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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DR (A) JUIZ (A) DA 11º VARA DO

TRABALHO DE APARECIDA DE GOIÂNIA-GO.

Protocolo n.º 2010.00.00.00.001


Reclamante: NATAL FERIADO NACIONAL
Reclamado: AMAZONAS DO BRASIL

AMAZONAS DO BRASIL, já qualificado nos autos, por seu advogado e


procurador, infra-assinado, nos autos da presente reclamação
trabalhista que lhe move NATAL FERIADO NACIONAL, vêm perante Vossa
Excelência, com o devido respeito, com fulcro na CF, CLT, CPC bem
como outras normas pertinentes, apresentar sua CONTESTAÇÃO

Pelos motivos de fato e de direito a seguir exposto:

I – SÍNTESE DA INICIAL:

O reclamante ajuizou a presente reclamação alegando que prestou


serviços ao reclamado, de 10/03/2009 à 07/08/2010, desempenhando a
função de Serviços Gerais, laborando na chácara do reclamado, onde
morou durante todo o período laboral.

Disse ainda que percebia a importância de R$ 510,00 mensais,


laborando das 08h às 18h, com duas horas de intervalo, de segunda
à sexta – feira, e , aos sábados, das 08h às 12h.

Alega também que não teve sua CTPS assinada, suas verbas
trabalhistas quitadas, razão pela qual, recorreu ao Poder
Judiciário.

Requer dessa forma, saldo de salário do mês de agosto de 2010,


Aviso Prévio, Férias vencidas e proporcionais, 13º proporcional,
FGTS com acréscimo da multa de 40%, bem como o recebimento do
seguro desemprego.

Requer ainda que, não quitando na primeira audiência as verbas


incontroversas, que a reclamada seja condenada a paga-las com
acréscimo de 50%, art. 467, CLT, bem como o benefício da
Assistência Judiciária.

II – DA VERASSIDADE DOS FATOS

Excelência, com a devida vênia, as alegações do reclamante não


passam de criações com o intuito de prejudicar o reclamado, que
sempre tratou com dignidade e respeito todos os seus funcionários.
Tanto é que, ao final de sua explanação, o reclamado irá
demonstrar que os fatos narrados pelo ex-empregado, que exercia a
função de empregado doméstico, são inverdades, não fazendo jus ao
recebimento das verbas pleiteadas.

O empregado foi contratado na data referida, para trabalhar como


empregado doméstico, na chácara do reclamado, onde morava,
desempenhando as funções de limpador do local, zelo, entre outros,
atinentes a função exercida, sendo dispensado, após cumprir Aviso
Prévio (avisado em 17/07/2010), por ter sido encontrado diversas
vezes embriagado.

Recebia um salário mínimo, sempre pago religiosamente em dia,


inclusive o saldo de salário que pleiteia, conforme recibo em
anexo. Todas as verbas inerentes ao empregado doméstico foram
pagas (saldo de salário, 13º salário, férias integrais e
proporcionais), conforme preceitua o art. 7º, parágrafo único da
Constituição Federal.

III – DO DIREITO

a) Da natureza do contrato de trabalho:

Conforme abordado no tópico anterior, o empregado exerceu a função


de empregado doméstico, não sendo regido assim pelo ditames da
CLT, sendo regulado então por lei especifica, qual seja a lei.
5.859/72, senão vejamos:

O reclamado é pessoa física que contratou o reclamante para única


e exclusivamente ser caseiro da Chácara quando este não ali
permanência, zelando pelo local.

Destarte, de acordo com art. 1° da referida lei, a atividade


laborada pelo reclamante encaixa perfeitamente como empregado
doméstico, vez que, é todo aquele que presta serviços, de natureza
contínua, à pessoa ou à família, no âmbito residencial destes,
desempenhando uma atividade sem fins lucrativos.

Assim, as relações jurídicas firmadas entre empregador e


empregado, no presente caso, devem ser regidas pela Constituição
Federal, art. 7º, parágrafo único, bem como pela lei 5.859/72 de
11 de dezembro de 1972.

b) Do Saldo de Salário e do Aviso Prévio

Ao rescindir o contrato, pelos motivos já declinados, o reclamado


recebeu seu saldo de salário, bem como já cumpriu aviso prévio,
vez que foi notificado em 17/07/2010, não fazendo jus ao
recebimento das verbas pleiteadas, conforme recibos em anexo.
c) Das férias e 13º salário:

Conforme documentação em anexo, as férias integrais e


proporcionais, bem como o 13º salário, restaram quitadas,
inclusive com adicional constitucional de 1/3, não havendo que se
falar em pagamento das referidas verbas.

d) FGTS com acréscimo de 40%:

Quanto ao pedido do reclamante concernente ao recolhimento do


FGTS, retornamos a mesma questão dos itens anteriores.

Em se tratando de empregado doméstico, o recolhimento do FGTS é


faculdade do empregador e não obrigação.

Assim, nunca tendo recolhido o FGTS em benefício do empregado


doméstico, não existe a obrigação pelo seu recolhimento e muito
menos o direito de reivindicá-lo.

Quanto ao pedido da multa de 40% deve-se novamente esclarecer que


a natureza da relação de trabalho firmado entre o reclamante e o
reclamado não gera este tipo de indenização.

e) Liberação das guias de seguros desemprego, outra vez, deve-se


analisar a natureza jurídica do contrato de trabalho.

Sendo um contrato de trabalho doméstico inexiste, a obrigação do


recolhimento do FGTS e, não tendo sido recolhido, por conseqüência
lógica, inexiste a obrigação de liberação das guias de seguro
desemprego.

Assim, o pedido retro, também deve ser julgado improcedente.

f) Multa do artigo 467, bem como do art. 477, §8º da CLT.

Pleiteia o reclamante a aplicação da multa do artigo 467 da CLT.


Contudo, o pedido retro deve ser considerado improcedente, tendo
em vista o aspecto: não se aplica o artigo 467 da CLT à categoria
e empregados domésticos. Quanto a multa do art. 477, §8º da CLT,
observa-se que não haverá incidência do mesmo, vez que todas as
verbas rescisórias foram quitadas, não havendo que se falar na
referida multa.

g) Do recolhimento previdenciário

Não obstante se tratar de questão estranha à lide, uma vez que não
se encontra dentre o rol de pedidos do reclamante, cumpre
ressaltar que o reclamado realizou o recolhimento de todas as
parcelas referentes ao período de 10/03/2009 a 07/08/2010.

h) Do beneficio da Assistência Judiciária gratuita

Não há como prosperar o pedido de justiça gratuita, vez que o


Reclamante não provou a necessidade de tal concessão, mesmo
porque, contratando profissional do direito, firmou contrato
oneroso, demonstrando sua capacidade econômica e financeira para
arcar com os custos do processo que certamente, corresponderá a
uma ínfima fração dos merecidos honorários que haverão de ser
pagos ao Douto Patrono de seu litígio.

i) Das provas

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito


permitidos, especialmente, pela prova testemunhal, e pelo
depoimento pessoal do Reclamante, sob pena de confissão, o que
desde já, “ad cautelam” fica expressamente requerido.

Ante o exposto, requer seja a presente ação julgada IMPROCEDENTE,


nos termos aduzidos na presente defesa, condenando o Reclamante
nas custas e demais cominações de direito.

Nestes termos,
Pede Deferimento.

Aparecida de Goiânia, 20 de setembro de 2010

Dimas Pinto de Faria Júnior


OAB XX.XXX

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