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FUNDAÇÕES – TIPOS E EQUIPAMENTOS

1. FUNDAÇÕES

Antes de iniciar as fundaçõesde uma construção, é necessário fazer uma


analise do solo. Essa analise pode ser feita através de pesquisa com base nos
dados de outras construções vizinhas, ou pela sondagem do terreno sobre o qual
ela será erguida. A sondagem, uma espécie de radiografia do terreno, identifica
as camadas do solo e sua resistência, além de detectar a presença do lençol
freático (água), informações fundamentais para que o calculista projete
adequadamente as fundações.
Fundações são os elementos estruturais com a função de transmitir as
cargas da estrutura ao terreno onde ela se apoia (AZEREDO, 1988). Assim, as
fundações devem terresistência adequada para suportar as tensões causadas
pelos esforços solicitantes. Além disso, o solo necessita de resistência e rigidez
apropriadas para não sofrer ruptura e não apresentar deformações exageradas ou
diferenciais.
Um dos primeiros cuidados de um projetista de fundações deve ser o
emprego da terminologia correta. As fundações são convencionalmente
separadas em dois grandes grupos:
Fundações superficiais (ou “diretas” ou rasas);
Fundações profundas (indiretas)
A distinção entre estes dois tipos é feita segundo o critério (arbitrário) de
que uma fundação profunda é aquela cujo mecanismo de ruptura de base não
surgisse na superfície do terreno. Como os mecanismos de ruptura de base
atingem, acima dela, tipicamente duas vezes sua menor dimensão, a norma NBR
6122 determinou que fundaçõesprofundas sejam aquelas cujas bases estão
implantadas a uma profundidade superior a duas vezes sua menor dimensão, e a
pelo menos 3 m de profundidade.
Para se escolher a fundação mais adequada, deve-se conhecer os
esforços atuantes sobre a edificação, as características do solo e dos elementos
estruturais que formam as fundações. Assim, analisa-se a possibilidade de utilizar
os vários tipos de fundação, em ordem crescente de complexidade e custos
(WOLLE, 1993). Fundações bem projetadas correspondem de 3% a 10% do custo
total do edifício; porém, se forem mal concebidas e mal projetadas, podem atingir
5 a 10 vezes o custo da fundação mais apropriada para o caso (BRITO, 1987).

2. FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS OU RASAS (DIRETAS)

As fundações superficiais são executadas em pequenas profundidades (ou


mesmo superficialmente) e transmitem a carga da estrutura ao terreno através de
sua base. Segundo Terzaghi (1945) fundação superficial é aquela cuja
profundidade de contato a partir da superfície do terreno é menor ou igual a
menor dimensão (largura) da fundação.

H < 2B

Onde: H é a profundidade de contato a partir da superfície.

2B é duas vezes a menor dimensão.

2.1. BLOCOS

São elementos de fundações rasas, dimensionado de modo a que as


tensões de tração nele produzidas podem ser resistidas pelo material de
composição (concreto ou alvenaria), sem a necessidade de armação. Pode ter as
faces verticais, inclinadas ou escalonadas.

2.1.1 Alicerces

Os alicerces na generalidade dos casos são executados de forma contínua,


sob a linha de paredes de uma edificação, utilizando-se:
a) Sistema de alvenaria de tijolos maciços, em bloco simples ou
escalonado;

b) Sistema de pedras argamassadas sobre lastro de concreto simples.

c) Sistema de alvenaria sobre lajes de concreto armado(sistema misto).

2.2. SAPATAS
São elementos de fundações superficiais de concreto armado,
dimensionado de modo que as tensões de tração nele resultantes sejam
resistidas por armadura especialmente disposta para este fim (por isso as sapatas
têm menor altura que os blocos).
De acordo com a NBR 6122:1996, que trata de projeto e execução de
fundações - atualmente em processo de revisão -, uma sapata não deve ter
dimensão mínima inferior a 60 cm. Outra recomendação é que se observe o
desnível entre sapatas próximas. A sapata em cota mais baixa deve ser sempre
executada antes das demais.Além disso, é importante que seja respeitado um
distanciamento entre cotas de acordo com a resistência do solo.
Da mesma forma, a garantia de que a umidade do solo não atacará a armadura
da sapata é fundamental para a segurança da edificação a ser construída. Por
isso, logo após a escavação do solo deve ser feito um lastro de 5 cm de concreto
magro, ocupando toda a área sobre a qual será assentada a sapata.

2.2.1. Sapata Corrida

São as sapatas sujeitas à ação de uma carga distribuída linearmente ou de


pilares em um mesmo alinhamento (às vezes chamada de baldrame ou de viga
de fundação).
2.2.2. Sapata Associada

É a sapata comum a mais de um pilar, sendo também chamada


sapatacombinada ou conjunta. Transmitem ações de dois ou mais pilares e é
utilizada comoalternativa quando a distância entre duas ou mais sapatas é
pequena.

2.3. Glelha

É um elemento de fundação constituído por um conjunto de vigas que se


cruzam nos pilares (tipo não citado na norma NBR 6122/2010).
2.4. Radier

A fundação em radier é constituída por um único elemento de fundação


com uma distribuição de carga tipicamente superficial. O radier é uma laje de
concreto armado, que distribui a carga total da edificação uniformemente pela
área de contato. É usado de forma econômica quando as cargas são pequenas e
a resistência do terreno é baixa, sendo uma boa opção para que não seja usada a
solução de fundação profunda.
3. FUNDAÇÕES PROFUNDAS (INDIRETAS)

As fundações profundas são executadas em maiores profundidades (é


quando a profundidade, em relação ao terreno adjacente é superior em face da
maior dimensão da área total da fundação).
O elemento da fundação transmite a carga ao terreno pela base
(resistência de ponta), por sua superfície lateral (resistência de atrito do fuste) ou
ainda por uma combinação das duas.
As fundações profundas, são divididas em três grupos: estacas, tubulão e
caixão.

3.1. ESTACAS

As estacas são elementos de fundação profunda, executado por


ferramentas ou equipamentos, execução essa que pode ser por cravação ou
escavação, ou ainda, mista.
São elementos estruturais esbeltos que, são cravadas (pré-fabricadas) ou
confeccionadas no canteiro (in loco), tem a finalidade de transmitir cargas aos
solos, seja pela resistência de sua ponta ou pela resistência de fuste ou ainda por
umacombinação das duas. Se a estaca resiste aos esforços axiais decompressão
apenas pelo atrito lateral ele se denomina, estacaflutuante, se a resistência for
pela ponta chamamos de estaca carregada na ponta.
3.1.1. ESTACAS PRÉ-MOLDADAS

As estacas pré-moldadas de concreto podem ser constituídas de concreto


armado maciço ou vazado e se caracterizam por serem cravadas no terreno por
percussão, prensagem ou vibração e fazem parte do grupo denominado “Estacas
de deslocamento”.
Dependendo do tipo de terreno as estacas pré-moldadas podem ser
constituídas por um único tipo de elemento estrutural ou associação de dois
elementos (concreto e madeira; concreto e metálica; concreto e estava tipo raiz).
É muito utilizada a execução de estacas pré-moldadas de concreto com
ponta metálica para permitir a cravação em argilas médias e duras.
Quando temos solo de baixa resistência apoiada em rocha inclinada, uma
solução muito aplicada é cravar uma estaca pré-moldada de concreto vazada até
a rocha e por dentro da estaca executar uma estaca tipo raiz, engastada na
rocha.
A cravação da estaca pré-moldada de concreto pode ser por percussão,
prensagem ou vibração. A escolha do equipamento é feito de acordo com o tipo e
as dimensões da estaca, característica do solo, condições de vizinhança,
característica de projeto e peculiaridade do local.
3.1.2. ESTACASMETALICAS

As Estacas Metálicas são utilizadas nas obras de fundações profundas,


consiste no fornecimento e cravação, devidamente dimensionados para as
seções das estacas e profundidade a serem atingidas no projeto de fundações.

São constituídas por perfis laminados ou soldados, simples ou múltiplos,


devem resistir à corrosão pela própria natureza do aço ou por tratamento
adequado. Caso seja necessário, podem ser emendadas, mas as emendas deve
resistir a todas solicitações que possam ocorrer durante o manuseio, a cravação e
o trabalho da estaca.

O equipamento de cravação será dimensionado de forma que consiga levar


a estaca a encontrar uma resistência de ponta a sua penetração, oferecida pelo
solo, indicando a presença de camada resistente para o seu apoio, mas sem
acarretar danos ao perfil. O equipamento é o Bate Estaca, sendo constituído por
torre, base e martelo.

Sua principal vantagem está no fato de se prestar a cravação em quase


todos os tipos de solo, permitindo uma fácil cravação, com baixa vibração e uma
grande capacidade de carga, muito utilizada para contenções com perfil
pranchado, sendo esta, uma solução muito econômica e ideal para execução de
subsolos.
3.1.3. ESTACAS DE MADEIRA

As estacas de madeira, são troncos de árvores cravados com bate-estacas


de pequenas dimensões e martelos leves. Antes da difusão da utilização do
concreto, elas eram empregadas quando a camada de apoio às fundações se
encontrava em profundidades grandes. Para sua utilização, é necessário que elas
fiquem totalmente abaixo d’agua; o nível d’agua não pode variar ao longo de sua
vida útil.Utilizam-se estacas de madeira para execução de obras provisórias,
principalmente em pontes.
Vantagens: fácil emenda; resiste a cravação e transporte; fácil corte; são
leves comparadas com outros materiais; durável sob o nível d’agua.
Desvantagens: difícil de obter em certas regiões, atacável por micro-
organismos; aplicável somente para solos submersos em obras permanentes;
quando cravadas através de solos moles ou água para atingir um estrato firme
estão sujeitas a romperem sem ser visível o dano; não admitem carga de trabalho
elevada; vulnerável a deterioração quando não tratada em situação submersa
intermitentemente; vulnerável a danos em cravação difícil.

3.1.4. ESTACA STRAUSS

É um tipo de fundação que se caracteriza por ser moldada no local após


perfuração do solo. Estas estacas foram desenvolvidas com o objetivo de
substituir as estacas pré-moldadas que produzem forte vibração e ruído ao serem
cravadas no solo. Na Europa e Estados Unidos, a estaca Strauss for largamente
utilizada desde o início do século e se tornou mais popular no Brasil apenas
depois da Segunda Guerra Mundial.
O equipamento para a colocação da estaca Strauss é conhecido como
bate-estaca Strauss e consiste basicamente de um guincho, um tripé com uma
roldana fixada no topo, tubos guia, pilão e sonda.
O guincho através de um cabo de aço, movimenta verticalmente o martelo
ou sonda, que através de impactos verticais, escava ou compacta o solo, criando
um "poço" de 20, 25 ou 30cm de diâmetro, via de regra (podendo ter alterações
conforme dimensionamento da fundação), que é preenchido de concreto, gerando
uma estaca Strauss.

3.1.5. ESTACA TIPO FRANKI

As estacas tipo Frankifoi introduzida como fundação há mais de 85 anos


por Edgard Frankignoul na Bélgica. São executadas enchendo-se de concreto
perfurações previamente executadas no terreno, através de cravação de tubo de
ponta fechada, recuperado. Este fechamento pode ser feito no inicio da cravação
do tubo ou em etapa intermediária, por meio de material granular ou peça pré-
fabricada de aço ou de concreto.
Vantagens: boa qualidade de execução; boa e alta capacidade de carga;
execução permite controle; solos coesivos são compactados durante a cravação;
o comprimento pode ser ajustado de acordo com a variação do nível da camada
resistente; a cravação do tubo com extremidade fechada exclui a influência do
nível da água; possui energia elevada para obstruções; grande resistência ao
arrancamento se devidamente armadas.
Desvantagens: comprimento limitado; pouca eficiência do equipamento;
vibração na cravação; exigem cuidados durante a cravação do revestimento para
que as estacas adjacentes não sejam danificadas; em certas condições a
execução de uma estaca provoca o levantamento das adjacentes; as estacas
restantes devem ser executadas após o concreto nas estacas as quais foram
cravadas, primeiro endurecer; cuidado com o estrangulamento da estaca; não
admitem grande diâmetro; o alargamento da base é de limitada dimensão em
solos densos e duros.

3.1.6. ESTACA ESCAVADA DE GRANDE DIAMETRO

Na ocorrência de cargas elevadas, em obras que justifique a mobilização


do equipamento, o tipo de estaqueamento correntemente mais adequado é o de
estacas de grande diâmetro moldadas “in loco”, com perfuração mecânica a
rotação, e eventual emprego de lama bentonítica.
O uso desse tipo de estacas tem se difundido largamente pela facilidade e
rapidez de execução e pela adaptabilidade a diversos tipos de terreno, bem como
o seu imediato conhecimento visual. As estacas de grande diâmetro executadas
por perfuração a rotação podem ser feitas junto a construções existentes, devido
à total ausência de vibração, podendo atingir profundidades de até 70 metros.
Convém ainda lembrar que as estacas escavadas de grande diâmetro
podem ser executadas em presença de lâmina d’água, o que ocorre em obras
marítimas e em construção de pontes. Nesse caso, a escavação mecânica e a
concretagem submersa são precedidas da cravação de camisa metálica por
intermédio, em geral, de martelo vibratório. Os equipamentos, quando
necessários, serão montados em plataforma flutuante (barcaças de convés
chato). As camisas metálicas poderão ser perdidas ou recuperadas.

3.1.7. ESTACA HÉLICE

Esse tipo de estaca é ideal para solos com presença de lençol freático.As
fundações com as estacas hélices consistem na perfuração do solo através de um
trado com um tubo central vazado, que desloca a terra para a superfície através
das laminas helrcoidais em movimentos rotativos até a profundidade desejada e
especificada no projeto da construção.
Ao encerrar-se a perfuração, dá-se início a concretagem da estaca ainda
com o trado dentro da estaca, o que impede a água do solo de emergir. Através
da bomba de concreto, injeta-se o concreto para dentro da estaca através do tubo
central que é liberado na ponta da estaca.

Ao passo que o concreto sobe, o trado é retirado lentamente, até que se


alcance a superfície, garantindo a ausência de terra, água ou barro no interior da
estaca. Retira-se o excesso de concreto até a cota de arrasamento. Coloca-se a
ferragem em seguida.

3.1.8. ESTACA RAIZ

É uma estaca de pequeno diâmetro concretada “in loco”, cuja perfuração é


realizada por rotação ou por rotopercussão, em direção vertical ou inclinada. Essa
perfuração se processa com um tubo de revestimento e o material escavado é
eliminado continuamente, por uma corrente fluida (água, lama bentonítica ou ar)
que introduzida através do tubo refluí pelo espaço entre o tubo e o terreno.
Completada a perfuração, coloca-se a armadura ao longo da estaca,
concretando-se à medida que o tubo de perfuração é retirado. Usam-se
normalmente concretos especiais auto-adensáveis com agregados com
granulometria fina.
Vantagens: alta capacidade de carga; equipamento com acesso fácil;
mínima perturbação; usam volumes pequenos de materiais; não provocam
vibração ou choque na execução.
Desvantagens: equipamento especial; necessidade de controle construtivo
apurado.

3.2. PAREDE DIAFRAGMA

A parede diafragma consiste em se realizar, no subsolo, um muro vertical


de profundidades e espessuras variáveis, constituídos de painéis elementares
alternados ou sucessivos, e aptos a absorver cargas axiais, empuxos horizontais
e momentos fletores.
A parede poderá ter função estática ou de interceptação hidráulica,
podendo ser constituída de concreto simples ou armado, pré-moldada ou de
coulis, conforme o escopo a que se destinar.
Utilizada inicialmente na construção de “cut-off” de barragens para
interceptação de fluxos de infiltração, passou a ser aplicada na solução de grande
número de problemas.
3.3. TUBULÃO

É um elemento de fundação profunda de forma cilíndrica, com um


produndidade igual ou maior a três vezes o seu diâmetro, e geralmente dotado de
uma base alargada que, pelo menos na sua fase final de execução, requer a
descidade de operário ou técnico (o tubulão não difere da estaca por suas
dimensões, mas pelo processo executivo, que envolve a descida de pessoas para
completar a geometria da escavação ou fazer limpeza de solo.
A NBR 6122/96 recomenda que a base do tubulãodeveser dimensionda de
modo a evitar alturas superiores a 2 m.Quando a base se apóia em solo, deve-se
evitar que entre o término da execução do seu alargamento e a concretagem
decorra tempo superior a 24 horas, caso contrário nova inspeção deve ser feita
por ocasião da concretagem, para avaliação.
Os tubulões se classificam, quanto a sua escavação, em dois tipos,
tubulões a céu aberto e tubulões com ar comprimido.
3.3.1. TUBULÓES A CÉU ABERTO

Consistem em um poço aberto manual ou mecanicamente, de modo que


não haja desmoronamento durante a escavação, e acima do nível d’água.
Quando há tendência de desmoronamento, reveste-se o furo com alvenaria de
tijolo, tubo de concreto ou tubo de aço. O fuste é escavado até a cota desejada, a
base é alargada e posteriormente enche-se de concreto.

Fases de execução de tubulão a céu aberto


1. Escavacao Manual ou mecanica do fuste;
2. Alargamento da base e limpeza;
3. Colocacao da armadura e concretagem;
4. Tubulao pronto.
3.3.2. TUBULÕES COM AR COMPRIMIDO

Tubulões com ar comprimido são utilizados quando existe água, exige-se


grandes profundidades e existe o perigo de desmoronamento das paredes da
estaca. Nesse caso, a injeção de ar comprimido no tubulões impede a entrada de
água, pois a pressão interna é maior que a pressão da água, sendo a pressão
empregada, no máximo, de 3atm, limitando a profundidade em 30 m abaixo do
nível d’água.
3.4. CAIXÃO

São fundações profundas de forma prismática, concretadas na superfície e


instaladas por escavação interna (tipo não citado na norma NBR 6122/2010).

4. EQUIPAMENTOS USADOS NAS FUNDAÇÕES

4.1. Equipamentos de sondagem

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