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FILOSOFIA E
COMPORTAMENTO
Copyright © dos Autores
Capa:
Marcelo Pinto Pacheco
Revisão:
Bento Prado Júnior
Lúcia Prado
José W. S. Moraes
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A presentação............................................................................... 7
PARTE I
ARQUEOLOGIA DO BEHAVIORISMO
PARTE II
CONCEITOS BÁSICOS DO BEHAVIORISMO RADICAL
PARTE IV
PSICOLOGIA E METAFÍSICA
Bibliografia
1. Astruc, J. (1736) “ An simpathia partium a certa nervorum positura in interno sen-
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M OVIM ENTO M USCULAR E COM PO R TA M EN TO 31
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vol. II, 221-233.
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23. Vandelli, D. (1756) “ Epistola de sensibilitate...” in Fabri, vol. II.
24. Vandelli, D. (1757) “ De sensibilitate et irritabilitate” , epistola II, in Fabri.
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26. Whytt, R. (1764) Observations o f the nature, causes and cure o f those disorders
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27. Willis, T. (1670) “ De motu musculorum” ; in Opera Omnia (1681). (apud Cangui-
Ihem, 1955).
28. Willis T. (1681) “ Cerebri anatome” , in Opera Omnia (apud Canguilhem, 1955).
Empirismo e Psicologia
Péricles Trevisan
II
17 Schlick, Sentido e Verificação, trad, bras., col. Os Pensadores, vol. XLVI, Abril
Cultural, SP, pp. 162 e segs.
18 Schlick, P ositivism o e Realismo, pp. 99 e segs.
19 Supõe-se, sempre, ê óbvio, que os sujeitos em presença são seres humanos adultos e
“ normais” .
E M PIR ISM O E PSICOLOGIA 41
e também que:
37 Carnap, loc. cit., p. 192. Essa teoria será desenvolvida posteriormente em Founda-
tions o f the Unity o f Science, e deixada de lado com a publicação do ensaio “ The
Methodological Character o f Theoretical Concepts” (1956). A interpretação dos
estados psíquicos como disposições é encontrada em alguns psicólogos, como, por
exemplo, Bergmann (The Logic o f Psychological Concepts) e Tolman.
38 Sem dúvida provisória e explicável pelo estágio atual de nossos conhecimentos, con
forme argumenta Carnap: o avanço do conhecimento físico a respeito da estrutura
da matéria permite definir a temperatura de um corpo pela energia cinética de suas
moléculas e abandonar assim o conceito disposicional de temperatura (esta é agora
uma “ propriedade atual” ). É crível supor que o mesmo ocorrerá no que respeita aos
conceitos psicológicos (cf. Carnap, Psicologia em Linguagem Fisicalista, p. 192-
193).
39 Cf., a esse respeito, o livro de G. Ryle, The Concept o f Mind, cap. VI.
40 Esse aspecto será desenvolvido a obras posteriores, como em The Lógica! Founda-
tions o f the Unity o f Science.
A
EM PIRISM O E PSICO LO G IA ^ ^
III
41 Russell, The Analysis o f Mind, G. Allen and Unwin Ltd., Londres, 1956, p. 307
(trad, bras., A Análise da Mente, Zahar Editores, RJ, 1976, p. 228).
42 Essa crítica de Russell não atinge, como veremos, o aspecto puramente metodológico
do programa behaviorista.
43 “ Um dado é um dado tanto para a Física como para a Psicologia: é o ponto de
encontro das duas. Não é mental, nem físico, mas é parte da matéria bruta tanto do
mundo físico como mental” , Russell, Delineamentos da Filosofia, Ed. Civilização
Brasileira, RJ, 1969, p. 229.
44 “ Does ‘consciousness’ exist?” , in Essays in Radical Empiricism, Longmans, Green
and Co., 1912.
E M PIRISM O E P SICO LO G IA 53
45 James, op. cit. Cito a partir da edição brasileira (parcial) de Essays on RadicalEm pi-
ricism, publicada na coleção Os Pensadores, vol. XL, 1? edição, 1974, Abril Cultu
ral, SP, p. 102.
46 Russell, The A nalysis o f Mind, p. 25, (trad. bras., p. 20).
47 Idem, ibidem, p. 10 (trad. bras., p. 10).
48 Idem, ibidem, p. 97 (trad. bras., p. 78).
54 ARQ UEOLOGIA DO BEHAVIORISM O
58 The Analysis o f Mind, p. 141 (trad. bras., p. 106). Seria interessante, a respeito,
indicar a seguinte frase de Hume (A Treatise o f human nalure, I, 4, VI), após discu
tir exaustivamente as doutrinas a respeito da “ identidade pessoal” : “ Todas as ques
tões refinadas e sutis acerca da identidade pessoal sem dúvida não podem ser resolvi
das e devemos encará-las como dificuldades gramaticais e não como dificuldades
filosóficas” (p. 355 da tradução francesa de A. Leroy, editada por Aubier-Montaigne,
a partir da qual cito). Interessante também aproximar destes textos de G. Ryle, a res
peito da mesma questão (itens 6 e 7, “ O Eu” e “ O Sistemático Caráter Ilusório do
‘Eu’” , do cap. VI, “ Autoconhecimento” , de seu livro The Concept o f M ind).
59 The Analysis o f M ind, p. 144 (trad. bras., p. 108); cf. também, p. 131 (trad. bras.,
p. 98) onde Russell indica que é apenas teoricamente que podemos isolar uma sensa
ção daquilo que é devido à experiência passada. Assim, toda experiência real é uma
percepção; a sensação seria um “ núcleo teórico” nessa experiência.
60 Hume, Investigação acerca do Entendimento humano, trad. de A. Aiex, Companhia
Editora Nacional, SP, 1972, p. 16.
58 ARQ U EO LO G IA DO BEHAVIORISM O
69 Este fato não justifica, segundo Russel!, o abandono de observações que são priva
tivas de um só observador, como pretendia Watson, pois só através dessa observação
é que correlações desse tipo podem ser estabelecidas.
70 The Analysis o f Mind, p. 118 (trad. bras., p. 89). “ Os dados da Psicologia são os
fatos privados que não se acham muito diretamente ligados aos fatos de fora do cor
po, enquanto que os dados da Física são os fatos privados que têm uma conexão cau
sal muito direta com os fatos de fora do corpo” , Delineamentos da Filosofia, p. 185.
71 Correlativamente, como já foi indicado, o mundo material não é composto por áto
mos ou elétrons, mas por sensações.
EM PIRISM O E PSICOLOGIA 63
“ Algumas das questões que ela form ula são: Tal ciência é
realmente possível? Pode ela abordar qualquer aspecto do com
portam ento humano? Que métodos ela pode usar? Suas leis são
tão válidas quanto as da Física ou Biologia? Poderá ela condu
zir a uma tecnologia, e se tanto, qual será o seu papel nos assun
tos hum anos?” (Skinner, 1974, p. 3).
A filosofia da Psicologia form ulada por Skinner é comu-
mente denom inada “ behaviorismo radical” (Skinner, 1974),
opondo-se, por um lado, às Psicologias mentalistas e cognitivis-
tas e, por outro lado, ao “ behaviorismo metodológico” .
O behaviorismo metodológico guarda estreita afinidade
com o positivismo lógico e o operacionismo. Ele admite a exis
tência da consciência e de eventos mentais, mas propõe sua
exclusão das formulações científicas em virtude de sua subjetivi
dade e impossibilidade de observação direta. Como alternativa
ele propõe a formulação de leis relacionando o com portamento
observável aos eventos ambientais, também observáveis.' É claro
que esta posição só é admissível acom panhada de um pressu
posto adicional, reconhecendo que os eventos mentais podem
ser desconsiderados na seqüência causal, uma vez que são deter
minados por eventos ambientais antecedentes, de modo que
estes seriam, em última análise, os determinantes do com porta
mento observável, ou seja, num a seqüência estímulo evento
mental com portam ento, o elo intermediário poderia ser des
cartado, de modo que a formulação poderia limitar-se à seqüên
cia estímulo-comportamento, ou estímulo-resposta, sem perder
em precisão.
A alternativa proposta por Skinner, o behaviorismo radi
cal, é baseada em um pressuposto fundamental, sobre a natureza
dos eventos com os quais a Psicologia lida, do qual decorre uma
proposição sobre a natureza das causas do com portamento.
O behaviorismo radical assenta-se sobre a negativa ontoló
gica da existência de eventos imateriais, sem dimensões físicas,
que se passem em um m undo não-físico. Sua premissa básica é,
portanto, a de que só existem eventos materiais ocorrendo em
um universo físico. Isto não leva Skinner a descartar enunciados
sobre os eventos denominados mentais. Eles podem ser, em
alguns casos, reinterpretados como descrições de eventos físi
cos, ou de relações entre eventos físicos, enquanto em outros
casos devem ser tomados como metáforas. Grande parte da obra
recente de Skinner é uma tentativa de interpretar os eventos de-
CO N SCIÊN CIA E PRO PÓ SITO NO BEHAVIORISM O RA D ICA L 69
ra, e assim por diante. O com portam ento dos organismos é sen
sível a estas relações, desenvolvendo gradualmente um controle
por estímulos.
Um exemplo deste processo, freqüentemente citado por
Skinner, é a aprendizagem de nomes de cores por parte de crian
ças. Se a criança diz a palavra “ vermelho” em presença de um
objeto vermelho, ela geralmente terá como conseqüência uma
palavra ou sinal de aprovação por parte de um adulto. O mesmo
não ocorrerá se a palavra “ vermelho” for dita em presença de
um objeto não-vermelho. O reforço (palavra ou sinal de aprova
ção) segue-se à resposta (dizer a palavra “ vermelho” ) somente
quando esta ocorre em uma situação especial (presença de objeto
vermelho). Gradualmente a probabilidade desta resposta aumen
tará em situações similares e tenderá a diminuir em presença de
situações diferentes. Desta forma, no início a criança poderá
dizer “ vermelho” quando lhe for perguntada a cor de um obje
to amarelo, mas à medida que a criança vai sendo freqüente
mente exposta a situações em que é solicitada a nomear cores e é
aprovada ou corrigida em casos de acertos ou erros, a probabili
dade da ocorrência da resposta “ vermelho” tende a aum entar
na presença de objetos vermelhos, reduzindo-se virtualmente a
zero em presença de objetos não-vermelhos.
Portanto, de acordo com Skinner, uma formulação ade
quada das relações entre com portamento e ambiente deve levar
em conta três aspectos: 1) a situação ambiental na qual uma res
posta ocorre, 2) a própria resposta e 3) as conseqüências da res
posta. De acordo com Skinner, as inter-relações entre estes três
termos definem as contingências de reforço.
Skinner e seus colaboradores desenvolveram todo um pro
grama de pesquisa destinado a esmiuçar os diferentes tipos de
inter-relação entre com portamento e ambiente, mostrando que
diferentes tipos de contingências de reforço têm efeitos caracte
rísticos sobre o com portam ento dos indivíduos. (Veja-se, por
exemplo, Skinner, 1969, capítulos 1 e 5.)
A concepção de Skinner não é inteiramente original, reto
mando a “ lei do efeito” de Thorndike. A abordagem skinneria-
na tem também uma relação com a teoria darwiniana da seleção
natural. Nesta, uma formulação teleológica de evolução das
espécies é substituída por uma idéia de seleção das mutações
casuais mais favoráveis. A versão skinneriana também substitui
a explicação do com portamento voluntário por um a noção de
CO N SCIÊNCIA E PRO PÓ SITO NO BEHAVIORISM O RA D ICA L 75
A CONSCIÊNCIA SEGUNDO O
BEHAVIORISMO RADICAL
Stendhal, no qual Julien Sorel, para reforçar sua decisão de tocar a mão da sra.
de Renal, decide que o fará inapelavelmente antes que se completem as doze badala
das da meia noite. Se ao soar a última badalada ele não tiver realizado seu intento,
subirá ao seu quarto e se suicidará. De fato, ao soar a última badalada, Julien toca a
mão da Sra. de Renal. O professor Cunha mostrava, com este exemplo, de que
modo um comportamento manifesto pode ser causado por um evento mental. Porém
a resolução de Julien pode ser entendida também como um comportamento enco
berto que, apoiado por um estímulo externo, tem uma função nas contingências de
reforço que mantêm o comportamento manifesto. A aplicação da teoria skinneria-
na depende criticamente da noção de comportamento encoberto que, em muitos
casos, praticamente substitui a idéia de evento mental. Esta noção, como muitos
conceitos na teoria skinneriana, tem pouco apoio experimental (ao menos até o
presente), mas tem a função de assegurar a coerência do cdifício teórico.
CON SCIÊNCIA E PR O PÓ SITO NO BEHAVIORISM O RADICAL 83
para descrever com precisão o que ele sente e, por outro lado,
como isto decorre da falta de um treinamento para realizar dis
criminações refinadas, o indivíduo na verdade não “ conhece”
com precisão o que ele está sentindo. O mesmo pode-se dizer do
conhecimento dos chamados estados subjetivos (Engelmann,
1978). O trabalho de Engelmann, em bora não tenha especi
ficamente este objetivo, revela como é problemática para o
indivíduo uma distinção sutil entre seus estados subjetivos. A
pessoa terá dificuldade em descrever o que sente, as descrições
serão, provavelmente inconsistentes de pessoa para pessoa e
haverá inconsistência também entre os diferentes relatos de uma
mesma pessoa. A comunidade verbal tem, certamente, muito
menos confiança neste tipo de relato: se alguém diz que “ está
desesperado” , podemos achar que ele talvez esteja exagerando;
talvez esteja apenas “ triste” ou então “ algo deprim ido” ou
quem sabe “ preocupado” ou “ angustiado” . Talvez ele esteja
querendo apenas atrair a nossa atenção. Se pouco depois o indi
víduo tentar suicidar-se, já não duvidaremos de seu relato ante
rior, porque este terá sido corroborado por um inequívoco
evento público. No entanto, os estados subjetivos são raramente
acompanhados por eventos públicos assim inequívocos, tornan
do difícil para o indivíduo distinguir entre eles, e tornando o seu
relato pouco confiável para a comunidade:
“ As deficiências que geram desconfiança pública levam,
no caso do próprio indivíduo, à simples ignorância. Parece não
haver meios pelos quais o indivíduo posso aperfeiçoar a referên
cia ao seu próprio com portamento a esse respeito. Isto é parti
cularmente mau, pois ele tem provavelmente inúmeras razões
para distorcer seu próprio relato para si mesmo” (Skinner,
1953, trad. de J. C. Todorov e R. Azzi, p. 151).
Concluindo, Skinner sustenta que o com portamento pode
ocorrer sem que o indivíduo tenha consciência dele, no sentido
de que a pessoa não se dá conta do que faz e não é capaz de rela
tá-lo para os outros ou para si própria. Entre estes com porta
mentos encontram-se os de ver, ouvir etc., os quais podem
ocorrer também na ausência dos objetos diante dos quais foram
adquiridos.
A comunidade verbal usualmente arranja contingências de
reforço especiais que levam o indivíduo a discriminar e relatar
seus comportamentos e, em alguns casos, variáveis das quais
eles são função. A comunidade verbal também arranja contin
CO N SCIÊN CIA E PR O PÓ SIT O NO BEHAVIORISM O RA D ICA L 91
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Skinner, materialista metafísico?
“ Never mind, no m atter” .
José Antônio Damásio Abib
3 Por fugir aos propósitos deste texto não vou tecer considerações sobre o conceito do
contingências de reforçamento. Não obstante, outros textos deste livro discorrem
sobre este conceito.
SKINNER, M A TERIALISTA M ETAFÍSICO? . 95
Não é certo que sempre onde existem pelo menos duas pessoas,
resta sempre a dúvida se nossas alegrias, tristezas e imagens não
desempenham um papel nas relações com o comportamento?
9 Cf. Richard Creel, op. cií., pp. 48-53, para uma discussão mais detalhada desta dis
tinção entre propriedade e entidade.
SKINNER, M A TERIA LISTA M ETAFÍSICO? . 99
seja nesse sentido que Skinner diz: “ Minha dor de dente é tão
física quanto minha máquina de escrever” .10 A dor, neste exem
plo, não é física no mesmo sentido da máquina. A dor é física
como produto ou propriedade da condição física do dente. O
ato de sentir é, portanto, um efeito físico do com portam ento e
das condições corporais, mas o ato de sentir não é causa do
com portamento. E neste ponto a posição de Skinner é clara
mente epifenomênica.
Do ponto de vista da causação, a relação entre o ato de
sentir e o com portamento é assimétrica, uma vez que o ato de
sentir é um efeito do com portamento mas não é causa dele.
Aqui cabe a questão: porque o ato de sentir não determina o
comportamento? É necessário entender o operacionismo de
Skinner. Para que se possa dizer que eventos privados ou públi
cos determinam o com portamento, é imprescindível que estes
eventos sejam observáveis, mensuráveis e manipuláveis. Mas
o ato de sentir é privado para sempre, logo, não pode ser obser
vado, medido ou manipulado. Além disto, Skinner sofre as
influências do pragmatismo filosófico que orientam seu inte
resse para a previsão e controle do com portamento. Mas, se o
ato de sentir não pode ser observado, medido ou manipulado,
conseqüentemente, as relações entre sentir e comportar-se tam
bém não podem ser observadas. Como é possível, então, fazer
previsão e controle do com portamento a partir da experiência
subjetiva, na ausência das leis experimentais necessárias? Não
obstante, pode-se argumentar da maneira seguinte: “ De que
modo é possível que o ato de sentir seja físico, e portanto faça
parte de um sistema físico, sem produzir efeitos físicos?” “ E, se
o ato de sentir produz efeitos físicos, como Skinner pode susten
tar que a experiência subjetiva é um epifenômeno?” Em bora ele
não negue que o ato de sentir produz efeitos físicos, estes efeitos
são de menor importância. O que ele nega efetivamente é que a
experiência subjetiva determine de forma importante o compor
tamento operante. Um pai pode ensinar seu filho a dizer “ estou
faminto” não porque o pai esteja sentindo o que a criança sente,
mas porque pode observar como ela come vorazmente. A crian
ça pode aprender a descrever seus sentimentos com alguma pre
cisão. Mas, argumenta Skinner, “ o caso não é sempre assim,
genéticas e ambientais atuam juntas para produzir um efeito conjunto” (op. cit.,
1974, p. 168). Conferir ainda capítulos 11 e 14 do A bout behaviorism e G. E. Zuriff,
“ Where is the agent in behavior?” Behaviorism, 1975, 3, pp. 1-21. O que está em
questão, portanto, não é o agente do comportamento na teoria de Skinner, mas, sim,
porque o ato de sentir não pode, em si, ser um determinante do comportamento —
do ângulo desta teoria.
15 B. F. Skinner, 1969, p. 228.
16 Richard Cree, op. cit., p. 34.
17 Owen J. Flanagan, Jr. “ Skinnerian metaphysics and the problem o f operationism” ,
Behaviorism, 1980, 8, p. 9.
102 CONCEITOS BÁSICOS DO BEHAV IORISM O RADICAL
:: Grifo meu.
23 B. F. Skinner, 1969, p. 248.
104 CON CEITOS BÁSICOS DO BEHAV IORISM O RADICAL
kS v
com portamento defronte-se com o problema da privaCidad
Isto pode ser feito sem que se abandone a posição básica do
behaviorismo. A ciência freqüentemente fala sobre coisas que
não pode ver ou medir” .26 Concluindo, o fato de que um autor
assuma que os dados da experiência subjetiva são da mesma
natureza que os da experiência física, externa, não implica neces
sariamente tom ar uma posição metafísica. Ouçamos Schlick
sobre a questão: “ A realidade que se deve atribuir aos dados da
consciência é absolutamente da mesma espécie que a que reco
nhecemos, por exemplo, aos fenômenos físicos. Na História
da Filosofia dificilmente se registra algo que tenha gerado mais
confusão do que a tentativa de designar como “ ser” autênti
co somente um dos dois. Onde quer que se empregue o termo
“ real” , o sentido da palavra é o mesmo” .27
Em segundo lugar é necessário examinar as posições explí
citas de Skinner sobre o materialismo filosófico, quando este é
utilizado para caracterizar a teoria do com portam ento operan
te. É surpreendente que filósofos e psicólogos omitam as propo
sições explícitas de Skinner sobre esta questão. As análises des
tes críticos têm-se resumido a passar da posição fisicalista de
Skinner para a inferência de um suposto materialismo metafí
sico. Além de esta inferência não parecer autorizada — seja pelas
motivações (empirismo, pragmatismo) que orientam o projeto
para o estudo dos eventos privados, seja pelas próprias expres
sões explícitas de Skinner, como vimos acima, ou ainda, pela
possível vinculação à tese do realismo empírico — a omissão das
teses explícitas de Skinner é grave. Pois, ainda que, por razões
óbvias, as teses explícitas de um pensador não se constituam no
único material para a análise de sua teoria, não deixam de ser
importantes na discussão da consistência de sua obra. Conside
rando-se as teses explícitas de Skinner sobre a questão, pode-se
dizer que, no mínimo, é problemática a tese de que o behavio
rismo radical, na versão skinneriana, é um materialismo metafí
sico. Quando Skinner diz no Contingências de Reforçamento
que a palavra matéria perdeu sua utilidade, esta não é sua pri
meira manifestação sobre a questão. No Comportamento dos
Organismos ele discorre sobre o tema sustentando que “ o ma
terialista, reagindo a um sistema mentalista, provavelmente não
2S Grifo meu.
29 B. F. Skinner, The behavior o f organisms, Nova York, Appleton-Century-Crofts,
1938, pp. 440-441.
30 B. F. Skinner, 1969, p. 247.
31 Cf. G. E. Zuriff, “ Ten inner causes” , Behaviorism, 1979, 7, pp. 1-8, para um exame
lúcido da questão.
SKINNER, M A TERIA LISTA M ETAFÍSICO? . 107
1 A pud Paul Meehl “ On the circularity o f the law of Effect” . Psychological Bulletin.
1950, 47, 52-75.
112 CON CEITOS BÁSICOS DO BEHAVIORISM O RADICAL
II
III
INTRODUÇÃO
O PA PEL DA APRENDIZAGEM NA
ABORDAGEM ETOLÕGICA
4 Ao contrário do que é suposto pelos biólogos, como W ilson, Moser, Blum etc., que
trataram do mesmo problema.
128 PRED ETERM IN A ÇÃ O E EX PE R IÊ N C IA
A PROPOSTA DE HINDE
5 Aliás, os dados apresentados por Bernadette Chauvin (1976) dem onstram ampla-
mente que o papel da aprendizagem é enorme na dinâm ica do com bate entre os esga-
na-gata.
ETO LO GIA E BEHAVIORISM O 129
6 Não estamos querendo dizer aqui que estas devam ser necessariamente aquelas desco
bertas pela Análise Experimental do Com portamento, de orientação skinneriana.
E TO LO G IA E BEHAVIORISM O 131
Primeira
7 Na verdade não se trata, aqui, de um exemplo escolhido ao acaso, mas de uma descri
ção — brevíssima — de uma experiência vivida.
8 Com o é bem possível que tenha de fazê-lo, se algum dia voltar a Veneza, depois de
tantos anos. A inda nesse ponto meu com portam ento não difere, senão quantitativa
mente, do com portam ento da saúva.
134 PRED ETERM IN A ÇÃ O E EX PE R IÊ N C IA
Segunda
9 Nessas circunstâncias, haveria “ habituação” à luz, como o term o foi definido por
R azran (1971, citado por Fantino e Logan, 1979): “ aprender o que não fazer” . Diría
mos que, dada a variabilidade ou desorganização implicada no estímulo “ direção da
luz” , que m uda constante e bruscam ente, ele não contém inform ação ou, em outras
palavras, não pode exercer controle sobre o com portam ento do anim al. A luz que
m uda aleatoriam ente pode equivaler à “ ausência de luz” para a aprendizagem do
caminho.
10 Estes dados podem ser encontrados na m inha tese, defendida em 1978.
E tO L O G IA E BEHAV IOR ISMO 135
CONCLUSÃO
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ETO LO GIA E BEHAVIORISM O 139
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Herança social e herança biológica:
a Sociobiologia1
Lúcia Prado
II
III
“ O poeta é um fingidor,
que finge tão completamente,
que acaba por sentir que é dor
a dor que deveras sente.”
IV
VI
1 A leitura dos ensaios de José A. Dam ásio Abib e Júlio César C. de Rose — presentes
neste volume — deveriam levar-me, se houvesse tem po, a m atizar as oposições impli
cadas em m inha conclusão. Com surpresa, percebi que a análise skinneriana da visão
e da imaginação está m uito mais próxima (se podemos apreciá-la em seu laconismo)
das de Ryle, de Sartre, de Espinosa e de toda a tradição d a Metafísica, do que daquela
esboçada por Freud, desde o início de seu trabalho.