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- Revista EDUCAmazônia - Educação Sociedade e Meio Ambiente, Humaitá, LAPESAM/GISREA/UFAM/CNPq/EDUA –

ISSN 1983-3423 – IMPRESSA – ISSN 2318 – 8766 – CDROOM – ISSN 2358-1468 - DIGITAL ON LINE

Ano 10, Vol XVIII, Número 1, Jan-Jun, 2017, Pág. 168-188.

A experiência pedagógica no Ensino Superior em atividades de monitoria:


possibilidades de práticas de ensino, desafios e dificuldades na construção de saberes na
UFOPA

Rubens Elias da Silva


Gabriela Neves Lopes
Newton de Azevedo Viana
Darlisson Duarte Nogueira
Cintia de Sousa Malcher

INTRODUÇÃO

Este relato de experiência tem como objetivo compreender o Programa de


Monitoria implementado pela Universidade Federal do Oeste do Pará a partir da
percepção de docente e discentes envolvidos nas práticas educativas – entendidas na
acepção de Freire (2015), onde o ensinar e o educar se confundem – do ensino superior
através da monitoria. Entendemos que as relações sociais estabelecidas em contextos de
sala de aula – entre docente, monitores e “alunos” – fazem parte do processo de
construção de saberes, vistos aqui como um saber que vai além do pedagógico.
A educação brasileira de ensino superior passa por significativas
transformações no que tange o acesso, permanência e formação de profissionais das
mais diversas especialidades. De acordo com Bucci e Mello (2013), a ampliação e
democratização do acesso à educação superior no Brasil teve um crescimento
significativo, especificamente a partir de 2004. Segundo os autores, passou-se de 4,2
milhões de matrículas para 6,7 milhões, estimativa baseada no Censo da Edu ação
Superior do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira.
Para alcançar esses resultados, medidas como políticas deliberadas de reestruturação das
universidades federais, tais como aumento do número de vagas, oferta de cursos
noturnos, abertura de campus em cidades do interior, objeto do programa REUNI.
Transformações estas que podemos elencar numa horizontalização de acesso ao ensino
público de formação superior, com programas do Governo Federal, a exemplo das cotas
afirmativas para negros, indígenas, entre outros; a diversificação de formas de ingresso
no ensino superior como o ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio), PROUNI
(Programa Universidade para Todos) e SISU (Sistema de Seleção Unificada)
permitiram, grosso modo, uma unificação dos processos de seleção de candidatos em

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nível nacional. Tomando como empréstimo a ideia geral de Fischer (2011), podemos
afirmar que essas políticas públicas possibilitam a garantia de que as classes populares
tenham acesso ao ensino superior e condições de vivenciarem experiências concretas de
mobilidade social.
A UFOPA implementa e assegura as políticas de democratização e acesso à
educação superior no interior do Pará. Para alunos regulares, a forma de ingresso na
UFOPA dá-se através do ENEM; há o Processo Seletivo Especial voltado para
indígenas e quilombolas. Não nos reportaremos aqui aos entraves, problemas e desafios
que foram desencadeados pela transformação desses processos de seleção, no entanto,
os invocamos no sentido de reforçar a ideia de que a transformação das políticas
públicas de ensino superior oferece subsídios para repensarmos a prática de ensino na
esfera superior e dimensionarmos os novos desafios que a universidade passou a
enfrentar.
O Programa de Monitoria está imerso nessa reformulação das práticas
democráticas de acesso ao saber dentro das universidades brasileiras: é sabido o caráter
elitista das políticas educacionais historicamente dadas e culturalmente reforçadas por
discursos conservadores que, em certa medida, o ensino superior no país ao longo de
décadas ajudou a reforçar e legitimar desigualdades de acesso à universidade pública,
no mais das vezes baseadas no discurso da meritocracia. Importantes transformações
institucionais e culturais têm ocorrido na última década e o acesso à educação pública e
de qualidade tem sido a tônica dos programas de política pública do Governo Federal.
Ao longo desse relato de experiência podemos perceber a importância desse programa
por permitir a inserção do discente, na condição de aprendiz a docente, na produção de
conhecimento e saberes a cerca do ofício da docência do ensino superior, suas práticas
educativas e os métodos pedagógicos para atingi-las.

Metodologias

A metodologia empregada para a construção desse trabalho foi desenvolvida


no sentido de estabelecer um canal de diálogo entre o docente e os discentes que
vivenciaram a experiência de monitoria ao longo da vida acadêmica na Universidade

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Federal do Oeste do Pará, no período de 2014 e 20151. Foi desenvolvido um


questionário semi-estruturado de modo que os agentes consultados pudessem ter livre
expressão sobre a experiência de monitoria. As questões que foram focadas dizem
respeito à percepção dos discentes sobre a experiência pedagógica com o docente,
percepções sobre a didática e como essa ajudou na construção da experiência docente
nos discentes enquanto monitores, a relação docente-discente (monitor), as dificuldades
encontradas pelos monitores enquanto aprendizes do ofício de lecionar, a experiência
pedagógica experimentada por eles e, por fim, elencar questões que consideraram
relevantes e que o questionário não conseguiu diagnosticar e propor intervenções.
Tendo como espaço de investigação os relatos de experiências de monitores
do Instituto de Ciências da Sociedade da Universidade Federal do Oeste do Pará, esta
pesquisa visou compreender as percepções dos discentes, em experiência de monitoria,
a prática docente, o processo de ensino-aprendizagem e os saberes construídos em
contextos de sala, cuja referência nodal é a percepção subjetiva desses agentes sociais –
os monitores – em torno do processo de construção da prática docente na monitoria,
compreendidas nas suas dimensões intersubjetivas na organização do mundo social
(DEBERT, 2011). Convém ressaltar que a produção do conhecimento aqui exposto deu-
se de modo coletivo no sentido de os monitores enquanto interlocutores comunicarem
experiências de vida que vão além da trajetória enquanto discentes, tornando evidente o
desencobrimento de práticas e discursos (ESPINHEIRA, 2008) que dão sentido à
prática docente.
Foram contatados três discentes que participaram do projeto de Monitoria
(PROEN/UFOPA), através de correio eletrônico. Dentre eles, dois responderam e
acusaram o interesse de enviar o questionário semiestruturado sobre o processo de
ensino-aprendizagem ao longo do estágio de monitoria. Os dois discentes contatados
estão regularmente matriculados no curso de graduação em Antropologia e possuem
idade média de 26 anos, um do sexo masculino e outro, feminino. Um deles participou
da monitoria no período letivo de 2014.1 e o outro no período de 2015.1. O discente
orientado na monitoria no período de 2014.1 auxiliou no planejamento e execução de
atividades pedagógicas no módulo de Sociedade, Natureza e Desenvolvimento,

1
O discente que participou da monitoria de 2012.2 a 2013.1 não foi contatado ao longo do período em
que a pesquisa foi realizada.

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vinculado ao Centro de Formação de Interdisciplinar, desta IES. Este módulo, via de


regra, segundo Faria e Souza (2012, p. 8), busca
“proporcionar aos alunos a experiência com a multidisciplinaridade [...] para
que, a partir daí, possam avançar na compreensão da interdisciplinaridade
que caracteriza o modo pelo qual tais temas se relacionam uns com os outros
em todos os módulos”.

Além do que foi apontado acima, a proposta didático-teórica do módulo tem


como objetivo discutir as relações entre sociedade, natureza e desenvolvimento e suas
repercussões na vida em sociedade, cuja démarche proposta no plano de curso contempla o
contexto amazônico (BENCHIMOL, 1999; CANCELA, 2012; SILVA ET AL, 2014; SILVA E
SIMONIAN, 2014; WEINSTEIN, 1993). Sendo assim, o módulo contempla discussões em áreas
disciplinares cujo vetor é a busca de um diálogo interdisciplinar (MORIN, 2010), quais sejam,
economia, arqueologia, geografia, antropologia; problemas decorrentes da apropriação,
dominação e usufruto da natureza, no binômio sociedade urbano-industrial (PICOLI, 2006;
SAUER; ALMEIDA, 2011) e as sociedades denominadas tradicionais (ARRUDA, 2000; CASTRO,
2000; DIEGUES, 2000; FRAXE, 2004); o conceito de sustentabilidade e linhas teóricas em
sociologia ambiental (HANNIGAN, 2009; LEFF, 2009; LENZI, 2006).

O discente orientado no período 2015.1 ajudou no planejamento e execução de


atividades pedagógicas na disciplina efetiva de Teoria Sociológica II do curso de graduação em
Antropologia, unidade vinculada ao Instituto de Ciências da Sociedade. Esta disciplina busca
discutir as teorias sociais contemporâneas, como o interacionismo simbólico e o processo de
surgimento de instituições totais (GOFFMAN, 1974), a teoria da estruturação (GIDDENS, 2009;
1991), conceitos de campo, habitus e reprodução (BOURDIEU, 1997; 2011), a sociologia da
forma (SIMMEL, 2004), os conflitos sociais e as lutas por reconhecimento no Estado Moderno
(HONNETH, 2003), além, claro, da perspectiva sociológica em diálogo com a filosofia histórica
de Michel Foucault, de ordem descontinuísta (FOUCAULT, 2007; 1977; 1999).

A percepção dos discentes acerca da experiência de monitoria

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O relato dos discentes foi organizado em forma de texto narrativo, respeitando a


fluência da linguagem escrita como forma de expressão do pensamento. Com isso, a linguagem
cotidiana e usual dos mesmos foi respeitada, sem a intervenção dos autores, com o intuito de
respeitar os padrões culturais de linguagem dos discentes e serviu, inclusive, como importante
ferramenta para a análise hermenêutica da narrativa escrita.

Relato 1

O Professor trabalha com uma excelente didática, na qual, o mesmo acaba


aflorando o desejo do saber cada vez mais sobre o determinado assunto. Tive a
excelente oportunidade de ser monitora da turma de Teoria Sociológica, módulo
ministrado pelo exemplar professor Rubens Elias, e com ele tive a oportunidade de
conhecer melhor sua didática de trabalho. Além de claro, de ajudar-me em como me
expressar melhor dentro de sala, e me orientando da melhor maneira possível no
decorrer da monitoria. O professor trabalha com dinâmicas dentro de sala de aula, em
cima da bibliografia trabalhada. A monitoria ajudou-me bastante para o
desenvolvimento de uma melhor oratória para o público, assim como também a assistir
de perto como um professor com excelente didática prepara sua aula. A relação
professor-monitor era estabelecida da melhor maneira possível, ele como um exemplar
profissional, que orientou-me de como agir, comportar, debater dentro de sala de aula.
Assim, como também foi um amigo, me ajudando com bibliografias. A falta de uma
melhor estrutura, ou melhor, um acompanhamento mais próximo para os indígenas,
que no ingresso desses alunos na UFOPA, não está sendo devidamente assistida de
perto como deveria ser. Isso acaba gerando um desconforto muito grande no professor,
pois, o não domínio do português pelos indígenas, muitas vezes acaba deixando o
professor com dificuldades no progresso do módulo. Dessa forma, desde o ingresso dos
indígenas na UFOPA deveria haver um acompanhamento mais assistido para esses
alunos, que na maioria das vezes são os maiores prejudicados. A relação professor
aluno e de muito respeito, isso dar-se pelo profissional competente e dedicado que tive

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a honra de ganhar um pouco mais de experiência. A relação professor monitor dava-se


de maneira esplêndida, pois, havia confiança de minha parte no profissional que me
orientava, da mesma forma que ajudava-me nos momento de dificuldades que foram
muitos. Foi um aprendizado que levarei por toda minha carreira acadêmica,
profissional. Ministrei uma aula com total assistência do professor Rubens Elias.
Trabalhei um texto de Michel Foucault chamado "O Nascimento da Medicina Social",
tendo aparato de slides para nortear minha apresentação. Sempre assistida pelo meu
monitor, que no final da apresentação oral fez suas contribuições. O material que
utilizei foram os indicados pelo professor no andamento do módulo, e em cima dele e
das dificuldades apresentadas pelos alunos, principalmente, dois alunos indígenas que
precisavam de um acompanhamento mais assistido, montei meu cronograma de
atendimento aos alunos, assim como também contribuições dentro de sala de aula. Um
dos pontos importantes que precisa ser revisto e o do acompanhamento dos indígenas.
Na monitoria enfrentou uma dessas dificuldades, com dois alunos indígenas dentro de
sala, com pouco domínio do português, acabava tornando difícil que esses alunos
acompanhasse a disciplina como os demais. Claro que sempre há os colegas que
acabam agregando esses alunos para suprir um pouco essa necessidade. Talvez se
desde o ingresso desses alunos na universidade houvesse um acompanhamento mais
assistido, essa dificuldade poderia ser controlada, pois, essa dificuldade acaba criando
desânimo no aluno. E na maioria das vezes até mesmo o abandono e reprovação em
algumas disciplinas.

Relato 2

A experiência pedagógica com o professor foi muito positiva. O docente


possui inspiração para atuar como professor, sempre incentivando seus alunos para
darem o melhor de si nos estudos, suas aulas são descontraída e com uma atmosfera
boa para o aprendizado. Nesse contexto a experiência pedagógica que tive durante a
monitória como o professor foi sem nenhuma dúvida uma das atividades que me
proporcionaram maior aprendizado no decorrer de minha estadia como discente na
Unidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA). O docente domina os preceitos
científicos que orientam a atividade educativa de modo a torna-las mais eficiente sendo

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um profundo conhecedor das técnicas de ensinar, pude perceber que o professor se


encaixa na perspectiva Paulo Freire de ensinar, onde o professor não é alguém que é o
dono da verdade e sim um orientador eficiente para seus alunos que podem atingir
níveis intelectuais imagináveis no decorrer da vida acadêmica. Segundo Paulo Freire
“conhecimento não se transfere, conhecimento se constrói”. A monitoria acrescentou
como experiência pedagógica a prática em sala de aula, quais os desafios que a todo
instante os docentes são submetidos, levando em consideração que o monitor se
encontra em certa medida numa posição privilegiada para fazer essa observação no
decorrer das atividades. Sempre com um bom diálogo estabelecido antes ou depois das
aulas, algumas atividades eram solicitadas pelo docente e cumpridas pelo monitor
sempre obedecendo aos quesitos do edital 001/2014 – Seleção de bolsista para o
programa de monitoria acadêmica do Centro de Formação Interdisciplinar (CFI) nas
abrangências da disciplina Sociedade, Natureza e Desenvolvimento (SND). A
dificuldade de compreender a proposta de interdisciplinaridade da UFOPA, pois pelo
que pude observar esta abrange um leque muito amplo de conhecimentos que em certa
medida se perde em si mesma, deixando deficiências evidentes a serem sanadas pelos
docentes que precisam ser super-herói para apaziguá-las. Neste quesito me coloco
como monitor e alunos que fez esse percurso acadêmico dentro da universidade. Outras
situações que apareceram no decorrer da monitoria não são entendidas como
dificuldades mais sim desafios a serem superados. Um profissional criativo com
bastante desenvoltura e conhecedor do que faz. Eu aprendi que um bom professor é
aquele que se entrega de braços abertos à docência mesmo sabendo que há riscos de se
magoar como em toda paixão humano há flores e espinhos, as flores são os alunos
dedicados que concluem a disciplina com boas notas e entusiasmados para outras que
com toda certeza virão, os espinhos é a total desatenção e desrespeito por parte de
certos seguimentos governamentais responsáveis pela educação da nação brasileira.
Houve momentos de aulas práticas sempre orientadas e supervisionadas pelo docente
ministrante da disciplina, bem como preparação de material pedagógico obedecendo
desta forma o inciso IV, alíneas “a” e “b” do edital nº 001/2014-PROEN/DE e projeto
de monitoria do CFI. Quanto à descrição das atividades acima mencionadas podemos
elencar que as aulas ministradas foram o momento máximo da monitoria, pois
aguardava ansioso por essa oportunidade que desde as entrevistas para ingresso no

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programa já acenava o desejo de um dia ser professor, sendo essa oportunidade a


primeira experiência em nível de universidade. Quanto à preparação de material
pedagógico foi enriquecedor desenvolver essa atividade tanto no aspecto do
aprendizado, bem como, parar para pensar a rotina docente no dia a dia. A educação
indígena é um ponto delicado e que não foi tratado nos quesitos anteriores. Os
indígenas ingressantes no Centro de Formação Interdisciplinar I se sentem
desamparados, principalmente os que não têm o português como primeira língua, eu
testemunhei o desespero de alguns discentes em acompanhar os conteúdos. Precisa-se
pensar uma universidade onde há espaço para que todos, uma vez que a academia é
para ser o momento de inovação e de apontamentos de possíveis soluções de problemas
que ocorrem em nossa sociedade.

A percepção do docente acerca da experiência de monitoria

Relato 3

Em setembro de 2012 tive a primeira experiência com orientação a monitor. A


monitora era dedicada e de uma habilidade incrível para auxiliar-me nas atividades
pedagógicas. Tinha vindo de Itaituba para estudar geologia na Ufopa. Ela sempre preparava
materiais para a aula e era uma maravilha! Nem sempre eu tinha tempo de preparar os slides
para a aula e ela os fazia com muito capricho. Em 2013 sua monitoria foi encerrada. Fiquei
meio desolado porque o trabalho dela era muito bom, nunca tive problemas como horário,
desobediência. Já tinha ouvido muitos colegas de trabalho reclamarem do desempenho dos
monitores, como as faltas frequentes ao longo do semestre. Em 2014 o meu monitor era
dedicadíssimo, ajudou-me muito no módulo de SND, pois tenho pouca intimidade com a área
de arqueologia e ele, como aluno desse curso de graduação, deu uma aula inspiradora sobre o
processo de surgimento dos povos ameríndios a partir da aclamada tese da travessia do
Estreito de Behring. Os alunos prestaram bastante atenção à aula e percebi que o monitor tinha

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habilidade para lecionar e domínio de sala, características que considero fundamental na


prática docente. Acrescento ainda, a capacidade de dialogar com os alunos, instigar, tirar o
aluno da comodidade das coisas tacitamente aceitas. O docente tem esse dever, como homem
das ideias: oferecer novas formas de interpretação do mundo e, a partir disso, surgir novas
formas de conhecimento. Em 2015 a monitora era do curso de graduação em Antropologia.
Dedicadíssima. Prestimosa. Atenciosa. Uma paciência que beirava a candura. E muito
inteligente. Chegava pontualmente às aulas, sempre preparava os materiais, sugeri leituras de
textos para melhorar seu entendimento da disciplina. Ela sempre estava a ler. Isso era ótimo!
Ela sempre lia os textos que eu utilizava como referência na sala de aula, sendo assim, ela
comentava o texto, auxiliava os alunos na construção do entendimento do texto. Era salutar e
estimulante tê-la em sala de aula na qualidade de monitora. Ao longo do semestre dei-lhe a
missão de preparar um plano de aula cujo conteúdo seria um autor de teoria social
contemporânea que ela se sentisse à vontade para lecionar, expor as ideias do autor. Entreguei-
lhe um modelo de plano de aula e ela na aula seguinte me trouxe o plano pronto. O autor
escolhido foi Michel Foucault. Em meados de maio, ela deu a aula sobre O Nascimento da
Medicina. Foi interessantíssimo esse momento: ela tinha absorvido bem as ideias do autor e
soube manejá-lo de modo que a apresentação do texto e das ideias foi bem compreendida
pelos alunos que interagiram ao longo da explanação. De uma simples aula transformou-se
numa troca salutar de ideias. Acredito na atividade docente. Leciono há mais de vinte anos e
sempre estou a descobrir novas habilidades em mim e trabalhar na UFOPA representa um
desafio e, ao mesmo tempo, uma oportunidade de poder trocar conhecimentos com os
discentes e me sentir útil à sociedade, pois acredito que toda produção de conhecimento é uma
produção social, coletiva. E, como toda produção social atrelada à produção intelectual e
simbólica, deve ter o imperativo de responder e estar consonante com as demandas sociais que
estão fora da sala de aula, mas que exercem pressão e inspiram novos conteúdos para serem
produzidos e debatidos. Há a questão dos discentes indígenas bilíngues. São etnias que tem a
língua portuguesa como segunda língua e que tem dificuldades de compreensão e redação de
textos em língua não-materna. Compartilho da angústia de meus monitores: é difícil defrontar-
se com alunos que possuem dificuldades para a compreensão de textos filosóficos, teoréticos e
que estou pouco habilitado para lidar com contextos de aula dessa natureza. Creio que muitos
docentes vivenciem essa mesma questão. Sou defensor de uma política educacional do ensino
superior que contemple essa demanda social que a universidade acolheu e que ainda apresenta
falhas pedagógicas. Nosso dever é corrigi-las.

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Monitoria e prática de ensino-aprendizagem

O Programa de Monitoria da UFOPA visa inserir o discente na experiência


docente. Consideramos fundamental a promoção desse programa porque estabelece
vínculos iniciais na vida do discente a respeito da dinâmica da prática docente e a
vislumbrar os desafios e dificuldades para construir uma prática educativa eficaz e
crítica para o bom funcionamento do processo de ensino-aprendizagem. Há o respeito às
diferenças culturais apresentadas dentro da Universidade e o "olhar" antropológico
promove essa diversidade. “O diferente” acaba gerando em primeiro momento o
estranhamento o que e muito bom para fazer uma análise no intuito de tentar
compreender os comportamentos, atitudes, pois acabamos deixando nossos valores pré-
concebidos no intuito de conhecer o outro dentre outros. O respeito a cultura alheia e
primordial para se estudar uma "nova" cultura. Acabamos muitas vezes deixando nossas
concepções precipitadas e através do olhar, do conhecer vamos indagando o
conhecimento ao novo.
A prática educativa baseada na autonomia do sujeito é açambarcada por
elementos constitutivos da compreensão da prática docente enquanto dimensão social da
formação humana (OLIVEIRA, 2015), ou, como nos diz Freire (2015), a prática
educativa assenta-se numa dimensão ética docente, cuja produção do saber não seja
mera transferência de conhecimento, mas criação de possibilidades para a produção e
construção de novos saberes. Entendemos, também, que a prática docente é a
construção de métodos de ensino que visam a aprendizagem de conteúdos e construção
de vivências que promovam a cidadania. Sendo assim, a prática docente está além da
inculcação e reprodução de conteúdos. Concordamos com as considerações de Moll
(2011) que, embora voltadas para a alfabetização de crianças com dificuldades de
aprendizagem, podem ser pensadas no contexto do processo de ensino-aprendizagem no
ensino superior. Para ela, é imprescindível a organização da sala de aula, visto como
locus precípuo de trocas de vivências focadas para a formação cidadã e escolar, dentro
de uma dinâmica de relações sociais horizontais e dialogais, condição percebidas em
trechos dos relatos anteriormente descritos:
“A relação professor aluno e de muito respeito, isso dar-se pelo profissional
competente e dedicado que tive a honra de ganhar um pouco mais de
experiência. A relação professor monitor dava-se de maneira esplêndida,
pois, havia confiança de minha parte no profissional que me orientava, da

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mesma forma que ajudava-me nos momento de dificuldades que foram


muitos. Foi um aprendizado que levarei por toda minha carreira acadêmica,
profissional” (Relato 1).
“A experiência pedagógica com o professor foi muito positiva, o docente
possui inspiração para atuar como professor, sempre incentivando seus
alunos para darem o melhor de si nos estudos, suas aulas são descontraída e
com uma atmosfera boa para o aprendizado. Nesse contexto a experiência
pedagógica que tive durante a monitória como o professor foi sem nenhuma
dúvida uma das atividades que me proporcionaram maior aprendizado no
decorrer de minha estadia como discente na Unidade Federal do Oeste do
Pará (UFOPA). O docente domina os preceitos científicos que orientam a
atividade educativa de modo a torna-las mais eficiente sendo um profundo
conhecedor das técnicas de ensinar, pude perceber que o professor se
encaixa na perspectiva Paulo Freire de ensinar, onde o professor não é
alguém que é o dono da verdade e sim um orientador eficiente para seus
alunos que podem atingir níveis intelectuais imagináveis no decorrer da vida
acadêmica. Segundo Paulo Freire “conhecimento não se transfere,
conhecimento se constrói” (Relato 2).
A sala de aula deve ser o locus de trocas de vivências e relações sociais
horizontais e dialogais, como enfatizamos anteriormente. Sendo assim, o docente
assume papel chave na promoção desse ambiente inspirador. No relato do docente,
podemos perceber a capacidade de despertar interesses nos discentes – enquanto
monitores – à atividade docente:

“Em setembro de 2012 tive a primeira experiência com orientação a


monitor. A monitora era dedicada e de uma habilidade incrível para
auxiliar-me nas atividades pedagógicas. Tinha vindo de Itaituba para
estudar geologia na Ufopa. Ela sempre preparava materiais para a aula e
era uma maravilha! Nem sempre eu tinha tempo de preparar os slides para a
aula e ela os fazia com muito capricho. Em 2013 sua monitoria foi
encerrada. Fiquei meio desolado porque o trabalho dela era muito bom,
nunca tive problemas como horário, desobediência. Já tinha ouvido muitos
colegas de trabalho reclamarem do desempenho dos monitores, como as
faltas frequentes ao longo do semestre [...] Em 2015 a monitora era do
curso de graduação em Antropologia. Dedicadíssima. Prestimosa. Atenciosa.
Uma paciência que beirava a candura. E muito inteligente. Chegava
pontualmente às aulas, sempre preparava os materiais, sugeri leituras de
textos para melhorar seu entendimento da disciplina. Ela sempre estava a
ler. Isso era ótimo! Ela sempre lia os textos que eu utilizava como referência
na sala de aula, sendo assim, ela comentava o texto, auxiliava os alunos na
construção do entendimento do texto. Era salutar e estimulante tê-la em sala
de aula na qualidade de monitora [...]Ao longo do semestre dei-lhe a missão
de preparar um plano de aula cujo conteúdo seria um autor de teoria social
contemporânea que ela se sentisse à vontade para lecionar, expor as ideias
do autor. Entreguei-lhe um modelo de plano de aula e ela na aula seguinte
me trouxe o plano pronto. O autor escolhido foi Michel Foucault. Em
meados de maio, ela deu a aula sobre O Nascimento da Medicina. Foi
interessantíssimo esse momento: ela tinha absorvido bem as ideias do autor
e soube manejá-lo de modo que a apresentação do texto e das ideias foi bem
compreendida pelos alunos que interagiram ao longo da explanação. De
uma simples aula transformou-se numa troca salutar de ideias” (Relato 3).

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Ainda para Moll (Ibidem), o espaço social e o tempo pedagógico devem


respeitar os processos pessoais de aprendizagem. Sendo assim, cada aluno possui um
repertório cultural – produzido e reproduzido pelo habitus – assentado num universo
cultural e econômico historicamente dado (BOURDIEU, 1999), que deve ser respeitado
e utilizado como ferramenta de aprendizagem na prática docente, como aponta o trecho
do relato a seguir:
“O professor trabalha com dinâmicas dentro de sala de aula, em cima da
bibliografia trabalhada. A monitoria ajudou-me bastante para o
desenvolvimento de uma melhor oratória para o público, assim como
também a assistir de perto como um professor com excelente didática
prepara sua aula. A relação professor-monitor era estabelecida da melhor
maneira possível, ele como um exemplar profissional, que orientou-me de
como agir , comportar , debater dentro de sala de aula. Assim, como também
foi um amigo, me ajudando com bibliografias” (Relato 1).

O estabelecimento do diálogo entre docente e discentes em contextos de sala


de aula foi apontado pelos dois interlocutores. A prática docente tem de ampliar o
diálogo – como estrutura de conhecimento – entre sujeitos cognoscentes, tornando a
aula num encontro intersubjetivo que busca o conhecimento (FREIRE, 2013):
“(...) aguardava ansioso por essa oportunidade que desde as entrevistas
para ingresso no programa já acenava o desejo de um dia ser professor,
sendo essa oportunidade a primeira experiência em nível de universidade.
Quanto à preparação de material pedagógico foi enriquecedor desenvolver
essa atividade tanto no aspecto do aprendizado, bem como, parar para
pensar a rotina docente no dia a dia” (Relato 2).

Nesse sentido, a prática de monitoria transcendeu o ofício de observar como


o docente leciona e passou a interpretar a prática docente e a reconhecer características
pessoais e profissionais do professor como ferramentas interessantes para a construção
de um ambiente escolar propício à troca de experiências:
Não há docência sem discência, as duas se explicam e seus sujeitos, apesar
das diferenças que os conotam, não se reduzem à condição de objeto um do
outro. Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender.
Quem ensina ensina alguma coisa a alguém (FREIRE, 2015, p. 25).

Ou como externam os relatos dos interlocutores abaixo:


“O docente domina os preceitos científicos que orientam a atividade
educativa de modo a torna-las mais eficiente sendo um profundo conhecedor
das técnicas de ensinar, pude perceber que o professor se encaixa na
perspectiva Paulo Freire de ensinar, onde o professor não é alguém que é o
dono da verdade e sim um orientador eficiente para seus alunos que podem
atingir níveis intelectuais imagináveis no decorrer da vida acadêmica.
Segundo Paulo Freire “conhecimento não se transfere, conhecimento se
constrói” [...]Um profissional criativo com bastante desenvoltura e
conhecedor do que faz. Eu aprendi que um bom professor é aquele que se
entrega de braços abertos à docência mesmo sabendo que há riscos de se

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magoar como em toda paixão humano há flores e espinhos, as flores são os


alunos dedicados que concluem a disciplina com boas notas e entusiasmados
para outras que com toda certeza virão, os espinhos é a total desatenção e
desrespeito por parte de certos seguimentos governamentais responsáveis
pela educação da nação brasileira” (Relato 2).
“O Professor trabalha com uma excelente didática, na qual, o mesmo acaba
aflorando o desejo do saber cada vez mais sobre o determinado assunto. Tive
a excelente oportunidade de ser monitora da turma de Teoria Sociológica,
módulo ministrado pelo exemplar professor Rubens Elias, e com ele tive a
oportunidade de conhecer melhor sua didática de trabalho. Além de claro,
de ajudar-me em como me expressar melhor dentro de sala, e me orientando
da melhor maneira possível no decorrer da monitoria. O professor trabalha
com dinâmicas dentro de sala de aula, em cima da bibliografia trabalhada. A
monitoria ajudou-me bastante para o desenvolvimento de uma melhor
oratória para o publico, assim como também a assistir de perto como um
professor com excelente didática prepara sua aula” (Relato 1).

Ao mesmo tempo, a supervisão da prática de monitoria efetuada pelo


docente contribuiu para o bom desempenho dos monitores. Acresce-se a isso, a
observação das habilidades e capacidades dos monitores fez com que o docente pudesse
despertar habilidades específicas dos monitores. Em outras palavras, o ofício do docente
em observar como o monitor comporta-se dentro da sala de aula, seus interesses e
inclinações serviu como ferramentas interessantes para ao despertar dos interesses
daqueles na atividade docente:
“Em 2014 o meu monitor era dedicadíssimo, ajudou-me muito no módulo de
SND, pois tenho pouca intimidade com a área de arqueologia e ele, como
aluno desse curso de graduação, deu uma aula inspiradora sobre o processo
de surgimento dos povos ameríndios a partir da aclamada tese da travessia
do Estreito de Behring. Os alunos prestaram bastante atenção à aula e
percebi que o monitor tinha habilidade para lecionar e domínio de sala,
características que considero fundamental na prática docente [...]Em 2015 a
monitora era do curso de graduação em Antropologia. Dedicadíssima.
Prestimosa. Atenciosa. Uma paciência que beirava a candura. E muito
inteligente. Chegava pontualmente às aulas, sempre preparava os materiais,
sugeri leituras de textos para melhorar seu entendimento da disciplina. Ela
sempre estava a ler. Isso era ótimo! Ela sempre lia os textos que eu utilizava
como referência na sala de aula, sendo assim, ela comentava o texto,
auxiliava os alunos na construção do entendimento do texto. Era salutar e
estimulante tê-la em sala de aula na qualidade de monitora” (Relato 3).

Como nos fala Freire (2013), a práxis educativa fundamenta-se na ação e


reflexão, inextricavelmente solidárias, estruturando-se mutuamente. Sendo assim, a
prática docente deve assentar-se em teorias de aprendizagem que, confrontadas com
dificuldades e desafios concretos, reformula-se, recria-se, a teoria e prática “caminham
juntas”.
“A monitoria acrescentou como experiência pedagógica a prática em sala de
aula, quais os desafios que a todo instante os docentes são submetidos,
levando em consideração que o monitor se encontra em certa medida numa

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posição privilegiada para fazer essa observação no decorrer das atividades”


(Relato 2).

Podemos, nesse momento, pensar o processo de mobilização e construção


de saberes como campo de profissionalização – externada na fala “já acenava o desejo
de um dia ser professor, sendo essa oportunidade a primeira experiência em nível de
universidade” – de professores e construção de saberes docentes (LOPES;
PONTUSCHKA, 2011). As reflexões acerca dos saberes docentes e prática cotidiana do
professor em contexto escolar (SHULMAN, 2005) abre novo espaço de discussão sobre
as relações mediadas entre docentes e monitores no ensino superior. O docente do nível
superior é, em tese, um especialista sobre determinado tema e que o monitor tem a
oportunidade de construir saberes e apontar novos desafios de aprendizagem para o
primeiro. Shulman (Ibidem) afirma ainda que os professores transformam em ensino os
conteúdos específicos que dominam; enfatiza, inclusive, que não é possível separar o
que se ensina do “como ensina”. Assim, aspectos de conteúdo e metodologia do ensino
inter-relacionam-se e a experiência aqui relatada externaliza essa dicotomia da prática
docente.
Os relatos dos monitores podem ser compreendidos como uma ferramenta
interessante para discutir o papel da docência e seu caráter mediador nas relações entre
discentes e comunidade. Além disso, estes relatos encetam a dimensão subjetiva da
prática de monitoria, uma vez que os mesmos, em contextos de sala de aula, atuavam
como aprendizes do ofício de lecionar, discentes e observadores eficazes da prática
docente de ensino superior. Com isso, podemos afirmar que a experiência de monitoria
é um mecanismo crucial para repensarmos a prática docente e estimularmos nos
monitores novas formas de interação em contextos de sala de aula e a pensar em novas
estratégias para facilitar a construção de saberes no processo de ensino-aprendizagem.

Desafios à prática docente na UFOPA: algumas considerações

As práticas pedagógicas não são construções definitivas e dadas. Elas


constroem-se ao longo da história, aperfeiçoam-se na medida em que a sociedade se
transforma e exige novas demandas em contextos educacionais socialmente situados. A
UFOPA foi criada e constituída dentro de um modelo interdisciplinar e, como toda

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mudança, causa certa instabilidade aos mais resistentes às transformações no que


concerne às políticas curriculares no Ensino Superior.
Convém destacar aqui que o interesse desse relato de pesquisa não é porfiar
uma crítica ou defesa do modelo interdisciplinar nesta IES, uma vez que fugiria da
intenção inicial que é compreender o Programa de Monitoria implementado pela
Universidade Federal do Oeste do Pará a partir da percepção de docente e discentes
envolvidos nas práticas educativas do ensino superior através da monitoria.
As ciências humanas e biológicas nas últimas décadas têm experimentado
uma voraz crítica sobre sua práxis científica a despeito da pretensa neutralidade e
objetividade científicas e a questão central a respeito do compromisso ético do cientista
em relação ao que ele produz enquanto tal. A crise das ciências disciplinares, cada vez
mais fragmentadas e particularizadas em seus recortes metodológicos, aponta-nos
quanto danoso é tentar explicar as dinâmicas do mundo da natureza e da sociedade sem
interrelacioná-los. As ciências sociais, a exemplo, em sua surgência, pouco se deteve
sobre a questão ambiental, embora possamos encontrar pulverizada em textos de Max
Weber e em seus intérpretes, uma severa crítica à ciência objetivista e o perigo da
crença no progresso da humanidade (PIERUCCI, 2003; SCHLUCHTER, 2011; SELL,
2013; SOUZA, 1997; WEBER, 1993); em Marx, a associação entre transformação
social com a transformação da relação humana com a natureza traz subsídios teóricos
para pensarmos, já nos seus escritos, numa perspectiva ecológica marxista da história
(FOSTER, 2010). No entanto, é preciso frisar, a questão ambiental emerge nas últimas
décadas do século 20 (LENZI, 2006).
Produzir conhecimento e fomentar uma educação baseada num saber
interdisciplinar tornou-se um imperativo moral e ético, cujos desdobramentos no Ensino
Superior podem ser sentidos na Europa, América do Norte e Austrália, desde disciplinas
modulares – como Sociologia Ambiental “Environmental Sociology” – até missões
institucionais de universidades ao redor do mundo (HANNIGAN, 2009). A UFOPA tem
experimentado cursos modulares – formações I e II – além de especializações e um
Doutorado com matriz teórica interdisciplinar. A compreensão da interdisciplinaridade
“dentro” da universidade ainda é incipiente, a começar pelo alunado que está pouco
habituado a lidar com uma grade curricular que viabiliza o qualitativo em detrimento do
quantitativo, descrita na fala a seguir:

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“A dificuldade de compreender a proposta de interdisciplinaridade da


UFOPA, pois pelo que pude observar esta abrange um leque muito amplo de
conhecimentos que em certa medida se perde em si mesma, deixando
deficiências evidentes a serem sanadas pelos docentes que precisam ser
super-herói para apaziguá-las” (Relato 2).

Dificuldade essa experimentada por docentes e discentes. A emergência do


debate sobre as relações entre sociedade e natureza, principalmente no contexto
amazônico – em que problemas relacionados ao acesso a terra, destruição dos solos e
das florestas para atividades como mineração, agricultura extensiva e pecuária, poluição
de igarapés e rios com lixo doméstico e industrial – torna-se urgente. Além disso, e não
menos importante, o risco iminente de culturas milenares perderem seus territórios para
interesses econômicos externos, como povos indígenas, quilombolas, povos ribeirinhos,
comunidades pesqueiras somente redimensionam a problemática e equaliza a UFOPA
como agente de transformação e reflexão a respeito dessas demandas sociais travadas no
momento presente. Como lidar com essas dificuldades concretas? Não nos arriscamos a
responder aqui. Eis uma questão para a universidade refletir e pensar em possíveis
soluções.
A UFOPA avança em seu compromisso com o Oeste do Pará quando
promove a inserção de povos indígenas – historicamente inseridos em contextos
coloniais ou culturas bilíngues – ao acesso ao ensino superior. Dadas a dificuldades
apontadas pelos próprios indígenas em diversas reuniões e as falas relatadas aqui nesse
trabalho, podemos afirmar que a política de ação afirmativa da universidade precisa ser
repensada. Melhor: apresentar um projeto didático-pedagógico específico para discentes
indígenas bilíngues de modo que os integre de forma satisfatória aos conteúdos
curriculares dos cursos de graduação, especialização ou pós graduação em que estão
frequentando.
As dificuldades concretas enfrentadas pelos indígenas bilíngues em
contextos de sala de aula decorrem do pouco domínio com a língua portuguesa, o que
afeta no desenvolvimento da aprendizagem.
“A falta de uma melhor estrutura, ou melhor, um acompanhamento mais
próximo para os indígenas, que no ingresso desses alunos na UFOPA, não
está sendo devidamente assistida de perto como deveria ser. Isso acaba
gerando um desconforto muito grande no professor, pois, o não domínio do
português pelos indígenas, muitas vezes acaba deixando o professor com
dificuldades no progresso do módulo. Dessa forma, desde o ingresso dos
indígenas na UFOPA deveria haver um acompanhamento mais assistido
para esses alunos, que na maioria das vezes são os maiores prejudicados”
(Relato 1).

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“A educação indígena é um ponto delicado e que não foi tratado nos


quesitos anteriores. Os indígenas ingressantes no Centro de Formação
Interdisciplinar I se sentem desamparados, principalmente os que não têm o
português como primeira língua, eu testemunhei o desespero de alguns
discentes em acompanhar os conteúdos” (Relato 2).

“A falta de uma melhor estrutura” pode ser entendida como a ausência,


ainda, de um curso de preparação dos indígenas bilíngues a familiarizarem-se com a
segunda língua, infelizmente condição ainda fundamental para obterem sucesso ao
longo da carreira acadêmica. Esse desamparado, enumerado pelo relato 2, pode ser
compreendido como a falta de diálogo entre docente e discente. Primeiro, por conta da
falta de repertório cultural e competência linguística de ambas as partes para estabelecer
o diálogo na produção de saberes. Segundo, pela falta de uma relação afetiva ao longo
da produção do saber, preconizada por (FREIRE, 2015; MOLL, 2011), e seriamente
redimensionada pelas barreiras culturais de ambas as partes. Dentro da universidade um
dos maiores problemas enfrentados e com relação aos indígenas, a universidade deve
"olhar" para essa necessidade já que um de seus patamares a integração e a
interdisciplinaridade dos alunos. Muitos desses alunos oriundos de aldeias acabam não
acompanhando os alunos. Esse ponto e um dos essenciais no desenvolvimento
intelectual do aluno indígena. Precisa-se de melhores "estruturas" funcionais para estes.
Os monitores, juntamente com o docente, procuraram encontrar soluções
para as dificuldades de ensino e aprendizagem vivenciadas pelos indígenas bilíngues,
como leituras acompanhadas e produção de texto após a leitura inicial. Os discentes
oriundos do Processo Seletivo Regular também ajudam nesse processo. A princípio,
estimulando aqueles discentes a participarem das conversas, das atividades de sala, a
conversar. Aprender a ter fluência na língua portuguesa, como nos diz a fala: “Claro
que sempre há os colegas que acabam agregando esses alunos para suprir um pouco
essa necessidade”, extraída do Relato 1.
Um dos monitores nos ajuda a refletir sobre essa questão dentro da UFOPA.
É interessante frisar como a produção do conhecimento a partir deste relato de
experiência – o que é fundamental para a universidade, como campo de produção de
conhecimento e de realização de uma autocrítica criativa – ofereceu-nos a oportunidade
de, além de ouvir (ou ler, quiçá seja) um discente em experiência de monitoria, aprender
com ele a respeito das dificuldades pedagógicas enfrentadas pela UFOPA:

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“Precisa-se pensar uma universidade onde há espaço para que todos, uma
vez que a academia é para ser o momento de inovação e de apontamentos de
possíveis soluções de problemas que ocorrem em nossa sociedade” (Relato
2).

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Recebido em 20/3/2017. Aceito em 20/6/2017.

Sobre os autores e contato:


Rubens Elias da Silva - Professor Adjunto do Programa de Antropologia e Arqueologia
do Instituto de Ciências da Sociedade Universidade Federal do Oeste do Pará. Vice-
coordenador do curso de graduação em Antropologia. Doutor em Sociologia pelo
Programa de Pós Graduação em Sociologia da Universidade Federal da Paraíba.
Docente permanente dos Programas de Pós-graduação Interdisciplinar em Sociedade,
Ambiente e Qualidade de Vida (PPGSAQ) e Mestrado em Ciências da Sociedade
(PPGCS) da UFOPA. E-mail: mytheores@yahoo.com.br

Gabriela Neves Lopes - Discente do curso de graduação em Antropologia do Instituto


de Ciências da Sociedade da Universidade Federal do Oeste do Pará. E-mail:
gabyneveslopes17@gmail.com
Newton de Azevedo Viana - Discente do curso de graduação em Antropologia do
Instituto de Ciências da Sociedade da Universidade Federal do Oeste do Pará. E-mail:
meekuci@gmail.com
Darlisson Duarte Nogueira - Discente do curso de graduação em Informática
Educacional do Instituto de Ciências da Educação da Universidade Federal do Oeste do
Pará. E-mail: darlissonduarte@hotmail.com
Cintia de Sousa Malcher - Discente do curso de graduação em Pedagogia do Instituto de
Ciências da Educação da Universidade Federal do Oeste do Pará. E-mail:
cintiamalcher_stm@yahoo.com.br

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