo em ambiente SIG; # escolher no minimo trés pontos (pontos de controle) notaveis na imagem aberta. Para melhor precisio, sugere-se dadas suas caracteristicas, poderao ser descartados, em razio da possibilidade de erros de leitura; ® estabelecer o relacionamento, em termos de coordenadas hibridas (da imagem no-georreferenciada) e coordenadas conhecidas (da imagem de referéncia), entre os pontos de a adogao de mais pontos (até dez), alguns dos qu rcmasn controle presentes na imagem e seus correspondentes no mapa/imagem georreferenciado; por meio de um médulo especifico do software, realizar o reposicionamento da imagem com os parametros da imagem ema de coordenadas, referenciais de etria/gravimetria, sistema de projecdo etc), de referén altimetria/plani 4.4 Moveacen ve Davos Esractals A introducdo de dados em um SIG deve seguir determinadas condigdes especificas. Os dados espaciais possuem caracteristicas proprias, cuja percepcdo por parte do usuario definiré formas diferenciadas de interpretagbes. A passagem dos dados do mundo real para um mundo virtual devera se dara partir da utilizacdo de modelos, os quais deverao seguir padroes conceituais, vinculados & maneira como o individuo concebe 0 espago observado, Tal estrutura, portanto, nao pode ser desvinculada do paradigma epistemol6gico envolvido na questa. Nesse sentido, a aclamada “neutralidade cientifica’ acaba por perder seu principal aporte Siloséfico. ‘Um exemplo para as consideracées tecidas acima diz res; climaticos - e outros relacionados — de uma area qualquer (ou mesmo do Planeta como um todo). Um individuo pode modelar esses dados de tal forma que sua conclusio soja traduzida pelo aumento da temperatura da rea a0 longo dos anos, tendo como causador o impacto antr6pico. Outro individuo, dispondo dos mesmos dados, pode realizar sua modelagem e concluir também pelo aumento da temperatura. Entretanto, este tiltimo pode vincular o aquecimento térmico a causas naturais, desvinculando «um possivel efeito direto provocado pelo ser humano. 44.1 Mooe.o No context deste livro, o termo “modelo” sera explorado sob dois aspectos. O primeiro refere-se a concepcao de modelo como uma simulagio da realidade representada fisicamente com 0 uso de materiais diversos. A idéia central dessa percepcao diz respeito, portanto, a construcao de formas ou estruturas bastante mais simples, que possam representar suficientemente ~ 4 Base DE DaDOS GEORREFERENCIADOS bem a propria realidade. Um mapa ou uma maquete sao exemplos de modelos de aplicactes geogréficas. Outra maneira de conceber modelos ~a que realmente interessa para 4 pratica com SIGs ~ esta relacionada a elaboracdo de representacées, virtuais que fazem uso de estruturas conceituais preconcebidas para a simulagao de um espaco real. Tem-se, assim, o spaco geogrdfico conceitual introduzido por Buzai e Duran (1997, p. 23) qual “é possivel ise e tratamento”. incorporar ao ambiente computacional para sua a Appassagem do modelo conceitual para um modelo digital virtual se da por procedimentos que estabelecem relacionamentos entre entidades. ‘Uma entidade pode ser definida como um objeto contido ne arquivo gerado, o qual possui informacées a cle vinculado. Assim, uma escola presente em um arquivo vetori por exerpl 6 uma entidade q ‘possui informagées a ela vinculadas, como suas dimensées, localizagio espacial, quantidade de alunos etc. Em termos de SIGs, as entidades eve relacionar-se geograficamente e podem ou nao participar do processamento dos dados no sistema. A estrutura da modelagem os dados vai depender, portanto, das caracteristicas das entidades cenvolvidas e das necessidades do usuario. Nao se deve esquecer, no ‘entanto, das concepcdes epistemologicas dos envolvidos no processo, fato que direcionaré a estruturasio do modelo. Ressalta-se, finalmente, que as idéias expressas neste livro fogem ‘um pouco aos preceitos abordados nas modelagens tradi concebidas dentro da area da computa¢ao. [sso se deve, em especial, 20 piiblico a quem é direcionada esta publicacso. ynalmente 4.4.2 MODELAGEM DIGITAL PARA APLICAGDES GEOGRAFICAS Muitas vezes, a questo da modelagem dos dados espaciais utilizados em um SIG tem sido relegada a um segundo plano. Em termos computacionais, tem-se que um modelo de dados, deve ser capaz de fornecer elementos que possam descrever um banco de dados, bem como possibilitar a sua manipulacao. Tais iam, assim, a obtencao de uma visdo abstrata « simplifcada da realidade. condigd Em termos gerais, pode-se estabelecer as seguintes etapas para a laboracao de um modelo de cariter espacial ou geogratice: & elaboragao de listagem contendo os aspectos fundamentais, que deverio fazer parte da modelagem; ® realizacao de levantamento dos dados disponiveis sobre o espago a ser modelado; ® execugio de pesquisa de campo para observacao ecoleta de dados, a fim de trabalhar-se a percepcio da realidade objeto do model ‘ caracterizagao, estruturagao e dinamizagao do banco de dados concebidos 4 realizagio da anélise dos dados; ¢ ' representagao do modelo. A conversio de informacées geogréficas do mundo real para uma bes l6gico- matemiticas. Tais modelagens seguem determinados padrées que podem ser esteuturados fisica ou virtualmente. Em se tratando do uso de SIGs, ¢ claro que o interesse recai na modelagem virtual. Entretanto, ‘base de dados virtual compreende uma série de model! determinados elementos fisicos e concretos, muitas vezes, auxiliam sobremaneira o entendimento de tais modelos. Modelos matriciais Uma primeira forma de modelagio espacial vincula-se as estruturas matriciais e vetoriais jé exploradas anteriormente. por suas caracterfsticas, é mais facilmente trabalhado em softwares de geoprocessamento. A posic2o ocupada por cada pixel da imagem est vinculada a ‘uma matriz.com linhas e colunas que correspondem a pares sociados a atributos especificos. Assim, terd uma coordenada conhecida, facilmente relacionada a um determinado sistema de coordenadas e com um valor especificoa ela associado, (Os modelos matriciais permitem determinadas operacées de anslise espacial que sero detalhadas no Cap. s \ 4 BASE DE DaDOs GEORREFERENCIAD‘ Modelos vetoriais No caso de um modelo vetorial, como as entidades espaciais sio ‘compostas por pont inhas e polfgonos com seus atributos, podem surgir algumas dificuldades de ordem pratica que acaban por dificultar sua aplicarao, A quantidade de entidades e suas ‘nter-relacées constituem-se num dos principais entraves para acto. s, 0s modelos vetoriais permitem certas operagdes que serio vistas no Cap. 5. As vantagens e desvantagens de um ou outro modelo, entretanto, slo alvo de discussdes intermindveis e vdo depender de sua aplicaczo, 4.4.3 Mootio Nunéaico oe Tenseno (MNT) ou Mooeto Drcita. o¢ Tenrexo (MOT) MDT corresponde a Digital Terrain Model (DTM) ou Digital Elevation Model (DEM). A nomenclatura Modelo Digital de Elevagéio (MDE) tem sido pouco utilizada. Uma das modelagens mais utilizadas com geotecnologias diz: respeito a elaboracio de MNTs ou MDTs, ou seja, respectivamente, Modelos Numéricos do Terreno ou Modelos Digitais do Terreno. Tais nomenclaturas obedecem a idéia de que esse tipo de modelagem procu representar di Atualmente, porém, essa visto tornou-se um pouco mais abrangente, podendo esse modelo ser considerado como a representagao digital JImente o comportamento da superficie do Planeta, da variacdo continua de qualquer fenémeno geografico que ocorre na superficie ou mesmo na atmosfera terrestre. Para isso, entretanto, sio necessérios @ aquisicio e o processamento de uma grande quantidadé de dados, o que podera gerar algum transtorno. Representacio de MNTS [Em termos gerais, pode-se afirmar que os MNTs podem ser representados matematicamente por meio de pontos e linhas, (no plano) ou grades de pontos e poligonos (para superficies, tridimensionais), Esses modelos proporcionam, portanto, a possibilidade de construcéo de uma superficie tridimensional a partir de atributos de dados dispostos no sistema, No trabalho como formato matricial, tem-se que cada pixel de uma imagem possui um conjunto de trés coordenadas: duas de posi¢to (ey) euma de atributo, a coordenada z. Estas, por exemplo, podem corresponder, respectivamente, as coordenadas de longitude, latitude altitude. Tomando como exemplo uma imagem preto-e-branco no espago RGB (ver Cap. 5), 0s pels com valores mais préximos de 2ero (reto) poderdio ter atributos de altitudes mais baixas, ao passo que pixels proximos de 255 (branco) traduzirao as maiores altitudes. De ‘maneira assemelhada, o formato vetorial também pode fazer uso de pontos para representar posigdes (coordenadas) e atributos. A densidade de pontos revelara a precisio do modelo. Outra maneira de representacio dentro do ambiente vetorial é dada pela utilizagio de linhas com valores constantes, a chamadas isolinhas. A quantidade de thas moldard o modelo: quanto maior o seu niimero, tanto maior serdio detalhamento ea precisio do modelo. A representagao tridimensional de MNTs pode se dar por meio de modelos que utilizam grades de pontos ou superficies vetoriais. A x uma ou outra forma de modelagem dependera dos recursos Para a geracio de um MNT, em geral, deve-se: ‘P realizar um levantamento dos dados disponiveis e procurar ‘caracterizé-los espacialmente, Normalmente, trabalha-se * introduzir 0s dados no sistema (digitalizacao/vetorizaga0); + tracar as respectivas isolinhas a partir dos dados pontuais Gispostos em tabelas, desde que georreferenciados, ou mesmo emmapas); © estabelecer os parametros de interpolacao dos pontos; # aplicar o médulo do respectivo software para a geracao do modelo. \ ‘4 Base DE DADOS GEORREFERENCIADOS Alguns softwares trabalham ditetamente com os pontos georveferenciados. Cada ponto plotado no mapa terd uma coordenada has, cada curva terd uma infinidade desses pontos, com valores'2'idénticos. (x,y) especifica e um valor (2) conhecido. No caso das E importante recordar que as isolinhas sao construidas com base em Aistribuig6es pontuais, com o auxilio de interpoladores, conforme sera visto a seguir. As Figs. 45 a 47 ilustram a geragio de um modelo tridimensional a partir de isolinhas e sua derivaco para um MNT. (Os MNTs sao utilizados para traballios com bacias hidrograficas, céleulo de declividades, estabelecimento de perfis topograticos, elaboracao de mapas de orientacio de vertentes, confeccao de zoneamentos climaticos e outras solucdes que utilizem dados pontuais Fig. 4.6 HIT derivado das iofpsos do Fig. 45 Fig. 4.7 Repesentacio tridimensional do MNT da Fig. 4.6 4.4.4 TuteR?o.acho De oA00s oIciTaTs Uma das caracteristicas mais vinculadas a modelagem de dados Aigitais esta relacionada a interpolagdo destes, Essa condigio advém da possivel escassez de dados. Um dos exemplos tipicos & 0 da construgio de mapas de isolinhas e de MNTs devivados, A interpolacao pode ser entendida como um método que, ut fungdes mateméticas, permite encontrar valores de dados intermedidrios contidos entre outros dois valores de dadas conhecidos. (Os dados interpolados representam, portanto, uma aproximagao da realidade. Assim, quanto mais dados conhecidos existirem, tanto mais fiel seré a modelagem realizada ando No caso de imagens digitais, a interpolacio pode ser feita com arquivos ‘matriciais ou vetoriais. No caso dos arquivos matriciais, ainterpolacao é realizada pixel a pitel. No caso dos arquivos vetoriais, ela é realizada onto a ponto, 4.4.1 Interpo.acio A interpolacao linear utiliza, como funcdo interpoladora, uma fungae linear do tipo 200) = to Ka + S=2 gy €a.47) em que: (2) ~ fungao linear; > ‘4 Base Dz DaOs GEORREFERENCIADOS (a) e f(t) - valores da fungao original “desconhecida" f(x) nos pontos x =a ex = b, respectivamente. ( grafico apresentado na Fig. 4.8 mostra uma simulacio de duas fungées relacionadas 4 transformagao linear descrita pela Eq. 4.7 O método de interpolagao linear x € 0 método mais simples e pode gerar uma série de imperfeiges, dadas as suas caracteristicas. A Fig. 4.9 apresentaa simulacao de um perfil topogréfico comparando o terreno “eal” ‘ea superficie construida por interpolagao linear. A partir dos exemplos apresentados, pretendew-se dar uma idéia do que ocorre na utilizagao de interpoladores, Tere “rat Entretanto, a interpolacao ear, apesar de ser facilmente trabalhada, constitui-se numa fungao que representa o terreno de maneira bastante grosseira 4.4.2. Ournos anrenpocanones Para tentar minimizar os efeitos indesejados da interpolagao linear, pode-se utilizar outras funcBes interpoladoras. Para isso, em geral, sto utilizados polinémios diversos, como fungdes. Assim, podemos ter interpolacio quadrética, que fa2 uso de um polinémio de segundo grau; interpolagdo ctbica, que faz uso de um polinémio de terceixo grau, € assim por diante. Diversos interpoladares foram sendo criados ao longo dos tempos para procurar promover modelagens 0 mais préximas da realidade, dentro 4o possivel. Assim, polindmios como os de Newton e de Lagrange foram sendo adaptados para proporcionar melhores resultados. Atualmente, esta sendo bastante utilizado um método de interpolacao baseado no trabalho desenvolvido por Daniel G. Krige em meados do século XX. Trata-se do método de krigagem ou kriging, que pode ser concebido como um precursor da geoestatistica. Simplificadamente, ease método faz uso de um sistema bidimensional de coordenadas conkecidas ~ portanto, com um determinado nimero de pontos ~, para caleular a semivariancia de cada ponto em rela¢ao aos demais. Assim, a krigagem pondera espacialmente os valores dos pontos da vviznhanga de cada ponto considerado. A partir do gréfico gerado pelos rocedimentos, é estimado o modelo do semivariograma, fun¢ao que analisa a dependéncia espacial entre os pontos. Por causa do sucesso obtido, outros interpoladores vem sendo preteridos em favor da krigagem. Diversos softwares comerciais ji disponibilizam esse tipo de interpolagdo, em razdo dos seus resultados bastante satisfatérios, por sua estreita ligacdo com a geoestatistica fim LMF AMET AE | ERE SR

Você também pode gostar