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Teorias que relacionam fato típico e ilicitude:

· Teoria da absoluta independência/da autonomia: Entre fato típico e ilicitude


não existe nenhuma relação. Ao determinar que existe o fato típico, não há aí nenhum
indicativo ou relevância para a caracterização ou não da ilicitude. Excluída a ilicitude, o
fato permanece típico.

· Teoria da indiciariedade/Relativa dependência ou Ratio Cognoscendi:


TEORIA ADOTADA NO BRASIL. A existência do fato típico gera uma presunção
(relativa) de ilicitude. Há uma relativa dependência entre os dois substratos. Então,
quando o fato é típico, presume-se que também é ilícito. Excluída a ilicitude, o fato
permanece típico, porém, a existência do fato típico gera indícios de
ilicitude. Exemp
lo: João mata José. Automaticamente se presume que João cometeu crime, a não ser que
ele consiga provar que estava amparado em alguma causa de excludente de ilicitude.

OBS: Na teoria da indiciariedade, inverte-se o ônus da prova. Ou seja, cabe ao


réu comprovar a causa de excludente de ilicitude. Então, quando o réu pratica um fato
típico, cabe a ele provar se está amparado em alguma das causas de excludente de
ilicitude (Já que quando pratica o fato típico, a ilicitude é presumida).

Teoria da absoluta dependência/Ratio Essendi: A ilicitude é essência da tipicidade,


numa relação de absoluta dependência. Excluída a ilicitude, exclui-se o fato típico. É o
que a doutrina chama de tipo total do injusto

Teoria da Indiciariedade ou "Ratio Cognoscendi" - traz uma relativa


interdependência entre o fato típico (tipicidade) e a ilicitude, uma vez que, se há fato
típico, presume-se relativamente que seja também ilícito (presunção iuris
tantum). Assim, o ônus da prova compete ao réu, que deve comprovar a presença de
uma descriminante, e não à acusação que deve provar a sua ausência. Por essa doutrina,
defendida brilhantemente por MAYER, o fato típico gera indícios de ilicitude, cuja
comprovação cabe ao próprio réu, uma vez que a presunção é apenas relativa.

ATENÇÃO: da mesma forma que acontece na teoria da autonomia ou absoluta


independência, pela teoria da ratio cognoscendi as descriminantes constituem-se
em fatos típicos justificados. O que diferencia ambas as correntes é que existe, como já
afirmei, uma presunção relativa, devendo o réu arcar com esse ônus. NA DÚVIDA,
DEVE JUIZ CONDENÁ-LO.

No entanto, o art. 386, VI, do CPP, prevê que o juiz deve absolver o réu no caso de
haver circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena, bem como no caso
de haver FUNDADA DÚVIDA SOBRE SUA EXISTÊNCIA. Trata-se, pois, de
evidente atenuação à teoria da indiciariedade. Fundada dúvida significa dúvida
razoável.

É a doutrina que predomina no ordenamento jurídico pátrio.


a) Teoria da autonomia ou absoluta independência - como o próprio nome indica,
segundo essa concepção, adotada entre outros por BELING, a tipicidade não gera
nenhum juízo de valor no âmbito da ilicitude, ou seja, a tipicidade não mantém
qualquer relação com a ilicitude, sendo o fato típico (1º substrato do crime segundo a
classificação de Betiol) é analisado, sob essa perspectiva, independentemente da
ilicitude. Assim, por exemplo, legítima defesa é um fato típico justificado, um fato
típico não ilícito.

c) Teoria da absoluta dependência ou "Ratio Essendi" - defendida, entre outros, por


MEZGER, para essa corrente, a ilicitude é a essência da tipicidade, não havendo
ilicitude, não haverá tipicidade. Trata-se do chamado TIPO TOTAL DO INJUSTO.
onde o fato típico só se mantém como tal se também for ilícito. Não se fala, portanto,
em fato típico justificado, mas sim em fato simplesmente justificado, atípico.
Importante anotar que o ônus da comprovação da descriminante deixa de ser da
defesa, ou seja, passa a ser da acusação a comprovação de todos os substratos do
crime.

d) Teoria dos elementos negativos do tipo - Por essa doutrina, chega-se à mesma
conclusão da anterior (ratio essendi), porém, por caminhos diferentes. Assim, para os
seus adeptos o tipo penal é composto por:
a) elementos positivos, explícitos, que devem ocorrer para que o fato seja típico; e
b) elementos negativos, implícitos, que NÃO podem ocorrer para que o fato seja
típico. Tais elementos negativos são justamente as causas de exclusão da ilicitude
(legítima defesa, estado de necessidade, exercício regular de um direito e estrito
cumprimento de

obs: o CP adotou a teoria unitária ou monista. Assim, o estado de necessidade é


sempre justificante (excludente de ilicitude), ou seja, só pode alegar aquele que, com
razoabilidade, sacrifica bens de valor menor ou igual ao que pretende preservar, caso
seja de valor superior, subsistirá o crime, admitindo-se a redução da pena, conforme
art.24, §2°, C.P.

Para a teoria diferenciadora, o estado de necessidade pode ser tanto justificante como
exculpante (excludente de culpabilidade). Aqui o bem sacrificado possui valor superior
ao bem preservado.

Unitária (CP): sempre justificante

Diferenciadora: justificante e exculpante

Obs: A teoria da coculpabilidade objetiva dividir a responsabilidade, diante da prática


de um fato delituoso, entre Estado, sociedade, e o sujeito ativo do crime, tendo em vista
a condição de hipossuficiência deste, em razão da falta de prestação estatal no que tange
à efetivação de direitos individuais basilares.

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