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JS©GLeGGOOOUGUELUYY que a elaboram, Poe busca de que fala Paul Valéry ao estudar partir da qual as empres goes da art Leonardo, ia de que a rigor & impo todo parece ser 0 legado Poe as letras. wi a ncias de cet que cont savel do. pr da criagao simultaneamente ao por um sistema de movimentos es dinamizar a obra an reduzi-lo & pass © processo inverso pelo qual o k lida e incorpora a ck suas pr6pi ativa ¢ atuante te verbo qi a melhor coisa capaz de parafrasear 0 sent ao, se entendermos inconeebivel do nada av’ ago do ser sobre si mesmo, nas suas muitas figuras, na alegre variedade das coisas e dos dias. 146 ALGUNS ASPECTOS DO CONIO pouco como um fantasma que thes vem falar sem ess M7 YeuUuVUGNUBVUVIVYS SOECSSOCORHOOGOLYVUYYY relativa tranguilidade que sempre da sabermo-nos pre- longo dos anos. E 0 ja deve ser ja per~ nhando. ‘Afirma-se que o desejo mais ardente de tasma € recobrar pelo menos um sinal de corp algo tangivel que o devolva por um momet de carne © osso. Para conseguir um pouco lidade diante dos senhores, vou dizer em poucas p: vras qual & a diregao e o sentido dos meus contos. Nao © fago por mero prazer resenha te6 © se opdem a esse falso + que todas as coisas podem relagdes de causa a efeito, de psicologias def s bem cartografadas. No meu caso, a suspei cordem mais secreta e menos comunicavel, e verdadciro estudo nas excecdes a ess orientadores da minha 148 4 CUGYSSSOGGGUL IY, JsOcCSOSOORSEGUY seh as m pode pretender que s6 se devain escrever contos apés. serem conhecidas suas leis ro lugar, m8o ha tais estrutura a esse género tio 0 classificavel; em segundo lugar, os tedricos e os 08 mo tém por que serem os préprios contistas, ¢ ral que aqueles s6 entrem em cena quando exista acervo, uma boa quantidade de literatura que indagar ¢ esclarecer o seu desenvolvimento ¢ qualidades. tanto em Cuba como , uma grande ia desde 0s comecos do apazes de chegar. Por ora ir do conto em abstrat cla poder c¢ de valores para essa por fazer. ndo me parece pénero iva do que é perdido tempo, porque um cont ido dessa bal tuma sintese viva ao mesmo tempo que im como um tremor de 10 poucos contos verdadeiramente gra: se entender o cariter peculiar do ci no romance, género muito abundam as preceptisticas. Ass em parte pelo ara abrange e pel da catego ai definem sua arte contisia sentem necessidade de est imagem ou SOLOS OOOGOOOOLOUL EY LEBOHSHNEL IY bate que se © romance ganha sem- © por pontos, enquanto que © conto deve ganhar por nock-out. E verdade, © romance la progress tor, enquan- to que um bom cor sem trégua desde as primeiras frases, ‘a sabe que no pode fio tem o tem lo dela se oeupam um Henry -s ou um Franz Kafka, Um conto € ruim quando é rial -mento significa- ivo do conto pareceri valmente no seu fema, no fato de se escolher um acoztecimento real ou 4152 lo. Fé aqui que, bruse: entre 0 bom e © mau con! enguanto outros que, aparentemente, a ham, nfo passam de tinta sobre © papel wento para o esquecimento, ‘Vejamos a questio do Angulo do con! mente, da minha propria v do pela imensa algaravia do mundo, comprometido em maior ou menor grau com a realidade hist6rica que o contém, escolhe um determinado tema e faz com ele um maioria dos meus contos — independentemente pelo ‘uma forga Mas isto, que pode depender do temperamento de cada uum, nao altera 0 fato essencial: num momento dado did tema, ji seja inventado ou esc tornar conto, Antes q) ' que podemos dizer do tema em si? Por que este tema e no outro? Que raz6es levam, consciente ou inconscientemente, 0 con- tista a escolher um determinado tema? _ Parece-me que 0 rd um bom conto € sempre tum sistema planetario de ha consciéncia até que 0 astrénomo de palavras, nos revela sua exis- elétrons; e tudo sigio de vida, nds mesmos ¢ a en complexo € mais belo? Muitas vezes tado qual seré a virtude de certos c¢ Na ocasigo os Jemos junto com muitos outros que clusive podiam ser dos mesmos autores. E eis que os 154 n sistema de relagdes mais nos se passaram © vivemos © esquecemos tanto; nenso mar da literatura cont jo em nds. Nao € verdade que c u contetido aparente, do seu texto. E esse ‘momento escolhe um tema & faz. com ele um conto, intes Contos, esses gros de tum grande contista se sua escolha contiver — as ve7es Jo conto perduriivel & como a semente onde me a drvore gigantesca, Essa frvore erescer em inscrever seu nome em nossa meméria, into, & preciso aclarar melhor esta nogd smo tempa pode ser profundamente si um escritor, © anédino para o teriosa € complexaf entre certo escritor e num momento dado, assim como a mesma deri logo entre certos contos € ct quando dizemos que um tema & significative, caso dos contos de Tehecov, essa sigr terminada em certa medida’ por algo que esti for: 155 SOCOOSKOCOGOLSOULEV VOUGRREUYYY estd antes € depois do tema x, com a sua carga de valores humanos e literdrios, com a sua vontade de fazer uma obra que tenha um sentido; 0 que esté depois € 0 tra- tamento literério do tema, a forma pela qual o cont do tema, o ataca trutura-o em forma de conto, projetando-o em termo em diregio a algo que excede 0 proprio conto. Aqui me parece oportuno meni ‘corre com freqiiénci tema em O que esté presentearam ass respond amavelmente: jamais es- revi um conto com qualquer deles. Contudo, certa vez uma amiga me contou di mente as aventuras de uma criada sua em Paris. Enquanto ouvia a narrativa, senti que isso podia chegar a ser um conto. Para ela esses episédios i para mim, bruscamente, se impregnavam de um que ia muito além do seu simples e até vulgar contei Por isso, toda vez que me pergun guir entre um tema insigni respondo que 0 escritor € o primeiro a sofrer esse efeito indefinivel mas avassalador de certos temas, € que pre- cisamente por isso & um escritor. Assim como para Mar- Proust 0 sabor de uma molhada no ché mente um imenso leque de recordagées apa- esquecidas, de modo andlogo o escritor ie de certos temas, da mesma forma que seu mais tarde, fard reagit 0 leitor. Todo conto é assim predeterminado pela aura, pela fascinagao irre- sistivel que o tema cria no seu criador. Chegamos assini ao fim desta primeira eta nascimento de um conto € tocamos o umbral smentos que logo have- Ho de se converter em obra de arte. O contista esté diante do seu tema, diante desse embrido que 156 prende que em goes. Descobre que io de todo grande conto, ido, que prende a atenca is penetrante © © fixem para. sempre biente © no seu sentido primordial ide num tornem ‘nico, inesqu ages intermédias, de ses de transigao que o rom: im dos senhores tera es- ', de Edgar Poe. 0 Tenénein a de ambiente, Na terceira ou quarta frase mos no corago do drama, assistindo a0 cumpri implacdvel de uma vinganca. “Os Assassinos”, de todos os recheios ou permite © mesmo exige. Neni quecido “O Tonel de Amon' 157 mingway, 6 outro exemplo de intensidade obtida me- inagao de tudo 0 que nfo convirja essen- fa sio 0 produto do que antes chamei 0 escritor, € € aqui que nos vamos aproximando do fi dos & metidos. Pois bem, embora soe a truismo, tanto na ‘Argentina como aqui os bons contos tém sido escritos cera melhor do Norte existe uma passam pela pena ssmagadora_maioria imos contos. O que su- periéncia, o sent € 0 fata- smo do homem do campo; alg jmos como que uma anul , © pensamos jue também os aedos gregos contavam assim as faca- qi 158 em sua meméria, Yeougeeeur ~S@@@OCOONMGLBLLEY Q exemplo que acabo de dar pode ser de interesse para Cuba. F evidente que as possi igo oferece a um cor ho, os diferentes tipos Psicolbgicas, os 'conflitos de ideologia, de carter; © tudo isso como que exacerbado pelo desejo que se vé nos senhores de atuarem, de sc expressarem, de se co- municarem como nunca puderam fazer antes. Mas tudo isso como hd de ser traduzido em grandes contos, em contos que cheguem ao leitor com a fora e a eficacia necessiria? E aqui que cu gostaria de aplicar conere- tamente o que venho dizendo num terreno mais abs- trato, O entusiasmo e a boa vontade nao bastam por si 86, como também nao basta o offcio de escritor por 56 para escrever contos que 6, na admiragao col de um povo) a grandeza desta Revoluicio em maicha. Aqui, mais que em nenhuma outra parte, se requer hoje uma fusio total dessas duas forgas, ado homem plenamente com- | prometido com sua realidade naci ! do eseritor lucidamente seg set officio. Nesse sen- tido nao ha engano possivel. Por mais veterano, por mais, abil que seja um contista, se Ihe faltar uma motivagio entranhdvel, se os seus ¢ontos nao nasceram de uma pro- funda vivéncia, sua obra nao ira além do mero exercicio estético, Mas o contrério seré ainda pior, porque de nada valem 0 fervor, a vontade de comunicar a men- sagem, se se carecer dos instrumentos expré list ‘momento estamos tocando © ponto crucial da questo. Creio, ¢ digo-o apis ter pesado longamente todos os elementos que entram revolugdo, que escrever revolucionariamente, no sig ‘como créem muitos, escrever obrig acerea da propria revolugio. Jogando um pouco com as palavras, Emmanuel Carballo dizia aqui hé alguns dias que conto! fantisticos do que contos sabr nirios. Por certo a frase & exagerada, mas produz uma impacigncia muito reveladora. Quanto a mim, ereio que mnério é aquele em que se fundem indissoluvelmenie a conscié nao se ocupem das formas a revolugig| Co de muitos que confundem terra do, E pensemos que nio se ia que esta possa parecer & momento, Essa obra no & for, mas outra coisa, algo diferente, Nao tem sentido falar de temas populares a seco. Os contos sobre temas populares s6 sero bons se se 3 outro conto, a essa exigente © di que procuramos mostrar na ra parte desta pa- lestra. Faz anos tive a prova desta afirmag3o na Ar- gentina, numa roda de homens do campo a que assis- tfamos ‘uns quantos escritores. Alguém lea um conto ‘6dio de nossa guerra de independén- com uma deliberada simplicidade para pé-lo, do camponés”. A narra. mas era facil perceber que tocado fundo. Em seguida um de nds leu A samos 0 resto da de vingancas diabs seguro de que 0 conto de Jacobs ia vivo na Iembranga desses gaichos analfabetos, enquanto © conto pretensamente popular, fabricado para eles, com o vocabuldtio, as aparentes, possibilidades intelectuais e os interesses patridticos de- les, deve estar tio esquecido como 0 escritor que o fabri- cou. Eu vi a emoco que entre gente simples provoca uma representaco de Hamlet, obra dificil e sutil, se existem tudos essa apaixonam os especial importa? $6 sua emoca . O que prova que Shakespeare escrevia verdadei- ramente para 0 po medida em que seu tema era profundamente significative para qualquer um — em diferentes planos, igindo. um pouco de cada um — e que o traiamento tcatral desse tema tinha a intensidade prépria dos grandes escritores, gracas & qual se quebram as barreiras intelectuais aparentemente mais, rigidas, © os homens se reconhecem ¢ confraternizam num plano que esta mais além ou mais aquém da cul- tura. Por certo, seria ingénuo cre que toda grande obra possa ser compreendida ¢ admirada pela gente simples; nao é assim € nao pode sé-lo. Mas a admiragio ‘que provocam as tragédias gregas ou as de Shakespeare, 162 pa rem de que sua ‘ltimo termo, per se se Ihe propse uma sem esforco, passiva fatura que ele possa + come quem vai a ver fitas de cowboys. O que & preciso fazer € educ: « isso & etapa tarefa pedagogica ¢ experiéncia. reconf uba os escritores que mais adm icipam da revolugio, dando o melhor de ificarem uma’ parte das suas de uma pretensa arte popular que nfo sera inguém, Um dia Cuba conta contos € romances que conterd, transmudada ao plano estético, eternizada na dimensio intemporal da art, gesta revoluciondria de temas nascerfo quando for 0 moment tor sentir que deve plasmé-los em contos ou romances ou pegas de teatro ou poemas. Seus temas luma mensagem auténtica ¢ profunda, porque sido escolhides por um técnica, ser nada a ninguém, haverg de transmitic a 163

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