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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ___ª VARA DO TRABALHO

RECLAMAÇÃO TRABALHISTA

XXXXXXXXXXXXXXXXXXX, brasileiro, casado, administrador, residente e domiciliado na


Rua XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX, nesta capital, vem, por intermédio de seus procuradores (instrumento
procuratório incluso) com endereço de intimações na Rua Eliseu Martins nº 1294, sala 104, Edifício Oeiras, perante
V. Exa. interpor:

RECLAMAÇÃO TRABALHISTA,

Contra XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX, filial Teresina (PI), com sede na


avenida XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX, passando a expor fatos e fundamentos abaixo aduzidos:

I PRELIMINARMENTE

01. É a presente reclamação trabalhista promovida em face de


XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX, cuja denominação se deu em virtude da fusão realizada entre duas
empresas, XXXXXXXXXXXXXXXX e XXXXXXXXXXXXXXXXXXXX, através do Ato de concentração
n°08012.005846/99-12, junto ao CONSELHO ADMINISTRATIVO DE DEFESA ECONÔMICA CADE, Órgão do
Ministério da Justiça.

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II DA SINOPSE FÁTICA

02. O reclamante foi admitido pela reclamada em fevereiro de 1997, contratado, inicialmente,
para exercer o cargo de Gerente de Distribuidores, permanecendo nessa função até junho de 1999, quando foi
promovido para exercer o cargo de Gerente de Logística nas fábricas Antártica de Teresina e São Luís.
Desempenhou esta função até março de 2001, período esse em que foi abruptamente demitido sem justa causa.

03. A jornada de trabalho para o qual fora contratado era de 44 horas semanais, isto é, das 8:00
às 12:00 e das 14:00 às 18:00 horas de segunda a sexta-feira e aos sábados das 8:00 às 12:00 horas. Todavia,
esses períodos não eram obedecidos.

04. Durante o 1° período (02/97 a 06/99), em que laborou na função de Gerente de


Distribuidores, era submetido a uma jornada de trabalho das 7:00 às 22:00 horas, com intervalo de 30 (trinta)
minutos para almoço na própria fábrica (às vezes, almoçava em casa). Exercendo, em média, 07 (sete) horas
extras diárias. Ocorre que, freqüentemente, de quinta-feira a domingo, durante duas semanas no mês, a
jornada estendia-se até as 02:00.

05. Nesse interstício, é prudente externar, que o expediente na fábrica encerrava-se às 18:00
horas; porém, desse horário até as 22:00 horas, realizava atividades externas com recepção da equipe de vendas
nas revendas (18 20 horas), retornando à pdv (ponto de vendas) a rota diária e as visitas de rotina (20 22 horas).

06. Em relação ao 2° período (06/99 a 03/01), quando o reclamante passou a desempenhar a


função de Gerente de Logística, igualmente era submetido a uma jornada excessiva. Obedecia ao seguinte
horário de trabalho: 7:00 às 22:00 horas, com intervalo de 30 minutos para almoço na própria fábrica. Essa
jornada era idêntica para os sábados, domingos e feriados, perfazendo, em média, 07 (sete) horas extras diárias.

07. O reclamante, quando exercia a função de Gerente de Distribuidores, conjuntamente com


os gerentes de negócios, realizavam planos para manter e melhorar a forma e estrutura das revendas no
mercado. Para isso, tinha que, em determinados períodos, viajar periodicamente para diversas regiões do Piauí
e Maranhão. Frise-se, ainda, que o reclamante desempenhava suas funções basicamente na cidade de
Teresina.

08. Assim, a jornada de trabalho do reclamante, costumeiramente, se desenvolvia em finais


de semana e em horário noturno, posto que fiscalizava as vendas dos produtos comercializados pela reclamada
(bares, clubes, restaurantes e outras atividades correlatas).

09. No exercício da função de Gerente de Logística, o reclamante desempenhava atividades


relacionadas a toda movimentação da fábrica, tais como: compra de insumo, programação de produção, estoque,

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expedição (processar os pedidos e emitir notas fiscais) e carregamento de caminhões. As atividades de expedição e
carregamento de caminhões sempre extrapolavam os horários nos finais do mês, vésperas de feriados, finais de
semana e grandes eventos.

10. Percebia o reclamante, à época da rescisão contratual SEM JUSTA CAUSA, o salário de
R$ 3.500,00 (três mil e quinhentos reais), sem qualquer gratificação de função, conforme contra-cheques
anexos.

III DA DESCARACTERIZAÇÃO DO CARGO DE GERÊNCIA

11. Antes de adentrar nas razões propulsoras da presente reclamatória, convêm, de início,
evidenciar que, embora a denominação da função seja precedida do termo “gerente”, o reclamante nunca foi
investido nos poderes inerentes. Não tinha poderes para admitir, demitir, nem representava a empresa. Melhor
explicando, não tinha poderes de gestão. Ademais, é prudente externar que somente detém tais poderes, na
filial de Teresina, o Gerente Comercial e o Diretor da Unidade, a quem era subordinado o reclamante.

12. O título gerente anteposto nos cargos ocupados pelo reclamante era uma denominação
apenas graciosa e ficta, jamais tendo recebido (conforme prova pelos contracheques anexos) nenhuma
gratificação que pudesse caracterizar “gerência” nos moldes admitidos pelo art. 62, inciso II, da CLT.

13. Assim resta evidenciado que o reclamante era um funcionário comum que exercia suas
funções em jornada superior a constitucionalmente fixada pelo art. 7°, inciso XIII.

14. Comungando do mesmo entendimento, abaixo contem alguns arrestos jurisprudenciais.

“Gerente requisitos
Gerente. A excludente contida na alínea b do art. 62 da CLT exige que o empregado
exerça a função de gerente, investido de mandato, com poderes para gerir os
negócios da empresa” (TRT/SP 02890065990 Ac. 5ª T 17503/90 Rel João Carlos de
Araújo. DJSP 14.09.90).

“Horas extras devidas. Cargo de confiança. Horas extra.


A denominação de gerente não caracteriza o exercício de cargo de confiança, se de
fato o empregado não tem poderes para admitir ou demitir empregados. Devidas
como horas extras as trabalhadas além da jornada normal.” (TRT 2ª Reg. RO
029702061282 Ac. 6 T 02980313879 Rel Juiz Sérgio Prado de Mello. DJSP 26.06.98, p.
162).

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IV DAS HORAS EXTRAS E DO ADICIONAL NOTURNO
a) Quando exercia a função de Gerente de Distribuidores 02/97 a 06/99

15. Consoante disposto na sinopse fática, a carga de trabalho excessiva se dava por conta de o
reclamante desenvolver atividades diurnas e noturnas, coordenando as equipes de Gerentes de Distribuidores,
quando da comercialização dos produtos da reclamada.

16. Dentre as funções exercidas pelo reclamante, como GERENTE DE DISTRIBUIDORES,


basicamente atuava no CONTROLE DE VENDAS DAS ÁREAS COMERCIAIS, cujas tarefas encontram-se
adiante discriminadas:

i. Supervisionava o estudo e pesquisa, fundamentais à comercialização dos produtos, indicando à reclamada quais os
possíveis e melhores compradores;
ii. Promoção e comercialização dos produtos industrializados pela reclamada;
iii. Realizava, também, o supervisionamento a todos os supermercados que adquiriam os produtos da
reclamada, verificando os níveis de aceitação dos mesmos. Essa tarefa implicava em visitas pessoais
periódicas;
iv. Fiscalizava as visitas a bares, restaurantes, trailes, churrascarias, lanchonetes, enfim, a qualquer tipo
de comércio que pudesse adquirir os produtos da reclamada, fazendo nessa oportunidade publicidade e
fechamento de contratos de exclusividade;
v. Participava de campanhas promocionais da própria indústria e de seus distribuidores, além de clubes
particulares, formandos, etc. Essas campanhas, em geral, eram organizadas para intensificar a divulgação e
conseqüentemente as vendas;
vi. Também fazia parte do trabalho do reclamante a fiscalização da parte de publicidade, fiscalização de
contratos em eventos fora de Teresina, a exemplo de vaquejadas, festejos, carnavais fora de época, feiras
agropecuárias, etc. Nesses eventos, o reclamante realizava todas as tarefas sozinho, ou acompanhado dos
Gerentes de Negócios desde a visita do cliente, fechamento de contrato de exclusividade e fiscalização deste,
bem como, atividades de afixação de cartazes, bandeiras, entrega de brindes, etc;
vii. Na cidade de Teresina, juntamente com os gerentes de negócios, o reclamante participava de todos os
eventos festivos da cidade, realizando visitas prévias, concretizado contratos de fornecimento de produtos com
exclusividade em órgãos oficiais (Prefeitura de Teresina, Pientur, etc.) e fiscalizando se tais contratos, durante os
eventos, eram cumpridos. Isso importava numa verdadeira maratona, sem hora para iniciar e terminar, o
reclamante ficava a disposição da empresa, em determinados dias, em quase 20 horas de trabalho, com
tempo mínimo para um curto repouso. Durante o carnaval, por exemplo, o reclamante fiscalizava os bares e
clubes antes das atividades e durante as festividades, da mesma forma se dava com o parque de exposição,
micarina, vaquejada, reveilon, prévias carnavalescas, carreatas no aniversário de Teresina, etc.
viii. Participação ativa no acompanhamento e fechamento de evento “Piauí Amor de Verão”, no período de
97 e 98.

17. Apesar das atividades listadas serem desenvolvidas (o que demonstra com clareza pela

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própria natureza do trabalho), muitas vezes, em horário noturno, o reclamante nunca recebeu da reclamada
adicional noturno, nem horas extraordinárias.

18. Ora, não obstante a maior parte do trabalho do reclamante ser desenvolvido externamente,
este poderia portar ficha de controle de trabalho externo, a fim de capacitar a reclamada das horas extras
trabalhadas, notadamente nos serviços que desenvolvia habitualmente nos finais de semana nas campanhas
promocionais.

19. Enfim, o reclamante era submetido a um regime de sobrejornada de trabalho, perfazendo


uma média de 07 (sete) horas extras diárias. Laborava de segunda a sábado das 7:00 às 22:00 horas. É curial
ressaltar que, durante duas semanas do mês, essa jornada era de quinta a domingo das 7:00 às 2:00 do dia
seguinte, perfazendo, nesse período, 11 (onze) horas extras, sendo dessas 04 (quatro) horas noturnas.

20. Assim, requer, na forma prevista nas ACT's, o pagamento das horas extras laboradas e
não pagas, à base, em média de 07 (sete) horas extras diárias durante o lapso temporal de fevereiro de 1997 a
maio de 1999, na forma do art. 7°, inciso XVI da CF e En. 347 do TST. É de ressaltar-se, também, que durante
duas semanas no mês, a média de horas extras, de quinta a domingo, passará para uma média de 11 (onze)
horas, sendo dessas 04 (quatro) horas noturnas.

b) Quando exercia a função de Gerente de Logística 06/99 a 03/01

21. Quando passou a exercer o cargo de Gerente de Logística, em junho de 1999 a março de
2001, segundo disposto na sinopse fática, o reclamante possuía a seguinte jornada:

i. Segunda a sábado jornada das 07:00 às 22:00 horas, com intervalo de 30 (trinta) minutos para almoço na própria
fábrica;
ii. Domingos e feriados jornada das 8:00 às 18:00, com intervalo de duas horas
para almoço, sempre utilizados para as seguintes atividades: preencher requisitos da
unidade de implantação do modelo de gestão Brahma e da busca de alternativas para
ganhar o Programa de Excelência (PEF 2000); dias de limpeza; descarte de produtos;
adequação ao programa 5 S (programa de qualidade da empresa); inventário de
produtos; treinamentos, fabricação de produtos; manutenção de máquina, carregamento
de veículos para abastecer as revendas em períodos de festas, etc.

22. É fato que, graças ao trabalho da área de logística coordenado pelo reclamante, a
empresa que figura no pólo passivo da demanda atingiu 03 das 5 metas anuais da fábrica, obtendo o 2°
lugar no PEF 2000, tendo o Setor de Logística de Teresina alcançado o troféu de logística n° 1 do Brasil.

23. Nesse período, apesar de laborar em jornada superior à prevista legalmente, o reclamante

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nunca percebeu nenhum adicional de horas extraordinárias; aviltando o preceituado no inciso XII, art. 7°, da
Constituição Federal.

24. Corroborando o asseverado, anexa-se a presente peça exordial as seguintes provas:

i. E-mail enviado ao reclamante em 19.06.2000, comunicando que não haverá feriado no dia 22.06.2000 (Feriado
de Corpus Cristi);
ii. E-mail enviado ao reclamante em 26.05.2000, comunicando que a partir daquela
data não há marcação no livro de ponto. Afirmava que o horário do reclamante será
controlado por sua chefia imediata.
iii. E-mail enviado ao reclamante em 06.09.2000, comunicando que,
impreterivelmente, a avaliação de desempenho será realizada no dia 10.09.2000
(próximo domingo). Nesse mesmo documento há resposta do reclamante, em
07.09.2000, às 15:58 horas, (feriado), informando que já concluiu o serviço que estava
pendente.
iv. E-mail enviado ao reclamante, em 08.09.2000 (sexta), às 19:46 horas,
informando mudanças nas atividades da filial. Repasse de informações do reclamante, em
10.09.2000 (domingo), às 10:39.
v. E-mail enviado ao reclamante, em 30.01.2001 (domingo), às 14:20 horas,
incentivando o reclamante no trabalho para ganhar o PEF.
vi. E-mail solicitando do reclamante todos os telefones possíveis para sua localização
a qualquer hora com maior rapidez.

25. Ainda em sede de matéria de prova, junta-se, também, a presente exordial cópias de
autos de infrações lavrados pela DRT na empresa que figura no pólo passivo da demanda, demonstrando
que é rotineira a infração aos dispositivos legais que tratam da jornada normal de trabalho, labor em
feriados, intervalo intrajornada e interjornada, etc.

i. Auto lavrado em 12.09.2000 art. 70 (trabalho em feriados) pago pela empresa;


ii. Auto lavrado em 26.10.2000 art. 444 pago pela empresa;
iii. Auto lavrado em 02.03.2001 art. 58 (jornada normal) pago pela empresa;
iv. Auto lavrado em 22.06.2001 art. 41 (livro de registro de empregados);
v. Auto lavrado em 05.10.2001 art. 58 (jornada normal);
vi. Auto lavrado em 21.05.2002 art. 71 (repouso intrajornada);
vii. Auto lavrado em 21.05.2002 art. 71 (horas extras);
viii. Auto lavrado em 21.05.2002 art. 67 (descanso semanal).

26. Nesse diapasão, é necessário frisar que as horas extraordinárias e o adicional noturno, de
acordo com convenções coletivas de trabalho, possuem os seguintes percentuais:

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i. ACT 97/98 de segunda a sábado o adicional é de 100%, nos domingos e feriados, é 120%. O adicional noturno, por
sua vez, ficou estipulado em 50%;
ii. ACT 98/99 de segunda a sábado o adicional é de 100%, nos domingos e feriados,
é 120%. O adicional noturno, por sua vez, ficou estipulado em 50%;
iii. ACT 99/00 de segunda a sábado o adicional é de 100%, nos domingos e feriados,
é de 120%. O adicional noturno, por sua vez, ficou estipulado em 50%;
iv. ACT 00/01 de segunda a sábado o adicional é de 80%, nos domingos e feriados, é
de 100%. O adicional noturno, por sua vez, ficou estipulado em 40%.

27. Assim, requer, na forma prevista nas ACT's, o pagamento das horas extras laboradas e
não pagas, à base, em média de 07 (sete) horas extras diárias durante o lapso temporal de junho de 1999 a
março de 2001, na forma do art. 7°, inciso XVI da CF e Em. 347 do TST.

VI DO REPOUSO SEMANAL

28. Consoante já declinado, o reclamante, tanto na função de Gerente de Distribuidores, como


na função de Gerente de Logística, até sua saída da empresa, em março de 2001, laborava aos domingos e
feriados (recorde-se que, na função de Gerente de Distribuidores, havia labor aos domingos e feriados duas vezes ao mês;
na função de Gerente de Logística, havia labor todos os domingos e feriados). No entanto, jamais recebeu pelos dias de
repouso assegurados.

29. Assim, requer, na base de 04 (quatro) repouso por mês, durante a vigência de todo o
contrato de trabalho, o pagamento em dobro na forma do art. 9° da Lei n° 605/49 e Enunciado n° 146 do TST,
com horas extras integralizadas.

VII DO SALÁRIO IN NATURA

30. O reclamante, no período de fevereiro de 1997 a maio de 1999, tinha a sua disposição
(consoante memorando em anexo no qual solicitava a padronização do veículo com a caracterização da frota da empresa),
24 horas por dia (sendo utilizado, inclusive em finais de semana e férias do reclamante), um veículo da empresa.
Essa utilidade concedida pela empresa ao empregado pela prestação dos serviços constituía, juntamente com a
remuneração ofertada, um elemento de grande destaque no “pacote de atração” dos cargos da empresa.

31. Ou seja, constituía “salário”, considerando que:

i. O veículo não estava vinculado a qualquer atividade externa a ser praticada pelo reclamante;
ii. Permanecia com o reclamante em sua residência, utilizado não só para conduzir o
mesmo ao trabalho, mas para o uso geral da família, notadamente, para passeios em finais

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de semana, férias, etc.

32. Ocorreu que, na data acima enunciada (maio de 1999), o veículo foi abruptamente retirado
da posse do reclamante sem qualquer compensação em sua remuneração, nem tampouco se considerou a
utilidade fornecida pela empresa na época da rescisão do contrato de trabalho, causando, assim, da diminuição
da “remuneração”.

33. Nos contornos delineados na hipótese, tratava-se o veículo de uma utilidade fornecida pela
empresa, representando uma forma de remuneração, nos termos do art. 458 da CLT. Veja o teor do dispositivo
legal:

“Art. 458 Além do pagamento em dinheiro, compreende-se no salário, para todos os


efeitos legais, a alimentação, habitação, vestuário ou outras prestações in natura que a
empresa, por força do contrato ou do costume, fornecer habitualmente ao empregado.
Em caso algum será permitido o pagamento com bebidas alcoólicas ou drogas nocivas.”

34. No mesmo sentido, a jurisprudência trabalhista vem entendendo, em casos deste naipe,
tratar-se de utilidade fornecida pelo trabalho e não para o trabalho. Logo, integra a verba em lume o
salário, como “salário in natura”. Abaixo segue alguns arestos jurisprudenciais:

“VEÍCULO SALÁRIO UTILIDADE OU IN NATURA Diferentemente do que alega o


recorrente, provado restou que o veículo colocado à disposição do empregado o foi
não para o trabalho, porém pelo trabalho desempenhado já que permanecia com ele
em feriados e fins de semana para seu próprio e o de sua família, portanto deve
integrar a remuneração do obreiro como um plus no seu salário mensal, mormente
quando ficou provado que as despesas corriam por conta da recorrente. Recurso provido
parcialmente.”
(TRT 6ª Reg. RO 8603/99 1ª T. Relatora: Conceição Sarinho DOE/PE 13.07.00)

“(...) SALÁRIO UTILIDADE. USO DO VEÍCULO FORA DO TRABALHO. O uso pelo


empregado do veículo fornecido pela empresa, quando fora do serviço, como à noite
e em fins de semana, representa salário utilidade, a integrar-se nas demais
contraprestações, de acordo com os princípios insculpidos no art. 458 celetado, pois
compreende-se no salário, para todos os efeitos legais, alimentação, habitação, vestuário,
ou quaisquer outras prestações in natura que a empresa fornecer habitualmente ao
empregado.”
(TRT 4ª Reg. RO 01270.003/96-8 5ª T. Relator: Alcides Matte DJ 25.10.1999)

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“SALÁRIO IN NATURA. COMBUSTÍVEL. O abastecimento indiscriminado do veículo
utilizado para fins pessoais revela-se nítida contraprestação salarial, sob a forma de
utilidade. Se o combustível fosse fornecido, como meio de utilização do veículo, para o
trabalho, não constituiria parcela integrante do salário. Ocorre que o uso do veículo é
ilimitado não se prestando, apenas à execução do dever do trabalho. Seu
abastecimento deve ser levado na mesma conta, porque não existem dúvidas de que o
obreiro poderia abastecê-lo nos postos autorizados da reclamada e não houve provas de
que o fizesse somente para os fins laborais.”
(TRT 3ª Reg. RO 19454/98 Relator: Manuel Cândido Rodrigues DJMG 23.07.1999)

35. Assim, requer a integralização do salário utilidade na remuneração do reclamante, desde


06/99 até a rescisão contratual. Deve-se, no cálculo da mencionada utilidade, levar em consideração o preço de
locação de veículo da mesma natureza (R$ 1.500,00 o preço mensal), com as mesmas características.

VIII DAS FÉRIAS

36. É direito basilar do trabalhador, insculpidos na Carta Magna em seu art. 7°, inciso XVII, o
gozo das férias anuais remuneradas, acrescidas do terço constitucional.

37. Ocorre que, durante o contrato de trabalho do reclamante, somente foram gozados 07
(sete) dias, adquiridos no período de 97/98. Restando, desse período adquirido, o crédito de 13 (treze) dias que
deverão ser indenizados em dobro, acrescidos do terço constitucional. Levando-se, também, em consideração
as horas extras prestadas habitualmente, bem com o adicional noturno prestado à época do período aquisitivo.

38. Quanto ao período de 98/99, não foi gozado nenhum dia, restando, na integralidade, os 20
dias correspondentes a cada período aquisitivo, o qual deve ser indenizado em dobro, acrescido do terço
constitucional; considerando-se, também, as horas extras prestadas habitualmente.

39. No que pertine o período de 99/00, também, não foi gozado pelo reclamante. Assim, requer
a condenação da empresa no pagamento simples, acrescido do terço constitucional.

IX DO PARADIGMA

40. À época da promoção para o cargo de Gerente de Logística na regional do Maranhão e


Piauí, segundo disposto na preliminar da presente reclamação, ocorreu uma fusão de empresas (Antártica e
Brahma), no qual originou a empresa reclamada.

41. Não obstante a mencionada fusão entre as mencionadas empresas, não havia

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equiparação salarial entre os empregados que exerciam a mesma função; aviltando o dispositivo celetista contido
no art. 461 da CLT.

42. Pois bem. O fato é que o reclamante, proveniente do antigo sistema Antártica, percebia a
remuneração de R$ 3.500,00 (três mil e quinhentos reais), atuando no Maranhão e Piauí. Em contrapartida, na
unidade do Maranhão, exercendo a mesma função do reclamante e na mesma época, laborava um
empregado (Sr. XXXXXXXXXXXXXXXX), percebendo, por remuneração, R$ 4.500,00 (quatro mil e quinhentos reais).

43. Nem se alegue que o paradigma desempenhava função em localidade diversa da


desempenhada pelo reclamante. Consoante dantes disposto, o sujeito ativo da presente demanda e o paradigma
tinham uma mesma área de atuação: Maranhão e Piauí. Ou seja, exerciam a mesma atividade (Gerência de
Logística) na mesma região e no mesmo lapso temporal.

44. Assim, requer que a empresa seja condenada no pagamento, durante todo o período em
que o reclamante exercia a função de Gerente de Logística (junho de 1999 a março de 2001), da diferença entre a
remuneração percebida pelo paradigma e o reclamante.

45. Ante a impossibilidade de o reclamante apresentar a cópia do contracheque do


paradigma, desde já, propugna-se pela determinação, deste juízo, de a empresa que figura no pólo
passivo da demanda apresentar o mencionado documento.

X DA PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS

46. A Carta Magna de 1988, em art. 7°, inciso XI, assegurou aos empregados participação nos
lucros ou resultados desvinculados da remuneração. O legislador ordinário, através da Lei n° 10.101/00, tecendo
regras gerais para o tema em comento, admitiu que a regulamentação poderá ser efetivada por acordo coletivo de
trabalho.

47. No caso da empresa reclamada e o sindicato dos empregados, é de praxe firmar acordo
coletivo de participação nos lucros e resultados. O mencionado acordo coletivo foi firmado no ano de 1997 e
1998. Quanto ao ano de 1999, a empresa não firmou nenhum acordo coletivo específico. Pelo contrário, em ACT
99/00, mais especificadamente na cláusula 5, foi estatuído, não obstante margem de lucro considerável, que a
empresa não pagaria participação nos lucros no exercício de 1999.

48. Pois bem. Quanto ao exercício de 97, a empresa adimpliu ao reclamante, a título de
participação, 02 (dois) salários mínimos. No exercício de 2000, a empresa pagou, desta vez, 6,2 sobre os lucros
do exercício.

49. No exercício de 1998, embora tenha sido pactuado (ACT em anexo) e obtido um lucro de

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R$ 31 milhões - em um universo de 496 (quatrocentos e noventa e seis) empregados -, a empresa nada pagou ao
reclamante.

50. Em relação ao exercício de 1999, também, nada foi repassado, a título de participação nos
lucros, ao reclamante. Ainda que tenha obtido um lucro de R$ 21,9 milhões em um universo de 816 (oitocentos e
dezesseis) funcionários, a empresa não cumpriu o preceituado no art. 7°, inciso XI, da Constituição Federal.

51. Portanto, requer que a empresa que figura no pólo passivo da demanda realize pagamento
dos valores correspondentes a participação dos lucros nos exercícios de 1998 e 1999. Na apuração do quantum
devido, deve-se levar em consideração que o reclamante, nos Acordos Coletivos de Participação nos Lucros,
enquadra-se na cláusula terceira, área comercial.

XI DO SALÁRIO COMPLESSIVO

52. Antes de concluir a presente demanda, faz-se necessário, também, elucidar que a
empresa apôs, no Termo de Rescisão do Contrato de Trabalho, sob a descrição de Serviços Especiais Prestados,
o valor de R$ 5.133,33 (cinco mil, cento e trinta e três reais e trinta e três centavos).

53. Ocorre que, reconhecendo a veracidade das assertivas lançadas à presente Reclamação
Trabalhista (horas extras, adicionais noturnos, férias vencidas e vincendas, equiparação salarial), a forma de pagamento
contida no TRCT faz concluir que se trata de salário complessivo. Ou seja, a empresa “maquiou” vários direitos
do reclamante, fazendo aparecer, como forma de ludibriá-lo, uma quantia significativa.

54. A doutrina e jurisprudência pátria, aqui representada pelo Enunciado 91 do TST,


condenam veementemente essa forma de pagamento, decretando a nulidade do mesmo, eis que há fraude aos
preceitos concedidos aos trabalhadores na Carta Magna de 1988.

Enunciado n° 91 “Nula é a cláusula contratual que fixa determinada importância ou


percentagem para atender englobadamente vários direitos legais ou contratuais do
trabalhador.”

55. Assim, propugna-se pela procedência da reclamação trabalhista, reconhecendo os direitos


nela contidos a favor do reclamante.

XII DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

56. O Enunciado n° 219 do TST, confirmado pelo Enunciado n° 329, reconhece devido o
pagamento de honorários advocatícios quando presentes os pressupostos que caracterizam a hipossuficiência

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do reclamante, qual seja, a impossibilidade de demandar em Juízo sem prejuízo do próprio sustento.

57. Assim, presentes os requisitos da concessão, requer o pagamento de honorários


advocatícios à base de 15%.

XIV DO PEDIDO

58. Ante o exposto, requer a procedência da presente Reclamação Trabalhista, deferindo os


seguintes pleitos:

1° PONTO - HORAS EXTRAS (Gerente de Distribuidores): Seja condenada a


empresa/reclamada, na forma prevista nas ACT's, o pagamento das horas extras
laboradas e não pagas, à base, em média de 07 (sete) horas extras diárias
durante o lapso temporal de fevereiro de 1997 a maio de 1999, na forma do art. 7°,
inciso XVI da CF e En. 347 do TST. É de ressaltara-se, também, que durante
duas semanas no mês, essas horas extras, de quinta a domingo, passarão
para uma média de 11 (onze) horas.

a. 1. Reflexo das horas extras diárias nas férias correspondente ao período


aquisitivo de 97/98 e 98/99;

a. 2. Reflexos das horas extras diárias nos décimos terceiros de 97/99;

a. 3. Reflexos da horas extras diárias nas parcelas de FGTS durante o lapso


temporal em que exerceu a função de Gerente de Distribuidores, como também
sobre a multa de 40%;

a. 4. Reflexos das horas extras nas parcelas do Repouso Semanal Remunerado e


Adicional Noturno.

2° PONTO - PERÍODO ESPECIAL Seja, também, condenada a reclamada no


pagamento de horas extras prestadas nas seguintes oportunidades e da seguinte
forma:

b. 1. Os quatro dias de carnaval de 97 a 99 em média o reclamante laborava 12


horas por dia, dias estes que por lei não é destinado ao trabalho. Assim, requer o
pagamento em dobro de 48 horas;

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b. 2. Micarinas de 97, 98 e 99, em média trabalhou 03 dias deste evento 12 horas
por dia, sendo, portanto, 36 horas;

b. 3. Trabalhou o reclamante nos eventos: “Piauí Amor de Verão”; “Circuito


Antártica de Vaquejada”, nos anos de 97 a 99, nos Estados do Piauí e Maranhão;
Feiras Agropecuárias e eventos populares (Folguedos de 97 a 99).

3° PONTO - HORAS EXTRAS (Gerente de Logística): na forma prevista nas


ACT's, o pagamento das horas extras laboradas e não pagas, à base, em média
de 07 (sete) horas extras diárias durante o lapso temporal de junho de 1999 a
março de 2001, na forma do art. 7°, inciso XVI da CF e Em. 347 do TST.

c. 1. Reflexo das horas extras diárias nas férias correspondente ao período


aquisitivo de 99/00;

c. 2. Reflexos das horas extras diárias nos décimos terceiros de 99/00;

c. 3. Reflexos da horas extras diárias nas parcelas de FGTS durante o lapso


temporal em que exerceu a função de Gerente de Logística, como também sobre a
multa de 40%;

c. 4. Reflexos das horas extras nas parcelas do Repouso Semanal Remunerado.

4° PONTO - REPOUSO SEMANAL REMUNERADO: Seja condenada a


empresa/reclamada em 04 Repousos Semanais Remunerados por mês durante
o período em que exerceu a função de Gerente de Logística e 02 Repousos
Semanais Remunerados por mês durante o período em que exerceu a função de
Gerente de Distribuidores.

5° PONTO - ADICIONAL NOTURNO (Cargo de Gerente de Distribuidores): A


condenação da empresa, durante duas semanas em cada mês (quinta a domingo),
no lapso temporal de fevereiro de 1997 a junho de 1999, em 04 adicionais
noturnos diários.

6° PONTO - SALÁRIO IN NATURA: A integralização do salário utilidade na


remuneração do reclamante, desde 06/99 até a rescisão contratual. Deve-se, no

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cálculo da mencionada utilidade, levar em consideração o preço de locação de
veículo da mesma natureza (R$ 1.500,00 o preço mensal), com as mesmas
características.

7° PONTO - FÉRIAS: A condenação da empresa/reclamada no pagamento de


férias em dobro no período de 97/98 (13 dias) e 98/99 (20 dias), acrescidas do terço
constitucional. No período aquisitivo de 99/00, a empresa/reclamada deverá se
condenada a adimplir férias simples (20 dias) acrescida do terço constitucional.

8° PONTO - SOBRE FGTS: Seja efetuado pagamento do FGTS do salário


realmente devido mês a mês, incluindo horas extras, adicionais noturnos, repouso
semanal, salário in natura e 13° salário. Quanto aos 40% do FGTS, paga por
oportunidade da rescisão, seja condenada a reclamada a pagar o valor equivalente
ao FGTS que realmente deveria ser recolhido, incluindo diferenças.

9° PONTO - DO PARADIGMA: Que seja a empresa condenada no pagamento,


durante todo o período em que o reclamante exercia a função de Gerente de
Logística (junho de 1999 a março de 2001), da diferença entre a remuneração
percebida pelo paradigma e o reclamante.

10° PONTO DA PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS: Que a empresa que figura no


pólo passivo da demanda seja condenada a realizar o pagamento dos valores
correspondentes a participação dos lucros nos exercícios de 1998 e 1999. Na
apuração do quantum devido, deve-se levar em consideração que o reclamante,
nos Acordos Coletivos de Participação nos Lucros, enquadra-se na cláusula
terceira, área comercial.

11° PONTO DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS: A condenação da empresa


em custas e honorários advocatícios, estes na orbe de 15%.

12° PONTO: A condenação da empresa no pagamento da multa do art. 477, § 8° da


CLT.

59. Requer, ainda, a citação da reclamada para, querendo, responder à presente, sob pena de
confissão e revelia.

60. Protesta-se provar o alegado pelos documentos acostados, bem como depoimento

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pessoal do reclamante, representante da reclamada e testemunhas, bem como pelos demais meios que se
fizerem necessários para a elucidação do feito.

Dá-se à causa o valor de R$ 50.000,00 (cinqüenta mil reais) para efeitos meramente fiscais.

Nestes termos, pede deferimento.

Teresina, 15 de julho de 2002.

Dra. Audrey Martins Magalhães


Advogada OAB/PI 1829/88

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