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DirEITOS HUMANOS PARA A PM-DF curso em teoria e exercicios AULA 07 Estatuto da Crian¢a e do Adolescente (parte 03) rages Inicias ....... 2- Acesso a Justica 2.1 - Disposigdes Gerais .. 2.2 - Justiga da Infancia e da Juventude . 2.2 - Procedimentos.. oe 2.3 - Recursos ... 2.4 - Ministério Pablico ............. 2.5 - Advogado .. 2.6 - Prote¢ao Judicial dos Interesses Individuai: 3 - Crimes e Infragées Administrativas. Difusos e Coletivos... 3.1- Crimes..... 2 - Infragées Administrativas.. AT 4 - Disposigdes Finais e Transitérias ....... 249 5 - Questdes 5.1 - Questdes sem Coment; 5.2 - Gabarito.......... 5.3 - Questdes com Comentarios .. 6 - Resumo... 7 - Consideragées Finals ............-. DirEITOS HUMANOS PARA A PM-DF curso em teoria e exercicios ESTATUTO DA CRIANGA E DO ADOLESCENTE ( PARTE 03) 1 - Consideragoées Inicias Chegamos a mais uma aula do nosso curso de Estatuto da Crianca e do Adolescente Neste encontro vamos abordar os arts. 141 ao art. 267 do ECA. Finalizaremos todo o Estatuto. Sao dois assuntos a serem analisados na aula de hoje: acesso a justia e crimes e infracées administrativas. Boa aula a todos! 2 - Acesso a Justiga 2.1 - Disposicées Gerais © acesso a Justica de criangas e adolescente deve ser garantido pelos diversos orgaos com atuagdo no Poder Judiciario, pela atuaco do Ministério Publico, da Defensoria ou pela assisténcia judiciaria gratuita, prestada aos que dela necessitarem, por intermédio de defensor publico ou advogado nomeado. Leia: Art. 141. Egarantido 0 acesso de toda crianga ou adolescente 4 Defensoria Publica, a0 Ministério Pablico e ao Poder Judiciério, por qualquer de seus drgaos. § 1°. A assisténcia judiciéria gratuita sera prestada aos que dela necessitarem, através de defensor publico ou advogado nomeado. Alem disso, 0 §2° estabelece a gratuidade do acesso a Justica: § 2° As acdes judiciais da competéncia da Justica da Infancia © da Juventude séo isentas de custas e emolumentos, RESSALVADA a hipétese de litigancia de mé-fé. Com intuito de assegurar o acesso a Justica, o ECA assegura a isencao de custas e emolumentos, ressalvada a hipotese de litigancia de ma-fé. Na pratica de atos processuais, devemos observar a regra abaixo: Veja o art. 142, caput, do ECA: Art. 142. Os menores de dezessels anos seréo representados ¢ os malores de dezesseis e menores de vinte e um anos assistidos por seus pais, tutores ou curadoré na forma da legislagao civil ou processual. Se, em um processo em contato, for verificada crianca ou adolescente sem representantes legais ou na hipotese de os interesses da crianga colidirem com DirEITOS HUMANOS PARA A PM-DF curso em teoria e exercicios os dos pais ou representantes legais, assegura-se a nomeacao de curador especial. Paragrafo Unico. A autoridade judiciéria daré curador especial a crianca ou adolescente, sempre que os interesses destes colidirem com os de seus pais ou responsavel, ou quando carecer de representacso ov assisténcia legal ainda que eventual, © art. 143, por sua vez, determina que os atos judiciais, policiais e administrativos que envolvam criangas e adolescentes sao reservados, e nao podem ser divulgados com amplo acesso. Em razao disso, se algum interessado em processo no qual houver crianca ou adolescente necessitar de copia ou certidao do processo devera requerer diretamente ao juiz que iré analisar o interesse e justificativa do requerimento. Essa restricéo a divulgagdo aplica-se, inclusive, as noticias, que nao podem identificar crianga e adolescentes em reportagens. Art. 143. EVEDADA a divulgacao de atos judicials, policiais e administrativos que digam respeito a criancas e adolescentes a que se atribua autoria de ato infracional. Paragrafo Unico. Qualquer noticia a respeito do fato nao poderé identificar a crianca ou adolescente, vedando-se fotografia. referéncia a nome, apelido. filiacdo. parentesco. ja e incl iniciais do ni Art. 144. A expedicso de cépia ou certidéo de atos a que se refere o artigo anterior somente ‘seré_deferida pela autoridade judiciéria competente, se demonstrado 0 interesse dustificada a finalidade. Para fins de prova... RESTRI CAO A DIVULGACAO DEI NFORMAGOES DE CRIANCAS E ADOLESCENTES +A regra é que atos judiciais, policiais e administrativos tramitem em carater reservado. +As noticias néo podem identificar oriangas e adolescentes. jo de processo depende requerimento motivado a ser autorizado pelo Juiz. 2.2 - Justi¢ca da Infancia e da Juventude Neste topico, vamos analisar regras relativas a Justica da Infancia e Juventude, que constitui ramo especializado do Poder Judiciario comum estadual. Disposicées Gerais Art. 145. Os estados e o Distrito Federal poderao criar varas especializadas e exclusivas da Infancia e da juventude, cabendo ao Poder Judicidrio estabelecer sua proporcionalidade por niimero de habitantes, doté-las de infra-estrutura e dispor sobre 0 atendimento, inclusive em plantées. Juiz Quanto ao Juiz da Infancia e Juventude confira, inicialmente, o art. 146 do ECA: DirEITOS HUMANOS PARA A PM-DF curso em teoria e exercicios Art. 146. A autoridade a que se refere esta Lei é 0 Wiz da Infancia e da Juventude, ou o juiz que exerce essa fungdo, na forma da lei de organizacéo judiciaria local. No art. 147 do ECA temos as regras de competéncia do Juiz da Infancia e Juventude. Em sintese, a competéncia territorial sera fixada em razao: = do domicilio dos pais ou responsavel; = do lugar onde se encontre a crianca ou adolescente, a falta dos pais ‘ou responsavel; = nos casos de ato infracional, sera competente a autoridade do lugar da ago ou omissao, observadas as regras de conexdo, continéncia e prevencao; Veja Art. 147. A competéncia sera determinada: 1 pelo domicilio dos pais ou responsavel 11 pelo lugar onde se encontre a crianca ou adolescente, @ falta dos pais ou responsavel. § 1°. Nos casos de ato infracional, seré competente a autoridade do lugar da acéo ou omiss8o, observadas as regras de conexdo, continéncia e prevencdo. § 2° A execucdo das medidas poderé ser deleqada & autoridade competente da residéncia dos pais ou responsavel, ou do local onde sediar-se @ entidade que abrigar a crianca ou adolescente, § 3° Em caso de infragéo cometida através de transmissdo simulténea de radio ou ieleviséo. que atinia mais de uma comarca seré competente. para aplicacéo_da sentenca eficdcia para todas as transmissoras ou retransmissoras do respectivo estado Temos, ainda, duas outras regras especificas relativas a competéncia que devemos ficar atentos: execucdo de medidas e transmiss4o simultanea de radio ou TV que atinja duas ou mais comarcas. EXECUCAO DE MEDIDA Competéncia da residéncia dos pais/responsavel ou do local onde estiver acolhida a crianga. TRANSMISSAO SIMULTANEA DE RADIO | Competéncia da sede estadual da emissora ou rede, ou TV QUE ATINGIR MAIS DE UMA | abrangendo todas as transmissoras e retransmissoras ‘COMARCA do Estado. As regras acima, referem-se @ competéncia territorial. E quais as matérias sao de competéncia do Juiz da Infancia e Juventude? © ECA traz um extenso rol de competéncias, cuja memorizagéo é fundamental. Veja: % representacées promovidas pelo Ministério Publico, para apuracao de ato infracional atribuido a adolescente; ®& concesso de remissao, como forma de suspensdo ou extingdo do proceso; % pedidos de adogao e seus incidentes; DirEITOS HUMANOS PARA A PM-DF curso em teoria e exercicios % ag6es civis fundadas em interesses individuais, difusos ou coletivos afetos a crianca e ao adolescente % agdes decorrentes de irregularidades em entidades de atendimento, aplicando as medidas cabivei % penalidades administrativas nos casos de infragSes contra norma de protecdo a crianca ou adolescente; ' conhecer de casos encaminhados pelo Conselho Tutelar, aplicando as medidas cabiveis. E 0 que consta nos ines. do art. 148 do ECA: Art. 148. A Justica da Infancia e da Juventude é competente para. 1 - conhecer de representagdes promovidas pelo Ministério Publico, para apuracéo de ato infracional atribuido a adolescente, aplicando as medidas cabiveis; II - conceder a remisso, como forma de suspenséo ou extine&o do processo, I - conhecer de pedidos de adogao e seus incidentes; 1V- conhecer de agées civis fundadas em interesses individuais, difusos ou coletivos afetos a crianga e ao adolescente, observado o disposto no art. 209; V- conhecer de acées decorrentes de irregularidades em entidades de atendimento, aplicando as medidas —_cabiveis; VI - aplicar penalidades administrativas nos casos de infragées contra norma de protecdo a crianca ou _adolescente; VII - conhecer de casos encaminhados pelo Conselho Tutelar, aplicando as medidas cabiveis. Logo. COMPETENCIA MATERIAL satos infracionais +remissdo (com suspensdo ou exclusdo do proceso) +adogao +agGes civis fundadas em interesses individuais, difusos ou coletivos afetos & crianga e ao adolescente + apuragao de irregularidade em entidade de atendimento “penalidades administrativas nos casos de infracdes contra norma de protecdo +andlise dos procedimentos afetos ao Conselho Tutelar Essas sao as principais hipoteses de competéncia do Juiz da Infancia e Juventude. Contudo, caso a crianga esteja exposta a situacdo de risco, também sera da competéncia do Juiz da Infancia e Juventude as seguintes matérias: % pedidos de guarda e tutela; % agdes de destituigao do poder familiar, perda ou modificagao da tutela ou guarda; % suprimento da capacidade ou o consentimento para o casamento; % pedidos baseados em discordancia paterna ou materna, em relacdo ao exercicio do poder familiar; % emancipacao, nos termos da lei ci il, quando faltarem os pais; DirEITOS HUMANOS PARA A PM-DF curso em teoria e exercicios % designacao de curador especial em casos de apresentagdo de queixa ou representacdo, ou de outros procedimentos judiciais ou extrajudiciais em que haja interesses de crianca ou adolescente; % agdes de alimentos; % cancelamento, a retificagdo e 0 suprimento dos registros de nascimento e dbito. Veja: Paragrafo_inico. QUANDO SE TRATAR DE CRIANCA OU ADOLESCENTE NAS HIPOTESES DO ART. 98, 6 também competente a Justica da Infancia e da Juventude para o fim de. a) conhecer de pedidos de guarda e tutela; ») conhecer de acdes de destituicéo do poder familiar. perda ou modificacéo da tutela ou quarda; ¢) suprir a capacidade ou 0 consentimento para 0 casamento; 4) conhecer de pedidos baseados em discordéncia paterna ou materna, em relacgo a0 exercicio do poder familiar; ¢) conceder a emancipacso, nos termos da lei civil, quando faltarem os pais; Nd a 4 outros procedimentos judiciais ou extrajudiciais em que heja Interesses de crianca ou adolescente, 9) conhecer de acées de alimentos; h) determinar 0 cancelamento, a retificacdo e 0 suprimento dos registros de nascimento € Sbito Essas hipéteses, em regra, tramitam perante o Juizo Civel. Contudo, caso verificada hipdtese de risco a crianga por aco ou omissao do Estado, sociedade ou dos pais e, até mesmo, em razao da conduta da crianca a competéncia desloca-se para o Juiz da Infancia e Juventude. No art. 149 do ECA, temos um rol de atribuigées do Juiz da Infancia e Juventude no que diz respeito 4 goncessdo de alvards, por meio de portarias ou autorizacées. Art. 149. Compete @ autoridade judiciéria disciplinar, através de portaria, ou autorizar, mediante alvaré. | - a entrada © permanéncia de crianca ou adolescente, desacompanhado dos pais ou responsavel, em a) estédio, gindsio e campo desportivo; b) bailes ou promogées dancantes: ©) boate ou congéneres: 4) casa que explore comercialmente diversbes eletrénicas; €) estdios cinematoaraticos, de teatro, radio e televiséo. JI - a participacdo de crianca e adolescente em: a) espetaculos piiblicos e seus ensaios b) certames de beleza. DirEITOS HUMANOS PARA A PM-DF curso em teoria e exercicios © ECA arrola uma série de autorizagées judicias que envolvem criancas e adolescente. Para fins do exame é importante que conhecamos essas hipéteses. E DA COMPETENCIA DO JUIZ DAINFANCIA E JUVENTUDE EXPEDIR ALVARA PARA +A entrada e permanéncia de crianca ou adolescente, desacompanhado dos pais ou responsavel, em estadio, ginasio e campo desportivo; bailes ou promoghes dancantes; boate ou congéneres; casa que explore comercialmente diversoes eletrénicas; estidios cinematograficos, de teatro, radio e televisdo. *A participacao de crianca e adolescente em: espetaculos publicos e seus ensaios; certames de beleza. Para concessao do alvara, 0 Juiz deve levar em consideragao os principios afetos a infancia e juventude, as peculiaridades locais, a existéncia de instalagdes adequadas, 0 tipo de frequéncia habitual ao local; a adequacdo do ambiente a eventual participagao ou frequéncia de criancas e adolescentes e a natureza do espetaculo. E 0 que consta dos §§ 1° e 2° do art. 149 do ECA: § 1° Para os fins do disposto neste artigo, a autoridade judiciéria levaré em conta, dentre outros fatores: 4) os principios desta Lei; b) as peculiaridades locais; ©) @ existéncia de instalacées adequadas, ¢) © tipo de freauéncia habitual ao local; e) a adequacéo do ambiente a eventual participacéo ou freadéncia de criancas e adolescentes: 1) @ natureza do espetaculo § 2° As medidas adotadas na conformidade deste artigo deverdo ser fundamentadas, caso 4 caso, vedadas as determinacdes de carater geral, Servicos Auxiliares: Aatuacao da Vara da Infancia e Juventude é toda acompanhada pelo denominado servicos auxiliares (SAls). Em razdo da multidisciplinariedade afeta aos processos que tramitam perante a infancia e Juventude, ha a constitui¢éo de servicos auxiliares, destinado a assessora o Juiz Prevé 0 ECA que a equipe interprofissional compete: * fornecer subsidios por escrito, mediante laudos, ou verbalmente, na audiéncia; * desenvolver trabalhos de aconselhamento, orientacao, encaminhamento, prevencao. Confira: DirEITOS HUMANOS PARA A PM-DF curso em teoria e exercicios Art. 150. Cabe ao Poder Judiciério, na elabora¢ao de sua proposta orcamentéria, prever recursos para manutencéo de equipe interprofissional, destinada a assessorar a Justiga da Infancia e da Juventude. Art. 151. Compete 4 equipe interprofissional dentre outras atribuicdes que Ihe forem reservadas pela legisiacdo local, fornecer subsidios por escrito. mediante laudos. ou v erbalmente, na audiéncia, e bem assim desenvolver trabalhos de aconselhamento, Paragrafo Unico. Na auséncia ou insuficiéncia de servidores publicos integrantes do Poder Judiciério responsaveis pela realizagao dos estudos psicossociais ou de quaisquer outras espécies de avaliagées técnicas exigidas por esta Lei ou por determinacdo judicial, a autoridade judiciaria podera proceder a nomeagéo de perito, nos termos do art. 156 da Lei no 13.105, de 16 de marco de 2015 (Cédigo de Proceso Civil). (Incluido pela Lein® 13.509, de 2017) Antes de prosseguir importante ressaltar o paragrafo Unico do art. 151, acrescentado no ECA pela Lei 13.509/2017. O estudo psicossocial é fundamental para os procedimentos judiciais da infancia e juventude. Contudo, em razéo de forte demanda ou da escassez de servidores, muitas vezes o prazo de entrega desses estudos é prejudicado. Em face disso, o dispositivo acima criou reara autorizando ao juiz da infancia e juventude nomear peritos para realizacéo do estudo nas hipéteses de auséncia ou insuficiéncia de servidores. 2.2 - Procedimentos Disposics Veja primeiramente os dispositivos do ECA: Art. 152. Aos procedimentos regulados nesta Lei aplicam-se subsidiariamente as normas gerais previstas na legislacéo processual pertinente. § 1° E assegurada, sob pena de responsabilidade, prioridade absoluta na tramitacao dos processos e procedimentos previstos nesta Lei, assim como na execucdo dos atos ¢ diligéncias judiciais a eles referentes. § 2° Os prazos estabelecidos nesta Lei e aplicaveis aos seus procedimentos sao contados em dias corridos, excluido 0 dia do comeco e incivido o dia do vencimento, VEDADO o prazo em dobro para a Fazenda Publica e 0 Ministério Pablico. (Incluido pela Lei n® 13.509, de 2017) Art. 153. Se a medida judicial a ser adotada no corresponder a procedimento previsto nesta ou em outra lei, a autoridade Judiciaria poder investigar os fatos e ordenar de oficio as providéncias necessérias, ouvide 0 Ministério Pablico. Paragrafo Wnico. O disposto neste artigo no se aplica para o fim de afastamento da crianca ou do adolescente de sua familia de origem @ em outros procedimentos necessariamente gontenciosos. Art. 154. Aplica-se as multas o disposto no art. 214. Das regras de procedimento, vamos destacar 0 §2° do art. 152 do ECA. Sao duas as informacées fundamentais contidas no dispositive, que foi acrescido ao Estatuto pela Lei 13.509/2017 DirEITOS HUMANOS PARA A PM-DF curso em teoria e exercicios A primeira informacao refere-se 4 contagem dos prazos em dias corridos Sempre foi assim, os prazos sempre foram contados em dias corridos. Contudo, em razdo da edig&o do Novo CPC, que alterou a contagem dos prazos processuais. para apenas em dias Uteis, surgiu forte duvida se os procedimentos judiciais do ECA seguiriam com a contagem em dias Uteis ou se as regras do Cédigo seriam aplicadas ao ECA. Devido a urgéncia e prioridade que envolve esses procedimentos, o legislador exigiu a contagem em dias corridos que, a rigor significa tao somente que, na contagem do prazo processual, nao s4o descontados feriados, domingos, sabados e dias sem expediente forense. A segunda regra envolve a nao aplicacao de prerrogativa assegurada a Fazenda Publica e ao Ministério Publico. A Fazenda Publica e 0 Ministério Publico, quando litigam em juizo, detém diversas prerrogativas, entre elas a de contagem dos prazos processuais em dobro. Se o prazo é de 10 dias para todos, para a Fazenda e para o MP, sera de 20 dias. Essa prerrogativa nao se aplica aos processos afetos a infancia e a juventude. Assim, mesmo que o Ministério Publico ou o Estado, por exemplo, fagam parte de um dos polos da acdo, 0 prazo sera contado na forma simples, conforme definido pelo ECA. Em relagdo as demais regras gerais de procedimento, destaca-se % aplicagdo subsididria das normas gerais previstas na legisla¢ao processual pertinente. % prioridade absoluta na tramitacao dos processos e procedimentos previstos, assim como na execugdo dos atos e diligéncias judiciais a eles referentes. % 0 juiz da infancia e juventude detém prerrogativa de agir de oficio (desde que ouvido o Ministério Pablico) quando a medida nao se mostrar adequada, com excegao de duas espécies de proceso: * proceso para afastamento de crianca e adolescente da familia de origem; e * processos contenciosos da infancia e juventude. Na sequéncia veremos algumas regras especifica a cada espécie de procedimento que tramite perante a Vara de Infancia e Juventude Perda e da Suspensdo do Poder Familiar O proceso de perda ou suspensdo do poder familiar podera ser instaurado pelo Ministério Publico ou pela parte interessada. O ECA estabelece os requisitos da peticdo inicial de perda ou suspensdo do poder familiar: * a autoridade judiciaria a que for dirigida; * 0 nome, o estado civil, a profissdo e a residéncia do requerente e do requerido, dispensada a qualificacéo em se tratando de pedido formulado por representante do Ministério Publico; a exposigao sumaria do fato e o pedido; as provas que serao produzidas, oferecendo, desde logo, o rol de testemunhas e documentos Veja: 10 DirEITOS HUMANOS PARA A PM-DF curso em teoria e exercicios Art. 155. © procedimento para a perda ou a suspenséo do poder familiar tera Inicio por provocagao do Ministério Publico ou de quem tenha legitimo interesse. Art. 156. A peti¢do inicial indicara: | - a autoridade judiciaria a que for dirigida; IL - 0 nome, o estado civil, a profissdo @ a residéncia do requerente e do requerido, dispensada_a_qualificacéo em se tratando de pedido formulado por representante do Ministério Publico: Ill - 2 exposicao suméaria do fato e 0 pedido; IV - as provas que seréo produzidas, oferecendo, desde logo, o rol de testemunhas @ documentos. Ha possibilidade de antecipacéo de concessao de medida liminar nesses processos, com o intuito de afastar a crianca do convivio familiar, quando houver motivo grave e fundados indicios de que a crianca se encontra em risco Art. 157. Havendo motivo grave, poder a autoridade judiciéria, ouvide _o Ministério Piblico, decretar a suspensao do poder familiar, liminar ou incidentalmente, até o julgamento definitive da causa, ficando a crianca ou adolescente confiado a pessoa idénea, ‘mediante termo de responsabilidade. Com a Lei 13.509/2017, tivemos o acréscimo de dois paragrafos ao art. 157 O primeiro deles traz uma regra que tem por finalidade agilizar 0 procedimento judicial no caso de acolhimento liminar. Agora, apresentada a peti¢ao inicial com © requerimento provisorio, 0 juiz ira decidir a medida liminar e, em ato continuo, determinara a realizagao do estudo social © segundo dispositivo envolve a obrigatoriedade de participagdo da FUNAI quando os pais forem oriundos de comunidades indigenas. Veja ambos os dispositivos: § 1° Recebida a peticdo inicial, a autoridade judicidria determinaré, concomitantemente ao despacho de citago e independentemente de requerimento do interessado, a realizagéo de estudo social ou pericia por equipe interprofissional ou multidisciplinar para comprovar a presenca de uma das causas de suspenso ou destituiao do poder familiar, ressalvado o disposto no § 10 do art. 101 desta Lei, e observada a Lei no 13.431, de 4 de abril de 2017. (Incluido pela Lei n® 13.509, de 2017) § 2° Em sendo os pais oriundos de comunidades indigenas, ¢ ainda obrigatéria a intervengéo, junto a equipe interprofissional ou multidisciplinar referida no § 10 deste artigo, de representantes do drgao federal responsavel pela politica indigenista, observado o disposto no § 60 do art. 28 desta Lei (Incluido pela Lei n® 13.509, de 2017) Recebida a inicial e decidido o pedido incidental de suspensao, se for 0 caso, sera determinada a citacdo do réu para oferecer resposta no prazo de 10 dias, com a indicag&o de provas. A citagdo do réu deve ser pessoal, inclusive se estiver privado de liberdade. A citagéo somente nao sera pessoal se nao encontrado, hipotese em que a citagéo podera ser ficta (com hora certa ou por edital). Art. 158. O requerido sera citado para, no PRAZO DE DEZ DIAS, oferecer resposta escrita, indicando as provas a serem produzidas e oferecendo desde logo o rol de testemunhas e documentos, "1 DirEITOS HUMANOS PARA A PM-DF curso em teoria e exercicios § 12A citagao sera pessoal, SALVO se esgotados todos os meios para sua realizacéo. § 28 O requerido privado de liberdade deveré ser citado pessoalmente. para resposta escrita no prazo de 10 dias one Além dessas regras, temos, agora, 0 §3°: § 3° Quando, por 2 (duas) vezes, 0 oficial de justica houver procurado o citando em seu domicilio ou residéncia sem o encontrar, deveré, havendo suspeita de gcultacéo, informar qualquer pessoa da familia ou, em sua falta, qualquer vizinho do dia util em que voltaré a fim de efetuar a citagéo, na hora que designar, nos termos do art. 252 @ seguintes da Lei no 13.105, de 16 de margo de 2015 (Cédigo de Processo Civil). (Incluido pela Lei n° 13.509, de 2017) Esse dispositivo prevé a possibilidade de citagéo por hora certa no procedimento de perda e suspensdo do poder familiar. Aplicamos exatamente a mesma regra que temos no Processo Civil. Caso, 0 oficial compareca, por duas vezes, ao endereco dos réus a serem citados, havendo suspeita de que estao se ocultando para receber a citagdo, ele ira informar pessoa da familia ou vizinho que retornara em dia e horario marcados para a citacdo. Neste dia certo, caso nao recebam o oficial, os réus serao considerados citados por hora certa. O art. 159, §4°, por sua vez, prevé a possibilidade de citacao por edital, com prazo de 10 dias, na hipdtese de os genitores estarem em local incerto e nado sabido. Assim § 4° Na hipdtese de os genitores encontrarem-se em local incerto ou néo sabido, ser&o citados por edital no prazo de 10 (dez) dias, em publicacao unica, dispensado o envio de oficios para a localizacao. (Incluido pela Lei n® 13.509, de 2017) Complementando 0 esquema acima, temos: para resposta escrita no prazo de 10 dias cI TAGAO serd, em regra, pessoal, mas admite-se: Sigamos! citagéo por hora certa; citago por edital (10 dias) ‘quando privado de liberdade sero citados pessoalmente 12 DirEITOS HUMANOS PARA A PM-DF curso em teoria e exercicios Caso 0 réu nao tenha possibilidade de constituir advogado nos autos podera requerer junto ao cartério a nomeagao de defensor dativo para apresentaco de resposta. Nesse caso, 0 prazo para reposta sera renovado, a contar da intimagao do defensor. Art, 159. Se o requerido NAO tiver possibilidade de constitulr edvogade, sem preiuizo do. proprio sustento e de sua familia, podera requerer, em cartério, que Ihe seja nomeado dativo, ao qual incumbird a apresentacéo de resposta, contando-se o prazo a partir da intimacso do despacho de nomeacso. Paragrafo Unico. Na hipétese de requerido privado de liberdade, 0 oficial de justica devera perguntar, no momento da cita¢do pessoal, se deseja que Ihe seja nomeado defensor. Caso nao haja contestacdo, o Juiz dara vista dos autos ao membro do MP, com prazo de cinco dias e sentenciara no prazo de cinco dias, hipéteses em que sera observado o art. 161: Art. 160. Sendo necessério, a autoridade judiciéria requisitaré de qualquer repartic&o ou 6rgao publico a apresentacéo de documento que interesse 4 causa, de oficio ou a requerimento das partes ou do Ministério Publico. Art. 161. Se NAO for contestado o pedido e tiver sido concluido o estudo social ou a pericia realizada por equipe interprofissional ou multidisciplinar, a autoridade judiciéria dard vista dos autos ao Ministério Piblico, POR 5 (CINCO) DIAS, salvo quando este for 0 requerente, e decidiré em igual prazo. (Redacéo dada pela Lei n° 13.509, de 2017) No caso de nao haver contestac&o pelos réus e ja havendo juntado aos autos o estudo social, 0 processo seré encaminhado ao Ministério Publico para que, em 5 dias, manifeste-se. Em igual prazo o magistrado decidira § 1° A autoridade judiciéria, de offcio ou @ requerimento das partes ou do Ministério Publico, determinara a oitiva de testemunhas que comprovem a presenca de uma das causas de suspensdo ou destituicdo do poder familiar previstas nos arts. 1.637 1.638 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Cédigo Civil), ou no art. 24 desta Lei (Redacéo dada pela Lei n° 13.509, de 2017) § 28 Revogado, § 3° Se 0 pedido importar em modificacdo de guarda, sera obrigatoria, desde que possivel e razodvel, a oltiva da crianca ou adolescente, respeitado seu estagio de desenvolvimento e grau de compreensao sobre as implicacées da medida. § 4° EOBRIGATORIA a oltiva dos pais sempre que eles forem identificados @ estiverem em local conhecido, devidamente citados (Redaco dada pela Lei n° 13.509, de 2017) § 58 Se 0 pai ou a mae estiverem privados de liberdade, a autoridade judicial requisitard sua apresentacao para a oitiva. Dos §§ acima vocé nao pode esquecer algumas regrinhas importantes: % O Juiz da Infancia e Juventude determinara a realizacao de relatério multidisciplinar pelo SAI % O Juiz da Infancia designara audiéncia para oitiva de testemunhas e dos pais, que é obrigatorio, ainda que presos (quando havera requisicao). 13 DirEITOS HUMANOS PARA A PM-DF curso em teoria e exercicios % Quando for necessaria a modificacao da guarda, se possivel, criangas e adolescentes serao ouvidos. Agora, quando houver contestacdo, devemos observar o art. 162 do ECA. Caso haja contestacao, da-se vista ao Ministério Publico e, na sequéncia, ha designacao da audiéncia de instrucao e julgamento. Art. 162. Apresentada a resposta, a autoridade judiciéria daré vista dos autos ao Ministério Publico, POR CINCO DIAS, SALVO quando este for o requerente, designando, desde logo, audiéncia de instrucdo e julgamento. § 1 Revogado. § 2° Na audiéncla, presentes as partes @ 0 Ministério Publico, seréo ouvidas as testemunhas, colhendo-se oralmente o parecer técnico, SALVO quando apresentado por escrito, manifestando-se sucessivamente o requerente, o requerido © 0 Ministério Pablico, pelo tempo de 20 (vinte) minutos cada um, prorrogdvel por mais 10 (dez) minutos. (Redac&o dada pela Lei n° 13.509, de 2017) § 3° A deciséo seré proferida na audiéncia, podendo a autoridade judiciéria, excepcionalmente, designar data para sua leitura no prazo maximo de 5 (cinco) dias. (Incluido pela Lei n° 13.509, de 2017) § 4° Quando o procedimento de destituigao de poder familiar for iniciado pelo Ministério Publico, ndo haveré necessidade de nomeagao de curador especial em favor da crianga ou adolescente. (Incluido pela Lei n® 13.509, de 2017) Art. 163. © prazo maximo para concluséo do procedimento seré de 120 (CENTO E VINTE) DIAS, e caberd 20 juiz, no caso de notéria inviabilidade de manutenc&o do poder familiar, dirigir esforcos para preparar a crianca ou 0 adolescente com vistas & colocacdo em familia substituta (Redacéo dada pela Lei n® 13.509, de 2017) Paragrafo nico. A sentenga que decretar a perda ou a suspenséo do poder familiar seré averbada a margem do registro de nascimento da crianca ou do adolescente. Ordem dos atos na instrucdo: 8 - og o6 Foe ° 8g é sé #8 8, £8 FS $s. gs £28 §$ ge eee g ae ese ss ge ssee - Sf 238? && && &8% 8 BF gsy 8s S858 8 Prevé o ECA que a sentenca deve ser proferida em audiéncia, mas excepcionalmente poderd o Juiz decidir no prazo maximo de cinco dias. 14 DirEITOS HUMANOS PARA A PM-DF curso em teoria e exercicios Por fim, registre-se que todo o procedimento devera tramitar EM NO MAXIMO 120 DIAS, conforme determina o ECA. Além disso, caso seja decretada a perda ou a suspensao do poder familiar tal ato sera averbo 4 margem do registro de nascimento da crianca ou do adolescente. Para facilitar a absor¢do da matéria, vejamos uma linha do tempo: TRAMITE DA AGAO DE SUSPENSAO ajuizamento citagao (6 OU DESTITUI CAO (MP ou es DO PODER interessado) FAMILIAR encontrado) sem resposta (na api intentada pelo com contestaco, MP), 0 Juiz da at instaura-se a fase de vistas no prazo de Fame (deve! instrugao. 5 dias ao MP e, em trazer provas) igual prazo, e sentencia. manifestacao sentenca na realtzasto de: | i das partes e do audiéncia ou eetudo socal instrusto | HB | Meno prazo ce em cinco 20 minutos minutos Destituicéo da Tutela Em relacao a destituigdo de tutela o ECA apenas afirma que a materia sera regida pela legislacdo processual civil, aplicando-se subsidiariamente as regras acima estudadas acerca da suspensdo ou destituicao do poder familiar Art. 164. Na destituicéo da tutela, observar-se-4 0 procedimento para a remocao de tutor previsto na lei processual civil e, no que couber, 0 disposto na se¢ao anterior. Colocacdo em Familia Substituta © procedimento para colocago de criangas e adolescente em familia substituta deve observar o rol de requeridos arrolados no ECA. Deve-se lembrar, previamente, que a colocacdo em familia substituta requerer o desfazimento judicial dos vinculos com a familia de origem. Apés tal decisdo, prevé o ECA: 15 DirEITOS HUMANOS PARA A PM-DF curso em teoria e exercicios REQUISITOS PARA A CONCESSAO DE PEDIDOS DE COLOCAGAO EM FAMILIA SUBSTI TUTA -qualificac&o completa do requerente e de seu eventual conjuge, ou companheiro, com expressa anuéncia deste; indicagao de eventual parentesco do requerente e de seu cdnjuge, ou companheiro, com a crianca ou adolescente qualificago completa da crianga ou adolescente e de seus pais *indicagao do cartério onde foi inscrito nascimento -declaracdo sobre a existéncia de bens, direitos ou rendimentos relativos & crianga ou ao adolescente. Veja: Art. 165. Séo requisitos para a concesséo de pedidos de colocagSo em familia substituta: 1 - qualificaede completa do requerente © de seu eventual cénjuge, ou companheiro, com expressa anuéncia deste; | ~ indicagho de eventual parentesco do requerente e de seu cénjuge, ou companheiro, com a crianga ou adolescente, especificando se tem ou nao parente vivo; 111 - qualiticacso completa da crianga ou adolescente e de seus pais, se conhecidos; IV - indicagso do cartério onde fol inscrito nascimento, anexando, se possivel, uma copia da respectiva certidéo; V- declaracéo sobre a existéncia de bens, direitos ou rendimentos relatives 4 crianga ou ao adolescente. Paragrafo unico. Em se tratando de adogéo, observar-se-40 também os requisitos especificos. Temos, contudo, algumas especificidades: (i) Na hipétese de adocdo, devemos observar, além dos requisitos acima, as regras especificas relativas 4 matéria, que j4 fora estudada (ii) Hipéteses em que o pedido de adogdo pode ser formulado diretamente em cartorio: * pais falecidos * pais suspensos ou destituidos do poder familiar Nesse caso, sera necessaria a apresentacdo dos documentos necessarios, sem que seja preciso constituir advogado Veja: Art. 166. Se os pais forem falecidos, tiverem sido destitu/dos ou suspensos do poder familiar, ou houverem aderido expressamente ao pedido de colocacéo em familia substituta, este poder ser formulado diretamente em cartério, em peticao assinada pelos préprios requerentes, dispensada a assisténcia de advogado. Se 0s pais concordarem com a coloca¢ao da crianca ou adolescente em familia substituta, eles serao ouvidos pela autoridade judiciaria e pelo representante do Ministério Publico, tomando-se por termo as declaracées. Note que o ECA estabelece que a audiéncia deve ser designada no prazo de 10 dias a contar do 16 DirEITOS HUMANOS PARA A PM-DF curso em teoria e exercicios protocolo da peticao ou da entrega da crianca em juizo como forma de agilizar o procedimento. Acerca do consentimento > nao pode ser por escrito > deve ser tomado apés o nascimento > € retratavel até a publicacéo da sentenca e o arrependimento pode ser exercido no prazo de 10 dias a contar da prolagao da sentenca. Em ato continuo, o juiz julgara a ago, declarando a extingao do poder familiar. Confira: § 1° Na hipdtese de concordanela dos pais, 0 juiz: (Redacao dada pela Lei n° 13.509, de 2017) 1 - na presenca do Ministério Piblico, ouviré as partes, devidamente assistidas por advogado ou por defensor publico, para verificar sua concordancia com a adocao, no prazo maximo de 10 (dez) dias, contado da data do protocolo da peti¢éo ou da entrega da crianca em julzo, tomando por termo as declaracées; € (Incluido pela Lei n® 13.509, de 2017) II - declarara a extinc&o do poder familiar (Incluido pela Lei n® 13.509, de 2017)§ 12 Na hipétese de concordancia dos pais, esses seréo ouvidos pela autoridade judiciaria 2 pelo representante do Ministério Piblico, tomando-se por termo as declaracées. § 28 O consentimento dos titulares do poder familiar sera precedido de orientacées e esclarecimentos prestados pela equipe interprofissional da Justica da Infancia e da Juventude, em especial, no caso de adogao, sobre a irrevogabilidade da medida § 3° S&o garantidos a livre manifestaco de vontade dos detentores do poder familiar @ 0 direito ao sigilo das informacées. (Redacéo dada pela Lei n® 13.509, de 2017) § 4° O consentimento prestado por escrito NAO teré validade se nao for ratificado na audiéncla a que se refere 0 § 10 deste artigo. (Redacao dada pela Lei n° 13.509, de 2017) § 5° O consentimento 6 retratavel até a data da realizacao da audiéncla especificada no § 10 deste artigo, @ os pais podem exercer o arrependimento no prazo de 10 (dez) dias. contado da data de prolac&o da sentenca de extinc&o do poder familiar. (Redac&o dada pela Lei n° 13.509, de 2017) § 6% O-consentimento somente tera valor se for dado apés 0 nascimento da crianca § 70 A familia natural e a familia substitute receberdo a devida orientacdo por intermédio de equipe técnica interprofissional a servico da Justica da Inféncia e da Juventude, preferencialmente com apoio dos técnicos responsaveis pela execugao da politica municipal de garantia do direito 4 convivéncia familiar. (Redacéo dada pela Lei n° 13.509, de 2097) A colocacao em familia substituta somente se opera na hipétese de no haver condi¢ées para manutencao da crianga ou do adolescente na familia de origem, natural ou extensa. Por determinacao do Juiz, admite-se a realizacao de estudo social para avaliar a colocagao da crianca em familia substituta, inclusive na modalidade provisoria para se aferir a adaptabilidade e os beneficios a crianga. O art. 167 do ECA trata da realizagao do estudo interdisciplinar a ser realizado pelo SAI. 7 DirEITOS HUMANOS PARA A PM-DF curso em teoria e exercicios Art. 167. A autoridade judiciéria, de oficio ou @ requerimento das partes ou do Ministério Publico, determinara a realizagéo de estudo social ou, se possivel, pericia por equipe interprofissional, decidindo sobre a concesséo de guarda proviséria, bem como, no caso de adogéo, sobre o estagio de convivéncia. Paragrafo Unico. Deferida a concessao da guarda proviséria ou do estagio de convivéncia, a crianga ou o adolescente seré entregue ao interessado, mediante termo de responsabilidade. Com a apresentagao do estudo, sera ouvida a crianca ou o adolescente, se possivel e, apés, determina-se a oitiva da crianga e do adolescente no prazo de 5 dias. Art. 168. Apresentado o relatorio social ou 0 laudo pericial, © ouvida, sempre que APOS A APRESENTACAO DO ESTUDO INTERDI SCI PLINAR (estudo social) sitiva da crianga/ adolescente se possivel svista a0 MP no prazo de 5 dias +decisao no prazo de 5 dias © art. 169 determina que a destituigdo de tutela ou perda/suspensdo do poder familiar € pressuposto para colocacdo em familia substituta. Ja o art. 170 ele prevé que na concessao da guarda e tutela devem ser observadas as regras da tutela e, em relac&o a concessdo da guarda, ela podera ser modificada ou revogada a qualquer tempo desde que por decisao judicial, ouvido previamente 0 MP. Veja: Art. 169. Nas hipéteses em que a destituicSo da tutela, a perda ou a suspenséo do poder familiar constituir pressuposto légico da medida principal de colocagéo em familia substituta, seré observado 0 procedimento contraditorio previsto nas Segdes II ¢ II! deste Capitulo. Paragrafo unico. A perda ou a modificagéo da guarda poderd ser decretada nos mesmos autos do procedimento, observado o disposto no art. 35. Art. 170. Concedida a guarda ou a tutela, observar-se-4 0 disposto no art. 32, e, quanto a adog&o, 0 contido no art. 47. Paragrafo Unico. A colocagéo de crianca ou adolescente sob a guarda de pessoa inscrita em programa de acolhimento familiar seré comunicada pela autoridade judiciéria 4 entidade por este responsavel no prazo maximo de 5 (cinco) dias. Apuracao de Ato infracional Atribuido a Adolescente A apuracdo de ato infracional € um dos procedimentos especificos mais detalhados ao longo do ECA. Ele vem disciplinado entre os arts. 171 até o art 190. Dada a importancia da matéria, vamos, inicialmente, analisar os dispositivos com alguns comentarios objetivos e, em seguida, vamos efetuar uma linha do tempo simplificada 18 DirEITOS HUMANOS PARA A PM-DF curso em teoria e exercicios Primeiramente vocé deve a apreensao por forca de ordem judicial de apreensdo em flagrantes. O encaminhamento do adolescente a autoridade sera imediato e ocorrera da seguinte forma: por forga de ordem encaminhado a Juche autoridade judiciaria APREENSAO em flagrante encaminhado a autoridade policial Veja: Art. 171. © adolescente apreendide por forga de ordem judicial sera, desde logo, encaminhado a autoridade judiciaria. Art. 172. © adolescente apreendido em flaarante de ato infracional serd, desde logo, encaminhado 4 autoridade policial competente, Paragrafo Unico. Havendo repartic&o policial especializada para atendimento de adolescente @ em se tratando de ato infracional praticado em co-autoria com maior, prevaleceré a atribuigao da reparticéo especializada, que, apés as providéncias necessarias @ conforme o caso, encaminhara o adulto @ repartigéo policial propria. No caso de apreensao em flagrante, quando ha encaminhamento a autoridade policial, se o ato a ser apurador tiver sido cometido com violéncia ou grave ameaca a pessoa devem ser observadas as prescri¢des do art. 173 do ECA: Art. 173. Em caso de flagrante de ato infracional cometido mediante violéncia ou grave ameaca a pessoa, a autoridade policial, sem prejuizo do disposto nos arts. 106, paragrafo unico, @ 107, deveré: | - lavrar auto de apreenséo, ouvidos as testemunhas e o adolescente; 11 - aprender o produto ¢ os instrumentos da infracéo; Il - requisitar os exames ou pericias necessarios 4 comprovagdo da materialidade ¢ autoria da infracdo. Paragrafo unico. Nas demais hipdteses de flagrante, a lavratura do auto poderé ser substituida por boletim de ocorréncia circunstanciada. © art. 174 determina que apreendido o adolescente pela pratica de ato infracional, os pais sejam chamados para a pronta liberacao do adolescente (ou, no maximo, no dia seguinte se impossivel a liberacao imediata). Adicionalmente sera elaborado um termo circunstanciado Posteriormente a autoridade policial ira encaminhar os autos ao Ministério Publico para avaliar o ajuizamento de aco para apuracao da pratica de ato infracional. Art. 174. Comparecendo qualquer dos pais ou responsével, o adolescente seré prontamente iberado pela autoridade policial, sob termo de compromisso responsabilidade de sua apresentacao ao representante do Ministério Publico, no mesmo dia ou, sendo impossivel, no primeiro dia util imediato, EXCETO quando, pela gravidade do 19 DirEITOS HUMANOS PARA A PM-DF curso em teoria e exercicios ato infracional @ sua repercussao social, deva 0 adolescente permanecer sob internacao para garantia de sua seguranca pessoal ou manuteng&o da ordem publica. Se a autoridade policial entender que nao deve ser aplicada a regra (a liberacéo imediata do adolescente ao pais mediante termo de compromisso), havera imediato encaminhamento do adolescente ao Ministério Publico Confira os arts. 175 a 177: Art. 175. Em caso de NAO LIBERAGAO, a autoridade policial encaminharé, desde logo, © adolescente ao representante do Ministério Publico, juntamente com copia do auto de apreenséo ou boletim de ocorréncia § 1° Sendo impossivel a apresentacao imediata, a autoridade policial encaminharé o adolescente @ entidade de atendimento, que faré a apresentagéo ao representante do Ministério Publico no prazo de vinte e quatro horas. § 2° Nas localidades onde no houver entidade de atendimento, a apresentacéo far-se-4 pela autoridade policial. A falta de reparticdo policial especializada, o adolescente aguardaré a apresentacdo em dependéncia separada da destinada a maiores, néo podendo, em qualquer hipétese, exceder o prazo referido no paragrafo anterior. Art. 176. Sendo o adolescente liberado, a autoridade policial encaminharé imediatamente 20 representante do Ministério Piblico cépia do auto de apreenséo ov boletim de ocorréncia Art. 177. Se, afastada a hipdtese de flagrante, houver indicios de participacéo de . ; representante do Ministério Publico relatério das investigacdes e__demais documento: © art. 178 do ECA exige que o adolescente infrator nao seja considerado como um criminoso. Portanto, ndo podem ser conduzidos em veiculo policial fechado (leia-se camburao), que seja atentatério a dignidade ou que implique risco & integridade fisica ou mental Art. 178. O adolescente a quem se atribua autoria de ato infracional NAO poderé ser conduzido ou transportado em compartimento fechado de veiculo policial, em sondicées atentatorias a sua dignidade, ou que impliquem risco a sua integridade fisica ou mental, sob pena de responsabilidade. © art. 179 inicia outra parte do procedimento, prévio ao processo judicial. Se o adolescente nao for liberado, sera encaminhado imediatamente ao Ministério Publico, que fara a oitiva informal do adolescente, pais, vitima e testemunhas. Art. 179. Apresentado o adolescente, o representante do Ministério Piblico, no mesmo dia @ & vista do auto de apreensao, boletim de acorréncia ou relatorio policial, devidamente autuados pelo cartério judicial com informagéo sobre os antecedentes do adolescente, procederé Imediata e informalmente a sua oitiva 9, em sendo possivel, de sous pais ou responsavel, vitima e testemunhas. Parégrafo Unico. Em caso de ndo apresentacao, o representante do Ministério Piblico notificard os pais ou responsavel para apresentacdo do adolescente, podendo requisitar 0 concurso das policias civil ¢ militar. Apés a oitiva informal acima descrita, o MP pode tomar trés decisées: 20 DirEITOS HUMANOS PARA A PM-DF curso em teoria e exercicios APOS A OITIVA INFORMAL, O MP PODERA representar para a arquivar os autos conceder a remisséo apuragao do ato infracional Veja: Art. 180. Adotadas as providéncias a que alude o artigo anterior, o representante do Ministério Publico podera: | - promover o arquivam ento dos autos; 11 - conceder a remisséo- Il - representar a autoridade judiciéria para aplicacdo de medida sécio-educativa. No caso de arquivamento ou concessdo de remissdo, aplicamos o art. 181 do ECA: Art. 181. Promovido o arquivamento dos autos ou concedida a remissdo pelo representante do Ministério Publico, mediante termo fundamentado, que conteré o resumo dos fatos, 0s autos seréo conclusos a autoridade judiciaria para homologa¢ao. § 1° Homologado 0 arquivamento ov a remissdo, a autoridade judiciéria determinara, conforme 0 caso, 9 cumprimento da medida § 2° Discordando, a autoridade judiciaria faré remessa dos autos ao Procurador-Geral de ustige, mediante desoacho fundamentado, e-este oferecerérepresentacéo.designar# outro nistério Piblico para apresenté-le ov ratificaré o arquivam: Lemisséo, que sé entéo estara a autoridade judicidria obrigada a homologar. Nesses dois casos, 0 processo sera encaminhado a autoridade judiciaria para que ela promova o arquivamento. De posse do procedimento, o Juiz da Infancia e Juventude podera tomar as seguintes decisdes: % Homologar o arquivamento, se for 0 caso; % Homologar a concessdo da remisséo com exclusdo do processo, se concordar com a medida aplicavel. % Determinar o encaminhamento dos autos do procedimento ao Procurador-Geral de Justiga, caso n&o concorde com o arquivamento concedido. Nesse caso o PGJ podera a) oferecer a remissao ou apresentar a representacao; b) designar outro membro do MP para que ofereca a remissao ou apresente a remissao; ou ¢) insistira no arauivamento (caso em que o Juiz ficara vinculado). 21

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