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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO CIÊNCIA E

TECNOLOGIA DO PIAUI - IFPI


CAMPUS PAULISTANA

Disciplina: Tratamento de Minérios II


Professor: Eng. De Minas – Msc. Alexandre s. Rodrigues
Turma: Técnico Integrado em Mineração Turno: Manhã

Apostilha 1 - Concentração Gravítica


1. Introdução ao Tratamento de Minérios
A mineração consiste numa atividade industrial onde se procura obter os bens
minerais. Estes por sua vez possuem valor econômico agregado, vindo a suprir
as necessidades dos mais variados setores industriais, contidos na sociedade.

1.1. Objetivos da Mineração


I. Descobrir os recursos minerais escondidos no subsolo;
II. Trazer esse bem mineral do subsolo até a superfície;
III. Colocá-lo em condições de ser utilizado por outras indústrias.
Neste contexto podemos dizer que MINERAR pode ser descrito como extrair
de forma econômica e sustentável, os bens minerais contidos na crosta
terrestre.

1.2. Etapas da Mineração


I. Pesquisa Mineral– Esta se divide em prospecção mineral e
avaliação dos depósitos minerais.
II. Lavra de Minas– Esta se divide em planejamento de mina,
desenvolvimento de mina e explotação mineral.
III. Tratamento de Minérios – Esta se divide em cominuição e
classificação mineral, concentração mineral, operações unitárias
(Espessamento, filtragem e secagem).
IV. Recuperação ambiental – Esta por sua vez busca recuperar a
área degradada por atividade de mineração, buscando uma
aproximação desta área com relação ao estado inicial em que
esta se encontrava antes de passar por atividade de mineração.

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2. Aspectos Gerais
Normalmente um bem mineral não pode ser utilizado como é extraído, pois
raramente ocorre no estado puro na Natureza. Necessita-se, portanto, de
operações de fragmentação e concentração, que visam o seu aproveitamento
industrial.

A figura 1 abaixo indica as etapas que o minério percorre até chegar a um


estado de purificação. Vindo assim a atender as exigências de mercado.

Minério

Britagem Peneiramento Moagem Classificação

Concentração

Figura 1 – Fluxograma simplificado do processo de beneficiamento de minério.

3. Termos Básicos Utilizados no Tratamento de Minérios

I. Minério – Agregado de minerais de ocorrência natural (rocha), a partir


do qual uma ou mais substâncias úteis podem ser extraídas com
expectativa de lucro. É constituído de dois tipos de materiais associados:
mineral-minério e ganga. Também é utilizado o termo inglês “run of
mine” para designar o minério.

II. Mineral-Minério – Mineral de valor econômico extraído do minério. Ás


vezes mais de um mineral-minério pode estar presente no minério.

Exemplo: O tactito da região do Seridó (RN-PB) é constituído, entre outros, de


epidoto, vesuvianita, grossulária, quartzo, calcita e scheelita, sendo este último
o mineral-minério. Em alguns tactitos a marcante presença de molibdenita faz
com que este mineral se torne um mineral-minério. Quando temos a presença
de mais de um mineral-minério dentro do minério dizemos que o mais
importante em termos de quantidade ou valor de mercado, é o mineral-minério
e o menos importante é chamado de sub-produto, podendo este último também
ser comercializado.

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Na tabela 1 a seguir temos uma relação de minerais-minérios usuais, com suas
respectivas fórmulas químicas.

Tabela 1 – Relação de minerais-minérios usuais.

Mineral-
Elemento Símbolo Minério Formula Química
Bário Ba Barita BaSO4
Chumbo Pb Galena PbS
Cobre Cu Calcopirita CuFeS2
Cromo Cr Cromita FeCr2O4
Ferro Fe Hematita Fe2O3
Lítio Li Espodumênio LiAlSi2O6
Magnésio Mg Magnesita MgCO3
Manganês Mn Pirolusita MnO2
Mercúrio Hg Cinábrio HgS
Nióbio Nb Columbita (Fe,Mn)(Nb,Ta)2O6
Tântalo Ta Tantalita (Mn,Fe)(Ta,Nb)2O6
Titânio Ti Ilmenita FeTiO3
Tungstênio W Scheelita CaWO4

III. Ganga– Porção não aproveitável do minério, ou seja, todos os minerais


sem valor econômico que estão presentes no minério.
IV. Teor–É a relação entre a quantidade de mineral - minério e a quantidade
de minério, ou seja, o grau de concentração de um determinado
elemento ou substância mineral em um determinado depósito mineral.

O teor geralmente pode ser expresso em;

 Percentual (%)
 Gramas por tonelada (g/t)
 Partes por milhão (ppm)
 Partes por Bilhão (ppb)
 Quilates por metro cúbico de rocha (quilates/m³)
Os processos de beneficiamento de minérios (processamento mineral)
descartam as frações não aproveitáveis (rejeito) e concentram as frações úteis
(concentrado) para posterior uso industrial.

O tratamento de minérios não trabalha com partículas individuais, mas com


populações de partículas que têm características próprias como; cor
densidade, tamanho, forma, composição química e mineralógica e etc.

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O processo de tratamento (ou beneficiamento) de minérios, apesar de ser
essencialmente técnico em suas aplicações, não pode descartar o conceito
econômico. Não se beneficia minérios que produzam concentrados sem
interesse econômico imediato, assim sempre se busca produzir concentrados
que apresentem teores satisfatórios para suprir as demandas de mercado.

Os circuitos de beneficiamento de minérios são constituídos por uma sequência


de operações denominadas “operações unitárias”, pois estas são sempre as
mesmas, variando apenas a combinação e a sequência. Por exemplo, uma
operação unitária de cominuição pode ter britagem primária, secundária e
terciária, ou apenas britagem primária e secundária dependendo somente da
finalidade e da granulometria adequada para a etapa posterior de moagem.

De uma forma geral estas operações podem ser agrupadas em;

1. Operações de Cominuição: Separam as partículas minerais em


diversos tamanhos. É uma operação de fragmentação.
2. Operações de Concentração: Separam as partículas das diferentes
espécies minerais.
3. Operações Auxiliares: Transportam ou armazenam os produtos
intermediários entre uma operação unitária e outra.
Como exemplo, temos;
 Transporte de sólidos particulados;
 Transporte de polpa;
 Estocagem em silos;
 Espessamento, filtragem e secagem de minérios.

4. Concentração Gravítica - Introdução


No projeto de uma instalação de a usina de processamento mineral,
normalmente nos encontramos à frente da decisão de escolher a configuração
do circuito e os tipos de equipamentos a serem utilizados. Equipamentos de
concentração Gravítica (gravimétrica) podem ser os mais adequados em uma
grande maioria de situações, devido a;

 Altas capacidades
 Baixos custos de operação
 Utilização em amplos intervalos de tamanho de partículas
 Limitado impacto ambiental

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A concentração Gravítica, como processo de concentração mineral pode ser
definida como um processo físico de concentração mineral onde partículas de
diferentes densidades, tamanhos e formas são separadas umas das outras por
ação da força de gravidade ou forças centrífugas. Os principais mecanismos
atuantes neste processo podem ser divididos como:

 Aceleração diferencial;
 Sedimentação retardada;
 Consolidação intersticial;
 Velocidade diferencial em escoamento laminar;
 Ação de forças cisalhantes.

5. Mecanismos de Concentração Gravítica

5.1. Aceleração Diferencial

Na maioria dos equipamentos gravitacionais, devido à interferência das


paredes do concentrador ou mesmo de outras partículas minerais, uma
partícula pode movimentar-se apenas por períodos e distâncias muito curtas
antes que pare ou venha a ser desviada (colisão entre partículas ou colisão por
superfície do concentrador). Deste modo as partículas minerais são submetidas
a contínuas acelerações e desacelerações, ganhando assim essas acelerações
e desacelerações uma grande importância no movimento de descida destas
partículas. Assim quando uma partícula mineral de forma esférica é colocada é
colocada em um meio fluído, está fica submetida à ação de três forcas
atuantes, como mostrado na figura 2 abaixo:

Figura 2 – Forças atuantes sobre uma partícula mineral que se movimenta em um meio fluido.

O movimento de uma partícula mineral que sedimenta em um meio fluido de


densidade (ρf), e descrito pela seguinte equação 1, abaixo:

𝐹 = 𝑚. 𝑎
𝑑𝑣
m. = 𝑃 − 𝐸 − 𝑅 = 𝑚. 𝑔 − 𝑚′ . 𝑔 − 𝑅 Equação 1
𝑑𝑡

5
Onde;

E = Força de empuxo, em N.
R = Força de resistência do fluido com relação ao movimento da partícula
mineral, em N.
P = Força Peso, em N.
m = Massa do mineral, em Kg.
a = Aceleração da partícula mineral em meio fluido, em m/s².
m’ = Massa de fluido deslocado, em Kg.
g = Aceleração da gravidade, em m/s².
v = Velocidade de sedimentação da partícula mineral, em m/s.
Para acelerações ocorridas em pequenas distâncias e intervalos de tempos
pequenos, ou seja, a velocidade se aproximando de zero (v ≈ 0), a força de
resistência (R) pode ser desprezada (desde que a partícula mineral e o fluido
deslocado tenham o mesmo volume), pois esta depende da velocidade da
partícula em meio fluido. Com isso a equação 1, pode ser simplificada para:
𝑑𝑣
m. = 𝑚. 𝑔 − 𝑚′ . 𝑔 Equação 2
𝑑𝑡

𝑑𝑣 𝑚′
= (𝑚 − 𝑚′ ). 𝑔 = 𝑚. (1 − ).𝑔
𝑑𝑡 𝑚

𝑑𝑣 𝑚′
= (1 − ).𝑔 Equação 3
𝑑𝑡 𝑚

Assumindo – se que as partículas possuem uma forma esférica, podemos obter


sua massa através das equações abaixo:
𝑚
ρp = Equação 4
𝑉

𝑚 = V. ρp
4
𝑚= 𝜋𝑟 3 . ρp Equação 5
3
Com relação à massa deslocada de água (m’), utilizamos a seguinte relação:
𝑚′
ρf = Equação 6
𝑉𝑓

6
Considerando que o volume de fluido deslocado será o mesmo que o volume
ocupado pela partícula mineral, temos:

𝑉𝑓 = 𝑉
Assim, a equação 6 torna-se:
𝑚′
ρf = Equação 7
𝑉
Isolando m’ na equação 7 e substituindo a equação 4 na mesma temos:
ρf
𝑚′ = 𝑚. Equação 8
ρp

Substituindo a equação 8 na equação 3, temos:


𝑑𝑣 ρf
= (1 − ).𝑔 Equação 9
𝑑𝑡 ρp

Onde:
𝒅𝒗
= Diferencial da velocidade com relação ao tempo ou aceleração diferencial.
𝒅𝒕

ρf = Densidade do meio fluido em g/cm³.


ρp = Densidade da partícula mineral em g/cm³.
V = Volume da partícula mineral em cm³.
Vf = Volume de fluido deslocado em cm³.
A equação 9 acima apresenta um gradiente de velocidade da partícula mineral,
segundo esta o mecanismo de aceleração diferencial que atua que atua sobre
os minerais independe do tamanho (diâmetro) da partícula mineral e depende
apenas das densidades do fluido e da partícula mineral por si só.

Por fim concluímos que se a duração do movimento de descida da partícula


mineral é bastante curta e frequente, a distância total percorrida pelas
partículas minerais será mais afetada pela aceleração diferencial (e pela
densidade da partícula mineral) do que pela velocidade terminal (e pelo
diâmetro da partícula mineral).

A figura 3 abaixo mostra o esquema de estratificação das partículas minerais


quando o mecanismo de aceleração diferencial esta atuante.

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Figura 3 – Estratificação das partículas minerais quando sujeitas ao mecanismo de aceleração
diferencial.

5.2. Sedimentação Retardada

Primeiramente precisamos tratar do conceito de velocidade terminal de


partículas minerais que sedimentam em meio fluído.

5.2.1. Velocidade Terminal de Partículas Minerais

Uma partícula mineral sedimentando em um fluido (água) é acelerada por um


curto intervalo de tempo pela ação da força da gravidade (aceleração
diferencial), aumentando sua velocidade até alcançar um valor máximo,
denominado de velocidade terminal, permanecendo assim a partícula mineral
em velocidade constante até o termino do movimento.

5.2.1.1. Velocidade Terminal de Partículas Minerais Sedimentando em


Queda Livre

A sedimentação em queda livre refere-se ao movimento da partícula imersa em


um meio fluido que sob o efeito da gravidade tende a partícula a percorrer uma
distância muito grande (teoricamente infinita). Geralmente este tipo de
sedimentação ocorre em sistemas que possuem porcentagem de sólidos
inferior a 15 %.

Quando a velocidade é alcançada a aceleração diferencial se iguala a zero, e a


equação 1 acima, torna-se:

𝑅 = 𝑚. 𝑔 − 𝑚′ . 𝑔 Equação 10

A Força de resistência do fluido com relação ao movimento da partícula mineral


pode ser calculada para o caso de partículas minerais sedimentando em queda
livre através da Lei de Stockes (regime laminar) e através da Lei de Newton
(regime turbulento).

I. Lei de Stockes: Esta lei e mais utilizada para partículas minerais que
apresentam um raio menor do que 0,1 mm.

𝑅 = 6𝜋. 𝜇. 𝑟. 𝑣 Equação 11

8
Onde;

𝒗 = Velocidade terminal de uma partícula mineral.


µ = Viscosidade do fluido em Kg/ms.
Substituindo as equações as 5 e 8 na equação 10, e logo depois substituindo a
equação 10 na equação 11, chegamos a equação 12 que define a velocidade
terminal de uma partícula mineral sedimentando em meio fluido segundo um
regime laminar.

𝒗 = 4𝑟²𝑔
18𝜇
(ρp − ρf) Equação 12

II. Lei de Newton: Esta lei e mais utilizada para partículas minerais que
apresentam um raio maior do que 2,0 mm.
𝜋
𝑅 = 𝑄. . ρf. 𝑟². 𝑣² Equação 13
2
Onde:
Q = Coeficiente de resistência.

Substituindo as equações as 5 e 8 na equação 10, e logo depois substituindo a


equação 10 na equação 13, chegamos a equação 14 que define a velocidade
terminal de uma partícula mineral sedimentando em meio fluido segundo um
regime turbulento.

8𝑔𝑟 (𝜌𝑝− 𝜌𝑓)


𝒗 =√ . Equação 14
3𝑄 𝜌𝑓

Analisando as equações 12 e 14 simultaneamente, observamos que a


velocidade terminal de uma partícula em um dado fluído, será função das
seguintes variáveis expressas abaixo:

a. Diâmetro da partícula mineral;


b. Densidade da partícula mineral;
c. Densidade do Fluido ao qual a partícula mineral esta
sedimentando.

Assim quando duas partículas de igual densidade e diâmetros diferentes são


colocadas em um mesmo fluído, a partícula de maior diâmetro terá a maior
velocidade terminal. Por outro lado, quando as duas partículas minerais
apresentarem diâmetros iguais, porém, densidades diferentes, a partícula mais
densa terá uma maior velocidade terminal.

9
5.2.1.1.1. Razão de Sedimentação em queda livre

Considere das partículas de densidades ρ1 e ρ2 e diâmetros d1 e d2


respectivamente sedimentando em um fluído de densidade ρf, a uma mesma
taxa de sedimentação. Suas velocidades terminais devem ser a mesma e pela
a aplicação da Lei de Stockes (sedimentação em regime laminar) e Lei de
Newton (sedimentação em regime turbulento), temos a equação 15 abaixo;

𝑑1 ρ2−ρf
n
= ( ) Equação 15
𝑑2 ρ1−ρf

Quando o meio fluído utilizado é água (ρ = 1), a equação 15 acima, torna-se;

𝑑1 ρ2−1 n
= ( ) Equação 16
𝑑2 ρ1−1

A equação 16 acima representa a razão de sedimentação em queda livre para


duas partículas minerais com diâmetros d1 e d2, sendo d2 > d1. Esta equação
expressa à razão de diâmetro requerida para duas partículas minerais
apresentarem a mesma velocidade terminal. Com relação ao expoente “n” da
equação podemos dizer que o mesmo varia com as com os parâmetros
expressos na tabela 2 abaixo;

Expoente “n” Granulometria Partículas Lei Física


0,5 < 0,1 mm Pequenas Stokes
1 > 2,0 mm Grosseiras Newton

Para um dado par de minerais, a relação será maior nas condições de Newton
(n=1), indicando que a diferença de densidades entre as partículas minerais
tem um efeito mais pronunciado nas faixas granulométricas grosseiras, ou
ainda, do outro lado, nas faixas granulométricas mais finas a separação por
este mecanismo é menos efetiva (menos eficiente). Na prática, a separação de
dois minerais, em granulometria grosseira (regime de newton), pode ser
alcançada em intervalos de tamanhos de partículas relativamente mais largos.
Enquanto que, em granulometrias finas - 0,1 mm a 0,01 mm -(regime de
Stockes), se faz necessário um estreitamento maior da faixa granulométrica.

5.2.1.2. Velocidade Terminal de Partículas Minerais Sedimentando em


Sedimentação Retardada

Se ao invés de água houver a sedimentação de partículas minerais em uma


polpa (água + minerais), o sistema irá se comportar como um líquido denso,
passando a densidade da polpa agora a atuar dentro do sistema.

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Neste caso a velocidade terminal de sedimentação será menor do que a em
queda livre, pois o que esta prevalecendo a partir de agora e a condição de
sedimentação retardada ou com interferência. O termo polpa é utilizado quando
a porcentagem de sólidos é superior a 15 %. A velocidade terminal de
sedimentação, em queda impedida, será calculada pela equação 17 abaixo,
que expressa a Lei de Newton modificada.

𝒗 = 𝑘√𝑑. (𝜌𝑝 − 𝜌𝑜) Equação 17

Onde:

𝜌o = Densidade da Polpa em g/cm³.


5.2.1.2.1. Razão de Sedimentação em queda Impedida ou Retardada

Similarmente, a sedimentação em queda livre pode definir a razão de


sedimentação em queda impedida considerando-se a densidade da polpa ρo,
seguindo a seguinte equação 18 abaixo;

𝑑1 ρ2−ρo n
=( ) Equação 18
𝑑2 ρ1−ρo

Como agora deve ser considerada a densidade da polpa então a razão de


sedimentação retardada é sempre maior do que a razão de sedimentação em
queda livre. Quanto mais densa for à polpa maior será a razão, com velocidade
terminal igual para ambos os minerais presentes. O esquema de estratificação
de partículas minerais sedimentando sobre a ação do mecanismo de
sedimentação retardada pode ser visualizado na figura 4 abaixo;

Figura 4 – Estratificação das partículas minerais quando sujeitas ao mecanismo de


sedimentação retardada.

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5.3. Consolidação Intersticial

Este mecanismo ocorre devido à formação de interstícios entre partículas


grosseiras de um ou mais minerais, proporcionando liberdade de
movimentação das partículas finas nos vazios formados. Por exemplo, no final
do impulso em um jigue, o leito começa a se compactar e as partículas
pequenas podem então descer através dos interstícios sob a influência da
gravidade e do fluxo de água descendente, este provocado pela sucção que se
inicia.

Figura 5 – Estratificação das partículas minerais quando segundo o mecanismo de


consolidação intersticial.

5.4. Velocidade Diferencial em Escoamento Laminar

O princípio em que se baseia a concentração em escoamento laminar é o fato


que quando uma película de água flui sobre uma superfície inclinada e lisa, em
condições de fluxo laminar (Re < 500), a distribuição de velocidade é
parabólica, nula na superfície e alcança seu máximo na interface do fluido com
o ar.

Figura 6 – Representação da distribuição de velocidades numa película de água em


escoamento laminar sobre um plano inclinado.

Este princípio se aplica à concentração em lâmina de água de pequena


espessura, até aproximadamente dez vezes o diâmetro da partícula.

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Quando partículas são transportadas em uma lâmina de água, elas se arranjam
na seguinte sequência, de cima para baixo em um plano inclinado:
 Finas pesadas;
 Grosseiras pesadas e finas leves;
 Grosseiras leves.

Figura 7 – Representação da sequência de segregação de partículas minerais sobre um plano


inclinado.

A forma influencia este arranjo, com as partículas achatadas se posicionando


acima das esféricas. Note-se que este arranjo é o inverso do que ocorre na
sedimentação retardada, sugerindo que uma classificação hidráulica (que se
vale do mecanismo de sedimentação) do minério a ser concentrado por
velocidade diferencial é mais adequada que um peneiramento.

Figura 8 – Representação da sequência de segregação de partículas minerais sobre um plano


inclinado em função das suas formas.

5.5. Ação de forças de Cisalhamento

Se uma suspensão de partículas é submetida a um cisalhamento contínuo, há


uma tendência ao desenvolvimento de pressões através do plano de
cisalhamento e perpendicular a este plano, podendo resultar na segregação
das partículas minerais.
Este fenômeno foi primeiramente determinado por Bagnold em 1954. O esforço
de cisalhamento pode surgir de uma polpa fluindo sobre uma superfície
inclinada, ou ser produzido por um movimento da superfície sob a polpa, ou
ainda da combinação dos dois.
O efeito resultante desses esforços de cisalhamento sobre uma partícula é
diretamente proporcional ao quadrado do diâmetro da partícula e decresce com
o aumento da densidade.

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Deste modo, as forças de Bagnold provocam uma estratificação vertical:
 Partículas grossas e leves em cima;
 Seguindo-se finas leves e grossas pesadas;
 Com as finas pesadas próximas à superfície do plano.

Figura 9 – Estratificação de partículas minerais segundo o mecanismo de ação de forcas de


cisalhamento.

Note-se que este mecanismo de separação produz uma estratificação oposta à


resultante da sedimentação retardada ou classificação hidráulica.
Quando o cisalhamento é promovido apenas pelo fluxo de polpa, a vazão tem
que ser substancial para criar esforços de cisalhamento suficientes para uma
separação, requerendo-se normalmente maiores inclinações da superfície.
Onde o cisalhamento é, principalmente, devido ao movimento da superfície,
podem ser usadas baixas vazões e menores ângulos de inclinação da
superfície.

6. Critérios de Concentração Gravítica

O critério de concentração (c.c) é usado em uma primeira aproximação e


fornece uma ideia da facilidade de se obter uma separação entre minerais por
meio de processos gravíticos, desconsiderando o fator de forma das partículas
minerais.
O critério de concentração (originalmente sugerido por Taggart, com base na
experiência industrial), aplicado à separação de dois minerais em água é
definido como segue:
(ρp− 1)
𝒄. 𝒄 = (ρl− 1) Equação 19
Onde:
ρp = Densidade do mineral pesado em g/cm³.
ρl = Densidade do mineral leve em g/cm³.

Tabela 3 – Relação entre o critério de concentração e a eficiência da concentração.

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De acordo com Burt, para incluir o efeito das formas das partículas a serem
separadas, o critério de concentração deve ser multiplicado por um fator de
razão de forma (FRF).
Este fator é o quociente entre os fatores de sedimentação (FS) dos minerais
pesados (p) e leves (l).
O fator de sedimentação para um mineral é definido como a razão das
velocidades terminais (v) de duas partículas do mesmo mineral, de mesmo
tamanho, mas de formas diferentes; a primeira partícula sendo aquela para a
qual se deseja calcular o fator de sedimentação (FS), e a segunda partícula
uma esfera.
Segundo Burt, o critério de concentração (c.c) pode ser muito útil se a forma
das partículas for considerada; caso contrário, surpresas desagradáveis quanto
à eficiência do processo podem se verificar na prática. As equações abaixo
redefinem o critério de concentração, segundo a sugestão de Burt.

(ρp− 1)
𝒄. 𝒄 = ( ( ) . 𝐹𝑅𝐹 Equação 20
ρl− 1)

𝐹𝑆𝑝
𝑭𝑹𝑭 = Equação 21
𝐹𝑆𝑙

𝑣𝑝
𝑭𝑺𝒑 = Equação 22
𝑣𝑝(𝑒𝑠𝑓.)

𝑣𝑙
𝑭𝑺𝒍 = 𝑣𝑙(𝑒𝑠𝑓.) Equação 23

De qualquer modo, os dados da Tabela 2 indicam a dificuldade de se alcançar


uma separação eficiente quando tratando frações abaixo de 74 μm. Aquele
critério de concentração, no entanto, foi sugerido com base em equipamentos
que operam sob a ação da gravidade; a introdução da força centrífuga amplia a
possibilidade de uma separação mais eficiente com materiais finos e
superfinos. A tabela 4 abaixo mostra alguns valores de (c.c), para alguns
sistemas minerais.

Sistema mineral c.c


Ouro/Quartzo 9,0
Wolframita/Quartzo 3,94
Cassiterita/Quartzo 3,64
Monazita/Quartzo 2,55
Diamante/Quartzo 1,80

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