Você está na página 1de 54

FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FAET – FACULDADE DE ARQUITETURA, ENGENHARIA E TECNOLOGIA


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL
DISCIPLINA: POLUIÇÃO DO AR

ANÁLISE DAS VARIÁVEIS AMBIENTAIS E ECONÔMICAS


NA SUBSTITUIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS NA CERVEJARIA
AMBEV DE CUIABÁ - MT

Docente: Paulo Modesto


Discente: Bianca Naspolini
Bruno Luís Leal
Braulio Tosta
Cassiana Lussi
Letícia Carvalho

Cuiabá, MT
Junho/ 2010
1.0 INTRODUÇÃO

Foi a partir da década de 80, que as questões relativas às mudanças climáticas,


aquecimento global e efeito estufa passaram a ocupar um lugar de destaque no rol das
ameaças ambientais que mais colocam em risco a integridade do planeta. E, desde
então, a cada ano, evidências científicas cada vez mais fortes, indicam que são as
atividades humanas (as chamadas ações antrópicas), decorrentes do modelo de produção
em vigor, um dos fatores mais decisivos para o agravamento dessas ameaças (MAYER,
et al , 2008).
O uso do combustível definiu o mundo como o conhecemos hoje, impulsionando
o crescimento da indústria, do transporte, do comércio, da agricultura (e da população,
que encontrou inéditas condições para se expandir) torna-se cada dia mais inviável. Seja
por sua iminente escassez, seja pelo caráter altamente poluente ou pelas complicações
políticas a que sempre está associado, o petróleo não é mais visto como a fonte de
energia que moverá o mundo para sempre (MAYER, et al , 2008).
A busca pelo aumento da capacidade instalada de energia elétrica, aliado a
necessidade de se reduzir emissões de poluentes, vem dando força às fontes alternativas
de energia. Atualmente há programas no mundo inteiro de incentivos a tais fontes. Um
exemplo de fonte de energia alternativa é o uso da biomassa como combustível.
Com o aumento das pressões ambientais, os governos e organismos
internacionais resolveram aumentar seu empenho na substituição dos combustíveis
fósseis, incentivando cada vez mais as indústrias a mudar o uso de combustível, de não
renovável para renovável. O uso destes combustíveis limpos (em estudo a biomassa)
traz ganhos ambientais e econômicos para o meio ambiente, e pode gerar créditos de
carbonos, que são comercializados no mercado mundial, trazendo ganhos para o
empreendedor, ou seja, o uso de combustíveis renováveis apesar de poluir, possui
vantagens tanto para o meio ambiente como para a população.
Assim este trabalho aborda o aproveitamento de resíduos agro-florestal, casca de
arroz e cavaco. A casca de arroz é um resíduo agroindustrial, subproduto do
beneficiamento deste cereal, de extrema relevância no Brasil, tendo em vista a produção
nacional que é de aproximadamente 13 milhões de toneladas, onde 46% do total são
produzidos no Rio Grande do Sul (MAYER, et al , 2008).
O cavaco demonstra grandes perspectivas de sucesso na solução da crise
energética nacional. O seu caráter de recurso natural renovável, sua versatilidade e
aliado ao fato de possuir grandes áreas reflorestadas, bem como a existência de uma
política nacional de incentivos para o reflorestamento, fazem desta fonte uma das mais
importantes e de destaque no atual cenário energético nacional (ENERGIA, 1980).
A troca de combustível não-renovável da caldeira por um combustível
renovável, ou seja, troca de óleo BPF para biomassa (cavaco e casca de arroz) é o
enfoque deste trabalho, analisando as variáveis ambientais e econômicas geradas nesta
troca na cervejaria AMBEV localizada no município de Cuiabá – MT.
2. OBJETIVO
2.1. Objetivo Geral

O objetivo geral deste trabalho é avaliar as variáveis ambientais e econômicas na


substituição de combustível não-renovável da caldeira por um combustível renovável,
ou seja, substituição de óleo BPF para biomassa (cavaco e casca de arroz), na indústria
de bebidas AMBEV – Cuiabá - MT e, posteriormente análise de viabilidade de geração
de crédito de carbono.

2.2. Objetivos Específicos

 Avaliar as características do efluente gasoso gerado quando a indústria


operava com óleo BPF e na operação com biomassa (cavaco e casca de
arroz);
 Avaliar as variáveis econômicas relacionadas a operação de cada
combustível (custo benefício);
 Avaliar as questões ambientais envolvidas na mudança do processo
produtivo;
 Realizar análises termogravimétricas da biomassa (cavaco e casca de
arroz) e comparar os resultados obtidos;
 Calcular o poder calorífico (superior e inferior) e o fator de emissão da
biomassa; Calcular as emissões de CO2 produzidas por cada combustível
e posteriormente avaliar um possível cenário de crédito de carbono;

3.0 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA


3.1 PAINEL INTERGOVERNAMENTAL SOBRE MUDANÇA DO
CLIMA (IPCC)

O organismo de revisão da produção científica relativa à mudança global do clima e


com atividade relacionada à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do
Clima é o Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima, da sigla em inglês IPCC
(Intergovernmental Panel on Climate Change). Trata-se de um organismo
intergovernamental, de cunho científico, criado em 1988 a partir de uma iniciativa da
Organização Mundial de Meteorologia (OMM) e com apoio do Programa das Nações
Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) (MDL, 2009).
Participam do IPCC centenas de cientistas de todo o mundo que contribuem como
autores, colaboradores e revisores. Por meio de relatórios elaborados numa base com-
preensível, direta, aberta e transparente, o IPCC divulga suas informações. Os relatórios
do IPCC são uma compilação do estado da arte nas diversas áreas do conhecimento
relativas à mudança global do clima. Até o momento, já foram divulgados quatro Rela-
tórios de Avaliação abrangendo a base científica, impactos, vulnerabilidade e adaptação
e mitigação da mudança global do clima. O IPCC também publica relatórios especiais
que focam questões específicas – como os relatórios sobre captura e armazenagem de
carbono; cenários de emissões; e uso da terra, mudança no uso da terra e florestas (da
sigla em inglês LULUCF, de land use, land use change and forestry) – e relatórios
metodológicos, como os guias para elaboração dos inventários de gases de efeito estufa
(MDL, 2009).
Uma de suas funções é prover subsídios científicos aos tomadores de decisão e
outros interessados na mudança global do clima, fornecendo informações objetivas
acerca deste assunto. Isso é feito por meio da compilação e do fornecimento dos mais
atuais e importantes dados científicos, técnicos e socioeconômicos relevantes para o
entendimento do risco da mudança global do clima induzida pelo homem, seus
possíveis impactos e as opções de adaptação e mitigação (MDL, 2009).

3.2 Convenção-Quadro das Nações Unidas Sobre Mudança do


Clima (CQNUMC)

De acordo com o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, 2009, a Convenção-


Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC, sigla em inglês de
United Nations Framework Conference on Climate Change) é um acordo multilateral
aprovado e aberto para assinatura pelas Partes durante a Conferência das Nações Unidas
para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, no Rio de Janeiro, em 1992. Até o
momento,192 países mais a União Européia ratificaram, aceitaram, aprovaram ou
aderiram a doravante denominada Convenção. Neste tratado internacional, as Partes
signatárias reconheceram a mudança global do clima como “uma preocupação comum
da humanidade”, e propuseram-se a elaborar uma estratégia global “para proteger o
sistema climático para gerações presentes e futuras”.
Ao entrar em vigor no ano de 1994, a CQNUMC estabeleceu um regime jurídico
internacional cujo objetivo principal definido no seu Artigo 2 é alcançar a estabilização
das concentrações de GEE na atmosfera num nível que impeça interferências antrópicas
perigosas no sistema climático. A estabilização das concentrações deve ser alcançada
num prazo suficiente que permita aos ecossistemas adaptarem-se sem comprometer a
produção de alimentos e permitindo que o desenvolvimento prossiga de forma
sustentável. A Convenção estabelece, no seu Artigo 4, os compromissos das Partes
diferenciando claramente o compromisso das Partes no Anexo I (Apêndice I )– que, na
linguagem deste instrumento, são os países desenvolvidos incluindo os países
industrializados em transição para economia de mercado – daqueles das Partes não-
Anexo I (Apêndice I), que são os países em desenvolvimento (MDL, 2009).
Ademais, como efetivo objetivo de mitigação, a Convenção sobre Mudança do
Clima estabeleceu que as Partes países desenvolvidos devem tomar a iniciativa no
combate à mudança global do clima e, assim, deveriam retornar o nível das suas
emissões de gases de efeito estufa por volta do ano 2000 aos níveis anteriores aos de
1990 (MDL, 2009).
No Artigo 3 da Convenção, o princípio das “responsabilidades comuns mas diferen-
ciadas” é estabelecido. A responsabilidade é comum a todos os países porque todos
contribuem para a mudança global do clima e todos serão atingidos pelas suas conse-
qüências. A responsabilidade é diferenciada porque alguns países são mais responsáveis
pelo aquecimento global do que outros, na medida que contribuíram mais para o
problema devido às suas emissões históricas e atuais, e por terem mais possibilidades de
enfrentar o problema, conforme suas capacidades econômicas e tecnológicas.
3.3 PROTOCOLO DE QUIOTO

Não obstante o objetivo de mitigação previsto na Convenção-Quadro em 1995,


na primeira Conferência das Partes da Convenção sobre Mudança do Clima, em Berlim,
chegou-se à conclusão de que a grande maioria dos países desenvolvidos não
conseguiria retornar suas emissões aos níveis de 1990 por volta do ano 2000, conforme
compromissos firmados no âmbito da Convenção sobre Mudança do Clima. Foi, assim,
necessário estabelecer uma Resolução, denominada Mandato de Berlim, com o objetivo
de rever esses compromissos (MDL, 2009).
O Mandato de Berlim estabeleceu que os países desenvolvidos deveriam, com
base no princípio das responsabilidades comuns mas diferenciadas, determinado na
Convenção, estabelecer num Protocolo ou em outro instrumento legal metas quantita-
tivas de redução de emissão, bem como descrever as políticas e medidas que seriam
necessárias para alcançar essas metas, com um prazo até a 3ª Conferência das Partes
(COP 3), que seria realizada em 1997 (MDL, 2009).
Passados dois anos, após um processo de intensas negociações, na COP 3,
realizada em Quioto, Japão, em dezembro de 1997, foi adotado um Protocolo à
Convenção sobre Mudança do Clima, chamado de Protocolo de Quioto, que estabeleceu
compromissos quantificados para os países industrializados de redução ou limitação das
emissões antrópicas combinadas de gases de efeito estufa (MDL, 2009).
Destaca-se que o compromisso de redução ou limitação assumido por cada país
industrializado no âmbito do Protocolo de Quioto decorreu da disposição política de
cada país. Não foi atingido, naquele momento, consenso sobre um critério norteador da
alocação do ônus para se mitigar a mudança global do clima de acordo com as
responsabilidades históricas de cada nação pela elevada concentração de gases de efeito
estufa na atmosfera. Cabe ressaltar que o Protocolo de Quioto não estabelece
compromissos adicionais para os países em desenvolvimento (MDL, 2009).
O Protocolo de Quioto define metas de emissões juridicamente vinculantes para
as Partes no Anexo I e estabelece mecanismos para atendimento dessas metas. O
Protocolo adotado na COP 3 só entrou em vigor no âmbito internacional em 16 de
fevereiro de 2005, após a ratificação pela Federação Russa no fim de 2004 (MDL,
2009).
As metas estabelecidas no Artigo 3.1 estipulam que as Partes no Anexo I não
podem exceder a limites estabelecidos e que em conjunto significam uma redução de
pelo menos 5% em relação aos níveis verificados no ano de 1990. Essas metas deverão
ser atingidas no período compreendido entre 2008 e 2012, conhecido como primeiro
período de compromisso. Portanto, no dia primeiro de janeiro de 2008 iniciou-se a fase
de reconhecimento e contabilidade das reduções alcançadas pelas Partes no Anexo I. As
metas citadas foram atribuídas exclusivamente às Partes incluídas no Anexo I, e caberá
a elas liderar o processo, dando início ao combate à mudança global do clima e a seus
efeitos, conforme definido na Convenção e no Protocolo de Quioto. Destaca-se que o
não cumprimento das metas estabelecidas no Protocolo, pelas Partes no Anexo I,
acarreta conseqüências juridicamente vinculantes (legally binding) nos termos do artigo
18 do Protocolo de Quioto (MDL, 2009).
O Protocolo de Quioto estabeleceu três Mecanismos Adicionais de
Implementação, em complementação às medidas de redução de emissão e remoção de
gases de efeito estufa domésticas implementadas pelas Partes no Anexo I: o Mecanismo
de Desenvolvimento Limpo, MDL (Clean Development Mechanism – CDM)–; a
Implementação Conjunta (Joint Implementation-JI); e o Comércio de Emissões
(Emissions Trading – ET) (MDL, 2009).
O MDL é o único Mecanismo Adicional de Implementação que permite a
participação de Partes não pertencentes ao Anexo I, tais como o Brasil. Esse
instrumento econômico visa a facilitar o cumprimento das metas dos países no Anexo I,
pois muitas vezes a redução ou remoção fora das suas fronteiras nacionais tem menor
custo. As Partes não-Anexo I (porque não constam do Anexo I da Convenção sobre
Mudança do Clima) são nações em desenvolvimento e não possuem metas de redução,
como é o caso do Brasil. A regulamentação complementar que era necessária para a
implementação do MDL fez parte dos Acordos de Marraqueche, estabelecidos em
novembro de 2001, durante a Sétima Sessão da Conferência das Partes da Convenção –
ou simplesmente COP 7. Nas COPs subseqüentes essa regulamentação básica foi
complementada. Na COP 8, foram regulamentados os projetos de pequena escala, na
COP 9 os projetos florestais e na COP10 os projetos florestais de pequena escala. A
partir da entrada em vigor do Protocolo de Quioto, novas adições e detalhamentos de
questões relacionadas ao MDL vêm ocorrendo no âmbito da COP/MOP (MDL, 2009).

3.4 CRONOLOGIA
Segue abaixo uma breve cronologia dos principais eventos relevantes para o
Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, desde a Primeira Conferência Mundial Sobre
Clima, em 1979, até a última COP e COP/MOP, em dezembro de 2008 (MDL, 2009).
Tabela 1- Cronologia dos principais eventos relevantes para o MDL.
Ano Evento
1979  Primeira Conferência Mundial sobre Clima
1988  Estabelecimento do IPCC
 Primeiro Relatório de Avaliação do IPCC
 Segunda Conferência Mundial sobre o Clima
1990
 Assembléia Geral da ONU anuncia negociações de uma
convenção internacional sobre a mudança do clima
 O Comitê Intergovernamental de Negociação
(Intergovernmental Negotiating Comittee – INC) adota a
CQNUMC
1992
 Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o
Desenvolvimento (Rio 92)
 CQNUMC é aberta para assinaturas
1994  CQNUMC entra em vigor
 COP 1 – Berlim
A adoção dos Mandatos de Berlim (Berlin Mandates, decisão
1995
1/CP.1) permitiu estipular limites de emissão de GEE
 Segundo Relatório de Avaliação do IPCC
1996  COP 2 – Genebra
 COP 3 – Quioto
1997
Adotado o Protocolo de Quioto (decisão 1/CP.3)
 COP 4 – Buenos Aires
1998 Criação do Plano de Ação de Buenos Aires (Buenos Aires Plan
of Action, decisões de 1 a 8/CP.4)
1999  COP 5 – Bonn
2000  COP 6 – Haia
 COP 6 reconvocada – Bonn – acordo político sobre as
modalidades do Protocolo de Quioto
2001  COP 7 – Marraqueche – finalização da regulamentação do
Protocolo de Quioto (“Acordos de Marraqueche”)
 Terceiro Relatório de Avaliação do IPCC
 Cúpula Mundial Sobre Desenvolvimento Sustentável
2002  COP 8 – Nova Delhi – Declaração de Nova Delhi –
Regulamentação de Projetos de MDL de Pequena Escala
 Conferência Mundial sobre Mudanças Climáticas – Moscou
2003  COP 9 – Milão – Regulamentação de Projetos MDL de
Florestamento e Reflorestamento
 COP 10 – Buenos Aires – Regulamentação de Projetos
2004
Pequena Escala de Florestamento e Reflorestamento
2005  COP 11 e COP/MOP 1 – Montreal
Primeira COP com o Protocolo de Quioto já em vigor
Primeira COP/MOP, estabelecimento do grupo ad hoc para
negociar as metas do segundo período de compromisso do
Protocolo
(Artigo 3.9 do Protocolo)
2006  COP 12 e COP/MOP 2 – Nairobi
 COP 13 e COP/MOP 3 – Bali
2007
 Quarto Relatório de Avaliação do IPCC
2008  COP 14 e COP/MOP 4 – Poznan
Fonte: O Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, 2009.

3.5 O MECANISMO DE DESENVOLVIMENTO LIMPO (MDL)

O Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL, ou Clean Development


Mechanism, CDM, em inglês) teve origem na proposta brasileira de criação de um
Fundo de Desenvolvimento Limpo que seria formado por meio de recursos financeiros
dos países desenvolvidos que não cumprissem suas obrigações quantificadas de redução
ou limitação de emissões de gases de efeito estufa (usualmente chamada de “metas”).
Tal fundo seria utilizado para desenvolver projetos em países em desenvolvimento. Esse
conceito não foi aceito por alguns países desenvolvidos e a idéia do fundo foi
modificada, transformando-se no Mecanismo de Desenvolvimento Limpo. Esse me-
canismo consiste na possibilidade de um país que tenha compromisso de redução de
emissões (país no Anexo I) adquirir Reduções Certificadas de Emissões (RCEs) (1),
geradas por projetos implantados em países em desenvolvimento (países não-Anexo I),
como forma de cumprir parte de suas obrigações quantificadas no âmbito do Protocolo
(MDL, 2009).
A idéia consiste em que um projeto gere, ao ser implantado, um benefício
ambiental (redução de emissões de GEE ou remoção de CO2) na forma de um ativo
financeiro, transacionável, denominado Reduções Certificadas de Emissões, que será
descrito mais à frente. Tais projetos devem implicar reduções de emissões adicionais
àquelas que ocorreriam na ausência do projeto registrado como MDL, garantindo
benefícios reais, mensuráveis e de longo prazo para a mitigação da mudança global do
clima, nos termos do Artigo 12 do Protocolo de Quioto (MDL, 2009).

(1) Uma unidade de RCE é igual a uma tonelada de dióxido de carbono equivalente calculada de acordo
com o Potencial de Aquecimento Global (Global Warming Potencial - GWP). O GWP serve para
comparar e somar as quantidades dos diversos GEE em termos de dióxido de carbono equivalente. Para o
primeiro período de compromisso (2008-2012), deve ser adotado o GWP para 100 anos, publicado no
Segundo Relatório de Avaliação do IPCC (1995).
O objetivo do MDL, como definido no Artigo 12 do Protocolo de Quioto, é
assistir: (i) às Partes não-Anexo I para que contribuam com o objetivo final da
Convenção – ou seja, alcançar a estabilização das concentrações de GEE na atmosfera
num nível que impeça uma interferência antrópica perigosa no sistema climático – e
para que atinjam o desenvolvimento sustentável por meio da implementação de
atividades de projeto; e (ii) às Partes no Anexo I para que cumpram suas obrigações
quantificadas de limitação e reduções de emissões (MDL, 2009).
Verifica-se que tal mecanismo é uma contribuição voluntária significativa das
Partes não-Anexo I para mudar, efetivamente, a tendência do aquecimento global de
forma consistente com a Convenção, com o Protocolo de Quioto e com o princípio das
responsabilidades comuns, mas diferenciadas. Por intermédio do MDL, os países em
desenvolvimento continuarão a se desenvolver, de forma sustentável, combatendo a
pobreza e contribuindo, ao mesmo tempo, para o esforço global de mitigação do efeito
estufa (MDL, 2009).
O MDL é um mecanismo baseado no desenvolvimento de projetos e tem como
responsável por parte de seu grande sucesso a iniciativa do empresariado. As atividades
de projeto de MDL nos países em desenvolvimento têm que apresentar benefícios reais,
mensuráveis e de longo prazo; e estar diretamente relacionadas aos gases de efeito
estufa, podendo reduzir as emissões de GEE ou aumentar a remoção de CO2. Os
projetos podem envolver substituição de energia de origem fóssil por outras de origem
renovável, racionalização do uso da energia, atividades de florestamento e
reflorestamento, serviços urbanos mais eficientes, entre outras possibilidades (MDL,
2009). Os projetos devem envolver um ou mais dos gases previstos no Anexo A do
Protocolo de Quioto, relacionados a diversos setores/fontes de atividades, conforme a
Tabela 2.0 a seguir:
Tabela 2.0 - Setores e fontes principais geradoras de gases de efeito estufa
Setores/Atividades Fontes Gases
Energia Queima de combustíveis Dióxido de carbono (CO2)
Setor energético Óxido nitroso (N2O)
Indústrias de transformação Metano (CH4)
e de construção Hexafluoreto de enxofre (SF6)
Transporte
Outros setores
Emissões fugitivas de
combustíveis
Combustíveis sólidos
Petróleo e gás natural
Outros
Produtos minerais
Indústria química
Dióxido de carbono (CO2)
Produção de metais
Metano (CH4)
Outras produções
Processos industriais Óxido nitroso (N2O)
Produção de halocarbonos e
Hidrofluorcarbonos (HFCs)
hexafluoreto de enxofre
Perfluorcarbonos (PFCs)
Consumo de halocarbonos e
Hexafluoreto de enxofre (SF6)
hexafluoreto de enxofre
Outros
Hidrofluorcarbonos (HFCs)
Uso de solventes e Perfluorcarbonos (PFCs)
-
outros produtos Hexafluoreto de enxofre (SF6)
Dióxido de carbono (CO2)
Óxido nitroso (N2O)
Fermentação entérica
Tratamento de dejetos
Cultivo de arroz
Solos agrícolas Dióxido de carbono (CO2)
Agricultura
Queimadas prescritas de Metano (CH4)
savana Óxido nitroso (N2O)
Queima de resíduos
agrícolas
Outros
Disposição de resíduos
sólidos na terra Metano (CH4)
Resíduos
Tratamento de esgoto Dióxido de carbono (CO2)
Incineração de resíduos Óxido nitroso (N2O)
Outros
Fonte: O Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, 2009.
Podem participar de uma atividade de projeto de MDL entidades públicas,
privadas e parcerias público-privadas das Partes no Anexo I e das Partes não-Anexo I,
desde que devidamente autorizadas pelos respectivos países. O MDL é um mecanismo
de mercado que estimula a ativa participação do setor privado, com sua reconhecida
agilidade, flexibilidade e capacidade de resposta. Além disso, o engajamento deste setor
é crucial para a efetividade das ações de mitigação (MDL, 2009).
A redução de emissões de GEE e/ou o aumento de remoções de CO2 decorrentes
da atividade de projeto são medidas em toneladas de dióxido de carbono equivalente – t
CO2e. Cada tonelada de CO2e reduzida ou removida da atmosfera, devidamente
verificada depois de um processo que será especificado abaixo, corresponde a uma
unidade emitida pelo Conselho Executivo do MDL, denominada de Redução Certi-
ficada de Emissão (RCE) (MDL, 2009).
As RCEs podem ser utilizadas pelas Partes no Anexo I que tenham ratificado o
Protocolo de Quioto como parte do cumprimento de suas obrigações quantificadas de
redução ou limitação de emissões de GEE. Assim, o MDL permite que uma Parte com
metas no âmbito do Protocolo cumpra parte de suas metas a um custo mais baixo e, ao
mesmo tempo, invista em Partes não-Anexo I, contribuindo para o desenvolvimento
sustentável desses países (MDL, 2009).

3.6 EFEITO ESTUFA

Durante o dia, parte da energia solar é captada pela superfície da Terra e


absorvida, outra parte é irradiada para a atmosfera. Os gases naturais que existem na
atmosfera funcionam como uma capa protetora que impede a dispersão total desse calor
para o espaço exterior, evitando que durante o período noturno se perca calor. E como
tal, o planeta permanece quente (Meira, Rui, 2002).

O processo que cria o efeito estufa é natural e é responsável pelo aquecimento


do planeta. Certos gases, como o dióxido de carbono, criam uma espécie de telhado,
como o de uma estufa, sobre a Terra - daí o nome do fenômeno -, deixando a luz do Sol
entrar e não deixando o calor sair. Se não existisse efeito de estufa, a temperatura da
superfície terrestre seria, em média, cerca de 34ºC mais fria do que é hoje (Meira, Rui,
2002).
O efeito de estufa gerado pela natureza é, portanto, não apenas benéfico, mas
imprescindível para a manutenção da vida sobre a Terra. Se a composição dos gases
raros for alterada, para mais ou para menos, o equilíbrio térmico da Terra sofrerá
conjuntamente (Meira, Rui, 2002)
A Figura 1 abaixo, esquematiza o efeito estufa.
Figura 1- Esquema do efeito estufa
Fonte: http://www.rudzerhost.com/ambiente/estufa.htm

O clima tem evoluído aos longo dos tempos, sendo a sua evolução natural, no
entanto nos últimos tempos o homem é o grande responsável uma vez que a população
mundial tem vindo a aumentar e consequentemente, registou-se um aumento de 25 % de
dióxido de carbono (CO2) na atmosfera (Meira, Rui, 2002).
Segundo Meira, Rui, 2002, este aumento deve-se especialmente à combustão de
combustíveis fósseis, há desflorestamento, ao número crescente de indústrias e ao
consumismo desmesurado.
O efeito estufa provoca um desequilíbrio no sistema natural da Terra pelo que é
urgente se reduzirem as emissões dos gases prejudiciais e propor alternativas.
Os principais gases responsáveis pelo efeito estufa são:

 Dióxido de Carbono(CO2): Origem da combustão de combustíveis fósseis:


petróleo, gás natural, carvão, desflorestamento (libertam CO2 quando queimadas ou
cortadas).
O CO2 é responsável por cerca de 64% do efeito estufa. Diariamente são enviados cerca
de 6 mil milhões de toneladas de CO2 para a atmosfera.
 Clorofluorcarbono (CFC): São usados em sprays, motores de aviões, plásticos e
solventes utilizados na indústria electrónica. Responsável pela destruição da camada de
ozono. Também é responsável por cerca de 10% do efeito estufa.

 Metano (CH4): Produzido por campos de arroz, pelo gado e pelas lixeiras. É
responsável por cerca de 19 % do efeito estufa.

 Ácido nítrico (HNO3): Produzido pela combustão da madeira e de combustíveis


fósseis, pela decomposição de fertilizantes químicos e por micróbios. É responsável
por cerca de 6% do efeito estufa.

 Ozônio (O3): É originado através da poluição dos solos provocada pelas


fábricas, refinarias de petróleo e veículos automóveis.
Os gases responsáveis pelo aquecimento global da Terra, encontram-se na
combustão de combustíveis fósseis, como o petróleo e seus derivados, e nas cidades
cerca de 40 % deve-se à queima de gasolina e de óleo a diesel, fato que se traduz
pelo número de veículos automóveis que aí circulam (Meira, Rui, 2002).

Os veículos automóveis são responsáveis pela libertação de monóxido de


carbono (CO) e dióxido de carbono (CO2), óxidos de azoto (NOx), dióxido de enxofre
(SO2) e hidrocarbonetos. As indústrias também são responsáveis por este fenômeno
uma vez que emitem enxofre e outros materiais pesados, bem como resíduos sólidos
que ficam suspensos no ar, por sua vez a concentração de oxigênio vai sendo cada vez
menor o que vai provocar doenças graves no sistema nervoso, cancro, problemas
respiratórios (Meira, Rui, 2002).
As conseqüências do efeito de estufa serão sentidas tanto a nível global como a
nível regional, afetando um pouco por toda parte os vários países.
O aquecimento global poderá levar à ocorrência de variações climáticas tais como:
alteração na precipitação, subida do nível dos oceanos (degelos), ondas de calor. Assim
é natural registar-se um aumento de situações de cheias que consequentemente irá
aumentar os índices de mortalidade no planeta Terra (Meira, Rui, 2002).
Uma profunda alteração do clima terá uma influência desastrosa nas sociedades
afetando a produção agrícola e as reservas de água, dando origem a alterações
econômicas e sociais (Meira, Rui, 2002).
A maior parte dos gases de estufa têm fontes naturais, além das fontes
antropogênicas, contudo existem potentes mecanismos naturais para removê-los da
atmosfera. Porém, o contínuo crescimento das concentrações destes gases na atmosfera
dão origem a que, mais gases sejam emitidos do que removidos em cada ano (Meira,
Rui, 2002).

Tem havido um aumento considerável de 25% de CO2 na atmosfera. Os níveis


de CO2 variam consoante a estação, sendo esta variação mais pronunciada no
hemisfério norte, visto que apresenta uma maior superfície terrestre, do que no
hemisfério sul. Este fato ocorre devido às interações que ocorrem entre a vegetação e a
atmosfera (Meira, Rui, 2002).

De acordo com alguns cientistas, um aumento consecutivo da temperatura à


superfície da Terra, provoca uma alteração climática o que leva a um aumento de ondas
de calor, cheias e consequentemente do aumento no número de doenças infecciosas
através da proliferação de pestes(Meira, Rui, 2002).

Um caso bastante atual refere-se ao fenômeno do El Niño, um aumento de


temperatura no sistema oceânico, que deu origem a uma onda quente por todo o mundo.
Como resultado directo, verificou-se uma deslocação dos mosquitos responsáveis pela
propagação da malária e febre amarela para regiões temperadas a altitudes mais
elevadas, atacando os grupos de pessoas mais vulneráveis da sociedade.
A variação climática irá provavelmente aumentar a freqüência de dias de intenso calor,
o que representa um aumento do número de mortes (Meira, Rui, 2002).

3.7 Dióxido de Carbono (CO2)


O dióxido de carbono é essencial à vida no planeta. Visto que é um dos
compostos essenciais para a realização da fotossíntese - processo pelo qual os
organismos fotossintetizantes transformam a energia solar em energia química. Esta
energia química, por sua vez é distribuída para todos os seres vivos por meio da teia
alimentar. Este processo é uma das fases do ciclo do carbono e é vital para a
manutenção dos seres vivos (Santos, 2007).
O átomo de carbono é encontrado em todos os seres vivos. É por este motivo
que os químicos classificam como molécula orgânica toda aquela que contêm átomos de
carbono, mesmo que ela não esteja presente em um ser vivo.O carbono é estocado na
atmosfera, nos oceanos, solos, rochas sedimentares e está presente nos combustíveis
fósseis. Contudo, o carbono não fica fixo em nenhum desses estoques. Existe uma série
de interações por meio das quais ocorre a transferência de carbono de um estoque para
outro. Muitos organismos nos ecossistemas terrestres e nos oceanos, como as plantas,
absorvem o carbono encontrado na atmosfera na forma de dióxido de carbono (CO2).
Esta absorção se dá através do processo de fotossíntese. Por outro lado, os vários
organismos, tanto plantas como animais, liberam dióxido de carbono para a atmosfera
mediante o processo de respiração. Existe ainda o intercâmbio de dióxido de carbono
entre os oceanos e a atmosfera por meio da difusão (Santos, 2007).
O excesso de dióxido de carbono que atualmente é lançado para a atmosfera
resulta da queima de combustíveis fósseis principalmente pelo setor industrial e de
transporte. Além disso, reservatórios naturais de carbono e os sumidouros (ecossistemas
com a capacidade de absorver CO2) também estão sendo afetados por ações antrópicas.
Devido o solo possuir um estoque 2 a 3 vezes maior que a atmosfera, mudanças no uso
do solo podem ser importante fonte de carbono para a atmosfera (Santos, 2007).
A molécula de gás carbônico absorve radiação infravermelha, transformando-a
em calor. Isso faz com que o gás carbônico aqueça a atmosfera (efeito estufa). Sem ele,
a superfície terrestre seria bem mais fria, o que levaria várias espécies a extinção.
Porém, o excesso de gás carbônico leva a um aumento na temperatura, provocando
mudanças climáticas drásticas como o derretimento das calotas polares, o aumento do
número de tempestades e furacões, etc. E estas mudanças também podem levar várias
espécies à extinção e inundar diversas áreas habitadas atualmente (Santos, 2007).
A concentração de CO2 na atmosfera começou a aumentar no final do século
XVIII, quando ocorreu a revolução industrial, a qual demandou a utilização de grandes
quantidades de carvão mineral e petróleo como fontes de energia. Desde então, a
concentração de CO2 passou de 280 ppm (partes por milhão) no ano de 1750, para os
393 ppm atuais, representando um incremento de aproximadamente 30% (Santos,
2007).
Este acréscimo na concentração de CO2 implica no aumento da capacidade da
atmosfera em reter calor e, mas não consequentemente, da temperatura do planeta, pois
houve decrécimos de temperatura também neste período. As emissões de CO2
continuam a crescer e, provavelmente, a concentração deste gás poder alcançar 550 ppm
por volta do ano 2100.
3.8 Oxido de enxofre

Os óxidos de enxofre, mais precisamente os SO2 e SO3, são reconhecidos há


tempos como contribuintes importantes para a poluição do ar. Eles aparecem
principalmente como conseqüência da queima de combustíveis fósseis e da oxidação do
enxofre: S + O2 → SO2. O carvão contém até 6% de enxofre em peso, e a sua queima
responde pela maior parte das emissões de óxidos de enxofre, aproximadamente 20
milhões de toneladas por ano. O dióxido de enxofre é um gás incolor com um odor de
sufocante, especialmente em concentrações acima de 3 ppM. Ele corresponde a
aproximadamente 98% em peso dos óxidos de enxofre emitidos (Kleinbach, Hinrichs,
2003).
O enxofre é incorporado ao meio ambiente a partir de fontes naturais e pelas
atividades humanas. A emissão de sulfeto de hidrogênio (H2S, com odor de ovos
podres) a partir de matéria orgânica em decomposição e a liberação de sulfatos
(SO42-) a partir da maresia adicionam aproximadamente duas vezes mais enxofre ao
meio ambiente do que as fontes humanas de “poluição” (Kleinbach, Hinrichs, 2003).
O dióxido de enxofre na atmosfera tem diversos efeitos nocivos à saúde
humana, À vegetação e aos animais. Estudos epidemiológicos (estudos de grandes
populações) e outras pesquisas indicam que concentrações de SO2 estão associadas a
aumentos de morbidez( taxa de doenças) e mortalidade ( taxa de mortes). A inalação do
oxido do dióxido de enxofre pode resultar em danos ao sistema respiratório superior,
danos ao tecido pulmonar, e no agravamento de doenças pulmonares. Tais efeitos
adversos são mais pronunciados em crianças muito novas, nos idosos e nos 3% a 5% da
população que têm doenças pulmonares crônicas, tais como bronquite e enfisema
(Kleinbach, Hinrichs, 2003).
Diversas catástrofes já ocorreram quando populações foram expostas q grandes
concentrações de poluentes no ar. Uma delas ocorreu em Donora, Pensilvânia, em 1948,
em que 19 pessoas morreram, e em Londres, em 1952, quando 4.000 pessoas
morreram. Em ambos os casos, as condições meteorológica levaram a aumentos na
concentração de SO2 e fumaça naquelas localidades , especialmente devido à queima
de combustíveis fósseis (Kleinbach, Hinrichs, 2003).
Outro problema crucial associado à s emissões de SO2 é a sua oxidação a SO3
e a formação de ácidos sulfúricos, H2SO4, quando de sua reação com vapor de água. É
o fenômeno da chuva ácida. Todo o SO2, é convertido seja em ácido sulfúrico, seja de
sulfatos particulados, a menos que ele seja precipitado ou absorvido da atmosfera
(Kleinbach, Hinrichs, 2003).

3.9 Particulados

A presença de partículas muito pequenas (0,01 mícron a 50 mícrons de


diâmetro), ou particulados, na atmosfera pode levar a problemas de poluição. A poeira
oriunda dos solos secos, cinzas vulcânicas, pólen, maresia e fagulhas provenientes dos
processos de combustão são algumas fontes dos particulados que são carregados pela
atmosfera. Eles são chamados de “aerossóis”, pois são matérias sólidas ou liquidas
suspensa no ar. Partículas com diâmetros maiores do que um mícron são geralmente
associadas a fontes naturais, como a poeira, enquanto aquelas com menos de um mícron
geralmente se originam de processos de combustão. Pequenas partículas com diâmetro
de menores do que 10 micron, denotadas PM-10, são especialmente preocupantes, já
que estas são as que conseguem atingir as regiões mais baixas do sistema respiratório .
O símbolo que representa a totalidade dos particulados em suspensão é TSP, ou
particulados totais em suspensão (Kleinbach, Hinrichs, 2003).

3.10 Óxido Nitroso


• Fontes :O óxido nitroso é produzido naturalmente pelos oceanos e pelas florestas
tropicais. Fontes de óxido nitroso são: a produção de nylon, ácido nítrico,
atividades agrícolas, carros com três modos de conversão catalítica, queima de
biomassa e a queima de combustíveis fósseis. A maior fonte de renovação do
óxido nitroso são as reações fotolíticas (na presença de luz) na atmosfera.
• Concentração Atmosférica :A concentração global atmosférica de óxido nitroso
no começo de 1993 era de 310ppbv (partes por bilhão por volume), por volta de
8% maior do que o nível da concentração durante o período que antecedeu a
revolução industrial que era de 275ppbv.
• Contribuição :Óxido nitroso é responsável por 0.1W/m² desde 1765.
• Redução: Para estabilizar as concentrações atuais o Intergovernamental Panel on
Climate Change estimou que fosse necessário à imediata redução de 70-80% da
produção de óxido nitroso proveniente de fontes antropogênicas. (KIRCHHOFF,
1992).
• 3.11Metano(CH4)

O metano é o segundo gás-estufa em importância, produzido durante


a decomposição anaeróbica. As principais fontes de metano são arrozais,
pântanos, animais domésticos ou não, cupins, gás natural e outros meios
anaeróbicos. A taxa de metano na atmosfera aumenta 1% ao não, sendo pouco
conhecidas as causas deste aumento. Algumas delas podem ser o aumento dos
rebanhos domésticos, a expansão de cultura de arroz e principalmente os
vazamentos de gás natural ou aterros. A permanência do metano na atmosfera e
pequena (menos de 10 anos), sendo consumido na atmosfera e em menor escala
no solo. O metano tem um potencial de aquecimento global de 63 num período
de 20 anos, ou seja, 1 Kg de metano nesse período produzirá 63 vezes o
aquecimento global de 1 Kg de dióxido de carbono, portanto o metano e 20
vezes mais potente que o dióxido de carbono (KIRCHHOFF, 1992).

3.12 BIOMASSA

Biomassa é a matéria orgânica utilizada na produção de energia. Nem toda a


produção primária do planeta passa a incrementar a biomassa vegetal, pois parte dessa
energia acumulada é empregada no ecossistema na sua própria manutenção (ANEEL,
2005). As vantagens do uso da biomassa na produção de energia são:
 O baixo custo;
 O fato de ser renovável;
 Permitir o reaproveitamento de resíduos
 Ser menos poluente que outras fontes de energia como petróleo ou carvão;
As Biomassas mais utilizadas são: a lenha (já representa 40% da produção
energética primária no Brasil), o bagaço da cana-de-açúcar, galhos e folhas de arvores,
papéis, papelões e etc. A biomassa é o elemento principal de diversos tipos de
combustíveis e fontes de energia como o bio-óleo, o biogás, o BTL e o biodiesel. A
renovação da biomassa ocorre através do ciclo do carbono. Conforme mostra a Figura 1,
a queima da biomassa ou de seus derivados provoca liberação de CO2 na atmosfera. As
plantas, através da fotossíntese, transformam esse CO2 nos hidratos de carbono,
liberando oxigênio. Assim, a utilização da biomassa, desde que não seja de forma
predatória, não altera a composição da atmosfera (ANEEL, 2005).

Figura 2- Biomassa no ciclo do carbono


Fonte: ANEEL, 2005.

Embora grande parte da biomassa seja de difícil contabilização, devido ao uso


não-comercial, estima-se que, atualmente, ela possa representar até cerca de 14% de
todo o consumo mundial de energia primária. Em alguns países em desenvolvimento,
essa parcela pode aumentar para 34%, chegando a 60% na África, conforme apresenta a
tabela abaixo (ANEEL, 2005).

Tabela 3 – Consumo de Biomassa


Consumo de biomassa (MtEP)
País ou Região Biomassa (1) Outros Total (2) [ 1/2]
Mundial 930 5.713 6.643 14
China 206 649 855 24
Leste Asiático 106 316 422 25
Sul da Ásia 235 188 423 56
América Latina 73 342 415 18
África 205 136 341 60
Países em
desenvolvimento 826 1.632 2.457 34
Países da OCDE 81 3.044 3.125 3
Fonte: ANNEL, 2005.
No Brasil, a imensa superfície do território nacional, quase toda localizada em
regiões tropicais e chuvosas, oferece excelentes condições para a produção e o uso
energético da biomassa em larga escala. Além da produção de álcool, queima em
fornos, caldeiras e outros usos não-comerciais, a biomassa apresenta grande potencial
no setor de geração de energia elétrica (ANEEL, 2005).
O uso da biomassa está crescendo, graças aos seguintes fatores:
 Esforços recentes de mensuração mais acurada do seu uso e potencial, por
meio de novos estudos, demonstrações e plantas-piloto;
 Uso crescente da biomassa como um vetor energético moderno (graças ao
desenvolvimento de tecnologias eficientes de conversão), principalmente
em países industrializados;
 Reconhecimento das vantagens ambientais do uso racional da biomassa,
principalmente no controle das emissões de CO2 e enxofre.
O aproveitamento da biomassa pode ser feito por meio da combustão direta
(com ou sem processos físicos de secagem, classificação, compressão,corte/quebra etc.),
de processos termoquímicos (gaseificação, pirólise, liquefação e transesterificação) ou
de processos biológicos (digestão anaeróbia e fermentação). A Figura 3 apresenta os
principais processos de conversão da biomassa em energéticos. As principais
tecnologias de aproveitamento energético da biomassa são descritas a seguir (ANEEL,
2005). 5.7 Diagrama tica daomassa
Figura 3- Diagrama esquemático dos processos de conversão energética da Biomassa
Fonte: ANNEL, 2005.
Embora a utilização de biomassa como fonte de energia traga fantásticas
vantagens, é importante ressaltar que se deve ter amplo controle sobre as áreas
desmatadas. Um exemplo disso foi à expansão da indústria de álcool no Brasil, onde
várias florestas foram desmatadas para dar lugar a plantações de cana-de-açúcar. Por
isso a preocupação ambiental, mais do que nunca, deve ser prioridade na utilização da
biomassa (ANEEL, 2005).

3.13Cavaco

O setor de base florestal brasileira pode produzir mais e transferir riqueza para
outros segmentos da economia. Mas, para que esse processo ocorra de forma
consistente e sustentável, é necessário abrir novos mercados, exportar mais, fazer
reformas com modelos adequados de crescimento e conquistar fronteiras agrícolas com
total respeito ao meio ambiente e à biodiversidade, já que a madeira de reflorestamento
hoje exige certificação para ser industrializada (NEUTZLING, PALMEIRA, 2008).
No mercado mundial de cavaco de madeira, os principais exportadores são a
Austrália e a África do Sul, seguido por Estados Unidos e Canadá, com base no ano de
2004, o Brasil obteve a oitava posição nesse mercado, superando a Alemanha e a
Áustria. Quanto às importações os principais países importadores no mundo são o
Japão e os Estados Unidos, o Brasil não figura entre os dez maiores importadores
(NEUTZLING, PALMEIRA, 2008).
O cavaco é um recurso renovável, composto por lascas cisalhadas obtidas a
partir de toras de madeira que na sua maioria destina-se a produção de energia em
fornos e caldeiras. Tipicamente, estes podem ser adquiridas a partir de árvores inteiras,
tronco de madeira, resíduos de colheita, resíduos de serraria, ou cavaco de
reflorestamento de rotação curta (NEUTZLING, PALMEIRA, 2008). Apresentam boas
características energéticas e melhor desempenho no que diz a respeito ao seu
escoamento em silos. Entre as vantagens do uso do cavaco de madeira para a geração de
energia em relação aos combustíveis à base de petróleo estão:
 Baixo custo de aquisição;
 Menor risco ambiental;
 É um recurso renovável;
 Suas emissões não contribuem para o efeito estufa;
 As cinzas são menos agressivas ao meio ambiente do que as provenientes de
combustíveis fósseis.
Por estas razões é considerado, atualmente, o combustível mais adequado para a
produção de energia na indústria, quando a alimentação é feita através de sistemas
mecânicos usando-se rosca-sem-fim e silo para o suprimento do material
(NEUTZLING, PALMEIRA, 2008).
A qualidade do cavaco é proveniente do tipo de corte, pois não existe um padrão
definido em função do cisalhamento, mas o tamanho é importante. Existem 3 tipos
principais do corte do cavaco, são eles:
Tipo I: o cavaco é formado à frente da aresta de corte da ferramenta à primeira ruptura
se dá por fendilhamento e o cavaco se separa da peça por ruptura a flexão, como uma
viga engastada.
Tipo II: o cavaco é formado quando a ruptura da madeira se produz ao longo de uma
linha que se estende a partir da aresta de corte da ferramenta: a ruptura se dá por
cisalhamento diagonal e forma um cavaco contínuo. É o tipo de cavaco relacionado à
melhor qualidade de superfície.
Tipo III: as forças de corte produzem ruptura por compressão paralela e cisalhamento
longitudinal, diante da aresta da ferramenta de corte: o cavaco não tem forma definida e
é fragmentado.
O potencial calorífico depende da percentagem de umidade absorvida, mas com
a secagem efetuada até 0% de umidade é possível utilizar 100% da energia armazenada
pelo processo da fotossíntese vegetal (MORITA, 2008).
Tabela 4 - Especificações do Cavaco
% Umidade Kg/m³ KCAL Origem
20 230 3 000 Reciclado
30 300 2 600 Floresta
40 370 2 400 Floresta/ Serraria
45 400 2 200 Serraria
50 430 2 000 Serraria
Fonte: NEUTZLING, PALMEIRA, 2008.

Para instalações domésticas a umidade deve ser inferior a 30%, para médias
instalações; deve ser inferior a 40% e para grandes instalações de preferência entre 30 e
50, ou até 55% (NEUTZLING, PALMEIRA, 2008).

Medição de Cavaco de Madeira

Figura 4- Detalhes e especificações do Cavaco.


Fonte: NEUTZLING, PALMEIRA, 2008.

3.14 Casca de arroz


No processamento industrial do arroz, a casca representa o maior volume entre
os subprodutos obtidos durante o beneficiamento do arroz, chegando, em média, a 22%.
Essas cascas, quando não são queimadas visando ao aproveitamento energético, são
deixadas no meio ambiente, criando problemas de estética, que se agravam quando
levadas pelo vento para outras áreas (SOUZA, 1993).
As cascas de arroz têm baixa densidade e peso específico, além de lenta
biodegradação, permanecendo em sua forma original por longos períodos de tempo.
Apresentam um alto poder energético, já que contêm quase 80% de seu peso em
carbono. Durante a sua queima, a casca produz muita cinza, mas sua fumaça é pouco
poluente, pois não possui enxofre. Suas cinzas são compostas basicamente de sílica e,
portanto, bastante alcalinas. Tanto nas cascas de arroz como em suas cinzas, não
existem compostos tóxicos. Entretanto, durante o processo de combustão e gaseificação,
formam-se partículas de cinzas que contêm carbono: a fuligem. As cascas de arroz
podem ser carbonizadas e usadas como substrato, em canteiros ou recipientes, na
germinação de sementes e formação de mudas de vegetais superiores (SOUZA, 1993).
O substrato de cascas de arroz carbonizadas apresenta as seguintes
características físicas e químicas: densidade seca de 150g/l, capacidade de retenção de
água de 53,9%, capacidade de troca de cátions de 5,5 meq/dl, pH em água de 7,4, teor
de sais solúveis de 0,7 g/l, 0,7% de nitrogênio,0,2% de fósforo e 0,32% de potássio
(SOUZA, 1993). A casca de arroz, normalmente, tem a seguinte composição:
Tabela 5- Composição da Casca de Arroz
Composição da Casca de Arroz
Gorudra
Proteina (%) (%) Fibras (%) Cinzas (%) Carboidratos (%)
13,2 -
2,0 - 2,8 0,3 - 0,8 34,5 - 45,9 21,0 22,0 - 34,0
Fonte: SOUZA, 1993.

3.15 Óleo BPF


Os óleos combustíveis são divididos em dois tipos: óleos combustíveis leves e
óleos combustíveis pesados. Os óleos leves chamam-se óleo diesel e são empregados
em motores de combustão por compressão de médias e altas rotações, enquanto que os
óleos combustíveis pesados são os óleos APF (alto ponto de fluidez) e BPF (baixo
ponto de fluidez), utilizados em motores de grande porte e de baixa rotação. A diferença
que existe entre os óleos combustíveis pesados e leves é, sobretudo, sua viscosidade
(ANP, 1999).
O óleo BPF tem baixo ponto de fluidez e não baixo ponto de fulgor, apesar de
sua especificação legal exigir ponto de fulgor mínimo de 66ºC, nem sempre é
inflamável, pois a maioria destes óleos possui ponto de fulgor superior a 80ºC, não
sendo classificados como inflamáveis, mas tão somente, como combustíveis. O óleo
BPF tem como função produzir calor e é utilizado em equipamentos destinados à
geração de energia térmica (ANP, 1999).
Viscosidade - a viscosidade de um fluido é a medida da sua resistência ao
escoamento a uma determinada temperatura. É uma das características de maior
importância do óleo combustível, que determinará as condições de manuseio e
utilização do produto (ANP, 1999).
Ponto de Fulgor - é definido como a menor temperatura na qual o produto se
vaporiza em quantidades suficientes para formar com o ar uma mistura capaz de
inflamarem-se momentaneamente quando se aplica uma centelha sobre a mesma. É um
dado de segurança para o manuseio do produto e uma ferramenta utilizada para detectar
a contaminação do óleo combustível por produtos mais leves (ANP, 1999).
Ponto de Fluidez - é a menor temperatura na qual o óleo combustível flui quando
sujeito a resfriamento sob condições determinadas de teste. Ele estabelece as condições
de manuseio e estocagem do produto. Especificam-se limites variados para esta
característica, dependendo das condições climáticas das regiões, de modo a facilitarem
as condições de uso do produto (ANP, 1999).

3.16 Poder Calorífico

É a quantidade de energia por unidade de massa (ou de volume no caso dos


gases) libertada na oxidação de um determinado combustível, sendo:
• Poder Calorífico Superior (PCS): É a quantidade de calor produzida por 1 kg de
combustível, quando este entra em combustão, em excesso de ar, e os gases da
descarga são resfriados de modo que o vapor de água neles seja condensado
(SANTOS, 2007).
• Poder Calorífico Inferior (PCI): É a quantidade de calor que pode produzir 1kg
de combustível, quando este entra em combustão com excesso de ar e gases de
descarga são resfriados até o ponto de ebulição da água, evitando assim que a
água contida na combustão seja condensada. Como a temperatura dos gases de
combustão é muito elevada nos motores endotérmicos, a água contida neles se
encontra sempre no estado de vapor, portanto, o que deve ser considerado é o
poder calorífico inferior e não o superior (SANTOS, 2007).

3.17 Poder Calorífico e Coeficiente de emissão (Teoria de cálculo)


Devido à diversidade de processos de produção do cavaco e da casca de arroz, as
informações disponíveis na literatura técnica nem sempre apresentam o grau de
coerência necessário à produção de dados para as Comunicações Nacionais à
Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima. Obtiveram-se os
dados a partir de trabalhos técnicos e de laboratório com a suficiente especificação das
amostras e dos métodos utilizados.

O método de medição do poder calorífico baseia-se no balanço de energia na


combustão completa da amostra, em geral com oxigênio puro, a volume constante, e na
transferência de calor para a água do calorímetro. A diferenciação entre o poder
calorífico superior (PCS) e o inferior (PCI) resulta da consideração do estado final da
mistura de gases de combustão e do vapor d´água que se forma na queima de
substâncias hidrogenadas. Se o estado de equilíbrio térmico dos produtos da combustão
com a água do calorímetro ocorre sem a condensação do vapor d´água, o poder
calorífico medido é o inferior; se o vapor se condensa e a mistura é resfriada à
temperatura inicial (geralmente a do ambiente, tomada como 25°C), maior quantidade
de calor é cedida ao calorímetro e o resultado é o poder calorífico superior. A equação
que relaciona os dois poderes caloríficos é:

PCS = PCI + m(c ΔT + L);

Sendo m a massa da água de combustão, ΔT a diferença de temperatura entre o


ambiente e a temperatura de equilíbrio antes da condensação e L o calor latente de
condensação do vapor d´água. O poder calorífico do cavaco, da casca de arroz e o óleo
BPF 2ª, foi obtido, através de pesquisas em artigos.
3.18 Definição das variáveis envolvidas no cálculo de Emissões de Dióxido
de Carbono (CO2)
Equação de Emissão (1):
fc
BE y = HG y ×
ηth
Onde:
BEy = Emissões provenientes do calor/vapor fornecido pela atividade do projeto
durante o ano em tCO2e (toneladas de CO2 equivalente).
HGy = A quantidade líquida de calor/vapor fornecida pela atividade durante o
ano em TJ (Terá Joule).
fc = Fator de emissão de CO2 por unidade de energia do combustível que teria
sido utilizado (tCO2/TJ).
ηth = Eficiência da unidade geradora.

4.0 METODOLOGIA

O estudo da análise das variáveis ambientais e econômicas na substituição de


combustíveis na cervejaria AMBEV de Cuiabá – MT foi realizado a partir da
implementação das etapas a seguir:

 Levantamento bibliográfico sobre os temas: Vantagens e desvantagens da


utilização de combustíveis renováveis e não renováveis, otimização de
recursos energéticos, poluição do ar, dentre outros;
 Visita técnica ao setor das caldeiras localizado na AMBEV para descrição da
área de estudo, coleta de dados e entrevista com o Engenheiro Erico
Amorim, consultor da empresa Company Sol;
 Utilização da metodologia de cálculo para Teor de Carbono em
Combustíveis da Biomassa, metodologia baseada em um projeto de
levantamento de dados para a revisão do Balanço de Carbono objeto do
Termo de Parceria firmado entre a Organização Social Economia eEnergia –
e&e – OSCIP e o Ministério da Ciência e Tecnologia – MCT, ano de 2006.

4.1 Área de Estudo


4.1.1 Localização e História

A AmBev escolhida para o estudo foi a Ambev da cidade de Cuiabá, que se


localiza na Avenida Antartica, próximo ao bairro Santa Rosa. A Figura 5, mostra a
localização da cervejaria Ambev –Cuiabá - MT. O local dentro da Ambev estudado foi
à área das caldeiras, identificada no mapa abaixo.

Figura 5- Localização e Vista aérea da Ambev Cuiabá


Fonte: www.maps.google.com.br

A missão da Ambev é ser a "Melhor Empresa de Bebidas do Mundo em um


Mundo Melhor". É uma empresa de capital aberto, sediada em São Paulo, no Brasil,
com operações em 14 países das Américas (Argentina, Brasil, Bolívia, Canadá, Chile,
El Salvador, Equador, Guatemala, Nicarágua, Paraguai, Peru, República Dominicana,
Uruguai e Venezuela). Dona de um portfólio de "estrelas" como Antarctica, Brahma,
Bohemia, Skol, Original, Stella Artois; os refrigerantes Guaraná Antarctica, Soda,
Pepsi, Sukita, H2OH! e Guarah!, a AmBev é líder no ranking das cervejarias na
América Latina (AMBEV, 2010).
Sua reconhecida excelência em gestão gera retorno aos seus acionistas e garante
atuação sustentável. Em 2008, atingiu volume de vendas de 146,9 milhões de hectolitros
de bebidas e receita líquida de R$ 20,9 bilhões. No mesmo ano, destinou R$ 206
milhões para ações socioambientais. Entre os principais resultados estão: sete unidades
fabris já operam com geração de energia por meio de biomassa e redução de 23% no
consumo de água nos últimos seis anos. Uma prova de que é possível aliar crescimento
à sustentabilidade (AMBEV, 2010).
4.1.2 Valores Ambientais

Água
O consumo sustentável de água, componente fundamental para a produção de
bebidas, é parte do sistema de gestão ambiental da AmBev. A Companhia monitora a
utilização da água em cada estágio do processo produtivo, além de realizar treinamentos
e campanhas de conscientização para reduzir o consumo e aumentar a reciclagem e
reutilização da água (AMBEV, 2010).
Desta forma, entre 2002 e 2008, a empresa reduziu o índice de consumo de água
em 23%, passando de 5,36 litros de água para cada litro de bebida produzido para 4,11.
Essa redução no ano equivale a um volume de 815 milhões de litros de água, que
seria suficiente para abastecer uma população de 150 mil habitantes durante um mês
(AMBEV, 2010).
Energia e Efeito Estufa
A AmBev utiliza biomassa na fábrica de Cuiabá (MT). De 2004 a 2008, houve
uma redução de 29% o índice de emissão de gases do efeito estufa, o equivalente ao
plantio de 1,5 milhões de árvores (AMBEV, 2010).
A AmBev é um dos 27 membros-fundadores do Programa Brasileiro “GHG
Protocol”, um esforço voluntário de empresas e instituições para a construção de uma
plataforma comum de cálculo e publicação de inventários de Gases de Efeito Estufa
(GEEs) (AMBEV, 2010).
Para seguir as especificações do protocolo, em 2008 a empresa adotou um
inventário mais amplo para monitoramento, passando a englobar todas as nossas
unidades produtivas, incluindo as cinco plantas verticalizadas (vidros, rolhas, rótulos,
extrato e xarope) e as quatro maltarias (AMBEV, 2010). Observe na Figura 6 abaixo
sobre as emissões de CO2 de 2004 a 2008
Figura 6- Emissões de CO2 por hectolitro produzido
Fonte: www.ambev.com.br

4.1.3 Dados da Cervejaria Ambev de Cuiabá.


A empresa terceirizada responsável pela caldeira (operação e manutenção),
geração de vapor e utilização da biomassa é a empresa COMPANY SOL S.A, que se
localiza Pátio da Ambev. Na gestão da empresa anterior, eram utilizadas duas caldeiras
BPF 2A (pertencentes a própria Ambev) para operação. Com a terceirização para a
COMPANY SOL, passou-se a utilizar duas Caldeiras ATA flamotubular mista
(pertencentes a Company Sol), conforme mostra a Figura 7.
Figura 7 - Caldeiras flamotubular mista, no pátio da Company Sol.
Fonte: www.companysol.com

As caldeiras BPF são utilizadas quando as caldeiras ATA flamotubular estão em


manutenção caso ocorra algum problema. O rendimento da caldeira mista
(flamotubular) é de 78%. É uma caldeira semi-automática e possui uma capacidade de
operação de 15ton/h vapor.
Segundo Érico, consultor da Company Sol, o combustível utilizado nas caldeiras é
a biomassa nas seguintes proporções: cavaco e casca de arroz (3 /1). O consumo diário
de biomassa das caldeiras é de 70ton/dia de cavaco e 23,3ton/dia de casca de arroz. A
capacidade de geração de vapor oriundo da queima de biomassa é: 1Kg de Biomassa
gera 3 Kg de vapor.
O cavaco, oriundo de atividade de manejo, vem de São José do Rio Claro- SP e a
casca de arroz, da cidade de Cuiabá. A biomassa fica armazenada no pátio de
estocagem, como mostra a Figura 8.

Figura 8 – vista do pátio de estocagem da biomassa


Fonte: http://www.companysol.com/principal.php
O manuseio e o descarregamento da biomassa são feito por caminhões e máquinas
da própria Company Sol. Como mostra a Figura 9.
Figura 9- Manuseio da biomassa
Fonte: www.campanysol.com

A biomassa é transportada para o silo principal, através de uma esteira que liga o
pátio externo e interno, como mostra a Figura 10.

Figura 10- Esteira Transportadora da biomassa


Fonte:www.companysol.com

Após chegar ao silo principal, a biomassa vai para a moega interna e balança
digital, como mostra a Figura 11 abaixo.

Figura 11 - Saida do silo principal e entrada na moega.


Fonte:www.companysol.com

É no pátio interno, que possui a visão completa da área da caldeira, e onde se


localiza a área de controle, onde há:
 Quadro de controle de energia, vapor, óleo BPF, água;
 Quadro de comando transformador do precipitador;
 Controle digital automatizado das caldeiras (PLC) (Alimentação da fornalha,
Pressão da fornalha, Pressão da caldeira, Nível de água na caldeira);
 Quadro de comando dos inversores de freqüência das roscas de alimentação dos
silos “pulmão”;
 Painel de medição da balança eletrônica;
 Painel do controle de inter-travamento das correias e de leitura dos dados das
caldeiras;
 A fornalha é fixa, inclinada a 37°, e subterrânea como mostra a Figura 12.

Figura 12 - Fornalha fixa 37°


Fonte: www.companysol.com

Os gases saem das duas caldeiras e são conduzidos ate o filtro precipitador
eletrostático por um duto de entrada de gases, conforme mostra a Figura 13.

Figura 13 – Duto de entradas dos gases no filtro precipitador eletrostático


Fonte:www.companysol.com
Os gases chegam ao filtro eletrostático, e depois são conduzidos por um duto até
a chaminé e expelidos para a atmosfera. Como mostra a Figura 14 abaixo.

Figura 14-Entrada dos gases no filtro eletrostático e saída para a chaminé.


Fonte:www.comapnysol.com.br

Tabela 5
5.0 RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1 Cálculo do Poder Calorífico Inferior da Biomassa

Como o cavaco é um aproveitamento de lascas de toras de madeira, nele


estão contidas diversas espécies de madeira. Após pesquisa em artigos publicados na
Internet, foram encontrados valores do poder calorífico variando de 4.700 (eucalipto,
acácia, gravílea) a 6.870 kcal/kg (mimosa), madeiras estas de uso industrial, sem
menção explícita do teor de umidade. Para efeito de cálculo foi adotado o poder
calorífico superior da celulose igual a 4.700 kcal/kg.
Tabela 6 – Características físico-químicas do cavaco.
Constituinte Carbono Oxigênio Hidrogênio
Teor % em
massa 44 49,38 6,17

Cada grama de hidrogênio gera 9 g de água; assim, a combustão de 61,7g


contidas em 1 kg do cavaco gera 555,3g de água. O PCI é:
PCi = PCs −m ×(1kcal / kg °C ×87 ,5°C +540 kcal / kg ) )
PCi = 4700 −0,5553 ×627 ,5
PCi = 4351 ,55 kcal / kg 2

O coeficiente de emissão do cavaco calculado com esses dados é:


0,4 4 0kg c
fc =
4 3 5 1,5 5kca l/ kg × 4,1 8 6kJ / kca l
0,4 4 0
fc =
1 8,2 1 5× 1 06
fc = 2 4,1 5 5to n C T J

5.1.1 Cálculo do Poder Calorífico Inferior da Casca de Arroz


A partir das características físicas da casca do arroz, que se realizaram os
cálculos, esses dados estão apresentados na Tabela 7:
Tabela 7– Características físico-químicas da casca do arroz.
Constituinte Carbono Oxigênio Hidrogênio
Teor % em massa 40,96 35,98 4,3
Fonte: Souza, et al, 2005; Cortes e Lora

Cada grama de hidrogênio gera 9 g de água; assim, a combustão de 43g contidas


em 1 kg da casca de arroz gera 387g de água. O PCI é:
PCi = PCs − m ×(1kcal / kg °C ×87 ,5°C +540 kcal / kg )
PCi = 3730 −( 0,387 ×627 ,5)
PCi = 3487 ,15 kcal / kg 2

O coeficiente de emissão da casca de arroz calculado com esses dados é:


0,40 9 6kg c
fc =
3 42 4,4kca l/ kg × 4,1 8 6K J / kca l
0,4 0 96
fc =
1 4,3 3 4× 106
fc = 2 8,5 7to n C/ T J

5.1.2 Cálculo do Poder Calorífico Inferior do Óleo BPF 2A.

A composição do óleo BPF está apresentada abaixo:


Tabela 8– Composição Elementar do óleo BPF (líquido).
Constituinte Carbono Hidrogênio Enxofre
Composição em % 84,8 11,1 4,0

Como a densidade do óleo BPF é 1,024 converteu-se a porcentagem dos seus


componentes líquidos para sólido, para obtermos esses valores em unidade de massa.
Ficando assim:
Tabela 9 – Composição Elementar do óleo BPF (massa)
Constituinte Carbono Hidrogênio Enxofre
Composição em % 86,83 11,33 4,096

Cada grama de hidrogênio gera 9 g de água; assim, a combustão de 113,3 g de


hidrogênio 1.019,7g de água. O PCI é:
PCi = PCs −m(1kcal / kg °C ×87 ,5°C +540 kcal / kg )
PCi =10409 ,20 −(1,0197 ×1107 ,2 )
PCi = 9280 ,188 kcal / kg

O coeficiente de emissão do óleo BPF foi adotado de acordo com referências do


IPCC (Intergovernamental Panel on Climate Change), o qual é fc = 77,40 tonC/TJ.

5.2 Cálculo das Emissões de Dióxido de Carbono (CO2) produzidas por cada
combustível

Para o cálculo das reduções de emissões desta atividade, utilizou-se o cenário


relacionado à produção de vapor pela nova caldeira a qual será através da queima de
cavaco de madeira e casca de arroz (biomassa).
Por se tratar de um projeto em que a atividade é a geração de energia renovável,
não são consideradas nenhuma emissão do projeto. Assim, as emissões serão
consideradas como as próprias reduções de emissões.

5.2.1 Cálculo de Emissão do Dióxido de Carbono (CO2) do Óleo BPF

1) Cálculo HGy:
Equação da quantidade líquida de calor/vapor (2)
HGy = Capacidade Calorífica da Caldeira x Tempo Funcionamento Caldeira (h)
HG y = 48692480 ×8760
HG y = 426 ,5TJ

Esta capacidade calorífica utilizada representa a geração de 15.000 kg de vapor


por hora, a mesma geração da caldeira em questão.

2) Cálculo BEy
 77,40 
BE y = 426 ,5 × 
 0,78 
BE y = 42231 ,9 tonCO 2 ano

Portanto a quantidade de CO2 que seria emitida com o uso do óleo BPF-2A foi
de 42.231,9 tonCO2e/ano.

5.2.2 Cálculo de Emissão de Dióxido de Carbono (CO2) da Biomassa.

Utilizando a Equação de Emissão (1) e o mesmo valor HGy temos:

fc biomassa
BE y = HG y ×
ηth

Para encontrarmos um fator de emissão de CO2 para a biomassa que se trata de


uma mistura entre cavaco e casca de arroz os quais temos os valores do coeficiente de
emissão individual e sabendo-se que eles são utilizados na proporção de 3 volumes de
cavaco para 1 volume de casca de arroz calculamos uma média ponderada para esses
coeficientes, encontrado um valor que represente essa mistura que forma a biomassa.
fc biomassa =
(Vcavaco × fc cavaco ) + (Vcasca × fc casca )
Vcavaco + Vcasca

fc biomassa =
( 3 × 24,155 ) + (1× 28,57 )
3 +1
fc biomassa = 25,258 tonCO 2 e TJ

Com esse valor encontrado jogando na equação (1):


 25 ,258 
BE y = 4265 ,5 × 
 0,78 
BE y =13810 ,9 tonCO 2 e ano

Este valor 13.810,9 tonCO2e/ano representa a quantidade de CO2 que a caldeira


passou a emitir pela queima de biomassa.
National Staech &Chemical. Projeto de troca de Combustível. National Starch;
Versão 001. DCP, 2009.

5.2.2 Cálculo da Redução de Emissão de Dióxido de Carbono (CO2) na troca


de combustível
Se a indústria estivesse operando utilizando o combustível óleo BPF 2A, estaria
emitindo 42.403,9 tonCO2e/ano (cenário de linha de base). A quantidade de CO 2 que a
caldeira passou a emitir após a substituição do combustível óleo BPF para a biomassa é
cerca de 13.810,9 tonCO2e/ano.
Avalia-se que a substituição do combustível não renovável para a biomassa
(renovável), poupou a emissão de 28 511,0 tonCO2e/ano. Esta redução de emissão de
toneladas equivalentes de carbono desperta interesse no cenário de créditos de carbono.
Pois foi avaliado o processo de forma parcial (sem levar em consideração todas as
variáveis envolvidas no balanço de produção e consumo de CO2 e poluentes) e assim
mesmo foi encontrada uma redução bastante significativa, por volta de 67 % de
toneladas de CO2 na troca de combustíveis.
Utilizando a biomassa como combustível, não incrementa o teor de CO2 na
atmosfera, já que este é produzido durante a combustão equilibrando-se com o CO2
consumido durante a fotossíntese.(LORA,2002) Sendo assim, se for realizado o balanço
completo(conforme o mecanismo de desenvolvimento limpo), esta emissão será
neutralizada.
5.3 Análises termogravimétricas da Biomassa (Casca de arroz e cavaco)
As análises termogravimétricas foram realizadas no laboratório de química da
Universidade Federal de Mato Grosso. A descrição da interpretação dos resultados foi
baseada nas explicações dos analistas do laboratório. Os resultados, apresentados na
forma de gráficos, estão no Anexo 1.
Foram adicionadas duas amostras (de casca de arroz e cavaco) com massa de
11,405 e 5,654 miligramas em um analisador termogravimétrico simultâneo, da marca
Shimadzu, modelo DTG-60H em atmosfera com ar seco com uma vazão de 50ml/min.
Foi utilizado como referência uma célula contendo alumina (Al2O3).
As curvas na análise termogravimétrica representam a perda de massa no
intervalo de temperatura estudado, assim como em que temperatura essas perdas
ocorrem.
As linhas azuis mostram a perda de massa nas temperaturas de ensaio e as linhas
vermelhas representam a diferença térmica entre o início do teste aos picos térmicos
apresentados durante a perda de massa.
As amostras foram analisadas em temperatura ambiente, variando a escala de
temperatura até 1000°C. Nesta variação de temperatura pode-se observar o
comportamento de degradação da matéria orgânica presente nas massas das amostras.

5.3.1 Discussão da analise termogravimétrica da casca do arroz

Pode-se observar, que a primeira variação se refere a perda de massa por


evaporação da água presente. Essa perda é verificada no pico DTA (linha vermelha) a
91,33°C, onde essa perda foi iniciada em torno de 31,94°C e finalizada em 130,02°C.
Nesta faixa de avaliação verifica-se a perda de 0,751 mg da amostra que representa
6,585% em massa de casca de arroz. Essa umidade confere com os dados fornecidos
pela empresa.
O segundo e o terceiro picos iniciam-se na temperatura de 215,40°C e são
finalizados em 541,33°C. Nesta variação na linha vermelha (DTA), os dois picos
distintos representam 79,176% da massa da amostra, algo em torno de 9mg do conteúdo
pesado. Analisando esta variação, verifica-se que em 362,72°C há a primeira perda de
massa da amostra e no pico 444,04°C há a segunda perda de massa. Estas perdas de
massa podem representar a perda da matéria orgânica por formação de voláteis como
alguns tipos de ácidos orgânicos de massa molar leve, formação de alguns gases
inorgânicos (como NOX), formação de CO e CO2 , oriundos da própria combustão da
amostra e há possibilidade também da produção de vapor de água desprendido da
própria molécula. Quando se finaliza o processo atingindo a temperatura de 1000°C,
observa-se que restam aproximadamente 1,62 mg da amostra, que representa algo em
torno de 14,239% da massa. Isto demonstra que mais de 85% da amostra é consumida
no processo o que significa que a casca de arroz é um bom combustível para geração de
vapor e energia, pois produz pouco resíduo. Em relação aos resíduos eles podem ser
considerados por uma parcela de cinzas e de resíduos húmicos de difícil queima e ou a
presença também de sais inorgânicos como carbonatos de cálcio, que demandam
temperatura superior para total perda de massa.
Estes aspectos são demonstrados pela curva TGA (azul) pelo declínio típico
mostrado no início da análise até sua finalização nos 1000°C. Observa-se que a partir de
541,33°C, não há mais perda de massa (representado pela linearidade desta faixa de
temperatura 541,33°C a 1000°C).

5.3.2 Discussão da analise termogravimétrica do cavaco

A primeira variação se refere a perda de massa por evaporação da água presente.


Essa perda é verificada no pico DTA (linha vermelha) a 79,64°C, onde essa perda foi
iniciada em torno de 31,16°C e finalizada em 108,38°C. Nesta faixa de avaliação
verifica-se a perda de 0,393 mg da amostra que representa 6,951 em massa de cavaco.
Essa umidade confere com os dados fornecidos pela empresa.
O segundo e o terceiro picos iniciam-se na temperatura de 158,87°C e são
finalizados em 544,98°C. Nesta variação na linha vermelha (DTA), os dois picos
semelhantes representam 89,123% da massa da amostra, algo em torno de 5,0mg do
conteúdo pesado. Analisando esta variação, verifica-se que em 349,56 há a primeira
perda de massa da amostra e no pico 462,51 há a segunda perda de massa. Estas perdas
de massa podem representar a perda da matéria orgânica por formação de voláteis como
alguns tipos de ácidos orgânicos de massa molar leve, formação de alguns gases
inorgânicos (como NOX), formação de CO e CO2 , oriundos da própria combustão da
amostra e há possibilidade também da produção de vapor de água desprendido da
própria molécula.Existe ainda a possível formação de hidrocarbonetos constituintes no
efluente final gasoso e a formação de aldeídos e cetonas, que podem justificar a
formação posterior dos ácidos orgânicos. Estes gases formados constituem a massa
gerada de substâncias particuladas encontradas no efluente gasoso final obtido pela
combustão da biomassa. Quando se finaliza o processo atingindo a temperatura de
1000°C, observa-se que restam aproximadamente 0,22 mg da amostra, que representa
algo em torno de 3,926% da massa. Isto demonstra que mais de 96% da amostra é
consumida no processo o que significa que cavaco é um bom combustível para geração
de vapor e energia, sendo ainda melhor que a casca de arroz e também gerando pouco
resíduo.
Estes aspectos são demonstrados pela curva TGA (azul) pelo declínio típico
mostrado no início da análise até sua finalização nos 1000°C. Observa-se que a partir de
544,98°C, não há mais perda de massa (representado pela linearidade desta faixa de
temperatura 544,98°C a 1000°C).

5.4 Discussão do aspecto econômico

Para avaliar os aspectos econômicos produtivos, foi realizada uma pesquisa de


mercado nos seguintes sites: www.mfrural.com.br (biomassa), e
http://paulinia.olx.com.br (óleo BPF), que foram acessados dia 21/06/10 onde foram
encontrados os preços dos combustíveis. Estimou-se uma média dos preços, apresentada
na Tabela 10 abaixo. Estes valores foram estimados, pois não foram concedidos pela
Company Sol.

Tabela 10 - Preço médio dos combustíveis


Preço dos combustíveis
Biomassa Casca de arroz Óleo BPF
R$ 35,00 m³ R$ 0,07 kg R$ 1,04 Litro

Considerando que a alimentação da caldeira demande 70 Ton/dia de cavaco, o


gasto diário com cavaco é em torno: R$ 7.000,00 por dia.
A quantidade da casca de arroz utilizada é 1/3 do cavaco, então se tem um
consumo de 23,3 Ton/dia, e um gasto de R$ 1631,00. Desta forma, o gasto diário
utilizando a biomassa como combustível, é de R$ 8.631,00 com a biomassa.
Em um cenário anterior (ou cenário reserva), a capacidade da caldeira que opera
com óleo BPF é de aproximadamente 15 Ton de vapor/ hora. A demanda de
alimentação desta caldeira é em consumo médio de 12.000 litros/dia. Portanto o custo
de operação desta caldeira, com este combustível, era R$ 12.480,00 por dia.
A empresa deixou de gastar o equivalente a R$ 3.849,00 por dia, e mais de R$
115.000,00 por mês de insumos para geração de vapor. Com essa economia a empresa
poderá investir futuramente em estratégias de co-geração. Confirmando assim, a
vantagem econômica da utilização da biomassa como combustível.

5.5 Discussão das Questões Ambientais

Neste tópico serão avaliadas as questões ambientais envolvidas na mudança do processo


produtivo.

5.5.1 Biomassa

Utilizando a biomassa como combustível, pode-se valorar os seguintes aspectos:


-Otimização da gestão de resíduos sólidos no estado. Pois o cavaco e a casca de arroz
(resíduos excedentes) deixam de contribuir como agravantes ambientais (na disposição
inadequada de resíduos agrícolas) e passam a ser usados como fonte de energia para as
indústrias. Ainda há geração de renda e emprego neste ciclo.
-Redução da emissão e concentração de enxofre no ambiente (na forma de SO 2); Fator
que reduz alguma possível incidência de chuva ácida;
-Apresenta rendimento industrial similar ou superior a outros combustíveis com menor
impacto ambiental e custo;
-Através de investimentos nos processos industriais, se pode adequar as instalações e
optar por co-geração de energia. Buscando eficiência ou auto-suficiência energética.

5.6 Avaliação das características dos efluentes (Biomassa e Óleo BPF)


A troca de combustíveis, como citado anteriormente, favorece ganhos
econômicos para a empresa. Esses ganhos podem ser utilizados na melhoria
da eficiência de queima, na melhor operacionalização da geração do vapor
e investimento em novos insumos para o desenvolvimento da empresa.
Em relação aos aspectos ambientais a troca de combustível
favorece a diminuição na emissão dos efluentes gasosos causadores dos
impactos ambientais referentes a poluição do ar (como o efeito estufa) e os
impactos na saúde humana como os problemas cardiovasculares e
respiratórios. Conforme demonstrado nos cálculos desenvolvidos neste
trabalho, é pertinente relacionar os resultados envolvidos nesta temática de
poluição do ar, tendo em vista os índices apresentados. Com isso, se pode
comparar os efeitos da emissão de cada combustível. No Anexo 2 são
apresentados os resultados de uma análise feita do efluente gasoso emitido
na saída na caldeira, utilizando biomassa como combustível. Comparando a
este laudo, Caetano et al(2004) encontrou resultados apresentados, levando
em consideração que a biomassa será submetida a queima completa
observado na Tabela X

Tabela 9-Composição teórica do efluente pela queima de cada


combustível
Composição teórica do efluente pela queima de cada combustível
Combustível CO2 SO2 H2O N2 Cinza
22,06 0,29 6,15 71,50
Oléo BPF % % % % -------
21,89 -------- 6,51 69,60
Biomassa % -- % % 2%

Comparando com os resultados apresentados pela Tabela x


pode-se verificar que a concentração em porcentagem de CO2 é em torno
de quatro vezes a concentração obtida pelos resultados do laudo no Anexo
2. Isso nos permite afirmar que a operação em uma indústria difere muito
quando se é estimado um padrão de queima completa (o que representa
um problema associado a formação de hidrocarbonetos(HC) e monóxido de
carbono(CO)). Isso acontece porque a distribuição de calor e a formação dos
produtos ( CO2, vapor de água, entre outros) não é homogênea,
ocasionando a formação de produtos indesejáveis como o monóxido de
carbono e matérias particulados (hidrocarbonetos não oxidados). Porque,
também, existe a perda de calor no processo e problemas com a qualidade
da água utilizada na geração de vapor, que acarretam um maior consumo
de insumos e combustíveis.
Prosseguindo, verifica-se que o primeiro apresenta resultados
referentes ao nitrogênio total emitido pelos efluentes da queima da
biomassa e no segundo os produtos da oxidação do nitrogênio contido na
formulação em massa da biomassa. Por este motivo não se pode verificar
que os dois ensaios tenham uma correlação efetiva. Em relação a isso,
pode-se verificar que no Anexo 2, que a concentração de oxido de
nitrogênio apresenta um fator de 384 vezes maior do que o permitido
estipulado pelo padrão primário da Resolução CONAMA n°3 de 1990. Este
fator é considerado preocupante, porém existem alternativas como a
utilização de lavagens alcalinas e a utilização também de filtros
eletrostáticos que podem minimizar ou reverter o processo.
Em relação aos outros parâmetros verifica-se que no Anexo 2
que as concentrações de material particulado estão 31.000 vezes acima do
permitido pela referida.
Em relação aos óxidos de enxofre, o laudo do Anexo 2
apresenta mais de 400 vezes a concentração permitida pela legislação. De
acordo com a tabela acima, verifica-se que 0,29% do enxofre liberado foi
emitido através da queima completa do óleo BPF. Pode-se considerar que
1m³ de efluente gasoso forneça aproximadamente 2,9 g de enxofre em
massa. No entanto, não se fornece a concentração dos óxidos de enxofre
em relação a esta emissão.

O óleo BPF possui uma emissão teórica de 2% em massa de


enxofre, o que resulta em aproximadamente 40g dióxido de enxofre nessas
condições equivalentes de porcentagem. Se comparar com a queima
completa fornecida pela tabela, e levar em consideração o óleo BPF, pode-
se verificar que o óleo tem um fator de emissão em torno de nove vezes o
fator de emissão da biomassa. Fator que justifica a sua troca, não só em
termos ambientais mas também em termos econômicos.

Como os dados fornecidos pela Company Sol, não continham


dados sobre a granulometria do material particulado, foi adotado como
referencia, 70% do material com diâmetro de 12 μm, 27% com
granulometria de 3 μm e o restante abaixo de 1 μm.

Considerando que o filtro multiciclone possua uma eficiência de


remoção de 90%, para partículas compreendidas entre 10 a 15 micros e o
filtro eletrostático uma eficiência de 99,6% (para partículas entre 1e 10
micros), analisou-se a quantidade emitida de material particulado ( anexo 2)
que é de 15,12 kg/hora. Concluiu-se que ficam retidos nos filtros 14,66 kg/
hora de material particulado e são emitidos 0,46 kg/hora para a atmosfera.

Os óxidos de enxofres (em concentrações bastante baixas) e os


óxidos de nitrogênio não são retidos pelos filtros. São emitidos para a
atmosfera, por hora, 0,5kg de óxido de enxofre e 6 kg de óxido de
nitrogênio.

6.0 CONCLUSÃO
Pode-se concluir que os valores calculados referentes ao poder
calorífico inferior são para a casca de arroz 3487,15kcal/kg2 e para o
cavaco: 4351,55 kcal/kg2, respectivamente. Também obtidos os coeficientes
de emissão 28,57 tonC/TJ e 24,15 tonC/TJ. No caso do óleo BPF, calculou-se
apenas o poder calorífico, igual a 9280,18 kcal/kg2.
Foi deduzido,através destes cálculos, que a quantidade de CO2 que seria
emitida com o uso do óleo BPF-2A foi de 42.231,9 tonCO 2e/ano e o valor 13.810,9
tonCO2e/ano para a biomassa. Concluiu-se que a substituição do combustível não
renovável para a biomassa (renovável), poupou a emissão de 28 511,0 tonCO 2e/ano( por
volta de 67 %).
Fazendo referencias as análises gravimétricas, na utilização da casca de arroz
mais 85% da amostra é consumida no processo o que significa que a casca de arroz é
um bom combustível para geração de vapor e energia. Já no cavaco, este valor se
aproxima se aproxima de 96%.
Quanto aos aspectos econômicos, conclui-se que empresa deixou de gastar o
equivalente a R$ 3.849,00 por dia, e mais de R$ 115.000,00 por mês de insumos para
geração de vapor. Viabilizando coerentemente a utilização da biomassa como
combustível.
Avaliando os aspectos ambientais inferiu-se que houve otimização da gestão de
resíduos sólidos no estado, geração de renda e emprego neste ciclo, redução da emissão
e concentração de poluentes, além da biomassa apresentar rendimento industrial similar
ou superior a outros combustíveis com menor impacto ambiental e custo;
Quanto as análises dos efluentes produzidos por cada combustível, inferiu-se
que a concentração em porcentagem de CO2 é em torno de quatro vezes a
concentração obtida pelos resultados do laudo no Anexo 2; A
concentração de oxido de nitrogênio apresenta um fator de 384 vezes maior
do que o permitido estipulado pelo padrão primário da Resolução CONAMA
n°3 de 1990 ; As concentrações de material particulado estão 31.000 vezes
acima do permitido pela referida; Em relação aos óxidos de enxofre, o laudo
do Anexo 2 apresenta mais de 400 vezes a concentração permitida pela
legislação.
Avaliando um cenário geral, a troca de combustíveis ofertou aspectos bastante
positivos. Pois além de economias e otimizações ambientais, a empresa

Com o Protocolo de Kyoto, definitivamente, a utilização de fontes renováveis de


energia tornou-se ecológica e politicamente correta. O aproveitamento de resíduos agro-
florestais, além de contribuir para minimizar o problema da disposição inadequada na
natureza, possibilita ademais uma fonte de renda para o gerador, agregando valor à
produção.
O fator decisivo para o sucesso dos processos de geração de energia da biomassa
é a sua competitividade face às fontes convencionais, em sua maior parte, com base em
combustíveis não renováveis.
Os valores de PCS, obtidos neste trabalho, demonstram que é perfeitamente viável a
utilização de resíduos, tais como casca de arroz, caroço de pêssego e serragem de
eucalipto, para a produção de energia. Pois, além de apresentarem apreciável poder
calorífico in natura, podem ser ainda submetidos à conversão térmica, gerando-se
produtos que podem ser utilizados como fontes secundárias de energia.

7.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMBEV. Valores Ambientais. 2010. Disponível em:


<http://www.ambev.com.br/Responsabilidade_Social/valores_ambientais.aspx>.
Acessado em 10 de junho de 2010.

ANP – Agência Nacional do Petróleo. Portaria ANP N° 80/99. http://www.anp.gov.br/

ANEEL. Biomassa, 2005. Disponível em:


<http://www.aneel.gov.br/aplicacoes/atlas/pdf/05-Biomassa(2).pdf>. Acessado em 18
de junho de 2010.
COMPANY SOL. MSOL Geração de Vapor. Disponível em:
<http://www.companysol.com/principal.php>. Acessado em: 10 de junho de 2010.

CONVENÇÃO SOBRE MUDANÇA DO CLIMA. Editado e traduzido pelo


Ministério da Ciência e Tecnologia com o apoio do Ministério das Relações Exteriores
da Republica federativa do Brasil, 2003. Disponível em:
<http://www.mct.gov.br/upd_blob/0005/5390.pdf>. Acessado em: 05 de junho de 2010.

ENERGIA: a longa e custosa comédia de erros. Brasil em exame, 91-7, mar.1980.

FERREIRA, O. C. Teor de Carbono em Combustíveis da Biomassa. FANTINE, J.;


ALVIM, C. F. Um Modelo para o Desenvolvimento Nacional. Organização Social
Economia eEnergia – e&e – OSCIP e o Ministério da Ciência e Tecnologia – MCT, ano
de 2006.

KIRCHHOFF, V. W. U. Queimada na Amazônia e o efeito estufa. Ed. Contexto, São


Paulo, 1992

KLEINBACH, M.; HINRICHS, R. A.; Energia e Meio Ambiente. Tradução da 3° ed.


Norte-americana. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003.

LEI No 12.187, de 29 de dezembro de 2009. Institui a Política Nacional sobre


Mudança do Clima – PNMC e dá outras providências. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12187.htm>.
Acessado em 10 de junho de 2010.

LORA, E. E. S. Prevenção e Controle da Poluição nos Setores Energético, Industrial e


de Transporte. 2°ed. Rio de Janiero: Interciência, 2002.

MAYER, F. D.; HOFFMANN, R.; RUPPENTHAL, J. E. Gestão Energética,


Econômica e Ambiental dos Resíduos Casca de Arroz em Pequenas e Médias
Agroindústrias de Arroz. XIII SIMPEP – Bauru, SP, Brasil, 2008.

MDL - O Mecanismo de Desenvolvimento Limpo: Guia de orientação


2009/Coordenação geral Isaura Maria de Rezende Lopes Frondizi. Rio de Janeiro. Ed.
Imperial Novo Milênio: FIDES, 2009. Disponível em:
<http://www.mct.gov.br/upd_blob/0205/205947.pdf>. Acessado em 05 de junho de
2010.

MEIRA, R. Efeito Estufa. 2002. Disponível em:


<http://www.rudzerhost.com/ambiente/estufa.htm>. Acessado em: 15 de junho de 2010.

MORITA, S. Energia Renovável para o Brasil Eletrificação Rural Neutra em


Carbono, 2008. Disponível em: <
http://www.bizpoint.com.br/jp/reports/morita/030227.htm>. Acessado em: 18 de junho
de 2010.

NEUTZLING, F. C.; PALMEIRA, E. M. Aproveitamento de Cavacos Atrai Interesse


Internacional. Revista da Madeira, ed. N°111, 2008. Disponível em:
<http://www.remade.com.br/br/revistadamadeira_materia.php?
num=1225&subject=Cavacos&title=Aproveitamento%20de%20cavacos%20atrai
%20interesse%20internacional(revistadamadeira)>. Acessado em 18 de junho de 2010.

National Staech &Chemical. Projeto de troca de Combustível. National Starch; Versão


001. DCP, 2009.

PROTOCOLO DE QUIOTO: À Convenção Sobre Mudança do Clima. Editado e


traduzido pelo Ministério da Ciência e Tecnologia com o apoio do Ministério das
Relações Exteriores da Republica federativa do Brasil, 2003. Disponível em:
<http://www.mct.gov.br/upd_blob/0012/12425.pdf>. Acessado em 05 de junho de 2010.

RESOLUÇÃO CONAMA N° 03 de 28/06/90. Padrões Nacionais de Qualidade do Ar.


Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res90/res0390.html>.
Acessado em 15 de junho de 2010.

SANTOS, L. S. F.; Produto do Núcleo José Reis (NJR), ECA/USP n° 39. São Paulo –
SP, 2007.

SOUZA, F. X. Casca de Arroz, 1993. Disponível em: <:


http://www.ufrgs.br/alimentus/terradearroz/grao/gr_casca.htm>. Acessado em 15 de
junho de 2010.

APÊNDICE

APÊNDICE I – Partes da CQNUMC (Anexo I e não-Anexo I do Protocolo de


Quioto)
Anexo I
Alemanha Estônia Noruega
Austrália Federação Russa Nova Zelândia
Áustria Finlândia Países Baixos
Bielo-Rússia França Polônia
Bélgica Grécia Portugal
Bulgária Hungria Reino Unido da Grã
Canadá Irlanda Bretanha e Irlanda do
Norte
Comunidade Econômica Islândia
Européia República Checa
Itália
Croácia República Eslovaca
Japão
Dinamarca Romênia
Letônia
Eslováquia Suécia
Liechtenstein
Eslovênia Suíça
Lituânia
Espanha Turquia
Luxemburgo
Estados Unidos da Ucrânia
Mônaco
América

Não-Anexo I
Afeganistão Cazaquistão Guiné-Bissau
África do Sul Chile Guiné Equatorial
Albânia China Haiti
Angola Chipre Honduras
Antiga República Cingapura Iêmen
Iuguslava da Macedônia Colômbia Ilhas Comores
Antígua e Barbuda Congo Ilhas Cook
Arábia Saudita Costa do Marfim Ilhas Marshall
Argélia Costa Rica Ilhas Salomão
Argentina Cuba Índia
Armênia Djibouti Indonésia
Azerbaijão Dominica Irã (República Islâmica do)
Bahamas Egito Israel
Bahrein El Salvador Jamaica
Bangladesh Emirados Árabes Unidos Jordânia
Barbados Equador Kiribati
Belize Eritreia Kuaite
Benin Etiópia Lesoto
Bolívia Fiji Líbano
Bósnia e Herzegovina Filipinas Libéria
Botsuana Gabão Madagascar
Brasil Gâmbia Malásia
Burkina Fasso Gana Maláui
Burundi Quirguistão São Tomé e Príncipe
Butão República Árabe da Síria São Vicente e Granadinas
Cabo Verde República Árabe Líbia Senegal
Camarões República Centro-Africana Serra Leoa
Camboja República da Coréia Sérvia
Mauritânia República da Moldávia Seychelles
México República Democrática do Somália
Mianmar Congo Sri Lanka
Micronésia (Federação dos República Democrática Suazilândia
Estados da) Popular da Coréia Sudão
Moçambique República Democrática Suriname
Mongólia Popular do Laos
Tadjiquistão
Montenegro República Dominicana
Tailândia
Namíbia Geórgia
Timor Leste
Nauru Granada
Togo
Nepal Guatemala
Guiana Tonga
Nicarágua
Guiné Trinidad e Tobago
Niger
Maldivas Tunísia
Nigéria
Mali Turcomenistão
Niue
Malta Tuvalu
Omã
Marrocos Uganda
Palau
Maurício Uruguai
Panamá
República Unida da Uzbequistão
Papua-Nova Guiné
Tanzânia Vanuatu
Paquistão
Ruanda Venezuela
Paraguai
Samoa Vietnam
Peru
Santa Lúcia Zâmbia
Qatar
São Cristóvão e Nevis
Quênia
MCT - Documento Oficial do Status de Ratificação do Protocolo de Quioto - 22/ago/07

APÊNDICE II – GASES DE EFEITO ESTUFA (Anexo A do Protocolo de Quioto)

Dióxido de carbono (CO2)


Metano (CH4)
Óxido nitroso (N2O)
Gases de efeito estufa
Hidrofluorcarbonos (HFCs)
Perfluorcarbonos (PFCs)
Hexafluoreto de enxofre (SF6)

Setores Categorias de fontes


Energia Queima de combustível
Setor energético
Indústrias de transformação e de
construção
Transporte
Outros setores
Outros
Emissões fugitivas de combustíveis
Combustíveis sólidos
Petróleo e gás natural
Outros

Produtos minerais
Indústria química
Produção de metais
Outras produções
Processos industriais Produção de halocarbonos e hexafluoreto
de enxofre
Consumo de halocarbonos e hexafluoreto
de enxofre
Outros

Fermentação entérica
Tratamento de dejetos
Cultivo de arroz
Uso de solventes e outros produtos
Solos agrícolas
Agricultura
Queimadas prescritas de savana
Queima de resíduos agrícolas
Outros

Disposição de resíduos sólidos na terra


Tratamento de esgoto
Resíduos
Incineração de resíduos
Outros

Você também pode gostar