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Prof, Osvaldo Guilherme Comineli Agos para trilhos Trilhos ferrovidrios sao perfis produzidos por laminagao & quente de blocos produzidos por lingotamento continuo. Portanto, os agos indicados para sua produgao devem atender aos requisitos de fabricagdo e trabalho, combinados com um custo baixo. Como possuem uma geometria complexa, 0 processo de produgao pode apresentar problemas que podem ser evitados com um bom planejamento da sequencia de passes de laminacao até a escolha de um aco adequado. Portanto, a escolha de um aco para trilhos ferrovirios deve atender no s6 aos requisitos de trabalho, mas principalmente a possibilidade de fabricagao. Fabricagao: © problema maior da laminagao a quente pode ser de trincas por fragilidade a quente, causada pelo alto teor de enxofre. Para evitar a fragilidade a quente adiciona-se o manganés a estes agos, de forma a estabilizar o enxofre, na forma de inclusdes de MnS. Como o manganés também é estabilizador da austenita, estes agos possuem austenita estavel a temperaturas mais baixas (abaixamento da temperatura A;), 0 que facilita a laminaco e permite uma granulometria mais fina, favoravel as propriedades mecdnicas Novamente, como nos agos estruturais, os agos para trilhos devem ter 0 enxofre reduzido ou estabilizado para se evitar as trincas de laminacéo e soldagem. Uma vez colocados em servigo, os trilhos devem atender aos requisitos de resisténcia mecanica e ao desgaste pelo atrito contra as rodas, sem esquecermo-nos do custo. Para se atender aos requisitos de dureza e resisténcia, so usados agos contendo C~0,7%. Um teor mais elevado de manganés confere a estes agos uma melhor resisténcia ao desgaste pela formagao de MnC, além de reduzir a fragilidade a quente. Embora possuam alto carbono equivalente, os trilhos so soldados sem dificuldade deste que adotados processos e procedimentos adequados de modo a reduzir a taxa de resfriamento e prevenir trincas. Em muitos casos, 0 processo de soldagem ¢ realizado em campo ou regides remotas, onde nem sempre ha disporibilidade de recursos como energia elétrica. Nesses casos, a soldagem por aluminotermia atende 08 requisitos, j& que dispensa energia elétrica e possibilita uma junta de solda diluida pela produgao de ferro metalico no processo Como so pegas robustas, o resfriamento dos trilhos apés a laminagao a quente é mais lento e a dureza nao é to elevada. Por causa disso, no encontro dos trilhos montados na ferrovia pode haver amassamento das extremidades nas juntas de dilatagdo. Para resolver o problema pode-se executar em campo um tratamento térmico de témpera localizada nestes pontos, pelo aquecimento do local com chama e depois resfriamento com agua ou dleo. Atendidas a estas peculiaridades, um aco para trilho ndo requer maiores sofisticagdes e agora o prego passa a ser um fator importante. Assim, uma composigao tipica e de baixo custo de acos para trilhos & C~0,7%; Mn~0,9%; Pinay) 0,04% @ Si~0,15% 116 www.ufes br/cominel - e-mail: ogcominelli@ hotmail.com Prof, Osvaldo Guilherme Comineli Propriedades. De uma forma geral, os agos atendem aos principais requisitos de trabalho de um trilho. Portanto os agos para trilhos podem ser de baixo custo, considerando a vida Util da via. Quando um trilho é submetido a um problema localizado, como corrosdo ou fadiga, a solucdo pode passar por agdes de engenharia que ndo envolve necessariamente a mudanga do ago. A seguir so apresentados alguns requisitos de trabalho a que um trilho pode ser submetido e a possivel solugéo - Corrosao ~ a corrosao de trilhos nao ¢ um problema sério, pois geralmente eles estéo submetidos a ambientes de pouca agressividade. Os trilhos so produzidos em agos com alto carbono, que s40 mais resistentes a corrosdo atmosférica. Portanto, tomando-se 0 cuidado de assenté-los em locais de boa drenagem e sem actimulo de umidade, este problema nao deve ser grave. Quando assentados em reas Umidas, industriais, maritimas ou urbanas com alta agressividade, o problema pode ser resolvido com a galvanizagao; - Fadiga - 0s trios podem também ser submetidos a esforgos de fadiga ciclica, quando do esforgo de flexdo entre os dormentes. A solugdo deste problema pode ser feita adotando-se medidas de engenharia, como uma menor distancia entre dormentes ou melhorar 0 assentamento dos mesmos. Portanto, ja que a adigéio de manganés tem outras finalidades além de estabilizar o enxofre, ndo se justifica a redugao de enxofre do ago de modo a baixar a quantidade de inclusdes para aumentar a resisténcia do ago a fadiga; - Desgaste ~ a resisténcia ao desgaste est relacionada a dureza superficial. Nos trilhos a presenga do de alto manganés e carbono, permite a formagéo de MnC que confere maior dureza ao aco. Como 0 carbono equivalente do aco ¢ mais elevado, se for necessario, uma taxa de resfriamento maior pode formar uma microestrutura de perlita fina ou bainita na superficie do trilho, e ele vai atender melhor a este requisito u7 www.ufes.br/comineli - e-mail: ogcominelli@hotmail.com Prof. Osvaldo Guitherme Comineli Agos para fundicao ‘A opgdo da fabricacdo de pegas pelo processo de fundigéo normaimente é feita em decorréncia das limitagdes de usinabilidade da pega, por causa da alta dureza do material, ou da complexidade do formato da mesma, Contudo, embora as propriedades mecdnicas de uma pega fabricada por fundi¢ao sejam normalmente inferiores as fabricadas em ago trabalhado, as espessuras também so maiores por causa da peculiaridade do processo de fundi¢ao, que dificulta produgéo de espessuras finas. Comparados aos ferros fundidos, os agos s4o mais dificeis de fundir, pois apresentam baixa fluidez, contragao elevada e menor resisténcia a temperaturas elevadas pelo fato de possuirem menos cementita, Portanto, uma pega fundida s6 é especificada em aco C quando forem necessarios outros requisitos que 0 ferro fundido nao atende, como resisténcia ao impacto ou soldabilidade. Uma vez especificado, podem-se produzir pecas fundidas de qualquer tipo de ago, desde que atendidas as peculiaridades de cada caso. Depois de resolvidos os detalhes de fabricagao, deve se atentar para 08 efeitos do fato de uma pega de ago fundido poder apresentar propriedades inferiores por causa da baixa homogeneidade interna, granulago grosseira, porosidade e tensées internas. As pegas de ago fundido so normalmente fabricadas em molde de areia ou metal. Agos para fundigo devem apresentar uma boa combinagdo de requisitos de fabricagéo e trabalho. Estes requisitos em muitos casos so atendidos pelos ferros fundidos, com a vantagem de um preco menor e maior resisténcia a corrosao que 0 a¢o-carbono comum. Pela maior facilidade de fabricacdo, a op¢ao pelo ago somente é levada a efeito nos casos onde se exige requisitos como tenacidade, resisténcia a corrosao, soldabilidade ou outra propriedade especifica. Normalmente os agos apresentam alto ponto de fuséo, baixa fluidez, contracao elevada e menor tolerancia a contaminago, o que dificulta e encarece a fundicéo de pecas de ago em relacdo aos ferros fundidos. A adig&o de silicio em torno de até 1% aumenta a fluidez e ajuda a contornar o problema. Tipos de agos fundidos: © ago fundido Hadfield (C~1,0-1,4%; Mn~10-13%), por ter o manganés elevado, apresenta uma caracteristica de maior quantidade de austenita na temperatura ambiente. Este aco é indicado para fabricacéo de pegas para escavac&o, pois durante o trabalho da pega, a austenita pode se transformar em martensita, aumentando-se a dureza superficial e a resisténcia ao desgaste Os agos baixo carbono (C<0,2%) sao aplicados em equipamentos elétricos, caixas de engrenagens, pecas submetidas a cementagao e algumas aplicagoes estruturais. Os agos com médio carbono S80 os mais usados em pegas fundidas. Sao aplicados principalmente na industria automobilistica, ferrovidria, naval, implementos e maquinas agricolas, tratores, equipamentos para escavagao e construcdo, equipamento elétrico, etc. Normalmente s&o utilizados no estado normalizado, podendo também ser temperados em agua e revenidos. Ja 08 agos com carbono elevado so empregados em pecas que requisitam alta dureza e resisténcia ao, desgaste, como matrizes, cilindros de laminago e partes de maquinas-ferramenta. No caso de aplicagao em matrizes, eles podem sofrer tempera em éleo e revenimento, Os agos-liga para fundigo possuem adigao de elementos de liga nunca abaixo de 8% e so indicados em aplicagées mais sofisticadas, onde ha um requisito maior de trabalho, como maquinas-ferramenta, turbinas a vapor, equipamentos de transporte, escavacdo, industria quimica, naval, petréleo, papel e celulose, aerondutica, armamentos, maquinas industriais, etc. 118 wwwwwaufes.br/comineli - e-mail: ogeominelli@hotmail.com Prof, Osvaldo Guilherme Comineli Jé 08 agos inoxidaveis so empregados em pecas fundidas sujeitas a ambientes corrosivos da industria quimica, naval, petroquimica ou de alto controle sanitario, como a industria farmacéutica, de alimentos € de equipamentos médico-hospitalares. Agos inoxidaveis austeniticos nao apresentam temperatura de transigao ductil-fragil e, portanto, s&o aplicados em baixissima temperatura como a industria de refrigeracao e fabricacao de gases criogénicos. 9 www .ufes.br/comineli - e-mail: ogcominelli@hotmail.com Prof. Osvaldo Guilherme Comineli Acos resistentes ao desgaste © desgaste um fendmeno superficial, consequéncia do atrito dinamico entre partes em contacto Embora seja uma consequéncia inevitavel do atrito, ele pode ser reduzido com solugées de engenharia, como um melhor acabamento ou lubrificagaéo adequada. Portanto, o desgaste é um fator nem sempre limitante na especificagéo de um ago para fabricacdo de uma pega. Contudo, um aumento da dureza superficial do ago é uma medida eficiente de aumentar a vida da peca, quando o atrito é inevitavel pela propria condi¢ao de trabalho. Como é um fenémeno superficial, a resisténcia ao desgaste das pegas de aco pode ser melhorada por ages posteriores como: Tratamento térmico de tempera; Témpera superficial; Cementacao; Nitretagao; Aplicagao de revestimento por soldagem; Deposigdo eletrolitica - “Cromo duro” Aspersao. Pelo menos uma destas solucées pode ser adotada, de modo a permitir que uma pega seja fabricada utilizando-se de um ago mais barato e amigavel ao proceso de fabricacdo (macio) e depois endurecida na superficie. Dependendo da espessura, a remocao da camada superficial endurecida significa o fim da vida da pega, 0 que normalmente nao é problema, pois as dimensdes da pega também estariam comprometidas. Nos casos em que a variacdo dimensional pelo desgaste ndo compromete o desempenho da peca em servigo (por exemplo, ferramentas de escavacao e serras), e desde que nao a pega nao seja submetida a impacto, é recomendavel uma profundidade maior de camada endurecida Isto pode ser obtido com um ago ligado, que tem maior profundidade de témpera. Uma outra forma de recompor a camada dura é pela aplicacdo de um revestimento duro por soldagem. Portanto, a alta dureza superficial é um fator importante associado a longevidade de uma peca quanto ao desgaste, sendo que, em muitos casos, esta dureza deve estar presente, preferencialmente na superficie, de modo a preservar as propriedades de impacto no interior da peca. O mecanismo de endurecimento esta associado a formagao de fases duras como cementita (FesC), carbetos duros ou precipitados de outros elementos de liga. Quando o ago é resfriado rapidamente, poderé ocorrer a formago da martensita, que também é muito dura. Em ambos 0s casos, a presenga de carbono no ago, associada a outros elementos de liga é importante no aumento da temperabilidade e precipitacdo. Outra forma de endurecimento superficial € a adicao de carbono e ou nitrogénio na superficie. carbono aumenta a dureza pelos motivos ja expostos enquanto que o nitrogénio forma uma camada superficial de nitretos, que so altamente duros e estaveis. Assim, os acos para nitretago devem conter elementos formadores de nitretos como o aluminio, o cromo e o vanadio. Quando 0s agos possuem baixo carbono, pode-se também aumentar a resisténcia ao desgaste pelo encruamento. O encruamento pela deformago plastica a frio também confere uma melhor dureza superficial e resisténcia ao desgaste. Neste caso, os agos devem possuir baixo carbono de modo a apresentar melhor ductilidade e permitir 0 trabalho a fri. Os agos Hadfield, j citados acima, também sao indicados em aplicagdes sujeitas ao desgaste. O alto manganés (Mn~10-13%) destes acos produz uma estrutura de austenita que se transforma em martensita quando submetida aos esforgos de desgaste. 120 www ufes bricomineli - e-mail: ogcominelli@hotmail.com Prof, Osvaldo Guilherme Comineli Acos para tubos © emprego de tubos em engenharia ¢ feito de uma forma bastante diversificada e, portanto a exigéncia em cada caso também € muito diferente. De um modo geral, 0s agos para tubos sdo especificados principalmente de forma a atender os requisitos de fabricacao. Dependendo do diémetro e da finalidade do duto, a fabricagéo do mesmo pode ser muito diferente. Tubos séo empregados em aplicacdes diversas como transporte de agua, dleo, gés, ar comprimido, perfuracao de pocos (agua ou petrdleo), estruturais, arquiteténicos, dutos, vapor, maquinas, autos etc. Para cada caso podemos ter um diametro © uma especificagao de servigo diferente. Um tubo pode ter que sofrer deformagao na fabricagao do tubo ou no seu uso; soldabilidade na fabricagdo ou montagem e resisténcia ao impacto quando submetidos a trabalho de responsabilidade e regides frias ‘Como 0 processo de fabrica¢ao muito importante na hora da especificacdo do ago, portanto os principais processos de fabricagdo serdo aqui analisados: Tubos de grande diémetro: Sem costura Laminados - Os tubos sem costura so fabricados pelo processo de laminacdo a quente em laminadores reversos - Processo Mannesmann ~ em didmetros até 660mm. Normaimente so utilizados em petrodutos e gasodutos. Os agos para estes tubos podem ser de baixo e médio carbono, com adigéo de elementos de liga para melhorar propriedades de especificagéo de servigo. Durante a produgao estes tubos podem sofrer tratamentos térmicos de modo a adequar as propriedades mecanicas a especificacao. Centrifugados - Os tubos resistentes ao calor (0,5%13% e também contribuir para a fragiizagao, Em nao ocorrendo estes fenémenos, estes acos somente s&o endurecidos por encruamento resultante do trabalho a frio. Por mais que sejam reduzidos, haveré sempre a presenga residual de intersticiais, que devem ter seus efeitos controlados pela adig&o de pequena quantidade de elementos estabilizadores como Ti e/ou Nb. A quantidade deve ser a minima possivel de modo a preservar a resisténcia a corrosdo e n&o prejudicar a conformabilidade destes acos; este valor pode ser calculado pela relagdo: Ti+ Nb =0,2 + 4(C+N) Quando cuidadosamente refinados, estes agos chegam a ter um total de C @ N abaixo de 0,01%. A adigao de estabilizadores recomendada é de no maximo 0,28%. Estes aos sao utilizados para adornos de arquitetura, revestimentos, ferramentas, pecas de queimadores, pegas para fornos, parafusos, porcas, tanques, pias, talheres de mesa, industria de alimentos, laticinios, carros-tanque, elevadores, etc. 129 www.ufes.br/comineli - e-mail: ogcominelli@hotmail.com Prof, Osvaldo Guilherme Comineli Inoxidaveis martensiticos Quando os agos possuem na ordem de 12%Cr e carbono de 0,1%C, 0 campo austenitico esta presente, embora reduzido pelo cromo que estabiliza a ferrita. Isto possibilita um aumento da temperabilidade e também é importante na conformagao durante a fabricagdo. Estes agos podem ter até 1,2%C apresentam martensita na microestrutura, Um tipico aco inoxidavel martensitico contém 13%Cr e 0,3%C permite um excelente endurecimento por tempera, permitindo a obtengo de excelentes laminas de corte que eram utilizadas em aparelhos de barbear, ferramentas, facas, canivetes, etc. Por causa do deslocamento do ponto eutetéide para a esquerda, estes aos s4o aproximadamente perliticos quando resfriados lentamente; a martensita pode ser produzida pelo resfriamento ao ar, desde que o aquecimento seja suficientemente alto (975-1040°C) ou teremos presenga de carbetos nao dissolvidos que provocam o aumento da corrosao. Os acos inoxidaveis martensiticos possuem uma alta temperatura de transig4o ducti-fragil (préxima da temperatura ambiente) e, portanto nao servem para aplicacéo em baixas temperaturas ~ criogenia. A soldabilidade destes acos pode ser problematica por causa da ocorréncia de trincas, Tipos 410 - 0,1%C; 12%Cr — S&o agos de uso geral, para rotores, valvulas, etc.; 414 - 0,1%C;12%Cr; 2% Ni — a adigao de niquel melhora a resisténcia a corroséo em agua do mar, 420 - 0,2%-0,4%C - © carbono mais alto melhora a temperabilidade. Indicado para cutelaria, ferramentas, instrumentos médicos, cirtirgicos e dentarios; 440 - 0,6% -1,2%C; 17%Cr — 0 alto teor de elementos de liga aumenta a temperabilidade e dureza. E indicado para rolamentos especiais. Inoxidaveis austeniticos Adig&io separada de Cr e Ni nos agos podem produzir efeitos adversos; enquanto que o niquel tende a inibir 0 crescimento de gro durante o tratamento térmico 0 cromo acelera e, portanto abaixa a tenacidade. Enquanto o cromo tende a formar carbetos, possibilitando a produg&o de agos alto-cromo, alto-carbono 0 niquel produz 0 efeito reverso de grafitizagao. Assim, 0 efeito nocivo de cada um é neutralizado e estes elementos podem ser adicionados conjuntamente; 0 efeito do cromo em causar crescimento de grao é anulado pelo efeito refinador do niquel e a tendéncia do niquel em grafitizar € compensada pela forte capacidade do cromo de formar carbetos ‘Ao mesmo tempo, outros efeitos de cada elemento so aditivos, como por exemplo, 0 aumento de resisténcia pela formagdo de solugéo sélida na ferrita e 0 aumento de resisténcia a corrosao, Dependendo da composi¢ao quimica, estes agos sdo estaveis, ou seja, possuem microestrutura austenitica mesmo apés deforniacdo a frio. Outros so metaestaveis, pois a austenita transforma-se em martensita ou ferrita acicular quando deformados a frio. Como a austenita possui estrutura cristalina CFC, estes agos possuem alta tenacidade a fratura, pois esta estrutura no apresenta temperatura de transigao diicti-fragil, sendo ento indicados para aplicago em criogenia. Contudo, ndo podem sofrer tratamento térmico e somente sao endureciveis por deformagao a frio. O carbono destes agos deve ser bastante baixo de forma a evitar o problema de perda de resisténcia a corrosdo pela precipitagao de carbeto de cromo na ZTA, durante a soldagem. Tipos: 302; 18-8 C<0,15% - uso geral; 303 (302 + Si) - corte facil pegas torneadas para industria alimenticia e laticinios, parafusos e porcas, 30418-8 C<0,08% - combina resisténcia a corrosao e soldabilidade ~ valvulas, pecas para tubulacdo, equipamentos hospitalares, trocadores de calor, criogenia, industria quimica, petroquimica, farmacéutica, celulose; 304L mesma aplicagéo e melhor soldabilidade, 316 17-13 + Mo - melhor a corrosao; mesma aplicago do ago 304 para ambientes mais agressivos; 316L; 316 C 0,05C — soldabilidade; mesmas aplicagdes que 0 316 em pecas soldadas; 347;:18-8 + Nb - Estabilizado para melhor soldabilidade; 321:18-8 + Ti - neste aco o carbono ¢ estabilizado pelo titanio e portanto melhora a soldabilidade 130 ww w.ufes.br/comineli - e-mail: ogcominelli@hotmail.com Prof, Osvaldo Guilherme Comineli Soldabilidade dos agos inoxidaveis Soldabilidade do Ago Inoxidavel Martensitico Os agos inoxidaveis martensiticos contém entre 12 a 17% de Cromo e de 0,1 a 0,5 % de Carbono (podendo chegar a 1%). A martensita é obtida pelo resfriamento rapido da austenita, portanto possui alta dureza e fragilidade, sendo estes agos indicados para fabricagdo de instrumentos hospitalares, ferramental médico cirurgico e odontolégico, instrumentos de precis&o, rolamentos e pecas especiais. O problema de soldagem que pode ocorrer durante a soldagem € a fragilizagao por hidrogénio, que consiste de trincas por causa do acumulo de tens6es resultante da combinag&o do hidrogénio com a martensita Para se evitar 0 problema devemos utilizar procedimento que introduza pouco hidrogénio, como limpeza de oxidagéo e graxas, cuidados com umidade no eletrodo e ou gas, reduzir a velocidade de resfriamento para evitar a formagao da martensita Soldabilidade do Ago Inoxi lavel Ferritico Estes agos podem conter de 16 a 30% de cromo, mas se forem totalmente ferriticos n&o sdo endureciveis por tempera. Portanto, neste caso possuem uma estrutura macia e tenaz mesmo apés resfriamento rapido. A soldagem dos agos inoxidaveis ferriticos normalmente conduz ao crescimento de gréo na Zona termicamente afetada (ZTA) e precipitagéo de carbetos nos contornos de gro. Estes fenémenos comprometem grandemente a tenacidade e resisténcia a corrosao. Para aplicagéio em ambientes corrosivos, especialmente quando a corrosdo sob tens&o é um problema, tem sido desenvolvidos os agos ferriticos com teores de intersticiais (C, N) extremamente baixos. A redugo de intersticiais minimiza a ocorréncia de precipitados (carbetos e nitretos) nos contornos de gro, principais responsaveis pela baixa tenacidade dos inoxidaveis ferriticos e por sua degeneracao na soldagem, A aplicago de agos inoxidaveis ferriticos em alta temperatura é limitada a atmosferas oxidantes e nos casos onde & necessaria a resisténcia a absorgao de C e S. Sua resisténcia a oxidacdo a alta temperatura comparavel a dos acos austeniticos, mas com custos mais baixos por terem menor teor de elementos de liga. Sao utilizados em: Adomos arquiteténicos e automotivos; Ferramentas para construgao; Pecas para queimadores de dleo; Equipamentos para refinaria, parafusos e porcas para ambientes corrosivos; Pecas para fornos; Tanques sépticos; Utensilios para cozinha e laticinios; Tanques para dcido e carros-tanque; Sistema de exaustao para autos. Soldabilidade do Ago Inoxidavel Austenitico Estes agos sao de estrutura basicamente formada austenita, mesmo na temperatura ambiente, resultado da adigao de niquel. Por causa disso, eles nao formam martensita no resfriamento rapido Para endurecer estes agos somente é possivel com deformago a frio - encruamento. Os problemas que podem ocorrer durante a soldagem destes agos sao: a) Sensitizago, por causa da precipitagao de carbonitretos de cromo; b) Trincas a quente por causa de fases de baixo ponto de fusdo, como sulfetos e fosfetos. BI www.ufes.br/eomineli - e-mail: ogcominelli@hotmail.com Prof, Osvaldo Guilherme Comineli Para solucionar estes problemas devemos: a) Adigao de estabilizadores (titanio e nidbio e molibdénio) que so formadores de carbonitretos mais fortes que 0 cromo; b) Baixo teor de enxofre e fésforo; utilizar metal de adigdo que gere uma porcentagem de ferrita (8%) ~ restante de austenita, conforme diagrama de Schaeffler. Sensitizagéo E caracterizada por um ataque localizado de contornos de grao. Estes locais apresentam regides adjacentes empobrecidas em cromo devido a precipitago de fases ricas neste elemento, como os carbonetos de cromo, Soldagem dos acos inox Diagrama de Schaeffler Este diagrama foi inicialmente apresentado por Schaeffler, conforme € mostrado na figura 1***** € posteriormente melhorado por outros cientistas. Sua utilidade é particularmente importante na previséo de microestrutura de juntas soldadas dos agos inoxidaveis. @ Croscimorta de gra @ Tinea a tio induzida por H @ Prociptagao do tases imermetaticas @ Tinea de sobaticacao |) cetiquaga0 aed aiden Bis 308 862082 8M Figura 1™"6.12 - Diagrama modificado de Schaeffer, usado em prevengdo de defeitos de soldagem. 132 wow .ufes br/comineli e-mail: ogcominelli@hotmail.com Prof, Osvaldo Guilherme Comineli Exemplo de aplicacdo: Suponha que vamos soldar um ago inoxidével 316 com um ago carbono A36, e para isto temos eletrodos revestidos de agos 309 e 312, cujas composigdes séo dadas na tabela 1". Para cada eletrodo vamos estimar as fases presentes ao longo da junta e o tipo de problema que pode ocorrer, de modo a tomarmos as devidas precaugdes. Pelas coordenadas do cromo equivalente e niquel equivalente, podemos prever as fases nos respectivos agos. Ligando estes pontos por uma reta, podemos prever todas as fases que sero formadas ao longo da junta, figura 2*****. Fazendo-se um procedimento similar para cada eletrodo, delimitamos uma regio de fases que estarao presentes na Junta, Pelo tipo de fase, podemos prever o tipo de problema esperado e a acos para preveni-los. Tabela “4 - Composi 10 do ago A36 e inoxidaveis com respectivos cromo sh ____ Composigao quimica (%) Matorial pesteas iene Os) ieee Mo [op [ s [si [ ni [ cr | Mo A36. 1,15 | 0,03 | 0,025 | 0,28 316 1,50 | 0,02 [0,015 | 0,70 | 12.7 | 17.0 | 2,75 | 20,80 | 14,95 309 1,56 | 0,022 | 0,003 | 0.48 | 13.6 | 24.2 0,5 | 25,42 | 15,01 312 1,37 _| 0,019 | 0,009 | 0,40 9.7 30,8 0,5 | 31,90] 13,4 3 % = 8 ; i 3 7 z rm Ferofa Crome equivalenie = % Cr+ % Mo + 1.5 x96 51+ 0.5 0% NE | (wes ac Figura 2***"6.12 - Diagrama de Schaeffler marcado com as fases previstas para os agos usados para soldagem e de metal de adi¢ao dos eletrodos. 133 wunv.ufes.br/cominel - e-mail: ogcominelli@howmail.com Prof. Osvaldo Guilherme Comineli Agos resistentes ao calor tM Trabalhar em temperatura elevada é um problema para todos os materiais de engenharia, sobretudo para os metais. Pela prépria sua natureza, os metals tendem a perder resisténcia oxidar rapidamente, quando aquecidos. Agos nao devem ser especificados a trabalhar nestas condicdes e, sempre que possivel, devem ser substituidos por um material ceramico. Como estéo na forma reduzida e formando ligagdes fracas, os metais tendem a perder a resisténcia e se deformar facilmente quando aquecidos, a0 que chamamos de fluéncia. Além disso, sofrem dilatacao térmica e oxidago. Quando nao howver alternativa melhor e 0 ago tiver que ser empregado, devemos usar de recursos de engenharia de modo a minimizar 0 problema, como a refrigeragao, juntas de dilatagdo e atmosfera protetora. Para amenizar o problema da queda de resisténcia mecdnica, os agos estruturais para trabalho a quente devem ter elementos de liga em solugdo que aumentem o esforgo de escorregamento entre os planos da ferrita ou austenita, além de possuir microestrutura formada por fases estaveis na temperatura de trabalho e com energia de ligag4o quimica mais intensa. Assim os agos para trabalho estrutural a alta temperatura devem possuir em sua composicao uma alta quantidade de elementos formadores destas fases estveis, como por exemplo, carbetos ¢ nitretos, Quando o problema for a oxidago, o recurso é se utilizar dos artificios ja conhecidos de resisténcia a corrosao, pela formacao de uma fase aderente e estavel de oxidos na superficie, de modo a bloquear o processo de oxidagao, como acontece nos agos inoxidaveis. Agos submetidos a temperaturas acima da ambiente esto sujeitos a falhas por um niimero de mecanismos mais que apenas esforco ou impacto, ou seja, podem sofrer também oxidagao, escamagao, danos pelo hidrogénio e sulfetos, grafitizacdo de carbetos. Os fatores envolvidos em servigo a temperaturas elevadas (300 a 650°C) exigem um maior culdado com a especificagao destes acos Praticamente todos os agos destinados a uso em temperaturas elevadas possuem molibdénio e cromo a composi¢ao, por causa da formagao de carbetos finamente distribuidos que ajudam a compensar a queda de resisténcia da matriz. O molibdénio em pequenas quantidades (~0,5%) € importante na resisténcia a fluéncia enquanto que o cromo é menos eficiente, mas aumenta a resisténcia a oxidagao. © vanadio aumenta a tenséo de fluéncia, figura "3 ** e é indicado em algumas especificagées; outros elementos como W, Ti e Nb também podem ser adicionados. O efeito do tungsténio similar a0 do molibdénio, mas em termos de quantidade, € necessério mais tungsténio para se obter o mesmo efeito 134 www.ufes.br/comineli - e-mail: ogcominelli@hotmail.com Prof Osvaldo Guilherme Comineli ; i ae. i i Nene 1] senses ie = - = ‘Temperatura °C creep ~ Comparacao geral da resisténcia de varios agos baixa liga quanto a fluéncia. Figura *3" Contudo, numa avaliagao rapida, os agos resistentes ao calor fundamentam-se além da melhoria da resisténcia mecanica, devem também resistir A corrosao pela oxidacdo a altas temperaturas, Ao se especificar um ago para trabalhar a temperaturas elevadas devemos considerar que o aquecimento produz sérios efeitos de oxidagao e reducao da resisténcia mecanica. A aplicagdo estrutural de um aco em temperaturas elevadas deve ser analisada com muito cuidado, principalmente se a ocorréncia de uma falha resultar em riscos materiais e humanos. A resisténcia mecanica dos acos sofre uma queda acentuada quando a temperatura sobe. Uma melhoria das propriedades mecanicas € conseguida pela adigdo de formadores de carbetos estaveis na temperatura de trabalho, como 0 molibdénio e 0 vanadio. Com 0 aumento da temperatura de trabalho, este artficio, contudo tem limitages, e outras formas mais eficientes, como a precipitagao de fases intermetdlicas mostrada a seguir nos agos maraging. Jé a resisténcia a oxidagao pode ser aumentada com a adi¢ao de elementos de liga como 0 niquel e 0 cromo, este Ultimo que também forma carbetos, adicionalmente ao fato de formar a pelicula de oxido que bloqueia 0 processo de oxidagao. Resolvidos os problemas acima, restam ainda outros fatores que devem ser considerados, dependendo da aplicagdo, como: Expanséo térmica — este requisito é importante quando o projeto limita as tolerncias dimensionais e de empenamento; Estabilidade estrutural - Além da queda natural na resisténcia mecanica o aumento de temperatura também pode provocar transformacao de fases e precipitaco de constituintes frageis ou mesmo aumento de tamanho de gro e esferoidizagao da perlita, o que afeta diretamente a resisténcia a fadiga dos agos; nos agos inoxidaveis pode ocorrer precipitagdo de carbetos de cromo e deixar os acos susceptiveis 4 corrosdo J, quando aplicados em resisténcias elétricas, as propriedades mec&nicas perdem importancia e séo valorizados os aspectos de ponto de fusdio, resistividade elétrica e resisténcia a oxidacao. Assim, para os agos resistentes ao calor submetidos a esforgos mecanicos, podemos generalizar: - estruturas de granulagao grosseira so mais resistentes que as de granulacdo fina (oposto ao que corre na temperatura ambiente); - por causa da granulagdo grosseira, as estruturas fundidas so mais resistentes que as trabalhadas; ~ estruturas metaestaveis podem sofrer transformacao no aquecimento (por exemplo, martensita); = embora a ductilidade possa aumentar com a temperatura, em algumas faixas de temperaturas elevadas geralmente resultam em ruptura com menor ductilidade; - rupturas a temperaturas elevadas so geralmente intercristalinas enquanto que na temperatura ambiente so transgranular. 138 www.uf »-mail: ogcominelli@hotmail.com Prof, Osvaldo Guilherme Comineli Normaimente, em condigées extremas, uma pega é projetada para entrar em servico por um curto periodo de tempo e depois é descartada, como acontece em componentes de misseis, armamentos e componentes de foguetes, Em casos especiais quando a condigao de trabalho é mais severa, sendo a pega submetida a esforgos mecanicos e temperatura elevada, hd a necessidade de metais ligas especiais, superligas ou mesmo da combinago de materiais diferentes. A aplicagao de agos onde existe combinagao de esforgo e temperatura de trabalho elevada fica bastante limitada, pois a queda da resisténcia mecnica é bastante significativa quando a temperatura aumenta mesmo para as ligas de alta resisténcia, como mostra a figura *4"*, Quando 6 requerida uma maior longevidade, além do problema da fiuéncia devemos também levar em conta a deterioragao pela oxidagéo, que pode ser reduzida por adigao de elementos protetores como Cr e Al, redugdo de temperatura de trabalho ou ado¢ao de atmosferas inertes. 2000 - 80, g € Tenso maxima | ‘q 1500} el T 2 Redugio em| § g ira 1000 Ht ga t e Tensio de escoament 3 Aongamento 00) 20 ! ° + ° 0 100 200-300 400500600 0 100 200 300 400 $0060 Temperatura de teste °C Temperatura de teste °C rote340 Figura *4*** - Variagdo da resisténcia com a temperatura de um ago de alta resisténcia (4340). Propriedades obtidas a partir de corpos de prova temperados com resisténcia de 1380MPa na temperatura ambiente. Nestes casos, a resisténcia conferida pela formacao de carbetos nem sempre é eficiente e o endurecimento dos agos é resultado de reagdes entre componentes da liga, formando precipitados intermetalicos, A titulo de exemplificagao vamos apresentar este conceito aplicado a tecnologia dos acos “maraging’ O nome dos agos maraging origina-se da combinacao dos termos MARtensite + AGe hardenING. Eles 840 projetados para atingir limite de escoamento acima de 2.000MPa, com tenacidade a fratura também elevada, muito acima dos acos alta resisténcia. ‘Além disso, outras caracteristicas associadas a estes agos so importantes quando a aplicaco: - A variagao dimensional que acompanha 0 endurecimento (precipitacéo) € minima, o que facilita a fabricagdo de pegas complexas endurecidas apés usinagem; - Possuem excelente soldabilidade por causa da microestrutura e baixo teor de carbono (~0,03%C). Desta forma, os agos maraging so aplicados: = Na rea aeroespacial, tendo em vista a elevadissima resisténcia por unidade de peso que aliada a boa tenacidade e soldabilidade permitem que sejam usados em carcagas de misseis, forjados aeronduticos, molas especiais, etc; Como ferramentas de precisdo, em virtude da auséncia de distorgéo e excepcionais propriedades mecanicas. 136 wwww.ufes.br/comineli - e-mail: ogcominellit Prof, Osvaldo Guitherme Comineli Metalurgia dos agos maraging Sabemos que os elementos de liga abaixam a temperatura de inicio da formagao da martensita (M) dos agos com excecao do cobalto. Numa liga contendo 20%Ni, por exemplo, uma forma de histerese, ou seja, a transformagao austenita- martensita ocorre na faixa de 200-300°C, enquanto que a reversao da martensita para austenita ocorre a temperaturas da ordem de 595°C. Desta forma, estes agos podem ser envelhecidos a temperatura de 480°C sem que ocorra a reversdo. E importante notar que mesmo resfriamentos muito lentos desta liga so suficientes para se produzir a martensita. Uma das fungdes da adig&o do cobalto é garantir que a temperatura M; fique elevada (200-300°C), de forma a se ter a transformacao martensitica completa na temperatura ambiente. Esta martensita é cilbica de corpo centrado e de baixissimo carbono (nestes agos 0 carbono é um residual indesejado) com dureza em torno de 30-35R., sendo facil de usinar. Quando este ago é aquecido para envelhecimento, no ha formacéo da austenita por causa da histerese descrita acima, mas ocorre a formagao de fases intermetalicas como NisMo, NisTi e FeMo. 137 www.ufes.br/comineli - exmail: ogcominelli@hotmail.com Prof. Osvaldo Guilherme Comineli Acos para ferramentas e matrizes Ferramentas e matrizes normalmente trabalham em condigdes severas, que requerem do material uma alta dureza e resisténcia ao desgaste, de modo a aumentar o desempenho e a vida Util da pega. Para tanto, 0s agos para ferramentas devem ser de médio ou alto carbono, com adigao de elementos de liga para melhorar a temperabilidade ou formar carbetos precipitados © carbono nestes agos varia entre 0,6%C e 1,4%C; 0s aos de médio carbono sao utllizados em condigdes onde a ferramenta ¢ também submetida a choques, além do desgaste, ou quando o desgaste nao € tao sério. O carbono forma carbetos e aumenta a temperabilidade. Ja para usos onde a resisténcia ao desgaste e dureza so prioridades, em detrimento da tenacidade e do risco de trincas de tratamento térmico, so indicados os agos com carbono mais elevado. Quando a ferramenta trabalha em condigdes mais severas, muitas vezes a temperaturas elevadas ou a sua troca é onerosa, elas devem ser produzidas com agos contendo elementos de liga De modo geral, adicionando-se elementos de liga, aumenta-se a temperabilidade e possibilita a formagao de precipitados, que conferem maior estabilidade de dureza em temperaturas mais elevadas. Ainda, alguns elementos formadores de nitretos como o Al, Cr, V, etc. possibilitam que a ferramenta ‘seja submetida ao tratamento de nitretagao e seus beneficios. A adigéo de silicio aumenta a dureza da ferrita, mas em acos alto C 0 alto Si pode provocar a decomposicéo de carbetos; jé 0 manganés forma inclusdes de MnS e também aumenta a temperabilidade. © cromo dissolve na ferrita e aumenta a dureza, pois aumenta a temperabilidade. Por ser um fraco formador de carbetos, a quantidade de cromo e carbono nos agos deve ser elevada para que haja precipitago de carbetos(>1%Cr, para 2%C). O vanadio provoca refino de grao e forma carbetos bastante finos, e mais estaveis que os de cromo e molibdénio e n&o sofrem coalescimento a temperatura de até 700°C, sendo indicados para ferramentas para trabalho em temperatura elevada. Pelo fato de formar carbetos estaveis, quando o aquecimento for a baixas temperaturas, ele provoca a nucleago da perlita e reduz a temperabilidade; se a temperatura de aquecimento for mais alta, havera a dissolucao dos carbetos e, portanto a tempera fica mais facilitada e a dureza é aumentada Os agos contendo carbono elevado com molibdénio e tungsténio entre 4 e 6% mantém a dureza a alta temperatura pois formam carbetos do tipo Mo;C ou W,C e também carbetos complexos e estaveis com Fe, Cr e V; 0 molibdénio forma carbetos, dissolve na ferrita e aumenta a temperabilidade. Ele é indicado ‘na substituigo do W na proporgao (6%Mo+5%W=18%W). O cobalto aumenta dureza @ quente da matriz, mas reduz um pouco a temperabilidade. A classificagao AISI para agos ferramenta € resumida conforme abaixo: 138 ‘mail: ogcominelli@hotmail.com Prof. Osvaldo Guilherme Comineli Classificagdo dos agos ferramenta W—Temperaveis em agua S —Resistentes ao choque ACOS PARA FINS ESPECIAIS L ~ Baixa liga (Low alloy) F ~ Tipo carbono-tungsténio P — Para moldes GOS PARA TRABALHO A FRIO 0 -Temperaveis em Oleo ‘Ax Temperaveis ao Ar D~Alto C; alto Cr AGOS PARA TRABALHO A QUENTE H~Cr, Mo, V AGOS RAPIDOS T—Ao Tungsténio M-—Ao Molibdénio Agos temperaveis em agua (grupo W): Estes agos contém carbono como principal elemento de liga, com pequenas quantidades de cromo de forma a aumentar a temperabilidade e resisténcia ao desgaste e vanadio para refinar o gro e aumentar a tenacidade. O teor nominal de carbono varia em torno de ~0,60 a 1,40%, sendo que o mais popular contém aproximadamente 1% C. A profundidade de tempera 6 pequena e portanto a zona endurecida ¢ fina, mesmo quando resfriado rapidamente. Em segdes maiores que 13mm forma-se uma superficie dura num nucleo tenaz. Estes agos possuem baixa resisténcia ao amolecimento a temperaturas elevadas. Sao empregados em ferramentas de madeira, componentes de maquinas, facas, ferramentas de corte, marteletes, estampos, brocas, etc. Agos resistentes ao choque (grupo S): Os principais elementos de liga destes acos sé manganés, silicio, cromo, tungsténio e molibdénio, em varias combinagdes. O teor de carbono & em torno de 0,5% para todos eles. Estas composic6es produzem uma combinacdo de alta resisténcia, alta tenacidade e resisténcia ao desgaste média ou baixa. Estes acos so utilizados em pungées, formées, porta bits, rebitadeiras, e outras aplicagdes que necessitam de alta tenacidade e resisténcia ao choque. Os acos do grupo S sao temperados em agua, 6leo ou ar, mas precisam ser austenitizados a temperatura elevada para dissolver precipitados e evitar que eles prejudiquem a temperabilidade. Por causa da excelente tenacidade e alta resisténcia eles so frequentemente considerados agos nao indicados para ferramentas, mas indicados para aplicacao estrutural. ‘Agos para fins especiais(Gupos L, F e P) L = baixa liga - Basicamente possuem alto carbono com Cr. Utilizados em calibres, tesouras, brocas, ferramenas para madeira, onde é requerida combinacao de elevada resisténcia e tenacidade. F — Carbono-tungsténio — extrema resisténcia ao desgaste (gumes cortantes). Trefilas, ferramentas de usinagem 139 wwnwwufes.br/comineli - e-mail: ogeominelli@hotmail.com Prof, Osvaldo Guilherme Comineli P - Moldes de fundiogo e injec de ligas de chumbo, estanho, aluminio e zinco. Devem ser de baixa dureza - recozidos — para permitir a usinagem e depois s40 temperados ou cementados. Agos para trabalho a frio Estes agos so chamados desta forma porque nao possuem resisténcia ao amolecimento a altas temperaturas, sendo, portanto restritos a aplicagdes onde nao ha aquecimento repetido ou prolongado, acima de 250°C. Eles so divididos em 3 categorias Agos temperaveis ao ar (grupo A): Estes aos possuem médio carbono e elementos de liga que permitem que eles sejam temperados ao far, portanto com menor distorgao e baixa tendéncia a trincamento. Os elementos de liga sao basicamente manganés (<2%) e cromo(1-5%). As aplicagées tipicas destes acos incluem laminas de corte, pungées, tesouras, matrizes de estampagem e cunhagem; ferramentas de preciséo por causa da boa estabilidade dimensional e também moldes de tijolos e ceramica, por causa da alta resisténcia a abrasao produzida pelos carbetos complexos de Cr-V numa matriz martensitica. ‘gos alto carbono, alto cromo (grupo D): Estes acos contém alto carbono (1,5%C, podendo passar de 2%C) e 12%Cr sendo temperaveis ao ar ou leo (D3). Possuem excelente resisténcia ao desgaste por causa da enorme quantidade de carbetos, gue os tornam susceptiveis a fragilidade de aresta. Sao usados tipicamente em matrizes, laminadores de rosca, matrizes de corte para laminadores, facas, rolos, moldes ceramicos, etc. Agos temperaveis em dleo (grupo O): Estes agos contém alto carbono (livre e combinado) mais elementos de liga suficientes para que sejam prontamente temperaveis em éleo em segdes pequenas a moderadas, Possuem manganés, cromo € tungsténio, podendo conter silicio e molibdénio. A caracteristica mais importante é a resistencia ao desgaste, resultante do alto carbono, mas também a baixa resisténcia ao amolecimento. Ferramentas produzidas por estes agos podem ser prontamente recuperadas ou reparadas por soldagem desde que com procedimento adequando. Quando existir grafita na microestrutura, estes acos podem também ser usinados facilmente antes de serem acabados So extensivamente usados em matrizes, pungdes, tesouras, componentes de maquinas e padrées com alta precisao dimensional gos para trabalho a quente (grupo H): Muitas operagées de fabricagdo como puncionamento, corte e conformagao dos metais so realizadas a quente por ferramentas de agos especiais (grupo H), que foram desenvolvidos para suportar combinacao de trabalho sob calor, pressdo e abrasdo. Os agos para trabalho a quente contém médio carbono (0,35-0,45) combinado com cromo, tungsténio, molibdénio e vanadio variando entre 6 € 25%. As aplicagées tipicas dos acos para trabalho a quente so mostradas na tabela 2**** 140 avw.ufes.br/comineli - e-mail: ogcominelli@hotmail.com Prof. Osvaldo Guitherme Comineli Tabela *2* - Composigao quimica e aplicagdes de alguns acos para trabalho a quente. ‘Ago [_Composigao quimica de referencia ‘Aplicagées Aisi [~%C_[%Cr | %Mo | %V | Outros: 10 | 0.35 [3,00] 2.80 [0,55] - | Matrizes para trabalho até 650°C, ferramentas para exiruséo, moldes para plasticos, facas para corte a quente, moldes para fundigdo sob pressao. Hit | 040 [525] 7.30 040] - | Pungdes de prensas de extrusdo e forjamento, moldes para fundigzio sob | ressio, ferramentas (machos, cossinetes, tesouras), estrutura de misses Hi2 | 040 [5.30] 7,45 | 025 | WEt,3 | Buchas, pist6es e camisas para prensas pesadas, esouras, puncdes | ‘mands e facas para trabalho a quente, facas e moldes para fundicao. His | 040/525] 140 [090] - Buchas, pisides e camisas para prensas pesadas, Matrizes para {orjamento, moldes para plasticos e fundicao. H20 [0.30 [265 | - | 0.35 | W=8.50 | Pecas para trabalho a quente como matrizes de forjamento e extrusao de plasticos, tesouras e mandris para trabalho a quente, E274 [085 [7,10] 0.60 | 0,10 | Ni=1,65 | Martelos e matrizes de forjamento profundo, ldminas de corte e matrizes | de extrusao de aluminio, E27t | 082 [7.05] 030 |= | Nie3.25 |" Malrizes para forjamento e furacdo de chapas, martelos © bigomnas para I forjamento. Matrizes de todos os tipos, laminas e facas de corte afrio, Agos com cromo: Estes agos so os do tipo H10 ao H19, contendo também Cr, Mo e V. Possuem boa resisténcia ao amolecimento por causa da formagdo de carbetos de cromo, molibdénio, tungsténio e também do vanadio que aumenta a resisténcia ao desgaste e erosdo. Adi¢o maior de silicio aumenta a resistencia corrosao. Estes agos sao especialmente usados em matrizes de fundigao e extrusdo de aluminio e magnésio, matrizes de forjamento, mandris e tesouras a quente, pois suportam o resfriamento com gua sem trincar. ‘Agos com tungsténio Nestes acos o principal elemento de liga € 0 tungsténio (tipos H21 a0 H26), contendo também carbono, cromo e vanadio, Estes agos possuem maior resisténcia ao amolecimento que os “ao cromo” sendo, contudo, mais frageis e podem trincar no resfriamento em servico com agua. Sao utilizados em aplicagbes de temperatura mais alta, como extrusdo de lato, niquel e ago e também para matriz de forjamento com desenho mais complexo. ‘Agos com molibdénio’ Praticamente apenas dois tipos destes agos (H42 e H43 - com Mo, sem Cr) 840 empregados. Eles sao similares aos agos com tungsténio, com caracteristicas e uso quase idénticos. Agos répidos Estes agos séo empregados em corte de alta velocidade, sendo divididos em 2 grupos: com molibdénio com tungsténio. Conforme o elemento de liga principal, os acos sao classificados como: Agos de alta velocidade M(molibdénio) e T(tungsténio); ‘Agos para trabalho a quente, H(hot); ‘Agos para trabalho a frio, D(die); A(temp. ar) @ O(temp dleo); Agos resistentes ao choque, S(shock); ‘Agos para moldes, Pe ‘Agos temperdveis em agua, W(water). ‘Agos de alta velocidade com molibdénio (grupo M) Estes agos pertencem ao grupo M. Também contém tungsténio, cromo, vanédio, cobalto e carbono como principais elementos de liga. Embora as propriedades sejam parecidas com os do grupo do tungsténio, estes agos sao ligeiramente mais tenazes. ‘Agos de alta velocidade com tungsténio (grupo T): Os agos do grupo T sao caracterizados pela alta “dureza ao vermelho", ou seja, a capacidade de manter a dureza a temperaturas relativamente elevadas e também a alta resistencia ao desgaste. Eles sao 141 worw.ufes becoming - e-mail: ogcominelti@hotmail.com Prof, Osvaldo Guilherme Comineli altamente endureciveis, podendo-se obter durezas de até 65 HRc em didmetros de 76mm resfriados em 6leo, por causa da formagao de carbetos, particularmente nos aos contendo mais que 1,5%V e1,0%C. Por causa disso so indicados para aplicagdes em ferramentas de usinagem de alta velocidade, além de rolamentos e pares de bombas de avides. Guia de referéncia para pré-selecao de acos ferramenta Reduz a resiténcia ao choque e usinabilidade e aumenta a profundidade de tempera e oe resisténcia ao amolecimento — Bo, +C;- liga -C; +liga g z3 Trabalho a —frio | Trabalho. a ‘frio| Trabalho a quente ses (Deformagao na | (Deformacéo na | (Baixa deformagao) rahatss tempera nao é | tempera é | Resisténcia ao 28 importante) importante) calor é importante SB, [Alla resistencia a|F,W D MT @@ | | abraséo £3 § [Média resistencia a|W AO MT g © & | abrasdo — ferramentas Ey © |decorte eg Baixa resisténcia a |W OL EH 2 abrasdo ~ matrizes Resisténcia ao choque | S, E SE HE 142 wavi.ufes.br/comineli - e-mail: ogcominelli@hotmail.com

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