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DIREITO PROCESSUAL CIVIL III

4.º ANO/ TESTE DE AVALIAÇÃO CONTÍNUA / DIA – 29.05.2017

DURAÇÃO: 90 MINUTOS

Imagine que já é advogado e recebe no seu escritório o Sr. Xavier, que lhe apresenta:

(i) um documento particular, que representava um acordo de venda em prestações de um vistoso


robot de cozinha para ajudar nas lides domésticas. Esse acordo tinha sido assinado há 5 anos
pelo seu cliente enquanto vendedor e, como compradores, por Augusta e respetivo marido,
Cláudio, e ainda por Galba, enquanto fiador, tendo as partes expressamente previsto que
aquele acordo tinha força executiva;
(ii) uma sentença numa ação de simples apreciação proposta por Xavier contra o mesmo casal,
em que o tribunal declarou apenas que o frigorífico que estava em casa deles era de Xavier
(por alguma razão, Xavier zangou-se e já não é cliente do seu anterior advogado).

O que responderia ao seu cliente que lhe pergunta se pode: (a) propor uma única ação com
base naqueles títulos, (b) demandar apenas Galba ou, se possível, apenas Augusta, para não
incomodar o seu amigo Cláudio, sabendo que, apesar de serem casados em comunhão de
adquiridos, a mulher tinha bens próprios muito mais valiosos e fáceis de vender?

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II

Imagine agora que se avançou para uma ação declarativa, tendo Augusta, Cláudio e Galba sido
condenados a pagar 35.000,00€ a Xavier que depois os demandou em ação executiva. Assuma
o papel de mandatário dos três executados e proponha a melhor estratégia possível para
os defender sabendo que (i) Galba era credor de Xavier em 50.000,00€ e queria usar esse crédito
para compensar (apesar de não o ter feito na ação declarativa); (ii) apenas Augusta queria deduzir
oposição à execução (e Cláudio queria aproveitar os efeitos da procedência da mesma, poupando
custas e despesas desnecessárias com a respetiva defesa); (iii) todos os executados querem
"aproveitar" e partir do que ficar decidido na oposição à execução para exigir indemnização de
Xavier pelos danos causados com a ação executiva que consideram injustificada, bem como
reclamar o remanescente do crédito compensado, aproveitando o que o juiz decidiu.

(6 valores)
III

Assuma-se enquanto ilustre processualista que recebe um telefonema de um amigo seu, agente
de execução (AE), durante uma diligência de penhora, que lhe pede uma ajuda urgente para saber
o que deve fazer quanto à penhora de:

(i) sete tartarugas "ninja", que Cláudio disse serem suas companheiras há anos,
essenciais para o seu trabalho de apresentação itinerante de acrobacias com as sete
tartarugas em espetáculos de circo;
(ii) um monte de notas, perfazendo o valor total de 4000,00€, afirmando Cláudio que
eram os lucros obtidos pela sociedade "Tartarugas e Texugo, S.A." com os
espetáculos do último mês, já tendo sido deliberado em Assembleia Geral atribuir
2000 euros ao executado, único sustento recebido no último mês, e 2000,00€ euros
ao seu sócio Silva, apresentando ao AE uma "ata" dessa deliberação, escrita e
assinada pelos dois sócios no Café do Aires, num guardanapo daquele
estabelecimento;
(iii) uma máquina nespresto do casal, de modelo antigo e gama mais baixa, que era usada
para que os executados e seus filhos universitários bebessem café, tendo estes dito
ao AE que não iriam conseguir fazer os seus exames finais se não pudessem "beber
daquele café essencial para ganhar forças!".

O exequente tinha dado instruções ao AE para penhorar todo o recheio da casa dos executados
"sem piedade, que esses tipos são uns bandidos e uns fingidos", os executados e o sócio
Fernando tinham dito que se o AE penhorasse os bens referidos iria ter de lhes pagar bem caro.

O AE quer saber se pode penhorar aqueles bens e se aquela gente pode fazer alguma
coisa para se defender, incluindo contra o próprio AE.

. (7 valores)

Ponderação global: 1 valor

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