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Resumo: Este trabalho tem como principal objetivo analisar os textos Ismália e Lenda
da Vitória Régia, dos autores Alphonsus de Guimarães (2001) e Maria Antonieta Pereira
(2007), fundamentado nos estudos de Literatura Comparada, elucidados no livro
Literatura Comparada da teórica Tânia Franco Carvalhal (2006), busca-se através de sua
pesquisa compreender o método de comparação entre obras, bem como situar, através de
seu percurso histórico, sua definição e termos utilizados para se chegar a compreensão do
que se tem atualmente. Também serão explorados os estudos de transtextualidade,
abordados na obra Palimpsesto: a literatura de segunda mão, de Gérard Genette (2006),
que trata das relações entre textos, evidenciados a partir da co-presença, caracterizado
pela intertextualidade, demonstrado com maior ênfase por Julia Kristeva (2012) em
Introdução à semanálise. Será salientada também a estética simbolista, seu percurso
histórico, definição, influência no Brasil, etc., buscando um melhor entendimento e
análise da obra Ismália, relacionando-a com a lenda de expressão Amazônica Lenda da
Vitória Régia, advinda da tradição oral, explicando também a riqueza da literatura popular
e de expressão amazônica, com elementos únicos que caracterizam o lugar e permeiam o
imaginário da população amazônida.
Palavras chave: Literatura Comparada; Transtextualidade; Intertextualidade;
Simbolismo; Literatura de Expressão Amazônica.
1
Artigo de Conclusão de Curso de Licenciatura Plena em Letras Língua Portuguesa, apresentado na
Universidade do Estado do Pará, Campus XVII.
2
Professora da Universidade do Estado do Pará, Mestre em Ciências da Religião, Graduada em
Licenciatura Plena em Letras Língua Portuguesa e Orientadora do artigo. E-mail:
helensuzandrey@gmail.com
3
Graduando de Licenciatura Plena em Letras Língua Portuguesa. E-mail: anilsonf31@gmail.com
4
Graduanda de Licenciatura Plena em Letras Língua Portuguesa. E-mail: ariadna_hw@hotmail.com
1
obras, temáticas, autores, etc., a partir disso, serão abordados dois métodos para
compreender os textos literários. O primeiro é o de Tânia Franco Carvalhal (2006), em
Literatura Comparada, que estabelece, entre outras coisas, a análise de textos através da
comparação, o segundo de Gérard Genette (2006), tratado em Palimpsesto: a literatura
de segunda mão, que aborda a transtextualidade. Conceituando as formas que os textos
relacionam-se, procura-se assim, estabelecer as relações entre as obras brasileiras Ismália,
poema de Alphonsus de Guimarães, e Lenda da Vitória Régia, lenda de expressão
amazônica descrita por Maria Antonieta Pereira em Lendas e Mitos do Brasil.
O poeta Afonso Henrique da Costa Guimarães, mais conhecido por seu
pseudônimo Alphonsus de Guimarães, de acordo com Carlos Nejar (2011) em História
da Literatura Brasileira: da Carta de Caminha aos contemporâneos, nasceu em Ouro
Preto, cidade de Minas Gerais, em 1870 e exerceu a função de juiz municipal, formou-se
na faculdade de Direito, na cidade de São Paulo. Aos dezoito anos perdeu a prima
Constança, a qual amava, perda essa, responsável por seu estado melancólico e pela
motivação de suas poesias. Foi um dos representantes do simbolismo no país, escreveu
sua verdadeira obra prima, Ismália, do livro intitulado Pastoral aos crentes do amor e da
morte, publicado postumamente em 1923.
Será analisada a Lenda da Vitória Régia, que narra como uma índia chamada
Naiá querendo alcançar a lua no céu morre afogada ao ir a seu encontro refletida nas
águas de um igarapé e no lugar que morreu nasce a planta Vitória Régia. Examinar-se-ão
os elementos transtextuais, baseadas nas teorias sobre transtextualidade de Genette
(2006), entre a lenda e o poema simbolista Ismália, uma narrativa em que a personagem
Ismália sonha possuir a lua do céu e ao mesmo tempo seu reflexo nas águas do mar,
representando a dualidade entre o plano material e o espiritual, encontrando seu fim na
morte por afogamento.
Por sua vez, o livro Lendas e mitos do Brasil é resultado de um projeto de
ensino, pesquisa e extensão da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que
promove a ampliação da leitura para a comunidade de baixa renda, levando literatura e a
cultura brasileira para este público. A obra foi organizada pela professora doutora em
Estudos Literários Maria Antonieta Pereira5, atuante na área de Letras com ênfase em
educação, TV e computação, cinema e Literatura Comparada.
2
Primeiramente, far-se-á um percurso histórico sobre a literatura comparada,
sua instituição e empregabilidade, revendo suas várias conceituações até chegar à acepção
em que é utilizada atualmente. Os estudos comparados possuem um vasto campo de
atuação, com diversos métodos, objetos e objetivos de análises, dificultando um consenso
sobre seu desempenho, mas tais estudos, a princípio não podem ser conceituados como
simples comparações e nem tendo finalidade em si próprios, devendo ser compreendidos
como um mecanismo de análise para se chegar a um objetivo. Por conseguinte, será
tratado o conceito acerca da transtextualidade, que aborda como um texto se apresenta
em outro, implicitamente ou explicitamente, de acordo com a similaridade de elementos,
ideias, sentidos, etc., presente em obras literárias.
As obras que irão ser analisadas não vão ser confrontadas para que uma se
sobreponha à outra, nem serão contrastadas suas semelhanças e particularidades, diferente
dos estudos comparatistas tradicionalistas que comparam duas ou mais literaturas sem
nenhuma perspectiva crítica. A análise deste trabalho se baseia nas percepções de
Carvalhal (2006), em Literatura Comparada, segundo as quais os estudos comparados
apresentam um teor crítico, estudando a relação dos dois textos entre si e sua conjuntura
social, trabalhando a noção de intertextualidade definida por Julia Kristeva (2012) em
Introdução à semanálise.
Isto posto, serão trabalhadas as obras literárias em questão sobre as
perspectivas comparativa e transtextual, sendo perceptível como uma se projeta sobre a
outra, de forma inconsciente ou não, focando a categoria transtextual intertextualidade,
para uma maior compreensão dos textos, mostrando também que contribuições relevantes
elas podem trazer para os estudos da literatura e para se examinar o contexto social em
que estão inseridas, salientando ainda o contexto da estética Simbolista e o maravilhoso
na literatura de expressão amazônica, para assim compreender melhor as obras Ismália e
Lenda da Vitória Régia e o meio em que foram produzidas.
3
internacionais, levando em consideração o objeto que vai ser analisado e suas
particularidades.
6
CARVALHAL, Tânia Franco. Literatura Comparada. São Paulo: Ática, 2006, p. 6.
7
Ibid, 6.
4
Com relação a sua trajetória, o século XIX foi palco de novas ideologias, em
que o pensamento cosmopolita8, (conhecimento difundido em vários lugares, que um
viajante adquire em suas jornadas transmitindo e aprendendo novos saberes), tomou uma
dimensão considerável e forte para a época, caracterizando este século, em que extrair
leis gerais estava em alta nas ciências naturais. Isto influenciou, assim como outras áreas
do saber, os estudos de Literatura Comparada, apesar do termo “comparado” já ser
conhecido desde a idade média (1598), século XVII e XVIII, com o aparecimento em
discursos de autores das épocas como Francis Meres, William Fulbecke e John Gregory,
como cita Carvalhal:
Com isso, observa-se que os estudos de literatura comparada não são recentes
e que estudiosos da idade média já se desdobravam no assunto, de acordo com suas
especificidades, porém, foi no século XIX que o termo foi mais difundido e frequente em
obras científicas, contagiando os estudos literários voltados para afirmações análogas
com obras de autores como Cuvier (1800), Degérand (1804) e Blainville (1833).
Observando essas mudanças, os estudos comparados ganham notoriedade e são utilizados
na Europa nas áreas de ciências e linguística, porém, é na França que a expressão
“Literatura” nasce e se institui, sendo empregada com o propósito de nomear um conjunto
específico de obras, como acorda o Dicionário Filosófico de Voltaire, encaixando-se
tardiamente conceito e termo em outros países, como na Alemanha e na Inglaterra.
Com isso, muitos autores publicam diversas obras com denominações
próximas das que se conhece hoje, algumas com expressões bem parecidas, porém,
mesmo trazendo em sua denominação “literaturas comparadas”, eles não tinham
nenhuma preocupação em confrontarem textos, como é o caso da acepção
contemporânea. Dessa forma, mesmo com sua imprecisão e ambiguidade, preservando a
8
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Miniaurélio Século XXI Escolar: O minidicionário da língua
portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001, p. 190.
9
CARVALHAL, Tânia Franco. Literatura Comparada. São Paulo: Ática, 2006, p. 8.
5
denominação francesa, a literatura comparada é confundida com a expressão “literatura
geral”, também comumente usada no país, segundo Carvalhal:
10
CARVALHAL, Tânia Franco. Literatura Comparada. São Paulo: Ática, 2006, p. 11.
11
ESCOBAR, Ángel. El palimpsesto grecolatino como fenómeno librario y textual. Ed: Presentación de
Dieter Harlfinger. — Zaragoza: Institución «Fernando el Católico», 2006.
6
Levando esse conceito para os estudos textuais e literários, tem-se uma
metáfora 12 , comparação implícita, para as relações que um texto faz com outro, pois
nenhum texto se constrói individualmente, entretanto, está em consonância com outros
enunciados, por exemplo, uma criança para aprender a falar precisa estar em contato com
outras pessoas que proferem palavras diante dela, um escritor, antes de terminar uma obra
escrita, já leu outras escrituras e escutou vários textos orais, e essas outras obras e textos
também foram influenciados por outras inúmeras enunciações. Tem-se assim, uma teia
infinita que forma novos textos e pretendendo estudar esse emaranhado de relações,
Gérard Genette conceitua a transtextualidade, descrevendo como os textos se relacionam
para compreendê-los em sua plenitude.
Segundo Genette, “a transtextualidade, ou transcendência textual do texto,
que definiria já, grosso modo, como “tudo que o coloca em relação, manifesta ou secreta
com outros textos””13. Desse modo, toda associação que uma escritura faz com outra, seja
de forma mais implícita ou explícita, desde uma simples alusão a um plágio, tudo que se
compreende como relação entre um texto e outro configura a transtextualidade,
possibilitando uma análise mais aprofundada de uma obra, buscando não apenas suas
características, sentidos, estrutura, etc., em si, porém como ela se interliga com outras
obras, e como esse elo expande um grau de interpretação, como uma obra se influencia
através de outras e o que essas influências acarretam.
Para compreender e estudar melhor a transtextualidade, que acaba se tornando
um conceito muito abrangente, Genette a destrinchou em cinco partes, para melhor
compreender esse fenômeno que constrói um texto, restringindo um campo de pesquisa
para um aprofundamento maior e mais adequado de um estudo. Essas partes são definidas
como as cinco categorias transtextuais, que segundo Genette, abrangem todos os tipos de
relações que um texto poderia manter com outro. As categorias são classificadas como
intertextualidade, paratextualidade, metatextualidade, hipertextualidade e
arquitextualidade.
A intertextualidade se caracteriza “como uma relação de co-presença entre
dois ou vários textos, isto é, essencialmente, e o mais frequentemente, como presença
efetiva de um texto em um outro”14. Nota-se a intertextualidade pela percepção de uma
12
BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. 37ª ed. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira,
2009, p. 329.
13
GENETTE, Gérard. Palimpsestos: a literatura de segunda mão. Trad. Luciene Guimarães e Maria
Antonieta Ramos Coutinho. Belo Horizonte: Faculdade de Letras, 2006, p. 7.
14
Ibid, 8.
7
obra no corpo de outra, fazendo uma alusão a outro texto, sejam sentidos, significados,
conjunto parecidos de enunciados ou ações, podendo compreender uma obra unicamente
ou em conjunto com outras que se interrelacionam, promovendo novas interpretações.
A segunda categoria transtextual diz respeito ao que
No conjunto formado por uma obra literária, o texto propriamente dito mantém
com o que se pode nomear simplesmente seu paratexto: título, subtítulo,
intertítulos, prefácios, posfácios, advertências, prólogos, etc.; notas marginais,
de rodapé, de fim de texto; epígrafes; ilustrações; errata, orelha, capa, e tantos
outros tipos de sinais acessórios, autógrafos ou alógrafos, que fornecem ao
texto um aparato (variável) e por vezes um comentário, oficial ou oficioso, do
qual o leitor, o mais purista e o menos vocacionado à erudição externa, nem
sempre pode dispor tão facilmente como desejaria e pretende 15.
Entendo por hipertextualidade toda relação que une um texto B (que chamarei
hipertexto) a um texto anterior A (que, naturalmente chamarei hipotexto) do
qual ele brota de uma forma que não é a do comentário. Como se vê na
metáfora – brota – e no uso da negativa, esta definição é bastante provisória.
Dizendo de outra forma, consideremos então uma noção geral de texto de
segunda mão [...] ou texto derivado de outro texto preexistente 17.
15
GENETTE, Gérard. Palimpsestos: a literatura de segunda mão. Trad. Luciene Guimarães e Maria
Antonieta Ramos Coutinho. Belo Horizonte: Faculdade de Letras, 2006, p. 9 e 10.
16
Ibid, 11.
17
GENETTE, Gérard. Palimpsestos: a literatura de segunda mão. Trad. Luciene Guimarães e Maria
Antonieta Ramos Coutinho. Belo Horizonte: Faculdade de Letras, 2006, p. 12 e 13.
8
Conceitua-se hipertextualidade como a construção de um texto que é derivado
de um anterior, de maneira que se necessita do conhecimento do texto primeiro,
hipertexto, para compreender o texto derivado, hipotexto. Pode ser uma simples citação
até uma transformação, de uma paráfrase até uma paródia, entretanto é clara a
manifestação de uma obra anterior, a “imitada” e a “imitativa”, é possível ter um
entendimento completo de um hipertexto por si só, mas para a compreensão do hipotexto
é, obrigatoriamente, necessário ler o texto do qual ele se deriva.
Conceituada como a forma mais abstrata e dificultosa de ser identificada, a
arquitextualidade trata “de uma relação completamente silenciosa, que, no máximo,
articula apenas uma menção paratextual [...]. Em todos os casos, o texto não é obrigado
a conhecer e por consequência declara, sua qualidade genérica” 18 . Muitas vezes o
próprio autor, não tem conhecimento que está referenciando um texto, tipos de discursos
ou enunciações, fazendo-o de forma inconsciente, tornando essa percepção mais difícil,
vista apenas por um olhar de um crítico, ou um estudioso da área, fazendo com que essas
relações se deem de forma sutil, aludindo a paratextualidade.
Conceituadas as categorias transtextuais, é importante destacar que elas não
estão isoladas umas das outras ou tratadas com diferentes graus de importância para se
analisar um texto, elas podem se convergir, aumentando a riqueza de informações
destinadas em uma obra, ou várias obras. Cabe salientar que todos os textos dialogam e
se relacionam com outros, sendo a transtextualidade uma importante ferramenta para
análise de textos e marca da literariedade de obras.
18
Ibid, p. 11.
9
fazendo com que cada discurso seja constituído de outros. O ato de ler um texto significa
a leitura de outros textos, o ato da compreensão implica a leitura de vários outros textos,
um sujeito (que conhece vários discursos no decorrer de sua vida) entra em contato com
um discurso, que é formado por vários discursos, produz outra significação e, assim vai
constituindo uma cadeia infinita de enunciados, os que chegam até ele e os que ele
enuncia19.
Toda forma de interação verbal é dialógica por excelência, um texto ao ser
proferido é construído por elementos que chegam a ele até seu momento de produção,
modificando seu sentindo após a evocação e o contato com outros sujeitos e discursos,
sendo influenciado e modificado por outros textos, interagindo entre si, e no momento
que é criado chega a outros sujeitos, interagindo também20.
Partindo desse pressuposto, Kristeva desenvolve sua teoria sobre a
intertextualidade, que se prende aos limites do texto, de acordo com a autora, “todo texto
se constrói como um mosaico de citações, todo texto é absorção e transformação de um
outro texto. Em lugar da noção de intersubjetividade, instala-se a de intertextualidade, e
a linguagem poética lê-se pelo menos como dupla”21. Volta-se um olhar específico para
essa relação que parece um pouco estrutural e mais passível de identificação, verifica-se
como é possível a relação de uma escritura com outra, como elas dialogam e se
relacionam, remontando-as, Kristeva trata então a relação mais estrita da presença de um
texto projetado em outro.
Nenhum texto nasce de forma isolada, sem negações ou afirmações de outros
textos, sendo visível certas influências, mais perceptíveis ainda na linguagem literária,
em que cada obra vai estabelecer uma relação com outra obra, outro autor, etc., onde cada
relação traz uma diferente percepção de determinado texto, agregando sentidos e
incorporando novas significações.
Funde-se, portanto, com aquele outro discurso (aquele outro livro), em relação
ao qual o escritor escreve seu próprio texto, de modo que o eixo horizontal
(sujeito-destinatário) e o eixo vertical (texto-contexto) coincidem para revelar
um fator maior: a palavra (o texto) é um cruzamento de palavras (de textos)
onde se lê, pelo menos, uma outra palavra (texto) 22.
19
BAKHTIN, Mikhail. Estética da Criação Verbal. São Paulo. Martins Fontes, 2003, p. 338.
20
Ibid, 340 e 341.
21
KRISTEVA, Julia. Introdução à semanálise. Trad. Lucia Helena França Ferraz, 3ª ed. Perspectiva, São
Paulo, 2012, p. 142.
22
KRISTEVA, Julia. Introdução à semanálise. Trad. Lucia Helena França Ferraz, 3ª ed. Perspectiva, São
Paulo, 2012, p. 141.
10
Assim, todas essas relações estabelecem uma conversa entre uma obra com
outros elementos a nível textual, o leitor que soma seus conhecimentos (os textos que já
o perpassaram) para compreender o texto literário, o qual muda de sentido conforme o
leitor agrega informações, seja intratextuais ou extratextuais. A obra, por sua vez, traz
textos que circundaram o autor, o que ele insere de percepções próprias e as que chegaram
até ele através de outros textos, ressaltando que essas relações acontecem entre cada um
desses elementos e entre obras em si, a única demarcação estabelecida à intertextualidade
é o limite do texto, sendo possível perceber a presença de outro, lendo-os.
“A ‘literatura’ nos parece hoje ser ato mesmo que aprende como língua
funciona e indica o que ela amanhã tem o poder de transformar”23. A medida que vão se
estabelecendo relações entre as obras, de maneira que se possam enxergar a menção de
outros textos, notam-se que as obras literárias não se esgotam, elas estabelecem uma
infinidade de interrelações, percebendo-as minimamente como duplas, de obras
anteriores ou que ainda vão surgir, sejam de diferentes épocas, idiomas, espaços
geográficos, etc. Ao analisar essas relações, agregam-se novas significações,
ocasionando uma riqueza interminável de análises possíveis à literatura.
23
Ibid, p. 1.
24
MOISÉS, Massaud. A literatura Portuguesa. São Paulo: Cultrix, 2008, p 280 a 282.
11
decadência. Ganha o epíteto decadente, para sugerir o novo gênero de poesia que os
permeavam, mais tarde o termo Decadentismo dá lugar ao novo termo Simbolismo, o
qual conhecemos hoje, graças a Verlaine com sua obra e Jean Moréas, pois,
Entre 1871-1873, Verlaine concebera sua “Arte Poética”, poema que só veio a
publicar-se em 1884, constituindo grande passo no estabelecimento da
doutrina simbolista [...] A 18 de setembro de 1886, Jean Moréas publica, no
Figaro Littéraire, “Un Manifeste Littéraire”, no qual define pela primeira vez
o que chama de Simbolismo, termo que agora passa a substituir o anterior,
Decadentismo, uma vez que este se revelara insuficiente para englobar todas
as manifestações desconexas da poesia então dita decadente 25.
25
MOISÉS, Massaud. A literatura Portuguesa. São Paulo: Cultrix, 2008, p. 281.
26
Ibid, 282.
12
inúmeras imagens simbólicas (marca registrada da estética), em que manifestavam
através do subjetivismo, o conhecimento ilógico e intuitivo da realidade, emprego
acentuado da sinestesia, uso de palavras inusitadas, culto ao místico etc., características
simbolistas fortes que influenciaram, em outros países, esta nova estética.
No Brasil, o Simbolismo se deu de forma influenciada (pela vertente
francesa), porém, aqui foi mais tímido e voltado para as realidades do país. Por conta da
forte influência parnasiana, o simbolismo encontrou no poeta e precursor da estética Cruz
e Sousa (conhecido como o Rimbaud negro), juntamente com Alphonsus de Guimarães
(considerado o Baudelaire místico), seus representantes. Cruz e Souza publica a primeira
obra simbolista brasileira, Missal de Broquéis, em 1893, no Rio de Janeiro, dando início
ao movimento simbolista e, influencia vários autores dessa nova geração como Alphonsus
de Guimarães que escreve Ismália, uma obra de grande relevância, pois envolve
fortemente o misticismo, a antítese, o caráter fúnebre, a melancolia, etc. 27.
Portanto, ao se tratar de simbolismo no Brasil, falar-se-á principalmente dos
poetas brasileiros, como Cruz e Sousa e Alphonsus de Guimarães, que deixaram uma
gama de obras ricas em detalhes e características do século XIX, em que se pode observar
o contexto histórico daquela época de um panorama simbolista, evidenciando o
inconformismo de uma sociedade que transitava de Colônia para República através de
suas poesias. Com isso, torna-se imprescindível o conhecimento de todas essas
características do movimento, assim como seu percurso histórico, para compreender de
que forma a obra Ismália foi escrita e ter uma melhor análise de sua estrutura enfatizada
nesse artigo.
27
NEJAR, Carlos. História da literatura brasileira: da Carta de Caminha aos contemporâneos. São Paulo:
Leya, 2011.
13
De acordo com Luyten, os primeiros relatos de uma literatura popular
surgiram no Ocidente, a partir do século XII
28
LUYTEN, Joseph M. O que é literatura popular. Editora Brasiliense. 1983, p. 16.
29
LUYTEN, Joseph M. O que é literatura popular. Editora Brasiliense. 1983, p. 16 e 17.
30
Ibid, 20.
14
se diz Amazônia, não se pode fugir às referências que conferem marcações de identidade
à região inteira”31 . Transmitindo os feitios da população amazônica, com um caráter
único da região, essa literatura tem uma forte ligação com a oralidade, dando-se um
grande espaço na Amazônia para a circulação de textos orais. Ressalta-se que os primeiros
relatos de uma literatura dessa região foram descritos pelos europeus durante a
colonização, os portugueses que primeiro chegaram ao lugar, descreveram a magnitude
da natureza e a selvageria dos índios em suas crônicas, transformando-os em escravos
para cultivarem e dominarem as riquezas do lugar32. Foram diversos povos e etnias que
povoaram a região amazônica, que contribuíram para uma rica diversidade literária que
existe atualmente, destacando-se a tradição oral, que perpassa por todos os lugares da
região, inclusive fora dela, e atinge todas as pessoas, desde o ribeirinho, o indígena, o
agricultor ao homem urbano, entretanto, esta tradição é mais fortemente desenvolvida
onde a tecnologia e a escrita não possuem tantos recursos, guardando na memória e
repassando através da fala suas tradições.
“No ambiente rural, especialmente ribeirinho, a cultura mantém sua
expressão mais tradicional, mais ligada à conservação dos valores decorrentes de sua
história. A cultura está mergulhada num ambiente onde predomina a transmissão
oralizada”33. Assim, de pai para filho, de geração em geração se vai transferindo saberes
e a cultura da região amazônica, onde homem e natureza se misturam e criam uma
originalidade típica do lugar, a natureza única e o ser humano convivem entre si e
transformam-se, porém é necessário ressaltar que nem só de florestas é formada a região,
que possui grandes centros urbanos nos quais dão uma inspiração diferente ao cidadão
amazônico.
31
TUPIASSÚ, Amarílis. Amazônia, das travessias Lusitanas à literatura de até agora. Dossiê Amazônia
brasileira. Revista Estudos Avançados: São Paulo Jan/Apr. 2005, s.p.
32
SOUZA, Márcio. Breve História da Amazônia. São Paulo: Marco Zero, 1994.
33
LOUREIRO, João de Jesus Paes. Cultura amazônica: uma poética do imaginário. Belém: Cejup, 1995,
p. 55.
34
LOUREIRO, João de Jesus Paes. Cultura amazônica: uma poética do imaginário. Belém: Cejup, 1995,
p. 60.
15
cenário repleto de rios e florestas, com uma grande biodiversidade da fauna e flora, com
espécies que só vivem nessa região. Dessa maneira, essa paisagem se torna cena para as
histórias contadas, na quais se misturam o cotidiano do indivíduo de quem mora no lugar
e a própria natureza, que se apresenta como deslumbrante, encantadora, e muitas vezes
mágica, tendo então a presença do fantástico como parte integrante do imaginário local,
sendo “a vacilação experimentada por um ser que não conhece mais que as leis naturais,
frente a um acontecimento aparentemente sobrenatural” 35, encarado como um vislumbre
da realidade, em que se há um questionamento de algo ser concebido como possível
dentro das leis naturais.
A partir da presença do fantástico dentro dos textos amazônicos, do
questionamento do real, há sua negação, nota-se a existência de elementos, seres e
acontecimentos místicos, adentrando outra classificação, em que ultrapassam as leis
físicas, químicas, biológicas, sendo “necessário admitir novas leis da natureza mediante
as quais o fenômeno pode ser explicado, entramos no gênero do maravilhoso” 36 .
Acontecimentos mágicos, irreais, permeiam a região amazônica, difundidos entre seus
contos e lendas, os quais os fenômenos naturais não conseguem abarcar, ultrapassando os
valores científicos, que não são suficientes para a compreensão dos eventos que
circundam rios e florestas contados e vividos pela população amazônida.
Existem, na região amazônica, inúmeros mitos e lendas maravilhosos,
advindos das culturas indígena, ribeirinha, agricultura, portuguesa, entre outras que
povoaram a região e miscigenaram não apenas uma etnia, mas o imaginário de todos que
lá habitam. “A Amazônia torna-se um fertilíssimo campo de germinação para as
produções do imaginário do homem, na fruição, no compartilhamento, na intervenção
ou na explicação simbólica de sua realidade”37. Assim, existe uma realidade imaginária
que admite novas leis físicas para os acontecimentos relatados, como elementos ou
acontecimentos sobrenaturais que permeiam a mente e a cultura da região.
Muitas são as lendas que circundam a região amazônica, transmitidas
oralmente, como a lenda do Boto cor de rosa, Mandioca, Vitória Régia 38, entre outras.
Tem-se o conceito de lenda como “fatos ocorridos ou não, geralmente com finalidades
35
TODOROV, Tzvetan. Introdução à literatura fantástica. São Paulo, Editora Perspectiva: 1970, p. 16.
36
Ibid, 24.
37
LOUREIRO, João de Jesus Paes. Cultura amazônica: uma poética do imaginário. Belém: Cejup, 1995,
p. 91.
38
Lendas encontradas em PEREIRA, Maria Antonieta. Lendas e Mitos do Brasil. Belo Horizonte: UFMG
Biblioteca Universitária, 2007.
16
educativas e de exemplo, contadas de pai para filho ou, então, por pessoas idosas com
certas habilidades para pequenos grupos”.39 Mesmo não sendo algo comprovado, elas
habitam a consciência da população, talvez duvidosas para quem é de fora da região, mas
que é aceita como verdade na mente dos amazônidas, pertencentes a sua memória,
constituindo a sua realidade e identidade.
A população amazônica crê em suas lendas, que faz parte de sua tradição,
confeccionando beleza aos ensinamentos transmitidos, “são verdades de crença coletiva,
são objetos estéticos legitimados socialmente, cujos significados reforçam a poetização
da cultura da qual são originados. A própria cultura Amazônica os legitima e os institui
enquanto fantasias aceitas como verdades” 40 . As lendas objetivam compreender a
realidade por meio de elementos místicos e simbólicos, origem de elementos, fenômenos
da natureza, etc., utilizando beleza e poesia para entender imagens do cotidiano, como
são repassadas oralmente é comum que elas ganhem ou troquem algumas
particularidades, mas nunca perdem sua essência.
Várias lendas têm origem indígena e através dos relatos orais acabam
difundindo-se, repassando a riqueza da cultura da região amazônica, como é o caso da
Lenda da Vitória Régia, de origem tupi, que se propagou pela Amazônia e é reconhecida
nacionalmente. Esta lenda narra a história de uma índia chamada Naiá, que queria
pertencer ao mundo celeste e se juntar a divindade indígena Jaci, simbolizada pela Lua,
representando sua religiosidade. De tanto correr atrás de Jaci, a índia se cansou e
adormeceu na margem de um igarapé, quando acordou se deparou com a imagem da lua
refletida nas águas, jogou-se ao seu encontro e morreu afogada, Jaci, compadecendo-se
de Naiá, transformou-a em uma planta (Vitória Régia), no lugar em que ela morreu,
abrindo sua flor apenas no luar41.
Na narrativa descrita acima, percebem-se elementos característicos da região
amazônica, ambientando o espaço caracterizado pela natureza única do lugar, tendo como
protagonistas a figura do índio e uma de suas divindades, Jaci (Lua), aparece também um
igarapé, um berço de água comum na região, e a própria vitória régia, planta aquática
nativa. Todos esses elementos figuram a narrativa em que se constata a presença do
maravilhoso, admitindo acontecimentos mágicos, indescritíveis pelas leis naturais, para
39
LOUREIRO, João de Jesus Paes. Cultura amazônica: uma poética do imaginário. Belém: Cejup, 1995,
p. 22.
40
Ibid, 85.
41
PEREIRA, Maria Antonieta. Lendas e Mitos do Brasil. Belo Horizonte: UFMG Biblioteca Universitária,
2007, p. 42 a 45.
17
explicar a criação de algo, no caso como um deus, da própria localidade e não advindo de
outras culturas, transformou o corpo de uma índia virgem, representando sua pureza, em
uma planta, que desabrocha uma flor branca nas águas de igarapés durante a noite com
um formato que lembra uma estrela, ou seja, a natureza desvendada pelo místico.
Coluna A Coluna B
42
Figura de linguagem que aproxima duas palavras opostas, criando-se um contraste para
enfatizar seus sentidos. BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. 37ª ed. Rio de Janeiro:
Editora Nova Fronteira, 2009, p. 327.
18
Linha Ismália Lenda da Vitória Régia
1
Quando Ismália enlouqueceu, Conta a lenda que uma bela índia
Pôs-se na torre a sonhar... chamada Naiá apaixonou-se por Jaci (a
Viu uma lua no céu, Lua), que brilhava no céu a iluminar as
Viu outra lua no mar. noites. Nos contos dos pajés e caciques,
Jaci que de quando em quando descia à
No sonho em que se perdeu, Terra para buscar alguma virgem e
Banhou-se toda em luar... transformá-la em estrela do céu para lhe
Queria subir ao céu, fazer companhia. Naiá, ouvindo aquilo,
Queria descer ao mar...43 quis também virar estrela para brilhar ao
lado de Jaci44.
43
GUIMARAENS, A. Melhores poemas de Alphonsus de Guimaraens / seleção de Alphonsus de
Guimaraens Filho. 4 ed. São Paulo: Global, 2001.
44
PEREIRA, Maria Antonieta. Lendas e Mitos do Brasil. Belo Horizonte: UFMG Biblioteca Universitária,
2007, p. 42 a 45.
45
CHEVALIER, JEAN; GHEERBRANT, Alain. Dicionário de Símbolos: (mitos, sonhos, costumes, gestos,
formas, figuras, cores, números). Trad. Vera da Costa e Silva. 7ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1993, p.
562.
46
Ibid, p. 565.
47
CHEVALIER, JEAN; GHEERBRANT, Alain. Dicionário de Símbolos: (mitos, sonhos, costumes, gestos,
formas, figuras, cores, números). Trad. Vera da Costa e Silva. 7ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1993, p.
560.
48
Ibid, 227.
19
divino e celestial, em contra partida “o mar simboliza um estado transitório entre as
possibilidades ainda informes as realidades configuradas, uma situação de
ambivalência, que é a de incerteza, de dúvida, de indecisão” 49, Ismália, ao se localizar
entre esses dois elementos fica dividida entre o mundo terreno e espiritual, refletidos pelas
águas do mar, em conformidade com o plano terreno, mas não pode possuir ambos ao
mesmo tempo.
Na narrativa da Vitória Régia, Naiá se apaixonou platonicamente, de forma
idealizada, pela Lua, que é um Deus indígena, representando a espiritualidade e a
religiosidade, como ser benevolente e protetor que livra os seres da obscuridade,
caracterizado pela sacralidade e pureza. A índia anseia estar junto com a divindade, mas
se reconhece em um grau inferior, não querendo se tornar uma Lua, mas se transformar
em uma estrela, pertencente ao plano celeste, começa a jornada da índia para concluir
seus objetivos. Naiá se mantém virgem, recusando casamento com todos os índios da
aldeia, não se entregando a relações carnais que a afastariam da pureza necessária para
estar com Jaci, alcançando, assim, o mundo espiritual. Nota-se como a Lua rege as duas
narrativas, Lenda da Vitória Régia e Ismália.
49
CHEVALIER, JEAN; GHEERBRANT, Alain. Dicionário de Símbolos: (mitos, sonhos, costumes, gestos,
formas, figuras, cores, números). Trad. Vera da Costa e Silva. 7ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1993, p.
592.
20
Coluna A Coluna B
50
GUIMARAENS, A. Melhores poemas de Alphonsus de Guimaraens / seleção de Alphonsus de
Guimaraens Filho. 4 ed. São Paulo: Global, 2001.
51
PEREIRA, Maria Antonieta. Lendas e Mitos do Brasil. Belo Horizonte: UFMG Biblioteca Universitária,
2007, p. 42 a 45.
52
CHEVALIER, JEAN; GHEERBRANT, Alain. Dicionário de Símbolos: (mitos, sonhos, costumes, gestos,
formas, figuras, cores, números). Trad. Vera da Costa e Silva. 7ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1993,
p. 31.
53
Ibid, 176.
21
anjos, “seres intermediários entre Deus e o mundo”54, possui asas e pode voar em direção
a Lua, como os homens no mito da Torre de Babel que pensavam que podiam ir em
direção ao celeste. A personagem se lança da torre e cai ao mar, morre afogada, sua morte
representa a libertação de seus anseios, que encontram o plano material, seu corpo no mar
em direção ao reflexo da Lua nas águas, e o plano espiritual, com a ascensão de sua alma,
em direção a Lua no céu.
Por sua vez, Naiá de tanto percorrer a floresta, não conseguindo sair do plano
terreno para ir a encontro de Jaci, fadiga-se, os esforços de sua vida não lhes são
suficientes, começa a definhar, porém não desiste de seus objetivos, mantendo sua
esperança. Em uma noite, a índia, muito cansada de sua rotina, adormece na beira de um
igarapé e quando acorda vê refletida nas águas a Lua, estando tão próxima a si e a seu
alcance, se joga no igarapé para ter seu encontro com Jaci, Naiá acaba morrendo afogada,
mais uma vez a morte por afogamento não é encarada como um fim trágico, mas de
liberdade e felicidade. A divindade Jaci, como ser misericordioso e benevolente,
compadece-se da índia e a transforma em uma estrela d’água, uma planta aquática, Vitória
Régia, em que sua flor desabrocha ao luar, assim o corpo da índia sofre uma metamorfose,
por um gesto maravilhoso, e mantém uma relação com o mundo espiritual, por sua ligação
com a Lua.
Apesar das obras serem escritas em contextos diferentes, elas abarcam um
teor simbólico semelhante, em ambas se tem um desejo de libertação das personagens
principais de tudo aquilo pertencente ao mundo material, para transcenderem a um mundo
espiritual, puro, virtuoso, de acordo com a religiosidade das protagonistas, permitindo-as
crerem no místico e sobrenatural como válvula de escape para as coisas mundanas e
carnais. O plano terreno é representado pelo mar/igarapé trazendo a imagem da Lua
refletida, Lua que representa a divindade e o espiritualismo. Mesmo ambientadas em
lugares diferentes, as obras conversam entre si, relacionam-se, fator explicado pela
transtextualidade e mais ainda a categoria intertextualidade, mostrando sua interface, em
constante diálogo de uma obra com a outra, projetando-as entre si. Ismália e Lenda da
Vitória Régia mantêm suas particularidades, bem como suas estruturas e características
próprias de seus lugares de produção e circulação, mas se convergem ao ponto de uma
narrativa remontar a outra, trazendo uma nova leitura para ambas.
54
CHEVALIER, JEAN; GHEERBRANT, Alain. Dicionário de Símbolos: (mitos, sonhos, costumes, gestos,
formas, figuras, cores, números). Trad. Vera da Costa e Silva. 7ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1993,
p. 60.
22
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
23
afogamento, libertando-as do plano material.
Destarte, como já citado, todos as pesquisas e estudos dos autores, culminam
na análise transtextual das obras Ismália e a Lenda da Vitória Régia, em que concentra-
se uma busca das percepções comparativistas, dentro do bojo das características
simbolistas e da literatura de expressão amazônica, as quais norteiam as duas produções
no que diz respeito aos elementos (símbolos), personagens, anseios, etc., evidenciando a
co-presença em ambas. Contribuindo e compartilhando as teorias aqui abordadas em
torno dos estudos de Literatura Comparada, este trabalho se torna uma fonte de
conhecimento e informação para futuros acadêmicos e todos que se sintam interessados
aos conteúdos apresentados.
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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CHEVALIER, JEAN; GHEERBRANT, Alain. Dicionário de Símbolos: (mitos, sonhos,
costumes, gestos, formas, figuras, cores, números). Trad. Vera da Costa e Silva. 7ª ed. Rio
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24
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Dossiê Amazônia brasileira. Revista Estudos Avançados: São Paulo Jan/Apr. 2005, s.p.
25