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icacdo do Ce | | CONTRIBUICAO AO ESTUDO DO ”CAPIM-COLONIAO’ VELOZIA NS 7 — DEZEMBRO DE 1988 (Panicum maximum Jacq. vor. maximum). Il - CONSIDE- RACOES SOBRE SUA DISPERSAO E SEU CONTROLE INTRODUGAO. Os problemas de deslizamentos de terra ¢ das inundagées no Rio de Janeiro nao consti- tem um fato névo. Tomaram, no entanto, di- mensio nova com as catdstrofes de 1966 1967, ainda na lembranga de todos. Pelas proporedes que aseumiram tais catis- trofes, 0 poder piblico nfo mais poderia poster- gar solugdes que, se ndo resolvessem definitiva- mente o problema, pelo menos atenuariam sua intensidade, reduzindo w a0 minimo possive Com ampla mobilizagio de recursos (ie cos ¢ financefros, ai est4o as centenas de frentes de trabalho do Instituto de Gzotécnica do Esta- do da Guanabara, ertado em 1966, conforme se depreende da publicagao “Ubras nas encostas” 13). Yeraizlamente, no mesmo ano foi consti luda pets Conselho Naconal de Pecquicas uma Comisséo sob 2 presidéncia do Prof. Anténio Moreira Couvsiro, © diixgida por Sylvio Frées Abreu, para elaborar um trabalho que reunisse os conhecimentos existentes s6bre 0 assunto, visando a oferecer orientagio técnica e cienti- fica a todos os Grymes responsiveis pelas popula~ gies ja atingidas por desinoronamentos # as que poderiam ser ameagadas posteriormente (9). ‘As opinides dos especialistas sio acordes em apontar entre as principais causas das inun- dagdes ¢ desmoronamentos a falta de revesti- mento florestal Se. por um lado, sabemos todos da necessi- ale de veflurestar as encostas, por outro desco- uhecemos ainda as técnicas mais recomendaveis para 1sso. ‘No caso especitico do Estado da Guanabera, com ae cerras ingremes cobertas de capinzal extremamente combustivel, com 0 solo erodido e paupérrimo, com uma cidade a ser defendida Senastiéo Anauso Fennenxa na Suwa do Centro de Conservacéo da Naturezs da lama e dos detritos, com a presenca de fave- las encasta acima e uma populagao pouco afeita avs ensinamentos conservacionistas, néo temos muita chance na importagao de téenicas de re florestamento “sob medida”. Temos de pesquisi- las nés mesmos ou adaptar aquelas importa- das as nossas condigées. Preocupados com ésse probleme, comes: mos, # partir de 1960, a observar e ensaiar mi todos que nos pareciam os mais Vtassem, na realidade, os trahathos de reflores tamento das encostas. As pesquisas tém sido Jentas, devido & auséncia quase complet de re- ‘cursos técnicos e financeiros e sdmente (ém sido possiveis gracas 20 apoio do Centro de Con- servacao da Natureza c do Departamento de Recursos Naturais, através dv Servigo de Reflo- restamento do Rstavio, ambos tambétn cunt suas préprias limilagies Sabemus qie relativamente féeil plantar uma area. Dificil é acompanhar 0 desenvolvi mento das mudas até a formagio da floresta. Difiell § defend@-la de agentes inimigos durante varios anos — no sabemos quantos — até que cla logre defender-se sizinha. Entre outros agentes de grande periculosi- dade, tem sido 0 fogo o maior obstéento para o desenvolvimento das mudas plantadas. Fogo, acidental ou criminoso, sempre propagado por capins — capim-coloniio principalmente — ex- tremamente combustivels na época de estiagem. ‘Temos tido especial interésse em estudar um pouco da biologia do capin-coloni@y 2), com 2 finalidade de encontrar um meio mais eficaz do que a enxada, para controlé-lo. Esses estudos, como veremos, tém estreita eonexéio com os trabalhos de reflorestamento. SAO O capim-coloniéo, ou eapimemurubu, ou rinda capim-guiné (Panicum maximum Jacq var. maximum), como a maioria das graminezs. § um polipléide (26). Possivelmente, esta a ra- 280 de sua prolificidade. A sua dispersio & rapida en virtue de serem aves os principais agentes de sua propa- gacio. -# interessante notar, na época das s¢- mentes madaras, o mimero ‘déles no capinzal Alguns, como as ‘‘juritis”, alimentam-se dos fru- tos com a casea, enquanto outros, muito mais numerosos, como o euro-asiatico “pardal” (Pas- ser domesticus), perfeitamente aclimatadn en= ire nés, 0 coleiro (Spurophila ec. caerulescens) > “bico-de-lacre” (Estrilda sp.), o tiziu ou “paps- arroz-préto (Volatinia jacarina jacarina) e 0 “canério-da-terra” (Sicalis flaveola brasiliensis). segundo algumas observacdes feites, deseascam- no para comer a semente Astes tiltimos, a nosso ver, contribuem em maior porcentagem para a disseminagao do in- vasor. 0 capinzal atualmente domina as reas des~ florestadas do Fstado da Guanabara, com seu limile idximo na beira das matas (foto 2) Na época da trutificagao, vento ¢ passaros levam as sementes do capim-coloniéo para o in- terior da floresta, onde elas normalmente nao encontram condigées de germinacao ou desen- volvimento. Rintrelanto, se houver ine&ndio me capim que imargeia a floresta, formar-se-d ai uma clareira onde as sementes germinarso, Nes- ta nesga queimada, tanto Arvores ¢ arbustos. quanto 0 capim germinado desenvolvem-se em consoreiagdo : as arvores c arbustos cm nova brotacdo ¢ © capim, pouco vigoroso mas jé pre- sente, em virtude da concorréncia natural. Ui ndvo ineéndio no ano ¢ »guinte encon- traré um facho mator para sua propagacéo com a presenga do capim e encontrara arvores e ar- bustes brotados mais fracos para suportar a in- tensidale do calor. No ineéndio seguinte nor- nalmente morrem az rvores e arbustos, para entio instalar-se o colonifio, que, dai em diante. orna-se senhor absoluto da area. B claro que esla sucesso pode ser mais ou menos répida, de- pendenda da incidéncia do capim e da composi- Gao floristica a faixa alingida da mata. POSSIVFIS METODOS DE CONTROLE Preocupados com ésse capim eminentemen- te invasor, que é, a nosso ver, um dos maiores problemas para o conservacionismo no Estado da Guanabara. comecamos a estudar a sua bio- logia e a ensaiar metodos para o seu contro- le (21-22), “Trabalhos desta natureza requerem mutto tempo para permitir conclusies satistatérias demandam pesquisas complementares de ccrta profundidade, Vejamos: 2) — quando aventuramos a escolher deter- minada ou determinadas espécies flo- restais para sombrear 0 capim, temos que estudar a sua biologia, uma vez que séo geralmente plantas’ pouco co- nhecidas ou cultivadas, e especialmen- te investigar suas exig&ncias ecolégi- cas, facilidade métodos de multipli- cacao natural e artificial, seu compor- tamento no campo, ete. ; b) —da mesma forma, quando cmpregu mos determinado produto quimico, nao podemes levar em consideracio ‘ape- nas o seu efeito imediato sdbre o Inva- sor e sbre as plantas vizinhas que queremos poupar, mas também as suas implicacdes biolégicas no solo e ra fauna en yeral ; ©) quando plantamos uma muda flores- fal, faz8maclo na pressupasigio de que ela se desenvolva ¢ frutifique, trans- mitindo na semente os mesmos cara- cteres herdados. Por sabermos que al- guns herbicidas podem trazer implica- goes quimicas no solo, afetando @ mi- erofauna ¢ microflora ou mesmo pro- yocar mutagées morfolégicas ou géni- cas_numa espécie (7.3), preferimos agir com cautela e dar ‘tempo. para observagées, mesmo que estas ndo se- ism baseadas em cunho estritamente vientitieo Embora nao tenharos resultados conclusi- vos ideais para contrdle do capim-coloniao, achamos conveniente divulgar alums ubserva- oes, realizadas ao longo de fi anos de experin- cia, Procuramos estudar 0 problema sob os di- versos Angulos possivels : 8 — contréle intra-cspecitico: ’ — controle manual ou mecanico ; : © — contréle fisico; 4 — contrale quimien; @ — cantrile bioldgico. — CONTROLE INTRA-ESPECIFICO ‘Tomemos por base uma colénia do capim. plantada com mudas provenientes de sementei- ra, com espacamento de 0,50 x 0,50 m, sem ne- nhuma intericrencia de poda, pastorelo ou in- eéndio No ywimeire ano, hé uma profusa brotageo dos rizomas, formando touceiras com média de 8-10 colmos, que florescem ¢ frutificam abun dantemente. As sementes, quase em sua to- talidade, caem ao solo onde }4 nao cneontram condi¢des para germinar ¢ desenvolver-se, seja por falta de contato intimo com 0 solo, seja pela concorrencia de luz por parte das touceiras ma~ trizes. Possivelmente, pequena porcentagem é Ievada pele vento para a area vizinha e carre- gada ou comida por passaros. Apés a queda das sementes, as canas floriferas secam e lumbar Se ocorrem chuvas neste periaulo, iste é, no in- verno, os rizomas inivian nova ciclo vegetative Acontece 0 mesmo nos anos subseqilentes. ayolumando-se cada vez mais a manta de capim séco tombada, que inibe a brotagao de muitas tonceiras, devido a falta de luz. As touceiras que pelo tumbamento das canas tenham sido be~ neficiadas com a penelragiu da luz, brotam vi- gororas. As canas tombadas de louceiras nao brotadas tendem a emitir nos nés perfilhagies que, no entanto, sao pouco vigorosas Nao Lemos ainda dados que nos indiquem a longevidade natural de uma {nuceira da ca~ pim dentro de uma colénia protegida. O talhie demarcado ¢ protegido para tal estudo fol inad- vertidamente inutilizado por uma rogada. Ess2 talhio vinha sendo observado durante 4 anos © as touceiras, com 0 impacto da foice, foram arvancailas, demonstrando que os rizomas vao aflurandy a superficie do solo quando as tou- eciras no séo mexidas. De qualquer maneira, nao vemos nenhuma possibidade de usar ésse método de controle iso Tadamente, uma ver que é restrito, como vimos, avuma grande quantidade, ¢ nin a totalidade de sementes. Especialmente, por ser quasi: impose sivel prateyer durante varios anos geani areas cle uma metrépole contra fogo e animais & — CONTROLE MANUAL OU MBCANTY’ As areas na Guanabara destinadas ao retlo- restamento possuem um declive muito acentua do e so consliluidas, no raramente, de aflors- mentos rochosos, que impossibilitam qualquer entativa de mecanizagao. ‘Nas fireas de pequeno declive ou planas, 2 aradura e gradagem, antes do plantio, facilitam sulnemaneira 0 “arranquio” posterior, & enxa- da, de touceiras brotadas e de mudas prove- nientes de sementes. O arranquio a enxada, em éreas que nfo te- ham sido préviamente aradas, é penoso, dificil e caro, De nada adianta a capina superficial, pois, esta pratica corresponderia a uma poda de Tegencragao. As touceiras devem ser arrunca- das com 0 rizoma, batidas com 0 “élho" da en- vada e expostas A luz direta do sol ‘Apés a gradagem ou a primeira capina, apa- recem intimeras touceiras broladas © uma infi nidade de mudinhas de sementes, como resul- tado do revolvimento do solo. Procede-se en- Yo wo que comumente & denominado“revira” ou cullivo, # que deve ser feito antes que as fas arvancadas fixem muitas raizes no solo, pois do contrario, repetir-se-ia 0 mesmo esférgo inicial para arrancé-las Com 2 ou 3 “reviras” semelhantes, a inci déncia do colonitio quase desaparece e podemos considera-lo controlado. Como dissemos, a carp a enxada é onero- 3, pois, conforme 03 nossos apontamentos, em se tratando de colonia bem densa do eapim, di- fictimente poveré haver um repdimento médio superior a 470-200 m2/dia-hOin Particularmente no Estado da Guanabars, com morros declivosos vizinhos de uma grande cidade como 0 Rio de Janeiro, a capina total de grandes extensOes de Area, a enxada, constitul se em técnica contraproduvente, pois, aléin dos prujuisos para # eonservagi da sole, as_gale- jas pluviais se encheriam de detritas e lama na época dos aguaceiros do vero. Para os solos planos ou com pequeno deci ve, tanto a carpa mecaniea quanto 4 enxada, podem ser usatlas sem mmaiores euidatos. Fé nos morras de grande declividare, como os nossos a-capina 4 enxada 38 deve ser permitida em fai xas mais ou menos estreitas, em curva de nivel € interealadas sempre por faixas protetoras den sag e largas de vegetagao, reduzindo assim as conseqiiénclas da eroséo & — CONTROLE FISICO © capim-colonigo 6 uma graminea essen- cialmente helidfila em todos os seus estégios de desenvolvimento, a camegar pela germinagao das sementes € nos primeiros dias de vida ‘da plintula. Uma razoavel cobertura, morta ou viva, € suficiente para inibir a germinacdo e 0 desenvolvimento das plantinhas. Todavia, para evilar a brotagdo de touceiras, ja formudas, essa eobertura tera que ser mais espéssa e duradou- a, pois, aos primeiros indicios de Iuz, cla des. pontara’ vigorosa. A meia-sombra arrefece a sua pujanga ea sombra densa a elimina, £ a técnica sobejamente conhecida de to- dos “reflorestando, 0 capim desaparece”, da qual trataremos mais adiante no capitulo sire con- tréle hialégico, D — CONTROLE Quimico Nao sin poucas as vozes de conservacionis- tas ue se levantam, com inegavel razio, contra a aplicagau indiseriminada de herbicidas e inse- tividas em todo 0 mundo. Veja-se apenas, como un exemplo, o livro “Primavera Silenciosa” de Rachel Carson (7), em que a autora tec crilicas candentes aos produtos quimicos usados indis- criminadamente. No afa de combater supostas doencas, pra- g@s ou ervas daninhas, despejam-se toneladas de produtos que, se combatem praga ou a erva visadas, destroem em contrapartida milhoes de séres iiteis. ou mesmo indispensdveis 20 cquili- brio biolégico. Cénscios da responsahilidade de conserva- mnistas — nés que pertencemos a uma institui- sao de conservacao da natureza — lemos que pesar © medir as nossas conclusées, que podem. interferir em assunto de tio magna importancia dentro do contexto bidtico. Gra, aquéle equilibrio biolégico j4 desapa. receu ha muito de algumas vertentes das secras cariocas. J& nos tempos coloniais as matas fo- ram abatidas para o plantio de cafézais po- mares, transformados anos depois em pastagens em que dominou o capim-coloniéo. Com a ex- plosio demogréfica déste século, instalaram-s¢ favelas morro acima, o que aumentou ainda mais a devastacao. Desde entio, » fogo cam- Peia sem nenhum obstéculo até a vertente dos morros, uma ou duas vézes por ano. pe ‘Todos podemos imaginar os prejuizos cau satlns por ineéndios constantes: 0 solo incine rado (segundo Spurr (23), a queima da mate ria organiea 0 calor produzido nas camada: superficiais dos sulus minerais provocam altera goes em suas propriedades quimicas e fisicas) exposto & erosio e depauperado; ninhos a passaros desfcitos; insetos sem conta elimina dos; microflora e microfauna prejudicadas; &r vores, arbustos e rebrotes desaparecidos Esses incéndios séo propagados quase sem pee pelo capim coloniao ou pelo capim-gordura (Melinis minutiflora). O primeiro, geralmente acha-se localizado as margens de estradas, emi terrenos baldios e em grandes extensdes na: baixadas no turfosas ¢ em altitudes inferiore: 2400 m (folus 2 ¢ 3). O segundo ocorre normal- mente em altitudes superiores Aquela, porém, desce perigosamente e toma areas que antes eram dominadas pelo coloniéo, como veremos mais adiante. Ambos 05 capins fornecem consideravel pro: tego 20 solo — ¢ assim evitam a erosio — nan somente por meio das touceiras fixas a0 solo, mas, 0 que ¢ importante, também pela manta morta que assenta a sua'superficie. Destruida essa manta pelo fogo, restam apenas as toucei- Tas Isoladas, com os intermeios muito vulneré- veis aos aguaceiros do verdo seguinte. A queda livre das gotas de chuva no solo desprotegido desintegra as suas particulas que comegam a ser carreadas pela agua, inicialmen- te ent pequeno volume e velocidade, que logo aumentam, para alcancar as favelas mais des- protegidas’ ainda, transportando dai detritos ¢ mais lama que vao obstrutr os bueiros ¢ ruas da cidade. # um ciclo vicioso que presenciamos anual- mente: aguaceiro, lama, assoreamenta da bala, dos vins # canais'que atravessam a cidade © 0 trabalho insano dos garis na desobstrugdo das artérias atingidas e mais, as despesas extrao: dinarias para a erdrio pablico e o transtérno da vida normal da cidade # claro, que o principal agente causador sléste estado de coisas é 0 homem que derrubou a Floresta, favorecendo a dominancia das gra- mineas invasoras; que todos os anos, inacente ou irresponsivelmente, envia milhares de ba- Wes ao céu sem se dar conta dos perigos que “esta pratica representa; que, eriminosa ou des- cuidadamente, ateia fogo ao facho extroma- mente combustivel dos eapins; que escava ao montanhas, provocando o seu desequilibrio fi- eo. Com uma elementar_compreensio conser- vacionista no passado, nfo teriamos os proble- mas de hoje. Se ndo contrularmos, entre outros males, os incéndivs aluais, entregaremos as fu- turus geruges una cidade muito mais colami- tosa e muito menos maravilhosa. Dissemos que o homem & o responsivel di- reto pelo desequilibrio da natureza. Ble tem que entender as suas leis, para que a mesma n&o se transforme em seu “onstro” de verao, ma tando, ferindo e desabrigando, como tem acon- tecido nos ilimus lempos. Ele tem que ser en- sinado e educado para poder avaliar ¢ cuidar das dadivas com que ela nos presenteia. ‘Bem sabemos que o homem nv pode pene- twar cm todos os segredos do seu intima e assim dominé-la completamente. Pode, entendé-la, no entanto, em seus aspects de exteriorizacdo ¢, entio, ajudéla a manter-se em equlibrio fisico biolégico, alenuando, on mesmo evitando, novas catéstrotes Contudo nao é construtivo e oportuno ape- nas recriminar 03 crros do pasado. Temas, isto sim, que construir alguma coisa no presente para o futuro. Cabe-nos resolver 0 problema do revesti- mento florestal — um dos fatéres daquele des2- quilibrio — como o mesmo se apresenta, cur os pés no solo, na realidade. 1a metripode de mais de 4 milhées de habitantes e rodeada por todos os lados de ca- pim extreniamente combustivel, ndo_podemos pretender que todos, sem excegéo, estejam im- buidos de idcais conservacionistas. E acrescente- se a tudo isto o longo prazo que demantlaria uma cruzada de educacdo conservacionista de tal envergadura. Até conseguirmos os resulta dos previstos da campanha educativa, milhées de arvores jé formadas terdo desaparecide. Enquanto o Fstado por sua vez planta com sacrificios ingentes um milhdo de mudas, que nao sabemos se iréo se desenvolver ou no, 0 fogo destréi milhoes de arvores, arbustos, trepa~ deiras, ervas, cte. ja formadas nas nesgas de mata @ nas dreas desnudas, fogo ésse propagacio quase sempre pelo facho do. capim-colanifn, Preferimos, por isso mesmo, paralelanente com uma campanha educativa conservarionista cons- tanle, envidar todus os esforgos para combater os incéndivs. Ba melhor maneira de fazé-lo controlar o seu principal agente props © capim-coloniao. ‘A nosso ver, para enfrentar a batalha con- tra essa gramines na Guonabara, todos os re- cursos que néo atentem contra a natureza vio ‘validos, inclusive o emprégo de produtos quimi- cos ou herbicidas. Entre os maleficios reals do fogo ¢ us provés veis dos herbieldas, optamos pelo mal menor: og dos herbicidas. De imedialo, condenamos os produtos de ago total, por considerarmos que seu emprégo continue pode trazer maiores prejuizos que 0 Togo. Fste, a par do grande desequilibrio que provoca, favorece pelo menos a brotagao do ca- pim, que torna a vicejar no solo, enquanto os hherbicidas totais dizimam tudo. ‘No entanto, os herbicidas seletivos podem ser accitos pelos conservacionistas, desde que bem experimentados © observados seus efeitos colaterais no complexo biolégico. Em 1960, época em que iniciamos os ensaios com &sses herbicides, imaginamos uma técnica {deal para solucionar 9 prablema do coloniao, fa- cilitando assim os trabalhos de reflorestamento no Estado da Guanabara: oplicar 2 esmo nos morros da Cidade um herbicida seletivo para gramineas, sem respeitar coping, ervas ou ar~ Bustos natives, nem mudag plantadas nos reflo~ restamentos- Imaginamod fantasiosamente, o Fesultado desta aplicago: as gramineas desa~ parecendo, uma outra vegetagdo diferente to- maria seu lugar, com espécies divatiledéneas ou plantas denominadss na agronomia como “fo- Thas largas” que sfo, de um modo gerel, menos propagatloras de incéndios. ‘Mas a solucdo para 0 problema néo era tio simples coma parecia... Decorrides porém nove anos de experimenta~ gf0, se bem que néo possamnos ainda oferecer a tecnica deal preconizada, podemos, entretanto, apresentar resultados amplamente satisfatorio3. Nio tivemos muita escoha na selecso dos produtos a experimentar. Procedemos esta es- Colha por climinaggo, mesmo antes dos yrinci- os experimentos. Qs herbicidas visados deveriam pertencer ao grupo dos produtos seletives para graminaas ser formulados para aplicagao na fase vogeta- tiva da planta, Estabelecidos éstes requisites, a priori, climinamos todos os projutos de agi {otal, 03 seletivos para dicotilecéneas e os for~ mulados para aplicagio no solo, em pré-emer- —7 géncia. Por motivos dbvios, pois os primciros dizimam tudo, os segundos so ineficazes e os idtimos requerem eapina prévia, 0 que é incon- veniente para reas ingremes e sujeitas 4 erosio, Em 1960, encontramos no mercado trés pro autos que poderiam preencher os requisitos aci- ma enumerados: TCA, Dowpon e Simasin. Désses, apés ensaios preliminares em pe quenos eanteiros, 0 Dowpon ofereceu os melho- Tes resultados no contréle do capim-colonido O TCA, além de ser menos eficiente, provocou a morte de algumas mudas plantadas, em cuja volta foi feita % pulverizagdo. O Simasin mos- tron-se ineficiente em touevicas adullas, apre- sentando melhores resultarlas quando aplicade em pré-emergéncia. No entanto, nenhum apresentara o efeito esperado, nem 0 Dowpon. Seus resultados mos- traram-sc falhos no contréle efetivo do capim- coloniio, pois, 3-4 meses apés a aplicacao, gran- de parte das toucciras apresentava-se vigorosa. Porém, com a rarefacao das toueciras dentro da colénia, notamos 0 aparecimento c 0 desenvol vimento de intimeras dicotiledéneas, oferecendo. 2m curto periodo, nova fitofisionomia 4 area (ratada. Este fato mufto nos entuslasmou. A relativa efieavia do herbicida no contréle do ca- pim poderia ser levemente melhorada com o aprimoramento da técnica de aplicagao, mesmo porque nao desejévamos um produto que extir- passe 0 colonido por completo, de uma sO vez. Comecamos, entéo, a estudar mais intima- mente © capim-coloniao, enquanto, paralelamen- te, em mais de 100 ensaios simples de campo. observavamoc os efeitos do Dowpon sdbre a graminea e suas implicacdes na flora restante Nao tencionamos aqui deserever todos os ensaios realizados, mas sim dar uma simula dos resultados mais expressivos, como também apresentar um histérico da evolugdo na téenica de aplicagdo do produto nos reflorestamentos. Dowvos ou DALAPoN Segundo Brian (5), Dalapon é um produto guimico orginica win nitroyenadg, do grupo dos acidos alifaticos halogenadas (Acido ?,2-diclo- ropropionico, CHs C. Clz C00 Na). Foi intradu- zido no mereado como sal sédico e em 1950 re- cebeu o nome de Dalapon dado pela Dow Che- mical e mais tarde foi rebatizado como Dowpon. Atualmente é apresentado no mercado como Dowpon-S e de acdrdo com Paterson e 5 seu fabricante, contém um agente umectante Datawet, que acelera a agio herbieida (18) Sua Agao No Cartm-Covoniao Dowpon é um herbieida sistemico. Deve sei aplicado em pulverizagées no periodo em auc © capim estiver atravessando a sua melhor fasc vegetativa. Segundo Crafts, as suas moléeulas vetculadas pela agua, séo absorvidas tanto pele cuticula ¢ eélulas epidérmicas, como pelas cé- lulas da camara cstomética (10). ‘A cuticula do capim em questao é muitc delgada ¢ 0 niimero aproximado de ectémator — que permanecem praticamente abertos o dis todo — 6 de 210 por mm*. O herbicide, segundo ainda Cratts (1.c.) ¢ Overbeek (17), move-se facilmente no mesofil entrando no floema e alcangando as ra:z2s: da: possivelmente, passa ao xilema que o levara atc as folhas. repetindo-se 0 ciclo De inicio, em nussus ensains de vampo, nA dosagem de i g Dawpon/100 ee ayua/in’, en. coniramos resultados. contraditérios de "seu: efeitos, razio principal pela qual muitos pesqui: sadores sao levados a0 desénimo e alguns ate desistem de continuar com os experimentos. “‘Também apresentavam se contraditorios os nos 0s resultados com as mesmas formulagées fei tas om datas diferentes. Ora, hé alguns fatére: principais (10) que limitam 0 aproveitamento d um herbieida, em quantidade suficiente pars controlar a planta, como: abertura dos estOma: los sob as diversas condigées de campo, umida. de do ar e do solo, tenséo superficial da solugéo pressdo osinética, evaporagio rapida da solugao estigio de desenvolvimento das tauceiras, con: centracao usada, ete. © contréle efetivo do capim depende ds quantidade absorvida do produto pelas félhas Se penetra em quantidade insuficiente, o colo. nigo entra em estado letal. amarelecendo lenta mente, mas 3 - 4 meses aps, os rizomas brotatr vigorusus. Caso a quantidade absorviela pele planta for suficiente, ela amareloce também len tamente © acaba mre ‘Um ou mais dos fatores acima apontado: podem influir sébre a maior ou menor absorgé¢ do produto pela planta, e, por isso mesmo, pro voear variagdes nos resultados. Na pratica, # diffeil dispor de condigSes dti. mas para a puilverizacia em grandes extensiies Reanimamo-nos, porem, com o aparecimens tw do Dowpon em sua nova’ formulagao com umeclante (Dowpon-3), por fornecer éste pro- cuto melhores resultados com a mesma dosa- gem de 1 g Dowpon/100 ce 4gua/m®, aplicada na mesma fase de desenvolvimento do capim, isto.é, em plena fase vegetativa. Os resultados mostreram-se também mais uniformes. Entretanto, houve ainda uma brotagéo, em- bora fraca, de rizomas, d-t meses apos a aplica 0 do produto. Experimentamos, entdo, a pulverizacéo em diversos estigios de desenvolvimento do capim, cheffando & conclusfo de que 0 periodo, com- preendido entre o final de crescimento e « flo- racdo (inclusive), 6 0 mais propicio para que o tratamento tenha maior eficacia. ‘Apesar désse resultado satisfatério, apare- cersin problemas Wenicus que precisatam ser resolvidos. Em areas com capim alto, geralmen- te ultrapassando a altura de 2m, a pulveriza- eo tornou-se diffell para 0 aplicador © 0 tempo propicio para a pulverizacdo muito enrto para a aplicagdo em grandes exlensies. Além disso, © capim tralado, allo e séeo, aumentou os riscos de ineéndia. Por essas razdes, nos talhées trata- dos e em seguida plantados com espécies flores- tais, tivemos que fazer no inverno uma rocads, para atenuar 0 perigo do fogo e verificamos que sao necessirios cuidados especiais, por parte do {eabalhador, para nfo afetar as “muass plan- tadas Até onto, tinhamos 0 maior esméro de néo tocar no capim tratado, seja rogando, seja capi nando, recefosos de eliminar o herbicida contido ainda nas félhas. Deixdvamos que amarelecesse até morrer. Fizemos entdo nova formulagto da técnica. Comecamos a fazer a rogada depois do trata- mento e os resultados foram surpreendentes mesin0. Em todos os talhdes om que usamos ésse proceso a partir do ano de 1968, 0 contréle do capi foi mais efieienle. colonia pritica- mente desapareceu, surgind apenas em toucei- ras bastante isoladas ou mudinhas de sementes, 8-10 meses depois. A manta séca do capim roge do ¢ rente ao solo, evitou consideravelmente a germinacéo de sementes e a brotacéo de int- meras mudas que néo foram aleancadas pela solucdo. Além disso, os riseos de incéndios fo- ram consideravelmente reduzidos, uma vez que aeeiros estreitos podem impedir a sua propage- goc kt nree eee nuir a sua intensidade. Isto levou-nes a vislumbrar maiores perspe- ctivas para 0 emprégo déste proceso no reflo- restamento, uma vez que podemos preparar a area a reflorestar por meio de pulverizagio e roada antes do plantio. Rasa é a técnica mais evoluida que conse- guimos obter, até 0 momento, para os reflores- iamentos mistos, através de reformulagdes que vimos experimentando no campo desde 1963: pulverizer, rogar ¢ plantar (fotos 4-6), evitando, com isso, em grande parte, 0 contato intimo do herbieida com ss mudas pequenas inlroduzidas ‘A virtude maior do método quimico reside principalmente em: primeiro, controlar a con- corréncia desastrosa do capim e segundo, em permitir 0 aparccimento e 0 desenvolvimento Ge inumeras eapéeics nativ-s, contribuindo, #s- sim, para o primeiro passo decisivo pura a re~ constituigao florestal natural. A verdadeira pro- tecdo florestal de uma encosta dificilmente pode ser conseguida apenas com o reflorestamento ar- tificial. Sste ter que ser auxiliado pela natu- reza, em forma de drvores, arbustos, cipés, etc. todos espontineus, para formar uma floresta protetora, Rrrzos no DowPon NA FLORA RESTANTE B FAUNA Sendo um produto considerado seletivo para gramincas, seria lfcito supor que nfo inju- Tiasse a flora restante, prineipalmente ws dico- tiledonees. Sua seletividade, no entanto, tem sido limitada, como veremos. Em verdade, quando tratamos determinada area, em cuja fitofisionomia predomina o colo- igo, outras plantas (invasuras « pioneiras, di- cotiledéneas em geral) se instalam, formando uma fislonomia nova, num periodo curto de 6 meses a1 ano. (Foto 5). A maioria dessas plantas provém de sementes que, com as novas tondigées formadas, getminam c¢ se desenvol- ver. As mudas introduzides ¢ os rebrotes de arvores ou de arbustos natives podem ressen- tir-se com @ aplicagao direta em suas félhas, principalmente s¢ a solugdo aleanga os brotos mais jovens c, seg. Overbeek (17), pode causar danos 4s gemas da maioria das dicotiledéneas. ‘A maior ou menor tolerdncia varia com as espéctes. Em um ensaio (com 2 repeliyies) realizado com mudas de esséneias Morestais, e provedlen- do a pulverizacao total das folhas, verificamos que as mudas da testemunha levaram nitida vantagem sobre as tratadas, prineipalmente nos dois primeiros meses, quando houve real inibi- edo das gemas ¢ queda das fdlhas em quase ti das as espécies. fsse experimento foi feito, com a dosagem de 1g Dowpon/100 cc Agua/m’, em um canteiro com mudas enviveiradas de 15-20 em de altura, das seguintes espécies (5 mudas de vada) = abort ou orelha-de-negro (Pithecellobium mbouva) ipé-roxo (Tecoma heptaphytla (Vell.) Mart. ex DC) pau-fetro (Cacsalpinia leiostachya ( Benth.) Ducke ) genipapo (Genipa americana L.) jameléo (Syaygium jambolana (Lam.) DC) sombreiro (Clitoria racemosa Benth) sabi (Mimosa caesalpiniaefolia Benth.) casuarina (Casuarina equ'setifolia) sibipiruna (Cuesuipinia peltophoroides Benth.) mirindiba (Tajoensia glyptocerpe Kochne) arozira (Schinus sp.) eae angico-cambui (Piptadenia colubrina Benth.) ipé-tabaco (Tecoma chrysotricha) flamboyant (Delonix regia (E0i. cx Hook.) Rat.) paineira (Chorisia crspiflora H. B. K.) iti (Moquilea tomentosa Benth.) sapucaia (Lecythis sp.) eucalipto (Eucalyptus sp.) quaresmeira (Tibouchina granulosa Cogn.) Jacatiréo (Miconia pirifotia) Essas so algumas das espécies mais comu- mente usadas, com cxcecdo das duas iltimss, nos reflorestamentos no Estaio da Guanabara. ‘Todas deixaram cair as folhas até 30 dias apis uma pulverizagio completa das mudas. A ‘inica excecio deu-secom a quaresmeira que nao mos- trou sinais de inibigao. Sapucaia, paineira, casuarina, oiti, jamclao © sibipiruna ngo perd2ram tédas as folhas, se bem que mesmo nessas espécies, houvess> sinais de inibigéo por Dowpon: paralisaeao tempors- ria do erescimento ¢ algumas félhas amarele- cidas. Eucalipto, pau-ferro, arozira e tamboril fo- ram as espécies que mais sofreram com a pul- verizacio. ‘Apés a caida das t6lhas, houve brotagio in- tensa dus gemas foliares wm tidas as mndas, mas com visivel atraso vegetative em relagéo & testemunha e com desvantagem na formacéo 10 — Gos Tustes GAS TUSUTES GEYOR Ce. ee eee tain) intensa bratagéo (como no caso do sucalipto) . ‘A tnniva alteragdo morfolégica que notamos, verificousse com 9 angico-cambui que brotou em flor. Nem por isso, podemos considerar uma aberracdo, porque temos notado no campo que esta espécic pore florescer e frutificar, sem nenhum tratamento, até com 1-1,3m de altura. Outro ensaio que realizamos, com a mesina dosagem ¢ com as mesmas espécies, aprosen- tou resultados bem mais interessarites: pulve- rizamos apenas o fuste das mudas a embala- gem, sem contudo encharcar a terra com a solu- edo. AS mudas deixaram cair apenas umas poucas f6lhas. mas continuaram a se desenvolver nermalmente. ‘Baseados nesses ensaivs preliminares, rea lizados em 1964 e nas observazoes festas cm parcelas no campo, « partir daquele ano, pode- mos afirmar yue, desde que sz tome cuidado especial para que a folhagem das mudas ndo seja duramente atingida pia solugdo — princi- palmente os brows 1ais altos — é perfaitamen- ie permissivel 0 wacamento do covonsde cum o Dowpon nos refiorestamentos (Foto 6). U silvicultor ou engennerro tiorestal tem a seu favor o periodo uz tempo reiauvamente longo, que leva ao plantio das imucias até a for- magdo da Arvore aaulta, com curdados especiais de cultivo apenas no micio da formagéo do ma- cigo. Ora, desde que nao haja preywizos na sua formagdo completa endo ococram mutagocs ge nicas capazes cle par em risco o futuro biol6gico dos indivieuos oa floresta, néo im,ortara qu nos primeiros dias de vida desca floresia tenham alguns de seus componentes sotrido uma inibt- ao — quando houve — aurante alguns dias. (© mesmo nao acontece com o agronoino ou horlicuior que tein necessidade ue pracica cullives constantes, sob pena d2 perder boa par- te da produgéo. Um acraso no desenvolvimento da cultura de apenas uma semana pose waz consequencias tuncsvas na safra. ‘Tivemos, na verdade, alguns receios quan. to a mutagées génicas nas especies tratadas, Entretanto, em talhoes plantados ¢ tratados bi cinco anos, exemplarcs ac sabié, de alcluia (Cos sia multijuga), de fedegoso (Cossia macran: thera), de angicos ¢ s.b.piruno, des2nvo.v.Ta.s se, floresceram ¢ frutificaram. As s2mentes co thidas gorminaram satisfatSriamonte, ‘Quanto aos rossiveis danos que o Dowpo: possa causar & fauna e A flora do solo, se ber: tenhamos feito estudos apurados neste sen- ‘ido. acreditamos serem os mesmos irrelevantes, tendo-se em vista que a pulverizacdo é feita ge- ralmente em folhagem densa, tendo o herbicida, ror isso mesmo, pouco contato com o solo. Audus (3) refere-se a um leve efetto estimu- lante do produto sébre os microorganismos da solo e segundo Wort (27) os acitlos clorinadas alifaticos, incluindo o Dowpon, interferem com 0 4ci?o pantoténico do metabsilisino désses mi- crorganismos. Quanto a fauna em geral_(principalmen- te insetos), notamos que & sua presenga, em to- dos os experimentos, ¢ maior nas areas trata- das (nos meses subsegiientes & pulverizagao) do. que nas capinadas, possivelmente pela cir- cunstancia de serem formadas melhores condi- ies ecoligicas nas primeiras, gracas a presenca de um subestrato arbustivo mais denso de plan- tas dicotiledéneas. Foi interessante observar 0 grande niimero de borboletas que apareceram na época da florada de uma composta inva- sora (Vernonia sp.) — que tomou lugar do co- lonido tratado — em contraste com # leslenu- nha capinada 20 lado, em que, aléin das mudas plantadas, no havia sinais de vida que cha- massem a atengio ‘Dowpon nda se tem mostrado téxico para 0 homem e para os anima's de grande e médio porte: bois, cavalos, cabritos, etc. Os resulta?os, embora parciais, que conse- guimos obter dos’ensaios realizados no campo, 8 partir do ano de 1963, autorizam a continua- ¢d0 dos experimentos, sem o escriipulo de es- tarmos atentando contra a natureza. Mal maior seriam a presenga do colonigo e a consténcia dos incéndios ror éle propagados. Nem por issu iremos simplesmente pulve- rizar os morros e deixélos & prépria sorte. A substituigdo natural do capim depois do trata- mento depende da composi¢ao fitessociolégica de uma area, em especial das plantas pioneiras que nela se estabelecam. Estas plantas nativas nao sao suficientes para formar a cobertura flo- restal completa e definitiva em perfodo cur to, preconizada como meio de protegao perma- nente so solo e recomenduda pare melliorar a paisagem dos morros fronteirigus da Cidade do Rio de Janeiro Paralelamente ao combate do capim, temos que ajudar a formacao do macico florestal in- troduzindo mudas de outras esseneias flores- tais, capazes de s¢ adaptar as condi¢ses ecolé- gicas locais ¢ de rapido desenvolvimento. Em suma, temas que retlorestar ¢ para cilitar os trabalhos do reflorestamento é que procuramos novas técnicas, uma delas_empre- gando produtos quimicos no preparo do solo nos cultivos. Neste sentido, defrontamo-nos durante cinco anos com virias dificuldades, mas podemos dizer que evoluimos bastante na técnica de aplicagao do produto, Quanto & efi- cécia, & cconomia e & exeqiifbilidade do em- prégo do Dowpon em reflorestamentos mistos ¢ com eucaliptos, em areas dominadas pelo ca~ pim-colonigo no Estado da Guanabara, ensaios bem planejados teri que ser realizados ainda para comprovagio dos resultados abtidos até 0 momento e {elizmente satisfatérios. Estas sfo apenas consideragies gerais que servirdo de guia para futuros experimentos Voltaremos oportunamente a ésse ussunto — emprégo de Dowpon em reflorestamentos — com majores detalhes técnivos. Infelizmente, a literatura sdbre o emprégo de herbieidas em reflorestamentos (principal- mente mists) 6 nula, razao pela qual tivemos que comecar pela esiaea zoro, diferentemente dos outros setores da agro-pecuéria, tanto no exterior como no Brasil, que j possum um facervo importante de experimentages com produlos qnimicos. (Os Anais dos sucessivos Seminarios Brasi- leiros de Herbicidas e Ervas daninhas (de 1956, 1958, 1962, 1966) nao registram experimento al- gum com herbicida em reflorestamentos mistos. E — CONTROLE BIOLOGICO 0 método biolégico vara 0 contréle de doen- as, pragas e ervas daninhas na agricultura — sonho dos conservacionistas na época atual — tem suas limitagées, como as t8m os inseticidas ¢ herbicidas, Segundo Debach, Slater (11 © 19) © emprégo de inimigos naturais, em circunstin- eiaa capeciais, tem desvurlinala’ perspectivas d: Gxito, mas ndo contribuiu ainda, pronta e deci sivamente, para a defesa das lavouras. Na verdade, o prozresso das pesquisas nes- ce campo é necessariamente vagaroso. A. pri moira tarefu & estudar a praga ou planta que 3 deseje combater e os seus inimigos naturais. Ra Tamerte fsex inimigos s80 natives, pois se ¢ fdssem, a praga ou planta jé teriam sido con: troladas. E os agentes controladores importa: dos podem trazer também perigo futuro no do- minio biolégico ou agricola. —4 Os fatéres bioldgicos, segunde Carpenter (6), envolvem nao somente a infuéncia de ani- mais (fauna do colo, inimigos naturais predado- Tea ete.), mas também s influéncia de uma es- pécie vegetal sdbre outra (bactérias do solo, fungos, sombra de planias, etc.) - ‘Embora as nussas observacoes tivessem inf cio hA trés anos, ainda ndo encontramos um ini- migo natural especifico para 0 capim-colonigo. ‘As pragas constatadas so comuns a outras espécies de yramineas forrageiras e destroem apenas a parte aérea da planta. Segundo Silva e outros (20) foi notada a presenga de: Mormi- ‘lea ypsilon L-, Leptodictya dola Drake ¢ Ham- bleton, Tomaspis entreriana Berg., T. flavople- ta (Stal), Spodoptera frugiperda (Smith € Abbot), Mocis latipes (Guenée), Lerodea eu- fala eufala (Edwards), Astylus variegatus (Germ.), Atta capiguara Gongalves. Da mesma forma, leinos abservado plantas que, de uma maneira ou outra, possam inibir 0 desenvolvimento do colonife, quer por um fa- tor bioquimico, quer por modificagdes ecobiolé- gicas (principalmente combra) . ‘No caso de inibi¢do Dioguimica ou fistolé- gica, temos também progredido muito pouco. As mossas atengdes tém sido voltadas especialmente para outra gramines, 0 capim-gordura (Melinis tninutiflora Beauy.), que, segundo Boerger (4) (de acérdo com informagSes de A. Martinelli) possui a notdvel propriedade de eliminar as ervas daninhes de terrenos cultivados. Confor- me as nossas observagées, tem expulsado tam- bém o capim-colonigo. Q capim-gordura é uma graminea muito conhecida dos boténicos e agrostologistus, porém, vale a pena recordar aqui, em sintese, algumas de suas caracteristicas, do ponto de vista biologico ¢ conservacioniste. Caping-Gowuna Desenvolve-se principalmente nos estades centrais do Prasil (onde constitui a principal alimentacdo do gado), cm médias e grandes al- titudes. Na Guanabara apresenta-se mais vigo- oso acima de 300-400 m, mas aparece, esponta- neamente, em pequenas colénias um tanto re- refeitas, até ao nivel do mar. ‘Nos morros cariveas, dlesce perigosamente, dominando cess antes’ tomadas por capim- colonifio. Tntroduz-se, inicialmente em peque- nas colnias, alargando seus dominios periféri- camente. no £ uma graminea muito prolifica. A matu- ragdo des sementes dé-se cm maio-jumho e estas, bem mais leves que a3 do capim-colaniao, $60 levadas. pelo vento a dist&ncias maiores. Na dispersdo das duas espécies 0 culunizo leva nitt- dla vantagem por serem, como vimos, ‘os principais agentes de sua propagacéo. En- quanto o gordura desenvolve os seus dominios, Ienta ¢ periféricaments, o colnniao se expande esparsamente, em virtude da presenga de suas sementes por téda parte ‘Por outro lado, o capim-gordura, possivel- mente, assegura e aumenta a rea do territério ronquistado, em virtude do seu habitus. En- quanto o colonie cresee em touceiras eretas, 0 gordura, por ser uma planta estolonifera, se de- senvolve horizontalmente. Essa é uma das pro- vawels razGes da expulsio do capim-coloniao © de outras ervas dan:uhas, por abafamento: en- ‘quanto 0s col mos de colonixo normalmente mor- rem depois da frutificago, no gordura brotam } enraizam nos nés, formando um emaranhado Gensn sdbre a base das touceiras do coloniéo © impedinda a brotagéo vigorosa de seus rizomas. Outro provivel fator de expulsio do colo- nido pelo yordura, reside na sua composicao bio- quimica. Temos verificado que onde hé una co- Tonia do segundo, 0 primeiro nfo aparece de uma maneira generalizada. No entanlo, em for- magies rarefeitas do gordura, temos observado tonceiras esparsas do colonizo pouc vigorosas, como que inibidas em seu desenvolvimento ¢ isto, as vézes, em altitudes baixas de 20-50m (habitat propicio sémente para o capim-colo- nigo). ‘A parlir dessas observagies infelais gerais, estamos comecando a pesquisar a biologia do capim-gordura e a fazer cnsaios para observa~ {goes mais precisas, no sentido de obter respostas & indagagdes que temos formulado # nés pré- pris: expulsaré essa graminea, de fato, o capim- colanigo ? A inibigdo é exercida fisica (por ab famento) ou bioquimicamente? Fm caso afir- mativo de inibigdo, haveria vantagem, para 0 Conservacionismo, substiluir um por outro ? Paralelamnente aos ensaios experimentais de campo, que iniciamos no fim do ano de 1968 dos queis é ainda prematuro tirar conclusies (com resultados até contraditérios) vao-se avo- Jumando as obscrvagdes em freas nalurais parsas predeterminadas @ nos talhies de ensaio Ou mesmo extraidas de bibliogratia Assim, anotamos as mais interessantes, al- gumas delas incsperades: 1A presenga do capim-gordura nos mor- ros da Guanabara é inconteste, e a sua participagao na formagio. fitofisiond- mica € bem mareante, como primeiro clemento importante depois do, capim- coloniao, por conseguinte também gran- de responsavel pela propayacdo de in- eéndios. 2—Pela manta de vegetagéo que prodiz, protege bem o solo, melhor mesmo que © colonifo, em virtude de seu habitus —Enquanto no capinzal de colonize pu- lulam muitas formas de vida animal (insetos sem conta, passaros, éstes prin- cipalmente na época de frutificagio), em coléniac ou pequenas formacdes de capim-gordura, a auséncia dequeles ani- mais € quase completa ¢ os poucos exis- tentes absigam-se nos arbustes ou sob a manta do eapim séco, 4 —Além da vasta hibliografia agronémica que trata da graminea em pauta, sio de especial interésse os trabalhos de Staff ¢ outros (24), bem como de Mel- calf (16), pois fornecem dados impor- lentes de’ sua biologia. O primeira, além de um histérico botanico dos mais completos, reune informagées sobre pes- quisas jé realizadas e referentes & es trutura ‘day _pélos glandulares ou ol feros das f6lhas (Laboratério Jodrell, Kew), bem como & destilagio e estudo quimico (sumério) do 6leo (Welleome Chemical Research Laboratories) ¢ a sua prapriedade (provavel) como inse- ticida ¢ repelente preventivo. Segundo Gases estudos, basearins em amostra di- minuta (a planta tem um rendimento de 0,001%), 0 dleo, volatil e arumilico, conciste largamente de acidas livres ¢ esteres, possivelmente com substincias fenélicae. 5—As suas raizes, superticiais e fracas, facilitam o sew contedle A enxada; nos reflorestamentos, pelo processo de co- roamento, permite o desenvolvimento das _mudas, a0 contrério do capim-co- lonio, de porte alto, que tombando s6- elas, eausa-Ihes 'o estiolamento Em talhdes protegidos — _limitrofe: com 9 capim coloniio — a invasio de capim-gordura & mutto lenta, uma ver que as sementes no encontram condi Ges de yerminacéo e desenvolvimen- to (em virtude da sombra e da falta de contacto intima com o sulo); éle alas- tra-se, neste caso, progressivamente apenas pelos estolhos 7—Depois das incéndios — que consti tuem fenémeno normal — segue-se ums profusa germinago das snas sementes langadas pelo vento em terrenas.vizic nhos, aumentando dessa forma substan- cialmente sua érea de expansio. Revvowestasiewro : 0 fatér hiowcoldgico do reflorestamento que exerce grande influéncia no contréle do capim- colonigo, é a sombra densa formada pelas rvo- Tes € que a graminea nao suporta. Uma toniea conhecida de todos é que “refloreslando, 0 ca- pim desaparece”. Dentre os iniineros problemas com que se defrontam os téenicos da Guanabara, um tom sido considerado de maior importancia e tem constituido um cavalo de batalha de todos os governos: a necessidade urgente de reflorestar 0s morros da Cidade, por questies ébvias: en- chentes, desabamentos, assoreamento da bat de rios e canais coletores, etc. Acrescentamo: também para controlar 0 capim-culonizo, 0 res- ponsdvel indircto pelos espetaculares ineéndios, que continuam dizimanda as reservas de mata no Estado, Entretanto, no basta sabermos que reflo- restar 6 uma necessidade. Inicialmente, 0 reflorestamento nas areas de morros que margeiam a nossa metrépole — por revestir-se de caracteristicas hem singula- res, que sio: a protege do sola e 0 melhora- mento do aspecto paisagistico — foge da pratica usual alé aqui em voga no Brasil: finalidade econdmica exclusivamente. Por isso mesmo, nao temos ainda hase para nos apoiarmos na expe- Tiéncia de outros especialistas, em virtude da au- séncia quase completa de bibliogratia referente a trabalhos de reflores(amentos mistos na regiao fitogeogratica do Estado da Guanabara (exeegao feita 20 trabalho de Coimbra Filho (8)) e no Brasil em geral. 18 Furece um paradoxo esta constatagao, mare mente por ter sido o Prasil um dos primeiros paises do mundo e, possivelmente, 0 primsiro na América do Sul, a implantar a silvicultura com espécies mistas. Si0 passados 100 anos desde que o trabalho pioneiro de Manoel Gomes Archer promoveu o mais belo exemplo que te- mos.de uma grande area reeuperada pelo re- florestamento artificial na Floresta da Tijuea, na Guanabara (2). Areher conseguiu exceutar uma obra impar que aiquire maior relévo se lembrarmos que nfo havia naquela época co- nhecimento algum de silvicultura clentifica, ne~ nhuma técnica era empregada, nenhuma esco- la seguida, a nfo ser ada propria nalureza Atualmente, com o avango da ciéncia e da tecnologia, é Iicito que fagamos a nés préprios uma pergunta embaragusa: houve progresso real na técnica de reflarestamentos mnistos no decorrer désses 100 anos? A resposta ser&: quase nenhum. Continuamos a bracos com os mesmos pro- blemas do Império, diferin?o apenas na motiva- gao principal do reflorestamento que nequela época cra a de aumentar 0 volume d'égua das torneiras de uma populagdo de 100 mil habitan. tes e hoje a de controlar as enchentes que ma- tam, desabrigam e trazem transtornos A vida normal de uma cidade com mais d2 4 milhies le habitantes. ‘Na época do Império avullava como princi- pal inimigo a eficiéncia das decrubadores de lorestas, que tentavain juslificur-se com a ne cessidade de abertura de novas areas agricolas 2 instalaco de carvosiras para abastecimento da populacéo. Na éfoca atual, com o rectio das matas pro- vocado pela construgao de favclas nos cneostas a consequente invaséo dos capins, 0 fozo cri- minoso ou acidental, passa a ser o principal obstaculo & conscrvacéo de natureza carioca. A fiscalizacdo florestal, amparada pelo Codigo Florestal mais severo, tem feito valer a sua acdo frente aos derrubadores profissionais e for= tuitos, sem no entanto cuidar da prevengio de incéndios. Paralelamente as medidas de fiscalizagéo preventiva, urge retomar e intensificar os tr balhos de reflorestamento de Archer, se_nio quisermos que alé o ano 2000 2 Guanabara se fransforme em Estado ainda mals desmatado e desprotegido. i ree eT ee SE TOre e ET e anos, 03 esforgos ingentes do Departamento de Recursos Naturais (antigo Servigo Florestal) orgéo executor da politica florestal no Estado da Guanabara, no sentido d2 aparelhar-s2 como um Grgdo capaz de executar um programa de reflo- restamento e fiscalizagio em téda a drea de competéncia do Estado. ‘As verbas orcamentérias que Ihe tém sido dostinadas anualmente, desde w sua er Servigo Florestal, em 1946, podem s2r classifica das como irvisirias para levar a bom t&rmo urn programa de florestamento e reflorestamento de maior vulto, como o esto a exigir as encos- tas fe todo o Estado, No entanto, avesar da modéstia de recursos e no virtual anonimato, um razoavel acervo de realizagies aqui & apre- sentado para atestar a atuacdo do poder piblico na defesa e restauracdo de nossas florestas. Quem desconhece os pargues verdejantes da Floresta da Tijuea, do Parque da Gavea, da Pe dra Branca, das reservas de mananetats, do Par: que Nacional da Tijuca — que constituem, jun- tos, o grande pulmo da Cidade? A fisculizsyao e conservacio tém sido efetuadas tanto por br gos federais como estaduais, em estreita cola- boragao. ‘Como nao potia deixar de ser, cogitou-se, também, no periodo de 1946 a 1954, formar uma reserva de eucaliptos para lenha (nesta fas: esta era empregada como principal combustivel no zona rural), moirdes para eércas ¢ outros mis- tores do agricultor. Foram plantades aproxima- damente 6 milhdes de pés, em cooperacZo com lavradores. A grande virtude do eucalipto, es- pécie de erescimento rapido, é a capacidade de produzir, em pouco tempo, drvores que podaréo ser cortadas em lugar das nativas, de crosci- mento mais lento. A partir de 1954 0 plantio de euculiplos em aedrdo com lavradores lem de erescido substancialmente Segundo 9 relatério de Strang (25) aprox’ maiamente 100 mil mudas de esséncias diver- sas foram produzidas nos viveiros da Floresta da Tijuca ¢ do Parque da Wavea, no periodo de 1048 2 1951, No ano de 1960, os viveiros do Servico de Reflorestamento foram adaptatos para produ- 80 de mudas de espécies das mais varia‘tas, tan- to destinadas & cobertura das encostas desnudas do Estado. como para cessfo gratuita a agricul- tores da Guanabara e Estados vizinhos. Desde entdo foram produzidas 4 milhées e 500 mil mu- Cay ds essinelas das mais diversas. Como podemos sentir, so numeros moics- los para as reais necessidades do Eslado, mas que representaram o primeiro pesso para’ re Morestamento das encostas. O poder piiblico estadual estava retomando entio os trabalhos de reflorestamentos mistos 2 Archer, a0 mesmo tempo sem s2 descuidar da fiscalizagdo, em entrosamento com as autori- dades federais, das derrubadas de Arvores e flo- restas j4 formadas. Nesses nove anos de experiéncizs com re- Dorestamentos mistos aprenemos muito, mas naa o suficiente para resolver todos os proble- mas_técnicos Quais espécies deveriam ser empregaias? Quais os métodos mais adequados no preparo do solo ¢ nos eultivos, levando-se em conta que as freas ingremes a plantar sfo vizinhas de uma grande cidate que tem de ser defendida contra lama e datritos? Ds inicio, nao foi feita selecao rigoross des espécies a multiplicar, Esséncias autéctones, aclimatadas ou exéticas, num total de mais de cem, tém sido reproduzidas nos viveiros do Servico de Reflorestamento. Uma parte dessas mudas tem sl¢o fornecida gratuitamente a particulares interessaios, dentro e fora da Guanabara (estadus vizinhos) © outra empre- gada nos reflorestamentos dos morros, trabalho éase executado pelo proprio Estado. Os talhdes plantados nos morros de acérdo com as técni- -as rotincires, isto é através a carpa: total & enxada ou coroamento das mudas ¢ 0 emprégo de esséneias das mais variadas, tém servido de base ou testemunha para futures correeées téenicas. Se, por um lado, nfo tem havide maiores problemas na producdo de mudas, por outro, as dificuldades para a formacdo de florestas tém sido enormes (foto 1), como veremos a seguir, Reflorestar no é plantar, mas formar flo- restas. Varios so os fatéres que tem dificultado os trabalhos de reflorestamento na Guanaba- ra: sclegdo de capécies para es diversas con- dig6es ecolégicas (principalmente edafices), métozos de reflorestamento, o3 animais, a pre~ senga de favalas, os incéndios, os proprietarios parliculares, e a falta de coordenacgo entre os varios Grgfus executivos e instituigdes de pes- quisas. sind ty e=hegbei, SRR -psemgge=np codoy-ger gnc —yl ciona mais de uma centena de espécies por éle ensaiadas ¢ observadas quando estudou 0 deo2n- volvimento inicial de espécies florestais. © in2- gavel que a principal condicao para o bom dasen- volvimento das mudas é que estas szjam orlun- das d2 espécies perfeitamente aiaptaveis as con- digdes ecolégicas lozais, isto é, 20 solo Acido, depauperado pela erosgo 2 castigado reln [ow durante muitos anos. Infelizmente, & forgoso reconhecer, os trabalhos usuais de refloresta- mento nfo tém sido acompanhalos por pes: quisas cientificas mais sistematizadas, a come- gar pela auséneia de um estudo bésico sobre sucessAo floristica secundaria (23). Em reas plantadas sem se levar em conta a selegiv previa de espécies, tem-se notado a io muito lenta da floresta (até a cober- lura completa do solo e a subseqiiente contréle do capim), mesmo em terrenos mais férteis de menor declive. No minimo 5-6 anos. Em solos de montanha — que, segundo Abreu (1), se enquadram no tipo lateritico e de Ttaguai, com acidez de 45 — 5.8 — excess.vamnente ero I dos e pedregosos ¢ que correspondem a quase totalidade da drca a reflorestar no Estado, 0 desenvolvimento das mudas se apresenta mals moroso e em alguns lozais muito lento mesmo. De qualquer forma, os trabalhos execula- dos tm servido de base para observagies do comportamento no campo, relalivas @ a's de 50 espécies. Dessas observacies resultou, de imediato, uma selego sumirfa de espécies inais nisticas a diversas ambientes corr vor exemplo o sabia (Wimosa caesalpiniaefotia), que, além de sua rusticidade. tem-se revelado como uma excelente umificadora do solo. Esta Jeguminosa, originaria do Nordeste brasileiro, adaptou-se perfeitamente as nossas cond'¢ies ecol6gicas, 0 ponto dz formar, em pouco zm 0, verdadeiras colénias em sou redor. E a espécic atualmente mais multiplicada nos viveiros ¢ a mais empregada nos trabalhos de recobertura vegetal dos morros eariocas © sabié, no entanto, tem suas limitagses ecoligicas. Bin solos muilo compactos, pedre- gosos on em terrenos de subsulo, lem apresens tado crescimento muita lento. # fargose, portanto, experimentar outras esnécies, d> preferéncia pioneiras, da nossa re- io fitogeografica Préviamente, estabelecemos alguns crité- ios que nortearlam na selecdo de espécias, —15 ee a pido, folhagem densa (para permitir melhor protegdo a0 solo e para controlar os capins) ¢ bow apresentagdo estética e paisagistica. Como nio dispuséssemos de estudos meto- dizados de sucesso, valemo-nos de observacées gerais em diversns locais. Assim, selecionamos, @ privri, as seguintes espécies pioneiras, com as quais ‘iniciamos, ha dois anos, os estudos autnecaligicns: quares« meira-roxa (Tibouchina granulosa), quaresmei ra-branca (Huberia ovalifolia), jacatiréo (Mi- conia sp.), Gochnatie velutina (composta ar- bérea), embatibas (Cecropia adenopus e C.ho- loleuca), erinditiva (Trema micrantha). Além dessas espécies pioncires, temos tido ‘especial interéese em: edssin-coragéo-de-negro (Albizia Lebbeck (L.) Benth.), canudeiro ou aleluia (Cassia multijuga), fedegoso (Caseia macranthera SC.) e 0 sabld, j4 referido. A quaresmeiraroxa, que se encontra com as pesquisas ris adiantadas, est& despontando como um dos elementos mais interessantes para © reflorestamento nas serras, tanto pela facili dade de obtencao de sementes e de sua propa gacao artificial, como pelo desenvolvimento das mudas no campo. Quanto as outras espécies pioneiras, estamos encontrando maiores difi- culdades nas sementeiras ¢ viveiros. A escolha de espécies constitui-se em fator essencial para 0 éxito de qualquer tontativa de reflorestamento, por questdes ébvias. Pois se Pudermos conseguir um ‘repovoamento com- pleto no periodo de 3-4 anos, ou talvez menos, menores serio os riscos de incéndios, animeis, etc. em virtude da possibilidade de maiorcs cul- dados na fisealizagio e nas priticas culturais, Mé:ronos ve REFLORESTAMENTO — Uma pergunta tem sido insislentemente feita aos estudiosos: qual a melhor tecnica para o reflorestamento das encostas da Guanahara? As respostas tém sido varias. Uns preconizam win preparo prévio das dreas a plantar, como o plantio de leguimino- sas (adubagio verde) ou a construgin de han~ quetas de pedras rejuntadas em curvas de nivel (15), para evitar a formacao de enxurradas, ou- tros ainda a formacio de faixas densas de vege- ‘acio vive, eonstituldas de espécics pouco com- Tedricamente, (odos ésses processos _sio viéveis, mas precisam, no entanto, ser experi- mentados. Seria facil'a formacao da adubaclo verde em solos acidos, paupérrimos ¢ excessivae 6 — mente erodidos: (ual 0 Cuem, por hectare, is construgéo de banquetas em areas escarpadas, distantes das estradas e de acesso dificil até mes- ‘mo para o transporte de mudas? Quais as es- pécies a empregar na adubagdo verde ou no faixa de vegetagio viva? Bem sabemos que os custos ndo devern ser dbices para o emprégo de determinada técnica, pois, certamente maiores prejuizos acarretarlam as enchentes, com 0 as- sereamento da bafa, de rlos, canais, ete. Tem que ser lestada, entretanto, sua viabilidade. Outro ponto da técnica discutido: métodos de plantio e de cultivo. Nas dreas de pequeno declive e onde a pequena erosio nfo afote gru- pos de habitagio, nfo h& mafores inconvenien- tes para a capina (otal & enxada, tanto no pre- paro do solo como nos cullives. Isto j4 no é © caso das encostas mais ingremes, cujas &guas percorrem grandes aglomeragies urbanas até alcancarem o mar. Nestas Areas, os téenicos do reflorestamento tém procedide cam cautela, eme pregando 0 método de coroamento das miudas. Entretanto, o mesmo sémente se tem mostrado vidvel, quando usado cm formagécs de capim- gordura ¢ jaragué (Hyparrhenia rufa). Km lo- cais dominados pelo capim-coloniéo, a ineficécia do coroamento é bastante patente, visto que as canas floriteras dessa graminea, de grande porte, tombam no inverno, formando um emaranhado denso sobre as mudas, conforme temos veriti- cado na prativa. Awmaats — No raramento, o Sarvigo de Reflo- reslamento vé-se na contingéncia de replantar uma 4rea varias vézes, pois cabritos, bois e ca- valos soltos podam ou arrancam as mudas (gc- ralménte de espécies forrageiras como o rustico “sabid”), repetindo-se desta forma a fébula das cabras conforme dentincias e comentarios na imprensa, Favitas — £ nas favelas que as aguas de chu va provenientes das coroas das vertentes ga- nhain maior velocidade. Em primeiro lugar de- vido & extensdo j& percorrida pelas enxurradas € em segundo, gragas A ausénefa quase com- pleta de protegao natural ow artificial do solo nessas areas. 0 defliivid, percorrendo vielas de barro completamente desprotegidas, carreya uma quantidade enorme de lama e detritos que indo obstruir os buefros. B utopia insistir-se na necessidade de reflorestamento das areas toma- das pelas favelas. Estas sao resultantes de um problema socio-economico que como tal, tem die ser resolvido 4 parte. Simente apés @ sua remocao € que se podem programar quaisquer trabalhos de reflorestamento. Todavia, nao que- remos nos referir especificamente as éreas in- ternas das favelas, mas sim és adjacentes. Pri- melramente, os morros nio tém linhas divisé- rias que limitem a movimentacSo de pessoas es- lranhas wos servigos de reflorestamento, 0 que dificulla a fisealizayio contra os incéndios pro- positados, como algumas vézes vern ocorrendo. Além disso, os eabritos em grande mimero e 0 fogo no “afa de deixar limpo o terreno em vol- ta dos barracos” contribuem para aumentar mais ainda os riscos reais para a formagio das mudas. Incoios — Sho tio graves os prejuizos cau- sados pelos incéndios & natureza carioca em yeral 8 cobertura florestal em particular, que nos atrevemas a reconhecer a lament&vel ver dade: de nada adiantard plantarmos milhares de mudas — que nao sabemos se iréo vinger ou nao — se continuarmos permitinde que 0 fogo, paralelamente aquele plantio, destrua milhoes ja formadas, Se os poderes piblicos, estadual e federal, conseguirem limitar os incéndios aos territérios jé conquistados pelo capinzal, néo ormitindo que aleancem a mata, cataréo dan- 2 0 primeiro passo decisivo para a solugio do problema da cobertura florestal da Guanabara. Antes do plantio de novas 4reas, ou melhor ain- da, paralelamente ao plantio, impSe-se a obriga- sao de proteger © yarunlir a rea Dorestada ou a reflorestar. © nico recurso de que podemes dispor imediatamente — a0 lado de outros a médio & longo prazo, como a campanha contra os baldes @ 2 educagdo conservacionista — séo os aceiros que, se nfo resolvem definitivamente 0 proble- tna, limitam, pelo menos, a propagagao dos in- céndios em muitas reas, Proorienabas vARTICULARES Cada refloresta- mento deveria abranger, pelo menos, téda uma bacia hidrografica, para tomar menos onerosa @ sua execugio e sua conservagio. Nao rara- mente, deixamos verdadeiras nesyas sem plan tar om pleno centro do terreno trabalhado. Sao ‘reas particulares, tomadas por pequenas cul- turas ou pastagens, que os proprietarios ou arrendatérios insistem em continuar exploran- 0. Ocorre também o inverso, isto 6 uma nesga de frea plantada isolada dentro de uma imen- siddo de capinzal. Sa arn no ee cultura (Parque Nacional da Tijuca), a Secre- taria de Agricultura (Departamento de Recur+ sos Naturais), a Secretaria de Ciéneias ¢ Tec- nologia (Centro de Conservagio da Natureza), Superintendéncia de Urbanizacio e Saneamen- to (SURSAN) sfo érpfos mais diretamente interessados na conservacio @ na reconstitui- go florestal dos morros do Estado. No entanto, a conservacao da natureza carioca é um impe- ative para todo cidade e todos os érgdos g0- vernamentais, por se tratar mesmo de assunto de seguranca. Esforcos bem intencionados, mas isolados, como vem’ acontecendo, néo resolve rao 0 problema. Como numa guerra real, tem que haver um comande, com mobilizagao ¢ en- trosamento amplos em vérias frentes de, bata- Iba. Do contrério, enquanto o poder publice, com elevadas despesas, consegue subtrair uma pequena érea ao invasor (capins de facho ex- tremamente combustivel), ste, em diversas Srentes, invade territérios antes’ ocupados pela mata, ampliando cada vex mais seus dominios, como temos verifieado ano aps ano PASTOREIO © pastoreio é mais um fator de contréle do capim, embora de valor restrito, mas que nio pode ser desprezado, ‘Na agro-pecuéria a limpeza de pastagens uma tarefa rotineira e imprescindivel. £ feita geralmente para livrar a vegetagio graminosa da concorrénela, em nutri¢éo e uz, de plantas indesejaveis para o gado. £ fato notério que numa rea constante- mente pastoreada, o capim forrageiro se degra- da — principalmente 0 capim-coloniio —¢ a veretagio arbustiva ou arbérea, quando néo eontrolada, tende a tomar posse definitiva do terreno, em perfodo de tempo muito curto. O que inconveniente para o pecuarista pode ter conseqiiéneias henéficas para o reflo- restamento natural de algumas areas do Es- tado Bastarla que se permitisse 0 pastoreio e nfo se consentissom novas rocadas em quotas de reas pré-determinadas, para obter-se, em pou- 0 tempo, uma pequena floresta em formagao. — RECAPITULAGAQ E CONCLUSOES PARCIAIS O capim-colonio representa um elo impor tante na cadeia de dificuldades para 0 revesti- mento florestal na Guanabara, Por ser sua dis- persdo efetuada principalmente por pissures, nao hé local onde nao seja encontrado: em mar- gens de estrados ¢ de ruas, om fundus de quin- tais, em terrenos baldios, nos morros, etc. ‘Nos morros, em especial, provoca danos sem conta A natureza em geral, por ser uma graminea muito combustivel na época de i verno, constituindo-se, por isso mesmo, no pri cipal veiculo para a propagacio de incéndios Apesar de scr planta invasora por exceléncin, 0 coloniao nao deve ser considerado erva dani- nha. £ dtima forrageira, além de emprestar consideravel protege wo solo. ‘Nas encostas da Guanabara, no entanto, passa a ser inconveniente sério, uma vez que nao permite o desenvolvimento de outras plan- las, em consegiiéncia de incéndios espetacula- res que propaga. Atualmente, 0 capim é 0 se- nhor absolui de areas extensas dentro ¢ fora do Estado. Preoeupados com o seu controle, comesa- mos a estudar @ sua biologia, 2 mesmo tempo que ensaiévamos no campo os métodos que ini- cialmente nos pareceram mais vidveis. © controle intra-espectficn restringe-se a larga porcentagem mas nao a totalidade das sementes. Nao impede, por isso, a sua disper- sio_para outras areas’ mais distantes. A sua ineficacia é patente. © controle mecfnico uu & enxada também 6 restrito, uma vez que impossivel a mecani- zagio nus reas de grande declive ou pedrego- sas © coniraproducente a carpa geral @ enxada, nnessas_mesmas areas. Pode ser empregado em terrenos mais ou menos planos ou com peque- no declive. A carpa 4 enxada nas encostas mais ingremes, apesar de penosa, dificil e cars, pode ser tolerada em faixas estreilas, interca- ladas de faixas largas de vegetacao viva. contréle fisico resulta do abafamento de sementes, mudinhas ¢ mesmo algumas toucel- ras, provocado por manta morta de vegelagio. Tsoladamente, ésse método também é imprati- cavel, pois necessitaria de uma cubertura es- péssa e constante, o que nao se consegue ini camente com o produto da rogada do préprio le capim. Com a cobertura rala, as toueeiras adul- tas brolam mais vigorosas ainda. 0 tratamento quimico, puro € simples, ndo oferece solugio definitiva, ois, ao mesmo tem ‘po rm que mata o capim, eumenta o risco de Incéndios, devido & folhagem séea do mesmo ‘A sua maior virtude reside na capacldade de propiciar o reflorestamento natural. © contrale. bialégico por meio de pragas es: pecificas do capim-coloniao néo foi ainda devi- damente pesquisado. Quanto a plantas inibido- ras de seu desenvolvimento, estamos estudando © capim-gordura que, aparentemente, expulsa © coloniao, Entrctanto, o método mais efetive no contréle do capim é a floresta compacta, densa, No entanto, a formagio artificial dessa floresta, pelos métodos rotineiros, em Areas ealeinadas e dominadas pelo capinzal, é dificil, principalment:, devido & qualidade do solo ¢ agentes externos: Logo, animais, etc. © método do pasloreio, yire nio deixa de ser um fator bio- légico, também & restrito a pequenas areas. ‘Como vimos, cada mélode tem suas virtu- des e restrigdes, quando praticado isoladamen- te. Mesmo a formacio artificial de uma flores- ta— barreira natural do capim-colonigo — com. 0 empréyo de técnicas rotineiras de preparo do solu © de cultive (@ enxada), tem inconvenien- tes sérios, em virtude dos perigos de erosao. Mas, por conhecermas j um pouco @ vida do colonia, porlemos, para controlé-lo, explorar ‘os seus pontos mais vulneraveis, tornando a ta- refa da formacéo florestal mais répida e sim- ples, e, por conseguinte, também, mais econd- mica. Se langarmos méo de tédas as vantagens de cada método, teremos mafores possibilida- des de controlar o invasor. 0 produto quimico Dowpon S, na dosagem de 0,5-1 Dowpon/50-100 em? Agua/m? ou seja, 5-10 ig em 900-1000 litros d4gua por heclare até © momento néo se tem mostrado prejudicial ao complexo biolégico e realmente controla graminea, sem extirpécla por completo. Disso ndo temos a menor diivida, pois j4 0 usamos ‘em mais de 100 talhdes diferentes, como tam- bém nao temos diivida de que o tratamente provoca o aceleramento da formagao natural de huma floresta. Nao raramente temos notado que, tanto nos talhocs novos (fotos 4a 6), quanto nos mais antigos de 5-6 anos (fotos 72 8), = plantas nativas sobressaem no meio das intro duzidas, 0 que consideramos muito importante porque aquelas so produto da propria natureza, aparecende sem nenhum esforco da nossa parte. Apesar de significative, o niimero de plan- tas nativas ndo ¢ suficiente para a formagio uniforme e rapida de uma floresta. ‘Temos que auxiliar a natureza com a introducéo de mudas de espécies de creseimento répido, isto é, re- florestando. Por outro lado, a rogada do capinzal apés a pulverizagdo com Dowpon, além de aumentar a eticdcia do tratamento quimico pelo abata- mento das sementes e mudinhas néo atingidas pela solugéo, concorre para atenuar o perigo de propagagéo incontrolével dos incéndios. A técnica mais apurada para os refloresta- mentos mistos em drees dominadas pelo colo- niéo que conseguimos obter, até o momento, com 0 emprégo de herbicidas, consiste em 1, Pulverizar no verio téda a Area a re- florestar com Dowpon S, na dosagem aproximada de 5-10 kg/500-1000 litros agua por ha. 2, Rogar em seguide, de preferéncia 3-15 dias apés o tratamento, 3. Plantar com mudas de espécies selecio- nadss de répido desenvolvimento. Na operagio de plantio, usar a enxada ow © enxadio, sémente na abertura das covas. Tomar, todavia, 0 cufdado espe- cial de nao espalhar a terra rovolvida, para nfo provocar # germinaylia das se= mentes do capim 4. Fazer os cultives (sempre aparecenn mudinhas de sementes ou mesmo algu- ma brotacdo, 4 a 8 meses depois) apli- cando 0 mesmo Dowpon S, de preferén- cia na dosagem aproximada de 0,5 g/m’, principalmente nes colonies densas do eapim, com 0 cuidado de evitar 0 quen- to possivel aplicar a solugio nos bro- tos terminais das mudas plantadas. As (uceiras brotadas muito isoladamente nio deve preocupar mutto, pois fatal- mente sao dominadas, em pouco tem- PO, pela vegelayiu, & niu oferecem pe- igo real & propagacdo de incéndios 5. Conservar us uceizos. # 0 fator prine! pal de defesa da plantago, em qual- quer técnica de reflorestanento. A sua Jargura dependeré da declividade do terreno. Em vez de usar a enxada em téda a largura do aceiro, temos conse- guido melhor resultado com’a aplicagao do Dowpon © rogada (com a retirada imediata do mato rogado) para tio s0- mente capinar uma faixa estreita no centro. Esta pratiea, além de ser mais cficiente do que a acciragem somente @ enxada, reduz consideravelmente o custo da mao-de-obra, A érea plantada deve ser toda recortada de aceiros. Nos terrenos baldios ou mesmo nas grandes encostas onde haja a associa- gdo de capim e arbustos (pastagem “cuja” = floresta em inicio de forma- G0), tanto o pastorcio quanto o trate- mento quimico seletivo podem abrevier a reeuperacdo natural da floresta com gastos minimos. Formar uma vegetago densa no menor espace possivel de tempo, tem sido 0 nosco objetivo. Em primeiro lugar, aceftando, de bom grado, o que # nalureza nos oferece: a vegeta- ‘sho prédiga, variada e espontinea do nosso cli- ma tropical; ¢ permilindo que a natureza nos ajude, ajudando-a através “da eliminagio do fogo e da concorréncia do invasor. Fim segundo lugar, pagendo 0 preso alto por uma depreda- sao inconsciente: reflorestendo artificialmente com espécies que se adaptem as condicdes eco- l6gicas locais, para obter uma cobertura flores- tal protetora no menor prazo possivel. No en- tanto, téonfea desta natureza — para ser cicn- tificamente valida e para ser recomendada —- tem que alicergar-se em dados seguros de expe- rimentagio no campo e estar comprovada em varias repeligies. #0 que ainda precisamos fazer, em parcelas maiores, para confirmar os resultados satisfatérios j4 obtidas ¢, ao mesmo tempo, para testar a sua exeqilibilidade. As observagies gerais que ora apresentae mos, poderia servir, pelo menos, de orientagio a outros técnicos que se disponham a nus ajur dar ou, mesmo, criteriosamente, nos criticar Como pudemas sentir, 0 problema do reflo- rostamento na Guanabara néo é tao simples como muitos imaginam, mas também nao tao ingolivel como se presume. Pouco adiantarao as tentativas, embora ho- nestas ¢ vilidas, de um reflorestamento a ésmo. As pesquieas de solo, os métodos de preparagéo do solo, de plantio e de cultivo, a sclegao de es- pécies, 0s estudos ecoldgicos das mesmas ¢ 0 combate intransigente aos incéndios, devem pre- —19 ceder a exccugao de qualquer trabalho de reflo- restamento de grande vulto, como o que esté a exigir 0 Estado da Gnanabara, # oportuno lembrar também que a floresta constitul a base para a conservayao da nature~ za terrestre — nfo no sentido académico ou paé- Heo, mas no sentido pritico ¢ de imediato bene ficio — consubstanciada no equilfbrio do solo, da égua, do ar, do clima, da flora e da fauna. A sua area na Guanabara deve ser oumentada e nunca reduzida, como pretendem alguns que desconhecem a sua importdncia como fator de equilibrio. Com a austncia de revestimento florestal efetivo nas encostas da Guanabara, as enchen- tes certamente continuargo a flagelar a nosst Cidade téo maravilhosa. As obras de escoramen- to da Geotécnica — dispendiosas, anti-estéticas, mas necessérias — praticamente nunca chega- iam ao firs, em resultada da erosio superficial. Por que nfo formar mais florestas? RESUMO O autor tece consideracdes gerais sbre a dispersio do capim-colonigo ou capim-guiné (Panicum maximum Jacq. var. maximum) € sobre os seus possiveis métodos de contréle. Essa graminea invasura e extremamente com- bustivel na época de inverno apresenta sérios ri-eos Ae matas protetoras das encostas da

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