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Como funciona a sala de aula invertida?

Metodologia de ensino propõe aulas menos expositivas e melhor utilização do


tempo e conhecimento do professor
Imagine um sistema educacional no qual os alunos estudam os conteúdos curriculares
em suas casas só para depois irem à escola encontrar professores e colegas, tirar
suas dúvidas e fazer exercícios. Em outras palavras, onde a lição de casa é feita em
sala e a aula é dada em casa.
Eis o princípio por trás da metodologia da “sala de aula invertida” (Flipped Classroom,
em inglês), que propõe a inversão completa do modelo de ensino. Sua proposta é
prover aulas menos expositivas, mais produtivas e participativas, capazes de engajar
os alunos no conteúdo e melhor utilizar o tempo e conhecimento do professor.

“A metodologia tradicional deixa o aluno num papel passivo, simplesmente ouvindo as


explicações do professor. Ao inverter esse modelo e fazer com que o aluno assista às
aulas fora do ambiente da escola ou universidade, há um aumento na presença e
participação em sala de aula”, explica a educadora Andrea Ramal, diretora do GEN |
Educação.

Quando um conteúdo totalmente inédito é apresentado ao aluno, a introdução se dá,


em geral, por meio de textos e videoaulas que apresentam os conceitos básicos e
exercícios resolvidos como exemplos. “A leitura antecipada incita o raciocínio prévio e
eleva o papel do professor. Esse passa de expositor para tutor, auxiliando e
incentivando o aprendizado mais profundo do aluno quando ele traz dúvidas,
raciocínios e discussões prévias”.

Segundo Andrea, é possível aplicar essa metodologia a todas as disciplinas escolares


obtendo o mesmo efeito. “Pelos estudos obtidos em diversas instituições em todo o
mundo, há sempre um ganho em relação à metodologia tradicional, independente da
disciplina”.

Segundo um levantamento feito na Universidade de British Columbia, nos Estados


Unidos, com professores de Física que aplicaram a metodologia, dentre os quais Carl
Wieman, prêmio Nobel de Física em 2001, houve um aumento de 20% na presença e
40% na participação dos alunos com o modelo. Além disso, as notas dos alunos
participantes foram duas vezes maiores que as das classes que utilizaram a
metodologia tradicional.

Na Universidade de Harvard, por sua vez, professores de Matemática conduziram um


estudo de 10 anos em suas classes de Cálculo e Álgebra e descobriram que alunos
inscritos em aulas invertidas obtiveram ganhos de 49 a 74% na aprendizagem em
relação aos alunos inscritos em aulas tradicionais.
Nesse contexto, onde praticamente toda a dinâmica da aula se altera, é essencial
capacitar o professor para aplicar o modelo com sucesso. Isso começa, diz Andrea,
em uma mudança de paradigma ou forma de pensar. “O professor necessita ser
convencido que o método irá facilitar sua vida e a dos alunos. Se não houver isso, não
adianta capacitar, pois o professor estará reticente em usar a metodologia, o que irá
atrapalhar seu desempenho”.

Para o estudo em casa, os alunos contam com recursos como vídeos, textos, áudio,
games, entre outros. No entanto, a metodologia não implica necessariamente em
repensar todo o material didático hoje disponível. “Por exemplo, a utilização de uma
leitura prévia antes da aula e de deveres de casa já são exemplos de uma sala de aula
invertida”.

Att. Cristiano J. Matias


Professor

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