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92 Direito do Contencioso Administrativo Angolano

-Pressupostos absolutos (ou de ordem pública) são os de conhe- bunal competente, ante
cimento oficioso; e os pressupostos relativos, cuja relevância artigo 20. o do Decreto
depende, por vezes, da invocação das partes e cuja falta poderá, em Direito Processual Ci\·
certas circunstâncias, ser suprida ou mostrar-se irrelevante; Justiça (Lei n. 0 18/8 .
-Uma outra distinção é a que agrupa os pressupostos conforme Assim, para e ta
sejam relativos ao tribunal, às partes ou ao processo, que corres- conjugar o artigo 6.0 dl
ponde à arrumação que utilizaremos na nossa exposição. 17.1 e 18.0 da Lei 2/94
O Tribunal Supre1
da Lei 18/88, de 31 d
11.1.1. Pressupostos relativos ao tribunal estar-se a questionar a
termos, os Tribunai Pl
vas províncias (artigo I
11.1.2. Competência do Tribunal
A competência e1
O artigo 15.0 da Lei
I. O único pressuposto processual relativo ao tribunal é o da sua contencioso, não ob ta
competência. Refere-se a competência do tribunal como condição do exer- do Processo Civil.
cício da função jurisdicional; por isso, é o primeiro dos pressupostos pro-
cessuais que deve ser verificado. II. Tudo quanto I
Neste caso, a primeira condição de interposição é que o tribunal seja em razão da matéria.
competente. A incompetência do tribunal dá lugar à rejeição do recurso. porquanto determinam
A competência do tribunal, pelo facto de ser de ordem pública, é de e Administrativo do
l
conhecimento oficioso, ao abrigo do artigo 19.0 do CPA: ainda que as par- trativo do Tribunal Pr
tes não aleguem a incompetência nos respectivos articulados, o próprio tri- interpor um recur o
bunal deve suscitá-la, por dever de ofício. identicamente, ba ilar
A lei processual administrativa angolana tem em conta, somente, a administrativos. Portar
competência material ou em razão da matéria (artigo 19.0 ), nos termos da suposto processual. a
qual se devem chamar ao confronto os artigos 17.o e 18.o da Lei 2/94, que medida em que são ele
estabelecem os mecanismos de interposição dos recursos na Sala e na contratos. Na verdade
Câmara do Cível e Administrativo. Significa isto que, em Angola, para se Janeiro, determinam q
apreciar a invalidade do acto do poder administrativo, a competência é afe-
rida em função dos artigos 17.o e 18.o da Lei 2/94 e, com base neles, ver À Sala do Cí ele
se o acto é praticado por um órgão cujo recurso é interposto perante o Tri- - dos recurso do
bunal Supremo ou por um órgão àe que caiba recurso contencioso para o do Estado, abai
Tribunal Provincial. Ainda assim, quando se fala em competência do tri- vas de direito p1
bunal, também se fala em competência territorial, em competência em de âmbito local:
razão da hierarquia e em competência em razão do valor, tanto assim é - das acções deri1
que, no caso de ser declarado incompetente o tribunal, em razão do terri- brados pelos óq
tório ou da hierarquia, pode a parte vir requerer a remessa dos autos ao tri- - de outros recur
Parte 1/l
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bunal competente , antes do trânsito em julgado da decisão, nos termos do


m artigo 20.o do Decreto-Lei 4-A/96. Para estes casos valem as regras do
Direito Processual Civil, designadamente , a Lei do Sistema Unificado de
0

e Justiça (Lei n. 18/88, de 31 de Dezembro) .


Assim, para estabelecermos a competência hierárquica , devemos
conjugar
0
o artigo 6.o da Lei n. o 18/88, de 31 de Dezembro, com os artigos
17. e 18.0 da Lei 2/94.
O Tribunal Supremo tem jurisdição sobre todo o território (artigo 7. o
da Lei I 8/88, de 31 de Dezembro), sendo, por conseguinte, irrelevante
estar-se a questionar a competência em razão do território. Nos mesmos
terrnos, os Tribunais Provinciais têm jurisdição no território das respecti-
vas províncias (artigo 8. o da mesma lei).
A competência em razão do valor diz re peito ao ,·alor da
O artigo 15.o da Lei 2/94 prevê regras obre o ·alor
contencioso, não obstante a alçada eja de e .......'""'-'= atert ·ooo
do Processo Civil.

II. Tudo quanto foi dito intere a mar à ,.,.,,..,,..._.,. ,


em razão da matéria, aferida nos terrnos do j á eirado
porquanto determinam as balizas das competências da Câmara do C
e Administrativo do Tribunal Supremo e da Sala do Cível e Admini -
trativo do Tribunal Provincial. A partir daí, já se saberá onde se deve
interpor um recurso contencioso quanto a um acto. Estes artigos são,
identicamente , basilares para apreciação das acções sobre contratos
administrativos. Portanto, servem de igual modo para apreciação do pres-
suposto processual , a propósito das acções derivadas dos contratos , na
medida em que são eles que dizem onde se deve interpor a acção sobre
contratos. Na verdade , os artigos 17.0 e 18.o da Lei 2/94, de 14 de
Janeiro, determinam que:
r
À Sala do Cível e Administrativo compete conhecer:

-dos recursos dos actos administrativos dos órgãos locais do poder


do Estado, abaixo do Governador Provincial, das pessoas colecti-
vas de direito público e das empresa s gestoras de serviços públicos
de âmbito local;
- das acções derivadas de contratos de natureza administrativa cele-
brados pelos órgãos e organismos referidos na alínea anterior;
- de outros recursos e acções que lhe sejam cometidos por lei .
94 Direito do Contencioso Administrativo Angolan o

À Câmara do Cível e Administrativo compete conhecer: Deste modo, partes ãc


rida, através da acção. :
-dos recursos dos actos administrativos dos membros do Governo ,
À pessoa que req u
dos governadores e das pessoas colectivas de direito público de
rida a providência judie
âmbito nacional; ou requerente. À pes o;
-das acções derivadas de contratos de natureza administrativa, cele-
0
é requerida chama-se n
brados pelos órgãos e organismos referidos no artigo 1. ;
A personalidade j
- dos outros recursos e acções que lhe sejam cometidos por lei.
jurídica, nos termos do
Administração é aquilal
Ao Plenário do Tribunal Supremo compete conhecer: 0
15. , 16.0 e 17.0/l , todo
- dos recursos dos acordos proferidos pela Câmara do Cível e Admi- têm personalidade judi
nistrativo em 1• instância; da Administração Públij
- dos actos administrativos do Presidente da República, da Assem- tivos, mas que praticarr
bleia Nacional, do Governo, do Chefe do Governo e do Presidente máximos de órgãos das
do Tribunal Supremo.
11.2.2. A capacit:b
Quanto aos actos dos titulares dos órgãos de soberania, o Plenário
funciona como tribunal de primeira e única instância. A capacidade judi
A solução legal do funcionamento do Plenário como tribunal de si em juízo»; trata- e d
única instância é discutível, porque os actos dos titulares de órgãos de personalidade judic iári ·
soberania, uma vez decididos em Plenário transitam em julgado, afas- tência de restriçõe s à c
tando-se qualquer recurso jurisdicional da decisão judicial tomada em Ple- dos menores, interdito
nário. Há, manifestamente, uma limitação ao princípio da protecção juris- Quanto à capacicb
dicional e das garantias processuais, porquanto das decisões dos tribunais função da competênc i...
cabe recurso para os tribunais superiores . competência pode re u
especificamente para
nistro respectivo; mas •
11.2. Pressupostos processuais relativos às partes vinculação em juí zo -
Administração (artigo S
11.2.1. Personalidade judiciária
11.2.3. Patro cínio
Um dos primeiros pressupostos processuais, numa visão teleológica
da relação jurisdicional concernente às partes, é a personalidade judiciária. Se, no proces so ci
A personalidade judiciária consiste na possibilidade de requerer ou de con- do C.P.C, no conten j
tra si ser requerida, em nome próprio , qualquer das providências de tutela
jurisdicional previstas na lei (artigo 5. a do CPC). A personalidade judiciá- 87 Cfr. ANT UNES V -\RE
ria é uma aptidão genérica de demandar ou ser demandado no processo. cesso Civil, Coimbra. 2• Edi

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