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Veja mentiras comuns em currículos e como elas são

descobertas
Candidatos costumam mentir sobre formação, cursos e experiência.
Especialistas dizem que existem métodos para descobrir falsas informações.

Informações falsas ou exageradas nos currículos são prejudiciais tanto para o candidato,
que acaba sendo desmascarado e eliminado da seleção, como para as empresas, pois
tornam os processos seletivos mais demorados e mais caros. Recrutadores ouvidos pelo
G1 dizem é possível detectar as mentiras na entrevista ou no momento de checar as
informações com as referências apresentadas pelo candidato.

O hábito de maquiar qualificações para conseguir uma colocação no mercado de


trabalho pode custar até mesmo cargos de alto escalão, como ocorreu no grupo
americano Yahoo. No último domingo (13), a empresa comunicou a saída do diretor
geral Scott Thompson, após ele ter sido acusado por um dos principais acionistas do
grupo de ter incluindo entre as informações um falso diploma em ciências da
computação (veja mais informações no vídeo do Bom Dia Brasil acima).

Veja no que os candidatos mais mentem


1º) Formação acadêmica
2º) Fluência em idioma estrangeiro
3º) Falsa experiência na área
4º) Acréscimo de atribuições no cargo
anterior
5º) Supervalorização dos últimos cargos
6º) Salário anterior
7º) Tempo de permanência na última empresa
8º) Diploma em curso de informática
9º) Participação em trabalhos voluntários
10º) Garantia de mobilidade e flexibilidade
11º) Estado civil
12º) Idade
Fonte: Trabalhando.com

“Já aconteceu de buscarmos um profissional com inglês fluente e na hora que ele
precisou fazer uma entrevista no idioma por telefone com alguém da matriz da empresa
não conseguiu se comunicar minimamente. Isso é constrangedor tanto para o
entrevistador quanto para o próprio candidato”, afirma Renato Grinberg, diretor-geral da
Trabalhando.com e autor do livro “A estratégia do olho de tigre”.

Segundo ele, mentir pode trazer problemas graves para o entrevistado. “Em alguns
casos um recrutador pode aprovar um candidato que não tenha todas as qualificações
exigidas para a vaga com a ideia de que ele possa desenvolver tal habilidade. Porém, se
descobrir uma mentira, esse candidato será não só eliminado do processo seletivo em
questão, mas de qualquer outro processo daquela empresa”, explica.
De acordo com pesquisa realizada pela Trabalhando.com, as mentiras que os candidatos
mais contam se referem aos seguintes assuntos, em ordem decrescente de importância:
formação acadêmica, fluência em idioma estrangeiro, falsa experiência na área em que
deseja atuar, acréscimo de atribuições no cargo anterior, últimos cargos
supervalorizados, salário anterior, maior tempo de permanência na antiga empresa,
curso de informática, participação inexistente em trabalhos voluntários, garantia de
mobilidade e flexibilidade, estado civil e idade.

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Outra pesquisa, realizada pela empresa de recrutamento especializado Robert Half,


revela que para 42% dos executivos responsáveis por recrutamentos, os candidatos
exageram nas informações do currículo. As experiências profissionais atuais e
anteriores apresentam o maior índice de exagero nas informações (48%). Os outros
pontos nos quais os candidatos mais exageram são o conhecimento de línguas (46%) e
as razões de deixar o trabalho atual/antigo (42%). Ao mesmo tempo, o levantamento
mostra que o primeiro ponto de atenção dos executivos ao receber um currículo recai
sobre a experiência profissional (36%), seguido das qualificações profissionais (29%).

Selo de autenticidade
De olho no “mercado de informações falsas em currículos”, uma empresa criou um selo
de autenticidade. A empresa de recursos humanos Currículo Autêntico, especializada
em auditorias de títulos e competências de currículos, utiliza uma ferramenta de
apuração para verificar se as informações fornecidas são verdadeiras. Por enquanto, o
serviço é oferecido apenas a candidatos interessados em obter o selo de autenticidade
para seus currículos.

Eles se cadastram no site, submetem o currículo ao processo de auditoria,


disponibilizam os documentos que comprovam os títulos, indicam os nomes e telefones
que chancelam as competências. Mas o serviço é pago: R$ 99 pela autenticação, válida
por um ano. Por cada atualização durante este ano, o candidato paga R$ 12,90. Os
sociofundadores são filiados à Associação Brasileira de Recursos Humanos, seccional
do Rio de Janeiro.

“De cada dez currículos que chegam às empresas, quatro têm informações
supervalorizadas e outros dois têm dados falsos. Se um currículo é autêntico tem
prioridade e economiza tempo e dinheiro às empresas”, diz o sociofundador Leonardo
Rebitte. A empresa pretende futuramente oferecer o serviço para as empresas, auditando
os currículos recebidos.

Veja o ranking das mentiras mais comuns e como elas podem ser desmascaradas
1 - Idiomas
Alguns profissionais entendem que colocar a língua estrangeira no currículo é essencial para
serem chamados para a entrevista. Mas um simples teste oral na hora da entrevista ou logo nos
primeiros meses após ser contratado revelam a mentira.
Veja o ranking das mentiras mais comuns e como elas podem ser desmascaradas
2- Cursos
Profissionais citam cursos que foram realizados dentro da empresa onde trabalhavam, porém,
ao buscar evidências, seja através de certificados ou entrando em contato diretamente com a
empresa citada, nota-se que não foi bem assim.
3- Formação
É comum a colocação de títulos de graduação ou pós-graduação concluídos, quando na verdade
os cursos ainda estão sendo realizados ou foram trancados. O que não é muito comum, mas
também ocorre, é a falsificação de títulos e certificações. Ao checar as informações com as
instituições de ensino, constata-se a mentira.
4- Competências
Muitos profissionais supervalorizam qualidades e atribuições como “coordenei e gerenciei
recursos e fornecedores”, mas na verdade participavam apenas como convidados ou ouvintes.
Um telefonema para a antiga empresa revela que não é verdade.
5- Período em que trabalhou para a empresa
É unânime entre recrutadores olhar quanto tempo um profissional permaneceu em uma
determinada empresa para saber se trata-se de um profissional problemático ou assediado por
outras empresas, seja por maiores salários ou novos desafios. No ponto de vista dos
profissionais, mentir sobre o tempo que dedicou a uma única empresa é sinônimo de
estabilidade, logo, pode ser visto como uma pessoa não problemática. Mas isso pode ser
checado com a antiga empresa.
6- Motivos de saída da empresa
Para o recrutador, conhecer o motivo pelo qual um profissional saiu da empresa é relevante
para entender os objetivos e personalidade do candidato. O que geralmente acontece é o
profissional ter sido demitido, e na entrevista, diz que saiu por livre e espontânea vontade. Mas
isso pode ser checado com a antiga empresa por meio de um telefonema.
7- Salários
"Vou jogar o valor para cima para cair na hora da negociação". Os profissionais precisam
entender que o currículo é cronológico e leva consigo o histórico da vida profissional, não
adianta mentir sobre o quanto ganhava na empresa anterior se o salário não constar em carteira.
Os recrutadores entram em contato com o RH que o contratou anteriormente.
8- Referências
Referências são utilizadas para checar a veracidade das competências que estão no currículo.
Mas geralmente essas referências são amigos de trabalho ou parentes, o que enfraquece como
prova, pois pode ter sido previamente combinado. As empresas podem entrar em contato com o
setor de recursos humanos da empresa antiga ou pesquisar referências em sites de carreira
como o LinkedIn.
9- Endereço
Algumas empresas têm preferência por regionalizar seus profissionais para reduzir custos.
Sabendo disso, alguns profissionais adquirem serviços em casa de amigos e parentes para obter
um comprovante de endereço que seja aceito pela empresa. Mas a mentira pode vir à tona após
a contratação do empregado e causar sua demissão.
10- Idade, filhos e estado civil
Os profissionais entendem que algumas empresas com cargos que demandam viagens nacionais
e internacionais preferem e priorizam certos tipos de perfil. Mas documentos pessoais podem
desmentir as informações fornecidas.
Fonte: Currículo Autêntico
Ana Guimarães, gerente da divisão de mercado financeiro da Robert Half, diz que o
entrevistador não desconfia de tudo que é falado durante a entrevista, mas os exageros e
as mentiras podem ser flagrados nas respostas dos candidatos. “Se perguntamos a
carteira de clientes e a pessoa não sabe dizer, algum problema tem, se fala que é um
bom líder e não sabe dar exemplos de ações estratégicas, dificilmente ele seria um bom
gestor, se a vaga exige inglês e ele não sabe desenvolver uma conversa no idioma, já
sabemos que não é fluente”, exemplifica.

De acordo com ela, dependendo da vaga a ser preenchida, os exageros e as mentiras


descobertos na entrevista costumam eliminar os candidatos tanto quanto a falta de
qualificação.

“Os exageros são fatores cruciais na eliminação do candidato. Querer se vender demais,
dizer que faz e acontece causam desconforto na entrevista. E tudo é checado. Além
disso, o corpo fala, dá para perceber a mentira pela tensão, movimentação maior na
cadeira, a postura, as mãos inquietas. A pessoa que não tem nada para esconder conta
tudo de forma espontânea”, afirma.

Ela diz que não há nenhum tipo de exclusão pelo currículo. “Nós olhamos
principalmente a formação acadêmica, a experiência e o tempo de estabilidade nas
empresas”, diz. Segundo ela, se o currículo mostra que o candidato pulou muito de uma
empresa para outra em pouco espaço de tempo “acende a luz amarela”. “Aí na
entrevista vamos verificar o motivo de transição entre as empresas e pedimos
referências para comprovar as informações repassadas”, diz.

Ana afirma que é possível ainda verificar a veracidade de cursos realizados pelo tempo
de duração e também pela idade do candidato, por exemplo. “Vale mais colocar no
currículo uma pós-graduação ou um MBA bem feitos do que 10 cursos que não
agregam muito. Tem que deixar o currículo com qualidade”, diz Ana.

Soluções recomendadas
Renato Grinberg orienta que o candidato deve buscar suprir a deficiência que ele julgou
ter em seu currículo em vez de mentir. “Imagine que as vagas para as quais você
concorre requeiram inglês fluente, mas você só sabe o básico. Colocar no currículo que
possui conhecimento avançado não é uma boa ideia, pois será desmascarado facilmente
pelo entrevistador. Você não poderá colocar essa falsa informação a vida inteira, então
encare isso como uma oportunidade que bate à sua porta. Faça o curso e dedique-se”,
diz.

Outra dica de Grinberg é ressaltar os pontos mais relevantes no currículo, adaptando-o


para cada vaga. Caso o emprego seja para vendas, por exemplo, e a maior qualidade seja
relacionamento interpessoal ou habilidade de persuasão, essa é a primeira coisa que
deve ser destacada no resumo profissional, abaixo dos dados pessoais. “Mesmo que não
tenha experiência, deixe claro que tem força de vontade e capacidade para tal”. Segundo
ele, se o candidato achar que a pós-graduação é mais relevante para o cargo do que a
experiência em outra área, o curso deve vir primeiro, após o tópico formação
profissional.

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