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Rodada #11

Legislação Especial
Professor Leandro Igrejas

Assuntos da Rodada

LEGISLAÇÃO ESPECIAL: 1. Lei nº 10.826/2003 e alterações (Estatuto do


Desarmamento). 2. Lei nº 7.716/1989 e alterações (crimes resultantes de
preconceitos de raça ou de cor). 3. Lei nº 5.553/1968 (apresentação e uso de
documentos de identificação pessoal). 4. Lei nº 4.898/1965 (direito de
representação e processo de responsabilidade administrativa, civil e penal, nos
casos de abuso de autoridade). 5. Lei nº 9.455/1997 (definição dos crimes de
tortura). 6. Lei nº 8.069/1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), Título II,
Capítulos I e II, Título III, Capítulo II, Seção III, Título V e Título VII. 7. Lei nº
10.741/2003 e alterações (Estatuto do Idoso). 8. Lei nº 9.034/1995 e
alterações (crime organizado). 9. Lei nº 9.099/1995 e alterações (juizados
especiais cíveis e criminais), Capítulo III. 10. Lei nº 10.259/2001 e alterações
(juizados especiais cíveis e criminais no âmbito da Justiça Federal). 11. Lei nº
11.340/2006 (Maria da Penha – violência doméstica e familiar contra a mulher).
12. Lei nº 11.343/2006 (sistema nacional de políticas públicas sobre drogas).
13. Decreto-Lei nº 3.688/1941 (Lei das contravenções penais). 14. Lei nº
9.605/1998 e alterações (Lei dos crimes contra o meio ambiente), Capítulos III
e V. 15. Decretos nº 5.948/2006, nº 6.347/2008 e nº 7901/2013 (Tráfico de
pessoas).
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Recados importantes!

1. Você poderá fazer mais questões destes assuntos no teste semanal,


liberado ao final da rodada.
2. Tente cumprir as metas na ordem que determinamos. É fundamental para
o perfeito aproveitamento do treinamento.
3. Qualquer problema com a meta, envie uma mensagem para o WhatsApp
oficial da Turma Elite (35) 9106 5456.
4. Acompanhe o nosso fórum de dúvidas. É uma ótima forma de aprender
com as dúvidas dos outros alunos.

2
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

a. Teoria

Lei n.º 12.850/13

Art. 1o Esta Lei define organização criminosa e dispõe sobre a


investigação criminal, os meios de obtenção da prova, infrações
penais correlatas e o procedimento criminal a ser aplicado.

Definição de organização criminosa:

§1o Considera-se organização criminosa a associação de 4


(quatro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela
divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter,
direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a
prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4
(quatro) anos, OU que sejam de caráter transnacional.

O §1º do art.1º é o dispositivo que tem maior probabilidade de aparecer


em nossa prova, dada a relevância que possui na estruturação do assunto.

É a partir dele que extraímos os requisitos necessários e cumulativos para


configuração de uma organização criminosa. Ou seja, a ausência de um deles
afasta a caracterização da organização criminosa.

Veja o quadro a seguir:

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LEGISLAÇÃO ESPECIAL

ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA - REQUISITOS


Mínimo de QUATRO pessoas
Estrutura ordenada
Divisão de tarefas (informal)
Objetivo de obter vantagem de qualquer natureza
Mediante a prática de infrações penais

Cuja pena OU De caráter


máxima seja transnacional,
superior a (independente da
QUATRO anos. pena cominada).

DECORE!
QUATRO pessoas  QUATRO anos

Podemos acrescentar a essa definição legal um outro elemento, já


adotado pelo CESPE/UnB no concurso do TCU/2015, e que pode ser repetido
em nosso concurso:

CESPE/CEBRASPE: “Organização criminosa é a associação de, no mínimo,


quatro pessoas com estrutura ordenada e divisão de tarefas, com
estabilidade e permanência. A ausência da estabilidade ou da
permanência caracteriza o concurso eventual de agentes, dotado de
natureza passageira.”

Vamos aos detalhes:

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LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Estrutura ordenada e Divisão de tarefas

A organização criminosa pressupõe a existência de uma estrutura


ordenada (hierarquia) e a divisão de tarefas entre seus integrantes. Tudo
visando à união de esforços em prol do objetivo delitivo comum.
Obviamente, não se exige que essa estrutura e repartição de tarefas
estejam documentadas (formalizadas). Uma exigência dessas inviabilizaria a
repressão ao crime, concorda?

Mínimo de quatro pessoas

A associação deve ser de, no mínimo, quatro pessoas. Trata-se, portanto,


de crime de concurso necessário de pessoas1 (ou crime plurissubjetivo).

Objetivo de obter vantagem de qualquer natureza

Para caracterização da organização criminosa, não é necessária a efetiva


obtenção da vantagem, mas sim o objetivo de obtê-la, direta ou indiretamente.
Repare que a vantagem pretendida pode ser de qualquer natureza. Ou
seja, não precisa, necessariamente, ser econômica ou financeira.

Exemplo: imagine uma associação estruturada de 4 pessoas, estável,


permanente, com divisão de tarefas, com objetivo da prática de
crimes de estupro. Não há aí, em princípio, nenhuma vantagem
econômica, o que não desconfigura a existência da organização

1
Existe concurso de pessoas quando uma infração penal é cometida por duas ou mais pessoas.
Crimes de concurso necessário são aqueles que só podem ser cometidos por duas ou mais
pessoas (ex: associação criminosa, art.288 do CP). Em contrapartida, os crimes de concurso
eventual são aqueles que, apesar de poderem ser cometidos por uma só pessoa, são cometidos
por mais de uma (ex: roubo, art.157 do CP).

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LEGISLAÇÃO ESPECIAL

criminosa. A vantagem, nesse caso, seria de cunho sexual (lembre-se:


qualquer vantagem).

Infrações cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro)


anos, OU de caráter transnacional.

Note que o texto se refere a infrações cuja pena máxima seja superior (e
não igual ou superior) a quatro anos.
Como se sebe, infração penal é gênero, do qual são espécies o crime e as
contravenções penais.
Em relação à caracterização de organização criminosa para prática de
contravenções penais, a doutrina2 aponta que inexistem, na atual legislação,
contravenções com pena máxima superior a quatro anos.

Consequentemente, somente o objetivo da prática de crimes é que, na


prática, configuraria a organização criminosa.

Requisitos extralegais

Perceba, por fim, que na definição acima dada pelo CESPE/UnB (concurso
TCU/2015) existem dois elementos não previstos expressamente na Lei n.º
12.850/13: estabilidade e permanência da atividade criminosa.

Esses requisitos têm origem na definição de organização criminosa


constante da Convenção de Palermo, que foi ratificada pelo Brasil em 20033.

Nada impede que o CESPE, eventualmente, considere também esses


requisitos extralegais em nosso concurso. Fique atento!

2
ANDREUCCI, Ricardo A. Legislação Penal Especial. 10ª Ed.2015. Saraiva. Pag.119/120.
Decreto-Legislativo n.º 231/2003, que não consta de nosso edital.
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LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Art.1º (...) §2o Esta Lei se aplica também:

I - às infrações penais previstas em tratado ou convenção


internacional quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou
devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente;

II - às organizações terroristas internacionais, reconhecidas segundo as


normas de direito internacional, por foro do qual o Brasil faça parte, cujos atos
de suporte ao terrorismo, bem como os atos preparatórios ou de execução de
atos terroristas, ocorram ou possam ocorrer em território nacional.

II - às organizações terroristas, entendidas como aquelas voltadas


para a prática dos atos de terrorismo legalmente definidos. (Redação dada
pela lei nº 13.260, de 2016)

O inciso I trata de delitos cometidos à distância4. Perceba que não basta


que a infração esteja prevista em tratado ou convenção. É preciso também que
a execução seja iniciada no Brasil, com resultado no exterior, ou
reciprocamente.

O inciso II do §2o do art.1º sofreu uma alteração5 recente (2016), o que


aumenta suas chances de cair em prova. Conforme esse dispositivo, a Lei do
Crime Organizado se aplica também às organizações terroristas, entendidas
como aquelas voltadas para a prática dos atos de terrorismo definidos em lei.

A definição legal de atos de terrorismo consta do art.2º da Lei n.º


13.260/16. Não acredito, contudo, que esse conhecimento seja exigido, a não
ser que venha expressamente previsto no próximo edital.

Execução em um país, resultado em outro.


4

Mantive também a redação original para que você possa comparar as alterações.
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LEGISLAÇÃO ESPECIAL

VEJA COMO FOI COBRADO

CESPE/2015 – TCU - Auditor Federal de Controle Externo

Em relação ao disposto na Lei n.º 12.850/2013, que trata de


crime organizado, julgue o item a seguir.

Nos termos dessa lei, organização criminosa é a associação de, no


mínimo, quatro pessoas com estrutura ordenada e divisão de tarefas,
com estabilidade e permanência. A ausência da estabilidade ou da
permanência caracteriza o concurso eventual de agentes, dotado de
natureza passageira.

Gabarito: Certo

Comentário: Conforme já havíamos adiantado, a estabilidade e


permanência foram considerados requisitos para o reconhecimento da
organização criminosa.

O tipo penal da organização criminosa

O art.2º da Lei descreve as condutas típicas:

Art.2o. Promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmente


ou por interposta pessoa, organização criminosa:

Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa, sem


prejuízo das penas correspondentes às demais infrações penais
praticadas.

É importante ter em mente que o crime do art.2º é autônomo. Ou seja,


ele existe independentemente daqueles outros que (eventualmente) vierem a
ser praticados pela organização criminosa.

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LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Lembre-se que para a caracterização da organização criminosa, basta que


o objetivo seja a prática de infrações penais. Não há necessidade nem da
prática efetiva dos delitos, nem da obtenção de vantagem.

Imagine, por exemplo, que “A” integra uma organização


criminosa. Pelo simples fato de integrar tal tipo de organização,
“A” já cometeu o crime descrito no art.2º da Lei n.º 12.850/13.

Suponha, agora, que esta organização pratique diversos crimes


de estelionato em determinada região. Nessa situação, “A”
responderá, em tese, pelo crime de organização criminosa e
também pelos crimes de estelionato.

ATENÇÃO! O crime se consuma com a associação estável e permanente de


quatro ou mais agentes com o objetivo de praticarem infrações (crime formal).
Não há necessidade de que essas cheguem a ser efetivamente praticadas.

Prosseguindo:

Art.2º (...)

§1º Nas mesmas penas incorre quem impede ou, de qualquer forma,
embaraça a investigação de infração penal que envolva organização
criminosa.

§2º As penas aumentam-se até a metade se na atuação da organização


criminosa houver emprego de arma de fogo.

§3º A pena é agravada para quem exerce o comando, individual ou


coletivo, da organização criminosa, ainda que não pratique pessoalmente
atos de execução.

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LEGISLAÇÃO ESPECIAL

A Lei também pune aquele que impede ou embaraça (dificulta) a


investigação de infração penal envolvendo organização criminosa, ainda que
não a integre.

O emprego de arma de fogo é causa de aumento de pena, por tornar mais


perigosa a ação da organização.

Além disso, aquele que exercer o comando das atividades, mesmo que
não pratique pessoalmente nenhum ato de execução, receberá, naturalmente,
uma reprimenda maior.

Art.2º (...)

§5º Se houver indícios suficientes de que o funcionário público


integra organização criminosa, poderá o juiz determinar seu
afastamento cautelar do cargo, emprego ou função, sem prejuízo da
remuneração, quando a medida se fizer necessária à investigação ou
instrução processual.

§6º A condenação com trânsito em julgado acarretará ao funcionário


público a perda do cargo, função, emprego ou mandato eletivo e a
interdição para o exercício de função ou cargo público pelo prazo de
8 (oito) anos subsequentes ao cumprimento da pena.

Em relação à participação de funcionários públicos no crime de


organização criminosa, temos, em resumo:

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LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Trânsito em julgado de
sentença condenatória
ANTES DEPOIS

Afastamento cautelar do Perda do cargo, função, emprego


cargo, emprego ou função, ou mandato eletivo e a interdição
sem prejuízo da para o exercício de função ou
remuneração. cargo público pelo prazo de 8
(oito) anos, subsequentes ao
(POSSIBILIDADE) cumprimento da pena.

A perda do cargo, função, emprego ou mandato eletivo e a interdição


para o exercício de função ou cargo público pelo prazo de 8 (oito) anos são
efeitos automáticos da sentença penal condenatória. Ou seja, são
consequências que acontecerão, mesmo que o juiz não as declare
expressamente em sua decisão.

Art.2º (...)

§7º Se houver indícios de participação de policial nos crimes de que


trata esta Lei, a Corregedoria de Polícia instaurará inquérito policial e
comunicará ao Ministério Público, que designará membro para acompanhar
o feito até a sua conclusão.

Havendo indícios de participação de policial nos crimes de organização


criminosa, a investigação ficará a cargo da Corregedoria de Polícia. Nessa
situação, o Ministério Público será comunicado e deverá designar um membro
para acompanhar o inquérito.

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LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Da investigação e dos meios de obtenção de prova

Art. 3o Em qualquer fase da persecução penal, serão permitidos,


sem prejuízo de outros já previstos em lei, os seguintes meios de obtenção
da prova:

I - colaboração premiada;

II - captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou


acústicos;

III - ação controlada;

IV - acesso a registros de ligações telefônicas e telemáticas, a dados


cadastrais constantes de bancos de dados públicos ou privados e a
informações eleitorais ou comerciais;

V - interceptação de comunicações telefônicas e telemáticas, nos


termos da legislação específica;

VI - afastamento dos sigilos financeiro, bancário e fiscal, nos termos


da legislação específica;

VII - infiltração, por policiais, em atividade de investigação, na forma


do art. 11;

VIII - cooperação entre instituições e órgãos federais, distritais,


estaduais e municipais na busca de provas e informações de interesse da
investigação ou da instrução criminal.

O art.3º elenca os meios que podem ser utilizados para obtenção de


provas, em qualquer fase da persecução penal. Leia-se: tanto na fase do
inquérito policial como na fase da ação penal.

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LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Os incisos destacados em vermelho são aqueles que mais


costumam ser cobrados em prova. Portanto, se você
dispuser de pouco tempo para preparação, sugiro que
concentre seus esforços neles.

Passemos aos detalhes mais importantes para o concurso:

I - colaboração premiada

A colaboração premiada (ou delação premiada), basicamente, é um


acordo firmado entre o investigado/acusado e o delegado de polícia/Ministério
Público.
Esse acordo, que produzirá efeitos somente caso seja homologado pelo
juiz, visa à obtenção de benefícios pelo colaborador, em troca de informações
que levem a algum dos resultados descritos no art.4º da Lei:

Art. 4º O juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o


perdão judicial6, reduzir em até 2/3 (dois terços) a pena
privativa de liberdade ou substituí-la por restritiva de direitos
daquele que tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a
investigação e com o processo criminal, desde que dessa
colaboração advenha um ou mais dos seguintes resultados:

I - a identificação dos demais coautores e partícipes da


organização criminosa e das infrações penais por eles praticadas;

II - a revelação da estrutura hierárquica e da divisão de


tarefas da organização criminosa;

III - a prevenção de infrações penais decorrentes das


atividades da organização criminosa;

O perdão judicial é uma das hipóteses de extinção da punibilidade (art.107 do Código Penal).
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LEGISLAÇÃO ESPECIAL

IV - a recuperação total ou parcial do produto ou do proveito


das infrações penais praticadas pela organização criminosa;

V - a localização de eventual vítima com a sua integridade


física preservada.

A colaboração premiada, como todos os demais meios de prova listados no


art.3º, é admitida tanto no inquérito policial quanto na fase da ação penal.

A colaboração, como o próprio nome sugere, deve ser voluntária7, não


podendo ser determinada de ofício pelo juiz.

O benefício a ser concedido ao colaborador será proporcional à relevância


das informações prestadas, podendo o juiz:

 Conceder o perdão judicial;

 Reduzir em até 2/3 (dois terços) a pena privativa de liberdade (PPL); ou

 Substituir a PPL por pena restritiva de direitos

Perceba que a redução da PPL poderá ser de ATÉ 2/3 e não


obrigatoriamente de 2/3.

No caso de o colaborador prestar informações consideradas muito


relevantes, o delegado de polícia/Ministério Público poderá representar/requerer
ao juiz a concessão do perdão judicial, mesmo que esse benefício não conste de
suas propostas iniciais.

Com essa medida, o legislador pretendeu incentivar uma maior


participação do colaborador.

Veja: “a requerimento das partes”, art.4º caput.


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LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Em outras palavras: inicia-se a “negociação” com uma proposta “x”.


No curso da colaboração, caso o agente decida fornecer mais
informações do que inicialmente havia se comprometido, então o
delegado de polícia/Ministério Público também poderão “melhorar” a
proposta de benefício, chegando até ao perdão judicial.

Lembre-se que o “prêmio” a ser concedido ao colaborador em troca das


informações sempre dependerá de decisão judicial.

É o que dispõe o § 2º do art.4º:

§2º Considerando a relevância da colaboração prestada, o


Ministério Público, a qualquer tempo, e o delegado de polícia,
nos autos do inquérito policial, com a manifestação do
Ministério Público, poderão requerer ou representar ao juiz
pela concessão de perdão judicial ao colaborador, ainda que
esse benefício não tenha sido previsto na proposta inicial,
aplicando-se, no que couber, o art. 28 do Decreto-Lei nº
3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal).

Há também interesse público em obter a colaboração dos agentes o mais


cedo possível. Para isso, a Lei permite que o Ministério Público “recompense” o
primeiro agente a tomar essa iniciativa, deixando de oferecer denúncia em seu
desfavor.

Essa autorização da lei, contudo, não se aplica ao LÍDER da organização.


Veja:

Art.4º §4º Nas mesmas hipóteses do caput, o Ministério


Público poderá deixar de oferecer denúncia se o colaborador:
I - não for o líder da organização criminosa;
II - for o primeiro a prestar efetiva colaboração nos termos
deste artigo.

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LEGISLAÇÃO ESPECIAL

O Ministério Público poderá deixar de denunciar o primeiro agente a


prestar efetiva colaboração, desde que não seja o líder da organização.

Art. 5o São direitos do colaborador:

I - usufruir das medidas de proteção previstas na legislação


específica;

II - ter nome, qualificação, imagem e demais informações pessoais


preservados;

III - ser conduzido, em juízo, separadamente dos demais coautores e


partícipes;

IV - participar das audiências sem contato visual com os outros


acusados;

V - não ter sua identidade revelada pelos meios de comunicação,


nem ser fotografado ou filmado, sem sua prévia autorização por escrito;

VI - cumprir pena em estabelecimento penal diverso dos demais


corréus ou condenados.

Os direitos previstos no art.5º visam dar maior segurança ao colaborador,


incentivando a prática da colaboração.

As medidas de proteção referidas no inciso I do art.5º correspondem à da


Lei de Proteção à testemunha e delação premiada (Lei n.º 9.807/99), que não
foi incluída em nosso edital de referência.

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LEGISLAÇÃO ESPECIAL

VEJA COMO FOI COBRADO

MPE-MG/2014 - Promotor de Justiça

São resultados previstos na "Lei de Organização Criminosa" como necessários para


que aquele que tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e
com o processo criminal obtenha o benefício da colaboração premiada, EXCETO:

a) Revelação da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas da organização


criminosa.

b) Prevenção de infrações penais decorrentes das atividades de organização


criminosa.

c) Recuperação total ou parcial do produto ou do proveito das infrações penais


praticadas pela organização criminosa.

d) Localização dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo


fabrico, alienação, uso, porte ou detenção constitua fato ilícito.

Gabarito: “D”

Comentário: Conforme vimos, a colaboração premiada (ou delação premiada),


basicamente, é um acordo firmado entre o investigado/acusado e o delegado de
polícia/Ministério Público. Esse acordo visa à obtenção de benefícios pelo
colaborador, em troca de informações que levem aos resultados descritos no art.4º
da Lei n.º 12.850/13. Entre esses, não se encontra o que consta da alternativa “d”.

VEJA COMO FOI COBRADO

VUNESP/2014 – TJ/SP – Juiz de Direito (adaptada)

A respeito da “Colaboração Premiada” (ou “delação premiada”) prevista na Lei n.º


12.850/2013, julgue a assertiva a seguir:

Caso alcançados os resultados previstos na lei, o Ministério Público poderá deixar


de oferecer denúncia se o colaborador não for o líder da organização criminosa e
for o primeiro a prestar efetiva e válida colaboração.

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LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Gabarito: “Certo”

Comentário:

I. O §5º do art.4º da Lei n.º 12.850/13 dispõe expressamente:

Art.4º (...) §4º Nas mesmas hipóteses do caput, o Ministério Público


poderá deixar de oferecer denúncia se o colaborador: I - não for o líder
da organização criminosa; II - for o primeiro a prestar efetiva colaboração
nos termos deste artigo.

Voltemos ao estudo do art.3º:

III - Ação controlada

A ação controlada é outro meio de obtenção de prova previsto no art.3º e


detalhado nos art.8º e 9º da Lei n.º 12.850/13.

Nela, basicamente, a autoridade policial, já tem conhecimento da


existência de alguma ação criminosa em curso, mas retarda a sua intervenção,
deixando para agir em momento posterior, em que supõe ser possível obter
melhores resultados em termos de obtenção de provas.

Vejamos o texto legal:

Da Ação Controlada

Art. 8º Consiste a ação controlada em retardar a intervenção


policial ou administrativa relativa à ação praticada por organização
criminosa ou a ela vinculada, desde que mantida sob observação e
acompanhamento para que a medida legal se concretize no
momento mais eficaz à formação de provas e obtenção de
informações.

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LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Imagine que um carregamento de entorpecentes ingresse em


determinado estado da federação. A polícia civil daquele estado tem ciência do
ingresso, mas retarda sua intervenção, passando a monitorar o deslocamento
do veículo. Quando da chegada ao destinatário, aí sim, a autoridade policial
atua, logrando êxito não apenas na apreensão da carga e prisão do motorista,
mas também na identificação e prisão dos destinatários do material. Logo, com
o retardamento da ação, obteve-se um proveito maior em termos probatórios e
de informações.
Pontos importantes para prova:

 A ação controlada é um instrumento colocado também à disposição


de autoridades administrativas (ex: Auditores Fiscais da Receita
Federal, Auditores do Trabalho, Analistas do Banco Central, etc.) e
não apenas policiais.

 A Lei determina que o retardamento da intervenção policial deva ser


previamente comunicado ao juiz:

Art.8º §1º O retardamento da intervenção policial ou


administrativa será previamente comunicado ao juiz
competente que, se for o caso, estabelecerá os seus limites e
comunicará ao Ministério Público.

ATENÇÃO À MODIFICAÇÃO LEGISLATIVA

Na vigência da Lei n.º 9.034/95, (que foi revogada pela Lei n.º
12.850/13), a ação controlada não dependia de autorização judicial.
Já a Lei n.º 12.850/13 determina que o retardamento da intervenção seja
previamente comunicado ao juiz (art.8º).
Não há necessidade de autorização judicial, mas, uma vez comunicado, o
juiz poderá estabelecer limites à atuação policial.

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LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Por óbvio, as providências tomadas desde a comunicação ao juiz até o


encerramento da diligência deverão ser sigilosas, de modo a evitar que
eventual vazamento de informações prejudique o bom andamento da operação:

Art.8º (...) §2º A comunicação será sigilosamente distribuída


de forma a não conter informações que possam indicar a
operação a ser efetuada.

§3º Até o encerramento da diligência, o acesso aos autos


será restrito ao juiz, ao Ministério Público e ao delegado de
polícia, como forma de garantir o êxito das investigações.

ATENÇÃO!
A ação controlada também está prevista no inciso II do art.53 da Lei de
Drogas, já estudada em nossa rodada #9.
Na Lei de Drogas, a ação controlada depende de autorização judicial.
Na Lei das Organizações Criminosas, a ação controlada deve ser apenas
previamente comunicada ao juiz competente.

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LEGISLAÇÃO ESPECIAL

VEJA COMO FOI COBRADO

FCC/2015 – TJ/GO - Juiz Substituto (adaptada)

De acordo com a Lei n.º 12.850/2013, que define organização criminosa e dispõe
sobre a investigação criminal, os meios de obtenção da prova, infrações penais
correlatas e o procedimento criminal, JULGUE a assertiva a seguir:

A ação controlada, consistente em retardar a intervenção policial ou administrativa


relativa à ação praticada por organização criminosa ou a ela vinculada, independe de
prévia comunicação ao juiz competente, em razão da urgência.

Gabarito: “Errado”

Comentário: A Lei determina que o retardamento da intervenção policial deva ser


previamente comunicado ao juiz. É o que dispõe o §1º do art.8º:

Art.8º §1º O retardamento da intervenção policial ou administrativa será


previamente comunicado ao juiz competente que, se for o caso,
estabelecerá os seus limites e comunicará ao Ministério Público.

A Lei n.º 12.850/2013 também modificou o art.288 do Código Penal,


renomeando aquele tipo penal de “Quadrilha ou Bando” para “Associação
Criminosa”.
Note que a “Associação Criminosa” do Código Penal não se confunde com
a “Organização Criminosa” que estamos estudando nesta aula:

Associação Criminosa Organização Criminosa


Código Penal (art.288) Lei n.º 12.850/2013 (art.1º §1o)

Art. 288. Associarem-se 3 Art.1º §1o - 4 (quatro) ou mais


(três) ou mais pessoas, para o pessoas (...) mediante a prática de infrações
fim específico de cometer penais cujas penas máximas sejam
crimes. superiores a 4 (quatro) anos, ou que
sejam de caráter transnacional.

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LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Continuando no estudo do art.3º:

IV - Do Acesso a Registros, Dados Cadastrais, Documentos e


Informações.

A autorização para acesso a esses dados é mais um dos meios de


obtenção de prova previstos no art.3º da Lei n.º 12.850/13. O detalhamento
encontra-se em seus art.15 a 17:

Art. 15. O delegado de polícia e o Ministério Público terão acesso,


independentemente de autorização judicial, apenas aos dados
CADASTRAIS do investigado que informem exclusivamente a qualificação
pessoal, a filiação e o endereço mantidos pela Justiça Eleitoral,
empresas telefônicas, instituições financeiras, provedores de internet
e administradoras de cartão de crédito.

Art. 16. As empresas de transporte possibilitarão, pelo prazo de 5


(cinco) anos, acesso direto e permanente do juiz, do Ministério Público ou do
delegado de polícia aos bancos de dados de reservas e registro de
viagens.

Art. 17. As concessionárias de telefonia fixa ou móvel manterão,


pelo prazo de 5 (cinco) anos, à disposição das autoridades mencionadas no
art. 15, registros de identificação dos números dos terminais de origem
e de destino das ligações telefônicas internacionais, interurbanas e locais.

A Lei n.º 12.850/13 autoriza o acesso direto somente aos dados


CADASTRAIS contidos nos bancos de dados das entidades mencionadas no
art.15. Essa possibilidade não se confunde com a quebra de sigilo telefônico, de
correspondência, etc., para o que será indispensável a autorização judicial.

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LEGISLAÇÃO ESPECIAL

A Lei define o que são os dados cadastrais: qualificação pessoal, filiação e


endereço.

Os art.16 e 17 destinam-se às empresas de transporte e às


concessionárias de telefonia.

Perceba que o delegado de polícia e o Ministério Público poderão solicitar


o acesso aos dados abaixo diretamente às entidades referidas nos art. 15 a 17
(ou seja, independentemente de autorização judicial):

 Dados cadastrais (qualificação pessoal, filiação e endereço);

 Bancos de dados de reservas e registro de viagens; e

 Identificação dos números dos terminais de origem e de destino


das ligações telefônicas.

CUIDADO! A autorização para acesso aos números dos terminais de origem


e de destino das ligações telefônicas não se confunde com a interceptação
telefônica – (conteúdo da conversa) – para o qual sempre será necessária a
autorização judicial, na forma do inciso XII do art.5º8 da CRFB/88.

A recusa ou omissão no fornecimento dos dados cadastrais, registros,


documentos e informações requisitadas pelo juiz, Ministério Público ou delegado
de polícia, no curso de investigação ou do processo, configura o crime descrito
no art.21 da Lei:

Art. 21. Recusar ou omitir dados cadastrais, registros, documentos e


informações requisitadas pelo juiz, Ministério Público ou delegado de
polícia, no curso de investigação ou do processo:

Art.5º, XII - É inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados


8

e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na
forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal.

23
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem, de forma indevida, se


apossa, propala, divulga ou faz uso dos dados cadastrais de que trata
esta Lei.

V - Interceptação de comunicações telefônicas e telemáticas, nos


termos da legislação específica;

A interceptação de comunicações telefônicas está prevista na Lei n.º


9.296/96, que não consta de nosso edital de referência.

Conforme já dissemos, nos termos do inciso XII do art.5º9 da CRFB/88, a


interceptação de comunicações telefônicas somente poderá realizada com
autorização judicial.

VI - Afastamento dos sigilos financeiro, bancário e fiscal, nos


termos da legislação específica;

O sigilo das operações das instituições financeiras é tratado na Lei


Complementar n.º 105/2001. O afastamento desse sigilo também depende de
autorização judicial.

VII - Da Infiltração de Agentes

A infiltração de agentes, em resumo, consiste na introdução de agente


policial disfarçado no seio de uma organização criminosa. Esse agente terá a
árdua missão de colher informações e produzir provas para subsidiar a
persecução penal. É a modalidade, podemos assim dizer, “cinematográfica” de
atuação policial.

Idem.
9

24
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Esse meio de obtenção de prova está previsto nos art.10 a 14 da Lei.


Vejamos os principais dispositivos:

Art. 10. A infiltração de agentes de polícia em tarefas de investigação,


representada pelo delegado de polícia ou requerida pelo Ministério Público,
após manifestação técnica do delegado de polícia quando solicitada no
curso de inquérito policial, será precedida de circunstanciada, motivada e
sigilosa autorização judicial, que estabelecerá seus limites.

§1o Na hipótese de representação do delegado de polícia, o juiz


competente, antes de decidir, ouvirá o Ministério Público.
.

§2o Será admitida a infiltração se houver indícios de infração penal de


que trata o art. 1º e se a prova não puder ser produzida por outros
meios disponíveis

Pontos importantes:

Somente agentes policiais podem ser infiltrados em organizações


criminosas. Não há no texto da lei previsão para infiltração de Agentes de
inteligência, tais como os pertencentes aos quadros da ABIN – Agência
Brasileira de Inteligência.

CUIDADO! A revogada Lei n.º 9.034/95 permitia a infiltração de agentes de


inteligência. Essa modificação pode ser explorada pela banca examinadora.

Perceba que a infiltração policial, em razão do evidente risco pessoal para


o agente, é medida a ser adotada somente “se a prova não puder ser produzida
por outros meios disponíveis”.

25
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Não pode ser determinada de ofício pelo juiz. Caberá ao delegado de


polícia representar (ou ao membro do Ministério Público requerer) essa
providência, que somente se dará mediante autorização judicial.

Caso o Ministério Público requeira a infiltração de agente policial no curso de


inquérito policial, o delegado de polícia deverá emitir manifestação
técnica (acerca da viabilidade da operação), antes da decisão do juiz.

Trata-se de providência bastante salutar. Afinal, caberá à autoridade policial (e


aos seus agentes) a responsabilidade pela execução da operação.

Prosseguindo:

Art. 10. (...)

§ 3o A infiltração será autorizada pelo prazo de até 6 (seis) meses,


sem prejuízo de eventuais renovações, desde que comprovada sua
necessidade. (...)

Art. 11. O requerimento do Ministério Público ou a representação do


delegado de polícia para a infiltração de agentes conterão a demonstração
da necessidade da medida, o alcance das tarefas dos agentes e, quando
possível, os nomes ou apelidos das pessoas investigadas e o local da
infiltração.

Art. 12. O pedido de infiltração será sigilosamente distribuído, de


forma a não conter informações que possam indicar a operação a ser
efetivada ou identificar o agente que será infiltrado.

§ 3o Havendo indícios seguros de que o agente infiltrado sofre risco


iminente, a operação será sustada mediante requisição do Ministério Público
ou pelo delegado de polícia, dando-se imediata ciência ao Ministério
Público e à autoridade judicial.

26
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

O texto da lei limita a operação ao prazo de 6 meses. No entanto, permite


que tal prazo seja renovado, mediante comprovação de sua necessidade. Não
há um limite máximo de prorrogações.

O legislador, a exemplo do que fez na ação controlada, preocupou-se com


o sigilo do pedido de infiltração, principalmente no que se refere à preservação
da identidade do agente a ser infiltrado (art.12).

Perceba que, na existência de risco iminente para o agente infiltrado, a


Lei determina que a operação seja sustada, diretamente pelo delegado de
polícia ou mediante requisição do Ministério Público. Em qualquer caso, dar-se-
á ciência à autoridade judicial.

Em outras palavras, em caso de risco iminente para o agente, não há


necessidade de autorização judicial para que a infiltração seja sustada. Até
porque tal decisão, eventualmente, terá que ser tomada na cena de ação, não
podendo aguardar a manifestação do Poder Judiciário. O próprio delegado de
policia poderá fazê-lo.

Art. 13. O agente que não guardar, em sua atuação, a devida


proporcionalidade com a finalidade da investigação, responderá pelos
excessos praticados.

Parágrafo único. Não é punível, no âmbito da infiltração, a prática de


crime pelo agente infiltrado no curso da investigação, quando inexigível
conduta diversa.

O sucesso da infiltração policial depende da habilidade do agente em


conquistar a “confiança” dos membros da organização criminosa. Para tanto,
pode se ver obrigado à prática de crimes, a fim de não levantar suspeitas sobre
a sua verdadeira identidade.

27
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

A questão que se coloca, então, é: seria punível a conduta do agente


infiltrado que, nessa situação, cometesse um ilícito penal?

O art.13 da Lei contém a resposta, anunciando que, desde que guardada


a devida proporcionalidade em suas ações, e não sendo possível ao agente
evitar aquela conduta criminosa, sob pena de prejudicar a operação, ou de
colocar em risco a sua própria segurança (inexigibilidade de conduta diversa), o
crime não será punível.

A proporcionalidade na ação reside no cometimento, pelo agente, do


mínimo de ilícitos penais necessários à manutenção do seu disfarce. Em outras
palavras, o que o legislador quis evitar é que a infiltração policial servisse como
um “salvo-conduto” para o agente infiltrado praticar crimes livremente.

Já a inexigibilidade de conduta diversa, como se sabe, é causa excludente


da culpabilidade.

Não é punível a prática de crime pelo agente infiltrado, no decorrer da


investigação, quando inexigível conduta diversa.

Art. 14. São direitos do agente:

I - recusar ou fazer cessar a atuação infiltrada;

II - ter sua identidade alterada, aplicando-se, no que couber, o


disposto no art. 9o da Lei no 9.807, de 13 de julho de 1999, bem como
usufruir das medidas de proteção a testemunhas;

III - ter seu nome, sua qualificação, sua imagem, sua voz e demais
informações pessoais preservadas durante a investigação e o processo
criminal, salvo se houver decisão judicial em contrário;

IV - não ter sua identidade revelada, nem ser fotografado ou filmado


pelos meios de comunicação, sem sua prévia autorização por escrito.

28
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Você já deve ter notado que a infiltração policial é uma operação que
representa um risco elevado para a integridade física do agente.

Sensível a esse fato, o legislador estabeleceu, no art.14 da Lei n.º


12.850/13, um rol de direitos para o agente infiltrado, que se destinam a sua
proteção pessoal.

Entre esses, tem destaque o direito de recusar ou fazer cessar sua


atuação infiltrada, sem que isso implique responsabilidade funcional.

Repare também que o legislador inseriu, no inciso IV deste art.14 um


comando direcionado aos meios de comunicação, que somente poderão divulgar
a identidade do agente mediante sua prévia autorização por escrito.

A revelação não autorizada da identidade do agente configura o crime


previsto no art.18 da Lei:

Art. 18. Revelar a identidade, fotografar ou filmar o


colaborador, sem sua prévia autorização por escrito:

Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.

Esse rol de direitos do agente infiltrado deve, na medida do possível, ser


memorizado, já que costuma ser cobrado em concursos.

29
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

VEJA COMO FOI COBRADO

VUNESP/2016 – TJ/RJ - Juiz Substituto

A respeito da infiltração de agentes de polícia em tarefas de investigação, é correto


afirmar que:

a) pode ser determinada de ofício pela autoridade judicial, cabendo à autoridade


policial designar os agentes que atuarão na tarefa.
b) é admitida para todas as infrações penais, inclusive as de menor potencial ofensivo.
c) não possui prazo determinado de duração, podendo ser sustada, a qualquer tempo,
havendo indícios seguros de risco iminente ao agente infiltrado.
d) os agentes de polícia que participam da infiltração têm direito à alteração da
identidade, bem como a usufruir das medidas de proteção à testemunha.
e) pode ser determinada diretamente pela autoridade policial, em decisão
fundamentada, contendo todas as circunstâncias e limites da atuação.

Gabarito: ”D”
Comentários:

a) Não pode ser determinada de ofício pelo juiz. Caberá ao delegado de polícia
representar (ou ao membro do Ministério Público) requerer essa providência, que
somente se dará mediante autorização judicial.

b) A infiltração de agentes só terá lugar na hipótese de indícios de infrações previstas


no art.1º da Lei, quais sejam, aquelas cujas penas máximas sejam superiores a 4
(quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional. Logo, não há que se falar
em sua aplicação à infrações de menor potencial ofensivo.

c) O texto da lei limita a operação ao prazo de 6 meses. No entanto, permite que tal
prazo seja renovado, mediante comprovação de sua necessidade.

d) Art.14, gabarito.

e) Caberá ao delegado de polícia representar ou ao membro do Ministério Público


requerer essa providência, que somente se dará mediante autorização judicial.

30
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Sigilo da investigação

Art. 23. O sigilo da investigação poderá ser decretado pela autoridade


judicial competente, para garantia da celeridade e da eficácia das diligências
investigatórias, assegurando-se ao defensor, no interesse do representado,
amplo acesso aos elementos de prova que digam respeito ao exercício do
direito de defesa, devidamente precedido de autorização judicial,
ressalvados os referentes às diligências em andamento.

Parágrafo único. Determinado o depoimento do investigado, seu


defensor terá assegurada a prévia vista dos autos, ainda que
classificados como sigilosos, no prazo mínimo de 3 (três) dias que
antecedem ao ato, podendo ser ampliado, a critério da autoridade
responsável pela investigação.

O sigilo das investigações é uma importante arma no combate ao crime


organizado, sem a qual as diligências certamente não obteriam sucesso.

Imagine, por exemplo, uma interceptação telefônica onde a pessoa


investigada tivesse ciência de que está sendo monitorada. Certamente, pouco
ou nada de relevante seria dito em suas conversas.

Por essa razão, a Lei faculta à autoridade judicial (e não ao delegado de


polícia ou ao Ministério Público) a decretação do sigilo da investigação.

Dever ser garantido, contudo, que o representado possa ter acesso às


provas produzidas na investigação, para que possa exercer o seu direito à
defesa.

Perceba: se foi a autoridade judicial que decretou o sigilo da investigação,


nada mais lógico que o acesso aos autos pelo representado também se dê
mediante autorização judicial, certo?

31
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Por fim, note que o acesso aos autos da investigação pelo representado
não é irrestrito. Pelo contrário, o representado não terá acesso às diligências
que ainda estiverem em andamento, para que estas não sejam prejudicadas.

A esse respeito, veja o que dispõe a Súmula Vinculante n.º 14/STF:

Súmula vinculante n.º 14/STF

“É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos


de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão
com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de
defesa”.

A Súmula referenda o entendimento contido no art.23 da Lei n.º


12.850/13 de que o acesso pelo representado (ou por seu defensor) à
investigação se restringe aos elementos já documentados. Ou seja, não às
diligências que ainda estejam em andamento.

Crimes contra a investigação

Art. 18. Revelar a identidade, fotografar ou filmar o colaborador, sem sua prévia
autorização por escrito:

Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.

Art. 19. Imputar falsamente, sob pretexto de colaboração com a Justiça, a prática
de infração penal a pessoa que sabe ser inocente, ou revelar informações sobre a
estrutura de organização criminosa que sabe inverídicas:

Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Art. 20. Descumprir determinação de sigilo das investigações que envolvam a


ação controlada e a infiltração de agentes:

Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

32
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Art. 21. Recusar ou omitir dados cadastrais, registros, documentos e informações


requisitadas pelo juiz, Ministério Público ou delegado de polícia, no curso de
investigação ou do processo:

Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem, de forma indevida, se apossa,


propala, divulga ou faz uso dos dados cadastrais de que trata esta Lei.

O legislador criminalizou as condutas que poderiam atrapalhar o bom


andamento das investigações e, até mesmo, colocar em risco a vida dos
agentes policiais envolvidos.

Em relação ao art.18, notar que a conduta não será crime se o agente


conceder autorização, por escrito, para ter sua identidade revelada, ser
fotografado ou filmado pelos meios de comunicação (art.14, IV).

Por fim, vimos que o delegado de polícia e o Ministério Público podem


solicitar, independentemente de autorização judicial, dados de investigados
junto à Justiça Eleitoral, empresas telefônicas, instituições financeiras,
provedores de internet, administradoras de cartão de crédito e empresas de
transporte (art.15 a 17).

A recusa ou omissão injustificadas na prestação de tais informações


configura o crime previsto no art.21.

Note também que o apoderamento, divulgação e uso indevido dos dados


cadastrais (qualificação pessoal, a filiação e o endereço, art.15) obtidos no
curso da investigação ou do processo configuram o crime do art.21, par. único.

33
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

b. Mapas Mentais

 Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais


pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas,
ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente,
vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais
cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de
caráter transnacional (Art1º §1º).

 Conforme o §2º do art.1º, a Lei n.º 12.850/13 se aplica também às


organizações terroristas, entendidas como aquelas voltadas para a prática
dos atos de terrorismo legalmente definidos.

 Para a caracterização da organização criminosa, basta que o objetivo seja


a prática de infrações penais. Não há necessidade nem da prática efetiva
dos delitos, nem da obtenção efetiva de alguma vantagem.

 Se houver indícios suficientes de que funcionário público integra


organização criminosa, poderá o juiz determinar seu afastamento cautelar
do cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração, quando a
medida se fizer necessária à investigação ou instrução processual (Art.2º
§5º).

 A condenação com trânsito em julgado pelo cometimento do crime previsto


no art.2º da Lei10 acarretará ao funcionário público a perda do cargo,
função, emprego ou mandato eletivo e a interdição para o exercício de
função ou cargo público pelo prazo de 8 (oito) anos subsequentes ao
cumprimento da pena.

Art. 2o Promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmente ou por interposta pessoa,


10

organização criminosa:

34
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

 Importante: memorizar os meios de obtenção de prova constantes do


art.3º da Lei, que são admitidos tanto no inquérito policial quanto na fase
da ação penal.

 A colaboração premiada (ou delação premiada), basicamente, é um acordo


firmado entre o investigado/acusado e o delegado de polícia/Ministério
Público. Esse acordo, que produzirá efeitos somente caso homologado pelo
juiz, visa à obtenção de benefícios pelo colaborador, em troca de
informações que levem aos resultados descritos no art.4º da Lei.

 Ação controlada: a autoridade policial já tem conhecimento da existência


de uma ação criminosa em curso, mas retarda a sua intervenção, deixando
para agir em momento posterior, em que supõe ser possível obter
melhores resultados em termos de obtenção de provas. Depende de prévia
comunicação ao juiz.

 A infiltração de agentes, em resumo, consiste na introdução de agente


policial disfarçado no seio de uma organização criminosa. Esse agente terá
a missão de colher informações e produzir provas para subsidiar a
persecução penal. Deve ser precedida de circunstanciada, motivada e
sigilosa autorização judicial, que estabelecerá seus limites.

 Somente agentes policiais podem ser infiltrados em organizações


criminosas. Não há no texto da lei previsão para infiltração de Agentes de
inteligência, tais como os pertencentes aos quadros da ABIN – Agência
Brasileira de Inteligência.

 Não é punível a prática de crime pelo agente infiltrado, no decorrer da


investigação, quando inexigível conduta diversa.

35
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Colaboração premiada Ação Infiltração


controlada de agentes
Art.4º Art.8º Art.10

Concessão de Previamente comunicada Precedida de


benefícios ao agente ao juiz competente que, circunstanciada,
colaborador, pelo juiz, se for o caso, motivada e sigilosa
a requerimento das estabelecerá os seus autorização judicial,
partes. limites e comunicará ao que estabelecerá seus
Ministério Público. limites.

 O sigilo da investigação poderá ser decretado pela autoridade judicial


competente, para garantia da celeridade e da eficácia das diligências
investigatórias, assegurando-se ao defensor, no interesse do representado,
amplo acesso aos elementos de prova que digam respeito ao exercício do
direito de defesa, devidamente precedido de autorização judicial,
ressalvados os referentes às diligências em andamento (Art. 23).

c. Revisão 1 (questões)

1. VUNESP/2017 – Prefeitura de Andradina - Procurador

O Ministério Público poderá deixar de oferecer denúncia contra quem tenha


colaborado efetiva e voluntariamente para a investigação, permitindo a
identificação dos demais coautores e partícipes da organização criminosa e das
infrações penais por eles praticadas, desde que não seja o líder da organização
criminosa e seja o primeiro a colaborar.

36
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

2. MPE-SC/2016 – MPE/SC - Promotor de Justiça

Nos termos da Lei n. 12.850/13 (Organizações Criminosas), considera-se


organização criminosa a associação de três ou mais pessoas estruturalmente
ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com
objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza,
mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam iguais ou
superiores a quatro anos, ou que sejam de caráter transnacional.

3. CESPE/2016 – TJ/DFT – Juiz (adaptada)

O juiz poderá decretar o sigilo da investigação para a garantia da


celeridade e da eficácia das diligências investigatórias, desde que assegure ao
defensor amplo acesso aos elementos de prova e às diligências em andamento.

4. CESPE/2016 - TJ/AM - Juiz Substituto (adaptada)

I. Em caso de decretação do sigilo da investigação, é assegurado ao


defensor, no interesse do representado e mediante prévia
autorização judicial, amplo acesso aos elementos de prova
relacionados ao exercício do direito de defesa, ressalvados os
referentes às diligências em andamento.

II. Pode-se considerar organização criminosa o grupo de pessoas que


se estruturem para cometer infrações penais para as quais seja
prevista pena máxima de três anos.

III. O consentimento de perdão judicial por colaboração premiada que


possibilite um dos resultados previstos em lei depende do
requerimento do MP.

37
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

5. CESPE/2016 – PC/GO - Escrivão (adaptada)

No curso de inquérito policial, o delegado de polícia representou à


autoridade judicial para que lhe fosse autorizada a infiltração de agentes de
polícia em tarefas de investigação. Nessa situação, com base na Lei n.º
12.850/2013, que dispõe sobre crime organizado, a infiltração poderá ser
admitida, ainda que a prova possa ser produzida por outros meios disponíveis.

6. VUNESP/2016 - TJ/RJ - Juiz Substituto (adaptada)

A condenação com trânsito em julgado de funcionário público por integrar


organização criminosa acarretará sua perda do cargo, função, emprego ou
mandato eletivo e a interdição para o exercício de função ou cargo público pelo
prazo de 8 (oito) anos subsequentes ao trânsito em julgado da condenação.

7. VUNESP/2016 - TJ/RJ - Juiz Substituto (adaptada)

Os funcionários de empresas telefônicas e provedores de internet que


descumprirem requisição do delegado de polícia, expedida durante o curso de
investigação criminal e independentemente de autorização judicial, por meio da
qual são solicitados dados cadastrais do investigado relativos exclusivamente à
sua qualificação pessoal, filiação e endereço cometerão crime de recusa de
dados, previsto na Lei n° 12.850/13.

8. UFMT/2016 – TJ/MT - Analista Judiciário – Direito

Em relação ao conceito de organização criminosa, disposto na Lei n.º


12.850/2013, assinale a afirmativa correta:

38
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

a) Considera-se organização criminosa a associação de 2 (duas) ou mais


pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas,
ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente,
vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas
penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter
transnacional.

b) Considera-se organização criminosa a associação de 2 (duas) ou mais


pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas,
ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente,
vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas
penas máximas sejam superiores a 2 (dois) anos, ou que sejam de caráter
transnacional.

c) Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais


pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas,
ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente,
vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas
penas máximas sejam superiores a 2 (dois) anos, ou que sejam de caráter
transnacional.

d) Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais


pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas,
ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente,
vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas
penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter
transnacional.

39
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

9. FUNCAB/2016 – PC/CE - Delegado de Polícia Civil (adaptada)

O delegado de polícia terá acesso independentemente de autorização judicial,


apenas aos dados cadastrais do investigado que informem exclusivamente a
qualificação pessoal, a filiação e o endereço mantidos pela Justiça Eleitoral,
empresas telefônicas, instituições financeiras, provedores de internet e
administradoras de cartão de crédito.

10. FUNCAB/2016 – PC/CE - Escrivão de Polícia Civil (adaptada)

Acerca da Lei n° 12.850, de 2013, que versa sobre organização criminosa, é


correto afirmar que: se houver indícios suficientes de que o funcionário público
integra organização criminosa, poderá o juiz determinar seu afastamento
cautelar do cargo, emprego ou função, com prejuízo da remuneração, quando a
medida se fizer necessária à investigação ou instrução processual.

d. Revisão 2 (Questões)

11. VUNESP/2016 – IPSMI – Procurador (adaptada)

Nos termos da Lei no 12.850/13 (Lei de Organização Criminosa), a infiltração


policial, a ação controlada e a captação ambiental são meios de prova
permitidos apenas na fase investigativa.

12. VUNESP/2016 – IPSMI – Procurador (adaptada)

Nos termos da Lei no 12.850/13 (Lei de Organização Criminosa), havendo


indício de que o funcionário público integra organização criminosa, o Juiz poderá
determinar o afastamento cautelar do cargo, com suspensão da remuneração.

40
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

13. VUNESP/2015 – PC/CE - Delegado de Polícia Civil de 1a


Classe (adaptada)

Sobre a Lei de Organizações Criminosas, Lei no 12.850/2013, é correto afirmar


que pode ter por objeto a investigação de qualquer crime, desde que apenado
com reclusão.

14. VUNESP/2015 – PC/CE - Inspetor de Polícia Civil de 1a


Classe

Sobre a Lei n.º12.850/2013 (combate às organizações criminosas), está correto


afirmar que:

a) a interceptação telefônica e a infiltração de agentes somente serão


admitidas após iniciada a ação penal.

b) a infiltração de agentes de polícia em tarefas de investigação


dependerá de autorização do Delegado de Polícia, que estabelecerá seus
limites.

c) a participação de policial nos crimes de que trata essa lei será


investigada em inquérito policial instaurado pela Corregedoria de Polícia e
acompanhado por membro específico designado pelo Ministério Público até sua
conclusão.

d) para sua aplicação, dentre outros requisitos, exige-se a associação de


três pessoas para a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam
superiores a três anos quando não tiverem caráter transnacional.

41
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

e) a colaboração premiada, de acordo com o artigo 4º, prevê redução da


pena corporal ao agente ou substituição da pena corporal por restritiva de
direitos, não contemplando em nenhuma hipótese, o perdão judicial.

15. CESPE/2015 – DEPEN - Agente Penitenciário Federal

Determinada organização criminosa voltada à prática do tráfico de armas de


fogo e extorsão esperava um grande carregamento de armas para dia e local
previamente determinados. Durante a investigação policial dessa organização
criminosa, a autoridade policial, de acordo com informações obtidas por meio
de interceptações telefônicas autorizadas pelo juízo, identificou que o modus
operandi da organização tinha se aprimorado, pois ela havia passado a contar
com o apoio de um policial militar, cuja atribuição era negociar o preço das
armas; e um policial civil, ao qual cabia a tarefa de receber o dinheiro do
pagamento das armas. No local onde seria efetivada a operação, verificou-se a
atuação de José, de quatorze anos de idade, a quem cabia a tarefa de receber e
distribuir grande quantidade de cigarros estrangeiros contrabandeados,
fomentando assim o comércio ilegal, a fim de diversificar os ramos de atividade
do grupo criminoso. A autoridade policial decidiu, por sua conta e risco, retardar
a intervenção policial, não tendo abordado uma van, na qual os integrantes do
grupo transportavam as armas e os cigarros. Em seguida, os policiais seguiram
o veículo e, horas depois, identificaram o fornecedor das armas e prenderam
em flagrante os criminosos e os policiais envolvidos na organização criminosa.
Após a prisão, o policial militar participante da organização criminosa negociou
e decidiu colaborar com a autoridade policial, confessando, nos autos do
inquérito policial, sua participação no delito imputado e também delatando
outros coautores e partícipes, o que contribuiu para o esclarecimento de outros
crimes.

42
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Com referência a essa situação hipotética, julgue os seguintes itens com


base na Lei n.º 12.850/2013, que trata de organizações criminosas,
investigação criminal e outras matérias correlatas.

I. Na situação considerada, para a obtenção de provas, a autoridade


policial realizou uma ação controlada.

II. Com relação ao policial civil envolvido na organização criminosa, se


necessário à investigação ou à instrução processual, poderá o juiz
determinar seu afastamento cautelar do cargo, sem prejuízo de sua
remuneração.

16. CESPE/2015 – TRE/MT - Analista Judiciário (adaptada)

Segundo a Lei n.º 12.850/2013, não é permitido ao juiz conceder perdão


judicial ao réu colaborador que tenha identificado os demais coautores e
partícipes da organização criminosa e das infrações penais por ele praticadas.

17. FCC/2015 – DPE/SP – Defensor Público (adaptada)

A colaboração premiada, prevista na Lei n° 12.850/13 prevê que, para fazer jus
aos benefícios da lei, seja indispensável que o colaborador tenha revelado a
estrutura hierárquica e a divisão de tarefas da organização criminosa.

18. FCC/2015 – TJ/PE – Juiz de Direito (adaptada)

Em relação à Lei n o 12.850/2013 -Lei das Organizações Criminosas, é correto


afirmar que não prevê expressamente a interceptação de comunicações
telefônicas dentre os meios de obtenção de prova.

43
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Comentário: O art.3º, V prevê expressamente a interceptação de


comunicações telefônicas e telemáticas, nos termos da legislação específica.

Gabarito: Errado

19. FCC/2015 – TJ/SC – Juiz de Direito (adaptada)

A Lei no 12.850/13 define organização criminosa e dispõe sobre a respectiva


investigação criminal e os meios de obtenção de prova. Em situação definida
pela lei como colaboração premiada, dentre todas as medidas previstas na lei,
quanto ao líder da organização NÃO caberá a exclusão do rol dos denunciados.

e. Revisão 3 (Questões)

20. MPDFT/2015 – MPDFT – Promotor de Justiça (adaptada)

Havendo indícios de participação de policial em organização criminosa, a


Corregedoria de Polícia instaurará inquérito policial e comunicará ao Ministério
Público, que designará membro para acompanhar o feito até sua conclusão.

21. FUNIVERSA/2015 – PC/DF - Delegado de Polícia

Assinale a alternativa correta acerca da Lei n.º 12.850/2013 (crime


organizado):

a) O agente infiltrado não tem direito de usufruir das medidas de proteção


a testemunhas.

b) É punível, no âmbito da infiltração, a prática de crime pelo agente


infiltrado no curso da investigação, quando inexigível conduta diversa.

44
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

c) A infiltração de agentes de polícia em tarefas de investigação pode


decorrer de representação do delegado de polícia ou de requerimento do
Ministério Público e será obrigatoriamente precedida de autorização judicial.

d) O agente infiltrado que se vê obrigado a praticar crime, sob pena de


expor sua verdadeira identidade aos membros da organização criminosa,
encontra-se amparado por estado de necessidade ou excludente de
culpabilidade, a depender das circunstâncias, conforme expresso na Lei n.º
12.850/2013.

e) Considera-se organização criminosa a associação de três ou mais


pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas.

22. CESPE/2015 – TJ/DFT - Juiz de Direito Substituto (adaptada)

Julgue os itens a seguir:

I. A colaboração premiada é admitida na fase policial, quando pode ser


concedida pela autoridade policial, e na fase processual, quando é
concedida pela autoridade judicial.

II. Havendo indícios de crime praticado por organização criminosa, a


autoridade policial poderá autorizar, de ofício, a infiltração de seus
agentes de polícia em tarefa de investigação.

23. FGV/2015 – TJ/BA – Analista Judiciário (adaptada)

De acordo com a Lei nº 12.850/13, a infiltração de agentess erá deferida


pelo prazo de sessenta dias, sem prejuízo de eventuais renovações, desde que
comprovada a sua necessidade;

45
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

24. CESPE/2014 - Câmara dos Deputados - Analista Legislativo

A nova definição de organização criminosa abarca apenas os crimes com pena


máxima superior a quatro anos.

25. VUNESP/2014 – PC/SP – Investigador de Polícia (adaptada)

A Lei do Crime Organizado (Lei n.º 12.850/13) dispõe que a infiltração de


agentes de polícia em tarefas de investigação poderá ser autorizada por
decisão do Delegado de Polícia competente quando houver urgência na
investigação policial.

26. VUNESP/2014 – PC/SP – Investigador de Polícia (adaptada)

A Lei do Crime Organizado (Lei n.º 12.850/13) dispõe que a infiltração de


agentes de polícia em tarefas de investigação poderá ser determinada de
ofício por parte do juiz competente para apreciar o caso.

27. MPE-GO/2014 – MPE/GO – Promotor de Justiça (adaptada)

Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais


pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas,
ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente,
vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas
penas máximas sejam iguais ou superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam
de caráter transnacional.

28. ACAFE/2014 – PC/SC – Delegado de Polícia (adaptada)

Consoante a Lei 12.850/13, considera-se organização criminosa, a associação


de 3 (três) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela
divisão de tarefas, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem

46
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas


máximas sejam superiores a 5 (cinco) anos, ou que sejam de caráter
transnacional.

29. MPE-GO/2013 – MPE/GO – Promotor de Justiça (adaptada)

Segundo o texto da Lei n° 12.850/2013, a infiltração de agentes de policia ou


de inteligência em tarefas de investigação, representada pelo delegado de
policia ou requerida pelo Ministério Público, após manifestação técnica do
delegado de policia quando solicitada no curso de inquérito policial, será
precedida de circunstanciada, motivada e sigilosa autorização judicial, que
estabelecerá seus limites.

30. MPE-GO/2013 – MPE/GO – Promotor de Justiça (adaptada)

Segundo o texto da Lei n° 12.850/2013, não é punivel, no âmbito da


infiltração, a prática de crime pelo agente infiltrado no curso da investigação,
quando amparada sua conduta na causa de exclusão da ilicitude denominada
"estrito cumprimento do dever legal".

f. Normas comentadas

LEI Nº 12.850

CAPÍTULO I

DA ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA

Art. 1o Esta Lei define organização criminosa e dispõe sobre a


investigação criminal, os meios de obtenção da prova, infrações penais
correlatas e o procedimento criminal a ser aplicado.

§ 1o Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou


mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas,

47
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente,


vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas
penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter
transnacional.

§ 2o Esta Lei se aplica também:

I - às infrações penais previstas em tratado ou convenção internacional


quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido
no estrangeiro, ou reciprocamente;

II - às organizações terroristas, entendidas como aquelas voltadas para a


prática dos atos de terrorismo legalmente definidos. (Redação dada pela lei nº
13.260, de 2016)

Art. 2o Promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmente ou por


interposta pessoa, organização criminosa:

Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa, sem prejuízo das


penas correspondentes às demais infrações penais praticadas.

§ 1o Nas mesmas penas incorre quem impede ou, de qualquer forma,


embaraça a investigação de infração penal que envolva organização criminosa.

§ 2o As penas aumentam-se até a metade se na atuação da organização


criminosa houver emprego de arma de fogo.

§ 3o A pena é agravada para quem exerce o comando, individual ou


coletivo, da organização criminosa, ainda que não pratique pessoalmente atos
de execução.

§ 4o A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a 2/3 (dois terços):

I - se há participação de criança ou adolescente;

II - se há concurso de funcionário público, valendo-se a organização


criminosa dessa condição para a prática de infração penal;

III - se o produto ou proveito da infração penal destinar-se, no todo ou


em parte, ao exterior;

48
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

IV - se a organização criminosa mantém conexão com outras


organizações criminosas independentes;

V - se as circunstâncias do fato evidenciarem a transnacionalidade da


organização.

§ 5o Se houver indícios suficientes de que o funcionário público integra


organização criminosa, poderá o juiz determinar seu afastamento cautelar do
cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração, quando a medida se
fizer necessária à investigação ou instrução processual.

§ 6o A condenação com trânsito em julgado acarretará ao funcionário


público a perda do cargo, função, emprego ou mandato eletivo e a interdição
para o exercício de função ou cargo público pelo prazo de 8 (oito) anos
subsequentes ao cumprimento da pena.

§ 7o Se houver indícios de participação de policial nos crimes de que


trata esta Lei, a Corregedoria de Polícia instaurará inquérito policial e
comunicará ao Ministério Público, que designará membro para acompanhar o
feito até a sua conclusão.

CAPÍTULO II

DA INVESTIGAÇÃO E DOS MEIOS DE OBTENÇÃO DA PROVA

Art. 3o Em qualquer fase da persecução penal, serão permitidos, sem


prejuízo de outros já previstos em lei, os seguintes meios de obtenção da
prova:

I - colaboração premiada;

II - captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos;

III - ação controlada;

IV - acesso a registros de ligações telefônicas e telemáticas, a dados


cadastrais constantes de bancos de dados públicos ou privados e a informações
eleitorais ou comerciais;

49
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

V - interceptação de comunicações telefônicas e telemáticas, nos termos


da legislação específica;

VI - afastamento dos sigilos financeiro, bancário e fiscal, nos termos da


legislação específica;

VII - infiltração, por policiais, em atividade de investigação, na forma do


art. 11;

VIII - cooperação entre instituições e órgãos federais, distritais, estaduais


e municipais na busca de provas e informações de interesse da investigação ou
da instrução criminal.

§ 1o Havendo necessidade justificada de manter sigilo sobre a


capacidade investigatória, poderá ser dispensada licitação para contratação de
serviços técnicos especializados, aquisição ou locação de equipamentos
destinados à polícia judiciária para o rastreamento e obtenção de provas
previstas nos incisos II e V. (Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015)

§ 2o No caso do § 1o, fica dispensada a publicação de que trata o


parágrafo único do art. 61 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, devendo
ser comunicado o órgão de controle interno da realização da contratação.
(Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015)

Seção I

Da Colaboração Premiada

Art. 4o O juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o perdão


judicial, reduzir em até 2/3 (dois terços) a pena privativa de liberdade ou
substituí-la por restritiva de direitos daquele que tenha colaborado efetiva e
voluntariamente com a investigação e com o processo criminal, desde que
dessa colaboração advenha um ou mais dos seguintes resultados:

I - a identificação dos demais coautores e partícipes da organização


criminosa e das infrações penais por eles praticadas;

II - a revelação da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas da


organização criminosa;

50
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

III - a prevenção de infrações penais decorrentes das atividades da


organização criminosa;

IV - a recuperação total ou parcial do produto ou do proveito das


infrações penais praticadas pela organização criminosa;

V - a localização de eventual vítima com a sua integridade física


preservada.

§ 1o Em qualquer caso, a concessão do benefício levará em conta a


personalidade do colaborador, a natureza, as circunstâncias, a gravidade e a
repercussão social do fato criminoso e a eficácia da colaboração.

§ 2o Considerando a relevância da colaboração prestada, o Ministério


Público, a qualquer tempo, e o delegado de polícia, nos autos do inquérito
policial, com a manifestação do Ministério Público, poderão requerer ou
representar ao juiz pela concessão de perdão judicial ao colaborador, ainda que
esse benefício não tenha sido previsto na proposta inicial, aplicando-se, no que
couber, o art. 28 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de
Processo Penal).

§ 3o O prazo para oferecimento de denúncia ou o processo, relativos ao


colaborador, poderá ser suspenso por até 6 (seis) meses, prorrogáveis por igual
período, até que sejam cumpridas as medidas de colaboração, suspendendo-se
o respectivo prazo prescricional.

§ 4o Nas mesmas hipóteses do caput, o Ministério Público poderá deixar


de oferecer denúncia se o colaborador:

I - não for o líder da organização criminosa;

II - for o primeiro a prestar efetiva colaboração nos termos deste artigo.

§ 5o Se a colaboração for posterior à sentença, a pena poderá ser


reduzida até a metade ou será admitida a progressão de regime ainda que
ausentes os requisitos objetivos.

§ 6o O juiz não participará das negociações realizadas entre as partes


para a formalização do acordo de colaboração, que ocorrerá entre o delegado
de polícia, o investigado e o defensor, com a manifestação do Ministério Público,

51
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

ou, conforme o caso, entre o Ministério Público e o investigado ou acusado e


seu defensor.

§ 7o Realizado o acordo na forma do § 6o, o respectivo termo,


acompanhado das declarações do colaborador e de cópia da investigação, será
remetido ao juiz para homologação, o qual deverá verificar sua regularidade,
legalidade e voluntariedade, podendo para este fim, sigilosamente, ouvir o
colaborador, na presença de seu defensor.

§ 8o O juiz poderá recusar homologação à proposta que não atender aos


requisitos legais, ou adequá-la ao caso concreto.

§ 9o Depois de homologado o acordo, o colaborador poderá, sempre


acompanhado pelo seu defensor, ser ouvido pelo membro do Ministério Público
ou pelo delegado de polícia responsável pelas investigações.

§ 10. As partes podem retratar-se da proposta, caso em que as provas


autoincriminatórias produzidas pelo colaborador não poderão ser utilizadas
exclusivamente em seu desfavor.

§ 11. A sentença apreciará os termos do acordo homologado e sua


eficácia.

§ 12. Ainda que beneficiado por perdão judicial ou não denunciado, o


colaborador poderá ser ouvido em juízo a requerimento das partes ou por
iniciativa da autoridade judicial.

§ 13. Sempre que possível, o registro dos atos de colaboração será feito
pelos meios ou recursos de gravação magnética, estenotipia, digital ou técnica
similar, inclusive audiovisual, destinados a obter maior fidelidade das
informações.

§ 14. Nos depoimentos que prestar, o colaborador renunciará, na


presença de seu defensor, ao direito ao silêncio e estará sujeito ao
compromisso legal de dizer a verdade.

§ 15. Em todos os atos de negociação, confirmação e execução da


colaboração, o colaborador deverá estar assistido por defensor.

52
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

§ 16. Nenhuma sentença condenatória será proferida com fundamento


apenas nas declarações de agente colaborador.

Art. 5o São direitos do colaborador:

I - usufruir das medidas de proteção previstas na legislação específica;

II - ter nome, qualificação, imagem e demais informações pessoais


preservados;

III - ser conduzido, em juízo, separadamente dos demais coautores e


partícipes;

IV - participar das audiências sem contato visual com os outros acusados;

V - não ter sua identidade revelada pelos meios de comunicação, nem ser
fotografado ou filmado, sem sua prévia autorização por escrito;

VI - cumprir pena em estabelecimento penal diverso dos demais corréus


ou condenados.

Art. 6o O termo de acordo da colaboração premiada deverá ser feito por


escrito e conter:

I - o relato da colaboração e seus possíveis resultados;

II - as condições da proposta do Ministério Público ou do delegado de


polícia;

III - a declaração de aceitação do colaborador e de seu defensor;

IV - as assinaturas do representante do Ministério Público ou do delegado


de polícia, do colaborador e de seu defensor;

V - a especificação das medidas de proteção ao colaborador e à sua


família, quando necessário.

Art. 7o O pedido de homologação do acordo será sigilosamente


distribuído, contendo apenas informações que não possam identificar o
colaborador e o seu objeto.

53
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

§ 1o As informações pormenorizadas da colaboração serão dirigidas


diretamente ao juiz a que recair a distribuição, que decidirá no prazo de 48
(quarenta e oito) horas.

§ 2o O acesso aos autos será restrito ao juiz, ao Ministério Público e ao


delegado de polícia, como forma de garantir o êxito das investigações,
assegurando-se ao defensor, no interesse do representado, amplo acesso aos
elementos de prova que digam respeito ao exercício do direito de defesa,
devidamente precedido de autorização judicial, ressalvados os referentes às
diligências em andamento.

§ 3o O acordo de colaboração premiada deixa de ser sigiloso assim que


recebida a denúncia, observado o disposto no art. 5o.

Seção II

Da Ação Controlada

Art. 8o Consiste a ação controlada em retardar a intervenção policial ou


administrativa relativa à ação praticada por organização criminosa ou a ela
vinculada, desde que mantida sob observação e acompanhamento para que a
medida legal se concretize no momento mais eficaz à formação de provas e
obtenção de informações.

§ 1o O retardamento da intervenção policial ou administrativa será


previamente comunicado ao juiz competente que, se for o caso, estabelecerá os
seus limites e comunicará ao Ministério Público.

§ 2o A comunicação será sigilosamente distribuída de forma a não conter


informações que possam indicar a operação a ser efetuada.

§ 3o Até o encerramento da diligência, o acesso aos autos será restrito


ao juiz, ao Ministério Público e ao delegado de polícia, como forma de garantir o
êxito das investigações.

§ 4o Ao término da diligência, elaborar-se-á auto circunstanciado acerca


da ação controlada.

54
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Art. 9o Se a ação controlada envolver transposição de fronteiras, o


retardamento da intervenção policial ou administrativa somente poderá ocorrer
com a cooperação das autoridades dos países que figurem como provável
itinerário ou destino do investigado, de modo a reduzir os riscos de fuga e
extravio do produto, objeto, instrumento ou proveito do crime.

Seção III

Da Infiltração de Agentes

Art. 10. A infiltração de agentes de polícia em tarefas de investigação,


representada pelo delegado de polícia ou requerida pelo Ministério Público, após
manifestação técnica do delegado de polícia quando solicitada no curso de
inquérito policial, será precedida de circunstanciada, motivada e sigilosa
autorização judicial, que estabelecerá seus limites.

§ 1o Na hipótese de representação do delegado de polícia, o juiz


competente, antes de decidir, ouvirá o Ministério Público.

§ 2o Será admitida a infiltração se houver indícios de infração penal de


que trata o art. 1o e se a prova não puder ser produzida por outros meios
disponíveis.

§ 3o A infiltração será autorizada pelo prazo de até 6 (seis) meses, sem


prejuízo de eventuais renovações, desde que comprovada sua necessidade.

§ 4o Findo o prazo previsto no § 3o, o relatório circunstanciado será


apresentado ao juiz competente, que imediatamente cientificará o Ministério
Público.

§ 5o No curso do inquérito policial, o delegado de polícia poderá


determinar aos seus agentes, e o Ministério Público poderá requisitar, a
qualquer tempo, relatório da atividade de infiltração.

Art. 11. O requerimento do Ministério Público ou a representação do


delegado de polícia para a infiltração de agentes conterão a demonstração da
necessidade da medida, o alcance das tarefas dos agentes e, quando possível,
os nomes ou apelidos das pessoas investigadas e o local da infiltração.

55
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Art. 12. O pedido de infiltração será sigilosamente distribuído, de forma a


não conter informações que possam indicar a operação a ser efetivada ou
identificar o agente que será infiltrado.

§ 1o As informações quanto à necessidade da operação de infiltração


serão dirigidas diretamente ao juiz competente, que decidirá no prazo de 24
(vinte e quatro) horas, após manifestação do Ministério Público na hipótese de
representação do delegado de polícia, devendo-se adotar as medidas
necessárias para o êxito das investigações e a segurança do agente infiltrado.

§ 2o Os autos contendo as informações da operação de infiltração


acompanharão a denúncia do Ministério Público, quando serão disponibilizados
à defesa, assegurando-se a preservação da identidade do agente.

§ 3o Havendo indícios seguros de que o agente infiltrado sofre risco


iminente, a operação será sustada mediante requisição do Ministério Público ou
pelo delegado de polícia, dando-se imediata ciência ao Ministério Público e à
autoridade judicial.

Art. 13. O agente que não guardar, em sua atuação, a devida


proporcionalidade com a finalidade da investigação, responderá pelos excessos
praticados.

Parágrafo único. Não é punível, no âmbito da infiltração, a prática de


crime pelo agente infiltrado no curso da investigação, quando inexigível conduta
diversa.

Art. 14. São direitos do agente:

I - recusar ou fazer cessar a atuação infiltrada;

II - ter sua identidade alterada, aplicando-se, no que couber, o disposto


no art. 9o da Lei no 9.807, de 13 de julho de 1999, bem como usufruir das
medidas de proteção a testemunhas;

III - ter seu nome, sua qualificação, sua imagem, sua voz e demais
informações pessoais preservadas durante a investigação e o processo criminal,
salvo se houver decisão judicial em contrário;

56
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

IV - não ter sua identidade revelada, nem ser fotografado ou filmado


pelos meios de comunicação, sem sua prévia autorização por escrito.

Seção IV

Do Acesso a Registros, Dados Cadastrais, Documentos e


Informações

Art. 15. O delegado de polícia e o Ministério Público terão acesso,


independentemente de autorização judicial, apenas aos dados cadastrais do
investigado que informem exclusivamente a qualificação pessoal, a filiação e o
endereço mantidos pela Justiça Eleitoral, empresas telefônicas, instituições
financeiras, provedores de internet e administradoras de cartão de crédito.

Art. 16. As empresas de transporte possibilitarão, pelo prazo de 5 (cinco)


anos, acesso direto e permanente do juiz, do Ministério Público ou do delegado
de polícia aos bancos de dados de reservas e registro de viagens.

Art. 17. As concessionárias de telefonia fixa ou móvel manterão, pelo


prazo de 5 (cinco) anos, à disposição das autoridades mencionadas no art. 15,
registros de identificação dos números dos terminais de origem e de destino das
ligações telefônicas internacionais, interurbanas e locais.

Seção V

Dos Crimes Ocorridos na Investigação e na Obtenção da Prova

Art. 18. Revelar a identidade, fotografar ou filmar o colaborador, sem sua


prévia autorização por escrito:

Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.

Art. 19. Imputar falsamente, sob pretexto de colaboração com a Justiça,


a prática de infração penal a pessoa que sabe ser inocente, ou revelar
informações sobre a estrutura de organização criminosa que sabe inverídicas:

Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Art. 20. Descumprir determinação de sigilo das investigações que


envolvam a ação controlada e a infiltração de agentes:

57
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Art. 21. Recusar ou omitir dados cadastrais, registros, documentos e


informações requisitadas pelo juiz, Ministério Público ou delegado de polícia, no
curso de investigação ou do processo:

Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem, de forma indevida, se


apossa, propala, divulga ou faz uso dos dados cadastrais de que trata esta Lei.

CAPÍTULO III

DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 22. Os crimes previstos nesta Lei e as infrações penais conexas


serão apurados mediante procedimento ordinário previsto no Decreto-Lei nº
3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal), observado o
disposto no parágrafo único deste artigo.

Parágrafo único. A instrução criminal deverá ser encerrada em prazo


razoável, o qual não poderá exceder a 120 (cento e vinte) dias quando o réu
estiver preso, prorrogáveis em até igual período, por decisão fundamentada,
devidamente motivada pela complexidade da causa ou por fato procrastinatório
atribuível ao réu.

Art. 23. O sigilo da investigação poderá ser decretado pela autoridade


judicial competente, para garantia da celeridade e da eficácia das diligências
investigatórias, assegurando-se ao defensor, no interesse do representado,
amplo acesso aos elementos de prova que digam respeito ao exercício do
direito de defesa, devidamente precedido de autorização judicial, ressalvados os
referentes às diligências em andamento.

Parágrafo único. Determinado o depoimento do investigado, seu defensor


terá assegurada a prévia vista dos autos, ainda que classificados como
sigilosos, no prazo mínimo de 3 (três) dias que antecedem ao ato, podendo ser
ampliado, a critério da autoridade responsável pela investigação.

58
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Art. 24. O art. 288 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940


(Código Penal), passa a vigorar com a seguinte redação:

“Associação Criminosa

Art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico


de cometer crimes:

Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.

Parágrafo único. A pena aumenta-se até a metade se a associação é


armada ou se houver a participação de criança ou adolescente.” (NR)

Art. 25. O art. 342 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940


(Código Penal), passa a vigorar com a seguinte redação:

“Art. 342. ...... Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.

Art. 26. Revoga-se a Lei no 9.034, de 3 de maio de 1995.

59
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

g. Gabarito

1 2 3 4 5
I. Certo
Certo Errado Errado Errado
II e II. Errados
6 7 8 9 10
Errado Certo D Certo Errado
11 12 13 14 15
I. Errado
Errado Errado Errado C
II. Certo
16 17 18 19 20
Errado Errado Errado Certo Certo
21 22 23 24 25
I e II.
C Errado Errado Errado
Errados
26 27 28 29 30
Errado Errado Errado Errado Errado

h. Breves comentários às questões:

1. VUNESP/2017 – Prefeitura de Andradina - Procurador

O Ministério Público poderá deixar de oferecer denúncia contra quem tenha


colaborado efetiva e voluntariamente para a investigação, permitindo a
identificação dos demais coautores e partícipes da organização criminosa e das
infrações penais por eles praticadas, desde que não seja o líder da organização
criminosa e seja o primeiro a colaborar.

Comentário: Em nome do interesse público na obtenção da colaboração


dos agentes o mais cedo possível, a Lei permite que o Ministério Público

60
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

“recompense” o primeiro a tomar essa iniciativa, deixando de oferecer


denúncia em seu desfavor. Essa autorização da lei, contudo, não se aplica ao
LÍDER da organização. Veja:

Art.4º §4º Nas mesmas hipóteses do caput, o Ministério Público poderá


deixar de oferecer denúncia se o colaborador:
I - não for o líder da organização criminosa;
II - for o primeiro a prestar efetiva colaboração nos termos deste artigo.

Gabarito: Certo.

2. MPE-SC/2016 – MPE/SC - Promotor de Justiça

Nos termos da Lei n. 12.850/13 (Organizações Criminosas), considera-se


organização criminosa a associação de três ou mais pessoas estruturalmente
ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com
objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza,
mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam iguais ou
superiores a quatro anos, ou que sejam de caráter transnacional.

Comentário: Essa questão trata da definição básica da aula de hoje.


Conforme disposto no art.1º, § 1º, considera-se organização criminosa a
associação de 4 (quatro) ou mais pessoas. Em relação às demais
características, o enunciado está correto.

Gabarito: Errado.

3. CESPE/2016 – TJ/DFT – Juiz (adaptada)


O juiz poderá decretar o sigilo da investigação para a garantia da
celeridade e da eficácia das diligências investigatórias, desde que assegure ao
defensor amplo acesso aos elementos de prova e às diligências em andamento.

61
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Comentário: Conforme o art.23 da Lei n.º 12.850/2013, o acesso aos


autos da investigação, pelo representado, mediante a devida autorização
judicial, não é irrestrito. Pelo contrário, o representado não terá acesso às
diligências que ainda estiverem em andamento, para que estas não sejam
comprometidas. A esse respeito, lembre o que dispõe a Súmula Vinculante n.º
14/STF.
Súmula vinculante n.º 14/STF:
“É direito do defensor, no interesse do representado, ter
acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados
em procedimento investigatório realizado por órgão com
competência de polícia judiciária, digam respeito ao
exercício do direito de defesa”.

Gabarito: ”Errado”.

4. CESPE/2016 - TJ/AM - Juiz Substituto (adaptada)

I. Em caso de decretação do sigilo da investigação, é assegurado ao


defensor, no interesse do representado e mediante prévia
autorização judicial, amplo acesso aos elementos de prova
relacionados ao exercício do direito de defesa, ressalvados os
referentes às diligências em andamento.

II. Pode-se considerar organização criminosa o grupo de pessoas que


se estruturem para cometer infrações penais para as quais seja
prevista pena máxima de três anos.

III. O consentimento de perdão judicial por colaboração premiada que


possibilite um dos resultados previstos em lei depende do
requerimento do MP.

Comentário:

62
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

I. Art.23 da Lei n.º 12.850/2013, já comentado acima.

II. De acordo com o §1º do Art.1º da Lei n.º 12.850/2013, considera-


se organização criminosa a associação de 4(quatro) ou mais
pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de
tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou
indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática
de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4
(quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional.

III. Art.4, § 2o da Lei n.º 12.850/2013. O delegado de polícia também


poderá, nos autos do inquérito policial, com a manifestação do
Ministério Público, representar ao juiz pela concessão de perdão
judicial ao colaborador.

Gabarito: ”I. Certo, II. Errado, III. Errado”.

5. CESPE/2016 – PC/GO - Escrivão (adaptada)

No curso de inquérito policial, o delegado de polícia representou à


autoridade judicial para que lhe fosse autorizada a infiltração de agentes de
polícia em tarefas de investigação. Nessa situação, com base na Lei n.º
12.850/2013, que dispõe sobre crime organizado, a infiltração poderá ser
admitida, ainda que a prova possa ser produzida por outros meios disponíveis.

Comentário: A infiltração policial, em razão do evidente risco pessoal


para o agente, é medida a ser adotada somente “se a prova não puder ser
produzida por outros meios disponíveis” (art.10 § 2º).

Gabarito: Errado.

63
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

6. VUNESP/2016 - TJ/RJ - Juiz Substituto (adaptada)

A condenação com trânsito em julgado de funcionário público por integrar


organização criminosa acarretará sua perda do cargo, função, emprego ou
mandato eletivo e a interdição para o exercício de função ou cargo público pelo
prazo de 8 (oito) anos subsequentes ao trânsito em julgado da condenação.

Comentário: Art.2º §6º da Lei. Lembre-se do nosso resumo:

Trânsito em julgado de
sentença condenatória
ANTES DEPOIS

Afastamento cautelar do Perda do cargo, função, emprego


cargo, emprego ou função, ou mandato eletivo e a interdição
sem prejuízo da para o exercício de função ou cargo
remuneração. público pelo prazo de 8 (oito) anos,
subsequentes ao cumprimento
(POSSIBILIDADE) da pena.

Gabarito: Errado.

7. VUNESP/2016 - TJ/RJ - Juiz Substituto (adaptada)

Os funcionários de empresas telefônicas e provedores de internet que


descumprirem requisição do delegado de polícia, expedida durante o curso de
investigação criminal e independentemente de autorização judicial, por meio da
qual são solicitados dados cadastrais do investigado relativos exclusivamente à
sua qualificação pessoal, filiação e endereço cometerão crime de recusa de
dados, previsto na Lei n° 12.850/13.

64
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Comentário: A recusa ou omissão injustificadas na prestação de tais


informações configura o crime previsto no art.21.

Gabarito: Certo

8. UFMT/2016 – TJ/MT - Analista Judiciário – Direito

Em relação ao conceito de organização criminosa, disposto na Lei n.º


12.850/2013, assinale a afirmativa correta:

a) Considera-se organização criminosa a associação de 2 (duas) ou mais


pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas,
ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente,
vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas
penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter
transnacional.

b) Considera-se organização criminosa a associação de 2 (duas) ou mais


pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas,
ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente,
vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas
penas máximas sejam superiores a 2 (dois) anos, ou que sejam de caráter
transnacional.

c) Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais


pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas,
ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente,
vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas
penas máximas sejam superiores a 2 (dois) anos, ou que sejam de caráter
transnacional.

65
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

d) Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais


pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas,
ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente,
vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas
penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter
transnacional.

Comentário: Essa questão é para separar os candidatos que “ouviram”


falar no conceito de organização criminosa daqueles que, efetivamente,
estudaram o assunto. Lembre-se da nossa dica: 4 pessoas  4 anos. Art.1º,
§1º, da Lei n.º 12.850/2013:

Art.1º §1º Considera-se organização criminosa a associação de


4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e
caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente,
com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de
qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais
cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou
que sejam de caráter transnacional.

Gabarito: ”D”.

9. FUNCAB/2016 – PC/CE - Delegado de Polícia Civil (adaptada)

O delegado de polícia terá acesso independentemente de autorização judicial,


apenas aos dados cadastrais do investigado que informem exclusivamente a
qualificação pessoal, a filiação e o endereço mantidos pela Justiça Eleitoral,
empresas telefônicas, instituições financeiras, provedores de internet e
administradoras de cartão de crédito.

Comentário: Art.15 da Lei n.º 12.850/13.

66
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Gabarito: Certo

10. FUNCAB/2016 – PC/CE - Escrivão de Polícia Civil (adaptada)

Acerca da Lei n° 12.850, de 2013, que versa sobre organização criminosa, é


correto afirmar que: se houver indícios suficientes de que o funcionário público
integra organização criminosa, poderá o juiz determinar seu afastamento
cautelar do cargo, emprego ou função, com prejuízo da remuneração, quando a
medida se fizer necessária à investigação ou instrução processual.

Comentário: Aplicação direta do §5º do Art.2º da Lei n.º 12.850/2013


(“sem prejuízo da remuneração”)

Gabarito: Errado

11. VUNESP/2016 – IPSMI – Procurador (adaptada)

Nos termos da Lei no 12.850/13 (Lei de Organização Criminosa), a infiltração


policial, a ação controlada e a captação ambiental são meios de prova
permitidos apenas na fase investigativa.

Comentário: Os meios de prova referidos no enunciado são cabíveis em


qualquer fase da persecução penal e não apenas durante a investigação. Veja:

Art. 3o Em qualquer fase da persecução penal, serão permitidos, sem prejuízo de


outros já previstos em lei, os seguintes meios de obtenção da prova:

I - colaboração premiada;

II - captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos;

III - ação controlada;

IV - acesso a registros de ligações telefônicas e telemáticas, a dados cadastrais


constantes de bancos de dados públicos ou privados e a informações eleitorais
ou comerciais;

67
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

V - interceptação de comunicações telefônicas e telemáticas, nos termos da


legislação específica;

VI - afastamento dos sigilos financeiro, bancário e fiscal, nos termos da legislação


específica;

VII - infiltração, por policiais, em atividade de investigação, na forma do art. 11;

VIII - cooperação entre instituições e órgãos federais, distritais, estaduais e


municipais na busca de provas e informações de interesse da investigação ou da
instrução criminal.

Gabarito: Errado.

12. VUNESP/2016 – IPSMI – Procurador (adaptada)

Nos termos da Lei no 12.850/13 (Lei de Organização Criminosa), havendo


indício de que o funcionário público integra organização criminosa, o Juiz poderá
determinar o afastamento cautelar do cargo, com suspensão da remuneração.

Comentário: Se houver indícios suficientes de que funcionário público


integra organização criminosa, poderá o juiz determinar seu afastamento
cautelar do cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração, quando a
medida se fizer necessária à investigação ou instrução processual (Art.2º §5º).

Gabarito: Errado.

13. VUNESP/2015 – PC/CE - Delegado de Polícia Civil de 1a


Classe (adaptada)

Sobre a Lei de Organizações Criminosas, Lei no 12.850/2013, é correto afirmar


que pode ter por objeto a investigação de qualquer crime, desde que apenado
com reclusão.

Comentário: A Lei em referência dispõe sobre a investigação de crimes cujas


penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter

68
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

transnacional. (art.1º §1º ). Não há que se falar, portanto, em “qualquer crime,


desde que apenado com reclusão”.

Gabarito: Errado.

14. VUNESP/2015 – PC/CE - Inspetor de Polícia Civil de 1a


Classe

Sobre a Lei n.º12.850/2013 (combate às organizações criminosas), está correto


afirmar que:

a) a interceptação telefônica e a infiltração de agentes somente serão


admitidas após iniciada a ação penal.

b) a infiltração de agentes de polícia em tarefas de investigação


dependerá de autorização do Delegado de Polícia, que estabelecerá seus
limites.

c) a participação de policial nos crimes de que trata essa lei será


investigada em inquérito policial instaurado pela Corregedoria de Polícia e
acompanhado por membro específico designado pelo Ministério Público até sua
conclusão.

d) para sua aplicação, dentre outros requisitos, exige-se a associação de


três pessoas para a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam
superiores a três anos quando não tiverem caráter transnacional.

e) a colaboração premiada, de acordo com o artigo 4º, prevê redução da


pena corporal ao agente ou substituição da pena corporal por restritiva de
direitos, não contemplando em nenhuma hipótese, o perdão judicial.

69
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Comentário:

a) O art.3º da Lei elenca os meios que podem ser utilizados para


obtenção de provas, em qualquer fase da persecução penal. Leia-se: tanto na
fase do inquérito policial como na fase processual. Entre esses, encontram-se a
interceptação telefônica e a infiltração de agentes, que podem ser aplicadas
antes de iniciada a ação penal.

b) Art. 10 da Lei. A infiltração de agentes de polícia em tarefas de


investigação será precedida de circunstanciada, motivada e sigilosa autorização
judicial, que estabelecerá seus limites. Não há que se falar, portanto, em
autorização do delegado de polícia.

c) Aplicação direta do §7º do Art.2º da Lei: “Se houver indícios de


participação de policial nos crimes de que trata esta Lei, a Corregedoria de
Polícia instaurará inquérito policial e comunicará ao Ministério Público, que
designará membro para acompanhar o feito até a sua conclusão”.

d) Nessa alternativa, a banca examinadora tentou confundir o candidato


misturando o conceito de organização criminosa. Art.1º, §1º da Lei. Lembre-se
da nossa dica: 4 pessoas  4 anos.

e) Conforme previsto no art.4º da Lei, o juiz poderá, sob determinadas


condições, conceder o perdão judicial ao colaborador.

Gabarito: ”C”.

15. CESPE/2015 – DEPEN - Agente Penitenciário Federal

Determinada organização criminosa voltada à prática do tráfico de armas de


fogo e extorsão esperava um grande carregamento de armas para dia e local
previamente determinados. Durante a investigação policial dessa organização

70
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

criminosa, a autoridade policial, de acordo com informações obtidas por meio


de interceptações telefônicas autorizadas pelo juízo, identificou que o modus
operandi da organização tinha se aprimorado, pois ela havia passado a contar
com o apoio de um policial militar, cuja atribuição era negociar o preço das
armas; e um policial civil, ao qual cabia a tarefa de receber o dinheiro do
pagamento das armas. No local onde seria efetivada a operação, verificou-se a
atuação de José, de quatorze anos de idade, a quem cabia a tarefa de receber e
distribuir grande quantidade de cigarros estrangeiros contrabandeados,
fomentando assim o comércio ilegal, a fim de diversificar os ramos de atividade
do grupo criminoso. A autoridade policial decidiu, por sua conta e risco, retardar
a intervenção policial, não tendo abordado uma van, na qual os integrantes do
grupo transportavam as armas e os cigarros. Em seguida, os policiais seguiram
o veículo e, horas depois, identificaram o fornecedor das armas e prenderam
em flagrante os criminosos e os policiais envolvidos na organização criminosa.
Após a prisão, o policial militar participante da organização criminosa negociou
e decidiu colaborar com a autoridade policial, confessando, nos autos do
inquérito policial, sua participação no delito imputado e também delatando
outros coautores e partícipes, o que contribuiu para o esclarecimento de outros
crimes.
Com referência a essa situação hipotética, julgue os seguintes itens com
base na Lei n.º 12.850/2013, que trata de organizações criminosas,
investigação criminal e outras matérias correlatas.

I. Na situação considerada, para a obtenção de provas, a autoridade


policial realizou uma ação controlada.

II. Com relação ao policial civil envolvido na organização criminosa, se


necessário à investigação ou à instrução processual, poderá o juiz
determinar seu afastamento cautelar do cargo, sem prejuízo de sua
remuneração.

71
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Comentário:

I. A ação controlada requer a comunicação prévia ao juiz, nos termos


do §1º do art.8º da Lei n.º 12.850/2013:

Art. 8o Consiste a ação controlada em retardar a intervenção


policial ou administrativa relativa à ação praticada por organização
criminosa ou a ela vinculada, desde que mantida sob observação e
acompanhamento para que a medida legal se concretize no momento
mais eficaz à formação de provas e obtenção de informações.
§1o O retardamento da intervenção policial ou administrativa
será previamente comunicado ao juiz competente que, se for o caso,
estabelecerá os seus limites e comunicará ao Ministério Público.

No caso narrado, não houve tal comunicação: “A autoridade policial


decidiu, por sua conta e risco, retardar a intervenção policial”.

II. Aplicação direta do §5o do Art.2º da Lei n.º 12.850/2013.

Gabarito: ”I.Errado, II. Certo”.

16. CESPE/2015 – TRE/MT - Analista Judiciário (adaptada)

Segundo a Lei n.º 12.850/2013, não é permitido ao juiz conceder perdão


judicial ao réu colaborador que tenha identificado os demais coautores e
partícipes da organização criminosa e das infrações penais por ele praticadas.

Comentário: Aplicação direta do art.4º da Lei n.º 12.850/2013:

Art. 4o O juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o perdão


judicial, reduzir em até 2/3 (dois terços) a pena privativa de liberdade
ou substituí-la por restritiva de direitos daquele que tenha colaborado

72
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

efetiva e voluntariamente com a investigação e com o processo


criminal, desde que dessa colaboração advenha um ou mais dos
seguintes resultados:
I - a identificação dos demais coautores e partícipes da
organização criminosa e das infrações penais por eles praticadas;

Gabarito: “Errado”

17. FCC/2015 – DPE/SP – Defensor Público (adaptada)

A colaboração premiada, prevista na Lei n° 12.850/13 prevê que, para fazer jus
aos benefícios da lei, seja indispensável que o colaborador tenha revelado a
estrutura hierárquica e a divisão de tarefas da organização criminosa.

Comentário: Acredito que você tenha notado a discreta pegadinha!


(“indispensável”).

Art. 4º O juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o perdão judicial ,


reduzir em até 2/3 (dois terços) a pena privativa de liberdade ou substituí-la por
restritiva de direitos daquele que tenha colaborado efetiva e voluntariamente com
a investigação e com o processo criminal, desde que dessa colaboração advenha
um ou mais dos seguintes resultados:

I - a identificação dos demais coautores e partícipes da organização criminosa e


das infrações penais por eles praticadas;

II - a revelação da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas da organização


criminosa;

III - a prevenção de infrações penais decorrentes das atividades da organização


criminosa;

73
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

IV - a recuperação total ou parcial do produto ou do proveito das


infrações penais praticadas pela organização criminosa;

V - a localização de eventual vítima com a sua integridade física


preservada.

Gabarito: Errado

18. FCC/2015 – TJ/PE – Juiz de Direito (adaptada)

Em relação à Lei n o 12.850/2013 -Lei das Organizações Criminosas, é correto


afirmar que não prevê expressamente a interceptação de comunicações
telefônicas dentre os meios de obtenção de prova.

Comentário: O art.3º, V prevê expressamente a interceptação de


comunicações telefônicas e telemáticas, nos termos da legislação específica.

Gabarito: Errado

19. FCC/2015 – TJ/SC – Juiz de Direito (adaptada)

A Lei no 12.850/13 define organização criminosa e dispõe sobre a respectiva


investigação criminal e os meios de obtenção de prova. Em situação definida
pela lei como colaboração premiada, dentre todas as medidas previstas na lei,
quanto ao líder da organização NÃO caberá a exclusão do rol dos denunciados.

Comentário: O Ministério Público poderá deixar de denunciar o primeiro


agente a prestar efetiva colaboração, desde que não seja o líder da
organização.

Gabarito: Certo.

74
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

20. MPDFT/2015 – MPDFT – Promotor de Justiça (adaptada)

Havendo indícios de participação de policial em organização criminosa, a


Corregedoria de Polícia instaurará inquérito policial e comunicará ao Ministério
Público, que designará membro para acompanhar o feito até sua conclusão.

Comentário: Art.2º, §7º, da Lei n.º 12.850/13.

Gabarito: Certo

21. FUNIVERSA/2015 – PC/DF - Delegado de Polícia

Assinale a alternativa correta acerca da Lei n.º 12.850/2013 (crime


organizado):

a) O agente infiltrado não tem direito de usufruir das medidas de proteção


a testemunhas.

b) É punível, no âmbito da infiltração, a prática de crime pelo agente


infiltrado no curso da investigação, quando inexigível conduta diversa.

c) A infiltração de agentes de polícia em tarefas de investigação pode


decorrer de representação do delegado de polícia ou de requerimento do
Ministério Público e será obrigatoriamente precedida de autorização judicial.

d) O agente infiltrado que se vê obrigado a praticar crime, sob pena de


expor sua verdadeira identidade aos membros da organização criminosa,
encontra-se amparado por estado de necessidade ou excludente de
culpabilidade, a depender das circunstâncias, conforme expresso na Lei n.º
12.850/2013.

75
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

e) Considera-se organização criminosa a associação de três ou mais


pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas.

Comentário:

a) Entre os direitos do agente infiltrado previstos no art.14 da Lei, encontra-


se o de usufruir das medidas de proteção a testemunhas.

b) O parágrafo único do art.13 estabelece não ser punível, no âmbito da


infiltração, a prática de crime pelo agente infiltrado no curso da
investigação, quando inexigível conduta diversa.

c) Aplicação direta do art.10 da Lei. Não esqueça que, no caso de a infiltração


ser requerida pelo Ministério Público, no curso de inquérito policial, o
delegado deverá emitir manifestação técnica antes da decisão do juiz.

d) O parágrafo único do art.13 estabelece não ser punível, no âmbito da


infiltração, a prática de crime pelo agente infiltrado no curso da
investigação, quando inexigível conduta diversa. A inexigibilidade de
conduta diversa é causa excludente da culpabilidade. O estado de
necessidade é causa excludente de ilicitude (art.23, I do CP), mas não vem
expresso na Lei em estudo.

e) Tenho certeza que, a essa altura dos exercícios, você não cairia mais nessa
pegadinha. Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro)
ou mais pessoas, na forma do art.1º da Lei.

Gabarito: “C”

76
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

22. CESPE/2015 – TJ/DFT - Juiz de Direito Substituto (adaptada)


Julgue os itens a seguir:

I. A colaboração premiada é admitida na fase policial, quando pode ser


concedida pela autoridade policial, e na fase processual, quando é
concedida pela autoridade judicial.

II. Havendo indícios de crime praticado por organização criminosa, a


autoridade policial poderá autorizar, de ofício, a infiltração de seus
agentes de polícia em tarefa de investigação.

Comentário:

I. A colaboração premiada é admitida em qualquer fase da persecução


penal. No entanto, sempre dependerá de autorização judicial (art.3º e 4º
da Lei n.º 12.850/13).

II. A infiltração de agentes de polícia (lembre-se: não há autorização para


infiltração de agentes de inteligência) deve ser precedida de
circunstanciada, motivada e sigilosa autorização judicial, que
estabelecerá seus limites. (art.10 da Lei n.º 12.850/13). Logo, não há
que se falar em autorização da autoridade policial.

Gabarito: “I.Errado, II.Errado ”

23. FGV/2015 – TJ/BA – Analista Judiciário (adaptada)

De acordo com a Lei nº 12.850/13, a infiltração de agentess erá deferida


pelo prazo de sessenta dias, sem prejuízo de eventuais renovações, desde que
comprovada a sua necessidade;

77
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Comentário: Art.10 § 3º A infiltração será autorizada pelo prazo de até


6 (seis) meses, sem prejuízo de eventuais renovações, desde que comprovada
sua necessidade.

Gabarito: Errado

24. CESPE/2014 - Câmara dos Deputados - Analista Legislativo

A nova definição de organização criminosa abarca apenas os crimes com pena


máxima superior a quatro anos.

Comentário: Aplicação direta do §1º do art.4º da Lei n.º 12.850/2013. A


definição “nova” (atual) de organização criminosa abarca infrações penais cujas
penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter
transnacional.

Gabarito: “Errado”

25. VUNESP/2014 – PC/SP – Investigador de Polícia (adaptada)

A Lei do Crime Organizado (Lei n.º 12.850/13) dispõe que a infiltração de


agentes de polícia em tarefas de investigação poderá ser autorizada por
decisão do Delegado de Polícia competente quando houver urgência na
investigação policial.

Comentário: Art. 10. A infiltração de agentes de polícia em tarefas de


investigação será sempre precedida de autorização judicial.

Gabarito: Errado

78
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

26. VUNESP/2014 – PC/SP – Investigador de Polícia (adaptada)

A Lei do Crime Organizado (Lei n.º 12.850/13) dispõe que a infiltração de


agentes de polícia em tarefas de investigação poderá ser determinada de
ofício por parte do juiz competente para apreciar o caso.

Comentário: Art. 10. A infiltração de agentes de polícia em tarefas de


investigação depende de representação pelo delegado de polícia ou
requerimento do Ministério Público. Não pode ser determinada, de ofício, pelo
juiz.
Gabarito: Errado

27. MPE-GO/2014 – MPE/GO – Promotor de Justiça (adaptada)

Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais


pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas,
ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente,
vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas
penas máximas sejam iguais ou superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam
de caráter transnacional.

Comentário: Pegadinha das mais cruéis! O erro está no “iguais ou


superiores”. Nos termos do art.1º, § 1º:

Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou


mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão
de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta
ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a
prática de infrações penais cujas penas máximas sejam
SUPERIORES a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter
transnacional.

79
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Gabarito: Errado

28. ACAFE/2014 – PC/SC – Delegado de Polícia (adaptada)

Consoante a Lei 12.850/13, considera-se organização criminosa, a associação


de 3 (três) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela
divisão de tarefas, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem
de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas
máximas sejam superiores a 5 (cinco) anos, ou que sejam de caráter
transnacional.

Comentário: Aposto que você não erraria essa! Nos termos do art.1º, §
1º:
Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais
pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas,
ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente,
vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas
penas máximas sejam SUPERIORES a 4 (quatro) anos, ou que sejam de
caráter transnacional.

Gabarito: Errado

29. MPE-GO/2013 – MPE/GO – Promotor de Justiça (adaptada)

Segundo o texto da Lei n° 12.850/2013, a infiltração de agentes de policia ou


de inteligência em tarefas de investigação, representada pelo delegado de
policia ou requerida pelo Ministério Público, após manifestação técnica do
delegado de policia quando solicitada no curso de inquérito policial, será
precedida de circunstanciada, motivada e sigilosa autorização judicial, que
estabelecerá seus limites.

80
LEGISLAÇÃO ESPECIAL

Comentário: Somente agentes policiais podem ser infiltrados em


organizações criminosas. Não há no texto da lei previsão para infiltração de
Agentes de inteligência, tais como os pertencentes aos quadros da ABIN –
Agência Brasileira de Inteligência (art.10).

Gabarito: Errado

30. MPE-GO/2013 – MPE/GO – Promotor de Justiça (adaptada)

Segundo o texto da Lei n° 12.850/2013, não é punivel, no âmbito da


infiltração, a prática de crime pelo agente infiltrado no curso da investigação,
quando amparada sua conduta na causa de exclusão da ilicitude denominada
"estrito cumprimento do dever legal".

Comentário: O estrito cumprimento do dever legal, de fato, é causa de


exclusão da ilicitude prevista no art.23, III do CP, mas não no texto da Lei n°
12.850/13.
No caso, o art.13, parágrafo único, prevê que “Não é punível, no âmbito
da infiltração, a prática de crime pelo agente infiltrado no curso da investigação,
quando inexigível conduta diversa”. Lembrar que a exigibilidade de conduta
diversa é elemento da culpabilidade.

Gabarito: Errado

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