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Proteção social na periferia do capitalismo- autor Marcio Pochmann-

2004, artigo publicado na revista São Paulo em Perspectiva, vol. 18.


(FICHAMENTO).
Introdução

Este artigo elaborado por Marcio Pochmann, visa entender as distinções e disparidades
em ações de proteção social nos países capitalistas, destacando a diferença entre os países
capitalistas periféricos e centrais, sendo preponderante mencionar as dificuldades e limitações
encontradas para implementação das políticas de proteção social nos países periféricos ( a
exemplo do Brasil). Impulsionado por um desejo internacional de mudanças sociais no começo
do século XX e de uma política socialista, que pudesse atender maior parte da população,
tentando sanar com a desigualdade, que as relações sociais e as políticas de atenção e proteção
vieram a ganhar uma pouco mais de atenção no sistema de governo. Nesse sentido esse artigo
traz a tona como a construção das políticas sociais sobre uma lógica do capitalismo, e a sua
necessidade de instalar ações de proteção social, chamando para atuação do próprio Estado nas
relações econômicas, mas atentando que essa lógica não se deu de forma igualitária, uma vez
que a própria relação entre os países capitalistas sobre construiu de forma hierárquica, mesmo
com a implantação da política de Estado de bem estar social, nessa questão o artigo se direciona
para a consolidação das políticas sociais no Brasil, contribuindo para um melhor entendimento
sobre a construção e a mudanças ocorridas na proteção social e sua importância e limitações nos
países periféricos. Dessa forma, espera-se contribuir para um melhor entendimento dos
obstáculos e limites da evolução da proteção social num país periférico do sistema capitalista
mundial (POCHMANN, 2004, pag. 3).

Desenvolvimento

1- Proteção social no centro do capitalismo mundial.

Sobre o contexto do pós-guerra, e com e emergência dos países denominados


socialistas, viu-se a necessidade de se instalar nos países capitalistas, uma
atuação mais forte, até do próprio Estado, nas atuações e construções de políticas
publicas, o que possibilitou também a intervenção do próprio Estado da
economia, todo esse contexto em meados do século XX.

Sobre lógica de rompimento com a política liberal, o Estado, para não só reforça
seu papel hegemônico como também, a soberania do país, encontrou nas
políticas públicas, uma ferramenta que possibilitasse sua ascensão durante o
século XX, as conquistas sociais, não só mantia as lutas e as tentativas de
revoluções políticas, como também dava uma nova cara ao capitalismo, o
mantendo como um sistema predominante e satisfatório, durante o período da
guerra-fria, assim o autor deste artigo aponta para questão de restringir o livre
mercado, não perdendo o foco do capitalismo de manter as distinções de classe e
as competições sociais, mas fortalecendo o seu papel e organizando as estruturas
sociais para evitar um possível conflito.

[...] Consagrou-se a importante politização das ações de


natureza pública executadas pelo Estado, com a finalidade de
restringir o papel das forças do livre mercado [...]
Em outras palavras, a constituição das bases da proteção social
dependeu da conformação e da distribuição do poder no interior
da sociedade.
(POCHMAN, 2004, p. 4).

Num processo que consagrou a participação do Estado na etapa de construção


social no período pós-segunda guerra mundial, foi exatamente a atuação de políticas
sociais que consistiu também em um divisor entre as classes e a reafirmação da
burguesia na estrutura interna dos países capitalistas. Tanto de dentro como de fora dos
países é possível ver a distinção e a hierarquia econômica entre eles, ou seja, o que se
reproduz no mundo, nas relações entre os países, de igual maneira essa separação e
distinção se reproduz nas estruturas internas. Sobre essa ótica, o autor deste artigo
procura elucidar quanto as condicionantes para manter essa hierarquia social e ao
mesmo tempo está inserido nela lógica de mercado competitivo, que passou a direcionar
uma sociedade a distinção em suas estruturas internas e externas aos países, não
deixando de favorecer uma burguesia, mas sendo estratégico para atender todas as
classes, ainda que de maneiras diferentes.

O desenvolvimento dos regimes de proteção social no


centro do capitalismo mundial não indicou uma trajetória
simplesmente evolutiva, mas marcada por rupturas,
continuidades e transformações histórica (POCHMAN, 2004,
p. 5).

Nesse contexto, é necessário se manter a hegemonia desse Estado, como


organizador e administrador do sistema capitalista, é necessário se estabelecer uma
política, que permita desenvolver a economia e suprir as necessidades dessa sociedade,
ou mesmo, “mostrar serviço”, se mostrar competente e atuante.
Proteção social: a experiência Brasileira.

A disparidade existente no mundo capitalismo consiste em grande parte em um


crescimento econômico em antagonismo ao social, essa estrutura é marcante nos países
considerados periféricos do sistema capitalista, porem em muitos casos essa disparidade
se dá de forma bem mais acentuada, do que deveria, é nesse sentido que marcadamente
os países periféricos acabam se apresentando e destacando suas diferenças no sistema
capitalista. Nesse sentido um dos fatores que condicionam essa disparidade é a atuação
e o desenvolvimento de um pensar sobre as políticas públicas, não apenas pensar, como
colocar em prática e priorizar em alguns momentos o social ao invés do econômico.

As nações que conformam a periferia do


capitalismo mundial não registram os avanços n
proteção social e trabalhista observada nos poucos
países desenvolvidos durante o século XX, nem
mesmo quando foram capazes de apresentar taxas
elevadas de expansão de suas atividades
econômicas (POCHMAN, 2004, p.7).

Estando na condição de um dos países periféricos, algo ficou marcado na


política Brasileira pós-guerra fria, ou seja, a corrupção, que praticamente enraizada e
espalhada como uma cólera se em nossa sociedade, veio a disseminar também na
política, o nepotismo ficou com o passar do tempo mais evidente e presente em nossas
instituições públicas, contudo mesmo diante desse retrato do nosso países, a propagação
da desigualdade de certo veio a ter uma atuação oposto do Estado, ainda que bem tímida
durante a década de 90, mas o que deixa claro, que em muitos momentos, a influência
externa foi um fator decisivo para desperta a atenção do Estado em função das políticas
públicas.

Por incrível que possa parecer, nota-se,


historicamente no Brasil, que diante de um
considerável acontecimento- geralmente de
natureza externa ao país- surgem algumas poucas
brechas para expansão tanto das atividades
econômicas como de medidas de proteção social
(POCHMAN, 2004, p.7).
O Estado de bem estar social, veio a se consolidar em muitos países, sendo em
muitos casos, influenciado por um modelo externo, mas não deixando de sofrer sua
roupagem local e convencional, se analisamos o caso do Brasil, Pochman relaciona essa
propaganda do Estado de bem estar social, como grande influenciador nas propostas de
intervenção do governo, não só na economia como nas construções de políticas sociais,
como Leis trabalhistas, previdenciárias, políticas de atenção ao idoso, ao adolescente, a
saúde inclusão trabalhista e etc. Ressaltando que isso não impediu a concentração de
renda, no caso do Brasil, como em muitos países considerados periféricos, sobre uma
classe dominante, criando nas políticas de proteção social, uma necessidade ou mesmo
uma relação de dependência, entre as classes mais baixas, sobre o Estado, crítica essa
apontada pelo autor ao se retrata, de como se deu o agravante dos problemas sociais nos
países periféricos, o que causou uma maior visibilidade sobre as ações dos Estados
nacionais, e o funcionamento das políticas públicas nos países capitalistas.

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