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Quando o camburao chega antes do SAMU*: Notas Sobre os Procedimentos Téenico-Operativos do Servico Social Tania MY Dahmer Pereira 1. Introdugiio Este texto estd voltado & discussio do processo técnico-operativo ut do pelo assistente social em um determinada context soctoinstinucion: ‘Trata-se de uma instituigio—um hospital de custédia e tratamento psiquiatri- eo ~ integrance do campo da execugdo penal, gerido no seu cotidiana dentro, da complexidade produzida pela intersegin de, polo menos, trés politicas ppilblicas ~ politica decorrente do Sistema de Justica Criminal (policias, uizo. Ministério Pablico, defensoris paibliea e sisterma penal), a politica penitenc rial @.8 polities de saside mental 2 Nio nos propomos a fazer neste texto a discussio expecifica das politicas piiblicas menciomadss, mis, a6 longo da discussio, levantaremos pontor importantes acerea delas, que tocam diretamente & intervengie profissional em uma determinada situagio trabalhada ~ a situagao de J. ebjete ihestrative de andlise dos procedimentas wenico-aperativas desenivalvicos, Alguns esclarecimentos, relatives 4 especificidade de que trata « sitwagio de J. sie importantes para melhor situare leitor. Ainda que-a disewssio se dete- nha na situagde de wma mulher imernada para cumprir uma das punigtes pre- ‘vistas no Cédigo Penal brasileiro ~ a medida de scguranga? ~ entendemos ser + SAMI ~ Secvigade Atendimenss Nivel de Urata sinculede & pollica macienal de side ‘Atsalmente tem 147 Servet Meedlsuenes adil de Urges es Bra staleands 1273 municipios sentos Ver shuspdfporal idee go be Aces ens O7/09°7009. 11 politi pemiienciria deve se rentar sibs preneoe da Lel de Execucio Resa (LED) = Ll ‘0°7 21WASSL prositnenis legs deeorrenies dos conrengbe internacional om fee0 mo t= ‘mente de pessoas press (ONU} « lgilages pdt conplomsorares3 LEP. 2A potica és sme ment! repoers lox pesnepiostmpitoe ma movismemo de cfirma pln ‘seco comida no Girl pa Li 107162901, Naentanen, asnalamos que € um peo ‘cmv ex cache, com tagibdades ndasinoguese veer a pltiea pablo que se relac> ‘na Go 4 ou Implaeuagio em um peried da fore jute fea) ho pal. Sobeo a decsre sociale sfraliagto dat pte cis nop Soares (2002). 3) Ro-dacuro oficit, « medida de sopszanga consta como una foema de aac pilitrico ‘cmpaleo,apicado pela ustiga cranial 0 rh qe, 20 emer eit, nk tena tia i= ‘Tonia ME Dehn Pein (sta discuss extensiva a auiteas Forthas de punicio previscas no Cédigo Penal, (Ou seja, pademos remeter-nos também 4 pena privativa de liberdade, aplicada 408 sujeitos iimpmtdveis ort aos que sto punidos com penas alternativas. Bestacamos que um texte eujo taco estoja nos pracedimentas tecnico ‘operativos no tem a possibilidade de tornar-se um manual. Essa octupagao ou pré-acupacie do-“came fazer” estd orientada, niocusta acentur, por todos os presmupostos éticos, tedricos, politicos de projeto profissional que-a categoria dos ansistontes socials vern consiruindo ao longo dos viltimos trinca anos, No dizer do Tamamoto (2008, p. 166), tal projeta significa que os assistentes soci ais latino-arnericanos acenaram a bandeira da esperanga — essa rebeldia que rejeita 0 éonfor- Mise ¢ a derrota ~ contradizende # cultura da indiferenca, do medo e da violéncia, comseguinda mantes a eapacidlade de indignagiaante odes- respeito aos direitos humanos, nde ve resignando & naturalinago das -esigualdads sociais. ‘© Lexa certamente esth atravessido pela emogio, pela indignagio pro- ‘vocada no-assistente social por esse contato humana intense, radical, oportu- nirado pela estreita convivéncia com o sofrimenco humane dos ustdrios, ‘oriunde das condiches materiaivafetivas produridas na contexta dae desigual- dades sociais da sociedad capitalista ‘Muito raramente. a literatura produzida no service social ee debruga sobre as consequéncias geradas pelas condigies de trabalho sobre a vida dos traballsadores do servign social, O contato ostreito, continusdo, com a produ- ‘20 das eequelas das expresses da “questa social" espethadas pelos wsusriog nos atinge imemediavelmente, a nic ser que jd tonhames banalizado o mal [- ARENDT, 200H} que aflige aos estranhos ¢ a nds mesmos, Ese nos "acostum, ‘mos, ou se um lia nos “acostuimarmos” ao desissorubro estampada pelas desi- gualdades, serd que ainda nos perguntaremos: vale persistir? Vale permane- darlene pare enter orl iia ofan coxmeid. 2 seu gundro de tare tran meatal en deservelremento menial lacornets. Tal condi & aaliada por plquiatras Peto fcenae por seiia¢30 do jis da vara ermal de tame @peoseses. A cenetagis i tle exisente coarew dla e estado de dena cs warde determina nerncighe de itp: ‘ubildadedo ru, rondo canbe abel he plied plo jeo unt eda detromemno te ola, ona ates ane, esas nr magda. 4) CF Lamamoto,"a questa socal spree engunive conju do exes das orale 4s socodade capalsta que cer ama rair comune a prodigies sacl ¢ cada vee res soci, emgqumio 3 prod dos seus predioy buetéa-se privads, eonepelieada por una parte sexlece” C0, 167) ae es ‘Gandow camburio chags aneerdo SAM: ina Sober oe Process Teena, persis do Servign Soca cer? Porque, por -veves, a repeticio do fazer rotineiro, acritico, nos acarreta sem que percelamos uma cegueira diante da divisdo hietdrquica e funcional 4a divisio do trabalho, data frogmentagao burocratica (BAUMAN, 1998) em «que estamos inseridos, Lembremas Arendt (2004), quando descreve o julgamento de Eichman, ce chamade “carrasca nazitra”. Hla relata que, diante dos que o inguitiam —jui- es e promatores publicos ~, ele dockrou-se um excelente, eficaz e ficl fun ciondrie péblico, que seguia estritamente a8 normas emanadas do governo a quem servia. Ele estranhava, no seu julgamerto, do por que respondia, entio, por alge considerado crime, s¢ antes, na candicao de fanciondtio, ers enalte- ido pelos seus chefes, pela sua competOncia no trabalho. Eiehman confessou que seu trabalho consistia em promover. implementar 0s meios necessirios, ou seja, 0 planejamenta ¢ execugio do transporte de judeus para os campos de concentragao, Na percepsio do réu quanto A sua atividade funcional, ele ape nas enfocava a parte que Ihe-cabia como respansabilidade denteo da enorme huroeracia governamental construida para realizar a limpeza étnica na Alemanha. A eegueira, portante, quanta 20s fins propostes ~ a limpeya dinica ~ impassibilitaya ao excelente funcionério puiblico enxergar a sua agio incer~ muedidtia, « organizagio do transporte caso Bichman pode mos sivalizar que as instituigties em que trabalhamos ‘operam com burocracias fragmentadas que possibilitam: a tal cegueira. Equivacadamente, por vezes, se entende que cada servigo, setor ou funcionitio, -contribui pars agilizar a parte que the cabe em um proceso burocrético maior cujos fins sio "ignorados” nie questionados, Dentro dessa especislizagio buro- critica, segnidamente sieralizam-se 08 mutios que na lingwagem do senso contum silo “privatizades”. & eomum cxvirmos: “a minha sei", “o meu relaéria", “as rminhas estatisticas”, “a nossa cast’, esta whim em referencia & instituigée! Camo assistentes sociais, por veres, corremos o rises de nos acostumar~ ‘mos coma execugso dos meios, em geral rTaduridas pelas procedimentos.téc- rrico-operatives tals como: as CaUREVIstas, 1s teunides, as visitas domiciliares © institucionais, a dacumentagio técnica, sem mais nos questionarmos « scrviga do que ¢ de quem estamos, por que e para que concarrenis Com. 0 massa conhecimento, Einteressance lembrar queum dia como estagiirias de Servico Social que fomos, certamente ao chegarnos a0 campo de estigio, o assiscente social que nos appresentou 6 trabalho realizado no servigo social mencionow rol de instrumentas como o cee de sua atuagio. Passados muitos anos de nossa farmagio de graduagio, ainda escutasnas 05 assistentes sociais buscando esclarecer de que Se ocupa 0 servigo social, mencionando as entrevistas, as 168 omis Mt Daher Perle reunides ¢ asim por diame. £ notério também que a redagto de atribuigdes do servigo social nas instituigies se refira a0 uso de tais instrumentos. O habito, a repetigko de acdes, a banalizaggo da ratina ~ todes sho aspec- tes que caracterizam 0 eotidiano (BARROCO, 2001) ¢ se constituem sobre valores e forjam noves valores que findam resisténcias © tensCes postas as ‘profissianais nos espacas socioinstitucionats, Na situagao- de |. em estudo-a seguir, esti bem claramence delineado que ‘hospital de custédia ¢ ratamento psiquistrico estd imerso em uma cultura pri- sional, cujas Garacteristicas remetem a conservacio da tradigie, do autoritaris- ‘mo ¢ da consequente su.bmissio, além da sacralizagie da hierarquia. Essa caleu~ "a acentua.com tntas fortes uma firma de estigmatizagdo peculiar, oliialicada por meio dos processas criminais € da repercussio dos atos dos usueirios nog meios de comunieagso, alimentados diutummamente pelo combate travado pela forgas policiais em relagio aos segmentos pauperizados vistos como perigasas. Exae processo politico-idealégico da ctiminalizagio da pobregs, em que ‘0 programas governamentais de segururia piblica s¢ entram no conerole, aprisionamento © eaterminio de supostos criminosos, adquire, para parte da populsgio: urbana, uma conotagio de eficicia c organizagSo por parte do govemo tanto do espago piblico quanto: do privado, $40 exemplanes as aries Senominadas por “Tolerncia Zero"S ¢ es programas atuais de “Cheque de ‘Ordem Urbana" Sem que camelés, papulagio de nis, dese mprogedos, sio-alvo dle recolhimento compulsdrio em abrigos publicos ow tim seu peeuenc:patei- monio de produtos 2 venda, aproendidos. Outros tances, por pequenos atas de bdaixo teor afensive, sdo presos, Como nos diz Wacquan (20014), 0 aprisiona- mento funciona como um agpirador social dos indesefiveds pela sociedads. Esse mecanismios cle controle ¢ repressio formam uma populacio prisio- pal erescente a0 longo dos ihtimos vinte anos produzindo no imaginirio social 4a necessidade de leis pemais mais rigorasas, de mocanismos exacerbados de punigSe ¢ disciplinamente lentro ¢ fora des muros das prisics. Na cultura prisional, acentua-se no imagindrio de seus participes-a dife- senelagio tadical entre homens © mulheres de bem ~ os agentes publices & homens ¢ mulheres criminosos, ainda que recenhecidamente em sofrimento de transtornos mentais, estes ihimos como representantes da “bandidagem”, de ume sociabilidade nefasta b convivéncia social, da deformagio de sua com- digo humana. Assim, essa cultura ¢ permeudla pelo preconceito, pela suspei- 5 Peg oman do pica de guinea (199 © Polite de sequrancn do governe menicipol de Eduardo Pees (2000-2012), 108 ‘Quando a camburdo chegaanies do SAM NotarSobce og Peocedimantos Taenico-Opsan vs da Servi Soc do constante de mio dupla expressa na espomtaneidade dos presos ~ “as poli- clas daqui podem fazer comigo[...". “aqui € eadeia, a senhora jé sabe como é° ~e na espontaneidade dos agentes piblicas ~ “aquela paciente ¢ pier que ani- mal", “vagabundo, sai dat”, ‘Esse cotidiano institucional 6 plasmado em uma cortelacéo de foreas em ‘isputa, Comoacentua Tamamoto (2008, p. 176), “a“questio social’ sendo desi~ guildade &, também rebeldia, pots os sujeltos sociais ao: vivenciarem as desi- squaldades, a elas também resistem e expressam.o sett inconformismo”, As expressées de incanfortismo nao raro-se revelam & opinise publica quando acorrem violentos motins nas prisbes braslleiras. em que a *medica~ ‘¢ao" utilizada nem sempre éa negociagio, mas confronta entve.os chamados * grupos de elite dla palicia” © as rebelados. No interlor dos hospitals de custé- dia, por yezes a volugio para o inconformismo se reporta ao uso da medicagio antipsicética, denominada no jargio hospitalar por "SOS", ow no melhar-esti- lo repressor, © usa dat “tranca, isto ¢, 0 isolamento por dias seguides dace) rebelde na sa eqla, Tem-se assim-um triplo confinamenter ¢ hospital confina para tratamento, o3 espagos destinados & ireulagier dentro do hospital slo delimitadas e, portant, confinam os pacientes internamente ¢ a “tranca” acaba por confind-Los mais wma vex ‘Ainda assim, a terminologia adotada oficialmente no cotidiana determi- hha que os internados no haspital de custédia no sejam chamaclos pelo subs- Lamtive “presofa)", mas pelo substantive “paciente”, terme corrente no ¢aihpa da sade, Ser paciente au preso conata a contradigao Rundante da inversegia {a politica criminal, da polities penitencidnia e da politica de sade meal, amparadas historicamonte pelas disciplinas do direito penal e da psiquistria, No Brasil, em 1921, Foi-criadho no Rio de Janeiro, emtae capital federal, o priv moire maniedmia judictrio, que vem concretizar como instituigao oficial esse novo tratamento aos loueos infratores E neste contexte sacioinstiturional que ratificamos 0 que nos diz Tamamara (2008, p, 176) nesta tensio entre produglo de desigualdade, da rebeldia ¢ da resis téncia cywe trabalham os assistentes sociais, situados nesse terreno movi- da pot interesses sociais distintos, os quai niko sio possiveis abstrair— ou deles fugit ~ porque tecem a trama da sociedade, Alls, 0 desafio posto pela rebeldia dos nossas usuairios ¢, & nosso ver, a possibilidade de no nos deixarmos cegar pela totina, pelo habite da repetigo. GE Dabs Boriza; Danna, 2068, 16 asia Me Datamet Peseicn ‘Toda rebeldia expressa ao mesmo tempo a fFagilidade do oprimida e sua zesis- téncia e clamor por exercer os seus direitos. Na sitmagio de J,, na rekao analisado-a seguir, o clamor por exercer 0 ddireito 8 liberdade ¢ ressténcia contra a opressia sSe-companheitos de sua tra- jet6ria nos quatro anos.em que cumpre medida de seguranca e, como veromos, pela sua vida afora, 2, Quando o camburio chega antes do SAMU; 0 relato da situago de J. Tniciamos; moste item, 0 relate da siuagia de J. para que a leinura subse- ‘quente possa fazer sentido quanta ao recarte realizado para discutir os proce~ -dimentes técnico-aperativos. J. masceu em 22 de abril de 1982. Ao referir-se 4 daca de nascimento, J. ‘sabe dizer sua idade e assinalar que nasceu no dia de descobriniento do Brasil Ecnegra, filha de-uma empregada doméstica analfabeta, mavadora da bal- xada fluminense: Do pai, se sabe © nome, mas tanta J. quanto sua mie nfo se referenclam @ ele como atin membro participe do niieleo familiar, J. mencin~ ‘sa mais das irmis, sendo que uma delas Lhe acompanhava pelas ruas do Rie de Janeito, onde ambas viviam desde quando tinham der ¢ onze anos. A mie de J, relata que, por precisar trabalhar e nfo ter quem tomasse a cuieade das filhas, © ji que elas teimavam em nia permanecer na escola, achou melhor encregi-las 20, entio, juizado de menores, Na visioda mie, uma instituigio de inteenagho poderia cuidar melhor cs suas evianga, J. relata com detalher a vids de outros meninos ¢-meninat mas ruas: a ago repressiva contumazda policia, a venda de balas ¢ doves nas ruas, as ami sades com moradores de rua mais velhos, tides como protetores ¢, também, chacina da Candelaria, episédio acorrida em 1993 em que eriangas ¢ adoles centes em situaeio de rua foram alvejados por policins. J foi uma das sobre- viventes e tinha 4 época onze anos de idade. Do-.que restou do significado Jembranga acerca da chacina, J. cita 05 nomes des arsigas que perdeu c ressal- ta,também, que ela teve a sorte de se salvar. Cita, exprestando afeto, a prote- Go de uma senhora “que cuidava dos meninos de rua ~ a Sra, A.— de quem sabe apenas o primeira nome. Nao se refere a essa senhora como uma das mmoraoras de rua, mas como alguém que oferecia atvidades e apoio para as criansas ¢ adolescentes em situacio de rua. ‘Quando fala de suas lembrangas de adoleseente e de jovem adulta, a nar- rativa remete Ss internagées em instinuigSo fechada fominina, utilizada pela, ‘enti; juizado de menores, lncalizada na Iha do Governador, beiero da cida- 108 (ses acumen egy antes do SAM ort Sona oc Procedlsseros Tee sko-Openat indo Seevgs Soak de do Rio de Janeizo. LA teria esrudado até a segunda série de ensino funda- ‘ema, Outtas lembrangas repetidas por |, foram as varias internagées no seior de emengéncia ne entie Hospital Pedro, na bairro de Engenho de Dentre no Rio de Janeiro. Ao sair das internagdes voltava &s Tuas ou 8 casa da ivé-materna, moradora de uma cornunidade em um morro Tocalizado proxi mo Aquele hospital, Consta no promtuirio médica de J, Hospital Pedro 11, remanescente daquelas internagdes, a diagnéstico de exquizofrenta e relato de alguma agres- sividede nos momentasde maior agitacdo nos surtos. No haspital de tratamen to e custédia, onde J, encontea-se internada, todos os registros formulados pelo psiqulatra quanto no -diagndstico remerem a “deficit intelecriva @ conse- quente alterage do Lmpalsc, Consta, nos assentamentos juridicos de J os antecedentes crinsinais rela tivasa um delito que teria sido cometido em 2042, actisada de “causar incén~ din expondo a petigo a vila, integridade fisica ou 0 patriménio de outrem’ ‘em edificio. publica au destinada a uso publica ou a obra de assisténcia serial cou cultura®, Pena: rechusio de trés a seis anos e multa.* Nese mesmo momen- zo em que foi autwada, também fo} enquadrada em desacato, oa seja.“desaca- tar funciondrie pablica no exercicio de sua fungia ou em raatbo dela". Pena: detengio de seis meses a dois anos ou multa,® Nesses doisdelitos, f. foi cande- nnada‘@ quatro anos de reslusiie em regime aberto. Em 31 de marso de 2005, J. foi presa prixima & Igneja da: Candelaria, no centvo da cidade do Rio de faneiro quando por ali vagava. Foi presa por ter ati~ ado uma pedra em un dnibus que pacsava, ow seja, enquadrada no art, 168, pardgrafo tinieo, 11 do Cédligo Penal: "Destmuir, invsilizar ow deteriorar coisa albeia, contra « patriménie da unig, estado, municipio, empresa concestio- nitria de servigos pablicos on sociedade-de economia mista,” Pena: detencia de um ano a seis meses ow mult, ‘No diver de |. “taquei uma pedra num Shibus que passava, pegou numa das janelas, mas no machuquei ninguém”. Ao comentar sua permanéncia mas ras o a dltima prisio, [.atribui a seu “estade de maluquice”. Explica que, por varias veues, “feava muito agitada ¢ precisava ser levada para @ Hospital Engenhe de Dentro, principalmente quando ni voma va os remédios”, Internada por determinagio judicial desde 27 de novemioro de 2006 no hospital de custédia o tratamonto psiquiditrico, |-recebew como sentenga cum prir um ano de medida de seguranga para teatamento. No-entanto, pela data @ Di respettos st: 280 pardgrafo primo, linea do Cdgn Pema Di expetiaan ar. SSlda Citgo Penel ‘Tonia 0 Dihase Pariea de prisio assinalada acima, J. viveu um ano ¢ oito meses em delogacies € easas de custédia fervininas, locais incompativels, legalmente, com sua sentenga & sem estaclo de smiide mental, Sua sentenca judicial s6 fot promulgada em 21 de julh de 2006, ita é, um ano e quatro meses apés sua pristo nas imediagbes da Tgreja da Candeliria. ‘Ao ser transferida para o hospital de custédia © tratamenta psiquidtrico, J. permanecet por mais dois anos e dex meses até sua efetiva desinternacto ‘transferéneia para uma pensio pablica e moadia assistida, integramces do “programa de moradias" da coordenagio de snide mental do governo munici- Bil da cidade do Rio de Janeiro, J, assinala nas suas falas que 0 juiz Ike decer- ‘inou um ano de internagdo emi sua sentenga e que, de verdade, cumpela rmuais de quatro anos de pristo « tratamento. Durante o tempo em que permaneced ne hospital de custédia e trata~ mento psiquidtrico, foi cantinuamente medicada com antipsicéticos, cuidada pela cnfermagem quanto 4 rotina de higiene pessoal, partécipau das oficinas de expressio artistica na terapia ecupacional e nas atividades teatrais do prajero “Teatro do Oprimico”.!° Atendida periodicamente pela psiquiatra e pela pai- ‘ciloga de: hospital," |, participava também. nos tltimos quatro meses antes de sertransferida para moradia assistida, de um grupo de pacientes desinternados © moradares do hospital, no aguardo de verem acathidos pela rede de sade mental piblica (servicos de residéncia terapéutica, morudias assitidas outros}. A assistence social participante da equipe de assisténcin de J. ora agéc~ nica de referéncia desta paciente, 12 J-eniow um vinculo efétivo cam a equipe técnica sssistente, A assistente social conheceu J. em julhe de 2008 quancla se inseriu come profissional da hospital. Inicialmente J. indagava constantemente 1 assistente social sobre a localizagio de sua farnilin, pois sabia que s6 seria desinternada pela Juiza caso Uvese um fimmiliar que se responsibilizasse pela sua desospitaligagio, Recortia, frequentemente, } assisuentesacial na sentidode saber quando reco- bravia a likerdade, na pergunta insistent: “quando vou embora?” 10 Metodelogia 4 oscenage-de vivincla don pariipex: ilinando eéeniene de chamado tent irom conmmuilog difvndida pelo teu tle Augusto Baa 11 fluo pect. com Sinancame to do Misia dy SiGe, vem tend esordemido pela (Tana Kats. Ta 5 dem projciogue woe a perl de odor ox pce interred nos bool se cua d0-Ri de Tassie, vind problenuatisara permatinela dss ajiion sab tpn ‘amento ¢ abi intvncte com WTO sores nslcionai do sstenen de stig criminal w dp pothica desaide eanal 12 Odlspostivo Técnico de Referéncla aparcee ae ution programas sideman natal Ver 2 tespeien argyle Taled (2007) 1 mando o amburio chega anaes do SAMU: ‘Natas Sree 9 Procedimentos Teeaino-Oparsires do Sertgn Sct Sempre que J. padia circular pelo hospitsl em diregiva una das salas de atividades, aproveitaya o momento junta a um dos profissionais da equipe assistente para dizer: “ew s6 taquel uma peda no Gntbus” e mostrava com qua- stra dedos da mio o néimera de anos que estava presa. A identificagso do hos- pital de custédia ¢ tratamento psiquidtricn come tum ésparo priskonal ¢ nto ‘como de tratamento acupava a espontinea manifestagde de J, Mais recente- mente, em visita institucional da assistente social acompanhada de J, & coor- dlenaglo de moradios, 20 ser perguntada pela equipe desta: “Entio J.,.como est ‘voce? J. responden com firmeza: "Lit onde estou ¢ cadeia. Se a gente desres- peita 0 funcionario, vai para "trana”. Eu quero vir para cé Jogo, 0 juiz ja mew stew a Liberdade!” “Aqui eu vous poder andar pelo jardim toda hora” Emi 19 de margo de 2009, J, foi desinternada em audiéneia judicial na vara de execugdes penaist na presenca da psicdloga represontance da equipe assisiente © reprevertantes cdo Ministério Piblico © da defensoria publica, Nesse momenta a psictloga reforgou junto & juiea a necessidade de encami~ ‘ibar A coordenagio de saide mental do municipio uma determinasiio de aco- Ihimento de J. j.qie 2 equipe assistente-do hospital vinha contatancie aquele- recurso institucional desde janveirs de 2009, Apés a desimternagae judicial, a ecpipe sssistente continuou os comtatos com a coordenagio de sade mental do municipio, 0 que resuleou na transfe~ 1éneia de |. para moradia assistida em setembro de 2009. 3, Notas sobre os procedimentos técnico-operatives de Servigo Social Pent alkernativas & situagfo de J. impli, como diz lamamoto (1992. p. 184), que o assistente social ultrapasse “os eritérios para além daqueles pro- ‘mulgados pela racionalidade da organizagto © burecracia, privilegiande sua conformidade como mavimento da historia [..." ‘A racionalidade da organizagio e sua burocracia se evidenciam pelos modes ¢ hibinos cotidianas de funcionamento de todes no espaco socioinsti- tueional: agentes pablicos € pacientes internndos, 7 Apdo a fxacdo ca sentenca judicial pelo juieo da vara eximinal onde tramitow « proceso crim we epeaeeenamnereenece earea Sere oe ee ce Sees aera ea in Tanta Matinee Pereisa ‘O que nos esté colocade aos sentidos quaide conhécomes inais de perto ‘1 baroctucia que implementa 2s politicas pilblieas enunciadas na intredugio deste texto: 6 que essa maquina pesida, lenta, que process: vidas humanas como a de J, corre em ritmo lenta, como se cate the fosse dado como alge ima- nente, como se no houvesse outras formas, uma facalidade inscua. |. presa @ autuada em um delito previsto no Cédigo Penal, poderia ter tide a oport- nidade de pagar mula em ve de ser press €480 tivesse recursos para tal. Sua Condligao: socinecondmica, sua condigie de pobreza “wornau-se uma pobreza sem destino, precisando ser isolada, neutralizada e destinulda de poder” (BAU- MAN, 2000}. Os recursos financeiros que possibilitariam evitar o aprisionas ‘mento-ndo fazer parte da histdria de vida de J..que ja viveu a guerra contra +o pabres iniimeras veres, ow, comodiaia Batista (2001), que a guerra coutra.a Pobreeal ¢ substitulda peta guerra contra ox pobres.!5 Essa guerra contea 05 pebres se efetiva no imaginirio da papulacio, “nia fabricagSa de medos tangiveis ¢ na construgio de um giguntesco sistema penal”, conforme Galeano (1999), ‘Temas, pois, uma politica de érimminalizagio em prontidse © uma irracio- nale efieaz politics de inclusis "ais avessas".!® mencignada por muitos, exer- scida polo sisterna de justiga criminal. J. como-vimos, passou por wilrias internagies em emergéncia psiquiitri- ‘sa, mas nao teve, na impossibilidade da familia acathé-ta, outro dispositive de politica publica de saulde mencal para the prestar a assisténcia devida, ‘Qaprisionamento exacerbaclo. docorrente da criminualinagierdo ato de J, paradenalmente, concur J, uma moradia assistida, programa recente da poli- tica de saiide mental, encetads ¢ em construcdo desde a promulgagia da Lei ‘le Satide Mental ~ Lei w? 10.216/2001 Annegoclagia da equipe assiscente de |, elo hospital coma rede de satide ‘mental ainda tropega em uma burncracia administrativo-financira que con- 1M Salemamess saccade de dessa gue aprecremmoe "prea! e ac"peibes”comapereen- ‘ees a uma éeceminpda bien socal ~aqueladestubda eos rts de petndacko =, coxnprese evo. ifecunciace de redo condaes de th o-tcige dessa clse, No tam de [aoe sede alpuém pertenceatca um segmsato dos mais paoperinaondewtra da prope cate eb Tasers 15 Para 0 sprofandamente da riag3o Ja pungdo cam + secidade captaline, ver Rusche © iccheiser (2004) 6 scape dose toute, realm 3 diacacky ste Os emits “inclu ou abe destacar que; no toe eaten, tele es suites eno eludes tt lose: vinculoempeepaicio, segaridado xia, wwbrantey de tercadsccupsdiy a met lias searadares de rux prevoce bss por alana ‘com gran os sem cin, abigail m (piano conte ehoga aon da SAM! ‘Nowe fare. Procelimemtos Téco tizou. A situagso-de sobrevivencia da mie, aliads & sa satide men- tal compromerida, indicou-nos que |., provavelmente, no teria possibilidade de-ser recobida, J. coneluit por si mesma que teriamos que encontrar outta altemnativa. Nessa entrevista, a mie de J. rou ‘xe a edpia da certidio de nascimento da paciente, « que facilitou, sobremodo,o trabalho posterior de retirada da documentagio de |. Entrevistas com representantes da coordenacae de satide mental do muniespia da cidade slo Rio de Janeiro. Contatess telef@nicos-¢ diss entrevistas se efetivaram até a tomada de decisio-por parte da rede de safide mental do municipio-em receber J., sendo que wambém receberam a decerminagio judicial da vara de enecugbes penais no sentido de incerir a paciente em alyaes dispositive da rede, Comunicagao via eletrOnica entre repreventantes da enordenagio de saide mental ¢ 4 assistonte social para weiculagio das informa- des pertinentes i transferéncia da paciente. Visita instinacional:-ent agoste de 2009, J, a aesisvente:social, a exta sidria de psicologia e a psicdloga foram aprescmtar J. equipe di “coardenagdode moradias". Essa visita também teve 0 objetivo de |. conhecet 0 local de moradia que estava sende planejado, assim come percebermos sua reagSa. J. interagiu de forma intensa com a nova equipe, converson com outeos UslliTies, reconheceu © lugar fisica onde antes existia. Hospital Pesiro Ul e folou de lembrangax ido lugar quando era internada no xetor de emergéncias. ‘Observagio: pudemos observar J. em-vérios momentos ~ nas ativi- tdades de desconteacio como quando ensaiava no teatro, na oficina ide epressio, no encontro com 2 mic, no encontro com a Sri, Ax. nna relacio didria com outros(as) usuérios(as) na hospital, nas ativi- in ‘Tania NM Duboner Prseara dades de higiene pessoal (J. gastava de cwidar do cabelo ¢ de maqular-se}, nos momentos de conflita na instituigao— 0 que nos Pertnitit entender certas reagées de J. disnee dos impasses de sua desinternagio, assins como as dificuldades de natureza intelectiva que apresentava, Em muitos momemias falava,com firmeza. do seu “direito& liberdade”, bem comoentendia que era um direito seu ter wim bolo de aniversario, + Registros: a sistematizagio da presente situagio de J. foi possivel luma vez que todas as agdes desenvolvidas foram ubjexo de registro ‘ho prontudrie Gnion da pactente, assim como no denorainado livre de ocomincias de servigo social. O registra em promt sempre antocedido por data, ora mais sucinte, ora mais descritivo, possibi- Vitou organizar as informagdes, soclalizd-lis a0sdemais membros da equipe assisteare, dentro de um eontrate de sigilo entre seus mem= ‘bros. Qs registros foram fundamentals; também, para produg3o-de dois relaudrios que instrufram a solieitacia de desinternaca de |. & vara de execugdes penais e a salicitagao de transferéneia junto & rode de sate mental do municipio. Os rogistras se Fundamentals para que se disponha no futuro de “memsria” da agio descnvol dia, se constiua possibilidade de porquisa pars cstudiowas da tem ca em questio. & importance ressaltar que alguns dados foram intencionalmente omitidos © registro em promuério, principal- mente os que se referiam a conflicos com agentes pdblicos, Visamoa assim assegurar que J. fosse poupida, caso houvese violagio do proc taaria, Delxamos claro que a escolha dos instrumentos ¢ realizada com base no onlhecimento jd sistematizadlo acerca do espago socioinstituetonal. das polti- cas piblicas, das relagGes sociais decotrentes do moda de producio e reprodu- sae capitalistas. Diamte disso, tragamos os objerives profissionais eleitos. Ox instrumentos ios possibilitam apreender a situacio de J. refletir sobre o con- tetide apreendido wendo por base 0 roferencial teérico-mctodoldgic, ético politioo que thes dio sentide ¢ diregao, 4, Consideragées finais A situagio de J., trazida neste texto, condenss, a nosso ver, diforentes sequelas. da “questio social” e nos aponta J. como um “objeto huracritico” (BAUMAN, 1988), do qual se retira sua humanidade, A: vida de J, ceamnita, i ‘Quomds o-cabsbo chegaames da SARK ‘Nees Sabre on Provadineaton TécsicosOpertivon do Servigo Social desde cero, emice os nevesos da isérla material ¢ afétiva dos segments pat perizados ¢ se abrign na instirucionalizagéo de aparate juridico do- antigo Gédigo de Menores, extinte em 1990. ‘A erianga |. evade-se da institnigo piblica de internamento e, 203 orze ‘ana, aa Jado de sua irma. ganha as fuas € junto delas as mrocidades vincula~ das i sobeevivencia fisica e emocional, O aparato da politica de seguranca pblica invade @ espaco externo da Igreja da Candeliria: poucos se salvar. J. um deles, O camburo simboliza o sujeito coletivo mais vigoroso, mais impe- sativo diante de corpos infantis ¢ adolescentes [rigeis ¢ desprovegidos. ‘AsSra. A. ropresentante de uma organizagio civil. é a referéneia de aco- Jhimento, de acsisténcia bs criangas. Qual o significado dessa Sra. diane do camburio edo SAMU? Ju arometida de um transtorno mental ~ esquizofrenta ~. que se delineia ina adolescSncia, tem reagies, ter conspartamentos condizentes.com sua pate= logia psiquica. Vista como rebelde, recebe como “meclicagio” aos delios cometidos em 2002, quando tinha inte anos de idade, cmatro anos de pena privaciva de liberdado, Ein 2005, ¢ oficiatmente reconbectela pelos ps como portadora de tratstorno mental, tendo 0 deli um elo com o estado de (no) lucidez © (nfo) discernimento de J. Mais wina vez, 0 camburio esta a pos- tos, A penalizacto uhrapassi em (r¢s anos e oite meses b sentenga oficial do Juz0, du seja, men ano de cumprimento de medida de seguraga J. tem muitos parentes consanguineos: alguns tantos vivendo stas ruas, em seguidas geraghes da mesma familia. ‘Desconstruir este imaginario de quea familia deve arcar-com os tributos de suas diflealdades rmateriais ¢ afetivas internas, ¢ imprescindivel. AS teias familiares se eagarcam atribuladas por toda sorte de violagdes. Violagées que nite sto tipificadas come delios, tais como aqueles atribuidos a J.. pois si0 riundas da propria desresponsabilizacio dos gestores de politicas puiblicns lace is condigdes praducidas pelas desigualdades sociais, inerentes 4 ldgica de funcionamento de uma sociedade capitulista periférica. Os procedimencas sécnico-operatives aqui analisados ganham sustenta~ ‘sao 0 visibilidade e ‘icejam emt sola fectindo quanela regasos pela capacicagio profissional, pelo compromisto profisslomal, pelo reconhecimento da liberda de camo valor étice-central, pola defesaintransigente dos direitos humanos. Na diregao étiec-politica assinalada, © trabalho da equipe técnica assis~ rente permite esperar (de esperanga!) — sem apacsivar-re ~ e criar estratégias ‘que possam contribuir para a inversiofquestionamento da Ligiea inicialmente anuncinda para “quando o SAMU chega antes do camburio’. ‘Takia Me Duet Pencica Referéncias Bibliogrificas ARENDT, H. Bichinawa em Jerasatém — um relaio sobre a hanafidade do mat, Sto Pauley Companhia das Letras, 2004, AURELIO. Diclonfrio Aurdlio, Versto Eletebnica Positive 5.0. 2009. BARROCO, ML Etica e Servigo Social ~ Fundamentos Onwwhigicas. Si Paulo: Corez, 2001 BATISTA, V. M. 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