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LABORATÓRIO 1 – MOVIMENTO RETILÍNEO

Bernardo Souto Araújo – matrícula 33805


Gabriela Maris de Souza Andrade – matrícula 33360
Luiz Júnior Oliveira Nascimento – matrícula 33451
Resumo. Dentro do contexto de movimentos retilíneos destacam-se os estudos de Galileu
Galilei, os quais levaram a elaboração das equações do movimento, proporcionando
compreender movimentos simples e dando base para os mais complexos. A prática descrita
objetiva compreender movimentos dessa natureza e suas respectivas equações, além de efetuar
medidas e construir gráficos com dados de deslocamento e tempo. Foi usado um método que
permitiu desprezar o atrito entre um trilho de um carrinho, para o qual foi utilizado um trilho
de ar com sensores em seu curso. Com o auxílio de tabelas e gráficos, os dados foram
organizados, levando a um resultado satisfatório, que auxilia na descrição de movimento
retilíneos uniformes.

1. INTRODUÇÃO Tabela 1 – Compraração dos pensamentos


Galileu Galilei (1564-1642), dentre de Aristóteles, Galileu Galilei e Isaac
tantas importantes contribuições para o Newton.
mundo da Física e da Astronomia, foi o MOVIMENTO MOVIMENTO
criador da ciência dos corpos em movimento, ARISTOTÉLICO GALILAICO-
à qual se dá hoje o nome de dinâmica (USP). NEWTONIANO
Além disso, como precursor de Isaac Newton Mundo Geocêntrico Mundo Heliocêntrico
(1642- 1727), descobriu a lei da inércia. O movimento natural dos Um corpo que se move,
Galileu afirma que se um corpo estiver em corpos pesados é para continuará em movimento
repouso é necessário a ação de uma força baixo, e a dos corpos leves a menos que uma força
sobre ele para colocá-lo em movimento. Com para cima, o movimento seja aplicada e que force a
natural para cima prova a parar.
a suspensão da ação da força, tal corpo finitude do universo
continuará a se mover infinitamente com
Os corpos que tivessem Um objeto quando cai
velocidade constante. Posteriormente, um movimento diferente, depende da resistência do
Newton concluiu que um corpo permanecerá teriam um movimento ar para que a velocidade
em repouso ou em movimento retilíneo, a violento, contrário à aumente se a resistência
menos que uma força externa seja aplicada natureza do corpo. for igual ao peso do corpo,
termina a aceleração e o
sobre ele (VIEIRA, K. e BATISTA, I.). Antes corpo continua caindo, o
da Física Clássica, as ideias de Aristóteles movimento de queda é
eram predominantes e se contradizem com o devido à atração da Terra.
pensamento Galilaico-Newtoniano da A velocidade do corpo é A variação do movimento
maneira explicitada na tabela 1 a seguir. inversamente é proporcional à força
proporcional à resistência, motriz aplicada; e se dá na
quando se considera direção da reta ao longo da
diferentes as forças qual essa força é aplicada.
motrizes, concluiu-se que
a velocidade do corpo é
diretamente proporcional
à força motriz.
Fonte: USP
Nesse trabalho, procuramos analisar o movimento retilíneo uniforme tentando anular as
forças dissipativas (sobretudo o atrito) com o uso de um trilho de ar. Em seguida será
apresentado o procedimento detalhado sobre como foi realizado o experimento.

2. MATERIAIS E MÉTODOS
2.1 Materiais

No experimento, foram utilizados os O carrinho metálico irá deslizar sobre


seguintes materiais: mostrados na Figura 1, o trilho de ar que foi conectado ao
trilho de ar metálico de 2m com 5 Sensores compressor, e foram colocados os cincos
ópticos de passagem com suportes, sensores fotoelétricos sobre o trilho e
compressor, carrinho metálico para o trilho, ligados ao cronometro multifuncional. O
um cronometro multifuncional digital com Carrinho foi impulsionado por um elástico
aquisição de dados caraterizado na Tabela nos primeiros cinco ensaios e depois foi
1, calço de madeira e paquímetro colocado o calço de madeira sobre o
caraterizado na Tabela 1, folha de dados e monopé do trilho a fim de criar um desnível
calculadora científica. para o carrinho deslizar com a força da
gravidade.

Figura 1 – Da esq. para dir., de cima para baixo, trilho de ar com sensores fotoelétricos, compressor,
carrinho metálico, cronometro multifuncional digital, calço de madeira e paquímetro.

Tabela 1 – Caracterização dos instrumentos


Instrumento Marca Modelo Faixa Precisão Erro
dinâmica
Trena Phywe Analógico {0,01 .. 2} m 1 mm 0,5 mm
Cronômetro Cidepe EQ228A {0,00005 .. 0,00005 s 0,000025 s
99,99995} s
Fonte: Laboratório de Física I
2.2 Modelo Metodológico
Com o objetivo de se efetuar Feito isso, o trilho foi nivelado. Para
medidas primárias de deslocamento e isso, o carrinho foi retirado do trilho e o
tempo, derivar medidas secundárias de compressor de ar foi ligado. Depois de 5
velocidade e aceleração, compreender e segundos com o compressor ligado,
explicitar equações de movimento e colocamos o carrinho no centro do trilho,
construir e analisar gráficos de grandezas nivelando-o através dos parafusos do pé
cinemáticas, no primeiro momento duplo até que o carrinho não faça
descrevemos de forma sucinta o aparato movimento. Uma nivelação errada pode
utilizado no experimento e caracterizamos ocasionar erros no experimento.
os instrumentos de medida utilizados, Posteriormente, o cronômetro foi
conforme Tabela 1. ligado e preparado. Para preparar o
Em seguida, foram posicionados os aparelho, foram escolhidas as opções
cinco sensores ópticos ao longo do trilho, “Funções”, “F1”, “ok”, “5” e “não”,
nas posições 20, 60, 100, 140 e 180 cm. Foi respectivamente. Com o cronômetro pronto,
tomado o cuidado para que a luz do sensor o carrinho foi colocado no início do trilho e
fosse cortada apenas pela placa superior do pressionado conta o elástico até encostar no
carrinho e para que as posições metal e solto em seguida. Após o carrinho
coincidissem exatamente com o pino no passar pelos sensores, o cronômetro indica
meio do carrinho, sendo adotado um erro de “Exp. Finalizado”. Escolhendo as opções
±3mm. Erros que podem interferir no “ver” e “t” o visor indica os tempos
desenvolvimento do experimento neste referentes aos deslocamentos. O
passo são o posicionamento dos sensores no procedimento foi repetido mais 4 vezes.
trilho e a altura em que o sensor é colocado. Utilizando os 5 resultados foi calculado o
tempo médio de cada posição. Como os
valores obtidos foi elaborada uma tabela
conforme a Tabela 2.

Tabela 2 – Posição em função do tempo para o trilho nivelado, agosto de 2015, Itajubá-MG
Posição ± t1 ± 2,5.10-3 t2 ± 2,5.10-3 t3 ± 2,5.10-3 t4 ± 2,5.10-3 t5 ± 2,5.10-3 tmédio
0,3 (cm) (s) (s) (s) (s) (s) (s)
20,0 0,00000 0,00000 0,00000 0,00000 0,00000 0,00000 ± 2,5.10-5
60,0 0,45940 0,47280 0,45055 0,46740 0,44635 0,459 ± 0,015
100,0 0,91855 0,94589 0,90100 0,93500 0,89275 0,918 ± 0,030
140,0 1,38680 1,42785 1,36040 1,41225 1,34825 1,387 ± 0,045
180,0 1,84285 1,89790 1,80805 1,87725 1,79185 1,844 ± 0,060
Fonte: Laboratório de Física I

Para o passo seguinte, foi medida a 3. O calço foi colado, em seguida, sob o pé
altura de um calço de madeira com um unitário do trilho e o seno do ângulo de
paquímetro e a distância entre os apoios do inclinação formado foi calculado pela
trilho com a própria escala do trilho, equação (1) e o seu erro pela equação (2),
registrando os resultados conforme a Tabela equivalente a 0,02302 ± 0,00005.

𝑠𝑒𝑛(𝑖) = (1)
𝐿

ℎ 𝑒𝑟𝑟𝑜(ℎ) 2 𝑒𝑟𝑟𝑜(𝐿) 2
𝑒𝑟𝑟𝑜(𝑠𝑒𝑛(𝑖)) = 𝐿 ∙ √(√ ) + (√ ) (2)
ℎ 𝐿

Tabela 3 – Medida da altura do calço e distância entre apoios do trilho, agosto de 2015,
Itajubá-MG
Objeto Medidas (mm)
Altura do calço 23,02 ± 0,01
Distância entre apoios do trilho 1000 ± 2
Fonte: Laboratório de Física I

Em seguida, o carrinho foi abandonado do alto do trilho 5 vezes, sem ser impulsionado,
sendo o tempo de deslocamento registrado pelo cronômetro e registrados conforme a Tabela 4.

Tabela 4 – Posição em função do tempo para o trilho inclinado, agosto de 2015,


Itajubá-MG
Posição ± t1 ± 2,5.10-3 t2 ± 2,5.10-3 t3 ± 2,5.10-3 t4 ± 2,5.10-3 t5 ± 2,5.10-3 tmédio
0,3 (cm) (s) (s) (s) (s) (s) (s)
20,0 0,00000 0,00000 0,00000 0,00000 0,00000 0,00000 ± 2,5.10-5
60,0 1,14205 1,15900 1,15835 1,16640 1,08420 1,142 ± 0,045
100,0 1,86560 1,89395 1,88530 1,89575 1,79495 1,867 ± 0,056
140,0 2,44580 2,47645 2,46775 2,47885 2,36960 2,447 ± 0,061
180,0 2,93110 2,96300 2,95420 2,96680 2,85325 2,934 ± 0,063
Fonte: Laboratório de Física I
No passo seguinte, foi construída uma tabela conforme a Tabela 5, onde foram registradas
variações de posições, tempo de deslocamento e velocidades, estabelecendo índice A para os
experimentos com trilho nivelado e B para aqueles com trilho inclinado.
Tabela 5 – Velocidade do carrinho nos trilhos, agosto de 2015, Itajubá-MG
ΔxA ± 0,3 (cm) ΔTA (s) VA (cm/s) ΔxB ± 0,3 (cm) ΔtB (s) VB (cm/s)
40,0 0,459 ± 0,015 87,1 ± 2,9 40,0 1,142 ± 0,045 35,0 ± 1,4
40,0 0,459 ± 0,026 87,2 ± 5,0 40,0 0,725 ± 0,034 55,2 ± 2,6
40,0 0,469 ± 0,034 85,3 ± 6,2 40,0 0,581 ± 0,023 68,9 ± 2,8
40,0 0,457 ±0,040 87,5 ± 7,6 40,0 0,486 ± 0,016 82,1 ± 2,7
Fonte: Laboratório de Física I

Por fim, com os dados das Tabelas 2 e 4, foram plotados gráficos utilizando o programa
SciDAVis para os movimentos com trilho plano e inclinado, conforme os Gráficos 1 e 2.
Fonte: Laboratório de Física I

Fonte: Laboratório de Física I

2.3 Obtenção dos Dados


Os dados acima listados foram possibilidade de erros sistemáticos, não
obtidos em grupo no dia 10 de agosto de existem valores espúrios. Dessa maneira, os
2015, no Laboratório de Física I, bloco L. dados são verídicos se verificados como
Ao decorrer do experimento foram obtidos valores resultantes de um experimento que
os dados de tempo, deslocamento, relaciona o tempo com o deslocamento,
velocidade do carrinho ao longo do trilho de podendo assim variar livremente os valores
ar e o seno da inclinação do trilho, quando das velocidades, quando o trilho nivelado,
o foi utilizado dessa maneira. dependendo apenas do impulso, e os
Assim, os dados utilizados são valores, quando o trilho inclinado, seguem
válidos segundo seus erros calculados e o padrão esperado, já considerando a
obtidos com algarismos significativos e, aceleração da gravidade e esses serão
levando em consideração todos os cuidados analisados posteriormente para provar que
ao obter os valores e também a estão dentro do esperado.
Os dados apresentados nas seis das Tabelas 2 e 4 e também a Tabela 5 são
primeiras colunas das Tabelas 2 e 4 são medidas secundárias, visto que foram
medidas primárias, já que foram lidas nos obtidas através de expressões matemáticas
instrumentos (trena e cronometro utilizadas ao longo do experimento, assim
multifuncional). Os dados da última coluna como os erros dessas medidas.

2.4 Análise dos Resultados

Os resultados obtidos estão Na segunda parte do experimento,


relacionados na última coluna das Tabelas 2 que foi utilizado o trilho de ar inclinado, foi
e 4 que são as médias dos tempos dos possível observar através da sexta coluna da
ensaios, bem como a Tabela 5 e os Gráficos Tabela 5, que a velocidade variou,
1 e 2. observando seus erros. Também, através
Na primeira parte do experimento, dos coeficientes, mostrado na Tabela 7, do
que foi utilizado o trilho de ar nivelado, foi ajuste polinomial de 2° grau feito no
possível observar, através da terceira coluna Gráfico 2, é possível perceber que a
da Tabela 5, que a velocidade foi constante, velocidade varia, definindo assim que o
observando seus erros. Também através dos movimento do carrinho é uniformemente
coeficientes, mostrados na Tabela 6, do variado, graças à inclinação do trilho de
ajuste polinomial de 1° grau feito no seno igual à a 0,02302 ± 0,00005 aliada à
Gráfico 1, é possível perceber que a aceleração da gravidade.
velocidade foi constante, definindo assim
Tabela 7 – Coeficientes do ajuste do
que o movimento do carrinho é uniforme.
Gráfico 2, agosto de 2015 Itajubá-MG
Tabela 6 – Coeficientes do ajuste do A0 A1 A3
Gráfico 1, agosto de 2015 Itajubá-MG 20,05 ± 0,29 22,38 ± 0,45 10,93 ± 0,15
A0 A1 Fonte: Laboratório de Física I
20,14 ± 0,23 86,65 ± 0,20 Dessa maneira, conhecendo o
Fonte: Laboratório de Física I
polinômio de 2° grau e ajustando-o à função
Assim, conhecendo o polinômio de 1° horária da posição em função do tempo,
grau e ajustando-o à velocidade, pode-se temos a expressão, S = So +vo.t + ½.a.t², que
perceber que a expressão, S = S0 + Δt.v, se se adequa ao experimento, observando seus
adequa estritamente ao experimento feito, já erros. Assim, o valor do coeficiente A0,
que está dentro dos valores estipulados, que mostra a posição inicial, A1, a velocidade na
Ao é a posição inicial do carrinho, e A1 é a qual o carrinho está ao passar pelo primeiro
velocidade do carrinho durante o trajeto que sensor, e A3 o valor da aceleração dividido
foi de 86,65 ± 0,20cm/s². E em segunda por dois, sendo 21,86 ± 0,30 cm/s². Em
análise, infere-se que o ajuste feito em outra análise, infere-se que o ajuste feito em
gráfico é a melhor maneira de verificar a gráfico é a melhor maneira de verificar a
velocidade do carrinho, já que os valores da aceleração e velocidades do carrinho, já que
terceira coluna da Tabela 5 podem ser os valores da sexta coluna da Tabela 5
inconclusivos, pois variam de forma a não podem não mostrar claramente a
estabelecer um valor padrão para a aceleração.
velocidade.
Para concluir a segunda parte do Respondendo aos questionamentos
experimento, pode-se utilizar a equação (3) propostos nos itens 23 e 24 do roteiro de
e (4) para determinar a aceleração no trilho experimento:
23) Os movimentos ficam
de ar inclinado e seu erro, utilizando o valor
determinados de forma melhor quando
de g igual a 978,520 cm/s², obtém-se o valor analisados graficamente, visto que ao fazer
da aceleração 22,525 ± 0,049cm/s². o ajuste polinomial com os pontos
𝑎 = 𝑔 × 𝑠𝑒𝑛(𝑖) (3) experimentais foi possível combinar as
𝑒𝑟𝑟𝑜(𝑎) = 𝑔 × 𝑠𝑒𝑛(𝑖) (4) equações de velocidade tanto na primeira
Comparando os valores da aceleração parte no experimento, que é o movimento
obtidos através do ajuste do gráfico e da retilíneo uniforme, e na segunda parte, que
é o movimento retilíneo uniformemente
gravidade, percebe-se que há maior
variado
acurácia e precisão quando calculado 24) sob o ponto de vista da acurácia
através da gravidade, porém o valor obtido da medida da aceleração na segunda parte
através do gráfico está dentro do esperado. do experimento, analisou-se que a melhor
forma de obter o valor da aceleração é
3. DISCUSSÃO DO MÉTODO E DOS através da expressão matemática (3), que
RESULTADOS relaciona a aceleração da gravidade e o
Durante o experimento foi preciso ângulo de inclinação do trilho de ar.
nivelar o trilho de ar, ligando o compressor,
para que o cavaleiro pudesse se deslocar
uniformemente. Esse feito também é 4. CONCLUSÕES
importante para que se obtenha uma medida Os objetivos propostos foram
com o menor índice de erros possível. Isso concluídos. Isso pode ser explicitado pelo
porque foram utilizados equipamentos que fato do ajuste do gráfico ter-se alinhado
fornecem medidas digitais, como é o caso perfeitamente com os pontos plotados.
do cronômetro, e, portanto, já contêm um Sendo assim, ficou claro o estudo acerca do
erro intrínseco. Foi necessário ajustar os movimento retilíneo uniforme e o método
valores de desvio padrão referentes aos utilizado demonstrou-se efetivo.
tempos médios dos deslocamentos devido
ao uso na folha de dados do desvio padrão
populacional e não o desvio padrão da 5. REFERÊNCIAS
amostra. Isso se deve ao fato do desvio VIEIRA, K. M. D. & BATISTA, I. L.; A
padrão da amostra ser melhor para analisar abordagem histórica no ensino de Física
um menor número de ensaios. e o aprendizado do conceito físico de
Através das medidas obtidas durante movimento; Disponível em
o experimento foram montadas tabelas http://www.cienciamao.usp.br/dados/snef/_
relacionando tempo e deslocamento do aabordagemhistoricanoens.trabalho.pdf;
cavaleiro, tanto no trilho nivelado quanto no acesso em 13/08/2015.
inclinado. Com as variáveis obtidas, foram
plotados gráficos no programa SciDAvis, USP; Galileo Galilei (1564 – 1642);
com os respectivos ajustes. Obtendo assim, Disponível em
as diferentes relações para as diferentes http://ecalculo.if.usp.br/historia/galileu.htm
posições do trilho. ; acesso em 13/08/2015.

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