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Hidrocarbonetos acíclicos

Os hidrocarbonetos saturados (substituídos ou não) designam-se


genericamente por alcanos. Os primeiros quatro alcanos lineares denominam-
se metano, etano, propano e butano. Os nomes dos membros superiores desta
série formam-se à custa de um prefixo que indica o número de átomos de
carbono e do sufixo -ano.
n n
1 Metano 14 Tetradecano
2 Etano ... ....
3 Propano 20 Icosano
4 Butano 21 Henicosano
5 Pentano 22 Docosano
6 Hexano 23 Tricosano
7 Heptano 24 Tetricosano
8 Octano ... ...
9 Nonano 30 Triacontano
10 Decano 40 Tetracontano
11 Undecano 50 Pentacontano
12 Dodecano 60 Hexacontano
13 Tridecano 70 Heptacontano
O nome dos radicais univalentes obtidos por eliminação de um átomo de
hidrogénio dum átomo de carbono terminal obtém-se substituindo a
terminação -ano por -ilo. Ex. Metilo, etilo, propilo, butilo, dodecilo...

Os hidrocarbonetos com cadeias duplas denominam-se alcenos. Os nomes dos


alcenos obtêm-se dos nomes dos alcanos correspondentes por substituição do
prefixo -ano por -eno, -dieno, -trieno, etc. conforme o alceno tem uma, duas,
três, etc. ligações duplas. O nome de um alceno é precedido de um número
que indica a posição da ligação dupla.

Os hidrocarbonetos com cadeias triplas denominam-se alcinos. Os nomes dos


alcinos obtêm-se dos nomes dos alcanos correspondentes por substituição do
prefixo -ano por -ino, -diino, -triino, etc. conforme o alcino tem uma, duas,
três, etc. ligações duplas. O nome de um alcino é precedido de um número que
indica a posição da ligação tripla.

O nome de um hidrocarboneto com cadeias laterais forma-se considerando-o


derivado de um hidrocarboneto primitivo, escolhido de acordo com as regras
que se seguem. A cadeia desse hidrocarboneto primitivo chama-se cadeia
fundamental. As cadeias laterais, consideradas como substituintes, são
designadas por prefixos.

A cadeia fundamental numera-se de um extremo ao outro com algarismos


árabes de modo a que os números mais baixos correspondam:
 às ligações múltiplas
 às ligações duplas
 às cadeias laterais

Ao comparar dois conjuntos de números que designam substituintes


considera-se como o conjunto mais baixo o que tiver o número individual
mais pequeno ao aparecer a primeira diferença. Ex:
 2,7,8 é mais baixo que 3,4,9
 1,2,5 é mais baixo que 1,4,5
 4,4,8,9 é mais baixo que 4,4,9,9

A cadeia fundamental escolhe-se segundo as seguintes regras:


 A cadeia com maior número de ligações múltiplas.
 A cadeia com maior número de substituintes cíclicos.
 A cadeia com maior número de átomos de carbono.
 A cadeia com maior número de ligações duplas.
 A cadeia com maior número de cadeias laterais.
 A cadeia que apresentar números mais baixos para as cadeias laterais
 Se ainda houver mais de uma possibilidade, compara-se o número de
carbonos das cadeias laterais nas diversas possibilidades e escolhe-se
aquela que tiver uma cadeia lateral com maior número de carbonos na
primeira diferença.
 Se ainda se mantiver a ambiguidade conta-se o número de ramificações
das respectivas cadeias laterais. Considera-se só o número mais elevado
de ramificações em cada caso e escolhe-se para cadeia fundamental
aquela a que corresponde o menor destes números.

O nome do hidrocarboneto forma-se de acordo com as seguintes regras:


 Citam-se primeiro as cadeias laterais, precedidas do número do átomo
de carbono da cadeia principal a que se encontram ligadas, e depois o
nome do composto primitivo
 Os nomes dos radicais simples dispõe-se por ordem alfabética. Prefixos
multiplicativos (di, tri, et.) são acrescentados mas não afectam a ordem
alfabética. Ex: 4-etil-3,3,-dimetileptano
 No caso de radicais complexos a letra que se considera para a ordem
alfabética é a primeira do nome completo, incluindo portanto os
prefixos multiplicativos. Ex: 7-(1,2-dimetilpentil)-5-etiltridecano
 Quando os nomes de dois ou mais radicais complexos são formados por
palavras iguais mas com números diferentes, a prioridade de citação
cabe ao nome do substituinte que contém o número mais baixo no
primeiro ponto de diferença. Ex: 6-(1- metilbutil)-(2-
metilbutil)tridecano

NOMENCLATURA SUBSTITUTIVA
Na nomenclatura substitutiva os nomes dos compostos são formados a partir
dos nomes dos hidrocarbonetos respectivos por uso de prefixos e sufixos que
indicam a substituição de átomos de hidrogénio por átomos e grupos de
átomos (grupos funcionais).

Exemplos:

Grupos característicos (ou funcionais)

São os átomos e grupos de átomos responsáveis pelo comportamento


característico de uma classe de compostos. P. ex: os álcoois, cetonas, ácidos
carboxílicos, etc. A intensidade das propriedades conferidas por esses átomos
ou grupos depende do resto da molécula.

Compostos com um único grupo característico

Exemplos:

Escolher a estrutura (ou cadeia) fundamental

A estrutura fundamental deverá conter:


 maior número possível de grupos principais (daqui em diante abreviado
como GP)
 maior número de ligações múltiplas
 maior número de substituintes cíclicos
 maio número de átomos de carbono
 maior número de ligações duplas
 etc. (ver as regras para a nomenclatura de hidrocarbonetos, acima)
Estes critérios são aplicados sucessivamente até que seja possível uma
decisão.

Exemplo:

Cadeia Grupos Principais Lig. múltiplas Carbonos Lig. duplas


AB 2 2 7 1
AC 2 2 7 0
AD 2 2 7 1
BC 2 2 7 1
BD 2 2 7 2 <-----
CD 2 2 7 1
A cadeia fundamental será BD. O nome do composto será:

4-(1-hidroxi-2-propinil)-4-(3-hidroxi-1-propinil)-2,6-heptadieno-1,5-diol

Numeração da estrutura fundamental

Deve numerar-se de modo a que os números mais baixos correspondam:


 ao hidrogénio indicado
 aos grupos principais
 às ligações múltiplas
 às ligações duplas
 aos prefixos (citados por ordem alfabética) + ligações múltiplas
 aos primeiros prefixos

Estes critérios são aplicados sucessivamente até que seja possível uma
decisão.
Critérios Numeração A -> B Numeração B -> A
H-indicado (não existe) - -
Grupos Principais 2,7 2,7
Lig. mult. 3,5 3,5
Lig. dupl 3,5 3,5
Prefixos + lig. mult. 3,4,5,5(a) 3,4,5,5(a)
Primeiros prefixos 4-etil 5-metil
(a) lig. duplas em C3 e C5. Substituintes (indicados por prefixos) nos C4 e
C5. Números citados numa sequência crescente.

Como os prefixos são citados por ordem alfabética, etil < metil; o primeiro
prefixo é, assim, o etil, e a numeração seria de A para B.

Como se forma o nome do composto?


Com base na estrutura ou cadeia fundamental vamos indicar as características
especiais do composto. Estas características são indicadas por meio
de prefixos esufixos e por meio de números (para as localizar). Quando
existe mais do que um tipo de substituinte, aplicam-se as regras de prioridade
indicadas na tabela seguinte. O grupo principal é indicado pelo sufixo
correspondente. Os outros grupos funcionais eventualmente presentes na
molécula serão indicados por prefixos.

Prioridade Classe Grupo Sufixo Prefixo


1 Catiões -ónio
-COOH ácido ...carboxílico
2 ácidos carboxílicos Carboxi-
-(C)OOH ácido ... óico
3 ácidos sulfónicos -SO2OH ácido ... sulfónico Sulfo-
-COOM ..carboxilato de M
Carboxilato de
4 Sais
M
-(C)OOM -..(o)ato de M
-COOR ..carboxilato de R
5 ésteres R-oxicarbonil
-(C)OOR -..(o)ato de R
6 Halogenetos de -COX halogeneto de Haloformil-
ácidos ..carbonilo
-(C)OX
halogeneto de ..(o)ilo
-CONH2 -carboxamida
7 Amidas Carbamoil-
-(C)ONH2 -amida
-C(=NH)NH2 -carboxamidina
8 Amidinas Amidino-
-(C)(=NH)NH2 -amidina
-CN -carbonitrilo
9 Nitrilos Ciano-
-(C)N -nitrilo
10 Isocianetos -NC -isonitrilo Isociano-
-CHO -carbaldeído Formil-
11 Aldeídos
-(C)HO -al Oxo-
12 Cetonas -(C)O -ona Oxo-
13 Alcoóis -OH -ol Hidroxi-
14 Fenóis -OH -ol Hidroxi-
15 Tióis -SH -tiol Mercapto-
16 Aminas -NH2 -amina Amino-
17 Iminas =NH -imina Imino-
(Os átomos de carbono entre parêntesis fazem parte da cadeia (ou estrutura)
do composto primitivo, pelo que são incluídos no nome do composto primitivo
e não no sufixo)

Grupos característicos que são sempre designados por prefixos:

Grupos Classe funcional Prefixo Exemplos


-Br Bromo
-Cl Cloro
Derivados halogenados Brometano
-F Fluoro
-I Iodo
=N2 Compostos diazo Diazo CH3=N2 (diazometano)
-NO Compostos nitroso Nitroso CH3-NO (nitrosometano)
-NO2 Compostos nitro Nitro CH3-NO2 (nitrometano)
-OR éteres R-oxi CH3-O-CH3 (metoximetano)
-SR Sulfuretos R-tio CH3-S-Ph (metiltiobenzeno)
-SOR Sulfóxidos R-sulfinil CH3-SO-Ph (metilsulfinilbenzeno)
-SO2R Sulfonas R-sulfonil CH3-SO2 -Ph (metilsulfonilbenzeno)

Porque razão tem o Carbono uma química tão


variada?
A sua importância reside no facto de se ligar, não só a outros átomos de
carbono, formando cadeias enormes, mas também a quase todos os outros
elementos, metálicos e não metálicos.
A química orgânica, por sua vez, divide-se numa grande variedade de ramos
especializados:

 Análise orgânica: detecção de produtos naturais, presentes por vezes


em quantidades ínfimas, como por exemplo o taxol.
 Síntese orgânica: imitar a natureza e produzir quantidades úteis de
produtos naturais raros, assim como de compostos de interesse
puramente académico.
 Mecanismos de reacções: permite descobrir novas reacções, novas
sínteses e degradações, relacionar a estrutura com a reactividade dos
compostos orgânicos.

A grande maioria dos compostos orgânicos deriva do petróleo. ("O petróleo é


demasiado valioso para ser queimado." Carlos Corrêa)

Os compostos orgânicos, constituídos fundamentalmente por um esqueleto de


carbono, contêm também outros elementos. P. ex:

Os diferentes compostos orgânicos apresentam similaridades que tornam


possível agrupá-los em famílias. A cada família corresponde um grupo
característico de átomos (antigamente designados grupos funcionais) que é em
grande parte responsável pelo comportamento característico desses
compostos. Os compostos orgânicos podem assim ser considerados derivados
dos hidrocarbonetos por substituição de átomos de hidrogénio por outros
átomos ou grupos de átomos. Por exemplo, os compostos com o grupo
carboxilo são ácidos, sofrem protólise, reagem com bases formando sais, com
halogenetos de fósforo formando halogenetos de acilo, etc.
Uma série homóloga é um grupo de compostos que diferem entre si pela
adição sucessiva de -CH2-. As propriedades químicas dos constituintes de uma série
homóloga varia suavemente ao longo da série, à medida que a cadeia aumenta.
Exemplificando:

Ka

Ácido fórmico 1,77 x 10-5

Ácido acético 1,75 x 10-5

....

Ácido butanóico 1,50 x 10-5

Ácido pentanóico 1,44 x 10-5

Ácido hexanóico 1,39 x 10-5

Ácido heptanóico 1,26 x 10-5

Também as propriedades físicas mudam ao longo de uma série homóloga:

Hidrocarboneto P. fusão (°C) Hidrocarboneto P. fusão (°C)

CH4 -183 C7H16 -91

C2H6 -172 C15H32 10

C4H10 -138 C16H34 18

C5H12 -130 C17H36 22

C6H14 -95 C18H38 28

Existem dois tipos principais de hidrocarbonetos:

 Hidrocarbonetos aromáticos: são derivados do benzeno.


 Hidrocarbonetos alifáticos são os restantes: podem ser saturados
(alcanos ou parafinas) , insaturados (alcenos, ou olefinas; e alcinos ou
acetilénicos), cíclicos, ou acíclicos (lineares ou ramificados).

Os hidrocarbonetos cíclicos, podem ser policíclicos: bicíclicos, tricíclicos, etc.


Ex:

Compostos cíclicos com um único carbono comum também se


chamam espiranos:

A quase totalidade dos compostos orgânicos são derivados da petroquímica.


Cerca de 90% do petróleo é usado como combustível, e o restante dá origem
aos plásticos, às colas, aos detergentes, etc., etc.

Após uma purificação prévia, em que se removem areias e outros detritos, o


petróleo é submetido a destilação fraccionada, para se obter os seus diversos
componentes:
 Gás
 Gasolinas (C5-C12)
 Querosene (gás de iluminação) C12-C18
 Gasóleo (C18-C25)
 resíduo (cadeias mais longas).

Após destilação do resíduo sob vácuo, obtêm-se os óleos lubrificantes e os


asfaltos.

Para fazer gasolinas a partir de querosene i.e. compostos de cadeia curta a


partir de compostos de cadeia mais longa, faz-se o “cracking catalítico” num
reactor de leito fluidizado (catalizador Al2O3-SiO2). Neste reactor também
existe H2, para reduzir as olefinas (que formariam gomas), o enxofre (que
envenena os catalisadores) e o azoto (pois os óxidos de azoto são poluentes).
O catalizador removerá hidreto dos hidrocarbonetos, dando origem a
intermediários extremamente reactivos: os carbocatiões.

Os carbocatiões têm muita tendência a receber um par de electrões: são


electrófilos (ou ácidos de Lewis). O electrões das ligações  (presentes em
compostos insaturados) são bons candidatos para reagir com os carbocatiões:

Os carbocatiões também podem sofrer cisões :

Também podem sofrer rearranjos do esqueleto carbonado:


Por razões que se estudarão mais adiante, os carbocatiões terciários (i.e.
ligados a 3 átomos de carbono) serão mais estabilizados do que os
carbocatiões secundários, e estes mais do que os primários.

Os carbocatiões, principalmente devido a poderem sofrer cisões , permitirão


a síntese de hidrocarbonetos de cadeia curta (gasolinas) a partir de
hidrocarbonetos de cadeia mais longa.

Além das gasolinas, um produto muito importante da petroquímica é o etileno.


Este é produzido a partir de misturas razoavelmente ricas em etano através de
um processo denominado cracking térmico:

A altas temperaturas o etano sofre cisão homolítica , i.e. a ligação C-C quebra
de forma a que os dois electrões da ligação ficam separados: um em cada
produto da quebra.

Os produtos da quebra contêm electrões desemparelhados: são radicais, e


altamente reactivos. Estes radicais terão tendência a retirar átomos de
hidrogénio de outras moléculas de hidrocarbonetos, dando origem a radicais
em cadeias longas. Os radicais actuarão em certos aspectos de forma
semelhante aos carbocatiões: por exemplo, também provocam cisões :

O novo radical pode ainda voltar a sofrer cisão  e recomeçar o ciclo. Um


único radical pode portanto dar origem a muitas centenas de moléculas de
produtos da reacção. Quando é que terminará a cadeia? Quando dois radicais
se encontrarem:
Se a concentração de radicais fôr baixa, a probabilidade de dois deles se
encontrarem será muito baixa. Nessas condições, a cadeia poderá continuar
uns milhares (ou dezenas de milhares) de ciclos antes de terminar.

Ao contrário dos carbocatiões, os radicais que se formam têm tendência a ser


radicais primários. Porquê?

Os radicais metilo que se formam têm de reagir com hidrocarbonetos mais


longos (para dar início às reacções de propagação, cisões , etc.). Esta reacção
consiste em retirar um átomo de hidrogénio da cadeia. E de onde é mais fácil
retirar um hidrogénio? Das pontas da cadeia, porque é aí que existe mais
espaço livre! (O carbono está rodeado de três hidrogénios que ocupam pouco
espaço, e é portanto mais fácil o radical metilo aproximar-se).

Um nucleófilo (base de Lewis) é um anião ou molécula neutral que possui um


par de electrões não-compartilhados. P. ex. quer HO - quer H2O podem actuar
como nucleófilos reagindo com alcanos halogenados para produzir álcoois:

Muitas substâncias podem actuar como substratos de substituições nucleófilas,


além dos derivados halogenados dos alcanos. Para ser reactiva, uma molécula
deve possuir bons grupos migrantes. Nos alcanos halogenados o halogénio
substituinte é o grupo migrante: deixa a molécula sob a forma de anião. Para
ser um bom grupo migrante, o substituinte deve ser capaz de deixar a
molécula sob a forma de ião (ou molécula) relativamente estável,
fracamente básico. Os halogenetos são relativamente estáveis e são bases
muito fracas, pelo que constituem bons grupos migrantes.

Substituições nucleófilas unimoleculares (SN1).


Uma reacção diz-se unimolecular quando (a pressão e temperatura constantes)
a sua velocidade só depende da concentração de um dos reagentes. Isto
significa que o passo limitante da reacção, i.e., o passo mais lento, não
envolve colisão de moléculas. P. ex. a reacção do cloreto de terc-butilo com a
água.
A reacção é iniciada pela saída do anião cloreto. Forma-se então
um carbocatião (electrófilo muito forte), que será facilmente atacado pela
água. A água substitui assim o Cl que estava ligado à molécula. A
desprotonação final dá origem ao álcool.

Substituições nucleófilas bimoleculares (SN2).


Uma reacção diz-se bimolecular quando (a pressão e temperatura constantes)
a sua velocidade depende da concentração de dois reagentes. Isto significa que
o passo limitante da reacção, i.e., o passo mais lento, envolve colisão de duas
moléculas. P.ex. a reacção do anião hidróxido com a clorometano:

No estado de transição o carbono está rodeado por cinco substituintes: existe


uma ligação parcialmente formada entre o carbono e o oxigénio, ao mesmo
tempo que a ligação entre o carbono e o cloro se rompe. Nesta reacção ocorre
inversão de configuração.

Quais os factores que favorecem as SN1?


Todos os factores que estabilizem o estado de transição (ET) mais do que o
estado inicial aceleram a reacção por diminuírem a energia de activação:
Analogamente, os factores que instabilizem mais o estado inicial do que o ET
aceleram a reacção.

Portanto serão favoráveis à reacção SN 1:

 Grupos dadores de electrões, capazes de estabilizar a carga do


carbocatião por efeitos indutor ou mesomérico. Este tipo de reacção
será portanto favorecido em carbonos terciários>secundários
>primários
 Grupos capazes de deslocalizar a carga por deslocalização
electrónica.
 Grupos volumosos, por instabilizarem o estado inicial mais do que o
estado de transição: no estado de transição os grupos volumosos estão
mais afastados uns dos outros, diminuindo as repulsões das suas nuvens
electrónicas.
 Grupos migrantes muito estáveis na forma livre, como por exemplo
bases fracas. Um grupo X sairá tanto mais facilmente quanto mais fraca
for a base X. É por isso que a ordem de facilidade para os halogéneos é:
I- >Br- >Cl- >F-
 Solventes mais ionizantes (i.e. mais polares) favorecem as SN 1 em que
existe formação de partículas carregadas a partir de um reagente neutro,
uma vez que vão estabilizar mais o estado de transição (carregado) do
que o estado inicial neutro. Estes solventes desacelerarão as reacções
em que o estado inicial contém cargas mais concentradas do que o
estado de transição:
Neste caso o estado inicial (que tem a carga mais concentrada no S) será mais
estabilizado por um solvente polar do que o estado de transição em que o S se
está a afastar do carbono, uma vez que neste estado a carga se encontra mais
dispersa.

Quais os factores que favorecem as SN2?


Em primeira aproximação, basta escolher condições menos propícias a SN 1:

 Os nucleófilos deverão ser muito activos. P. ex: RO -, HO-, I-, CN-.


Nestes casos, os nucleófilos têm tendência a reagir com o átomo central
ainda antes do grupo migrante sair.
 Os carbonos atacados não deverão ter grupos capazes de estabilizar
cargas positivas. Portanto, SN2 ocorrerá bem em carbonos primários.
 Os grupos que rodeiam o carbono devem ser pequenos, para permitir a
presença simultânea de cinco grupos em torno do átomo central.
 Quanto ao solvente, a reacção tanto pode ser acelerada como retardada.
Tudo depende da comparação dos estados inicial e de transição. Se se
forma carga, solventes polares favorecerão SN2. Nas outras situações, a
reacção será retardada por solventes polares.

Efeito da força da base nos grupos migrantes

Grupo migrante pKa do acido conjugado


I- <0

Br-
Bons grupos migrantes
H2O

Me2S

Cl-

CF3CO2- 0,2

H2PO4- 2

CH3CO2- 4,8

CN- 9,1

NH3 9,2

10 Fracos grupos migrantes

RNH2, R3N 10

C2H5S- 10,6

HO- 15,7
Maus..
CH3O- 15
NH2- 36
Péssimos...
-
CH3 49

Forças dos nucleófilos

Átomos de N Átomos de O Átomos de N/O

NH2- C2H5O- NH2-

C2H5NH- HO- HO-

NH3 NH3

CH3CO2- H2O

H2O

O efeito de solventes apróticos nas reacções de SN 2

Um solvente designa-se prótico se possui hidrogénios ligados a átomos bem


electronegativos (normalmente oxigénio). P. Ex:
Estes hidrogénios têm todos um certo carácter ácido, pelo que podem formar
pontes de hidrogénio e solvatar espécies com carga negativa:

Os nucleófilos bem solvatados são menos reactivos: a carga encontra-se mais


deslocalizada, e a camada de moléculas de solvente à sua volta dificulta o
ataque nucleofílico: é necessário retirar moléculas de solvente para haver
espaço para ceder o par de electrões a outra espécie.

Um solvente aprótico não tem este tipo de hidrogénios. P. Ex.:

Portanto, os nucleófilos carregados negativamente não sofrerão perda de


reactividade nestes solventes. Por isso, realiza-se SN 2 preferencialmente em
solventes polares apróticos. Os solventes polares apróticos mantêm a
capacidade de estabilizar espécies de carga positiva, pelo que além disso
ajudarão a estabilizar o estado de transição.

Eliminação

Eliminações são reacções em que, por saída de dois grupos de átomos de


carbono vizinhos se formam ligações duplas e triplas.
A eliminação acompanha normalmente as reacções de substituição nucleófila,
em maior ou menor grau:

O nucleófilo tanto pode atacar nucleofilicamente o carbono do grupo migrante


como os átomos de hidrogénio. O dupleto electrónico deixado pelo H ataca
intramolecularmente o outro átomo de carbono, expulsando C e dando origem
a uma ligação dupla C=C. Tal como a substituição nucleofílica, a eliminação
também pode ocorrer por dois processos: a eliminação pode ser unimolecular
(E1) ou bimolecular (E2).

E1

A eliminação unimolecular realiza-se em dois processos elementares, sendo o


primeiro comum às SN1.
O processo mais lento é a saída do grupo migrante: um processo unimolecular,
i.e., cuja velocidade só depende da concentração de uma espécie.

E2

Realiza-se num único processo elementar, bimolecular. A saída de H e de X


dá-se mais ou menos ao mesmo tempo:

A velocidade do processo depende da concentração da espécie atacada e da


concentração do nucleófilo. A reacção é facilitada pela presença de grupos
atraídores de electrões que tornam a substância mais ácida, i.e. facilitam a
saída de H sob a forma de H+, como por exemplo o RSO2-.

Nem só os halogénios podem ser grupos emigrantes, como já se viu no estudo


da substituição. Outros grupos, p.ex. sulfonatos, fosfatos, sulfuretos, aminas e
carboxilatos também, podem ser deslocados.

De que dependem os mecanismos E1 e E2?

E1 é favorecida pelos mesmos factores que promovem as SN 1, uma vez que o


passo limitante do mecanismo é o mesmo.

E2 é favorecida por :

 bases volumosas (que devido ao seu volume não podem reagir por
SN2)
 solventes menos ionizantes
 presença de grupos na molécula que tornem os hidrogénios ácidos.

As eliminações ocorrem preferencialmente quando as bases usadas são fortes


(neste caso terão mais tendência a retirar o H + do que a atacar o carbono
central). São normalmente realizadas a quente, uma vez que quando se
aumenta a temperatura a velocidade das eliminações aumenta mais
rapidamente do que a velocidade das substituições, i.e., aumenta a razão
eliminação/substituição.
Qual o hidrogénio que será retirado pela base?

O hidrogénio a ser eliminado terá de estar ligado a um carbono adjacente ao


carbono que possui o grupo migrante, a fim de se poder formar uma ligação
dupla.

O raciocínio para o caso de um mecanismo E 2 é em tudo semelhante. Mas no


caso de E2, o hidrogénio retirado do carbono  terá de estar numa
conformação especial: deverá estar no mesmo plano do grupo migrante, e em
posição anti (o que também se designa por antiperiplanar). Isto permite que os
dois grupos se afastem por lados diferentes da ligação dupla que se está a
formar.
Isto será muito importante na análise da possibilidade de ocorrência de
eliminação em derivados do cicloexano. Por exemplo, sulfonatos de
cicloexilo, na presença de bases, produzem cicloexeno via E2. Se se introduzir
um grupo volumoso (como o terc-butilo), que impeça o grupo migrante de
ocupar a posição axial, a eliminação já não ocorre:

Regra de Zaitsev

De um modo geral, forma-se de preferência o alceno mais substituído:


BIOGRAFIA CONSULTADA :

Prof. Doutor Pedro Silva

Professor Auxiliar, Universidade Fernando Pessoa

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