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TESTES SUMATIVOS

TESTE 6 Os Lusíadas, Camões Unidade 5


sequência 3
TEXTO 1

A Guerra dos Tronos – A metáfora da imprevisibilidade humana


É difícil fugir do vício e do charme da saga dos romances e da série de televisão A Guerra dos
Tronos, do escritor americano George R. R. Martin. Resolvi ler os livros, ver os episódios e analisar
a trama e o resultado é que fui fisgado. Isso aconteceu menos pelos livros – com a sua narrativa
rebarbativa, lenta e desprovida de qualquer nesga de poesia –, mas ao assistir a vários episódios da
série de uma enfiada só. Quando a série estreou em abril de 2011, deixei passar muitos episódios e
só com a recente experiência de visionamento pude captar toda a grandiosidade da superprodução
criada por David Benioff e D. B. Weiss, com a fotografia magistral de Marco Pontcorvo, a banda
sonora hipnótica do compositor alemão Ramin Djawadi e as boas atuações do elenco liderado pelo
americano Peter Dinklage, no papel de Tyrion Lannister.
A Guerra dos Tronos espanta por vários motivos. Em primeiro lugar, pela ambição. É a série
mais cara da história da televisão mundial. Cada episódio custa uma média de 6 milhões de dólares,
um custo três vezes maior do que séries luxuosas, como Boardwalk Empire e Walking Dead. Usa
menos efeitos especiais do que paisagens dramáticas. É gravada em diferentes locais do mundo,
como Marrocos, Croácia, Islândia, Malta e Escócia.
A segunda razão de espantar reside no efeito folhetim, já que o espetador e a equipa de produção
embarcam num enredo cujo desenrolar não sabem aonde irá. A série é produzida quase ao mesmo
tempo que George R. R. Martin redige os livros – um pouco à maneira da saga Harry Potter. Os
filmes dependiam dos livros que J. K. Rowling ia escrevendo. George R. R. Martin começou a sua
heptalogia (pensada primeiramente como uma trilogia) em 1995 e ainda está escrevendo o sexto
volume – Ventos de inverno – para ser lançado no ano que vem e não tem data para concluir a saga,
com o sétimo volume, Um sonho de primavera. Isso causa inquietação em Benioff e Weiss. Eles
foram visitar Martin em Santa Fé para que ele desse alguma indicação da trama futura, mas
disseram que nem Martin sabe ainda o que vai acontecer.
Em busca de uma explicação mítica, muitos críticos e teóricos têm vasculhado os fundamentos
simbólicos e o infratexto de A Guerra dos Tronos. Alguns veem a saga como uma alegoria da luta
de poder – e associam o enredo a sangrentos conflitos dinásticos da Inglaterra medieval, como a
Guerra das Rosas (1455-1485). Outros afirmam que George R. R. Martin apresenta uma metáfora
puritana à decadência de valores do Ocidente contemporâneo – Westeros reflete os tempos
precários vividos agora pelo nosso planeta, órfão de Deus e dos valores que fundamentaram a
civilização. O festim desenfreado de cenas de sadismo – nos campos de batalha e nas camas de
palácios e prostíbulos – e a derrocada da ordem do poder feudal seriam uma versão do Apocalipse.
Nesse exercício de interpretação vejo o terceiro motivo para se surpreender com a heptalogia
martiniana. São muitas as leituras que o livro suscita, mas acho que a mais interessante está no
princípio da indeterminação que move as personagens e as suas ações. Martin foi o primeiro a dizer
que se inspirou no princípio na imprevisibilidade para arquitetar o seu enredo.
Aqui temos uma contribuição do escritor para a arte da narrativa popular: em vez de ele se pautar
por regras da tragédia grega ou por arquétipos do Bem e do Mal, forjou a tragédia desprovida da
interferência divina e de valores éticos e morais.
No caso de A Guerra dos Tronos, torna-se impossível prefigurar qualquer desenrolar de ações.
Martin rasura os modelos, como um menino que tem prazer de misturar os fantoches do seu teatro
particular. Não há bons e maus. Em vez deles, entram em cena homens repletos de misérias,

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precariedades e defeitos, que se digladiam em defesa das suas ambições mais inconfessáveis. Todos
são vilões, todos são heróis. E todos sem exceção vão morrer de uma maneira ou de outra, mas, em
geral, da forma mais sanguinária possível. O fascínio que A Guerra dos Tronos exerce sobre o
espetador é o do horror futuro, porque o futuro não está traçado.
Luís Antônio Giron, revista Época, 24.04.2014

GRUPO I
LEITURA

1. Para responder a cada um dos itens de 1.1 a 1.6, seleciona a opção correta.
Escreve o número de cada item e a letra que identifica a opção escolhida.
1.1 A introdução deste texto dá especial relevo
A. aos romances de A Guerra dos Tronos, do escritor americano George R. R. Martin.
B. à série televisiva e seus responsáveis nos diversos domínios de realização.
C. aos romances e aos episódios da séria televisiva.
D. ao enredo da saga de A Guerra dos Tronos.

1.2 A impressão causada no autor pela série televisiva manifesta-se no texto através
A. de frases longas e exclamativas.
B. de termos técnicos de difícil compreensão.
C. de nomes e adjetivos valorativos.
D. de informações objetivas.

1.3 A Guerra dos Tronos, de George R. R. Martin, foi inicialmente concebida como uma obra constituída por
A. três volumes.
B. cinco volumes.
C. sete volumes.
D. um número de volumes ainda por definir.

1.4 Quando cada nova série chega aos espetadores,


A. já o autor da obra começou a elaboração de novo volume da saga.
B. já a equipa de produção conhece o desenrolar e o desfecho de todos os episódios.
C. está a equipa de produção, quase em simultâneo, a conhecer o enredo, sem saber ainda qual
o seu desfecho.
D. já o autor do livro e a equipa de produção da série televisiva preparam os detalhes da
realização.

1.5 Embora reconheça várias leituras possíveis, o autor deste texto vê na saga de A Guerra dos
Tronos
A. uma alegoria da luta de poder.
B. uma metáfora puritana à decadência de valores do Ocidente contemporâneo.
C. uma versão do Apocalipse.
D. uma tragédia onde não há interferência divina ou valores éticos e morais.

1.6 De acordo com esta apreciação crítica, a nota dominante desta saga é
A. a imprevisibilidade.
B. a loucura das personagens.
C. a ausência de esperança.
D. os espaços grotescos.

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GRUPO II
EDUCAÇÃO LITERÁRIA

TEXTO 2
78 Um ramo na mão tinha… Mas, ó cego, 81 E ainda, Ninfas minhas, não bastava
Eu, que cometo1, insano e temerário, Que tamanhas misérias me cercassem,
Sem vós, Ninfas do Tejo2 e do Mondego, Senão que aqueles que eu cantando andava
Por caminho tão árduo, longo e vário! Tal prémio de meus versos me tornassem9:
Vosso favor invoco, que navego A troco dos descansos que esperava,
Por alto mar, com vento tão contrário, Das capelas10 de louro que me honrassem,
Que, se não me ajudais, hei grande medo Trabalhos nunca usados me inventaram,
Que o meu fraco batel se alague cedo3. Com que em tão duro estado me deitaram!

79 Olhaique há tanto tempo que, cantando 82 Vede, Ninfas, que engenhos de senhores11
O vosso Tejo e os vossos Lusitanos, O vosso Tejo cria valerosos,
A Fortuna me traz peregrinando, Que assi sabem prezar, com tais favores,
Novos trabalhos vendo e novos danos: A quem os faz, cantando, gloriosos!
Agora o mar, agora exprimentando Que exemplos a futuros escritores,
Os perigos Mavórcios4 inumanos, Pera espertar engenhos curiosos,
Qual Cánace5, que à morte se condena, Pera porem as cousas em memória,
N~ua mão sempre a espada e noutra a pena; Que merecerem ter eterna glória!
Os Lusíadas, Canto VII
80 Agora,com pobreza avorrecida,
Por hospícios6 alheios degradado; 1. me atrevo; 2. Tágides; 3. metaforicamente, a obra e a
vida do poeta; 4. de Marte, da guerra; 5. Cânace escreveu
Agora, da esperança já adquirida, ao irmão uma carta de despedida segurando com a outra
De novo, mais que nunca, derribado; mão a espada com que iria suicidar-se;
Agora, às costas7 escapando a vida, 6. regiões; 7. nas costas (junto das quais o poeta
Que dum fio pendia tão delgado, naufragara); 8. Ezequias, a quem Jeová concedeu quinze
dias de vida, após o dia em que deveria morrer; 9.
Que não menos milagre foi salvar-se
dessem; 10. coroas (destinadas a glorificar os poetas);
Que pera o Rei judaico8 acrecentar-se. 11. grandes senhores de Portugal.

LEITURA / ESCRITA

Responde às perguntas com clareza e correção, utilizando um discurso coerente e coeso.

1. Situa o excerto na estrutura externa e interna de Os Lusíadas.

2. Explica o sentido do apelo feito pelo sujeito poético, na estrofe 78, explicitando as razões por ele
apresentadas.

3. Expõe sucintamente o conteúdo das estrofes 79 e 80, referindo o seu caráter autobiográfico.

4. Explica o sentido dos vv. 5-8 da estrofe 82, relacionando-os com o conteúdo da estrofe anterior.

5. Fazendo apelo à tua experiência de leitura de Os Lusíadas, elabora um texto expositivo de oitenta a
cento e trinta palavras, no qual apontes três críticas e consequentes conselhos que Camões dirige
aos portugueses em finais de cantos de Os Lusíadas.

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LEITURA / GRAMÁTICA
6. Estabelece a correspondência entre as colunas, de forma a obteres afirmações verdadeiras.

Na expressão «que navego / Por alto mar, com introduz uma oração subordinada
1. vento tão contrário,» (est. 78, vv. 5 e 6), o conector substantiva completiva. a.
sublinhado
Na expressão «Que, se não me ajudais» (est. 78, introduz uma oração subordinada
2. v. 7), o conector sublinhado b.
adverbial final.
Na expressão «Que o meu fraco batel se alague introduz uma oração subordinada
3. cedo» (est. 78, v. 8), o conector sublinhado c.
adverbial consecutiva.
Na expressão «Que dum fio pendia tão delgado» introduz uma oração subordinada
4. (est. 80, v. 6), o conector sublinhado d.
substantiva relativa sem antecedente.
introduz uma oração subordinada relativa
e.
adjetiva explicativa.
introduz uma oração subordinada
f.
adverbial causal.

2. Considera a estrofe 81.


Estabelece a correspondência entre o predicado (A) e o respetivo sujeito (B).
(Repara que podes ter de repetir um ou dois dos sujeitos.)

PREDICADO (A) SUJEITO (B)


1. «Tal prémio de meus versos me tornassem»
a. «tamanhas misérias»
2. «me honrassem»
3. «Trabalhos nunca usados me inventaram» b. «aqueles que eu cantando andava»
4. «em tão duro estado me deitaram!» c. «capelas de louro»

GRUPO III

ESCRITA

EXPOSIÇÃO SOBRE TEMA


Tendo ou não como ponto de partida Os Lusíadas, de Camões, elabora um texto bem estruturado, com um
mínimo de 120 e um máximo de 150 palavras, no qual apresentes uma reflexão sobre a o papel da
literatura, do cinema, e da arte em geral, na consolidação da memória coletiva. Fundamenta o teu
ponto de vista, recorrendo às tuas leituras e ao teu conhecimento do mundo.

Grupo I I
COTAÇÕES 1. ................................................ 15 pontos
Grupo I 2. ................................................ 15 pontos
1. ........................... 5 pontos 3. ................................................ 20 pontos
2. ........................... 5 pontos 4. ................................................ 20 pontos
5. ................................................ 30 pontos
3. ........................... 5 pontos 6. .................................... (3 x 4) 12 pontos
4. ........................... 5 pontos 7. ...................................... (2 x 4) 8 pontos
5 ............................ 5 pontos --------------
6. ........................... 5 pontos 120 pontos
------------
30 pontos Grupo I II ..................................... 50 pontos

Total: ............................................ 200 pontos

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Teste 6 Os Lusíadas, Luís de Camões, p. 116

Grupo I

1.1 B; 1.2 C; 1.3 A; 1.4 C; 1.5 D; 1.6 A.

Grupo II

1. O excerto situa-se no final do canto VII e faz parte do plano das intervenções do
poeta, mais precisamente, da Invocação que o poeta faz às Ninfas do Tejo e do
Mondego (antes de Paulo da Gama explicar ao Catual o significado histórico das
bandeiras) seguida da crítica aos seus contemporâneos.

2. O sujeito poético pede ajuda às ninfas do Tejo e do Mondego para prosseguir a


sua difícil caminhada poética, justificando esse pedido com o receio de não
conseguir levar até ao fim tão árdua e contrariada tarefa.

3. Continuando a dirigir-se às Ninfas do Tejo e do Mondego, o poeta lembra-lhes


que há muito que canta Portugal e os portugueses, sempre enfrentando grandes
perigos, quer no mar, quer na guerra, e sempre exercendo o seu ofício de poeta.
Refere ainda outros aspetos biográficos, como a miséria passada longe da pátria, a
desesperança, o naufrágio que quase lhe tirou a vida.

4. Nos últimos quatro versos da estrofe 82, o poeta afirma, com ironia triste, que a
ingratidão de que ele tem sido vítima por parte dos senhores sobre os quais tem
escrito é um exemplo para os futuros escritores interessados em contar e eternizar os
feitos pátrios.

5. De entre as diversas críticas aos seus contemporâneos, poderão referir-se as


seguintes: falta de apreço pela cultura e a poesia; excesso de ambição e apego aos
bens materiais, ao dinheiro, ao ócio; abuso de poder e exploração do povo;
apagamento do

heroísmo, adormecimento da energia patriótica. Quanto aos conselhos, poderemos


referir, precisamente, a luta contra estes vícios: os portugueses devem pôr de lado a
cobiça e a tirania, devem ser justos e devem lutar, com dignidade, coragem e
desapego, pela pátria e pelo rei, retomando o espírito de cruzada dos seus
antepassados, de quem devem seguir o exemplo. Devem, enfim, pisar o verdadeiro e
árduo caminho da fama e da glória conseguida através do esforço, da abnegação, do
heroísmo desinteressado.

II

1.

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1. f; 2. c; 3. a; 4. e.

2.

1. B; 2. C; 3. B; 4. A (nulo subentendido)

Grupo III

Seguir a seguinte estrutura:

1.º Parágrafo – introdução (apresentação do tema proposto);

2.º Parágrafo – desenvolvimento: fundamentação – argumentos/exemplos;

3.º parágrafo – conclusão (iniciada por um articulador conclusivo: concluindo, em


conclusão, em suma, enfim…).

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