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1.1 – Introdução
Um dos principais objetivos do projeto estrutural é produzir estruturas
que sejam seguras e duráveis a um custo razoável. E isto requer que as
dimensões das seções transversais dos elementos estruturais sejam
determinadas de tal forma que o sistema estrutural seja capaz de suportar
com segurança as cargas que nele são aplicadas. Portanto, o objetivo do pré-
dimensionamento das peças estruturais é o de chegar tão próximo quanto
possível do dimensionamento ideal e final que devem ser apresentado nos
projetos estruturais.
Nos projetos de arquitetura a dimensão das peças estruturais é
também um requisito essencial, pois elas serão uma ferramenta muito útil em
que o projetista estrutural pode utilizar no estudo preliminar do sistema
estrutural. Sendo assim o método apresentado a seguir não terá o rigor que é
apresentado nos projetos estruturais, entretanto através de cálculos rápidos é
possível estabelecer as dimensões aproximadas das peças estruturais que
podem ser utilizadas nos projetos de arquitetura das estruturas.
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E a análise final do sistema estrutural será a interpretação dos
resultados obtidos na análise preliminar, ou seja, o elemento estrutural é
analisado de tal forma que sua deformação seja menor ou igual que a
desejada e que ele também seja capaz de resistir aos esforços internos:
momento fletor, força cortante e força axial.
O pré-dimensionamento dos elementos estruturais para os projetos de
arquitetura de uma determinada estrutura pode ser feito utilizando uma
versão expedita da análise estrutural apresentada anteriormente.
Normalmente, somente a determinação da dimensão aproximada do
elemento mais solicitado é suficiente, por exemplo: o elemento mais
carregado em uma tesoura de cobertura ou a viga mais carregada em um
piso. Usando este procedimento é possível testar a viabilidade do elemento
em questão verificando se suas dimensões são compatíveis e adequadas
com as dimensões pré-estabelecidas no projeto de arquitetura da estrutura.
No caso de elementos flexionados, como as vigas, tabelas que apresentam
fórmulas de cálculo dos momentos fletores, reações de apoio, esforços
cortantes e flechas podem ser utilizadas. Estes valores podem ser utilizados
para estimar os máximos esforços internos nesses elementos estruturais.
O carregamento que um elemento mais solicitado tem pode ser
estimado considerando a carga da área de cobertura ou a carga de piso que
ele suporta, ou seja, a carga que o elemento suporta é obtida pela simples
multiplicação da área de influência dele pela intensidade de carga que ele
suporta.
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conjunção deles resultará em valores das dimensões da seção transversal do
elemento estrutural que podem ser adotadas com segurança pelo projetista.
As vantagens e desvantagens dos dois métodos não serão discutidas
nestas notas. Mas considerando que as dimensões das seções transversais
dos elementos estruturais são aproximadas, a opção pela utilização do
método das tensões admissíveis é justificada devida principalmente a sua
simplicidade.
(1.1)
Onde:
ft = tensão axial de tração admissível (normalmente a tensão
admissível de escoamento)
P = ação de tração axial
A = área da seção transversal
(1.2)
Onde:
f’t = máxima tensão axial de tração admissível (normalmente a tensão
admissível de ruptura)
P = ação de tração axial
An = área efetiva da seção transversal
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1.3.2 – Exemplo
4
É importante entender que diferentemente das vigas, o momento e as
tensões de flexão que ocorrem nos elementos comprimidos quando a
curvatura é gerada não são diretamente afins. O momento fletor depende
somente da magnitude da carga de compressão aplicada e da excentricidade
presente. A tensão de flexão é determinada pela deformação devido à flexão,
que depende da curvatura que é desenvolvida, e das propriedades do
elemento, tais como: a propriedades da geometria de sua seção transversal e
do modulo de elasticidade do material. Portanto os elementos comprimidos
são potencialmente instáveis internamente e dependem do momento que a
excentricidade vai gerar. Sendo que a curva que a carga de compressão vai
causar é conhecida por flambagem.
Figura 1.1
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carga perturbadora vai precipitar progressivos incrementos na curvatura até
que a flambagem ocorra. No último diagrama a carga “P” é crítica, pois a
carga “P” nem é pequena e nem é grande. É uma situação em que a barra
começa a desenvolver a instabilidade quando alcança o valor desta carga.
Esta carga é conhecida por carga crítica “Pcr”.
Figura 1.2
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A formula 1.3 foi desenvolvida para o cálculo da carga crítica “Pcr” de
uma barra perfeita rotulada nas extremidades.
(1.3)
Onde:
Pcr = carga crítica segundo Euler
E = modulo de elasticidade do material
= momento quadrático de uma área referido ao eixo que passa no
centro de gravidade (normalmente denominado momento de inércia)
L = comprimento da barra
Figura 1.3
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Segundo Euler o fator mais importante que determina a carga crítica
nos elementos comprimidos é a esbeltez. E em função dela conclui-se que
quanto mais esbelto for o elemento estrutural menor será sua carga crítica. A
determinação do parâmetro de esbeltez, , de um determinado elemento
estrutural é função do momento de inércia (I) de sua seção transversal, que é
determinado em função de sua espessura. Naturalmente isto é uma medida
do desempenho de flexão da seção transversal que acontece porque a
flambagem não é nada mais que um fenômeno semelhante à flexão quando
consideramos o estudo da estabilidade das peças comprimidas.
O efeito do momento de inércia na determinação da flambagem de um
elemento estrutural pode ser considerado estudando o comportamento de
certas barras com diferentes seções transversais. Assumindo que um
elemento comprimido tem as mesmas condições de vinculação lateral em
todas as direções, ele flambará segundo o eixo relativo à sua menor inércia,
eixo “Y”, como é mostrado na figura 1.3. Ela também mostra dois elementos,
que apesar de suas seções transversais terem a mesma área, o elemento
com seção transversal retangular flamba porque é mais esbelto do que o de
seção quadrada.
A propriedade da seção transversal que normalmente é usada na
determinação da carga crítica não é o momento de inércia, mas sim o raio de
giração da seção transversal que é relativo ao momento de inércia. Portanto,
o raio de giração da seção transversal (r) pode ser calculado utilizando a
formula 1.4:
(1.4)
Onde:
r = raio de giração
A = área da seção transversal
(1.5)
Onde:
Lfl = comprimento de flambagem
(1.6)
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Figura 1.4
Figura 1.5
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O dimensionamento de um elemento comprimido é simplesmente a
determinação das dimensões e forma da seção transversal de tal forma que a
tensão de flambagem seja maior que a tensão atuante no elemento
estrutural. É possível determiná-la usando o gráfico e seguinte procedimento:
1: Determinação do comprimento efetivo da barra que vai estar comprimida;
2: Selecionar as dimensões e forma da seção transversal por tentativa;
3: Com os dados anteriores é possível calcular a tensão media de
compressão usando a formula definida por Euler ou pelo gráfico da figura 1.6.
Este valor não deve ser excedido pela tensão atuante;
4: A magnitude da tensão media de compressão que ocorre na barra é
calculado usando a carga de compressão atuante e a área da seção
transversal final;
5: Todo procedimento deve ser repedido se a tensão media de compressão
for maior que a tensão crítica. É desejável que a seção transversal final seja
econômica e segura, portanto a seção transversal final deve ser aquela que a
tensão atuante seja pouca menor ou igual à tensão crítica. Portanto, este
procedimento deve ser repetido até uma seção transversal satisfatória seja
obtida.
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extremidades diferentes das rotuladas se usarmos o conceito de
comprimento efetivo de flambagem.
A figura 1.6 mostra o comprimento efetivo de flambagem de quatro
elementos estruturais com diferentes vinculações em suas extremidades.
Figura 1.6
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equações muito similares a da formula definida por Euler, enquanto existem
outros materiais com fórmulas muito mais sofisticadas do que as
apresentadas por ele.
O projetista estrutural normalmente não esta preocupado com a
derivação dos diferentes níveis de tensões admissíveis, pois as normas
vigentes normalmente apresentam valores em forma de tabelas ou gráficos
que definem valores médios das tensões admissíveis para valores
correspondentes de parâmetros de esbeltez para cada material.
1.3.4 – Exemplo
Solução:
= 300 / 3,73 = 80
fat = 250000 / 3240 = 77,2 Mpa < ffl = 105 Mpa O perfil é suficiente
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2º Passo: Calculando o parâmetro de esbeltez , formula 1.5 (notar que o
perfil é menos rígido em relação ao eixo y, ou seja, o menor raio de giração):
fat = 250000 / 3660 = 68,3 Mpa > ffl = 56 Mpa O perfil é insuficiente
5º Passo: Escolhe-se outro perfil do anexo 2.3.3 – Perfis Laminados Gerdau
Açominas:
= 300 / 3,35 = 90
fat = 250000 / 4210 = 59,3 Mpa < ffl = 128 Mpa O perfil satisfaz
Figura 1.7
13
A magnitude da tensão varia ao longo da seção transversal em
questão com os maiores valores de tensão de tração e compressão nas
fibras mais externas da seção transversal e mínimos valores no centro da
seção onde a tensão muda de compressão para tração como na figura 1.7. É
importante reconhecer que também poderá ocorrer uma variação de tensões
de compressão e tração ao longo do comprimento do elemento estrutural
devido à variação do momento fletor que é função direta do tipo de
carregamento que o elemento estrutural esta solicitado.
(1.7)
Onde:
ffy = tensão de flexão a uma distancia y da linha neutra (LN) da seção
transversal em questão
M = Momento fletor da mesma seção transversal
= Momento quadrático de uma área referido ao eixo que passa no centro de
gravidade (normalmente denominado Momento de Inércia)
ff = tensão admissível de flexão
(1.8)
Onde:
Z = Modulo da seção (Modulo elástico da seção) = / ymax
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(1.9)
Onde:
= tensão admissível de cisalhamento media
V = esforço cortante
Av = área da seção transversal que resiste ao cisalhamento
(1.10)
Onde:
Zreq = módulo elástico requerido (Se ou Wx)
M = máximo momento fletor aplicado
ff = tensão admissível de flexão
1.3.6 – Exemplo
Figura 1.8
15
Solução: Para verificação da resistência utilizaremos a fórmula 1.10 e
as tensões admissíveis dos aços:
Conclui-se que se pode utilizar tanto uma viga de perfil soldado como uma
viga de perfil laminado. Do ponto de vista estrutural eles são suficientemente
resistentes e rígidos, alem de ter a mesma massa. Portanto, a escolha do
perfil adequado será feita considerando as questões do ponto de vista
arquitetônico.
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2 – Anexos
17
2.2 – Tensões Admissíveis de flambagem
18
2.3 – Perfis – Aço
2.3.1 - Laminados
19
20
CANTONEIRA ABAS IGUAIS
21
CANTONEIRA DUPLA
DE
ABAS IGUAIS
22
2.3.2 – Chapa dobrada
Os perfis em chapa dobrada são aplicados na execução de estruturas
leves e também como terças e vigas de tapamento de quaisquer tipos de
estruturas. A figura 2.1 indica os tipos de perfis e suas variações
dimensionais.
Figura 2.1
23
CANTONEIRA DE ABAS IGUAIS
24
PERFIL “U” SIMPLES
25
PERFIL “U” ENRIJECIDO
26
2.3.3 – Perfis Laminados - Gerdau Açominas
(ASTM A572 Grau 50)
27
28
2.3.4 – Perfis Soldados
29
30
31
32
33
34
2.4 – Diagrama de momento fletor (D.M.F.), reação de
apoio e flecha
Se a = c:
35
,
36
2.4.1.2 – Biapoiadas com um balanço
37
38
2.4.1.3 – Biapoiadas com balanços
2.4.1.4 – Em balanço
39
2.4.2 – Vigas Hiperestáticas
2.4.2.1 – Engastada-Apoiada
40
2.4.2.2 – Biengastadas
41
42
2.4.2.3 – Contínuas – dois vãos iguais
43
e
44
2.4.3 – Pórticos Simples
45
;
46
2.4.3.2 – Biengastados à mesma altura com trave horizontal
47
48
2.5 – Peso específico dos materiais de construção
(Fonte: ABNT - NBR 6120/1980)
Peso
específico
Materiais
aparente
(kN/m3)
Arenito 26
Basalto 30
1 - Rochas Gneiss 30
Granito 28
Mármore e calcário 28
Blocos de argamassa 22
Cimento amianto 20
Lajotas cerâmicas 18
2 – Blocos artificiais Tijolos furados 13
Tijolos maciços 18
Tijolos sílico - calcários 20
Argamassa de cal, cimento e areia 19
Argamassa de cimento e areia 21
3 – Revestimentos e concretos Argamassa de gesso 12,5
Concreto simples 24
Concreto armado 25
Pinho, cedro 5
Louro, imbuia, pau óleo 6,5
4 - Madeiras Guajuvirá, guatambu, grápia 8
Angico, cabriúva, ipê-róseo 10
Aço 78,5
Alumínio e ligas 28
Bronze 85
Chumbo 114
5 - Metais Cobre 89
Ferro fundido 72,5
Estanho 74
Latão 85
Zinco 72
Alcatrão 12
Asfalto 13
Borracha 17
6 – Materiais diversos Papel 15
Plástico em folhas 21
Vidro plano 26
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2.6 – Valores mínimos das cargas verticais (kN/m2)
(Fonte: ABNT - NBR 6120/1980)
Local Carga
1 - Arquibancadas 4
Mesma carga da peça com a
2 – Balcões qual se comunicam e as -
previstas em 2.2.1.5
Escritórios e banheiros 2
3 - Bancos
Salas de diretoria e de gerência 1,5
Sala de leitura 2,5
Sala para depósito de livros 4
Sala com estantes, de livros a
4 - Bibliotecas ser determinada em cada caso
ou 2,5 kN/m2 por metro de 6
altura observado, porém o valor
mínimo de
A ser determinada em cada
caso, porém com valor mínimo
5 – Casas de máquinas de (incluindo o peso das
7,5
máquinas)
Platéia com assentos fixos 3
Estúdio e platéia com assentos
6 - Cinemas móveis
4
Banheiro 2
Sala de refeições e de
3
assembléia com assentos fixos
Sala de assembléia com
4
7 - Clubes assentos móveis
Salão de danças e salão de
5
esportes
Sala de bilhar e banheiro 2
Com acesso ao público 3
8 - Corredores
Sem acesso ao público 2
9 – Cozinhas não A ser determinada em cada
3
residenciais caso, porém com o mínimo de
A ser determinada em cada caso
e na falta de valores
10 - Depósitos experimentais conforme o
-
indicado em 2.2.1.3
Dormitórios, sala, copa, cozinha
1,5
e banheiro
11 – Edifícios residenciais
Despensa, área de serviço e
2
lavanderia
Com acesso ao público (ver
3
2.2.1.7)
12 - Escadas
Sem acesso ao público (ver
2,5
2.2.1.7)
Anfiteatro com assentos fixos,
3
13 - Escolas corredor e sala de aula
Outras salas 2
14 - Escritórios Salas de uso geral e banheiro 2
15 - Forros Sem acesso a pessoas 0,5
16 – Galerias de arte ou de A ser determinada em cada
3
lojas caso, porém com o mínimo de
50
Para veículos de passageiros ou
17 – Garagem e
semelhantes com carga máxima 3
estacionamentos de 25 kN por veículo.
18 – Ginásios de esportes 5
Dormitórios, enfermarias, sala
de recuperação, sala de cirurgia, 2
19 - Hospitais sala de raio X e banheiro
Corredor 3
A ser determinada em cada
20 - Laboratórios caso, porém com o mínimo de 3
(incluindo equipamento)
21 - Lavanderias Incluindo equipamentos 3
22 - Lojas 4
23 - Restaurantes 3
Palco 5
Demais dependências: cargas
24 - Teatros
iguais às especificadas para -
cinemas
Sem acesso ao público 2
Com acesso ao público 3
Inacessível a pessoas 0,5
25 - Terraços
Destinados a heliportos
elevados: segundo Ministério da -
Aeronáutica
Sem acesso ao público 1,5
26 - Vestíbulos
Com acesso ao público 2
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2.7 – Características dos materiais de armazenagem
(Fonte: ABNT - NBR 6120/1980)
Peso específico
Ângulo de atrito
Material aparente
interno
(kN/m3)
Areia com umidade
17 30º
natural
Argila arenosa 18 25º
Cal em pó 10 25º
1 – Materiais de Cal em pedra 10 45º
construção Caliça 13 -
Cimento 14 25º
Clinker de cimento 15 30º
Pedra britada 18 40º
Seixo 19 30º
Carvão mineral (pó) 7 25º
Carvão vegetal 4 45º
2 – Combustíveis
Carvão em pedra 8,5 30º
Lenha 5 45º
Açúcar 7,5 35º
Arroz com casca 5,5 36º
Aveia 5 30º
Batatas 7,5 30º
Café 3,5 -
Centeio 7 35º
Cevada 7 25º
3 – Produtos
Farinha 5 45º
agrícolas Feijão 7,5 31º
Feno prensado 1,7 -
Frutas 3,5 -
Fumo 3,5 35º
Milho 7,5 27º
Soja 7 29º
Trigo 7,8 27º
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3 – Referencias bibliográficas
2 – Kulak, G.L. and Grondin, G.Y., Limit States Design in Structural Steel, Quadratone
Grafics Ltd., Canada, 2002.
3 – MacDonald, A.J., Structural Design for Architecture, Reed Educational and Professional
Publishing Ltd., Great Britain, 1997.
4 – McCormac, J.C., Structural Steel Design - LRFD Method, Harper Collins College
Publishers, New York, 1995.
7 – Ambrose, J., Simplified Design of Steel Structures, John Wiley & Sons, Inc., New York,
1997.
8 – Hudson, R., Manual do engenheiro, Livros Técnicos e Científicos Editora S.A., Rio de
Janeiro, 1977.
9 – MIC, Manual Brasileiro para Cálculo de Estruturas Metálicas, Rio de Janeiro, 1986.
11 - ABNT NBR 8800/86 - Projeto e Execução de Estruturas Edifícios: Método dos estados
Limites, Rio de Janeiro, (Atualmente em revisão).
12 - ABNT NBR 6120/80 – Cargas para Cálculo de Estruturas de Edificações, Rio de Janeiro,
1980.
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