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Protozoários que se encontram em transição para a vida parasitária, sendo as infecções humanas
recentes e de baixa prevalência, contudo, potencialmente mórbidas;
Possuem elevada resistência ao meio, podendo sobreviver 8 meses nele devido à formação de cistos;
São resistentes a pH ácido (3,9) e elevadas concentrações de Cl (40 mg/L), bem como à ação de
luz ultravioleta.
Os principais gêneros em destaque são Acanthamoeba, Balamuthia, Naegleria e Sappinia;
Hábitat:
Acanthamoeba: águas de lagos e rios (trofozoítos); solo seco ou poeira (cistos);
Naegleria: lagos, piscinas e brejos;
Balamuthia: solo contaminado.
Morfologia:
Acanthamoeba: trofozoítos acantapódios; núcleo com nucléolo grande; não apresenta forma
flagelada;
Naegleria: trofozoítos lobópodes (únicoo pseudópodo lobópode); nucléolo bem proeminente,
núcleo sem cromatina.
NAEGLERIA FOWLERI
Dor de cabeça, febre baixa, resfriado 3 dias após penetração do parênquima febre alta, vômitos,
cefaleia intensa, rigidez de nuca 7 dias após penetração do parênquima coma e morte
Diagnóstico:
A dificuldade de diagnóstico (especialmente com meningite) é um dos principais potencializadores
da letalidade;
É de fácil detecção ao líquor, que torna-se turvo, indicativo de processo inflamatório intenso, e
com alta concentração de proteínas e baixa de glicose;
A análise do líquor deve ser feita a fresco, procedendo-se com cultura em ágar soja;
Os trofozoítos podem ser visualizados em líquor fresco, cultura ou ainda no tecido cerebral.
Tratamento: envolve administração de elevadas doses de anfotericina B intratecal ou endovenosa.
ACANTHAMOEBA SP.
Adentra o SNC pela mesma maneira de Naegleria fowleri ou por meio de lesões previamente ocorridas
(no caso de Acanthamoeba, não há destruição pelo sistema complemento);
Diferentemente de Naegleria, forma cistos teciduais;
Acomete principalmente indivíduos imunocomprometidos (CD4 < 200 cel/mm3), o que a torna um
microrganismo oportunista;
Um dos primeiros indicadores da imunossupressão é a aparição de candidíase oral.
É difícil a diferenciação da espécie pela morfologia, sendo necessárias técnicas de PCR e identificação
de genótipos patogênicos, como T4 e T5, causadores de ceratite em indivíduos imunocompetentes;
Possuem algumas estruturas características, como amebóstoma, filópode, membrana quadrangular
dentro do cisto;
Sua disseminação hematogênica, além de estar associada ao acometimento do SNC também pode
ocasionar lesões de pele, rins, pulmões, ouvidos, etc;
Encefalite amebiana granulomatosa: lesões focais que podem se confluir ou não; a sintomatologia
depende da área lesada;
Há presença de leucócitos morfonucleados no infiltrado, bem como de granuloma;
Pode ser uma infecção crônica, permanecendo latente e assintomática por até um ano;
A evolução, diferentemente de Naegleria, é lenta e variável.
Diagnóstico: é de difícil detecção a partir do líquor, sendo mais fácil a partir da análise do conteúdo
das lesões, especialmente as de pele;
A dificuldade de diagnóstico a partir do líquor reside no caráter focal das lesões, de modo que elas
podem não estar em contato com espaços liquóricos, a menos que confluam até eles;
O líquor, entretanto, encontra-se não purulento, com presença de células mononucleares, glicose
normal ou baixa e aumento de proteínas totais; pode se fazer tentativa de cultura de ágar soja; em
caso de lesões multifocais e difusas, o resultado poderá ser positivo.
Tratamento:
A administração do medicamento leva ao encistamento da ameba, que desencista após a retirada
da administração;
Assim, o tratamento é difícil e prolongado, podendo levar mais de um ano;
Uso de pentamidina, antimicóticos, sulfadiazina; não há medicamento único;
É resistente à anfotericina B.
Prognóstico: após detecção do quadro, a sobrevida é estimada em 30 a 40 dias;
Ceratite:
Opacificação da córnea, em quadro semelhante à infecção por herpes;
A transmissão envolve lesões prévias e/ou contaminação de lentes de contato;
Os sintomas e sinais podem ser precoces ou tardios;
Alguns genótipos são altamente patogênicos e podem infectar mesmo sem ter contato com o dedo,
isto é, por meio de penetração ativa;
Diagnóstico:
Processo inflamatório em forma de crescente; luz em fenda – lesão em anel no estroma;
Tardiamente, ocorre ulceração na córnea;
Fotofobia, dor (desproporcional à lesão interna), intolerância à lente de contato, quadro
crônico recidivo, lacrimejamento fluoresceína: colírio para verificação de extensão da
lesão epitelial;
A suspeita de ceratite por Acanthamoeba deve ser seguida de biópsia corneal precoce com
cultura do material, o que pode levantar esperança de um bom prognóstico.
Tratamento:
Brolene + neomicina + polimixina B + gramicidina, todos na forma tópica (colírio);
Em infecções severas, pode ser realizada ceratoplastia.
BALAMUTHIA MANDRILLARIS
Possui comportamento semelhante ao de Acanthamoeba, sendo um microrganismo oportunista;
A maioria das invasões de SNC ocorre em pacientes HIV/SIDA;
Acomete também imunocompetentes, principalmente crianças e idosos;
É encontrada principalmente no solo;
O meio de infecção é a transmissão nasal;
Seu processo patogênico envolve dermatites, pneumonias e disseminação hematogênica;
Normalmente, as lesões cutâneas precedem as cerebrais;
Pode simular uma micose sistêmica, além de ter caráter semelhante a infecções bacterianas.
Na forma mais severa, leva à encefalite granulomatosa, de evolução rápida, com morte de 3 a 40 dias;
No cérebro, os trofozoítos localizam-se próximos a vasos sanguíneos.
Diferentemente das outras amebas de vida livre, não cresce em ágar soja;
As lesões de pele são pleomórficas, podendo apresentar caráter nodular, ulcerativa, pustular, sem
padrão definido;
Diagnóstico:
TC e RM, com visualização de lesões focais;
Biópsias de cérebro e pele;
Pode apresentar dificuldades pela semelhança do quadro com o de Acanthamoeba, além de não
poder ser diferenciada morfologicamente dela;
Diagnóstico diferencial para toxoplasmose, cisticercose e tuberculose;
Lesões cutâneas: diagnóstico diferencial para leishmaniose e esporotricose;
Baseia-se na utilização de técnicas de PCR e imunohistoquímica, bem como de meios de cultura
celulares.
SAPPINEA DIPLOIDEA
É semelhante à Acanthamoeba;
Ocasiona encefalite em imunocompetentes, com quadro de evolução crônica que dura meses;
Perda de consciência, náuseas e vômitos, fotofobia, visão borrada.
Diagnóstico:
RM: massa única, inflamação hemorrágica ou não, presença de parasitos;
Possui dois núcleos, característica evidente ao microscópio óptico.
PREVENÇÃO
Naegleria fowleri:
Tratamento de piscinas: sensibilidade ao Cl 1 mg/mL, limpeza do fundo das piscinas, controle do
número de usuários e diminuição da quantidade de matéria orgânica;
Evitar mergulho profundo em locais de risco.
Acanthamoeba e Balamuthia:
Prevenção difícil devido ao acometimento de pacientes imunodeprimidos;
Inspeção periódica de reservatórios de água quente e filtros de purificação e tubulações.
Ceratite:
Higiene de lentes de contato, uso de soluções estéreis, lavagem de lente em soluções após utilização
(nunca na água corrente), lavagem de mãos durante manuseio e evitar utilização durante prática de
esportes aquáticos.