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Risco de erupção em supervulcão nos Estados Unidos é maior do que se pensava, alertam

cientistas

Vulcão de Yellowstone pode explodir sem gatilho externo e representa ameaça para a
humanidade

POR O GLOBO 06/01/2014 13:28 / atualizado 06/01/2014 17:43

GRENOBLE - A análise de uma rocha derretida dentro do supervulcão do Parque Nacional de


Yellowstone, nos Estados Unidos, revelou que uma erupção é mais provável do que se
imaginava e pode acontecer sem qualquer gatilho externo. Os supervulcões são centenas de
vezes mais poderosos do que os convencionais e, ao lado dos asteroides, representam a maior
ameaça para a humanidade.

Cientistas acreditavam até o momento que uma erupção só poderia acontecer após um
terremoto que quebrasse a crosta da Terra, permitindo que o magma escapasse. No entanto,
de acordo com estudo publicado na revista “Nature Geoscience“, a erupção pode ser resultado
apenas do acúmulo de pressão dentro do vulcão.

No passado, supervulcões e asteroides foram responsáveis por extinções em massa e


mudanças de longo e curto prazo no clima. A erupção de um supervulcão pode causar um
evento chamado “inverno vulcânico”, que resfria a Terra devido ao bloqueio da luz do sol pelas
cinzas.

Acredita-se que a última erupção supervulcânica aconteceu cerca de 70 mil anos atrás, no local
que hoje se encontra o Lago Toba, em Sumatra, Indonésia. As suas cinzas bloquearam o sol
entre seis e oito anos, o que causou um período de resfriamento global que durou cerca de mil
anos.

A última vez que o vulcão de Yellowstone entrou em erupção foi cerca de 600 mil anos atrás,
lançando na atmosfera mais de mil quilômetros de cinzas e lava - cerca de 100 vezes mais do
que a erupção do Monte Pinatubo, nas Filipinas, em 1991, que causou um resfriamento global
de 0,4º C por vários meses.

Segundo previsão dos cientistas, uma erupção supervulcânica baixaria as temperaturas médias
globais em cerca de 10º C durante uma década, o que levaria a uma mudança no modo de vida
na Terra.

Métodos de pesquisa

A caldeira do vulcão de Yellowstone é uma caverna subterrânea de 55 quilômetros de


profundidade que contém entre 200 e 600 quilômetros cúbicos de rocha fundida. Os
pesquisadores retiraram um pedaço dessa rocha fundida para ver como ela respondia a
mudanças de pressão e temperatura.
Usando uma poderosa fonte de raio-X do European Synchrotron Radiation Facility (ESRF) - um
grande acelerador de elétrons construído em Grenoble e financiado por diversos países
europeus para pesquisas em física, química, ciências dos materiais e da vida -, os
pesquisadores descobriram que a densidade do magma diminuiu significativamente quando
exposto à altas temperaturas e pressões vividas no subsolo.

Variações de densidade entre o magma e a rocha circundante podem fazer com que a lava
dentro da caldeira do supervulcão ganhe força suficiente para romper a crosta terrestre,
permitindo que a rocha derretida e as cinzas sejam lançadas para a superfície, afirmam os
cientistas.

- A diferença de densidade entre o magma derretido na caldeira e a rocha circundante é


suficiente para conduzir o magma da câmara à superfície - disse Jean-Philippe Perrillat, do
Centro Nacional de Pesquisa Científica, em Grenoble, França, ao jornal “The Independet”. - O
efeito é como empurrar uma bola de futebol cheia de ar debaixo da água, isso vai obrigá-la a ir
para a superfície por causa da água mais densa em torno dela. Se o volume de magma é
grande o suficiente, deve vir à superfície e explodir como uma garrafa de champanhe.

O estudo foi possível porque a máquina de raio-X de Grenoble conseguiu fazer medições
precisas de densidade em temperaturas de até 1.700º C e pressão 36 mil vezes maior do que a
atmosférica.

- Os resultados revelam que, se a câmara de magma é suficientemente grande, a sobrepressão


causada por diferenças de densidade por si só são suficientes para penetrar na crosta acima e
iniciar uma erupção - afirmou Carmen Sanchez-Valle, do Instituto Suíço de Tecnologia (ETH, na
sigla em inglês) em Zurique, que liderou o estudo.

Prevenir uma erupção supervulcânica não é possível, mas os cientistas estão tentando inventar
métodos de controlo da pressão do magma subterrâneo, a fim de prever se ela é iminente.

Segundo Perrillat, não existe nenhum supervulcão em perigo de erupção num futuro próximo
que seja de conhecimento de pesquisadores, e seria necessário pelo menos uma década ou
mais para que a pressão de magma dentro de uma caldeira subisse a ponto de uma erupção.

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/sociedade/ciencia/risco-de-


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