PROMOÇÃO:
ELETRONORTE - Centrais Elétricas do Norte do Brasil
REALIZAÇÃO:
Grupo de Estudos e Desenvolvimento de Alternativas Energéticas
GEDAE/FEE/ITEC/UFPA
OBJETIVO
2
SUMÁRIO
Introdução
1. Conceitos Básicos
1.1. A Importância da Energia
1.2. Energia e Potência
1.3. Unidades de Energia e Potência
1.4. Tipos e Fontes de Energia
1.5. Impactos Ambientais
1.6. O Efeito Estufa
1.7. Mecanismos de Desenvolvimento Limpo
2. Energia Solar
2.1. O Sol e suas Características
2.2. Geometria Sol-Terra
2.3. Radiação Solar Extraterrestre e Sobre a Terra
2.4. Potencial Solar e sua Avaliação
2.5. Energia Solar-Térmica
2.6. Energia Solar Fotovoltaica
2.7. Vantagens e Desvantagens da Energia Solar
3. Energia Eólica
3.1. O Vento e suas Características
3.2. Perfil do Vento e Influência do Terreno
3.3. Potencial Eólico e sua Avaliação
3.4. Aerogeradores
3.5. Aplicações de Sistemas Eólicos
4. Energia Hidráulica
4.1. Definição de PCH
4.2. Centrais Quanto à Capacidade de Regularização
4.3. Centrais Quanto ao Sistema de Adução
4.4. Centrais Quanto à Potência Instalada e Quanto à Queda de Projeto
4.5. Componentes de uma PCH
4.6. Estudos Necessários para Implantação do Empreendimento
4.7. Geradores Hidrocinéticos
3
5. Energia Oceânica
5.1. Energia das Marés
5.2. Energia das Ondas
5.3. Energia das Correntes Marítimas
6. Energia da Biomassa
6.1. Conceito de Biomassa
6.2.
6.3. Tipos de Biomassa
Combustão
6.4. Gaseificação
6.5. Biodigestão
6.6. Limpeza dos Gases
6.7. Biodiesel
7. Energia do Hidrogênio
7.1. O Hidrogênio
7.2. Células a Combustível
7.3. Princípio de Funcionamento da Célula a Combustível
7.4. Principais Componentes de um Sistema com Célula a Combustível
7.5. Tecnologias Empregadas em Células a Combustível
7.6. Principais Aplicações
8. Sistemas Híbridos
8.1. Estratégias de Operação
8.2. Vantagens e Desvantagens
8.3. Características de Sistemas Isolados e Interligados
Considerações Finais
Bibliografia
4
INTRODUÇÃO
A ao
países expansão
redor dodomundo,
atendimento
dá-se,elétrico no Brasil,
basicamente, assimdacomo
através em muitos
extensão outros
de linhas de
transmissão pertencentes ao sistema interligado, ou através da geração térmica de
pequeno, médio e, por vezes, até mesmo grande porte, usualmente com a utilização
de grupos geradores com combustível de srcem fóssil, principalmente óleo diesel.
A primeira é uma solução viável quando o sistema de transmissão/distribuição
não se encontra muito distante do centro de consumo a ser atendido, ou quando
este tem porte suficiente para representar atratividade econômica para a
concessionária. O segundo tem seus maiores atrativos na relativa facilidade de
aquisição, instalação e uso, além do reduzido custo inicial.
Tais soluções, entretanto, não constituem alternativas únicas. Ao contrário, o
acelerado crescimento técnico das fontes renováveis vem tornando-as competitivas,
e por muitas vezes mais viáveis do que as fontes ditas convencionais. Sistemas
renováveis, cujas fontes primárias são dos tipos solar fotovoltaica (FV) e eólica,
estão entre as opções mais consideradas atualmente, embora haja também a
possibilidade de utilização de sistemas a biomassa e pequenas centrais
hidrelétricas.
Porém, para que se possa analisar de forma criteriosa em que situação e com
que tipo de configuração o sistema é o mais viável para determinada aplicação,
diversos fatores devem ser considerados. Dentre eles, os principais são os aspectos
5
técnicos e econômicos de cada alternativa. Análises de viabilidade técnico-
econômica de sistemas de geração de energia elétrica, principalmente aqueles que
visam ao atendimento de locais remotos, são associadas a aspectos como a
logística de instalação, custos de capital, facilidades e custos de manutenção e
operação, disponibilidade de combustível, seja ele renovável ou não, modularidade,
confiabilidade, dentre outros.
6
CAPÍTULO 1 – CONCEITOS BÁSICOS
7
O Brasil, grande produtor de energia elétrica através de suas hidrelétricas, não
consegue atender todos os seus habitantes e indústrias apenas com esse recurso,
quer por insuficiência na produção, deficiências nos sistemas de transmissão e
distribuição, questões geográficas, ou mesmo pelo elevado custo da energia. Em
função dessa realidade, outras alternativas de produção estão sendo, ainda que
timidamente, incorporadas à matriz energética brasileira. Além do já consagrado uso
de termelétricas e grupos geradores a diesel, fontes alternativas e renováveis
procuram ocupar seu espaço no mercado e na sociedade. As energias eólica e solar
fotovoltaica destacam-se dentre elas, pois o Brasil possui as condições básicas, sol
e vento, adequadas ao atendimento das demandas de várias regiões.
P = dE
dt
dE
sendo P a potência, E a energia e a taxa de variação da energia no tempo.
dt
e
E = P.t
8
conhecimento desse princípio, algumas formas de energia foram sendo descobertas
e utilizadas e, com elas, suas respectivas unidades. Em função disto, foi necessária
a criação de fatores de conversão que relacionassem as diversas unidades de
energia conhecidas. A energia térmica, por exemplo, tem como unidade comum a
caloria (cal), que indica a quantidade de calor necessária para elevar em 1 oC a
temperatura de 1 g de água. Já o sistema de medidas britânico adota o BTU como
unidade para o calor. Entre essas duas unidades a relação de conversão é
1 BTU = 252 cal
No Sistema Internacional de Unidades (SI), a energia é medida em joules (J),
determinando o trabalho realizado por uma força de 1 newton (N) em um
deslocamento de 1 m na direção desse deslocamento. A relação entre joule e caloria
é
1 cal = 4,18 J
O uso de cada uma delas é característico de cada área. Por exemplo, na área
de sistemas elétricos de potência é usual medir energia através do Wh (watt-hora) e
seus múltiplos, kWh, MWh e GWh. O kWh equivale à aplicação de uma potência de
1.000 W durante o tempo de uma hora. Portanto:
1 kWh = 1.000 W x 3.600 s = 3,6 x 106 J = 0,86 x 106 cal
Em relação à potência, no Sistema Internacional de Unidades (SI), essa
grandeza é expressa em watts, sendo que 1 watt (W) é a potência desenvolvida
quando se gasta 1 joule de energia em 1 segundo.
Outras unidades comuns de potência são o cavalo-vapor (CV) e o horse-power
(HP), sendo:
1 CV = 735,5 W
1 HP = 746 W
nuclear) e srcina-se
em energia. da transformação
Como exemplos têm-se os de parte da
reatores massa das partículas reagentes
nucleares.
Dentre as diversas formas de aproveitamento da biomassa encontram-se os
gaseificadores, que produzem gás combustível (gás pobre) a partir da biomassa de
resíduos (lixo urbano, cascas de grãos, resíduos de serrarias, bagaço de cana, etc.).
Bastante comuns são também os biodigestores, que produzem o biogás sem a
presença de oxigênio, a partir de vegetais aquáticos (aguapés, algas, etc.), resíduos
10
rurais (cascas de grãos, capim, esterco animal), resíduos urbanos e resíduos
industriais, produzindo ainda como subproduto o biofertilizante.
Também os diversos tipos de fornos, que transformam madeira em carvão
vegetal, ou utilizam-se da queima direta de lenha são exemplos do aproveitamento
da biomassa como fonte energética.
Finalmente, a energia elétrica pode ser obtida a partir de qualquer outra forma
de energia, através de processos de transformação diretos ou indiretos.
algumA tipo
produção ou transformação
de fonte de energia
de energia, primária ou elétrica é realizada
secundária. através
As fontes do usosão
primárias de
aquelas encontradas diretamente na natureza e as secundárias são as obtidas por
processos de transformação das primárias. As fontes de energia podem também ser
classificadas em renováveis ou não renováveis, podendo ser as primeiras ainda de
caráter natural – independente da ação do ser humano - ou artificial – dependente
deste.
Fontes Não-Renováveis
O petróleo, o carvão mineral, o gás natural e o xisto betuminoso são exemplos
de fontes não-renováveis de energia, porque não são produzidos à mesma taxa em
que são consumidos e, por essa razão, se continuarem a ser utilizados nas taxas
atuais, terão seus estoques esgotados em um período mais ou menos curto.
A abundância dessas fontes na natureza e a relativa praticidade de sua
obtenção e transformação levaram ao seu uso intensivo, principalmente nos dois
últimos séculos. O uso irrestrito desses recursos, associado à falta de cuidados com
o meio ambiente, inicialmente não vislumbrados ou não verificados, simplesmente
resultaram, nos dias de hoje, na escassez do petróleo em médio prazo e no
comprometimento de florestas e grandes mananciais de água. Paralelamente a isto,
a fauna e a flora, diretamente afetadas pelos resíduos provenientes da exploração e
aproveitamento dessas fontes de energia, têm pagado um preço muito alto.
As fontes não-renováveis de energia, ainda que hoje representando a principal
força motriz nos países desenvolvidos, precisam ser utilizadas de modo mais
racional, observando-se não apenas os fatores técnicos e econômicos, mas também
a extensão dos impactos ambiental e social do seu uso.
O óleo diesel, por exemplo, ainda é um componente importante na geração de
eletricidade emnão
aplicações que localidades
permitem isoladas e emno sistemas
a interrupção de reserva
fornecimento ( backup
de energia. ), em
Os grupos
geradores a diesel existentes no mercado abrangem uma faixa ampla de potência,
atendendo aos mais diversos tipos de aplicações. O custo de implantação dos
grupos geradores a diesel são quase sempre mais atraentes quando comparados
com os dos sistemas renováveis de capacidade equivalente. Uma análise de tempo
de retorno de investimento, no entanto, pode revelar que o maior capital inicialmente
investido nos sistemas renováveis é recuperado após alguns anos de operação.
11
Além disso, a menor agressão ao meio ambiente, o menor nível de ruído dos
sistemas que utilizam as fontes renováveis, além de seu maior tempo de vida útil,
são fatores que devem ser considerados na escolha da fonte de energia e da
tecnologia utilizada.
Fontes Renováveis
Consideram-se fontes renováveis de energia aquelas que apresentam taxas de
reposição equivalentes às de sua utilização, podendo essa reposição ocorrer
naturalmente ou artificialmente. Como exemplos das renováveis naturalmente
podem ser citadas as fontes solar, eólica, hídrica, e a biomassa natural. As
renováveis artificialmente são representadas pela biomassa plantada e pelos
resíduos gerados nas indústrias e demais processos controlados pelo ser humano,
inclusive o lixo.
Considerada a definição de fonte renovável do parágrafo anterior, deve ter em
mente que fontes como a biomassa natural só podem ser consideradas renováveis
se houver o seu correto manejo. Caso contrário, elas serão não renováveis.
As fontes renováveis estão disponíveis em abundância no território brasileiro e
dentre as que oferecem maior potencial para exploração estão: a radiação solar, o
vento, a água e a biomassa com suas diversas formas de utilização. As
características geográficas do Brasil, com grande número de pequenos núcleos
habitacionais isolados, favorecem um estudo detalhado da competitividade dessas
fontes com aquelas não renováveis. O amadurecimento das tecnologias para
sistemas eólicos, solar-fotovoltaicos e de biomassa certamente torna atrativo o uso
dessas fontes em aplicações específicas e em operações integradas com outras
tecnologias.
O uso exclusivo das fontes renováveis para solução definitiva dos problemas
de energia é uma opção ainda remota; entretanto, o desenvolvimento de novas
tecnologias para melhor aproveitamento desses recursos e a integração com outras
formas de energia podem, sem dúvida alguma, minimizar a dependência brasileira e
mundial de fontes não-renováveis de energia, além de contribuir para a preservação
do meio ambiente.
Não se pode, entretanto, excluir a possibilidade de uso das energias
renováveis, ainda que com custos de implantação elevados, como é o caso dos
sistemas eólicos e os fotovoltaicos, sem considerar os benefícios sociais e
ambientais atrelados a ele.
1.5. Impactos Ambientais
Todos os tipos de aproveitamento energético conhecidos causam, de uma
forma ou de outra, algum impacto ambiental, que deve ser considerado quando da
escolha do tipo de aproveitamento e de sua implantação. A alteração da paisagem é
basicamente comum a todos eles.
12
O aproveitamento do gás natural provoca a liberação de gases de combustão e
de calor à atmosfera. Existem também os riscos de vazamento e explosão no
armazenamento e durante o transporte.
As centrais hidrelétricas podem resultar em alterações importantes como a
obstrução que a barragem apresenta à passagem de nutrientes e organismos vivos,
a perda de terras férteis, de tipos vegetais, de reservas minerais, além de
modificações na paisagem e de alterações nas atividades sócio-econômicas das
populações.
Os derivados do petróleo liberam para a atmosfera calor e produtos de
combustão (gases tóxicos, poeira, compostos orgânicos, etc.) e apresentam riscos
de vazamento e explosão.
A energia nuclear produz rejeitos radiativos de difícil eliminação, além de
apresentar riscos de acidentes graves.
A biomassa causa a emissão de sólidos em suspensão e de gases quentes,
nocivos à atmosfera.
A energia eólica causa pequenos impactos visuais e sonoros, interferência
eletromagnética, morte e alterações da rota migratória de pássaros.
No caso da energia solar os impactos podem ser considerados de menor
escala ainda. Os visuais vêm sendo contornados com o surgimento de tecnologias
que integram os equipamentos de geração às edificações. Outros impactos
considerados, como os ocasionados no processo de fabricação de células
fotovoltaicas, são praticamente desprezíveis.
aumento
ambientaisdadecorrentes
temperatura do planeta, Global.
do Aquecimento o que acarreta em vários desequilíbrios
13
que os raios infravermelhos sejam refletidos para o espaço, permitindo assim a
presença de calor suficiente para a vida no planeta.
Entretanto, fatores como o incremento da utilização de combustíveis fósseis e a
destruição das florestas tropicais que aumentam a concentração de dióxido de
carbono, além da emissão de gases como o metano e os clorofluorcarbonetos,
favorecem o aumento da temperatura global. Prevê-se que o aquecimento global
venha a ser em torno de 2 a 6 °C nos próximos 100 anos, o que não só alterará o
clima a nível mundial como também aumentará o nível médio do mar em pelo menos
30 cm, o que poderá interferir na vida de milhões de pessoas que habitam as áreas
costeiras mais baixas.
Além do aumento da temperatura e conseqüente aumento do nível das águas,
o Aquecimento Global acarretará em vários problemas para a sociedade como, por
exemplo, efeitos sobre a saúde humana, economia e meio ambiente.
Em relação ao meio ambiente importantes mudanças são diretamente ligadas
ao aquecimento global: derretimento das calotas polares, aumento do nível do mar,
mudanças das condições climáticas, etc. Estes fatores podem interferir não apenas
nas atividades humanas mas também nos ecossistemas. O aumento da temperatura
global faz com que um ecossistema mude; por exemplo, algumas espécies podem
ser forçadas a sair de seus habitats, podendo resultar na sua extinção, enquanto
outras podem proliferar-se, invadindo outros ecossistemas.
Além disso, o aquecimento global é responsável pelo aumento de enchentes,
de áreas desérticas, e de fenômenos como cliclones e furacões.
Logo, a sociedade como um todo passou a dar mais importância a este
assunto e começou a buscar maneiras de amenizar as causas do Aquecimento
Global. Algumas medidas adotadas são apresentadas a seguir.
Painel Intergovernamental sobre as Mudanças do Clima (IPCC )
IPCC significa Intergovernmental Panel on Climate Change, ou seja, Painel
Intergovernamental sobre as Mudanças do Clima. Este painel é uma ferramenta que
os governos adotaram para estimarem previsões e tendências futuras das
mudanças climáticas globais, com o intuito de tomar decisões políticas que evitem
impactos indesejáveis. O aquecimento global vem sendo estudado pelo IPCC e um
dos últimos relatórios divulgados faz algumas previsões a respeito das mudanças
climáticas, as quais são a base para discussões entre políticos e a classe científica.
Embora as previsões do IPCC sejam consideradas as melhores disponíveis,
elas são o centro de uma grande controvérsia científica. O IPCC admite a
necessidade do desenvolvimento de modelos analíticos melhores para a
compreensão científica dos fenômenos climáticos. Críticos afirmam que as
informações disponíveis são insuficientes para determinar a real importância dos
gases causadores do efeito estufa nas mudanças climáticas. A sensibilidade do
14
clima aos gases de efeito estufa estaria sendo sobrestimada enquanto fatores
externos estariam subestimados.
Por outro lado, o IPCC não atribui qualquer probabilidade aos cenários em que
suas previsões são baseadas. Segundo os críticos isso leva a distorções dos
resultados finais, pois os cenários que predizem maiores impactos seriam menos
passíveis de concretização, devido a discordarem das bases do racionalismo
econômico.
ECO – 92
Realizada no Rio de Janeiro, em junho de 1992, a ECO – 92 foi um evento
onde várias nações discutiram as questões ambientais locais e globais, definindo
regras e metas em comum, além de estabelecer novas diretrizes políticas de
interesses transversais e concretizar acordos conjuntos. Todos os participantes se
comprometeram mais efetivamente em mitigar os emergentes problemas climáticos,
tendo como conseqüência mais concreta a emissão de um documento sobre a
Convenção Quadro sobre Mudanças do Clima (em inglês, United Nations
Framework Climate Change Convention, UNFCCC).
Através desse documento, os 190 países signatários reconheciam que as
mudanças climáticas e o efeito estufa eram os fenômenos que comprometeriam
mais gravemente o futuro do planeta. Assim, as novas políticas de preservação
seriam de responsabilidade comum a todos. Os signatários teriam como principal
objetivo estabilizar a concentração dos gases geradores do efeito estufa na
atmosfera a fim de não gerar mais riscos para o ecossistema planetário.
O Protocolo de Quioto
Realizada em 1997, na cidade de Quioto, no Japão, a terceira Conferência das
Partes (COP 3) foi a mais abrangente e culminou com a adoção do famoso
protocolo, um dos marcos mais significativos desde a criação da Convenção Quadro
das Nações Unidas sobre Mudança do Clima. Ele foi fundamentalmente utilizado
como instrumento de combate às mudanças climáticas.
O Protocolo de Quioto definiu: que para sua entrada em vigor seria necessária
a ratificação por pelo menos 55 países industrializados e que, juntos,
comprometeriam-se a reduzir pelo menos 5,2% de suas respectivas emissões
combinadas de Gases do Efeito Estufa (GEEs). Isso corresponde a pelo menos 55%
das emissões globais totais dos GEEs em relação aos níveis de 1990, até o período
entre 2008 e 2012. Ao ser ratificado, o Protocolo passaria a vigorar num prazo
máximo de 90 dias, o que significaria passar a ser um compromisso de caráter legal,
vinculando todas as partes envolvidas. Assim, se alguma das partes não cumprisse
o acordo firmado, ficaria sujeita a penalidades dentro do Protocolo.
Ressalta-se que, devido a essa vinculação legal, esse histórico compromisso
passou a produzir uma reversão da tendência histórica de crescimento das
emissões iniciadas nesses países cerca de aproximadamente 150 anos atrás.
15
A União Européia (EU) assumiu o compromisso de reduzir em 8%; os Estados
Unidos, responsáveis sozinhos pela emissão de 36% do total de gases,
comprometeu-se (sem assinar) a uma redução de 7%; o Japão concordou em
reduzir 6%. Alguns países como a Rússia e Ucrânia não assumiriam o compromisso
de redução, e outros como Islândia, Austrália e Noruega ainda teriam permissão
para aumentar suas emissões.
O Protocolo foi aberto para assinatura de todas as Partes em 16 de março de
1998 e acabou entrando em vigor somente em 16 de fevereiro de 2005, após a
entrada da Rússia, que ratificou-o em novembro de 2004. O Brasil assinou o
Protocolo em 29 de abril de 1998, ratificando-o em 23 de agosto de 2002. Estados
Unidos e Austrália até hoje não ratificaram o Protocolo, mas estão cumprindo
internamente metas de redução dos GEEs com políticas próprias.
Os gases potencializadores do Efeito Estufa relacionados no protocolo de
Quioto Anexo A são: o dióxido de carbono (CO2), o metano (CH4), o óxido nitroso
(N2O), o hexafluoreto de enxofre (SF6), os hidrofluorcarbonos (HFCs) e os
perfluorcarbonos (PFCs). Além destes, têm-se ainda os clorofluorcarbonos (CFCs).
A contribuição de cada um desses gases para o agravamento do efeito estufa
depende da sua duração na atmosfera e da interação destes com outros gases e
com o vapor d’água, sendo que, a cada um é atribuído um Potencial de
Aquecimento Global (GWP), que fornece a contribuição relativa devido à emissão,
na atmosfera, de 1 kg de um determinado gás estufa.
Convenção Quadro sobre mudanças do Clima (UNFCCC)
Através do Painel Intergovernamental em Mudança do Clima (IPCC), a
Organização das Nações Unidas (ONU) passou a desenvolver e a implementar os
critérios técnicos e científicos que possibilitaram o início dos debates sobre as
mudanças climáticas. Em 1990, a ONU, de acordo com as recomendações do IPCC,
iniciou negociações para a adoção do que viria a ser a primeira UNFCCC, ocorrida
em 2 de maio de 1992, na cidade de Nova York. A convenção entrou em vigor em
1994, contando hoje com 186 Partes. Ficou estabelecido que os países signatários
se encontrariam regulamente para continuar as discussões na Conferência das
Partes (COP). Essas Partes foram divididas em dois grupos, de acordo com os
princípios de equidade e "responsabilidade comum, mas diferenciada":
Além dos eventos descritos anteriormente, as pesquisas por novas alternativas
energéticas para substituir o uso de combustíveis fósseis se intensificaram, para
diminuir a emissão de poluentes para a atmosfera. A utilização de biocombustíveis e
a produção de energia elétrica a partir da energia eólica, solar e de hidrelétricas
estão se tornando cada vez mais importantes para reduzir o aquecimento global.
Entretanto, para a implementação destas alternativas, deve-se avaliar os
impactos que as mesmas provocarão ao meio ambiente. É o que ocorre com as
hidrelétricas, pois, apesar de estarem na categoria de renováveis e até não-
16
poluentes, trazem complicações, porque exigem o alagamento de áreas muito
extensas. Com isso, a biodiversidade local fica desequilibrada e famílias precisam se
desalojar. Os prejuízos para a agricultura também são grandes e, em alguns casos,
onde houve a inundação de grandes áreas de floresta, provoca a emissão de gases
que agravam o efeito estufa, pois a vegetação submersa entra em processo de
decomposição provocando a emissão destes gases.
19
CAPÍTULO 2 – ENERGIA SOLAR
20
No interior:
Núcleo ~ 2 x 10 5 km,
Fotosfera ~ 500 km
Figura 2.1 - Estrutura do Sol, esquematizada fora Coroa (tamanho não definido, atinge vários
de escala. raios solares)
torno
qual adeTerra
seu próprio
gira emeixo e tem
torno do duração de um
Sol, e dura dia, e o movimento
aproximadamente 365dedias.
translação,
Dentre no
as
conseqüências diretas desses movimentos podem ser citadas as diferentes
durações do dia e da noite em diferentes regiões do globo e as estações do ano:
primavera, verão, outono e inverno.
A Terra realiza o movimento de translação em torno do Sol percorrendo uma
órbita elíptica, onde o Sol ocupa um dos focos. A realização desse movimento faz
surgir um plano denominado de plano da eclítica. O eixo em torno do qual a Terra
realiza o movimento de rotação, chamado de eixo polar, possui uma inclinação de
23,45º em relação à normal ao plano da eclítica (figura 2.1). O ângulo compreendido
entre o plano do equador terrestre e o plano da eclítica é denominado de declinação
solar (δ) e sua variação ao longo do ano compreende-se dentro do intervalo de –
23,45º < δ < 23,45º. Um método aproximado para o cálculo da declinação, em graus,
22
Figura 2.3 - Relações geométricas Sol-Terra.
(4) Ângulo Azimutal do Sol (ψs): ângulo formado entre a projeção do raio
solar no plano horizontal e a direção Norte-Sul. Obedece à mesma convenção citada
para o ângulo azimutal da superfície;
(5) Inclinação da Superfície (β): ângulo formado entre o plano da superfície
coletora e a horizontal;
(6) Ângulo Zenital (θz): ângulo formado entre o raio solar e o Zênite; equivale
à distância angular entre o feixe solar e a vertical do local de incidência.
Outro ângulo de grande importância, não representado na figura 2.4, é o
Ângulo Horário do Sol ( ω), definido como o deslocamento angular leste-oeste do Sol,
aangular
partir corresponde
do meridianoalocal, devido ao movimento
um deslocamento de rotação
de 15o. Adota-se daconvenção
como Terra. Cada hora
valores
positivos para o período da manhã, com zero às 12 h.
Essa expressão é válida apenas para ângulos zenitais de 0º a 60º, pois para
maiores ângulos, o efeito de curvatura da Terra torna-se significativo e deve ser
considerado.
No que se refere à faixa de ocupação (espectro) da radiação solar, esta
encontra-se, em termos de comprimento de onda, em uma faixa espectral de 0,1 a 5
µm. A figura 2.6 mostra a distribuição espectral da radiação solar.
25
Figura 2.7. Formas de decomposição da radiação solar.
27
Figura 2.9 - Actinógrafo.
Piranômetro Fotovoltaico: mede a radiação solar global sobre o plano
horizontal, sendo também indicado para observar pequenas flutuações de radiação.
Seu elemento sensor é uma pequena célula fotovoltaica. São muito utilizados
atualmente (figura 2.10);
28
Figura 2.12 - Piroheliômetro.
Técnicas de Medição
Geralmente, os levantamentos de recurso solar para fins de aproveitamento
energético utilizam dois tipos de medições. Um, que registra apenas a componente
global da radiação, e outro, que registra a radiação global e sua componente difusa
para, a partir desses valores, obter a radiação direta incidente. A radiação direta
também pode ser medida por meio do piroheliômetro, mas, por este necessitar de
um dispositivo de acompanhamento do sol, além de um sofisticado sistema ótico, ele
apresenta custos muito elevados de aquisição e manutenção. Para medições de
radiação global, o instrumento mais utilizado é o piranômetro, cujo sensor está
localizado no plano horizontal, recebendo radiação de todas as direções.
A maneira mais usual de se apresentar os dados solarimétricos medidos é em
termos de energia por unidade de área, ou irradiação, no plano horizontal. Os dados
também podem ser obtidos sob a forma de potência por unidade de área
(irradiância). Dependendo da aplicação, medições com bases mensal, diária, ou
horária podem ser utilizadas. A partir de análises precisas durante longo período de
tempo, é habitualmente calculado um valor médio correspondente a um período
específico, como, por exemplo, um dia médio correspondente ao período de um
mês. O gráfico da figura 2.13 apresenta valores médios de radiação global (dias
típicos), obtidos em superfície horizontal, referentes a dois meses com diferentes
perfis para uma localidade do Estado do Pará.
1000
2
) 900
800
/m
700
(W 600 Mês 1
a
i Mês 2
c 500
n
iâ 400
d
rra
300
I 200
100
0
00:00 06:00 12:00 18:00 00:00
horas
Figura 2.13 - Curvas de radiação para dias típicos de dois meses distintos.
Os dados de radiação solar são em geral coletados em intervalos amostrais de
um segundo e integrados em intervalos de 10 minutos, uma hora, ou mesmo um dia.
29
Quanto menor for o período de amostragem e deintegração, mais precisa será a
análise. Para a utilização prática dos dados solarimétricos no dimensionamento de
sistemas fotovoltaicos, faz-se necessário o seu tratamento e análise.
Após a coleta, os dados são normalmente tratados, para apresentarem valores
médios de irradiância (W/m2), ou irradiação (Wh/m2). Análises gráficas são boas
alternativas para uma melhor interpretação dos dados.
Algumas das formas de representação de dados solarimétricos podem ser
vistas nas figuras 2.14 e 2.15. Ambas as medições foram realizadas a partir de
valores globais sobre uma superfície horizontal, em períodos de integração de 10
minutos, através de um piranômetro fotovoltaico. O gráfico da primeira figura fornece
as médias diárias e a mensal, enquanto que o da segunda apresenta valores de um
dia médio, obtidos a partir dos dados horários de um mês. Esse gráfico é conhecido
como dia médio ou dia típico.
700
600
2
)
/m 500
W
( 400
a
i 475,66 W/m2
c
n 300
â
i
d
a 200
rrI
100
0
1 3 5 7 9 11 1 3 1 5 1 7 1 9 2 1 2 3 2 5 2 7 2 9
dias
principalmente para
(inferiores a 100º C). aquecimento
O uso dessade água a ocorre
tecnologia temperaturas relativamentenobaixas
predominantemente setor
residencial, mas há demanda significativa e aplicações em outros setores, como
edifícios públicos e comerciais, hospitais, restaurantes, hotéis e similares. Esse
sistema de aproveitamento térmico da energia solar, também denominado
aquecimento solar ativo, envolve o uso de coletores solares planos. Os coletores
são instalados normalmente no teto das residências e edificações. Dependendo do
volume de água a ser utilizada, o atendimento de uma única residência pode
requerer a instalação de vários metros quadrados de coletores. Para o suprimento
de água quente de uma residência típica (três ou quatro moradores), são
necessários cerca de 4 m2 de coletores. Um exemplo de coletor solar plano é
apresentado na figura 2.16.
31
concentrá-la numa área muito menor, de modo que a temperatura desta última
aumente substancialmente. A superfície refletora (espelho) dos concentradores tem
forma parabólica ou esférica, de modo que os raios solares que nela incidem sejam
refletidos para uma superfície bem menor, denominada foco, onde se localiza o
material a ser aquecido. Os sistemas parabólicos de alta concentração atingem
temperaturas bastante elevadas e índices de eficiência que variam de 14% a 22%
da energia solar incidente, podendo ser utilizados para a geração de vapor e,
conseqüentemente, de energia elétrica. Contudo, a necessidade de focalizar a luz
solar sobre uma pequena área exige algum dispositivo de orientação, acarretando
custos adicionais ao sistema, os quais tendem a ser minimizados em sistemas de
grande porte.
Entre meados e final dos anos 1980, foram instalados nove sistemas
parabólicos no sul da Califórnia, EUA, do tipo mostrado na figura 2.17, com
tamanhos que variam entre 14 MW e 80 MW, totalizando 354 MW de potência
instalada. Trata-se de sistemas híbridos, que operam com auxílio de gás natural, de
modo a atender a demanda em horários de baixa incidência solar. Os custos da
eletricidade gerada têm variado entre US$ 90 e US$ 280 por MWh.
33
2.6. Energia Solar Fotovoltaica
O aproveitamento da energia solar para produção direta de eletricidade teve
início há pouco mais de 160 anos quando, em 1839, o cientista francês Edmond
Becquerel descobriu o efeito fotovoltaico ao observar, em um experimento com uma
célula eletrolítica (dois eletrodos metálicos dispostos em uma solução condutora),
que a geração de eletricidade aumentava quando a célula era exposta à luz. A partir
daí, foram estudados os comportamentos de diversos materiais expostos à luz até
que, no ano de 1954, Daryl Chapin, Calvin Fuller e Gerald Pearson desenvolverem a
primeira célula fotovoltaica (FV) de silício, com eficiência de 6%, capaz de converter
energia solar em eletricidade suficiente para alimentar equipamentos elétricos. No
ano de 1958, iniciou-se a utilização de células FV em aplicações espaciais, e até
hoje essa fonte é reconhecida como a mais adequada para essas aplicações.
Desde então, a evolução do mercado FV vem sendo bastante intensa,
tornando comuns aplicações em sistemas domésticos, sinalização marítima,
eletrificação de cercas e outros. Em 2004 foi finalizado o projeto do maior sistema
FV do mundo, o parque solar da Bavária, Alemanha, de 10 MW P de potência
instalada. Com relação ao mercado de fabricação de células solares, também é
verificado um contínuo crescimento, com a empresa Sharp sendo a líder mundial.
O dispositivo responsável pela conversão da luz incidente em eletricidade é
denominado de célula fotovoltaica. Os materiais empregados na sua construção são
elementos semicondutores, sendo, em escala comercial, a maioria fabricada de
silício, devido a três fatores principais: o silício não é tóxico, é o segundo elemento
mais abundante na natureza (o primeiro é o oxigênio), e possui uma tecnologia
consolidada devido à sua utilização predominante no ramo da microeletrônica.
O silício domina o mercado FV em suas três principais formas construtivas:
monocristalino, poli ou multicristalino, e amorfo. As células de silício monocristalino
(mono-Si) são desenvolvidas a partir de um único cristal e, atualmente, já atingem
20% de eficiência comercial em aplicações terrestres.
Células de silício policristalino (poli-Si) são constituídas de diversos cristais em
contato entre si, dispostos de maneira não alinhada. Esse procedimento visa à
redução de custos de fabricação da célula, embora haja uma pequena perda de
eficiência. Os avanços tecnológicos vêm reduzindo bastante as diferenças de custo
eperceptíveis.
eficiência entre as células mono e policristalinas, sendo atualmente pouco
Finalmente, as células de silício amorfo (a-Si) são constituídas de átomos de
silício dispostos de forma completamente desordenada. Sem a periodicidade na
forma, há a tendência do surgimento de imperfeições na estrutura. Para garantir
melhor qualidade eletrônica aos equipamentos, quantidades substanciais de
hidrogênio têm sido ligadas ao silício na composição da célula (a-Si:H). Células de
silício amorfo possuem custos de fabricação e eficiência reduzidos se comparadas
34
às de silício policristalino. Comercialmente, a máxima eficiência verificada é da
ordem de 13%.
Outras tecnologias de fabricação vêm sendo pesquisadas e desenvolvidas a
partir da combinação de elementos, porém ainda com menores apelos comerciais.
Arseneto de gálio (GaAs), disseleneto de cobre-índio (CIS) e telureto de cádmio
(CdTe) são algumas das tecnologias em estágios avançados de pesquisa e
produção. Tais tecnologias apresentam vantagens como boas propriedades elétricas
e bons níveis de eficiência, e desvantagens como riscos de contaminação e
dificuldades de produção. Essas tecnologias, somadas ao silício amorfo, são
denominadas tecnologias de filme fino, devido às suas características construtivas.
Por apresentarem valores razoáveis de corrente, porém valores de tensão
muito baixos, da ordem de milivolts, as células FV são normalmente associadas em
série, para garantir níveis de tensão e corrente adequados à sua utilização prática.
Tal associação de células em série, em geral em números de 30, 33 e 36, forma um
módulo fotovoltaico. Por sua vez, associações de módulos são denominadas de
painel ou arranjo FV.
Além de compor a associação de células, o módulo tem ainda a função de
proteger as células das intempéries, isolá-la eletricamente de contatos exteriores e
fornecer rigidez mecânica ao conjunto. Geralmente, o módulo FV é composto, além
das células, por pequenas tiras metálicas responsáveis por interligar as células e por
fornecer contatos externos de saída; por um material encapsulante disposto
diretamente sobre as células, normalmente um polímero transparente e isolante
(EVA – Etileno Vinil Acetato); por um vidro temperado e anti-reflexivo para a
cobertura frontal; uma cobertura posterior, normalmente feita de polifluoreto de
vinila; uma caixa de conexões localizada na parte posterior do módulo; e uma
estrutura metálica que sustenta todo o equipamento. A figura 2.19 apresenta um
módulo FV e suas partes constituintes.
(a) (b)
Figura 2.22 - Influência da (a) irradiância e (b) temperatura nas características dos
módulos FV.
37
A energia solar é excelente em lugares remotos ou de difícil acesso, pois sua
instalação em pequena escala não obriga a enormes investimentos em linhas de
transmissão.
Em países tropicais, como o Brasil, a utilização da energia solar é viável em
praticamente todo o território e em locais longe dos centros de produção energética,
e sua utilização ajuda a diminuir a demanda energética nesses locais e,
conseqüentemente, a perda de energia que ocorreria na transmissão.
Desvantagens
Existe variação nas quantidades produzidas de acordo com as condições
climáticas (nuvens, chuvas, neve, etc.), além de durante a noite não existir produção
alguma, o que obriga a que existam meios de armazenamento da energia produzida
durante o dia em locais onde o sistema de geração não esteja interligado à rede
elétrica.
Locais em latitudes médias e altas sofrem quedas bruscas de produção
durante os meses de inverno, devido à menor disponibilidade diária de energia solar.
Locais com frequente cobertura de nuvens, tendem a ter variações diárias de
produção de acordo com o grau de nebulosidade.
As formas de armazenamento da energia solar são pouco eficientes quando
comparadas, por exemplo, aos combustíveis fósseis, a energia hidráulica e a
biomassa.
Apesar de ser hoje uma tecnologia madura, seu custo ainda é a maior
desvantagem, se comparado ao de outras formas de energia usadas para
iluminação e acionamento de máquinas, por exemplo.
Entretanto, a energia solar é um recurso importante e economicamente
competitivo quando dirigida para determinados nichos como aquecimento de água
para residências, eletrificação rural, bombeamento de água, cercas elétricas,
telecomunicações, ou utilização geral em localidades isoladas e de acesso difícil ou
restrito.
38
CAPÍTULO 3 – ENERGIA EÓLICA
41
3.2. Perfil do Vento e Influência do Terreno
A velocidade do vento é nula na superfície do solo, devido ao atrito existente
entre ela e o ar. Próximo ao solo, a velocidade aumenta mais rapidamente, sendo
este aumento mais lento à medida em que a altura aumenta (figura 3.3). A variação
torna-se nula a uma altura aproximada de 2 km sobre o solo. O fenômeno de
variação da velocidade de vento com a altura é denominado de perfil vertical de
vento.
42
Tabela 3.1 - Valores de zo e α de acordo com o tipo de terreno.
Tipo de Terreno zo (m) Α
Gramado 8 x 10
Pastagem 10-2
Descampado 3 x 10-2 0,13
-2
Plantações 5 x 10 0,19
-1
Árvores esparsas 10
Árvores compactas, sebes,
2,5 x 10-1
prédios esparsos
Florestas e bosques 5 x 10-1
Subúrbios 1,5 0,32
Centros de cidades com
3
prédios altos
44
A formação de dunas é um dos fatores que pode indicar a presença de ventos
fortes em determinado local. Porém, as maiores fontes de informação são árvores e
arbustos, principalmente aquelas de altura e características que propiciam o registro
de evidências de altas velocidades de vento. Deformações e inclinações ocorrem em
função do tipo e altura da vegetação, exposição ao vento, velocidade e direção do
vento. Uma das classificações que descreve os efeitos causados pelo vento na
vegetação é o índice de Griggs-Putnam, que classifica os efeitos em ordem
crescente de velocidade de vento, segundo os índices de 0 a VII, conforme mostra a
figura 3.4. A figura 3.5 apresenta um exemplo real de deformação verificada em
árvore, podendo ser classificada pelo índice VI ou VII de Griggs-Putnam.
45
Instrumentos de Medição
Uma importante providência a ser tomada no processo de medição de
potencialidade eólica é a correta aquisição dos equipamentos que irão compor o
sistema, sejam eles sensores, registradores de dados, ou a torre de sustentação. O
insucesso nessa etapa pode ser determinante para inviabilizar o projeto. A seguir
são descritos os principais equipamentos que compõem um sistema de medição de
potencialidade eólica.
Medidores de velocidade de vento (Anemômetros)
O principal equipamento do sistema de monitoração é aquele responsável pela
medição do parâmetro mais importante a ser considerado em projetos eólicos: a
velocidade de vento. Instrumentos de medição de velocidade de vento podem ser
classificados basicamente em dois tipos: rotacionais e não-rotacionais. Entre os
primeiros, os mais utilizados são os anemômetros de conchas (ou de copos) e os
anemômetros de hélices. Já os outros, mesmo não sendo tão utilizados na indústria
eólica, possuem uma maior variedade de tipos, cada um operando com um princípio
básico diferente e sem apresentar partes móveis. Entre outros, podem ser citados os
anemômetros de tubos de pressão, de fio quente, acústico, radar, sônico e laser.
Os anemômetros do tipo rotacional são os mais utilizados em medições de
velocidade de vento visando à conversão eólio-elétrica. Eles operam de forma que a
velocidade angular de rotação de seus eixos varie linearmente com a velocidade do
vento. Os anemômetros rotacionais modernos produzem sinais elétricos, permitindo
a determinação da velocidade de vento de forma instantânea.
Como outras características dos anemômetros rotacionais estão sua boa faixa
de exatidão e seus custos menos elevados, o que não significa que os mesmos são
menos eficientes. Anemômetros rotacionais modernos podem produzir sinais
elétricos que permitem a determinação da velocidade de vento em qualquer instante.
Em contrapartida, como desvantagem, esses anemômetros apresentam respostas
mais lentas a variações na velocidade de vento, quando comparados com alguns
sensores não rotacionais.
Os anemômetros de conchas (figura 3.6) possuem normalmente três ou quatro
conchas, podendo ser fabricadas de plástico ou metal, estando dispostas sobre um
pequeno corpo.
(a) (b)
Figura 3.8 - Sensores de direção (a) dispostos isoladamente e (b) integrados ao
suporte do anemômetro.
Medições de direção do vento são importantes, pois freqüentes mudanças na
direção podem indicar a presença constante de rajadas de vento. A situação ideal
seria a verificação de uma única direção predominante durante 80% do tempo ou
mais.
Sensores de temperatura, pressão e umidade
Temperatura e pressão atmosférica, apesar de menos influentes que a
velocidade e a direção do vento, também são grandezas de interesse para a
determinação precisa do potencial eólico. Sensores de umidade muitas vezes são
integrados aos de temperatura, com custos baixos e, apesar de não influenciarem
diretamente nos cálculos do potencial eólico, sua instalação é interessante para a
verificação de possíveis influências indiretas. A figura 3.9 ilustra um sensor de
temperatura com higrômetro integrado.
48
Registradores de dados
Todos os dados medidos através dos sensores apresentados anteriormente
devem ser armazenados de forma a permitir a sua coleta e seu tratamento da
melhor maneira possível. Para tal, são utilizados registradores de dados, bastante
conhecidos pelo termo inglês data-logger (figura 3.10). Equipamentos mais
modernos apresentam grande flexibilidade em suas configurações, permitindo a
definição, pelo usuário, dos intervalos de coleta e da forma como os dados são
apresentados, como por exemplo, cálculos diretos de valores de potência, valores
máximos, mínimos e médios, e ocorrência de rajadas de vento.
Figura 3.10 - Data-logger para coleta e armazenamento dos dados medidos pelos
sensores.
Outra característica importante é o meio de armazenamento dos dados no
registrador. O armazenamento pode ser feito em fitas, memórias internas, cartões de
transferência, ou enviados, manual ou automaticamente, a um computador. Em
muitos casos a coleta é manual, e o meio de armazenamento deve ter capacidade
suficiente de memória para evitar o deslocamento constante de pessoal até o local
de coleta. O envio automático pode ser realizado via rádio, telefonia fixa ou móvel ou
satélite, com o custo inicial maior desse tipo de sistema podendo tornar-se, ao longo
do tempo, mais baixo que o custo constante de deslocamento para a coleta manual.
Torres de sustentação dos equipamentos
As torres utilizadas para instalação dos sensores responsáveis pelo
levantamento da potencialidade eólica são normalmente treliçadas ou tubulares,
auto-portantes ou sustentadas por cabos de aço, conhecidas como estaiadas. As
49
Figura 3.11 - Torre tubular estaiada para medição de potencial eólico.
Com relação aos tipos de torres utilizadas, o principal cuidado diz respeito ao
fato da torre ser firme o suficiente para não permitir vibrações nos sensores, o que
pode causar erros nos dados coletados.
Técnicas de Medição
requerA bastante
etapa de precisão.
medição de potencialidade
Pequenas eólicana
imprecisões para geração
coleta de energia
dos dados elétrica
de medição
podem levar a sérios erros no desempenho final do sistema, com conseqüentes
riscos de inviabilidade econômica do empreendimento. Alguns dos fatores que
afetam a precisão da medição, e que são discutidos neste item, são as instalações
da torre e dos sensores, duração, freqüência, e taxa de coleta dos dados, tipos de
equipamentos utilizados na medição, e histórico de calibração e manutenção dos
equipamentos.
A primeira providência a ser tomada antes da instalação da estação de coleta
de dados é a escolha do local de instalação. Com relação à torre, esta deve ser
instalada em posição totalmente vertical, devendo-se preferir locais abertos, com a
menor quantidade de obstáculos possível em suas proximidades. Obstruções podem
provocar turbulências e rápidas variações na velocidade e na direção do vento. A
figura 3.12
de altura H.ilustra a região típica de turbulência nas proximidades de um obstáculo
50
Figura 3.12 - Região de turbulência srcinada por um obstáculo de altura H.
Com relação aos anemômetros, sugere-se a sua instalação à mesma altura do
cubo do aerogerador a ser instalado. Porém, isso pode ser difícil devido
principalmente a dois fatores: o primeiro pelo fato de muitas vezes a altura de
instalação do aerogerador não ser conhecida inicialmente, necessitando-se
justamente dos dados medidos para tal definição; e o segundo por desejar-se
instalar o aerogerador em uma altura tal que elevaria bastante os custos de
fabricação e instalação da torre de coleta de dados. Nesses casos, a alternativa
usual é a instalação de dois ou mais anemômetros em alturas diferentes, que
permite, a partir dos valores por eles medidos, determinar a velocidade de vento na
altura desejada, através dos métodos apresentados anteriormente. A altura mínima
recomendada para a instalação do anemômetro é 10 m. Alturas de 30 e 50 m
também são bastante utilizadas, sempre atentando para a distância mínima
recomendada entre dois anemômetros, de 15 a 20 m.
Os sensores devem ser montados no topo da torre ou em suportes (travessas),
localizados a aproximadamente 45º do lado da torre voltado para a direção
predominante de vento, a uma distância mínima igual a três vezes o diâmetro da
torre, se treliçada, e seis vezes, se tubular, para minimizar a influência da torre no
fluxo de vento que passa pelo anemômetro.
Com relação à duração, freqüência e taxa de coleta dos dados, o período
mínimo de coleta recomendado é de um ano. Durante o período de tempo
considerado, as medições devem ser ininterruptas, com a apresentação de médias
de 10 em 10 minutos. As médias devem ser calculadas com base no maior número
de amostras possível, como as de um em um segundo.
3.4. Aerogeradores
O aerogerador é o equipamento utilizado para conversão da potência do vento
em eletricidade. O rotor é o componente responsável pela conversão da energia
cinética dos ventos em energia mecânica de rotação. Aerogeradores modernos são
normalmente constituídos por rotores de eixo horizontal, que são aqueles que
possuem seu eixo de rotação situado paralelamente à direção do vento. Os mais
comuns possuem três pás. Dentre os demais componentes da turbina, além do
rotor, o gerador elétrico, a torre e a gôndola são necessários para o bom
funcionamento de qualquer modelo e em qualquer aplicação. Entretanto, sistemas
de transmissão e orientação, por exemplo, são utilizados apenas em determinadas
configurações. A figura 3.14 apresenta as principais partes constituintes de uma
turbina eólica.
52
1- Grua de manutenção
2- Gerador
3- Sistema de refrigeração
4- Unidade de controle
5- Sistema de multiplicação
6- Eixo principal
7- Sistema de bloqueio do rotor
8- Pá
9- Cubo do rotor
10- Cone
11- Suporte das pás
12- Gôndola
13- Sistema hidráulico
14- Amortecedor
15- Anel de orientação
16- Freio
17- Torre
18- Sistema de orientação
19- Eixo de alta velocidade
Figura 3.16 - Aerogeradores de eixo horizontal: (a) multipás, (b) três pás, (c) duas
pás e (d) uma pá.
54
Figura 3.17 - Aerogeradores de eixo vertical: (a) Darrieus e (b) Savonius.
As turbinas eólicas de eixo horizontal, principalmente aquelas de três pás, são
atualmente muito mais utilizadas para geração de energia elétrica do que as de eixo
vertical. Isso ocorre principalmente em função do maior rendimento das turbinas de
eixo horizontal. Em contrapartida, as de eixo vertical possuem como vantagens o
fato de não necessitarem de mecanismos de orientação ao vento e todo o
equipamento responsável pela conversão eólio-elétrica estar normalmente situado
ao nível do solo. Como algumas desvantagens em relação às turbinas de eixo
horizontal, as de eixo vertical do tipo Darrieus não partem automaticamente e seu
torque flutua à medida que as pás movem-se a favor e contra a direção do vento.
Outro critério de classificação de rotores eólicos está relacionado às forças
predominantes atuantes sobre o mesmo, que podem ser de sustentação ( lift) ou de
arrasto (drag). Detalhes teóricos sobre o surgimento dessas forças são vistos mais
adiante. As forças de arrasto e sustentação podem ser verificadas tanto em turbinas
eólicas de eixo vertical quanto de eixo horizontal. As turbinas baseadas na força de
arrasto apresentam baixas velocidades (menores que a velocidade de vento), baixo
rendimento aerodinâmico e torque no eixo do rotor é relativamente alto. Exemplos
típicos desse modelo são os tradicionais cata-ventos multipás e as turbinas
Savonius. Já os rotores baseados na força de sustentação apresentam altas
velocidades (normalmente muitas vezes maior que a de vento), alto rendimento
aerodinâmico e baixo torque.
Para geração de eletricidade, deseja-se que o eixo do rotor opere com altas
velocidades. Este fato, aliado à maior eficiência aerodinâmica de equipamentos de
sustentação, tornam-nos mais indicados para a geração de eletricidade. Entre as
turbinas mais comuns desta categoria estão as de eixo horizontal de três pás e a
Darrieus.
Sistema de Multiplicação de Velocidade
O sistema de multiplicação de velocidade tem como função básica a elevação
da velocidade de rotação do rotor a valores adequados para uma produção de
55
energia eficiente do gerador. A caixa de multiplicação está conectada ao rotor
através do eixo principal, também chamado de eixo de baixa velocidade, e ao
gerador através do eixo secundário, ou de alta velocidade.
Velocidades angulares típicas de rotores eólicos situam-se na faixa de 20 a 50
rpm., enquanto que alguns geradores operam em rotações bem mais elevadas,
entre 1.200 e 1.800 rpm., tornando, nesses casos, fundamental a utilização do
sistema de multiplicação. Entretanto, tal sistema apresenta algumas desvantagens,
por ser um componente pesado e ruidoso, além de apresentar custos adicionais de
manutenção.
Para solucionar tais problemas, há algum tempo vêm sendo desenvolvidos
aerogeradores com conexão direta entre rotor e gerador, sem a necessidade do
sistema de multiplicação, sendo chamados de aerogeradores de acoplamento direto
(direct-drive). Esses tipos de aerogeradores podem apresentar diversos benefícios,
como reduções no custo, no tamanho e no peso do conjunto, além de menor ruído.
A eficiência do sistema de multiplicação varia entre 95 e 98%, dependendo
basicamente do tipo de eixo utilizado e da lubrificação.
Gerador Elétrico
Existem duas principais classes de geradores elétricos normalmente utilizados
em sistemas eólicos: geradores síncronos e geradores de indução, ou assíncronos.
Em determinados tipos de aplicações de pequena escala podem, ainda, ser
utilizados geradores de corrente contínua. Os geradores são componentes
fundamentais de sistemas eólicos, estando conectados ao rotor através de eixos de
baixa e alta velocidades e caixas de multiplicação, ou diretamente ( direct-drive).
Dentre essas opções de geradores para utilização em sistemas eólicos, a melhor
escolha depende de vários fatores.
Antes de descrever os três tipos de geradores, conceitos de sistemas operando
em velocidade constante e variável devem ser apresentados. De uma maneira
sucinta, aerogeradores operando a velocidade constante são aqueles onde a
velocidade de rotação do rotor é fixa, normalmente associada a geradores
assíncronos conectados diretamente à rede elétrica. Já aerogeradores operando a
velocidade variável apresentam rotores girando com velocidade angular variável,
podendo ser associados à utilização de conversores de potência e geradores
síncronos.
Rotores operando a velocidades constantes apresentam como vantagem
principal o fato de utilizarem sistemas mais simples de geração e entrega de energia
à carga. Entretanto, sistemas de velocidades variáveis apresentam como vantagens
a redução de cargas mecânicas impostas à gôndola, devido ao fato do rotor operar
como um grande volante, além de apresentarem melhor desempenho aerodinâmico
e aproveitarem melhor a faixa de velocidades do vento.
56
Além dessas duas classificações, uma outra, que poderia ser considerada
intermediária, é a operação a duas velocidades. Atualmente, tais sistemas operam
com geradores cujos números de pólos podem variar entre dois valores, o que
representa um grande avanço com relação aos sistemas de duas velocidades
desenvolvidos no passado, onde havia a necessidade da utilização de dois
geradores, um para cada velocidade de rotação do rotor, tornando o projeto mais
caro e complexo.
Mecanismos de Controle
Existe uma vasta gama de mecanismos de controle que podem ser
implementados em aerogeradores para melhorar seu desempenho, sejam eles
mecânicos, aerodinâmicos ou eletrônicos. O presente item enfatiza os mecanismos
que visam ao controle da potência extraída pela turbina de acordo com as condições
de vento, visto que esses controles são fundamentais não apenas para proporcionar
um melhor desempenho ao sistema, como também para garantir a integridade
estrutural do conjunto.
Uma primeira estratégia de controle é a utilização de sistemas de orientação.
Rotores de eixo horizontal do tipo upwind necessitam de sistemas de orientação ao
vento, tanto para manter o seu plano de rotação sempre perpendicular à direção do
vento em situações de operação normal, quanto para retirá-lo do vento em situações
extremas. Tal sistema utiliza dispositivos eletromecânicos, como motores,
rolamentos, discos e engrenagens, e dispositivos eletrônicos, que enviam o sinal
coletado por um sensor de direção, normalmente instalado sobre a gôndola, ao
sistema eletromecânico para que este atue de maneira satisfatória. Em situações
emergenciais, quando o rotor deve ser retirado completamente de operação e as
estratégias de controle não atuem, o sistema de freio é acionado.
As formas mais usuais de se limitar a potência de aerogeradores são através
de dois tipos de controles aerodinâmicos: controle de passo ( pitch) e por estol (stall).
O controle de passo é uma forma de controle ativo, onde a limitação da
potência do aerogerador é alcançada através da rotação da pá em torno de seu eixo
longitudinal. Enquanto o aerogerador estiver operando em situações de velocidade
de vento que estejam abaixo daquelas que forneçam a potência nominal da
máquina, o controle permanece inativo. Para valores de velocidade de vento muito
superiores à nominal, o controle deve atuar rapidamente, girando as pás e, com
isso, aumentando seu ângulo de passo e reduzindo o ângulo de ataque. Conceitos
de aerodinâmica já discutidos mostram que menores ângulos de ataque resultam em
diminuição da força de sustentação, ocasionando um menor aproveitamento eólico
por parte do rotor, situação desejada para velocidades de vento muito elevadas.
Já o controle por estol é uma forma de controle passivo, obtido através do
efeito aerodinâmico de descolamento do fluxo de vento. Neste caso, as pás são
fixas e o controle atua automaticamente quando, ao ocorrer velocidade de vento
57
superior à nominal, o escoamento em torno do perfil da pá descola de sua
superfície, reduzindo, com isso, a força de sustentação.
Uma das principais diferenças entre os dois tipos de controle pode ser notada
através da figura 3.18, que mostra curvas de potência de aerogeradores operando
com controle de passo e por estol.
(a) (b)
Figura 3.18 - Curvas de potência de aerogeradores com controle (a) por estol e (b)
de passo.
Antes do advento de aerogeradores de grande porte, da classe de MW, a
utilização de sistemas de regulação através do controle por estol predominava. No
entanto, atualmente há mais do dobro de aerogeradores com controle de passo no
mercado. Isso se deve, entre outros fatores, ao fato do custo dos dois tipos de
controle ser equivalente e da regulação por passo apresentar maior ganho na
potência gerada em velocidades próximas e superiores à nominal, como pode ser
notado nas curvas apresentadas pela figura 3.33. As vantagens do controle por estol
concentram-se principalmente em sua estrutura mais simples, reduzindo o número
de peças móveis.
Nos últimos anos, uma outra classificação de sistemas eólicos vem sendo
bastante utilizada, quanto ao local de instalação dos aerogeradores: sistemas
59
instalados em terra firme, mais conhecidos como sistemas onshore, e sistemas
instalados no mar, conhecidos como sistemas offshore.
A necessidade de instalação de sistemas eólicos no mar surgiu há pouco
tempo, devido, inicialmente, a limitações no uso da terra, seja por ausência de
espaço físico, seja pelo compromisso de redução de impactos ambientais. Além
disso, no mar há espaço em abundância, velocidades de vento consideravelmente
superiores às verificadas em terra e menores níveis de turbulência. Em
contrapartida, dificuldades ocasionadas por ondas, fortes correntes marítimas,
congelamento, se houver, e altos níveis de umidade e salinidade tornam o
desenvolvimento técnico de sistemas offshore mais complexo, principalmente com
relação às estruturas de sustentação (fundação e torre) e à conexão com a rede
elétrica. Como os benefícios são muito mais consideráveis, o número de sistemas
offshore instalados no mundo vem crescendo rapidamente nos últimos anos.
60
CAPÍTULO 4 – ENERGIA HIDRÁULICA
62
4.3. Centrais Quanto ao Sistema de Adução
Quanto ao sistema de adução, são considerados dois tipos de PCH: adução
em baixa pressão com escoamento livre em canal / alta pressão em conduto
forçado; e adução em baixa pressão por meio de tubulação / alta pressão em
conduto forçado.
A escolha de um ou outro tipo dependerá das condições topográficas e
geológicas que apresente o local do aproveitamento, bem como de estudo
econômico comparativo.
Para sistema de adução longo, quando a inclinação da encosta e as condições
de fundação forem favoráveis à construção de um canal, este tipo, em princípio,
deverá ser a solução mais econômica. Para sistema de adução curto, a opção por
tubulação única, para os trechos de baixa e alta pressão, deve ser estudada. A
necessidade ou não de chaminé de equilíbrio é verificada em cada caso.
Pequenas 1.000 < P < 30.000 H d < 25 25 < H d < 130 Hd > 130
63
Os componentes básicos são: 1 - reservatório superior; 2 - barragem e
vertedouro; 3 - tubulação de pressão; 4 - chaminé de equilíbrio; 5 - blocos de
ancoragem; 6 - tubulação forçada; 7 - tubulação de reação; 8 - gerador; 9 - canal de
fuga; 10 - casa de máquinas.
atecnicamente
obrigação detalsubmeter à ANEEL um relatório de reconhecimento fundamentando
simplificação.
Para as bacias não inventariadas, visando-se à elaboração do estudo de
inventário simplificado, deverão ser coletados dados, tais como: mapas diversos
da região, inclusive os rodo-ferroviários, etc.; fotografias aéreas e mapas
cartográficos; restituições aerofotogramétricas e dados topográficos; imagens de
satélites; perfis do rio, caso disponíveis; sistema energético da região; dados
64
hidrométricos observados pelas instituições oficiais; estudos hidrológicos porventura
já realizados na bacia; dados geológicos e geotécnicos, regionais e locais; dados
ambientais sobre a região.
Os dados coletados devem ser organizados com vistas a: com base no mapa
da bacia hidrográfica, conhecer o perfil do rio a ser estudado e identificar a
localização de possíveis quedas naturais e/ou dos locais de barramento; identificar
as principais limitações existentes à formação de reservatórios na região, mesmo os
de pequenas dimensões, tais como impactos sobre as zonas urbanas e rurais,
rodovias e ferrovias, linhas de transmissão de energia e de telecomunicações,
reservas indígenas, áreas de preservação permanente, projetos de irrigação ou
áreas irrigadas, facilmente observáveis nas imagens de satélite, etc.; analisar-se a
consistência dos dados hidrometeorológicos; conhecerem-se os aspectos
geológicos e geotécnicos locais; analisar-se a qualidade de água, para verificação
das conseqüências sobre o empreendimento, em especial sobre as máquinas;
verificar os locais de lançamento de esgotos domésticos e industriais; avaliar
preliminarmente as possibilidades de assoreamento próximo do remanso do
reservatório e na desembocadura de algum afluente.
Sob o aspecto ambiental e de gerenciamento de recursos hídricos, há que se
considerar a necessidade de um tratamento adequado da questão ambiental, em
benefício não apenas do meio ambiente, mas também do próprio empreendedor,
tendo como conseqüência natural a obtenção, por parte do investidor, de Licenças
Ambientais para
de Instalação as evárias
(LI), etapas
Licença do empreendimento:
de Operação Licença
(LO), ao final Prévia (LP),além
da construção, Licença
da
outorga para utilização da água com a finalidade específica de geração de energia
elétrica.
Mais importante, entretanto, do que o próprio licenciamento, deve ser a
preocupação do empreendedor com as ações da usina sobre o meio ambiente e
vice-versa. Uma adequada definição das medidas de ordem ambiental a serem
tomadas poderá promover a correta inserção do empreendimento na região e, em
especial, evitar que o proprietário tenha surpresas futuras desagradáveis que
resultem em problemas e custos não programados previamente.
Os levantamentos e estudos básicos deverão fornecer todos os subsídios
necessários para a etapa seguinte de trabalhos, relativa aos estudos de alternativas
de arranjo e tipo das estruturas do aproveitamento. Cabe destacar que os aspectos
topográficos do sítio condicionam, de forma significativa, e limitam os estudos de
alternativas de arranjo.
Selecionado o arranjo do aproveitamento, passa-se para a fase de projeto das
obras civis e dos equipamentos eletromecânicos. Nessa fase, será realizado o
dimensionamento final das estruturas, o que possibilitará a determinação da queda
líquida com maior precisão, utilizando-se as fórmulas tradicionais para cálculos das
perdas de carga ao longo do circuito hidráulico de adução.
65
A partir desse instante, conhecida a série de vazões médias mensais e a queda
disponível, serão elaborados os estudos energéticos definitivos e determinada a
potência a ser instalada na PCH. Com base na potência a ser realmente instalada,
deverá ser realizado, em seguida, o dimensionamento final dos equipamentos
eletromecânicos principais.
66
Em virtude da sua utilização diretamente no fluxo d’água, a turbina
hidrocinética funciona de forma similar a uma turbina eólica, com a diferença de que
o fluido, neste caso, é a água e não o ar. Este fato, em termos de potência extraível,
dá à turbina hidrocinética uma certa vantagem em relação à eólica, pois a potência
disponível no fluxo de um fluido é diretamente proporcional à sua densidade, e a
água é cerca de 1.000 vezes mais densa que o ar.
Entretanto, devido a fatores como a largura e a profundidade do rio onde a
turbina deve ser instalada, bem como muitas vezes à necessidade de se permitir a
navegação local, o diâmetro da turbina fica limitado a valores relativamente
pequenos, se comparados com os das turbinas eólicas, fazendo com que o
aproveitamento hidrocinético fique, em geral, limitado ao atendimento de cargas de
pequeno porte.
Quando a navegação local não é freqüente, pode-se utilizar um sistema de
retirada da turbina do rio como mostrado na figura 4.4, durante a passagem do barco
em questão, porém interrompendo a geração durante esse período. Esse sistema
também é muito importante para a realização de procedimentos de manutenção na
máquina.
67
Figura 4.5 – Curva de potência de um hidrogerador de pequeno porte.
68
CAPÍTULO 5 – ENERGIA OCEÂNICA
69
Figura 5.1 – Potencial brasileiro da energia oceânica.
Tabela 5.1 – Potencial brasileiro preliminar.
Região GW
Região Norte + Maranhão (1) 27
Nordeste (2) 22
Sudeste (2) 30
Sul (2) 35
Potencial Brasileiro 114
(1) Apenas Maré (2) Ondas
Apesar do quadro favorável desse potencial, ainda existem empecilhos ao
desenvolvimento deste tipo de energia, pois para que seja viabilizada a execução de
um protótipo de laboratório para um modelo em mar real, os custos são significativos
e requerem uma preparação envolvendo riscos de vários níveis. Após a aprovação
desse protótipo em mar real, haveria a necessidade do desenvolvimento de um
sistema a nível comercial, sendo necessário para isto a criação de uma equipe que
domine todas as fases pertinentes ao projeto, bem como sejam criadas parcerias
que envolvam empresas e instituições.
71
Figura 5.3 – Usina de La Rance, França.
A segunda encontra-se em Annapolis Royal, Nova Scotia, Canadá, e foi
colocada em funcionamento em 1982, para demonstrar a capacidade das TH Straflo.
Essa central maremotriz possui uma TH Straflo de 16 MW. Existem outras centrais
de menor porte em vários locais do mundo, mas não apresentam produção
comercial.
Essas centrais podem ser classificadas quanto ao uso de reservatório e quanto
ao sentido de turbinamento.
Quanto ao uso de reservatório
As centrais, quanto ao uso do reservatório, podem ser sem reservatório (ou
offshore), ou com reservatório.
As centrais sem reservatório, não necessitam de barragens, e tem suas
turbinas montadas no fundo do oceano, perto da costa. Este tipo de alternativa não
apresenta os problemas ambientais relacionados ao uso da barragem.
As centrais com reservatório apresentam regime intermitente, acumulando a
água do mar em reservatório. O sistema de aproveitamento da energia funciona
utilizando a elevação e abaixamento do nível do mar. Comparativamente, funcionam
como uma barragem de uma hidrelétrica e são chamadas de sistemas maré-
motrizes. Uma barragem é construída perto do mar, para formar um reservatório,
que é cheio com a subida da maré, armazenando a água no seu interior. Quando a
maré baixa a água sai, movimentando uma turbina que se encontra ligada a um
sistema de conversão.
Figura 5.5 – Caixa de concreto por onde, com o sobe e desce das marés, passa a
água do mar.
Podem ser citadas como vantagens das centrais maré-motrizes: a energia dos
oceanos é inesgotável; em geral produz impactos menores que as grandes
hidrelétricas; as marés são fenômenos cíclicos e, portanto, previsíveis e confiáveis,
embora intermitentes; a tecnologia necessária está disponível para uso no mercado.
Como desvantagens das centrais maré-motrizes podem ser citadas: custo
elevado para construir uma central maré-motriz em relação à quantidade de energia
gerada; existem poucos locais no mundo onde as condições geográficas e de
desnível são satisfatórias; os litorais retos e sem cortes podem encarecer mais o
projeto ou até inviabilizá-lo; o ciclo de marés de 12 horas e meia e o ciclo quinzenal
de amplitudes máxima e mínima apresentam problemas para que o fornecimento de
energia seja mantido regular; exercem influência sobre a qualidade da água, a fauna
e a flora e têm efeito também sobre o alcance das marés e das correntes; impactos
econômicos, já que atividades de pesca da região podem ser prejudicadas.
73
tipos de energia são produzidos pela ação do vento, apresentam intermitência e
variações sazonais semelhantes.
A energia cinética das ondas é proveniente do movimento da água e a energia
potencial é devida à sua altura. Uma vez formadas as ondas pela ação dos ventos,
elas vem do alto mar até próximo à costa, onde encontram águas mais rasas.
Devido a este fato a base da onda começa a sofrer resistência, aumentando a sua
altura. Conforme o fundo vai se tornando mais raso, a crista da onda que não está
sujeita a esta resistência, prossegue com velocidade maior e em seguida quebra-se.
Apesar de existirem locais no planeta onde as ondas apresentam grandes
variações de localização, horário, amplitude e freqüência, tornando difícil o seu
aproveitamento, existem outros locais que possuem ondas com elevado conteúdo
energético e estável em boa parte do tempo, fazendo com que esses locais sejam
satisfatórios para a implantação de projetos de geração.
A figura 5.6 apresenta a distribuição mundial desse tipo de recurso em águas
profundas.
74
A grande variedade de tecnologias e sistemas pode ser classificada pelo local
de sua instalação: sistemas na costa (shoreline), sistemas próximos da costa
(nearshore) e sistemas em águas profundas (offshore).
Sistemas na costa (shoreline)
Estes sistemas estão localizados na costa, sendo que o mais desenvolvido é o
de coluna de água oscilante, também conhecido por OWC (Oscillating Water
Column).
O sistema
submersa, abertaconsiste defrontal
na parte uma estrutura oca,ondas
exposta às em concreto,
por baixoque
da fica
linhaparcialmente
de água. O
movimento alternado das ondas realiza a pressurização e despressurização do ar
contido na estrutura, fazendo com que seja criado um fluxo recíproco na turbina
(figura 5.7).
75
Figura 5.8 – OWC em Portugal (400 kW).
LIMPET, Islay-Escócia.
Projeto desenvolvido pela Queen´s University, de Belfast, e a Wavegen Ltd.,
com coordenação da Queen´s University. Tem potência de 500 kW e foi construído
em 1996 (figura 5.9). A central pode fornecer eletricidade para mais ou menos 400
habitações.
A ilha de Islay apresentou-se como local favorável para a instalação desse
projeto, não só pela sua condição de ondas favoráveis, mas também pelo acesso
fácil à central.
76
O projeto dessa central foi realizado na década de 1990 pela empresa
escocesa Wavegen, para águas com cerca de 20 m de profundidade. Era
constituída de uma estrutura metálica de parede dupla, a qual seria rebocada até o
local da instalação, para ser em seguida afundada através do enchimento das suas
paredes ocas, utilizando materiais densos e, deste modo, ficaria assente no mar.
Durante sua instalação em 1995, essa central foi destruída por uma
tempestade. No entanto, os trabalhos têm prosseguido para a construção de um
novo protótipo, com associação a uma turbina eólica offshore, para melhorar a sua
viabilidade econômica.
79
Figura 5.15 – PELAMIS, UK (750 kW).
Wave Dragon
A empresa dinamarquesa Wave Dragon ApS foi responsável pelo
desenvolvimento desse projeto, em um consórcio internacional que engloba
empresas e instituições da Dinamarca, Reino Unido, República da Irlanda, Suécia,
Áustria e Alemanha.
Esse sistema é composto por um corpo central, dois refletores, um sistema de
controle e monitoração das turbinas, e um sistema de geradores. Seu mecanismo
baseia-se na elevação e acumulação de energia potencial, sendo a energia
incidente concentrada por dois refletores parabólicos que focalizam as ondas para
uma
acimarampa curva.deAtrás
do mar, mododa querampa há umque
a água reservatório,
sobe pelaquerampa
se encontra elevado
é armazenada
temporariamente. Em seguida, a água deixa o reservatório através das turbinas,
produzindo energia elétrica (figura 5.16).
80
Figura 5.17 – Wave Dragon visto de um dos refletores.
Algumas vantagens da energia das ondas são: a energia das ondas é um
recurso renovável; ela é abundante, apesar de sua variação nas estações climáticas;
as ondas contêm cerca de mil vezes mais energia cinética que o vento; os sistemas
utilizados têm localização flexível ( shoreline, nearshore e offshore); os problemas de
transporte de energia para a terra e de acesso para manutenção são de solução
relativamente fácil para os sistemas na costa ou próximos dela; os sistemas em
águas profundas ficam menos dependentes das condições da costa e são os mais
adequados para o aproveitamento da energia das ondas em grande escala.
Como desvantagens podem ser citadas: as instalações das centrais não
podem interferir com a navegação; as instalações têm que ser robustas para poder
resistir às tempestades, mas suficientemente flexíveis para possibilitar a obtenção
de energia de ondas de amplitudes variáveis; os locais devem apresentar ondas
altas continuamente; a localização para os sistemas, na costa ou próximo da costa,
depende de um conjunto de fatores geomorfológicos favoráveis na vizinhança
imediata da costa; o impacto visual é significativo; nos sistemas em águas
profundas, as dificuldades associadas à sua complexidade, transmissão da energia
para a terra, ancoragem, e acesso para manutenção, têm impedido que o seu grau
de desenvolvimento atinja o da coluna de água oscilante; ainda nos sistemas em
águas profundas existem impactos associados a interferências com a navegação e a
pesca; existem ainda problemas com a tecnologia utilizada, principalmente com
relação ao projeto mecânico.
82
CAPÍTULO 6 – ENERGIA DA BIOMASSA
83
Biocombustíveis líquidos: existe uma série de biocombustíveis líquidos com
potencial de utilização, todos com srcem em culturas energéticas como: o biodiesel,
obtido de óleos vegetais, como por exemplo a mamona, o dendê, e a soja; o etanol,
produzido a partir da fermentação de hidratos de carbono (açúcar, amido, celulose,
etc.); e os óleos in natura.
6.3. Combustão
A combustão pode ser definida como uma reação química exotérmica rápida
entre duas substâncias, um combustível e um comburente. O combustível é a
substância que queima, que se oxida, contendo em sua composição, principalmente,
carbono e hidrogênio e, eventualmente e em menores teores, outros elementos
reagentes, como oxigênio e enxofre, ou ainda outros elementos ou compostos que
não participam da reação de combustão, como a água. O comburente é o
componente da reação de combustão que fornece o oxigênio. Em geral, é usado o
ar atmosférico, que apresenta a grande vantagem de não ter custo de fornecimento.
Entretanto, o ar contém relativamente pouco oxigênio, existindo 3,76 volumes de
nitrogênio por volume de oxigênio, além de trazer sempre alguma umidade.
Os produtos da combustão são tipicamente gasosos. Contudo, os elementos
do combustível que não se oxidam ou já estão oxidados vão constituir as cinzas. Os
combustíveis podem ser classificados de acordo com seu estado físico nas
condições ambientes em:
• Sólidos: madeira, bagaço de cana, turfa, carvão mineral, carvão vegetal,
coque de carvão, coque de petróleo, etc.;
• Líquidos: líquidos derivados de petróleo, óleo de xisto, alcatrão, licor negro
(lixívia celulósica), álcool, óleos vegetais, etc.;
• Gasosos: metano, hidrogênio, gases siderúrgicos (gás de coqueria, gás de
alto forno, gás de aciaria), gás de madeira, biogás, etc.
Reações de combustão
O conhecimento básico das reações de combustão permite estimar o
requerimento de ar teórico e as condições reais de sistemas utilizando combustíveis.
Na tabela 6.1 estão resumidas as reações elementares para o estudo da combustão,
correspondentes, respectivamente, à oxidação completa e incompleta do carbono, à
oxidação do hidrogênio e à oxidação do enxofre. É apresentado também o calor
liberado em cada reação, por unidade de massa do combustível.
84
Tabela 6.1 – Reações básicas de Combustão
Reagentes Produtos Energia Liberada
C + O2 → CO2 + 8.100 kcal/kg C
C + ½O2 → CO + 2.400 kcal/kg C
2H2 +O2 → 2H2O(L) + 34.100 kcal/kg H2
S + O2 → SO2 + 2.200 kcal/kg S
87
Fornalhas para queima em suspensão: São usadas quando se queima óleo,
gases ou combustíveis sólidos pulverizados, utilizando para alimentar o combustível
equipamento especial, chamado maçarico, queimador ou combustor, responsável
pela dispersão do combustível na fornalha de forma homogênea.
Queimadores
Conforme o tipo de combustível empregado, as configurações dos
queimadores podem variar bastante, como apresentado a seguir.
Queimador
queimados para combustíveis
nas câmaras de combustão,líquidos: os suspensão,
sempre em combustíveis líquidos são
pulverizados por
meio de vários processos, que devem ser capazes de atomizar bem o combustível,
mesmo sob cargas parciais.
Queimador de copo rotativo: é uma concepção mais complexa e de bom
desempenho, largamente aplicado nos geradores de vapor limitados à capacidade
de queima de 500 kg óleo/h, embora alguns tipos especiais com alta rotação (10.000
rpm) possam chegar à capacidade de 3.000 kg óleo/h. O funcionamento baseia-se
na formação de um filme de óleo no interior de um copo tronco cônico girando a alta
rotação (3.600 rpm), que projeta o combustível na forma de um anel cônico de
encontro a um fluxo de ar rotativo de alta pressão. Uma das vantagens desse tipo de
queimador é sua razoável capacidade de modulação de carga.
Queimador de combustíveis gasosos: os combustíveis gasosos são os mais
simples de serem queimados, pois a mistura com o comburente se processa de
forma muito mais fácil do que com qualquer outro combustível, podendo ainda ter
sua velocidade de ignição aumentada mediante pré-aquecimento do suprimento do
comburente. Basicamente, distinguem-se dois tipos: queimadores de mistura; e
queimadores de difusão. Os queimadores de mistura promovem a mistura do ar com
o gás antes de injetá-los na câmara de combustão. Já os queimadores de difusão
têm por princípio injetar ambos os fluidos separadamente, proporcionando a mistura
de ambos no interior da câmara de combustão, sendo menos empregados.
Queimador de combustíveis sólidos pulverizados: a utilização dos
combustíveis sólidos tem como exemplo mais importante o carvão mineral, utilizado
nas grandes unidades geradoras de vapor das centrais termoelétricas, sendo que
existem outros materiais pulverizados e resíduos de processos industriais, como é o
caso do bagaço de cana, da borra de café, da serragem e de resíduos florestais
macerados, que são particulados e queimados em suspensão, quando insuflados na
câmara de combustão.
Queimador de combustíveis sólidos: nas pequenas caldeiras, o combustível,
lenha em toras, é colocado manualmente sobre um conjunto de grelhas fixas. Para
as caldeiras de maior capacidade, utilizam-se sistemas com grelhas móveis ou
deslizantes. A lenha, normalmente picada, é transportada por meio de correias
transportadoras, dos silos até aos dosadores e alimentadores.
88
Tiragem
É o processo de retirada dos gases provenientes da combustão, da caldeira
para a atmosfera. Dependendo do uso de energia externa, a tiragem pode ser
efetuada de várias maneiras: natural, forçada ou mista.
Natural: quando, normalmente sem a ajuda de equipamentos especiais, o ar
entra na fornalha, alimenta a chama e sai pela chaminé, graças à diferença de
temperaturas entre a sua base e o seu topo.
PodeForçada
apresentarou várias
induzida: os gasesconstrutivas.
disposições são eliminados
Nascom a ajuda
caldeiras emdeque
ventiladores.
os gases
são eliminados através de exaustores, aspirando os gases e projetando-os para a
atmosfera, a tiragem é chamada induzida.
Mista ou balanceada: neste sistema são empregados dois ventiladores, sendo
que um deles tem a finalidade de introduzir o ar na caldeira (ventilador soprador) e o
outro tem a finalidade de retirar o ar da caldeira (ventilador exaustor).
Geradores de vapor
Atualmente, devido a todos os aperfeiçoamentos e intensificação da produção
industrial, os geradores de vapor fornecem o vapor indispensável a muitas
atividades, não só para movimentar máquinas, mas também para limpeza,
esterilização, aquecimento e participação direta no processo produtivo. Além da
indústria, outras empresas utilizam cada vez mais vapor gerado por caldeiras, como
restaurantes, hotéis, hospitais e frigoríficos.
O mais importante gerador de vapor é a caldeira, que é basicamente um
trocador de calor que trabalha com pressão superior à pressão atmosférica,
produzindo vapor a partir da energia térmica fornecida por uma fonte qualquer. É
constituída por diversos equipamentos integrados para permitir a obtenção do maior
rendimento térmico possível e maior segurança. Esta definição abrange todos os
tipos de caldeiras, sejam as que vaporizam água, mercúrio ou outros fluídos e que
utilizam qualquer tipo de energia: térmica (seja convencional, com combustíveis, ou
não convencional, com energia nuclear ou solar), ou mesmo elétrica. Quase sempre
a fonte de calor é um combustível especificamente utilizado com essa finalidade,
mas podem ser aproveitados também calores residuais de processos industriais,
escape de motores a diesel ou turbinas a gás, dando ênfase à racionalização
energética de sistemas complexos. Neste caso, o equipamento é chamado caldeira
de recuperação. Para produzir o vapor de água, é necessário que haja a combustão
na caldeira.
Componentes clássicos de um gerador de vapor
Atualmente, os geradores de vapor de grande porte são constituídos por uma
associação de componentes, de maneira a constituírem um aparelho complexo. São
o exemplo mais completo que se pode indicar, principalmente quando destinados à
89
queima de combustíveis sólidos, conforme descrito na tabela 6.3 e mostrado na
figura 6.2.
Tabela 6.3 – Componentes clássicos de uma caldeira.
(A) Cinzeiro Lugar onde se depositam cinzas e ou, eventualmente, restos
de combustíveis que atravessam o suporte de queima sem
completarem sua combustão.
(B) Fornalha Local onde se inicia o processo de queima, seja de
combustíveis sólidos (líquidos ou gasosos).
(C) Câmara de Volume onde se deve consumir todo o combustível antes dos
combustão produtos de combustão atingirem e penetrarem no feixe de
tubos. Por vezes, confunde-se com a própria fornalha, dela
fazendo parte; outras vezes, separa-se completamente.
(D) Tubos Correspondem ao vaso fechado e pressurizado com tubos
Evaporadores contendo água no seu interior, a qual, ao receber calor,
transforma-se em vapor.
(E) Responsável pela elevação da temperatura do vapor
Superaquecedor saturado gerado na caldeira.
(F) Economizador Componente onde a temperatura da água de alimentação
sofre elevação, aproveitando o calor sensível residual dos
gases da combustão direcionados à chaminé.
(G) Pré-aquecedor Componente cuja função é aquecer o ar de combustão para
de ar ou pré-ar introduzi-lo na fornalha, aproveitando o calor sensível dos
gases da combustão.
(H) Canais de São trechos intermediários ou finais de circulação dos gases
gases de combustão até a chaminé. Podem ser de alvenaria ou de
chapas de aço, conforme a temperatura dos gases que neles
circulam.
(I) Chaminé É a parte que garante a expulsão dos gases de combustão
com velocidade e altura determinadas para o ambiente e,
indiretamente, promove a boa circulação dos gases quentes
da combustão através de todo o sistema pelo chamado efeito
de tiragem.
Tomando por base uma unidade mais complexa, a figura 6.2 permite identificar
os componentes clássicos e o princípio de funcionamento da instalação.
90
Figura 6.2 - Componentes de uma caldeira complexa.
6.4. Gaseificação
O processo de conversão mais eficiente da energia da biomassa em energia
final, contando todas as perdas de energia na produção de gás combustível, ocorre
por meio da gaseificação da biomassa, com posterior utilização do gás combustível.
Considerando-se que as eficiências totais da gaseificação estão na faixa de 50% a
80%, têm-se grandes vantagens desse sistema em relação a outros no que
concerne à eficiência energética.
As indústrias madeireiras, serrarias e movelarias produzem resíduos a partir do
beneficiamento de toras. Os tipos de resíduos produzidos são casca, cavaco, pó de
serra, maravalha e aparas. As indústrias de alimentos e bebidas produzem resíduos
na fabricação de sucos e aguardente (laranja, caju, abacaxi, cana de açúcar, etc.),
no beneficiamento de arroz, café, trigo, milho (sabugo e palha), coco, amendoim,
castanha-de-caju, etc. Assim, com todo esse rejeito, pode-se incorporar sistemas de
aproveitamento de resíduos diversos para fins de produção de energia elétrica, tanto
para alimentação da própria indústria, como também para atendimento de
residências e pequenos núcleos urbanos.
Atualmente, os processos avançados de gaseificação baseados em leito
fluidizado, apresentam-se como promissores na geração de gases limpos para
produção de energia em ciclos combinados.
O gaseificador é essencialmente um forno, onde se oxida (queima) madeira,
carvão, ou outro tipo de biomassa em condições controladas, tendo como meio
oxidante o oxigênio (ou ar) e vapor d’água.
91
A reação de shift (monóxido de carbono e água) também ocorre dentro do
gaseificador, servindo para ajustar a relação hidrogênio/monóxido de carbono. Além
das reações citadas, a ocorrência da reação de metanação (monóxido de carbono e
hidrogênio) é realizada em etapa separada na produção de gás de síntese. Outras
reações ocorrem no processo de gaseificação, no entanto sem muito significado.
A composição dos gases e as velocidades em que essas reações ocorrem
dependem das condições de operação do gaseificador, da pressão, da temperatura,
e do tipo de forno de gaseificação. O gás produzido nos gaseificadores é utilizado
como combustível diretamente, ou como matéria-prima para síntese de produtos
químicos (metanol ou amônia, por exemplo). A composição molar dos gases
produzidos no processo de gaseificação varia com o tipo de gaseificador empregado
e a espécie da mistura oxidante.
Gaseificadores
Os gaseificadores podem, em geral, ser agrupados didaticamente em duas
categorias: leito fixo (fluxo co-corrente e fluxo contracorrente) e leito fluidizado.
Leito Fixo
Os gaseificadores tipo leito fixo, caracterizam-se pelo fato de se ter o
combustível “empilhado”, descendo gradualmente à medida que é consumido. As
cinzas são retiradas pela parte inferior e a biomassa é introduzida pela parte
superior. É um sistema convencional de gaseificação.
O gaseificador em co-corrente apresenta a importante vantagem de forçar os
pirolenhosos a passar pela área de gaseificação, craqueando-os. A biomassa entra
por cima e o ar entra em um ponto intermediário (zona de combustão) e desce no
mesmo sentido da biomassa. Os gases, depois de passar pelo processo de redução,
sobem sem entrar em contato com a biomassa que está entrando, trocando apenas
calor para auxiliar o processo de pirólise. A figura 6.3 mostra o esquema de um
gaseificador co-corrente.
Leito Fluidizado
Os gaseificadores do tipo leito fluidizado, caracterizam-se por utilizar a
biomassa em partículas de pequenas dimensões (5,0 a 7,0 mm), mantidas em
suspensão através da injeção do meio gaseificador (ar ou oxigênio e vapor), que
passa
do gáspelo
é deleito a uma velocidade
aproximadamente 900osuficiente
C. Comopara fluidizá-lo.
se trabalha comApartículas
temperatura de saída
de pequeno
tamanho, o tempo de residência é reduzido (inferior a 1 minuto), o que leva a se
conseguir elevada produção de gás com vasos de dimensões relativamente
reduzidas. Devido à tecnologia ser bastante sofisticada e onerosa, esse gaseificador
é somente utilizado para altas potências (a partir de 10 MW).
Em geral, a biomassa utilizada em gaseificadores requer alguns cuidados no
seu tratamento e manejo, pois o teor de cinzas e o grau de umidade determinam sua
94
utilização para a gaseificação. Altos teores de cinzas provocam obstrução no interior
dos gaseificadores e um elevado grau de umidade afeta diretamente o poder
calorífico inferior da biomassa. Assim sendo, o ideal é se trabalhar com teores de
umidade inferiores a cerca de 20 a 30 %.
6.5. Biodigestão
A definição mais clara de biodigestão é o processo de conversão biológica
anaeróbica, por meio de microorganismos em determinadas condições dentro de
biodigestores. Dentre os mais difundidos estão o chinês e o indiano.
O biogás resultante da fermentação anaeróbica (ausência de ar) em meio
aquoso, em temperatura entre 20 e 55º C e pH adequado, é um gás inflamável,
constituído geralmente por 30 a 70 % de metano (CH 4). Caso a biodigestão não seja
bem sucedida, pode haver a formação de 30 a 70 % de dióxido de carbono (CO 2) e
outros gases com baixas concentrações. Como produto efluente da biodigestão tem-
se o fertilizante. Dados que compõem a mistura gasosa contida no biogás podem
ser vistos na tabela 6.6.
Tabela 6.6 – Composição gasosa do biogás.
Composição Média do Biogás
Metano 55 % a 65 %
Dióxido de Carbono (CO2) 35 % a 45 %
Hidrogênio (H2) 1 % a 10 %
Nitrogênio (N2) 0,5 % a 3 %
Oxigênio (O2) 0,1 %
Ácido Sulfídrico (H2S) Traços
Monóxido de Carbono (CO) 0,1%
Biogás
O gás metano é o principal componente do biogás, é incolor, inodoro e insípido.
Além do metano, há a produção de outros gases em menores concentrações, como
o gás sulfídrico (H2S), que confere ao biogás um ligeiro odor de ovo podre (pútrido).
O biogás não é tóxico, mas age sobre o organismo humano, diluindo o oxigênio (O 2),
é bastante estável e não é solúvel em água, liquefaz-se a uma3 pressão de 140
atmosferas (atm) e possui um poder calorífico de 5.800 kcal/m (24,244 MJ/m3),
podendo seu poder calorífico ser aumentado por meio da purificação, retirada do
dióxido de carbono (CO2), e de filtração, chegando ao valor de 8.100 kcal/m3 (33,850
kJ/m3), podendo ser comparado com o gás natural, que tem se poder calorífico entre
33 e 38 MJ/m3.
95
O biogás possui características energéticas e, portanto, pode-se fazer a
equivalência de 1 m3 de gás com os combustíveis mais usuais e alguns resíduos
orgânicos, conforme a tabela 6.7.
Tabela 6.7 – Equivalência energética do biogás.
0,61 L de gasolina
0,58 L de querosene
0,5 kg de gás liquefeito de petróleo (GLP)
0,79 L de álcool combustível
1,538 kg de lenha
1 m3 Biogás
1,428 kWh de energia elétrica
0,55 L de óleo diesel
20 kg de lixo urbano
2,5 kg de resíduos secos vegetais
14,3 kg de resíduos sólidos de frigorífico
Digestão Anaeróbica
Várias são as bactérias que atuam no processo; porém, as que produzem o
CH4 são chamadas de bactérias metanogênicas, cujo grau de temperatura pode ser
de 35 a 36º C (mesofílicas) ou acima de 45 ºC (termofílicas). Para que a digestão se
desenvolva são necessárias as seguintes condições: impermeabilidade ao ar;
temperatura de aproximadamente 35º C; teor de água suficiente, ou seja, 90 a 100
% do peso do conteúdo de biomassa; início do processo em meio ácido; final do
processo em meio neutro; manutenção de uma boa relação C/N
(Carbono/Nitrogênio), de 30:1 ou 25:1.
O processo digestivo que ocorre na fermentação da matéria orgânica no
biodigestor consta de três fases principais, como visto na figura 6.5.
96
Figura 6.5 – Processo digestivo em um biodigestor.
O resíduo da biodigestão anaeróbica (fermentação) é chamado de
biofertilizante. Geralmente está livre de microorganismos causadores de doenças,
não possui odores desagradáveis, apresenta pH variando de 7 a 8,5 e possui cerca
de 2% de Nitrogênio (N), 1,5% de Fósforo (P) e 1% de Potássio (K), podendo ser
utilizado como fertilizante em lavouras.
Biodigestores
A classificação dos biodigestores pode ser quanto ao tipo de carregamento, em
contínuos e descontínuos, e quanto ao tipo básico pode ser indiano ou chinês.
Geralmente prefere-se optar pelo biodigestor contínuo, por facilitar o
carregamento diário, pois o volume de entrada é praticamente igual ao volume de
saída (biofertilizante).
O biodigestor modelo indiano possui como característica uma campânula
flutuante, chamada de gasômetro, sobre o líquido contido no biodigestor. Por
apresentar o gasômetro flutuante (móvel), o biogás produzido está a uma pressão
quase constante. A sua construção é em alvenaria e na confecção do gasômetro
utiliza-se geralmente chapas de aço. A figura 6.6 mostra um modelo de biodigestor
indiano.
Já o biodigestor chinês é construído em alvenaria e possui um tanque de
armazenamento fixo (cúpula) de biogás, em forma de abóbada. A figura 6.7 mostra
um biodigestor do tipo chinês.
97
Figura 6.6 - Biodigestor indiano.
99
6.6. Limpeza dos Gases
Tanto o gás produzido pelos gaseificadores quanto o produzido pelos
biodigestores podem ser utilizados diretamente como combustível em motores a
combustão acoplados a geradores elétricos, quanto podem ser alimentados em
sistema com CaCs. Entretanto, em qualquer dessas aplicações, o gás precisa ser
limpo antes de sua utilização.
O gás gerado a partir da gaseificação e da biodigestão contém um certo teor de
monóxido de carbono
perigosos para e gás utilizado
o catalisador sulfídrico,
emque
CaCs sãodoconsiderados venenos
tipo PEM, além do teormuito
de
umidade contido no gás proveniente da biodigestão, que deve ser eliminado. Nesse
caso, há necessidade de se empregarem processos para a eliminação do monóxido
de carbono, do gás sulfídrico e da umidade antes de entrar na CaC. O dióxido de
carbono (CO2) é outro gás contido nos gases provenientes da gaseificação e da
biodigestão que não necessariamente necessita de ser eliminado, pois atua como
um gás inerte, ou seja, não interfere com o catalisador, por exemplo, de platina (Pt).
Dependo de alguns fatores, os alcatrões aparecem no gás de gaseificação com
maior ou menor teor de concentração e, de alguma forma, devem ser eliminados. Os
alcatrões são compostos orgânicos de caráter aromático, presentes no gás de
gaseificação, exceto os hidrocarbonetos (C1 – C6). O percentual de alcatrão gerado
na gaseificação depende das características da biomassa (tipo e tamanho da
partícula, por exemplo), da temperatura, da pressão, da velocidade de aquecimento
da biomassa e do tempo de residência. No entanto, a temperatura é um fator
fundamental na geração de alcatrão; quanto maior a temperatura, menor é a
concentração de alcatrão.
Em geral, a limpeza dos gases provenientes da gaseificação de biomassa é
feita por meio de processos para separar os alcatrões do gás, podendo ser efetuado
por meio físico e por processos que convertem os alcatrões em H 2, CO e
hidrocarbonetos leves não condensáveis. A separação física dos alcatrões pode ser
feita pela lavagem do gás por via úmida (utiliza-se água como líquido de lavagem,
podendo alcançar até 70 % de eficiência), pela filtragem do gás (onde o elemento
filtrante é feito por partículas geradas na gaseificação – resíduos de carbono), por
filtros eletrostáticos (sendo necessária a condensação prévia dos alcatrões), por
craqueamento térmico a alta temperatura (emprega-se temperatura acima de 1.100º
C) e pelo uso de catalisadores baseados em níquel (Ni) (é utilizado um reator
secundário em série com o gaseificador).
6.7. Biodiesel
Os biocombustíveis são fontes de energias renováveis, derivados de produtos
agrícolas como a cana-de-açúcar, plantas oleaginosas, biomassa florestal e outras
fontes de matéria orgânica. Em alguns casos, os biocombustíveis podem ser usados
100
tanto isoladamente, como adicionados aos combustíveis convencionais. Como
exemplos, podemos citar o etanol, o metanol e o biodiesel.
O Biodiesel é um combustível biodegradável alternativo ao diesel de petróleo,
criado a partir de fontes renováveis de energia, e livre de enxofre em sua
composição. Pode ser utilizado em motores a diesel sem a necessidade de qualquer
tipo de adaptação, caso esteja de acordo com as normas de qualidade da Agência
Nacional do Petróleo - ANP, sem perda de desempenho, e contribui para o aumento
da vida útil do motor, pelo fato de ser um lubrificante melhor que o diesel de
petróleo.
Como o biodiesel srcina-se de matérias-primas renováveis, basicamente
álcool e óleo vegetal ou gordura animal, e possui queima limpa, a combustão do
biodiesel gera menos poluentes do que a combustão do diesel de petróleo.
Quimicamente, pode-se dizer que se trata de uma composição de ésteres etílicos ou
metílicos de ácidos graxos de cadeia longa. Também, por ser extremamente
miscível, mesmo não contendo petróleo, pode ser misturado ao diesel convencional
em qualquer proporção, sem que isso gere qualquer tipo de prejuízo ou perda de
desempenho do motor.
Convencionou-se mundialmente uma nomenclatura para identificar a proporção
da mistura de biodiesel ao diesel de petróleo. Quando se tem uma mistura de 2% de
biodiesel e 98% de diesel, esta recebe o nome de B2. Uma mistura com 5% de
biodiesel e o resto de diesel de petróleo é chamada de B5, e assim por diante.
Quando se tem apenas biodiesel, atribui-se o nome de B100. As misturas entre 2%
e 20% são as mais utilizadas no mercado mundial.
O processo mais comum da produção de biodiesel se faz através da reação de
óleo vegetal ou gordura animal com um álcool (no Brasil, prefere-se o etanol; já na
Europa, a preferência recai sobre o metanol), reação essa incentivada pela presença
de um catalisador, que pode ser um ácido, uma base ou uma enzima. Como
produtos dessa reação, tem-se o biodiesel e a glicerina. Esse processo é conhecido
na indústria por transesterificação. Ele pode ser feito com o óleo de diversas
oleaginosas, como por exemplo, a soja, o pinhão-manso, o amendoim, o nabo
forrageiro, o milho, o girassol, a canola, a mamona, o dendê, etc.
No que tange ao biodiesel, apenas recentemente esse biocombustível entrou
na agenda do governo brasileiro. Apesar da primeira patente do biodiesel no mundo
ter sido registrada em 1980, por um professor da Universidade Federal do Ceará,
somente em Dezembro de 2004 é que foi lançado, oficialmente, pelo governo
brasileiro o Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel.
A introdução do biodiesel na matriz energética brasileira foi estabelecida pela
Lei 11.097 de janeiro de 2005, que determinou a adição voluntária de 2% de
biodiesel ao óleo diesel comercializado ao consumidor final até 2007; já a partir de
2008, essa adição de 2% foi tornada obrigatória. A mistura de 5% de biodiesel ao
101
óleo diesel será voluntária no período de 2008 até 2012, passando a ser
compulsória a partir de 2013.
O uso do biodiesel traz uma série de benefícios associados à redução dos
gases de efeito estufa, e de outros poluentes atmosféricos, tais como o enxofre,
além da redução do consumo de combustíveis fósseis. Além disso, no processo de
fabricação, uma série de resíduos e subprodutos industriais é gerada, os quais
podem, quando adequadamente geridos, contribuir para a viabilidade econômica da
produção de biodiesel. Esses resíduos, de natureza líquida e sólida, possuem
potencial de uso na indústria de alimentos e para a nutrição animal, bem como na
indústria químico-farmacêutica. Entretanto, há uma grande carência de estudos de
viabilidades técnica e financeira, que possam apontar as melhores alternativas de
custo-benefício para o processamento e tratamento desses resíduos, que podem
agregar valor e reduzir os custos de produção do biodiesel.
A Alemanha é responsável por mais da metade da produção européia de
combustíveis e já conta com centenas de postos que vendem o biodiesel puro
(B100), com plena garantia dos fabricantes de veículos. O total produzido na Europa
já ultrapassa 1 bilhão de litros por ano.
102
CAPÍTULO 7 – ENERGIA DO HIDROGÊNIO
7.1. O Hidrogênio
O Hidrogênio é o elemento mais simples conhecido e o mais abundante no
Universo. Ele é um gás incolor, inodoro, insípido e altamente inflamável. Apesar de
possuir a mesma configuração do elétron de valência dos elementos do grupo 1 da
Tabela Periódica, é um não metal. No estado elementar é encontrado em moléculas
diatômicas H2. Tem alguma semelhança com os metais alcalinos, mas não está
associado a nenhum grupo da tabela periódica.
Cavendish, em 1766, foi quem primeiro isolou e estudou as propriedades
físicas do hidrogênio. Observando que este explodia quando aquecido em contato
com o ar, chamou-o de "ar inflamável". O químico Joseph Priestley notou que após a
explosão, o tubo da experiência estava úmido nas paredes. Cavendish investigou a
matéria formada e provou que a água era um composto de oxigênio e hidrogênio. O
nome Hidrogênio foi dado por Lavoisier.
Na Terra, o hidrogênio é encontrado, na forma combinada, na água, nos
oceanos, nos rios, nos minerais e nos seres vivos.
Sua utilização industrial é bastante extensa, incluindo, dentre outras, a
fabricação de produtos químicos, especialmente a amônia (NH 3) e o metanol
(CH3OH), o uso nas refinarias para produção de gasolina e lubrificantes, na indústria
de fertilizantes, no processo de fabricação de vidros, em metalúrgicas, no refino de
metais e semicondutores, na produção de sabão, margarina e manteiga de
amendoim, na indústria farmacêutica, na produção de vitaminas e cosméticos, como
combustível para foguetes, e nas células a combustível, para gerar potência elétrica.
Por ser um dos gases menos densos que o ar, foi muito usado em balões e
dirigiveis no inicio do século 19; porém, por ser altamente inflamável, seu uso ficou
limitado apenas a balões. Ele reage violentamente com o flúor e cloro,
especialmente com o primeiro, com o qual a reação é tão rápida e imprevisível que
não se pode controlar. Também é perigosa sua despressurização rápida, já que
diferentemente dos outros gases, a sua expansão acima de -40° C ocorre com
aquecimento, podendo inflamar-se.
O hidrogênio é extremamente inflamável no ar e a energia necessária para
inflamá-lo é muito pequena (a energia necessária para a ignição de uma mistura
hidrogênio-ar é de apenas 0,04 mJ, contra 0,25 mJ dos hidrocarbonetos), podendo,
em algumas condições, ocorrer a auto-inflamação. A sua queima no ar dá-se com
uma chama muito quente e quase invisível, que emite uma luz pouco radiante na
faixa do espectro visível e, por isso, não é difícil perceber sua existência.
103
7.2. Células a Combustível
O princípio de funcionamento da célula a combustível (CaC) foi descoberto por
William Robert Grove em 1839. No final do século 19, Wilhelm Ostwald e Walther
Nernst demonstraram a vantagem da combustão eletroquímica a frio em relação à
produção de eletricidade pela máquina térmica/mecânica, que funciona sob o
princípio de Carnot.
Até pouco tempo, as CaCs estavam limitadas ao uso experimental em
laboratórios ou aplicações não convencionais, como na indústria aeroespacial. No
entanto, ultimamente tem havido um crescente desenvolvimento das CaCs e suas
aplicações na geração de eletricidade e na área automobilística. Especialmente por
se tratar de uma conversão limpa, que gera como resíduos apenas vapor de água,
calor e baixa concentração de dióxido de carbono (CO2), pode-se esperar a
substituição paulatina dos motores a combustão interna pelas CaCs, devido à
exigência quanto ao controle de emissão gasosa. Em vista disso, deve-se aguardar
por um avanço na utilização das CaCs em um futuro não muito distante.
Em princípio, a CaC opera como uma bateria, sem nenhuma combustão. A
geração de eletricidade se dá pela combinação de moléculas de hidrogênio e
oxigênio. A CaC produz energia elétrica e calor, sempre que há combustível para
sua alimentação, sendo a água o subproduto de saída. Assim, consegue-se reduzir
as emissões de gases contaminantes, além de aumentar o rendimento do processo
de conversão eletroquímica.
As CaCs existentes utilizam várias tecnologias que usam diferentes eletrólitos e
operam em diferentes temperaturas. Cada tecnologia é apropriada para
determinadas aplicações; por exemplo, as CaCs de membrana polimérica têm
demonstrado ser apropriadas em aplicações automobilísticas e as células a
combustível de carbonato fundido parecem ser mais apropriadas para o uso
integrado com turbinas a gás.
Os principais aspectos inovadores das CaCs se concentram nas vantagens em
relação aos sistemas convencionais de geração de energia, tanto pela visão de meio
ambiente como também pela sua eficiência energética, alcançando um rendimento
superior a 50 %.
Apesar das vantagens que as CaCs apresentam, ainda são encontradas
algumas limitações para a aplicação desses sistemas. Uma dessas limitações é o
armazenamento do combustível, no caso o hidrogênio. Esta limitação tem sido
contornada através do processo de reforma já bem conhecido, que produz
hidrogênio para o funcionamento eficiente do sistema.
O Departamento de Energia (Departament of Energy - DOE) dos Estados
Unidos lançou uma iniciativa visando a conseguir reduções nos custos das CaCs.
Com essa iniciativa, pretende-se baixar os custos para que as CaCs tornem-se
104
competitivas no mercado de geração de energia elétrica, ao preço de US$
400,00/kW.
Há uma forte tendência de que o mercado de CaCs em aplicações residenciais
seja promissor, desde que haja um crescente desenvolvimento tecnológico em sua
fabricação, em conseqüência de se baixar os custos. A inserção de CaCs em
residências, para geração de eletricidade, incorporando o aproveitamento do calor
gerado, ocasionaria benefícios ambientais e econômicos. Com essa visão, diversos
fabricantes já testaram sistemas com CaCs, como por exemplo, EBARA BALLARD,
H-Power, adquirida pela Plug Power, Fuel Cell Technologies, entre outros. Nesse
setor de projetos piloto, estão os EUA, Japão, Canadá e a Alemanha como líderes.
A área de aplicação das CaCs é ampla, abrangendo faixas de até 1,0 kW em
unidades móveis, de 1,0 a 10 kW para residências, pequenos comércios, etc, de 10
a 500 kW para indústria e bairros residenciais, e de 500 até aproximadamente 50
MW para a indústria e a interligação com a rede de distribuição de energia.
O ano de 2004 foi marcado pelo avanço tecnológico das CaCs, principalmente
do tipo Proton Exchange Membrane – PEM alimentadas com hidrogênio. Empresas
como a Ballard, Plug Power e a ReliOn lançaram no mercado CaCs de 1 kW e 5 kW.
Em maio de 2005, a empresa Navantia obteve êxito nos testes de uma CaC
por mais de 20.000 horas de funcionamento. O seu produto de 250 kW – Navantia
MTU NM-300, passou por diversos testes e ensaios, principalmente dos parâmetros
elétricos.
Diversos fabricantes de veículos voltados para o conceito de CaC fabricaram e
aprovaram seus veículos desenvolvidos com a tecnologia PEM, além de realizarem
diversos testes em países de clima frio. A figura 7.1 apresenta uma configuração
básica de um sistema de tração de um veículo movido a CaC.
106
Figura 7.2 – Esquema do princípio de funcionamento de uma célula a combustível.
Uma CaC é constituída de anodo, catodo e eletrólito, onde as reações
produzidas no seu interior dependem do eletrólito empregado e têm como resultado
a produção de eletricidade e água. Desse modo, pode-se descrever os seus
principais componentes como sendo:
Anodo – eletrodo onde ocorre a oxidação do combustível e que conduz
elétrons ao circuito externo;
Catodo – eletrodo onde ocorre a redução do oxidante e que recebe elétrons do
circuito externo;
Eletrólito – elemento de ligação entre os eletrodos, que transporta uma das
espécies iônicas envolvidas nas reações eletródicas e previne a condução de
elétrons internamente entre os eletrodos.
As CaCs podem ser fabricadas em vários tamanhos e para diversas
aplicações, e o princípio de funcionamento é idêntico ao de uma bateria, ou seja,
consiste na produção de eletricidade mediante reações químicas, onde os
elementos químicos envolvidos normalmente são o hidrogênio e o oxigênio.
Também, podem ser usados outros tipos de combustíveis que contenham
hidrogênio, tais como o gás metano, metanol, etanol, mistura gasosa proveniente da
combustão de biomassa, etc.
A CaC é uma forma alternativa de geração de energia, em que a combustão é
realizada de maneira controlada, aumentando a eficiência do aproveitamento da
energia liberada de modo menos poluente. Por este processo, até 50% da energia
química pode ser transformada diretamente em energia elétrica. Uma parte da
energia química ainda é transformada em calor e também pode ser aproveitada, por
exemplo, em sistemas para aquecimento de água. Assim, a eficiência do
aproveitamento da energia química pode chegar a 80 %. As reações anódica,
catódica e global do processo na CaC utilizando hidrogênio são as seguintes. De
uma forma geral, o hidrogênio é oxidado a prótons, liberando elétrons. As reações
107
anódica e catódica mostram a quebra das ligações entre o hidrogênio e o oxigênio, e
a reação geral é mostrada, representando as CaCs de membrana polimérica, ou
ácido fosfórico.
2H 2 → 4H + + 4e − (reação anódica)
O2 + 4H + + 4e − → 2H 2 O (reação catódica)
2H 2( g ) + O 2(g ) → 2H 2 O + energia(∆H) (reação geral)
108
Reformador
Os reformadores são dispositivos que convertem os hidrocarbonetos em
misturas de H2 e CO2. Os dois principais métodos utilizados são a conversão pelo
vapor d’água e a oxidação parcial. Na conversão pelo vapor d’água, os
hidrocarbonetos e a água reagem para formar a mistura gasosa de H 2, CO2 e CO.
Este processo requer calor (reação endotérmica) para ocorrer e, para tanto, utiliza
parte da energia do combustível (hidrocarboneto), que geralmente é da ordem de 20
%. Requer alta temperatura e baixa pressão, com excesso de vapor para impedir a
formação de carvão e permitir a formação dos produtos.
No processo de oxidação parcial é utilizado ar e, conseqüentemente, o gás
resultante contém uma quantidade considerável de N2. A oxidação parcial é uma
reação exotérmica (gera calor) e requer baixa temperatura, onde o excesso de vapor
provoca a formação dos produtos. A combinação dos dois processos é designada
por "reforma autotérmica" uma vez que, teoricamente, não produz nem requer o
fornecimento de energia térmica para ocorrer, necessitando apenas de ar do
sistema.
Processo Eletroquímico da Célula a Combustível
Há cinco tipos de CaCs em estágio de desenvolvimento mais avançado. O tipo
de eletrólito (sólido ou líquido responsável pelas reações de oxi-redução) e a
temperatura de operação distinguem cada tipo. As temperaturas operacionais
variam desde a ambiente até próximo de 1.000º C e as eficiências elétricas variam
de 30 até mais de 50%. Os diversos tipos de CaCs podem ter características de
desempenho diferentes, vantagens e limitações, e, a partir dessas premissas, pode-
se definir o tipo de aplicação.
Diferentes tipos de eletrólitos são empregados nos diversos tipos de CaCs:
AFC (Alkaline Fuel Cell), PEMFC (Próton Exchange Membrane Fuel Cell), PAFC
(Phosphoric Acid Fuel Cell), MCFC (Molten Carbonate Fuel Cell) e SOFC (Solid Oxid
Fuel Cell). Existem ainda outros tipo de CaCs que encontram-se em estágio pouco
avançado de desenvolvimento, como mostra a tabela 7.1.
Conversão de Energia
A conversão de corrente contínua produzida pela CaC em corrente alternada é
feita por meio de um inversor de tensão, que, acompanhado de diversos
equipamentos de controle
consumidor energia de boa de tensão em
qualidade e freqüência, tem porDependendo
corrente alternada. finalidade fornecer ao
do tipo de
aplicação, o inversor pode ser simples ou mais sofisticado, e pode operar isolado ou
conectado à rede de distribuição de energia.
109
7.5 Tecnologias Empregadas em Células a Combustível
Para alimentar as CaCs, vários tipos de combustíveis podem ser utilizados. No
atual estágio das pesquisas, o hidrogênio é o que apresenta melhor rendimento. Ele
pode ser obtido de metanol, etanol, gás natural, propano e outros hidrocarbonetos,
ou por eletrólise da água. No momento atual de desenvolvimento das CaCs, tenta-se
não utilizar o hidrogênio puro, devido ao seu alto custo e à dificuldade de
armazenamento. Dessa forma, há uma tendência de utilização de metanol e gás
natural em muitas aplicações.
Os vários tipos de CaCs, com suas respectivas características de trabalho, são
apresentadas na tabela 7.1.
Tabela 7.1 – Tipos de Células a Combustível.
Potência Temperatura de
Tecnologia Eletrólito Aplicações
de Saída operação (ºC)
Ácido Produção de energia
PAFC < 200 kW 150 a 200
fosfórico (escala média)
50 a 250 Veículos, substituto de
PEMFC 80 Polímero
kW baterias recarregáveis.
10 kW a 2 Solução aquosa
MCFC 650 Aplicações elétricas
MW de carbonatos
Material Aplicações de grande
SOFC < 100 kW Até 1000
cerâmico escala, veículos.
Produção de
300 W a 5
AFC 150 a 200 Solução aquosa eletricidade (pequena
kW
escala)
50 a 250 Aplicações médias,
DMFC 50 a 100 Polímero
kW celulares, notebooks.
Produção de energia
RFC - - -
em ciclo fechado
ZAFC - - - Baterias
112
Um sistema com a tecnologia de Óxido Sólido normalmente utiliza um material
cerâmico no lugar de eletrólito líquido, permitindo que a temperatura de operação
alcance 1.000o C e a eficiência de geração de energia pode alcançar cerca de 60 a
85%, quando agregada com co-geração. Um inconveniente deste tipo de célula é o
preço da substância que constitui o eletrólito (ZrO2/Y2O3) ser extremamente alto,
cerca de US$ 1.000,00/kW.
As SOFC’s podem utilizar o monóxido de carbono diretamente como
combustível, tolerando também o uso de combustíveis com maiores concentrações
de enxofre. O eletrólito da SOFC é formado por Zircônia (óxido de zircônio)
estabilizada com Ytria numa membrana de 50 a 150 µm. Os eletrodos das SOFC’s
são sólidos e os materiais que se utilizam para sua confecção no estado-da-arte
atual são: Cermet (partículas de Níquel e Zircônia da ordem de micrômetros)
finamente disperso de Ytria e Zirconia estabilizada (de 0,1 a 1,0 µm) e Ni (de 5 a 10
µm) no anodo, e Manganato de Lantânio dopado com Estrôncio (La(Sr)MnO 3). O
material deve ser poroso, ter espessura de 200 µm e boa mobilidade para O 2-,
associada a condutividade eletrônica moderada. Esta última limita a espessura de
filmes finos, minimizando a resistividade lateral, no catodo.
Os dois tipos de SOFC empregados são as tubulares, que são fabricadas pela
Siemens Westinghouse Power (SWPC) e algumas empresas japonesas, e a planar,
que continua sendo fabricada em pequena escala pelas empresas GE, Ceramatec,
Ztek, e outras. Com as reduções de custos, há uma grande tendência de
competitividade na geração
de geração de energia, alémde
deeletricidade
que pode serpormais
parte
umdas células
vetor com energética
na matriz outras formas
de
qualquer país.
De uma forma geral, tanto as SOFC quanto as MCFC podem funcionar com
hidrogênio puro, mas não foram desenvolvidas com este fim, pois esse combustível
tem seu custo alto e é de difícil manuseio. Como esses tipos de células trabalham
com temperaturas elevadas, o calor produzido pode ser aproveitado diretamente
pelo reformador, promovendo a aceleração das reações e a possibilidade de ser
aproveitado em co-geração.
Os esforços para desenvolvimento das SOFCs estão focados em reduzir o
custo industrial, melhorando a integração do sistema, e baixando a temperatura
operacional para a faixa de 550 – 750 o C.
Célula a Combustível Alcalina ( Alkaline Fuel Cell - AFC)
Utilizadas desde muito tempo pela National Aeronautics and Space
Administration - NASA em missões espaciais, essas células podem alcançar cerca
de 70% de eficiência na geração de eletricidade. Até pouco tempo os custos para
aplicações comerciais eram altos, mas diversas empresas estão tentando diminuir
esses custos e melhorar a flexibilidade de sua operação.
113
Este tipo de CaC tem como eletrólito o hidróxido de potássio (KOH) em fase
aquosa, onde o íon hidroxila (OH -) é transportado pelo eletrólito. Os eletrodos
utilizados são do tipo eletrodo de difusão gasosa (EDG) e os gases de alimentação
(H2 e O2) devem ser puros. Hoje, essas células usam metais nobres, 30 a 45% de
hidróxido de potássio (KOH) e operam de 60 a 80° C e entre 1,0 a 2,0 atm, com
potências na faixa de 0,3 a 5,0 kW. Elas têm como características principais a
operação em meio básico; como o CO e o CO2 têm caráter ácido, a presença
desses elementos, mesmo em pequenas quantidades, quando da reforma de
combustíveis primários, provoca sua reação com os íons OH- transportados pelo
eletrólito.
A AFC, apesar de desenvolvida para aplicações espaciais, apresenta também
notável avanço em aplicações terrestres, tanto móveis quanto estacionárias. Além
disso, apresenta as seguintes características: redução de O 2 em presença de
eletrólito alcalino, por ser mais favorável do que em outros eletrólitos, resultando em
maior eficiência energética; alternativa à reforma de hidrocarbonetos como
combustíveis primários e à reforma da amônia (NH 3) ou da hidrazina (N2H2), pois
estas não geram CO e CO2 residuais; problema de formação de água no eletrólito,
devido à reação dos gases de alimentação com os íons OH -. Este fato requer que se
remova a água excedente do eletrólito, porém mantendo o KOH. As formas mais
comuns de remoção se dão por meio de eletrólito circulante e eletrólito estático.
Célula a Combustível de Metanol Direto ( Direct Methanol Fuel Cell -
DMFC)
Este tipo de célula quebra a regra de designação por eletrólito, tomando a
designação do combustível utilizado, o metanol. O eletrólito normalmente utilizado
neste tipo de célula é a membrana polimérica (PEM). São tecnologicamente distintas
das restantes, pois trabalham em baixas temperaturas e não utilizam o hidrogênio
como combustível final, mas sim o metanol, diretamente alimentado na célula.
Entretanto, essas células têm ainda alguns obstáculos a vencer. Para que se
obtenham correntes elevadas, é necessária uma quantidade substancial de platina e
o metanol atravessa do anodo para o catodo através da membrana, diminuindo a
sua eficiência energética. Conseguem converter mais de 34% da energia contida no
metanol em energia utilizável, o que é um rendimento superior aos que se
conseguem em motores a gasolina.
Neste tipo de CaCs não ocorre oxidação do hidrogênio. A grande vantagem
das DMFC é que utilizam metanol como combustível líquido, que é relativamente
barato e fácil de se obter, quando comparado com o hidrogênio.
Nas células mais modernas, eletrólitos baseados na condução de prótons
através de membranas poliméricas são cada vez mais utilizados, desde que sejam
compatíveis com as pressões e temperaturas de funcionamento.
114
Ao gerar a corrente elétrica, o metanol (CH3OH) é oxidado eletroquimicamente
no anodo para produzir elétrons, que passam para o catodo através do circuito
externo, onde são combinados com o oxigênio na reação de redução, mantendo-se
o circuito através da condução de prótons para o eletrólito.
Célula a Combustível Regenerativa (Regenerative Fuel Cell - RFC)
A RFC tem como conceito básico situar-se entre uma CaC e uma bateria, pois
o sistema é baseado no armazenamento e fornecimento de energia. As células a
combustível regenerativas foram recentemente desenvolvidas para aplicações de
produção de energia elétrica, fazendo uso da eletrólise da água, com a vantagem de
ser uma forma de energia completamente limpa. As RFC’s, na verdade, não são um
dispositivo de produção de energia. O sistema é baseado em uma tecnologia de
armazenamento e fornecimento de energia.
Elas produzem hidrogênio a partir da água líquida e de energia elétrica
proveniente de fontes renováveis. O hidrogênio assim produzido é armazenado e
posteriormente utilizado como combustível em uma CaC de um dos tipos descritos
anteriormente. A água, enquanto subproduto da produção de eletricidade da CaC,
pode ser novamente utilizada no processo de eletrólise.
O sistema fechado das RFC’s tem a vantagem de permitir a instalação de um
sistema de CaCs, sem necessidade de infra-estrutura de armazenamento para o
hidrogênio. A energia requerida pela eletrólise é elevada, implicando no aumento do
tamanho dos equipamentos ou na diminuição da sua potência.
As reações eletroquímicas entre os eletrólitos, por exemplo, sais de Brometo
de Sódio, Vanádio e Polisulfato de Sódio, que ocorrem dentro da célula, em
compartimentos para cada eletrólito, separados por uma membrana de troca de
íons, são as responsáveis pelo fornecimento de energia elétrica.
A figura 7.4 mostra o esquema de funcionamento da RFC. Os dois tanques são
responsáveis pelo armazenamento dos eletrólitos (sais), de onde, por meio de
bombas, eles fluem até a célula propriamente dita, onde ocorre a produção de
energia elétrica. A capacidade de armazenamento de energia é limitada pela
dimensão e quantidade dos depósitos do eletrólitos.
117
CAPÍTULO 8 – SISTEMAS HÍBRIDOS
Sistemas híbridos para geração de energia elétrica podem ser definidos como
associações de duas ou mais fontes de energia com o objetivo básico de fornecer
eletricidade a uma determinada carga ou a uma rede elétrica, isoladas ou
conectadas ao sistema interligado. A principal vantagem dos sistemas híbridos é a
possibilidade do aproveitamento conjunto e otimizado dos recursos locais
disponíveis, podendo garantir assim altos níveis de qualidade e confiabilidade do
atendimento, com redução de custos de investimento e operacionais. Quando o
atendimento é realizado diretamente a uma carga ou a uma mini-rede onde não haja
o suprimento de eletricidade através do sistema interligado, define-se o sistema
como isolado. Caso o sistema híbrido seja instalado de forma a complementar o
sistema interligado, ele é definido como sistema conectado à rede, sendo essa
forma de geração conhecida como geração distribuída.
Sistemas híbridos são normalmente compostos por fontes renováveis cujos
recursos são intermitentes e, caso necessário, contam com a complementação de
grupos geradores com motores a combustão, para suprir eventuais períodos de
escassez de recursos renováveis. Entre as fontes renováveis, destacam-se a solar
fotovoltaica (FV), a eólica, a hídrica e a biomassa; entre os grupos geradores, são
utilizados usualmente geradores a diesel, a gasolina, a gás, ou a biocombustíveis. A
aplicação ótima de sistemas híbridos dá-se quando há disponibilidade de recursos
energéticos no local de instalação do sistema, e esses recursos são adequadamente
combinados para garantir atendimento confiável e de qualidade no ponto de entrega.
Existem diversas aplicações de sistemas híbridos para geração de energia
elétrica. Dentre as principais estão a venda de energia através de interligação à rede
elétrica e o suprimento energético de pequenas comunidades e residências em
áreas remotas.
Além das fontes primárias de geração, os sistemas híbridos são também
compostos por outros subsistemas que possuem finalidades diversas e condizentes
com a aplicação básica do sistema. Sistemas de armazenamento, tipicamente
utilizados em sistemas autônomos, têm a função de acumular energia gerada pelas
fontes renováveis para utilização em períodos onde esta não é suficiente para
atender à carga. Sistemas de condicionamento de potência possuem funções mais
amplas; em aplicações isoladas atuam de forma a coordenar a operação do sistema
eempregados
fornecer eletricidade
para garantiradequada ao uso,
interconexão ótimaecom
em aaplicações interligadas
rede elétrica, são
minimizando
impactos que porventura venham a ser causados pelas fontes renováveis.
A figura 8.1 apresenta algumas configurações típicas de sistemas híbridos para
geração de eletricidade. Demais variações dessas configurações são apresentadas
em outras partes do texto.
118
(a) (b)
Figura 8.1 - Configurações de sistemas híbridos: (a) isolado e (b) interligado à rede.
estratégia
do sistemadedeoperação, baseada
acordo com em sistemas
os valores fuzzy,
de tensão doque visade
banco otimizar a operação
baterias, taxa de
penetração da fonte renovável e demanda a ser suprida (dados de entrada). Com
base nos valores verificados, o sistema apresenta como estratégias de operação
(saída), de acordo com as posições das chaves, o atendimento da carga somente
pelo banco de baterias (situação ilustrada na figura abaixo), o grupo gerador
atendendo apenas a carga, e o grupo gerador atendendo a carga e carregando
conjuntamente o banco.
122
Figura 8.2 - Configuração de um sistema híbrido com aplicação de estratégia de
operação baseada em sistemas fuzzy.
aumento da demanda
centralizados com porte,
e de grande o passar do tempo.graves
apresentam Sistemas de geração
problemas convencionais,
no que se refere à
expansão da oferta, principalmente quando há a necessidade de atender o aumento
de demanda em curto prazo. Essa característica, intimamente relacionada com a
matriz energética brasileira, foi uma das responsáveis pela crise de energia elétrica
verificada no país ano de 2001.
A característica da modularidade, ou a fácil capacidade do sistema “crescer” de
acordo com as necessidades, é particular para algumas tecnologias de geração. As
relativas portabilidade e simplicidade na instalação, por exemplo, de sistemas
fotovoltaicos e eólicos conferem aos sistemas híbridos um caráter modular não
verificado em outras fontes, como por exemplo as grandes centrais hidrelétricas.
Havendo disponibilidade de área, módulos fotovoltaicos e aerogeradores podem ser
adicionados ao sistema para suprir rapidamente eventuais aumentos de demanda.
Confiabilidade
Quando não são verificadas condições de complementaridade entre as fontes,
sistemas híbridos autônomos podem apresentar como principal desvantagem a falta
de confiabilidade no atendimento da carga, conseqüente do caráter intermitente das
fontes.
Medições confiáveis são a primeira medida a ser tomada para a minimização
desse problema, pois auxiliam a otimizar o dimensionamento do sistema de geração.
124
Sistemas de armazenamento também são muito utilizados, e por vezes garantem
níveis ótimos de autonomia. Por fim, uma estratégia muito utilizada em sistemas
híbridos isolados é a utilização de um grupo gerador atuando como sistema de
backup para suprir a carga em períodos onde as energias gerada e armazenada
sejam insuficientes.
126
escassez de recursos renováveis, o atendimento à carga não estaria garantido,
sendo a presença do grupo gerador fundamental nessas condições.
Por fim, vale comentar a utilização do medidor entre a barra CA e a rede
elétrica. As setas indicam que a medição é realizada em duplo sentido, caso típico
de sistemas com intercâmbio de energia. Sistemas que somente injetam energia na
rede dispensam esse tipo de medidor, utilizando apenas o medidor de energia
entregue à rede.
127
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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