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2. Aspectos Gerais
Normalmente um bem mineral não pode ser utilizado como é extraído, pois
raramente ocorre no estado puro na Natureza. Necessita-se, portanto, de
operações de fragmentação e concentração, que visam o seu aproveitamento
industrial.
Minério
Concentração
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Na tabela 1 a seguir temos uma relação de minerais-minérios usuais, com suas
respectivas fórmulas químicas.
Mineral-
Elemento Símbolo Minério Formula Química
Bário Ba Barita BaSO4
Chumbo Pb Galena PbS
Cobre Cu Calcopirita CuFeS2
Cromo Cr Cromita FeCr2O4
Ferro Fe Hematita Fe2O3
Lítio Li Espodumênio LiAlSi2O6
Magnésio Mg Magnesita MgCO3
Manganês Mn Pirolusita MnO2
Mercúrio Hg Cinábrio HgS
Nióbio Nb Columbita (Fe,Mn)(Nb,Ta)2O6
Tântalo Ta Tantalita (Mn,Fe)(Ta,Nb)2O6
Titânio Ti Ilmenita FeTiO3
Tungstênio W Scheelita CaWO4
Percentual (%)
Gramas por tonelada (g/t)
Partes por milhão (ppm)
Partes por Bilhão (ppb)
Quilates por metro cúbico de rocha (quilates/m³)
Os processos de beneficiamento de minérios (processamento mineral)
descartam as frações não aproveitáveis (rejeito) e concentram as frações úteis
(concentrado) para posterior uso industrial.
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O processo de tratamento (ou beneficiamento) de minérios, apesar de ser
essencialmente técnico em suas aplicações, não pode descartar o conceito
econômico. Não se beneficia minérios que produzam concentrados sem
interesse econômico imediato, assim sempre se busca produzir concentrados
que apresentem teores satisfatórios para suprir as demandas de mercado.
Altas capacidades
Baixos custos de operação
Utilização em amplos intervalos de tamanho de partículas
Limitado impacto ambiental
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A concentração Gravítica, como processo de concentração mineral pode ser
definida como um processo físico de concentração mineral onde partículas de
diferentes densidades, tamanhos e formas são separadas umas das outras por
ação da força de gravidade ou forças centrífugas. Os principais mecanismos
atuantes neste processo podem ser divididos como:
Aceleração diferencial;
Sedimentação retardada;
Consolidação intersticial;
Velocidade diferencial em escoamento laminar;
Ação de forças cisalhantes.
Figura 2 – Forças atuantes sobre uma partícula mineral que se movimenta em um meio fluido.
𝐹 = 𝑚. 𝑎
𝑑𝑣
m. = 𝑃 − 𝐸 − 𝑅 = 𝑚. 𝑔 − 𝑚′ . 𝑔 − 𝑅 Equação 1
𝑑𝑡
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Onde;
E = Força de empuxo, em N.
R = Força de resistência do fluido com relação ao movimento da partícula
mineral, em N.
P = Força Peso, em N.
m = Massa do mineral, em Kg.
a = Aceleração da partícula mineral em meio fluido, em m/s².
m’ = Massa de fluido deslocado, em Kg.
g = Aceleração da gravidade, em m/s².
v = Velocidade de sedimentação da partícula mineral, em m/s.
Para acelerações ocorridas em pequenas distâncias e intervalos de tempos
pequenos, ou seja, a velocidade se aproximando de zero (v ≈ 0), a força de
resistência (R) pode ser desprezada (desde que a partícula mineral e o fluido
deslocado tenham o mesmo volume), pois esta depende da velocidade da
partícula em meio fluido. Com isso a equação 1, pode ser simplificada para:
𝑑𝑣
m. = 𝑚. 𝑔 − 𝑚′ . 𝑔 Equação 2
𝑑𝑡
𝑑𝑣 𝑚′
= (𝑚 − 𝑚′ ). 𝑔 = 𝑚. (1 − ).𝑔
𝑑𝑡 𝑚
𝑑𝑣 𝑚′
= (1 − ).𝑔 Equação 3
𝑑𝑡 𝑚
𝑚 = V. ρp
4
𝑚= 𝜋𝑟 3 . ρp Equação 5
3
Com relação à massa deslocada de água (m’), utilizamos a seguinte relação:
𝑚′
ρf = Equação 6
𝑉𝑓
6
Considerando que o volume de fluido deslocado será o mesmo que o volume
ocupado pela partícula mineral, temos:
𝑉𝑓 = 𝑉
Assim, a equação 6 torna-se:
𝑚′
ρf = Equação 7
𝑉
Isolando m’ na equação 7 e substituindo a equação 4 na mesma temos:
ρf
𝑚′ = 𝑚. Equação 8
ρp
Onde:
𝒅𝒗
= Diferencial da velocidade com relação ao tempo ou aceleração diferencial.
𝒅𝒕
7
Figura 3 – Estratificação das partículas minerais quando sujeitas ao mecanismo de aceleração
diferencial.
𝑅 = 𝑚. 𝑔 − 𝑚′ . 𝑔 Equação 10
I. Lei de Stockes: Esta lei e mais utilizada para partículas minerais que
apresentam um raio menor do que 0,1 mm.
𝑅 = 6𝜋. 𝜇. 𝑟. 𝑣 Equação 11
8
Onde;
𝒗 = 4𝑟²𝑔
18𝜇
(ρp − ρf) Equação 12
II. Lei de Newton: Esta lei e mais utilizada para partículas minerais que
apresentam um raio maior do que 2,0 mm.
𝜋
𝑅 = 𝑄. . ρf. 𝑟². 𝑣² Equação 13
2
Onde:
Q = Coeficiente de resistência.
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5.2.1.1.1. Razão de Sedimentação em queda livre
𝑑1 ρ2−ρf
n
= ( ) Equação 15
𝑑2 ρ1−ρf
𝑑1 ρ2−1 n
= ( ) Equação 16
𝑑2 ρ1−1
Para um dado par de minerais, a relação será maior nas condições de Newton
(n=1), indicando que a diferença de densidades entre as partículas minerais
tem um efeito mais pronunciado nas faixas granulométricas grosseiras, ou
ainda, do outro lado, nas faixas granulométricas mais finas a separação por
este mecanismo é menos efetiva (menos eficiente). Na prática, a separação de
dois minerais, em granulometria grosseira (regime de newton), pode ser
alcançada em intervalos de tamanhos de partículas relativamente mais largos.
Enquanto que, em granulometrias finas - 0,1 mm a 0,01 mm -(regime de
Stockes), se faz necessário um estreitamento maior da faixa granulométrica.
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Neste caso a velocidade terminal de sedimentação será menor do que a em
queda livre, pois o que esta prevalecendo a partir de agora e a condição de
sedimentação retardada ou com interferência. O termo polpa é utilizado quando
a porcentagem de sólidos é superior a 15 %. A velocidade terminal de
sedimentação, em queda impedida, será calculada pela equação 17 abaixo,
que expressa a Lei de Newton modificada.
Onde:
𝑑1 ρ2−ρo n
=( ) Equação 18
𝑑2 ρ1−ρo
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5.3. Consolidação Intersticial
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Quando partículas são transportadas em uma lâmina de água, elas se arranjam
na seguinte sequência, de cima para baixo em um plano inclinado:
Finas pesadas;
Grosseiras pesadas e finas leves;
Grosseiras leves.
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Deste modo, as forças de Bagnold provocam uma estratificação vertical:
Partículas grossas e leves em cima;
Seguindo-se finas leves e grossas pesadas;
Com as finas pesadas próximas à superfície do plano.
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De acordo com Burt, para incluir o efeito das formas das partículas a serem
separadas, o critério de concentração deve ser multiplicado por um fator de
razão de forma (FRF).
Este fator é o quociente entre os fatores de sedimentação (FS) dos minerais
pesados (p) e leves (l).
O fator de sedimentação para um mineral é definido como a razão das
velocidades terminais (v) de duas partículas do mesmo mineral, de mesmo
tamanho, mas de formas diferentes; a primeira partícula sendo aquela para a
qual se deseja calcular o fator de sedimentação (FS), e a segunda partícula
uma esfera.
Segundo Burt, o critério de concentração (c.c) pode ser muito útil se a forma
das partículas for considerada; caso contrário, surpresas desagradáveis quanto
à eficiência do processo podem se verificar na prática. As equações abaixo
redefinem o critério de concentração, segundo a sugestão de Burt.
(ρp− 1)
𝒄. 𝒄 = ( ( ) . 𝐹𝑅𝐹 Equação 20
ρl− 1)
𝐹𝑆𝑝
𝑭𝑹𝑭 = Equação 21
𝐹𝑆𝑙
𝑣𝑝
𝑭𝑺𝒑 = Equação 22
𝑣𝑝(𝑒𝑠𝑓.)
𝑣𝑙
𝑭𝑺𝒍 = 𝑣𝑙(𝑒𝑠𝑓.) Equação 23
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