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RESUMO
Este trabalho tem a finalidade de obter a estabilização e a resistência do solo para a produção de tijolos solo-cal. Para
tanto, utilizou-se solo saprolítico de filito coletado no município de Cuiabá. Este solo apresenta peculiaridades como a
sua instabilidade entre a massa específica e o teor de umidade durante o processo de ensaio de compactação.
Normalmente um solo ao ser compactado apresenta uma curva típica, onde dois ramos são bem definidos. Isto não
ocorre com os solos residuais de filito. Nas obras de grande movimentação de terra, como obras rodoviárias e
construções de barragens, a disponibilidade e a localização dos solos adequados aos padrões tecnológicos são
fundamentais no custo do empreendimento. Entretanto, esses materiais nem sempre estão disponíveis, à distância ou em
grande quantidade, economicamente viáveis. Os solos saprolíticos de filito são poucos estudados cientificamente, pouco
empregados nas mais variadas obras, devido à sua expansão e falta de resistência quando amolgado. A adição da cal
hidratada no solo pode de imediato alterar as suas propriedades, reduzindo a expansão e produzindo a cimentação do
solo por ação pozolânica. Estas características viabilizaram a produção de tijolos de solo-cal. No presente trabalho os
corpos de prova de solo-cal forneceram resistências à compressão axial aos 28 dias da ordem de 0,5 MPa. Conclui-se
então que a cal tem alto poder pozolânico na fração argilosa do solo, promovendo reações químicas no solo e
modificando toda a sua estrutura e microestrutura, dando estabilidade a um solo que era instável quimicamente e
aumentando sua resistência a cargas de suporte. A cal é economicamente viável, pois tem baixo custo, trazendo assim
benefícios para a comunidade da Baixada Cuiabana na produção de tijolos de solo-cal com boa resistência para a
aplicação em habitações de interesse social.
Palavras chave: solo saprolítico de filito, tijolo de solo-cal, resistência à compressão, estabilização de solos.
_______________________
1
Aluna de Controle Tecnológico de Obras, Centro Federal de Educação Tecnológica de Mato Grosso, Bolsista de Iniciação
Científica, Centro Federal de Educação Tecnológica de Mato Grosso. Rua 1300, Q. 22, C. 02, Jardim Imperial, CEP 78075-125,
E-mail: barbosa_eliete@yahoo.com.br.
1
Aluno de Engenharia Civil, Universidade Federal de Mato Grosso, Voluntário de Iniciação Científica no Centro Federal de
Educação Tecnológica de Mato Grosso, Av. Portugal, Q. 10, C. 21, Jardim Tropical, CEP 78065-145, Cuiabá-MT,
E-mail: ribeirum@ig.com.br.
1 r
D ., Professor adjunto, Área de Construção Civil, Centro Federal de Educação Tecnológica de Mato Grosso. Rua Zulmira Rua
Canavarros, 95, Centro, CEP 78005-390, Cuiabá-MT, E-mail: conciani@cefetmt.br
Data de recebimento: 10/10/2005 Data de recebimento de versão revisada: 07/11/2005 Data de aceite final: 14/11/2005
1 INTRODUÇÃO
Devido aos déficits habitacionais, e mais recentemente, a energética, pela qual passa o Brasil, pesquisadores
vem resgatando técnicas e materiais de interesse social, urbana ou rural. Em face disso, tem havido em
âmbito mundial, considerável aumento no número e na qualidade das pesquisas voltadas ao estudo do solo
como material de construção.
Assim, grandes progressos têm sido alcançados ou até mesmo resgatados com a finalidade de melhorar as
características do solo por meio de sua estabilização. Um aditivo muito usado é a cal. Este aditivo
proporciona ao solo, ganho de resistência e a redução da plasticidade. Segundo Guimarães (2002), a adição
de cal é umas das técnicas mais antigas utilizadas pelo homem para obter estabilização ou melhoria de solos
instáveis.
Deve-se conhecer o solo e suas propriedades antes de serem aplicados em obras para evitar insucessos e
acidentes. O domínio dos solos tropicais em relação ao seu uso pela engenharia é muito recente no Brasil,
por isso há a necessidade de perseverar em constantes trabalhos de pesquisas, obtendo assim uma maior
segurança, economia e convicção quanto aos resultados das edificações (SANTOS et al, 2003).
O objetivo deste trabalho é estudar a resistência à compressão simples da mistura solo-cal para a produção de
tijolos que possam ser aplicados em edificações de interesse social.
2 MATERIAIS
3 MÉTODOS
A dosagem da mistura de solo-cal para produção de tijolos passa fundamentalmente pelos estudos de
resistência e de durabilidade. Existem métodos para previsão dos resultados do ganho de resistência, através
do estudo da área específica, da análise térmica diferencial e da capacidade de troca de cátions, porém, são
métodos muitos elaborados e os equipamentos necessários nem sempre estão disponíveis nos laboratórios de
geotecnia. Portanto, neste trabalho será empregado o método de avaliação da resistência como primeiro
indicador da possibilidade do uso da técnica de solo cal.
Para a realização das curvas de compressão simples foram executados ensaios com teores de cal variando
entre 1% e 8%. Para cada teor de cal foi conduzido um ensaio de compactação com o propósito de obter a
umidade ótima de moldagem e a máxima massa específica seca da mistura.
O ensaio de compactação também serviu para evidenciar a mudança de comportamento da curva de
compactação, cuja anomalia é atribuída aos argilo-minerais presentes neste solo. (SANTOS et al, 2003). A
preparação das amostras foi de acordo com a NBR – 6457 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS, 1991).
De posse dos dados de compactação foram moldados os corpos de prova por processo de compactação
dinâmica, em três camadas. Os corpos de prova foram moldados com 100mm de altura e 39mm de diâmetro.
A cura foi realizada em câmara úmida, com os corpos de prova expostos à atmosfera pelo período de 28 dias.
Os corpos-de-prova foram rompidos em uma prensa manual, de compressão simples, com velocidade de
deslocamento igual a 1,27mm/min.
4 RESULTADO
Na Tabela 1, apresentam-se os teores de umidade, os pesos específicos de moldagem dos corpos de prova e
suas respectivas resistências.
Tabela 1 - Valores de umidade ótima e peso específico seco para as diversas misturas.
γ (g/cm2) Umidade ótima (%) Teor de cal (%) Resistência à Compressão (kPa)
1,613 24 1 159,06
1,613 14 4 234,40
1,613 16 6 359,98
1,613 16 8 452,06
As curvas de compactação mostradas na Figura 1, estão representando cada teor de cal utilizado. Para o
melhor tratamento do solo.
Ribeiro Junior et al, (2005) atribui a correção da curva de compactação do solo saprolítico de filito a cal, pois
ela através da troca catiônia com o solo neutralizou as cargas livres, dando estabilidade ao solo expansivo.
Isto pode ser entendido pela análise do comportamento da curva de compactação, mostradas na Figura 1.
A curva de 8% não está representada na curva de compactação, pois a sua determinação de umidade foi
baseada nas curvas dos outros teores de cal.
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Alves, E.B. et al.
1,65
MASSA ESPECÍFICA APARENTE SECA
1,60
1,55
1,50 Natural
1,45 1%
(g/cm3)
1,40 2%
1,35 4%
1,30 6%
1,25
2,0%
4,0%
6,0%
8,0%
10,0%
12,0%
14,0%
16,0%
18,0%
20,0%
22,0%
24,0%
26,0%
28,0%
30,0%
TEOR DE UMIDADE (%)
Para o ensaio de resistência à compressão simples, o corpo-de-prova que alcançou maior resistência axial foi
o de 8% de cal sobre a massa seca do solo. A Figura 2 descreve o comportamento tensão x deformação do
solo estabilizado.
500
400
Tensão (kPa)
300
200
100
0
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5
Deformação (%)
5 CONCLUSÃO
Considerando-se que a norma para produção de tijolos de solo-cimento indica uma resistência mínima à
compressão de 2 MPa e que a norma para blocos cerâmicos empregados em painéis de vedação indica uma
resistência mínima de 1,5 MPa. Como a cura dos tijolos fabricados com solo-cal é lenta, podendo chegar a
180 dias, possivelmente sua produção poderá ser concretizada, pois as reações lentas como a carbonatação e
a ação pozolânica são as responsáveis pelo ganho de resistência do sistema solo-cal. Neste trabalho não
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Estudo preliminar para dosagem de solo-cal para emprego em tijolos para alvenaria de vedação
foram realizados ensaios de durabilidade para avaliar o efeito das intempéries sobre o tijolo de solo-cal. Na
etapa seguinte serão realizados ensaios de resistência com cura de 90 e 180 dias, avaliando de forma mais
confiável a resistência.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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de Janeiro,1991.
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cuiabana. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE MECÂNICA DOS SOLOS E ENGENHARIA
GEOTÉCNICA, 12., 1998, Brasília. Anais... Brasília: ABMS, 1998. v. 1. p. 221-228.
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Civil) – Departamento de Engenharia Civil, Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá.
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2002.
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Editora Vilibor, 1995. 213 p.
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Goiânia: EEC/UFG, Kelps, 2005.
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OESTE, 1., 2003, Cuiabá. Anais eletrônicos... CD-ROM, Cuiabá: CEFET-MT, 2003. 8p.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem à FINEP que financiou este trabalho através do Programa Habitare.
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