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Alfredo Bosi (Da Universidade de S$. Paulo) HISTORIA CONCISA DA LITERATURA BRASILEIRA a EDITORA CULTRIX SAO PAULO — Filipe, tu és tinico e im ae lortal, i 6 minha alma musical. Cane $00 Bltiosat Meu amo. : ixfo. . am minha paixto. Todo o meu ser vive em ti um di ‘or que tu me revelaste e que ¢ a 6 gloriosa! Segundo 0 jufzo severo de Agripi : “ aad € construfdo as nuvens, Soin indsines sy {nesta Viagem Maravithosa peasil (Evolucao da Prosa, cit., p, 126), lopia, e nada aproveita ao No entanto, sempre que Graca Aranha fixa segue bons efeitos de naturalidade, pois, doutrindrios € simbélicos que empanay Personagens secund4rias con- a0 apresenté-las, foge aos esquemas ‘am a sua visdo de ficcioni: ista. A verdade € que, malogrado 0 romance no seu Ponto nevralgico, restaram muitos escombros, € alguns respeitaveis como tratamento artistico da prosa narrativa: oS trechos que reproduzem a macumba da negra Balbina e oo do carnaval alucinante sao exemplos felizes de um estilo que procurava projetar uma concep¢a0 dinamica do mundo. Fragmentos que honram a sensibilidade ea intuicao de um homem cujo roteiro revelou sempre uma generosa dispo- nibilidade para as aventuras do espfrito. O Modernismo: um clima estético e psicolégico Graga Aranha, empenhado até o fim da vida na teorizacao de uma estética mais aderente a vida moderna, foi 0 tnico intelectual da velha guarda que, a rigor, pode passar de uma vaga esfera pré-modernista a0 Modernismo. A um Lima Barreto ou ao wltimo Euclides quadra, antes, 0 adjetivo “moderno” que, abragando conota¢des varias, pode ou nao incluir 0 matiz liter4rio. Quanto ao termo “modemnista”, veio a caracterizar, cada vez mais intensamente, um cédigo -bovo, diferente dos ; cOdigos pamasiano € ‘simbolista. “Moderno” inclui também fatores de mensagem’ otivos, temas, milos | modernos. Com o maximo de Precisdo semantica, dir-se-4 que nem tudo 0 que antecipa tragos modemos (Lo- bato, Lima Barreto) ser modernista; ¢ nem tudo 0 que foi modernista (0 de- cadentismo de Guilherme, de Menotti, de certo Oswald) parecer, hoje, mo- demo. Entretanto, a dissociagao de cédigo & tema, ae no a es textual, vira método arriscado em nistoriogr ae a oles i ivos: a histéria getar roteiros, mutuamente exclusivos: ' re i i exemplario de tendéncias de processos formais; ou a historia da aoe ean, pate Wao-estéticas, Para evitar esses extremos, DO a vém retomar algumas idéias do comes? deste 331 > fe uma ruptura cont Os CON BON Se por Modernismo entende-se exclusivament nenhum osctitor pré liter4rios do primeiro vinténio, entao nao houve, & NEO. modernista. Se por Modernismo entende-se algo mais que de linguagem; se a literatura que se escreveu sob f bém uma critica global as estruturas mentais das velhas geragdes ¢ un de penetrar mais fundo na realidad brasileira, entin houye, ne Prineny vin ténio, exemplos probantes de inconformismo cultural: ¢ esctitores pre moder nistas foram Euclides, Joao Ribeiro, Lima Barreto ¢ Graga Arantia (este, in dependentemente da sua participagdo na Semana). E claro que, & medida que nos aproximamos da Semana, formais que nos vao atraindo, isto 6, aqucle espirite modermt que iria polarizar em torno de uma nova expressdo artistas como Anita Malfatti, Victor Brecheret, Di Cavalcanti, Vila-Lobos, Mario de Andrade, Oswald de Andrade, Menotti del Picchia, Sérgio Millict, Guilherme de Almeida, Manuel Bandeira. E é em face desse clima de vanguarda que se constala uma viTiazcm na literatura brasileira j4 nos anos da I Guerra Mundial. A afirmago de novos ideais estéticos nao veio de cholte. As vésperas do conflito alguns escritores brasileiros traziam da Europa notfcias de uma lite. ratura em crise. Oswald de Andrade conheccu cm Paris 0 futurismo que Ma- rinetti, em 1909, langara pelas paginas do Figaro no famoso Manifesto-Fun- dago; ¢ trouxera de 14 a maravilha de ver um pocta de versos livres, Paul Fort, coroado principe dos poetas franceses; Manuel Bandcira travara contatos com Paul Eluard, na Suiga, e viera marcado por um neo-simbolismo de cuja dissolugao nasceria 0 seu modo de ser modernista; Ronald de Carvalho, embora pouco tivesse de revolucionério, ajudara em 1915 a fundagio de uma revista da vanguarda futurista portuguesa, Orfeu, centro irradiador da poesia de Fernando Pessoa e de S4 Cameiro; Tristéo de Ataide ¢ o proprio Graga Aranha conheceram igualmente as vanguardas curopéias centradas em Paris; ¢ da Paris de Apollinaire, Max Jacob e Blaise Cendrars vinha a poesia modernissima de Sérgio Milliet, escrita embora em Genebra (En singeant, Le départ sous la pluie), O termo futurismo, com todas as conotagées de “extravagancia’ e “barbarismo”, comega a circular nos jornais brasileiros a partir de 1914 (266) e vira fdolo polémico na boca dos puristas. Estes e o leitor médio haviam yum conjunto de experienc tas ‘fo scu signo representa fam slorye av asjinovaydey a, stricto sensu, @) Por informagao do Prof. José Aderaldo Castello, sei da existéncia de um folheto publicado na Bahia, por volta de 1910, por AlmAquio Dinis: transcreve 0 Manifesto de Marinetti e 0 traduz. Nao tenho noticia de qualquer repercussao do texto antes de 1912, data da volta de Oswald da Europa. Quanto & imprensa, os primeiros ecos sto de 1914 € aparecem no artigo de Emesto Bertarelli, “As Ligdes do Futurismo”, in O Estado de 5. Paulo, de 12-7-1914 (apud Mario da Silva Brito, Historia do Modernismo Brasileiro Antecedentes da Semana de Arte Moderna, S. Paulo, Saraiva, 1958, p. 31). 332 ignot ae ee ae as inovagées simbolistas, como 0 verso livre, e ainda preferiam Bilac, Vicent s. Vice; f ; ; i g80er de Verso seta meio popular melo‘ ue, stad pelos “calvoclos” Comélio Pires e Paulo Setubal ou pelo pemndstico Catulo da Paixio Cear enise, dava a medida do gosto hibrido a que se chegara. Nesse clima, s6 um grupo fixado na ponta de langa da burguesia culta, | paulista e carioca, isto 6 s6 um grupo cuja curiosidade intelectual pudesse gozar de condigdes especiais como viagens & Europa, leitura dos derniers cris, { on tos ¢ exposigdes de arte, poderia renovar efetivamente 0 quadro literario} do pais. ; A Semana de Arte Moderna foi 0 ponto de encontro desse grupo, ¢ muitos. dos scus tragos menores, hoje caducos e s6 reexumveis por leitores ingénuos ionalismo, inconsegiiéncia ideolégica) devem-se, no fundo, ao con- texto social de onde proveio. O fato cultural mais importante antes da Semana e que serviu de barémetro da opiniio publica paulista em face das novas tendéncias foi a Exposigao de Anita Mall em dezembro de 1917 (267). Quem Ihe deu, paradoxalmente, certo relevo foi Monteiro Lobato que a criticou de modo injusto e virulento cm um artigo intitulado “Parandia ou Mistificagao?” (268), J4 me referi 4 con- tradigdo moderno-antimodemo, ou melhor, moderno-antimodernista, que di diu a consciéncia de Lobato, ele proprio medfocre paisagista académico e aves- so a todas as correntes estéticas do século XX. Anita Malfatti trazia a novidade de elementos plasticos pés-impressionistas (cubistas ¢ expressionistas), que as- similara em sua viagem de estudos pela Alemanha ¢ pelos Estados Unidos. Defenderam-na, primeiro Oswald e, pouco depois, Menotti del Picchia, Mario de Andrade esteve entre os admiradores da primeira hora. De 1917 a 1922, 0s fuu ros_organizadores da Semana travaram_conheci- mento com as varias poéticas de p6s-guerra ¢ constitufram-se como um grupo jovem_¢ atuante no meio lite io paulista. Entretanto, a leitura das obras es- por eles no comego jesse perfodo mostra que muito de. tradicional ainda ia_no_esp{rito de todos, enquanto escritores. M4rio de Andrade estreou ser 1917, sob 0 pscudonimo de Mario Sobral, com uma plaquette, Hd wna ao Ga Apenas para constar: em 1913, o grande pintor russo Lasar Segall expusera, tamtém em S. Paulo, quadros impressionistas ¢ expressionistas. Nao houve, porém, em tomo do seu nome celeuma alguma, Os tempos ainda nfo estavam maduros. Cf. Paulo Mendes de Almeida, De Anita ao Museu (S. Paulo, Comissio Estadual de Cultural, OGL), onde se dé o devido peso A presenga de Segall a partir de 1924. Sobre a sua ante, vo belo ensaio de Mario de Andrade, escrito em 1943 e inclufdo nos Aspecros vias Artes Pldsticas no Brasil, S. Paulo, Martins, 1965, pp. 47-68. (ass) In O Estado de S. Paulo, 20-12-1917 (apud Mério da Silva Brito, op. cit. pp. 45-49). fersos retoricos dirigidos contra o milita. rismo alemao; Manuel Bandeira quando os leu achou-os “ pe an dé um ruim esquisito”, impressao que Ihe veio talvez da me een con doreiros (“Exaltacao da Paz"), penumbrismos belgas (“Inverno”, “Epitalamio”) e uma ou outra ousadia Iéxica (“E 0 vento continua com O SCU 00U... ). que uma concepgio moderna de arte. oun pa ‘nical de Oswald de Andrade, padeceu também de um alto grau de hibridismo, patente nao sé em Os Condenados, romance de estréia, como também nas piginas de critica em que, por exemplo, saudava como es. tética revolucionéria” um poema de Menotti del Picchia cujo fecho assim dizia: Teus olhos sto loiros vitrais, : Teus frémitos lembram repiques de sinos, Teus bragos as asas dos anjos divinos... Gora de Sangue em Cada Poema, ¥ Estende como uma ara teu corpo: teu ventre E um zimbério de marmore Onde fulge uma estrela... (269) De Menolti, que seria um dos mais ativos organizadores da Semana, 0 publico j4 recebera com entusiasmo varios livros: Poemas do Vicio e da Virtude (1913), ainda parnasiano; Juca Mulato (1917), poemeto regionalista que, pelo ritmo facil e 0 estofo narrativo sentimental, logo se tornou sua obra mais lida e plenamente aceita até pelos medalhdes da época (279); Moisés, poema biblico, ¢ As Mascaras, ambos de 1917 e ambos viciados pelo decadentismo ret6rico. E no romance O Homem e a Morte, de 22, o escritor narra as aventuras aleg6ricas de um artista em Sao Paulo num estilo entre romantico e im- pressionista. Em outros escritores que comegaram a sua carreira antes de 22, € ainda mais visivel a impregnagdo de um passado recente. Manuel Bandeira e Ribeiro Couto foram intimistas da ultima fase do Simbolismo. Bandeira, com A Cinza das Horas, parecia eco perdido do Decadentismo belga (“Eu fago versos como quem morre”), mas j4 assimilaria, em Carnaval (1919), sugest6es mais ousadas dos crepusculares italianos Corazzini e Goz- zano, poetas capazes de dissolver em auto-ironia as cadéncias heréicas de Carducci e D’Annunzio; est4 nesse livro de transigao 0 poema-satira “Os Sapos”, que seria recitado numa das noites da Semana, sob os apupos dos assistentes: (@%) “Literatura Contemporanea”, in Jornal do Comércio, ed. de S. Paulo, 12-6-21 (apud Mario da Silva Brito, op. cit., p. 21). 9 “E com poemas como esse que havemos de romper caminhos no mundo e nao com arremedilhos franceses e tafularias de acarreto” — disse Coelho Neto (apud Mario da S. Brito, op. cit., p. 72). 334 Enfunando os papos, Saem da penumbra, Aos pulos, os sapos, A luz os deslumbra. Em ronco que aterra, Berra 0 sapo boi: “Meu pai foi a guerra!” “Nao foi! “Nao foi!” O sapo-tanoeiro, Pamasiano aguado, Diz — “Meu cancioneiro E bem martelado. Vede como primo Em comer os hiatos! Que arte! E nunca rimo Os termos cognates.” Os versos de Ribeiro Couto inseriam-se com toda pertinéncia na linha do penumbrismo, da “poesia em surdina” (Jardim das Confidéncias, 1921, e Poe- metos de Ternura e Melancolia, 1924) de que, na verdade, nunca se afastou, apesar de tentativas posteriores de fazer poesia das cidades pioneiras, em No- roeste e Outros Poemas do Brasil (1933). Ronald de Carvalho, antes de cultivar 0 verso livre, foi sonoro parnasiano em Luz Gloriosa (1913) e Poemas e Sonetos (19). Oscilando entre o Parnaso e o Decadentismo, Guilherme de Almeida, cujos primeiros livros logo alcangaram a estima dos leitores amantes da “medida velha”, compés Nés, em 1917, A Danca das Horas e Messidor, em 1919, e Livro de Horas de Séror Dolorosa, em 1920: todos reveladores de um virtuose da Ifngua, para quem 0 intermezzo modernista (Meu, Raga) em nada alterou a substancia tradicional do seu lirismo. Enfim, também académica foi a primeira face postica de Cassiano Ricardo (Dentro da Noite, 1915; Evangelho de Pa, 1917; Jardim das Hespérides, 1920), que, ao contrario de Guilherme de Almeida, iria renovar-se radicalmente sob a influéncia do Modernismo. Mas, apesar de todos esses elementos passadistas, 0 grupo foi-se torando cada vez mais coeso, no biénio 1920-21, quando se afirma publicamente pela arte nova. E se o futurismo nao era a sua componente tnica, era, sem duvida, a pedra de escandalo a ser langada nos arraiais académicos. Passam por futu- ristas, indiscriminadamente, Di Cavalcanti, Vicente do Rego Monteiro, Bre- cheret e a propria Anita Malfaiti. O epfteto € cémodo, a pregagao ‘a mais conhecida, e a critica académica ainda nao sabe discerni pressionista-cubista-abstracionista, que caminbou para a construc de Marinetti linha im- -oauténomo, dati imitivista-expressi ista-surrealista, que signifi. pote auton ci i. a isos aigos de Meow del ich qe, sh g pscud6nimo de Helios, divulgava pelas paginas do Cone se cane movi dades estéticas e fazia promogao do grupo vanguardista 10 . Neles ¢ nas reflexdes de Oswald de Andrade e Candido Motta Filho, que a essa altura escreviam para 0 Jornal do Comércio, j4 se configurava a dupla diregao que os modernistas iriam dar a0 movimento: liberdade formal € ideais nacionalistas No pensamento de Oswald, havia um estreito liame entre a vida urbana paulista e a estética revolucionéria: ‘Nunca nenhuma aglomeragao humana esteve t40 fatalizada a futurismos de ati- vidade, de indistria, de histéria da arte, como a aglomeragao paulista. Que somos nés, forgadamente, iniludivelmente, se nao futuristas — Povo de mil origens, arribado em mil barcos, com desastres ¢ Ansias? (27) Mantendo uma atitude critica mais equilibrada, M4rio de Andrade e Sérgio Buarque de Holanda negam a fatalidade de um “futurismo paulista”, na esteira de Marinetti, mas convém na urgéncia de uma revisao dos valores que até entdo regiam a cultura nacional. E de Mario de Andrade viria 0 exemplo mais persuasivo: a Paulicéia Desvairada, obra conhecida pelos modernistas antes da Semana, ¢ primeiro livro de poesia integralmente nova (273), Ainda Mario, na série de artigos intitulada “Mestres do Passado” (274), entoa um canto de funeral para os maiores parnasianos; na ordem em que foram por ele “exal- tados” e sepultados: Francisca Julia, Raimundo Correia, Alberto de Oliveira, Olavo Bilac e Vicente de Carvalho. Para que acontecesse a Semana, tudo j4 estava preparado. A coesio do ista, os contatos deste com alguns intelectuais do Rio (Ribeiro Couto, @7)) Nao s6 a critica académica; também os modernistas da fase herdica baralhavam as duas linhas. @) “Reforma Literaria”, in Jornal do Comércio (ed. de S. Paulo), 19-5-1921. @75) Oswald de Andrade, conhecendo os versos da Paulicéia Desvairada escritos desde 1920, escreveu um artigo entusidstico em que chama a Mario de Andrade “O Meu Poeta Futurista” (Jornal do Comércio, 27-5-21), Transcreve, “Tu” e define-o como futurista paulista, Mario responde-Ihe neg: rente marinettiana e apontando em escritores cléssicos e modernos as mesmas liberdades de fatura e de concepgao a que se entregou na Paulicéia (“Futurista?!”, in Jornal do Comércio, ed. de S. Paulo, 6-6-1921, apud Mario da S. Brito, op. cit, pp. 204-208). Oswald treplica exaltando os valores do movimento italiano e ae i Mar . i expoente ainda que involuntério (“Literatura Contemporinea”, art. cit ‘ — @ Os seis artigos foram publicados no Jornal do Comérclo, ed. de S. Paul espectivamente em 2-8-1921, 12-8, 15-8, 16-8, 2 neieie an ‘i 0-8 5 da série esté em Maio da S. Brito, op. cit. pp. ae 8. A reprodugao na integra na integra, 0 poema ‘ando ser adepto da cor- 336 Manuel Bandeira, Renato de Almeida, adesto do prestigioso Graga Aranha langar-se como um movimento, Vila-Lobos, Ronald de Carvalho) ¢ a uficavam que 9 Modemismo poderia 0 Modernismo: a “Semana” Eis como 0 mais abalizado historiador da Semana de Arte Moderna narra os seus epis6dios centrais: Finalmente, a 29 de janeiro de 1922, O Estado de Sdo Paulo noticiava: “Por iniciativa do festejado escritor, st. Graga Aranha, da Academia Brasileira de Letras, haverd em S. Paulo uma Semana de Arte Modema’, em que tomario parte os artistas que, em nosso meio, representam as mais modemas correntes anisticas”. Esclarecia, também, que para esse fim 0 Teatro Municipal ficaria aberto durante a semana de 11 a 18 de fevereiro, instalando-se nele uma interessante exposigao. Realizaram-se trés espetéculos durante a Semana, nos dias 13, 15 ¢ 17, custando a assinatura para os tés recitais 1865000 os camarotes e frisas ¢ as cadeiras e balcdes 208000. O programa do primeiro festival compreendia a conferéncia de Graga Aranha “A emogdo estética na arte modema” (275) ilustrada com musica de EmAni Braga e poesia por Guilherme de Almeida ¢ Ronald de Carvalho, ao que se segue um concerto de misica de Vila-Lobos. A segunda parte do espetéculo anuncia uma conferéncia de Ronald de Carvalho: “A pintura e a escultura modema no Brasil”, seguida de trés solos de piano, de Ernani Braga, ¢ és dangas africanas de Vila- Lobos. ‘A grande noite da Semana foi a segunda. A conferéncia de Graga Aranha, que abriu os festivais, confusa e declamatéria, foi ouvida respeitosamente pelo piblico, que provavelmente nao 2 entendeu, ¢ espetéculo de Vila-Lobos. no dia 17, foi perturbado, principalmente porque se supds fosse “funurismo” o asta se apresentar de casaca e chinelo, quando 0 compositor assim se calgava por estar com um calo armuinado... Mas no era contra a musica que os Passadistas se Tevoltavam. A irritagao dirigia-se especialmente A nova Uterarura e as novas manifestagdes da arte plastica. Na segunda noite — 15 de fevereiro — todos 0 sabem, 0 publico € os proprios modernistas, que haverd algazarra e pateada, Menouti del Picchia, em seu discurso, prove que os conservadores desejam enforcé-los “um a um. nos fines assabios de suas vaias” 276). Mas, apesar da certeza de agitagao, Menotti,, orador oficial da noite, vai desfiando 0 idedrio do grupo. Assim, afirma: (275) nferéncia publicada no volume Espirito Moderno, de Graga Aranha (Sao Pasi Ba. Monteiro Lobato, 1925, pp. 11-28) (Nota de M. S. B.) Gn Discurso reproduzido na obra O Curupira e o Cardo, de Plinio Salgado, Menott del Pichia e Cassiano Ricardo (S. Paulo, Ed. Helios, 1927, pp. 17-29) (Nota de M. S. B.) 337

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