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P U Cc PONTIFICIA UNIVERSIDADE CATOLICA DE CAMPINAS ar CENTRO DE LINGUAGEME CoMUNICAGAO A estrutura dos fait divers - integra Roland, BARTHES, Roland. ues, Pars: Seull, 1364, disponivel em hitp://uww.eca.usp.tr/joringrad/estruturs%420bartnes. doc se € politico, € ums infermasgo, ticia. Por qué? Poder- editar que a di aqui 2 co redo ral ou, mais exatamente, a do nomeado e do (p2lo menos 3 palavrs Ib) procederis de classificaggo do inclessificavel, ser ssorgarizade di jes informes; sue ia privative, $8 comecaria a exisiir onde o mundo um cataiogo tica, economia, guerras, espetdculos, | pudicamente sob omitorrinco que deu tanto trabalho ao infeliz Lineu. Essa det evidentemente satisfetoria: 2 extraordingria promo: hoje (sliés comegem 2 chams-lo mais nabremer informago geral): € p: colacar em pé de igualdade 9 3s tipos de informacdo, e tentar umas e noutras ume diferencs de estruture © nfo mais uma diference de class icacéo. Essa diferenca aparece imediatamente quan: mm nossas dois assassinatos primeiro (assas: politico), 0 acontecmento (0 cnme) remete necessariamente 2 uma situacio extensiva que existe fore dele, antes dele © em tomo dele: a “politica”; a informacdo pode aqui ser entendida imediatamente, ela s6 pode ser definida em proporcéo de um hecimento exteriar ao acontecimento, que é canhecimenta politico, por mais confuse que ele seja; em suma, o assassinato escapa a noticia comum cada vez que éle € exégeno, vindo de um munde 38 conhecide; pode-se dizer entio que el im estrutura prépria, suficiente, pois ele nunca € mais do que 9 termo manifesto de uma estrutura implicita que a ele preexiste: ndo politica sem duracdo, pois odo fait dvers na imprensa elas nunca podem const medida em que todo romar produz nunca € mais qu riamente so fragmentos de romances, na io um longo saber no qual o acontecimento que se ma simples variante. sempre, por defini Ho tot: formalmente a nade além dele pr Gessstres, sssassinatos, raptos, homem, 2 sua histéria, ideclogia © uma psican: hecimento € apenas rmagio parcial; e fait divers, pelo ele contém em si todo seu ara consumir um fait divers; ele n&o remet prio; evicentemente, seu conteddo no é estranho a0 mundo identes, roubos, esquisitices, tuco isso remete 20, 1s medos: um: de um mundo cujo jo em segundo grau por aquele que fals do divers so possive! lectual, analitico, elabor A versio aqui disponivel revisada pelo professor Artur Araujo. fo fat divers no tam cor Em franede, Structura du Designa a “rubrics sol Lercusse)s (Neds Ts) cpandente exato om portugués publicam os acidentes, os pequenos escéndalos etc.” (Petit Os fatos que parte fait divers sos" de estrilas ov de parsonalidades nunce sf0 mestre Artur Araujo (arturarauje@puc-campinas.edv.br) site http://doventea-pur-campinas-edurbr/ae/artureraujo/ ftp: pil /fepracd.puc-campinas.edu.br/puby profes ure P U C PONTIFICIA UNIVERSIDADE CATOLICA DE CAMPINAS CENTRO DE LINGUAGEME CoMUNICAGAO CAMPIN {alt divers, no por aquele que © consome; no nivel de leitura, tudo ¢ dado num fait divers; suas circunsténcias, suas causas, seu passado, seu desenlace; sem duracdo © sem contexto ele constitu’ um ser imeciato, total, que nao remete, pelo menos formalmente, a nada de mplicito’ 4 nisso que ele se aparenta com 2 novela © 0 conto, endo mais com o romance. E sua imanéncia que define o fait divers Fie pois uma estrutura fechada. Que acontece no interior decsa ectrutura? Um examplo, o menor possivel, 0 diré talvez. "Acabam ce limpar o Palécio da Justica.” Isso é insignificante. "N30 0 faziam hd cem anos.” Tss0 Se torna um felt divers. Por qué? Fouco imports 3 anedota (no se poceria encontrar menor do que esta); dois termes s89 postos, que apslam fataimente para Uma certa relagdo, é a problematica desse relego que val consttuir o fait divers; a limpeza do Palacio da Justica, de um lado, sue raridade, de outro, so como os deis termos de ums funcio! essa funco que € viva, € ela que é regular, portanto inteligivel; pode-se presumir que no hs nenhum fait divers simples, constituide por uma sé notacdo: 0 simples no é notvel; quaisquer que sejam 3 dersidade do conteddo, sua surpresa, seu horror ou sus pobreze, o ‘ait divers s6 comeca onde a informacdo se desdobra © comperta por isso mesmo a certeza de uma relacdo; 2 brevidade do enunciedo cu a importarcia da neticie, alids garantias de unidade, nunca podem ‘pagar 0 cardter articulado do ait divers: “cince mil mortos no Peru”? © horror € global, a frase 4 simples; entretanto, 0 notével, aqui, é j8 2 relac$o ds morte com um numero. Sem duvida uma esirutura € sempre articulada; mas aqui articulacao € intenor 3 narratwa imediata, enquanto na informacgo politica, por exemplo, sla ¢ transportade pars fors de enunciado, num contexto implicit Assim, todo fait divers comporta pelo menos dois termos, ou, se se preferir, duas notacBes. E oce-se muito bem levar adiante uma primeira andlise do fait divers sem se referir 8 forma © 20 contetido desces dois termos: 3 cua forms, porque a fraceologia ca narrativa ¢ eetranha 3 estruturs do fato contaco, cu, para ser mais preciso, porque essa estruturs no coincide Fetelmente com a estrutura de lingua, se bem que 36 @ possemes atingir atrevés da lingue do Jornal: 2 seu contetido, porque o importante no sio os préprios termos, 0 mode contingente ‘como so seturados (por um crime, um incendio, um roubo etc.), mas a relac3o que os une. & e552 relaco que se ceve interroger primeiro, se Se quer apanhar a estrutura do fat divers, isto 2, seu sentico humans, Parece que todas as relacdes imanentes 20 fait divers podem ser reduzidas a dois tipos. O primeiro € a relacSo de causslidace. £ uma relaco extremamente frequente: um delito © seu mével, um acidante ¢ sus circunsténcia, e existem, ectd claro, desse ponto de viets, paderosos esterestipos: drama passional, crime por dinheire etc. Mas em tedos os casos em que 2 cousslidade ¢ de certs forme normel, 2sperada, 2 énfase nfo € posts sobre = prépria relacko, embora ela continue formando a estrutura da narrativa; ela se desieca para o que se poderia chamar de dramatis personae (criange,, velho, mée etc.), espécies de esséncias emocionais encsrregadas de vivficar o estereétipo. Cade ver pois que se quer ver funcionar 2 nu 2 causalidade do fait divers, € uma causalidade ligeiramente aberrante que se encontrs. Por outras palavras, of casos puros "e exemplares” so constituides pelas perturbacBes da causslidade, como se o espetéculo (2 "notabilidade”, deverismos dizer) comecasse ali onde 2 causalidade, sem deixar de ser afirmada, contém j§ um germe de degradacio; como se a causalidade no pucesse ser consumids sendo quando comeca 2 spodrecer, 2 desfazer-se, No hd fait divers ‘Sem espanto (escrever € espantar-se); ora, relacionado 8 uma causa, o espanto implice sempre uma perturbacde, j que em nossa civilizacSo todo alhures da causa parece situar-se mais ou menos declaradamente a margem da natureza, ou pelo menos do natural. Quais so pols essas perturbecies da causalidade, sobre as quais se articula o fait divers? CCertos fait divers ce dezenvelvem por vérios diac! iezo ne romps cus imanéncia constitutive, pois dlee implcam sempre uma meméria extremamente curta ‘lam disso, cada vez mals, nos fait divers estereoupados (0 erme fassjenal, por exemple), @ narrative poe lam relevo as cireunstancias aberantes ("Norta por uma gargalhaca: seu maride estava strés da porta: Quando dle a ouviu, desceu 20 porto e pegou seu revelver~.")- Professor mestre Artur Araujo (artur.2raujo@puc-campinas.edu.br) site http://doventea-pur-campinas-edurbr/ae/artureraujo/ fs pl / ered ouercarpnes dub publ prefessores/ch/arurareue/

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