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Capítulo – Precipitação

PRECIPITAÇÃO
Precipitação é um importante componente do ciclo hidrológico que forma o elo entre
a água da atmosfera e a água do solo.

A Atmosfera é formada por uma mistura complexa de gases que varia em função
do tempo, da situação geográfica, da altitude e das estações do ano.
Simplificadamente pode-se considerar que o ar natural é constituído por:
• Ar seco - constituído por uma mistura de gases:
Nitrogênio 78,08%
Oxigênio 20,95%
Argônio 0,93%
Dióxido de carbono 0,04%
Neônio, hélio, criptônio, Porções menores
xenônio, ozônio, radônio
e outros
• Vapor d’água – constantemente presente em porcentagens que variam de
quase zero em regiões desérticas, a quantidades de cerca de 4% em regiões
da floresta tropical.
• Partículas sólidas em suspensão – são provenientes do solo, sais de origem
orgânica e inorgânica, explosões vulcânicas, combustão de combustíveis
(gases, petróleo, carvão) e da queima de meteoros na atmosfera.

A precipitação é proveniente do vapor de água da atmosfera e se deposita na


superfície terrestre sob a forma de: chuva, chuvisco, neblina, garoa, saraiva,
granizo, neve, orvalho ou geada.

FORMAS DE OCORRÊNCIA DAS PRECIPITAÇÕES

Saraiva é a precipitação sob a forma de pequenas pedras de gelo arredondadas


com diâmetro em torno de 5 mm.
Granizo é a precipitação sob a forma de pedras de gelo, podendo ser de forma
arredondada ou irregular, porém com diâmetro superior a 5 mm.
Neve é a precipitação sob a forma de cristais de gelo que durante a queda
coalescem formando blocos de dimensões e formas variadas.
Geada é a formação de cristais de gelo a partir do vapor d’água, de maneira
semelhante ao orvalho, porém à temperatura inferior a 0 oC.
Orvalho é a condensação do vapor d’água do ar sobre objetos expostos ao
ambiente durante a noite, devido a redução da temperatura do ar até o ponto de
orvalho.
Chuvisco, neblina e garoa são formas de precipitação da água na fase líquida
muito fina e de baixa intensidade.
Chuva é a ocorrência da precipitação na forma líquida com intensidades superiores
à anterior.

Granizo Gelo Geada Orvalho

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Capítulo – Precipitação

Nevoeiro é uma suspensão de minúsculas gotículas de água próximo a superfície.


Visibilidade horizontal no solo é inferior a 1 km

Mudanças do estado físico da água:

Condensação - passagem do estado gasoso (vapor) para o estado líquido, ocasionado pelo resfriamento.

Liquefação - passagem do estado gasoso (gás) para o estado líquido, ocasionado pela pressão.

FATORES QUE INTEFEREM NO CLIMA

Os fatores são os elementos naturais e humanos capazes de influenciar as


características ou a dinâmica de um ou mais tipos de climas. Devem ser
compreendidos de forma interdisciplinar pois um interfere no outro. São eles:
• Pressão atmosférica - variações históricas das amplitudes de pressões
endógenas (magma) e exógenas (crosta) do planeta Terra;
• Órbita - mudanças cronológicas (geológicas e astrofísicas) nas posições das
órbitas terrestres ocasionam maiores ou menores graus de insolação que
modificam as variadas ações calorimétricas (ora incidentes ou deferentes)
no planeta Terra (dificilmente perceptíveis aos humanos);
• Latitude - distância em graus entre um local até a linha do equador;
• Altitude - a distância em metros entre uma cidade localizada em um
determinado ponto do relevo até o nível do mar (universalmente considerado
como o ponto ou nível médio em comum para medidas de altitudes);
• Maritimidade - corresponde à proximidade de um local com o mar;
• Continentalidade - corresponde à distância de um local em relação ao mar,
permitindo ser mais influenciado pelas condições climáticas provenientes do
próprio continente;
• Massas de ar - parte da atmosfera que apresenta as mesmas características
físicas (temperatura, pressão, umidade e direção), derivadas do tempo em
que ficou sobre uma determinada área da superfície terrestre (líquida ou
sólida);
• Correntes marítimas - grande massa de água que apresenta as mesmas
características físicas (temperatura, salinidade, cor, direção, densidade) e
pode acumular uma grande quantidade de calor e, assim, influenciar as
massas de ar que se sobrepõem;
• Relevo - presença e interferências de montanhas e depressões nos
movimentos das massas de ar;
• Vegetação - emite determinadas quantias de vapor de água, influenciando
o ciclo hidrológico de uma região;
• A presença de megalópoles ou de extensas áreas rurais, as quais
modificaram muito a paisagem natural, como por exemplo a Grande São
Paulo, a Grande Rio de Janeiro que influenciam o clima local.

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PROCESSO DE FORMAÇÃO DA PRECIPITAÇÃO

Elementos necessários a formação:


• Umidade atmosférica (devido à evapotranspiração):
A água existente na atmosfera está, em sua maior parte, na forma de
vapor.
A quantidade de vapor que o ar pode conter é limitada.
Ar a 20ºC pode conter uma quantidade máxima de vapor de
aproximadamente 20 gramas por metro cúbico.
A quantidade máxima de vapor que pode ser contida no ar sem
condensar é a concentração de saturação.
Quantidades de vapor superiores a este limite acabam condensando.

As nuvens são manifestações visíveis da condensação e deposição de vapor


d’água na atmosfera. Podem ser definidas como conjuntos visíveis de minúsculas
gotículas de água ou cristais de gelo, ou uma mistura de ambos. Definem-se ainda
como Aerossóis com gotas de diâmetro igual a 0.01mm a 0.03mm espaçadas entre
si de 1mm, próximas do ponto de saturação numa densidade de 1g/m3 a 6g/m3.

As nuvens classificam-se em:


Nuvens baixas (< 2000m)
Nuvens médias (entre 2000 a 6000m)
Nuvens altas (> 6000m)

Figura 1 - Tipos de Nuvens

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• Mecanismo de resfriamento do ar (ascensão do ar úmido): quanto mais


frio o ar, menor sua capacidade de suportar água em forma de vapor, o que
culmina com a sua condensação. Pode-se dizer que o ar se resfria na razão
de 1oC por 100 m, até atingir a condição de saturação;
temperatura relativamente alta junto à superfície e temperatura baixa em
grandes altitudes. Quanto maior a altitude, menor a temperatura do ar.
concentração de saturação aumenta com o aumento da temperatura do
ar. Assim, o ar mais quente pode conter mais vapor do que o ar frio.

Altitude Temperatura Concentração de saturação

• Presença de núcleos higroscópios:


Núcleos que apresentam uma forte tendência para absorver a água, o
que favorece a condensação, tais como os núcleos salinos.

• Mecanismo de crescimento das gotas:


Coalescência (do latim significa aderir, unir, aglutinar): processo de
crescimento devido ao choque de gotas pequenas originando outra
maior;
Condensação do vapor d’água sobre a superfície de uma gota pequena.
Para o resfriamento do ar úmido há necessidade de sua ascensão, que
pode ser devida aos seguintes fatores: ação frontal de massas de ar;
convecção térmica; e relevo.

Formação da Precipitação
Em Nuvens Quentes Em Nuvens Frias
- Temperatura acima do ponto de - temperatura < 0ºC
congelamento da água (> 0ºC)

Processo de colisão-coalescência Processo de Bergeron

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Tipo de Intensidade Diâmetro Velocidade


Precipitação (mm/h) (mm) de Queda (m/s)
Nevoeiro 0,25 0,2 0
Chuva Leve 1a5 0,45 2
Chuva Forte 15 a 20 1,5 5,5
Tempestade 100 3 8

Por que algumas nuvens produzem precipitação e outras não?


1) porque as gotículas de nuvem são minúsculas, com diâmetro médio menor que 20 µm
e evaporariam antes de atingir a superfície.
2) porque as nuvens consistem de muitas destas gotículas, todas competindo pela água
disponível; assim, seu crescimento via condensação é pequeno.
3) porque uma gotícula com 20 µm de diâmetro teria uma velocidade terminal de 1,2 cm/s
levando cerca de 50 horas para cair de uma altura de 2200m. Portanto, as gotículas de
nuvem precisam crescer o suficiente para vencer as correntes ascendentes nas nuvens e
sobreviver como gotas ou flocos de neve a uma descida até a superfície sem se evaporar.
Para isso, seria necessário juntar em torno de um milhão de gotículas de nuvem numa gota
de chuva.

Para que haja precipitação, entretanto, é necessário que não somente a água retorne à
fase líquida, processo que recebe o nome de condensação, como também que as gotas
cresçam até um tamanho suficiente para que sob a ação da atração gravitacional vençam
a resistência e as correntes de ar ascendentes. O crescimento das gotículas formadas por
condensação é chamado coalescência.

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TIPOS DE PRECIPITAÇÃO

• Frontal ou ciclônica

Estão associadas com o movimento


de massas de ar de regiões de alta
pressão para regiões de baixa
pressão. Essas diferenças de pressão
são causadas por aquecimento
desigual da superfície terrestre

É a precipitação do tipo mais comum


e resulta da ascensão do ar quente
sobre o ar frio na zona de contato
entre duas massas de ar de
características diferentes. Se a massa
de ar se move de tal forma que o ar frio é substituído por ar mais quente, a frente é
conhecida como frente quente, e se por outro lado, o ar quente é substituído por ar
frio, a frente é fria.

As precipitações ciclônicas são de longa duração e apresentam intensidades de


baixa a moderada, espalhando-se por grandes áreas. Por isso são importantes,
principalmente no desenvolvimento e manejo de projetos em grandes bacias
hidrográficas.

No Brasil as chuvas frontais são muito frequentes na região Sul, atingindo também
as regiões Sudeste, Centro Oeste e, por vezes, o Nordeste. Em alguns casos, as
frentes podem ficar estacionárias, e a chuva pode atingir o mesmo local por vários
dias seguidos.

• Convectiva

São típicas das regiões tropicais. O


aquecimento desigual da superfície terrestre
provoca o aparecimento de camadas de ar com
densidades diferentes, o que gera uma
estratificação térmica da atmosfera em
equilíbrio instável. Se esse equilíbrio, por
qualquer motivo (vento, superaquecimento),
for quebrado, provoca uma ascensão brusca e
violenta do ar menos denso, capaz de atingir
grandes altitudes. Essas precipitações são de
grande intensidade e curta duração,
concentradas em pequenas áreas (chuvas de
verão). São importantes para projetos em
pequenas bacias.

Dentre as características deste tipo de chuva pode-se citar: a distribuição


localizada; a Intensidade moderada a forte, dependendo do desenvolvimento
vertical da nuvem; predominância no período da tarde e início da noite; e duração:
curta a média (minutos a horas).

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• Orográfica

As chuvas orográficas
ocorrem em regiões
em que um grande
obstáculo do relevo,
como uma cordilheira
ou serra muito alta,
impede a passagem de
ventos quentes e
úmidos, que sopram
do mar, obrigando o ar
a subir.

Em maiores altitudes, a umidade do ar se condensa, formando nuvens junto aos


picos da serra, onde chove com muita frequência.

Resultam da ascensão mecânica de correntes de ar úmido horizontal sobre


barreiras naturais, tais como montanhas. As precipitações da Serra do Mar são
exemplos típicos.

Chuva frontal ou ciclônica Chuva convectiva

Chuva Orográfica

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MEDIDAS PLUVIOMÉTRICAS

• Altura pluviométrica (h)


• Medida que realmente identifica a quantidade que precipitou e que
ficou armazenada no aparelho pluviômetro
• Expressa a quantidade de chuva (h) pela altura de água caída e
acumulada sobre uma superfície plana e impermeável.
• Normalmente dada em milímetros
• Duração (t)
• Tempo decorrido do início ao final da precipitação
• Normalmente dada em horas ou minutos
• Intensidade (i)
• Relação entre a altura precipitada e sua duração
• Normalmente dada em mm/h

• Freqüência (F)
• Número de vezes que determinada chuva acontece.
• Adimensional
• Probabilidade de ocorrência de uma chuva (P)
• É a possibilidade que uma dada chuva possa vir a ocorrer
• Está relacionada com o período de recorrência
• Tempo de retorno ou período de recorrência (T)
• Tempo, em anos, em que determinada chuva supera ou se iguala a
anterior, ou seja, volta a acontecer
• É sempre dado em anos

• Ietograma
• Representação gráfica que estabelece a relação entre a quantidade
de chuva e o tempo

Precipitação h
(mm)

Tempo t (meses)

FORMAS DE MEDIÇÃO

Utiliza-se aparelhos denominados pluviômetros ou pluviógrafos, para receptáculos


da água precipitada e registro dessas alturas no decorrer do tempo. As medidas
realizadas nos pluviômetros são periódicas, geralmente em intervalos de 24 horas
(sempre às 7 da manhã) e no pluviógrafo de maneira contínua.
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EQUIPAMENTOS:

Pluviômetro:

é um aparelho de meteorologia usado para recolher e medir, em milímetros


lineares, a quantidade de líquidos ou sólidos (chuva, neve, precipitadosgranizo)
durante um determinado tempo e local.

Consiste em um receptor cilindro-cônico, com uma proveta graduada de vidro.


Consegue-se medir apenas a altura de precipitação.

O Índice pluviométrico medido em milímetros, é a somatória da precipitação num


determinado local durante um periodo de tempo estabelecido.

O Regime pluviométrico consiste basicamente na distribuição das chuvas durante


os 12 meses do ano.

Tanto o regime quanto o índice pluviométrico são representados nos climogramas


por colunas mensais.

Existem várias marcas de pluviômetros em uso no Brasil. Os mais comuns são o


Ville de Paris, com uma superfície receptora de 400 cm2 , e o Ville de Paris
modificado, com uma área receptora de 500 cm2 . Uma lâmina de 1,0 mm
corresponde a: 400 x 0,1 = 40 cm3 = 40 mL.

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Pluviógrafo:

Consiste de um registrador automático, trabalhando


em associação a um mecanismo de relógio; este
imprime rotação a um cilindro, envolvido em papel
graduado, sobre o qual uma pena grafa a altura da
precipitação registrada.

Os Pluviografos eram mecânicos e utilizavam uma


balança para pesar o peso da água e um papel para
registrar o total precipitado. Os pluviógrafos antigos
foram substituídos por pluviógrafos eletrônicos com
memória (data-logger).

O pluviógrafo mais comum atualmente é o de cubas


basculantes em que a água recolhida é dirigida para
um conjunto de duas cubas articuladas por um eixo
central.

O pluviograma abaixo uma chuva ocorrida no dia


11/03/1999, em que foi registrado cerca de 76mm em 5h.
A chuva se concentrou entre 20h do dia 10/03 e 1h do
dia 11/03. A intensidade máxima foi observada entre
20:30 e 21:30, com cerca de 53mm/h.

A principal vantagem do pluviógrafo sobre o pluviômetro é que permite analisar


detalhadamente os eventos de chuva e sua variação ao longo do dia. Além disso, o
pluviógrafo eletrônico pode ser acoplado a um sistema de transmissão de dados via
rádio ou por telefone celular.

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Os pluviogramas com registros diários podem ser


digitalizados com o auxílio de um sistema para
digitalização de pluviogramas (HidroGraph 1.02), que
facilita a manipulação dos dados. Este programa foi
desenvolvido pelo Grupo de Pesquisa em Recursos
Hídricos (http://www.ufv.br/dea/gprh) do Departamento de
Engenharia Agrícola da Universidade Federal de Viçosa
para a Agência Nacional de Águas (ANA).

Tela de entrada no programa com Exemplo de um pluviograma digitalizado

Chuva independente - quando está separada de outra por um intervalo de no mínimo 6


horas com precipitação inferior a 1 mm.
Chuva erosiva - quando a precipitação total for superior a 10 mm ou quando a precipitação
for igual ou superior a 6 mm em 15 minutos de chuva.

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Psicrômetro:

O Psicrômetro mede a umidade relativa do ar de modo indireto, calculando a


velocidade de evaporação da água, enquanto o Higrômetro mede de forma direta
a umidade presente nos gases, mais especificamente na atmosfera.

O psicrômetro é um aparelho constituído por dois termômetros idênticos colocados


um ao lado do outro, que serve para avaliar a quantidade de vapor de água contido
no ar.

A diferença entre os dois termômetros é que um deles trabalha com o bulbo seco e
o outro com o bulbo úmido. Esse dispositivo é muito utilizado para a determinação
do ponto de orvalho e da umidade relativa do ar.

O termômetro de bulbo úmido tem o bulbo coberto por uma malha porosa
(geralmente de algodão), que fica mergulhada num recipiente contendo água
destilada. Esta malha fica constantemente úmida devido ao efeito de capilaridade.

A evaporação da água contida na malha envolvente retira calor do bulbo, fazendo


com que o termômetro de bulbo úmido indique uma temperatura mais baixa do que
a do outro termômetro, que indica a temperatura ambiente.

Essa evaporação, e conseqüentemente a redução na temperatura de bulbo úmido,


é tanto maior quanto mais seco está o ar atmosférico e é nula quando a atmosfera
está saturada de vapor de água.

• Umidade absoluta (Ua)


• É a massa de vapor de água contida em determinado volume de ar
úmido (g/m3);
• Definida a partir da equação: 217. , onde:
e = tensão de vapor de água na atmosfera (1 milibars = 0,75 mmHg)
T = Temperatura (ºC)

• Umidade Relatica (Ur)


• É a relação entre a tensão de vapor observada e a tensão de vapor
saturante (es) à mesma temperatura. Expressa em porcentagem (%);
• Definida pela equação: . 100

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ESTAÇÕES METEOROLÓGICAS

É um local equipado com instrumentos e


equipamentos com sensores eletrônicos de
medição e registro das variáveis
meteorológicas/climáticas. Os dados
registrados são utilizados para a previsão
do tempo e para a caracterização do clima,
pelo que também podem ser designadas
por estações climatológicas.

Na maior parte das estações de última


geração os dados são enviados para
computadores remotos, através de linhas
telefônicas, rede GSM ou outros meios de
transmissão e processados por meio
de programas de computador, permitindo a
sua melhor apresentação. http://www.mundoclima.com.br/estacoes-meteorologicas/fixas/
Tipos e Valores ($$)

Uma estação típica apresenta os seguintes instrumentos de medição:


• termômetro para medir a temperatura;
• barômetro para medir a pressão atmosférica;
• higrômetro (psicrômetro) para medir a umidade relativa do ar;
• anemômetro para medir a velocidade do vento ;
• biruta ou manga de vento para indicar a orientação aproximada do vento;
• piranômetro ou actinômetro para medir a radiação solar (insolação);
• heliógrafo para medir a duração da ação do Sol;
• pluviômetro / pluviógrafo para medir a precipitação pluviométrica.
• Outros instrumentos são os passíveis de obtenção do alcance visual de pista
(visibilidade), da altura de nuvens até aos 1500 metros, da cobertura de céu
nublado para fins de navegação aérea.

Tipos de estações:
Conforme o tipo de equipamentos que abrigam, as estações meteorológicas podem
ser classificadas em:
• convencionais - a coleta dos dados é feita manualmente por técnicos
• automáticas - dotadas de sensores eletrônicos e de meios de transmissão
dos dados para uma central.

Estações convencionais Estações Automáticas

http://www.inmet.gov.br/portal/index.php?r=estacoes/estacoesAutomaticas (2016)

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ESTAÇÕES PLUVIOMÉTRICAS e FLUVIOMÉTRICAS

A Agencia Nacional das Águas (ANA) realiza o


monitoramento hidrometeorológico no Brasil
operando as cerca de 4.543 estações de monitoramento
das 14.822 existentes em todo o país. Com essas
estações, é possível mensurar o volume de chuvas, a
evaporação da água, o nível e a vazão dos rios, a
quantidade de sedimentos e a qualidade das águas em
estações respectivamente relacionadas: pluviométricas,
evaporimétricas, fluviométricas, sedimentométricas e de
qualidade da água.

Sob coordenação da ANA, a Rede Hidrometeorológica


monitora cerca de 2.176 dos 12.963 mil rios brasileiros
cadastrados no Sistema de Informações Hidrológica.

Esses dados hidrológicos medidos sistematicamente em locais estratégicos, ao


longo dos anos, formam séries históricas que podem ser:
• Séries originais - possuem todos os dados registrados.
• Series anuais (valores máximos e mínimos) - quando eventos extremos são
de maior interesse, então o valor máximo do evento em cada ano é
selecionado e assim é ordenada uma série de amostras. (ignora o 2o , 3o ,
etc., maiores eventos de um ano que por sua vez podem até superar o valor
máximo de outros anos da série)
• série de duração parcial ou simplesmente série parcial - interessam valores
superiores a um certo nível, toma-se um valor de precipitação intensa como
valor base e assim todos os valores superiores são ordenados
• séries de totais anuais - onde são somadas todas as precipitações ocorridas
durante o ano em determinado posto pluviométrico.

Ex.: precipitação diária: 30 anos de observação.


– série original: 30 * 365 = 10.950 valores;
– série anual: 30 valores (máximos ou mínimos);
– série parcial:
o deve-se estabelecer um valor de referência: Como precipitações
acima de 50 mm/dia;
o série constituída dos n (número de anos) maiores valores (máx.) ou
menores (min) valores.

A ANA criou um sistema, chamado de HidroWeb, onde estão todas as informações


das estações de monitoramento do Brasil. Para acessar, basta ir à página eletrônica
<http://hidroweb.ana.gov.br/>:

Desafio: Descobrir quanto choveu no dia do seu nascimento na sua cidade natal
http://www.aquafluxus.com.br/como-obter-informacoes-historicas-sobre-chuvas/

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Capítulo – Precipitação

PROCESSAMENTO DOS DADOS PLUVIOMÉTRICOS

Observação Preliminar dos Dados – Com objetivo de detectar dados grosseiros,


como: registro de dias inexistentes, registros de valores anormais de precipitação;

Preenchimento de Falhas – Devido a registro de erros grosseiros, defeito do


aparelho ou ausência de observador, o preenchimento de falhas deve levar em
conta os registro pluviométricos de três estações vizinhas e ser efetuado por meio
da média ponderda, conforme equação:

Onde:
P = precipitação do posto a ser estimada.
P1, P2, P3 = precipitação correspondente ao mês (ou ano) que se
1 P P P 
P =  ⋅ P1 + ⋅ P2 + ⋅ P3  deseja preencher, observada nas estações 1, 2 e 3.
3  P1 P2 P3  P = precipitação média do posto.
P1 , P2, P3 = precipitação média nas estações 1, 2 e 3.

ESTATÍSTICA DOS DADOS PLUVIOMÉTRICOS

Para estabelecer a estimativa da Freqüência de totais precipitados deve-se:


a) Ordenar os dados de precipitação em ordem decrescente
b) Atribuir um número de ordem a cada dado ordenado
c) Determinar a freqüência (F) com que certa precipitação ocorre. Pode ser
determinada por dois métodos:
o Metodo Califórnia: Onde:
m = número de ocorrência do evento precipitado
o Método Kimbal: n = número total de observações

Esses métodos determinam a frequência com que foi igualado ou superado um


evento de ordem m em um conjunto de n amostras

Exemplo:
Considerando os seguintes valores de precipitação em mm/dia: 45, 90, 35, 25, 20,
50, 60, 65, 70, 80. Foi montada a tabela abaixo conforme orientações a, b e c acima
descrita.

Com os dados desta tabela pode-se fazer concluir que:


– a probabilidade (freqüência) de ocorrer uma precipitação maior ou igual a 90
mm/dia é de 9,0% (pelo método Kimbal), e que, em média, ela ocorre uma vez a
cada 11,1 anos (T- tempo de recorrência Kimbal);
– a probabilidade (freqüência) de ocorrer um valor de precipitação menor que 60
mm/dia é de 55,0%.

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Capítulo – Precipitação

PRECIPITAÇAO MÉDIA SOBRE UMA BACIA HIDROGRÁFICA

A altura média de precipitação em uma área específica é necessária em muitos


tipos de problemas hidrológicos, especialmente para determinação do balanço
hídrico de uma bacia hidrográfica. Existem três métodos para essa determinação:
o método aritmético, o método de Thiessen e o método das Isoietas.

• MÉTODO ARITMÉTICO

É simples e consiste em se determinar a média aritmética entre as quantidades


medidas na área. Esse método só apresenta boa estimativa se os aparelhos forem
distribuídos uniformemente e a área for plana ou de relevo muito suave. É
necessário também que a média efetuada em cada aparelho individualmente varie
pouco em relação à média.
hmax − hmin
• Método aplicável somente quando 〈 0,50
hmedia
• Média aritmética das alturas de chuva dos diversos postos pluviométricos da região
n
h
∑ Pi
i =1 Pi
= precipitação média (mm)

h= = precipitação observada em cada pluviômetro (mm)

n n = número total de pluviômetros

Exemplo método Aritmético:

• MÉTODO DE THIESSEN

Esse método subdivide a área da bacia em áreas delimitadas por retas unindo os
pontos das estações, dando origem a vários triângulos. Traçando perpendiculares
aos lados de cada triângulo, obtêm-se vários polígonos que encerram, cada um,
apenas um posto de observação. Admite-se que cada posto seja representativo
daquela área onde a altura precipitada é tida como constante. Cada estação recebe
um peso pela área que representa em relação à área total da bacia. Se os polígonos
abrangem áreas externas à bacia, essas porções devem ser eliminadas no cálculo.

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Capítulo – Precipitação

• M a is p re c is o q u e o m é to d o a ritm é tic o

• P ode ser u tiliza d o p a ra uma d istrib u iç ã o não u n ifo rm e dos


a p a re lh o s

• N ã o c o n s id e ra a s in flu ê n c ia s o ro g rá fic a s d a b a c ia

• A trib u i u m fa to r d e p o n d e ra ç ã o a o s to ta is p re c ip ita d o s e m c a d a
a p a re lh o , p ro p o rc io n a l à á re a d e in flu ê n c ia d e c a d a u m

∑ (P
i =1
i Ai )
h =
A
P i = p re c ip ita ç ã o o b s e rv a d a e m c a d a p lu v iô m e tro (m m )
A i = á re a d e in flu ê n c ia d e c a d a p lu v iô m etro
A = á re a to ta l

Exemplo método de Thiessen:

Precipitação Média (PM) = 7.585,5 / 62,6 = 121,17 mm

• MÉTODO DAS ISOIETAS

No mapa da área são traçadas as isoietas ou curvas que unem pontos de igual
precipitação. Na construção das isoietas, o analista deve considerar os efeitos
orográficos e a morfologia do temporal, de modo que o mapa final represente um
modelo de precipitação mais real do que o que poderia ser obtido de medidas
isoladas. Em seguida calculam-se as áreas parciais contidas entre duas isoietas
sucessivas e a precipitação média em cada área parcial, que é determinada
fazendo-se a média dos valores de duas isoietas. Usualmente se adota a média
dos índices de suas isoietas sucessivas. A precipitação média da bacia é calculada
utilizando a mesma equação do método de Thiessen

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Capítulo – Precipitação

• A precisão do método depende da habilidade do analista no


traçado das isolinhas

n
 hi + hi +1 
∑  × Ai

h= i =1 2
A

hi = valor da isoieta de ordem i (mm);


hi +1 = valor da isoieta de ordem i+1 (mm);
Ai = área entre duas isoietas sucessivas.

Exemplo método das Isoetas:

Precipitação Média (PM) = 2.742 / 56,8 = 48,3 mm

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Capítulo – Precipitação

DETERMINAÇÃO DAS CHUVAS INTENSAS

A chuva intensa é definida como um conjunto de chuvas originadas de uma mesma


perturbação meteorológica cuja intensidade ultrapasse um certo valor.

A necessidade de dimensionamento dos sistemas de drenagem de águas pluviais


tem conduzido ao estabelecimento de equações que indiquem essa intensidade
precipitada (I) considerando a duração (t) e frequência (F=1/T). Em geral a equação
é definida como:
Onde:
kT a
I= I = intensidade de precipitação máxima (mm/h)
(t + b)c T = tempo de recorrência (anos)
t = tempo da duração da chuva (min)
k, a, b, c = parâmetros a serem determinados para cada região
(método dos mínimos quadrados)

O estabelecimento de equações específicas exigem trabalho estatístico e


disponibilidade de longas série dos dados pluviométricos para a região que se
deseja, pois não podem ser aplicadas para regiões diferentes daquelas que foram
desenvolvidas.

Diversos pesquisadores, efetuaram esse trabalho de análises estatísticas sobre os


dados pluviométricos e definiram expressões que correlacionam intensidade (I),
duração(t) e tempo de recorrência (T) para diferentes Estados e cidades brasileiras,
conforme observa-se no quadro:

Espírito Santo 973,47 . ,


(Eng. Robson Sarmento) ( + 20) ,
Curitiba 5950 . ,
(Eng. Pedro Viriato P. Souza) =
( + 26) , $ Dados em:
São Paulo 3462,7 . , i em mm/h;
(Eng. Paulo S. Wilken) = T em anos;
( + 22) , $
t em minutos
Rio de Janeiro 1239 . , $
(Eng. Ulysses Alcântara) =
( + 20) , %
Vitória – ES 2070 . ,&
=
( + 20) ,'(
Belo Horizonte - MG 1447,87 . ,
=
( + 20) ,*%
Curva de Intensidade x Duração x Freqüência
180
Intensidade da chuva (mm/h)

160 TR = 5 anos
TR = 10 anos
140 TR = 25 anos
120
100
80
60
0 5 10 15 20 25 30 35
Duração (minutos)

Apostila Precipitação - IFES Prof.: Jonio Ferreira de Souza Página 19


Capítulo – Precipitação

BIBLIOGRAFIA:
GARCEZ, Lucas Nogueira; ALVAREZ, Guillermo Acosta. Hidrologia. Editora Edgard Blucher ltda.
São Paulo.1988.

SANTOS, Alexandre Rosa; Apostila de Climatologia. Departamento de Geografia- UFES, disponível


em: http://www.mundogeomatica.com.br/CL/ApostilaTeoricaCL/Capitulo4-
PrecipitacaoAtmosferica.pdf com acesso em 20/07/16

VILLELA, S. M., MATTOS, A.. Hidrologia Aplicada. São Paulo : McGraw Hill, 1975.

CARVALHO, Daniel, F.; SILVA, Leonardo, D., B; Apostila Hidrologia, disponível em:
http://www.ufrrj.br/institutos/it/deng/leonardo/downloads/APOSTILA/HIDRO-Cap4-PPT.pdf. com
acesso em 20/06/16

http://www2.ana.gov.br/Paginas/servicos/informacoeshidrologicas/redehidro.aspx

AGUAFLUXUS; Hidrologia – Ciência Aplicada que estuda o ciclo da água na natureza.

Apostila Precipitação - IFES Prof.: Jonio Ferreira de Souza Página 20

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