Você está na página 1de 3

UFMS – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Artes Visuais – Licenciatura


Disciplina de Políticas Educacionais – T06
Professora Mirella Villa de Araújo Tucunduva da Fonseca

Alexandra Ávilla da Silva, Bianca Maine Pereira, Laura Holsbach dos Santos

CAPÍTULO 15 – IDEOLOGIAS E A VIDA DE TODO DIA

O conhecimento nada mais é do que a sistematização de fatos, utilizando a


linguagem para seu armazenamento, manutenção e propagação. Seria o rótulo de todos os
fenômenos que observamos. Isso dá a impressão de que as coisas são os nomes que lhes
damos. A ideologia seria, portanto, uma maneira sistematizada de pensar que condiciona o
nosso comportamento e molda o mundo ao nosso redor.
O fator gerador da ideologia seria o sistema socioeconômico e político vigente e a
divisão de classes sociais. Por exemplo, é impossível para um escravo da época da
colonização possuir a mesma visão ideológica de mundo de um colonizador português. O
colonizador português, por sua vez, acreditava e “pregava” que o negro não tinha alma, e por
ele deter o maior poder, sua ideologia era a dominante, ao passo que o negro, por passar pelo
o que ele passava, sabia que não era bem assim. A consequência ideológica desse sistema era
o negro com pensamentos de revolução e resistência.
O objetivo da ideologia é encontrar uma lógica para toda a gama observável de
fatos, que chega através dos sentidos, incorporando uma teoria sobre o mundo, uma
explicação totalizante. A política é ação, portanto, uma ideologia política seria uma teoria
posta em prática em uma sociedade.
Como a ideologia é algo mental em que a pessoa realmente acredita (ou foi
ensinada a acreditar desde a sua infância), é preciso muita sensibilidade para que seja
percebido a sua pratica no dia-a-dia, pois ela estende-se por todos os aspectos da vida.
Outro “condicionante da consciência” seria o grupo ocupacional que determinada
pessoa está inserida: o grupo ocupacional é, por vezes, confundido com a própria ideologia
em si, porém há divergências, onde o grupo ocupacional seria a profissão que uma pessoa
exerce. Por exemplo, os militares, por estarem em um grupo ocupacional bem rígido e
disciplinar, acabam por ter alguns pensamentos e atitudes semelhantes diante de determinadas
situações.
As ideologias e posições políticas atuais são denominadas muitas vezes de
esquerda e direita, onde a esquerda seria o posicionamento dos que desejam a socialização da
economia e a direita teria uma visão contrária a esquerda, e em seu lado mais extremo,
pretenderem eliminar as liberdades individuais.

CAPÍTULO 16 – QUEM MANDA, COMO MANDA

O capítulo sugere uma reflexão acerca do ato de mandar, e sua característica


vantajosa e autoexplicativa ao se tratar de uma relação de subordinação. Nesse aspecto, vale-
se analisar tanto o lugar de quem detém o poder de mandar (pessoas que geralmente estão
imersas no conforto de seus privilégios), quanto o lugar de quem, por razões estruturais
concebidas pelo sistema, se vê na condição de realizar determinada ordem, assumindo pra si o
peso de uma identidade que lhe fora atribuída sem que pudesse exercer sua autonomia.
Ao observamos a maneira como a sociedade se desenrola, percebemos que quem
manda, detém um poder sobre o outro, e isso é um fato. Portanto, quando o outro não tem a
liberdade de escolha consciente a respeito do trabalho que lhe é entregue, por exemplo, se
torna ainda mais evidente sua posição de desvantagem no mundo.
A liberdade de escolha das pessoas lhes é negada por uma ordem de fatores que
são, principalmente, de cunho ideológico. Enquanto isso, vemos a propagação do
conformismo dessa situação, atuando em vários meios com a intenção de sustentar a aceitação
das condições impostas pela ideologia do mercado.
Ao atender as expectativas do mercado, que se apropria de uma ciência tecnicista
e fiel ao ideal de “progresso”, são deixadas de lado questões essenciais sobre o ser e suas
diversas especificidades, robotizam-se pessoas e lhes atribuem preço. Cria-se,
consequentemente, um imaginário de que de certas coisas não são para alguns do mesmo
modo que são para outros, ou seja, há um condicionamento que se estrutura de maneira tão
forte que se manifesta de formas variadas e constantes, até mesmo na postura de um
funcionário ao se envergonhar de sentar com seu patrão na mesa.
O pobre, nessa situação de oprimido, não renuncia certas coisas que estão ao
alcance das classes dominantes, por mais que acredite que o faça ao reproduzir o discurso de
irmandade. Seria incoerente afirmar que uma pessoa que não possui acesso a algo tem a
autonomia de renuncia-lo. Nesses casos, a renúncia é substituída pela desumanização, pela
falta da liberdade de abdicação. Por exemplo, uma pessoa pobre que em seu discurso diz
desprezar o luxo de pessoas ricas, diz isso somente porque ela não foi criada nessa situação,
onde ela usufruiu das “coisas de rico”. Essa falta de liberdade para abdicar das coisas apenas
reforça o poder de quem as possui.
Para que possamos caminhar em direção a uma sociedade mais justa, seria
necessário que, através do conhecimento como ferramenta de libertação da inércia a que
somos subjugados inconscientemente, evitemos que as pessoas que detém o poder (em todo e
qualquer nível) tomem para si o direito de escolher em nossos lugares, ou que nos forjem um
modelo de “sociedade mais justa” segundo seus parâmetros de julgamento em relação ao
conceito de justiça. Suas verdades não devem ser impostas como absolutas jamais.
Ao analisar quem está por trás dos cargos políticos do governo, podemos
compreender melhor a posição perigosa de quem detém o poder e automaticamente manda em
função de suas ideologias. Quem atua nesses cargos seria responsável por representar toda a
sociedade, mas ao compararmos a desigualdade social, o descaso com a educação e todas as
outras questões de extremo abandono com as pessoas em desvantagem nessa sociedade,
percebemos que nem todos estão sendo representados, na verdade apenas uma minoria o é: as
pessoas de classes mais altas, que seriam, portanto, as que mandam.
O discurso de transformação da realidade, muito bem forjado por políticos que já
esquematizaram as palavras necessárias para causar alienação, abraça todos nós em épocas de
eleição, por exemplo. Mas o final é sempre o mesmo, e no fim, sempre são sacrificadas as
reivindicações da maioria da população como forma de continuar a dominação dos que
mandam.
Os condicionantes comportamentais não estão contidos nas propagandas, mas sim
na linguagem, nos hábitos, na tradição, nas formas de convívio social, na escola, nas
aspirações que aprendemos a desenvolver como se fossem realmente nossas e que muitas
vezes nem percebemos em nós mesmos.

BIBLIOGRAFIA

RIBEIRO, João Ubaldo. Política; quem manda, porque manda, como manda. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira, 1998.

Você também pode gostar