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OS EVANGÉLICOS E A COLA

Algo que me impressiona bastante no mundo evangélico é o distanciamento


entre a teoria e a prática. Muitos, embora preguem que Cristo é o centro da fé, cantam
louvores que focam mais o indivíduo do que Deus; alguns se dizem ovelhas, mas não
têm pastor; outros se dizem pastores, mas não têm ovelhas; apregoam o perdão de Deus,
porém não perdoam o próximo; ainda há aqueles que, mesmo professando fé no Deus
que não coaduna com a mentira, mentem desenfreadamente. É claro que essa não é a
realidade de todos. Há muita gente fiel a Cristo. Existem muitos que não se dobraram
diante de Baal. No entanto, o fato de existirem fiéis, não nos dá o direito de fecharmos
os olhos para os erros. O que é errado continua sendo errado.
Contudo, há erros que se tornaram tão frequentes entre os “evangélicos”, que,
para muitos, deixaram de ser “erros”. Um exemplo claro disso é a famosa “cola”, o
“recurso” mais empregado por estudantes das mais diversas instituições. Essa prática,
embora seja tão perniciosa quanto as destacadas acima, dificilmente, recebe a atenção
devida nas igrejas. Isto porque, lamentavelmente, trata-se de uma realidade entre os que
professam a fé cristã, sendo algo comum até mesmo nos seminários.
Diante dessa questão, muitos tentam contemporizar, argumentando que a cola
estimula a criatividade do aluno, uma vez que este investe bastante tempo na elaboração
de estratégias para burlar a vigilância de quem o “fiscaliza” durante a realização das
provas. Alguns, dentre os que defendem essa ideia, chegam, até mesmo, a incentivar e a
dar ocasião para que os alunos colem. Mas, será que essa conduta é aprovada pelas
Sagradas Escrituras? É o que veremos a seguir.
Em primeiro lugar, é importante salientar que “colar”, conforme explica um dos
professores do Instituto de Letras da UERJ, Dr. Gustavo Bernardo, “é a prática de furtar
ideias e respostas alheias nas situações de avaliação”1. Essa definição torna o erro ainda
mais grave, haja vista que se trata de uma transgressão deliberada do oitavo
mandamento: “não furtarás” (Êx 20.15). Além disso, quem cola é, na verdade, um
mentiroso, pois engana a instituição, utilizando respostas de outra pessoa como se
fossem suas. Fazendo isso, transgride o nono mandamento: “não dirás falso testemunho
contra o teu próximo”; e se identifica com Satanás, o “pai da mentira” (Jo 8.44).
Outro ponto a ser considerado é a falha de caráter que caracteriza o indivíduo
que cola. Porquanto, quem é capaz de se corromper furtando informações, sem dúvida,
se corromperá em outras situações. Por essa razão, é inconcebível que um crente
pratique tal coisa! No entanto, por mais impressionante que seja, há seminaristas que
colam! Isto é, indivíduos que aspiram ao ministério da Palavra se preparam para essa
insigne tarefa furtando informações! Ora, se são capazes de furtar informações, quem
garante que não serão capazes de furtar o caixa da igreja?
Além disso, quem cola, embora, geograficamente, deixe a instituição, na
verdade, nunca abandona a escola; pois fica preso à postura infantil que motiva essa
ilicitude; tornando-se, por conseguinte, um péssimo profissional, pondo em risco as
vidas que dele dependem. Isso, definitivamente, não combina com o pastorado. Afinal,
como diz a Sagrada Escritura, o bispo deve ser irrepreensível (1Tm 3.2).
Querido, cola é um recurso ilícito, utilizado por quem não tem compromisso
com o estudo, com o próximo, e com Deus. É inadmissível que um crente pratique tal
coisa! Seja pastor, seminarista ou um membro de igreja! Até porque, a Bíblia diz que
não devemos cobiçar “coisa alguma que pertença ao próximo” (Êx 20.17). Isso inclui as
respostas produzidas pelo próximo, o trabalho redigido pelo próximo, ainda que esteja
disponível na internet. Se não é seu, você não pode usar como se fosse! Chega de cola!
Seja crente!
Pr. Cremilson Meirelles

1 Disponível em http://www.revista.vestibular.uerj.br/coluna/coluna.php?seq_coluna=31

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