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CENTRO UNIVERSITÁRIO ALVES FARIA

CURSO: PSICOLOGIA
ALUNA: GEICILENY MOREIRA MARTINS

ATIVIDADE PARA COMPLEMENTAÇÃO DE CARGA HORÁRIA DA DISCIPLINA DE


CIÊNCIAS SOCIAIS

Goiânia, 2018
PROPOSTA DE ATIVIDADE PARA COMPLEMENTAÇÃO DE CARGA HORÁRIA
DA DISCIPLINA DE CIÊNCIAS SOCIAIS

1. Desenvolva um texto sobre a teoria social de Durkheim, abrangendo os seguintes


conceitos: fato social, fato social normal, fato social patológico, divisão de trabalho,
consciência coletiva, consciência individual, solidariedade mecânica, solidariedade orgânica,
moral e anomia.

2. Desenvolva um texto sobre a teoria social de Marx abrangendo os seguintes conceitos:


produção, reprodução, classes sociais, trabalho, luta de classes, sociedade capitalista,
alienação, revolução e comunismo.

3. Desenvolva um texto sobre a teoria social de Weber abrangendo os seguintes conceitos:


ação social, relação social, estruturas sociais e dominação.
Teoria Social de Émile Durkheim

Émile Durkheim nasceu em 1858, na França, foi um sociólogo francês considerado o


pai da Sociologia Moderna. Descendente de família judia, porém rejeitou sua herança judaica.
Estudou teorias de Auguste Comte e Herbert Spencer, é o criador da teoria da coesão social, e
junto com Karl Marx e Max Weber, formam um dos pilares dos estudos sociológicos.
Em 1897 fundou a revista L’Année Sociologique, formou grande número de discípulos
e com sua teoria dos fatos sociais influiu decisivamente sobre o desenvolvimento da
Sociologia Científica do século XX, e foi considerado um dos fundadores da Sociologia
Moderna. Escreveu obras como Da Divisão do Trabalho Social, 1893; As Regras do Método
Sociológico, 1895; O Suicídio, 1897; As Formas Elementares da Vida Religiosa, 1912; A
Educação e a Sociologia, 1922 (obra póstuma); Sociologia e Filosofia, 1924 (obra póstuma);
A Educação Moral, 1925 (obra póstuma). Morreu em 15 de novembro de 1917.
Os fatos sociais são o objetivo da sociologia, e devem ser estudados como coisas,
consistem na maneira de agir, pensar e sentir exteriores ao indivíduo. A sociedade é um

sistema formado pela associação de indivíduos, com suas características

próprias representando uma realidade específica. Para a condução de coletivo é

necessário a consciência particular associada e combinada que ao fundir-se

fazem nascer algo novo e não somente uma soma.


Os fatos sociais precisam ser gerais, exteriores, coercitivos e objetivos, e é isso que a
sociologia deve estudar, para que seja corretamente chamada de ciência. Apresenta uma
existência própria, independente das manifestações individuais que possa ter externo aos
membros da sociedade e que exerce sobre seus corações e mentes uma autoridade que os leva
a agir, a pensar e a sentir de determinadas maneiras.
Durkheim vê o modo de agir, pensar e sentir como de caráter externo, e sendo assim, é
necessário que esses modos sejam internalizados por meio de um processo educativo, pois a
educação cria no homem um novo ser, inserindo-o na sociedade, fazendo-o compartilhar de
valores, sentimentos e comportamentos, pois somos forçados a seguir regras no meio social
em que vivemos, e tudo isso se dá através da aprendizagem.
Valores e representações coletivas de uma sociedade são expressões do fato social, e se
um indivíduo se opõe a tais fatos sociais enfrentará obstáculos por resistir a leis e convenções,
os demais membros tentarão impedi-lo e enquadrá-lo. Mas se vários indivíduos com
comportamentos inovadores combinarem suas ações fazendo surgir um produto novo, esse
novo poderá se constituir como fato social, pois as instituições são passíveis de mudanças.
No método de estudo da sociologia de Durkheim ele estabelece regras que os
sociólogos devem seguir na observação dos fatos sociais que incluem considerar os fatos
sociais fundamentalmente como coisas, manter um afastamento sistemático das prenoções,
definir previamente os fenômenos tratados a partir dos caracteres exteriores comuns e
considerá-los o mais objetivo possível independentemente de suas manifestações individuais.
Pensando a sociedade como um organismo no sentido biológico poderia ser
encontrado um estado de saúde, que seria o fato social normal, e de doença social, que seria o
fato social patológico, sendo a saúde desejável e a doença evitada, em analogia Durkheim
define a saúde como a perfeita adaptação do indivíduo ao meio e a doença seria tudo o que
não permite essa adaptação, mas este normal é relativo ao tipo de sociedade e ao estágio em
que se encontra no desenvolvimento.
É chamado normal também quanto à generalidade, quando um mesmo fato social é
encontrado em todas as sociedades de todos os tempos ou sociedades semelhantes e a
consciência coletiva da sociedade é quem permitirá apontar os fatos sociais como normais ou
patológicos.
A consciência coletiva é comum com todo o grupo, representa a sociedade agindo e
vivendo em nós, revela em nós a mais alta realidade, um sistema de idéias, sentimentos e
hábitos que exprimem em nós os grupos diversos do qual fazemos parte, e tudo isso forma o
ser social. Essa consciência é correspondente a um conjunto de crenças e sentimentos comuns
à média dos membros de uma dada sociedade, formando um sistema determinado que tenha
vida própria.
A consciência individual representa a nós mesmos, naquilo que temos de pessoal e
distinto, constituído de todos os estados mentais que se relacionam conosco mesmo e com
acontecimentos da vida pessoal.
O indivíduo supera-se a si mesmo na medida em que participa da vida social. E quanto
mais extensa a vida coletiva maior será a conformidade de consciências particulares a um tipo
comum, assim assemelhando-se sentirão os membros atração por essas similaridades uns com
os outros diminuindo a individualidade.
A divisão do trabalho na sociedade faz com que a consciência coletiva ocupe pouco
espaço na consciência total, e isso permite o desenvolvimento da personalidade. Essa divisão
está presente na economia, nas funções políticas, administrativas, judiciárias, artísticas,
científicas etc.
Uma parcela da consciência individual fica descoberta devido à sociedade não ter
como regulamentar todas as funções criadas onde a divisão de trabalho é desenvolvida, um
espaço é aberto para o desenvolvimento das diferenças, da individualidade e da personalidade
autônoma quanto menor for a comunidade.
A solidariedade é constituída pelos laços que unem os membros ao grupo e entre si, e
podem ser orgânica ou mecânica.
A solidariedade mecânica liga indivíduo e sociedade sem intermédio, são vínculos
parecidos ao de um governante tirano e seus dominados ou um proprietário e seus bens, onde
o indivíduo é literalmente uma coisa da sociedade, constituído de crenças e sentimentos
comuns ao coletivo.
Todos esses indivíduos apresentam consciências semelhantes, o que faz com que a
solidariedade entre eles seja fruto das semelhanças que compartilham, não há propriedade de
bens individuais, a educação é difusa e todas as idéias comuns ultrapassam aquelas
pertencentes a cada um na individualidade.
Esse tipo de sociedade é considerado simples ou não-organizada, pois forma um
agregado ainda sem forma, onde a coesão compõe-se de uma massa homogênea onde uns não
se distinguem dos outros.
Para que aja progresso da divisão do trabalho é importante que ocorra a condensação
da sociedade na multiplicação das relações intersociais, isso faz com que a solidariedade
mecânica vá se reduzindo e gradualmente sendo substituída pela solidariedade orgânica.
A solidariedade orgânica é derivada da divisão de trabalho e faz com que haja a
individualização dos membros da sociedade que, por ter uma esfera própria de ação, passam a
ser solidários, fazendo com que ocorra uma interdependência entre todos e cada um.
A divisão do trabalho tem a função de integrar o corpo social, unir e organizar a
sociedade, pois existe sistema de funções diferentes e a função desempenhada pelo indivíduo
é o que irá marcar seu lugar na sociedade, e os grupos formados por pessoas unidas por
afinidades tornam-se órgãos. A presença da divisão do trabalho faz existir indivíduo no
sentido moderno de sociedade altamente diferenciada e faz com que a consciência individual
ocupe um espaço bem maior que a coletiva.
Durkheim enfatizou sua tese na divisão de trabalho social e na importância dos fatos
morais na integração dos homens à vida coletiva após verificar em suas interpretações,
equívocos a respeito das causas do estado doentio na sociedade moderna. Para ele a moral é
tudo o que força o indivíduo a contar com o próximo, fonte de solidariedade sem egoísmo, e
com numerosos laços que lhe fortalece, pois a moral estabelece regras de convívio.
Já na anomia, onde se apresenta a ausência ou desintegração das normas, estariam os
conflitos e as desordens, pois uma sociedade perturbada por uma crise não é capaz de exercer
o papel de freio moral, de uma consciência superior à dos indivíduos, que acabam deixando
de ser solidários, e a lei do mais forte reinará, há então um período de desintegração social
devido à perda das referências sociais pelos indivíduos.
No mundo moderno instituições integradoras como a família e a religião tem
diminuído sua eficácia, o Estado também se mantém distante do indivíduo e nesse contexto a
profissão assume essa importância na vida social, por isso Durkheim procurou um lugar de
reconstrução da solidariedade e da moralidade integradora no campo de trabalho e grupos
profissionais.
Sendo a civilização em si moralmente neutra Durkheim vem propor que o mercado e a
corporação venham a se ampliar na mesma medida a fim de consolidar-se num órgão
autônomo habilitado a estabelecer os princípios específicos dos distintos ramos industriais,
reconhecendo o poder moral com capacidade de conter egoísmos individuais e lutar para que
a solidariedade comum se mantenha. A fonte de toda atividade moral é a união com algo que
supera o individuo, onde os interesses particulares e pessoais são subordinados aos interesses
gerais.
Vendo o mundo se decompor moralmente Durkheim, apesar de preocupado e engajado
nos debates políticos franceses, rejeitava soluções de grupos socialistas, pois a questão social
não é só uma questão de salários e sim moral. A divisão do trabalho, que é um fato social,
tinha como objetivo maior produzir solidariedade e não aumentar o rendimento das funções
divididas, pois se isto não ocorre as sociedades não irão se auto-regular e consequentemente
não haverá garantia de equilíbrio e coesão social tornando iminente a anomia.
As crises industriais e comerciais, lutas entre o trabalho e o capital, divisão extrema de
especialidades no interior da ciência são exemplos de desequilíbrio, pois reduz o contato entre
as partes e na falha dessa função de divisão de trabalho a anomia e o perigo de desintegração
ameaça todo o corpo social, e demonstrar ao trabalhador que suas ações tem um fim fora de si
mesmo, que tal atividade realizada por ele tem um sentido é a solução.
Aptidões individuais e gênero de tarefas atribuídas ao trabalhador também, perturbam
a solidariedade, pois esse trabalho não se divide espontaneamente. Para Durkheim o mérito do
esforço pessoal possui caráter moral e é integrador, ele critica a instituição da herança por
fornecer a qualquer um vantagens que não derivam de seus próprios méritos, mas mesmo sem
essas desigualdades sociais exteriores ainda existiriam as dos dons naturais como a
inteligência, o gosto, o valor científico, artístico, literário, industrial, a coragem, a destreza
natural são forças que cada um de nós recebe ao nascer.
Dentro desta perspectiva necessitaria de uma disciplina moral para aceitação dos
menos favorecidos pela natureza, e uma disciplina ainda mais forte para obrigar os mais
favorecidos a aceitarem um tratamento igual aos menos favorecidos.
Teoria Social de Karl Marx

Karl Marx nasceu em 1818, na Alemanha, foi um filosofo, economista liberal,


revolucionário alemão e um dos fundadores do socialismo científico, e sua obra influenciou a
Sociologia, a Economia, a História e até a Pedagogia. Em 1842 conheceu Friedrich Engels,
trabalhando em no jornal Gazeta Renana. Casou-se com Jenny Von Westaphalien, filha de um
barão, com quem teria sete filhos e dos quais somente três chegariam à vida adulta. Teve um
filho com Helena Demuth, militante socialista e empregada, mas Engels assumiu a
paternidade da criança.
Marx liderou publicações que criticavam duramente o governo alemão e acabou
expulso da França e da Bélgica a pedido do governo alemão, adoece de uma inflamação na
garganta que o impede de falar e alimentar-se normalmente e em consequência de uma
bronquite e problemas respiratórios, faleceu em Londres, no dia 14 de março de 1883.
Escreveu e publicou o Manifesto Comunista, com colaboração de Friedrich Engels,
criticando o capitalismo, e em 1867 publica O Capital, sua obra mais importante, sintetizando
suas críticas à economia capitalista, coleção essa que causaria nas décadas seguintes uma
revolução na maneira de pensar a economia, a sociologia e demais ciências sociais e humanas.
A razão era, para Marx, instrumento de apreensão da realidade e de construção de uma
sociedade mais justa, capaz de deixar florescer nos seres humanos a realização de todo seu
potencial. Já a alienação era condicionada aas condições materiais de vida e somente a
transformação do processo de vida real, por meio da ação política, poderia extingui-la.
Para ele, os processos ligados à produção, as idéias, concepções, gostos, crenças,
categorias do conhecimento e ideologias são transitórios e gerados socialmente, dependem do
modo como os homens se organizam para produzir. Portanto, o pensamento e a consciência
são decorrentes da relação homem e natureza, isto é, das relações materiais.
A produção dos seres humanos de seus próprios meios de vida vem da busca em
atender suas carências, processo que permite se recriar e reproduzir sua espécie num processo
transformado pela ação das sucessivas gerações. A origem da vida material se dá na interação
com a natureza e com outros seres humanos, mas para tal é necessário que o homem esteja em
condições de poder viver para fazer sua história.
A produção dos meios que permitem ao homem satisfazer suas necessidades é um fato
histórico, executado dia a dia mantendo-os vivos. Considerando que todos os seres vivos
devem refazer suas energias em prol de assegurar sua existência e de sua espécie ao interagir
com a natureza o homem produz muito além de suas privações imediatas, inclusive produz
livre da necessidade física, e só produz liberado dela, reproduz a natureza inteira, enfrenta-se
livremente com seu produto, sabendo produzir segundo a medida de qualquer espécie e sabe
sempre impor ao objeto a medida que lhe é inerente, por isso o homem cria também segundo
as leis da beleza.
Na produção para seu próprio provimento o homem domina as circunstâncias naturais,
a fauna e a flora, organizando-se socialmente estabelecendo relações sociais, e essa existência
social faz com que novas necessidades sejam produzidas, além das simples exigências
naturais ou físicas. O objeto e o modo de consumo são determinados pela produção de forma
objetiva e subjetiva criando o consumidor.
O controle das condições naturais nas produções das necessidades e no modo de
satisfazê-las faz com que o homem crie novos objetos que se incorporam e modificam o
ambiente permanecendo nas futuras gerações. É por meio da cultura que os resultados da
atividade e experiência humanas são acumulados e transmitidos, essa ação produtiva
humaniza a natureza e o próprio homem.
Para Marx é o trabalho a atividade humana básica, caracterizado pelo processo de
produção e reprodução da vida, que constitui a história dos homens, o materialismo histórico.
Marx desenvolve sua concepção de classe a partir da reflexão sobre o significado da
apropriação por não-produtores de uma parcela do que é produzido socialmente, pois o
surgimento de um excedente da produção é o que permite a divisão social do trabalho,
apropriação privada das condições de produção por alguns membros da comunidade que
passam a estabelecer algum tipo de direito sobre o produto ou sobre os próprios trabalhadores.
A estrutura básica de classes é dicotômica, de um lado estão os proprietários dos meios
de produção, de outro, os não proprietários dos meios de produção, embora não exista
somente essas duas em sua forma pura, mas esse esquema dicotômico possibilita a
identificação da configuração básica das classes de cada modo de produção, que responderão
pela dinâmica essencial de uma dada sociedade, definindo inclusive as relações com as
demais classes.
A condição de classe dominante demonstrada por Marx vai além da dominação
econômica e material, pois dominavam também as idéias, possuem uma consciência, e como
seres pensantes dominam em todos os sentidos, são produtores de idéias, regulamentam a
produção e distribuição dos pensamentos de sua época.
No Manifesto comunista Marx afirma que as classes sempre estiveram em luta, seja
ela velada ou aberta. A história da luta de classes baseia-se na história das sociedades que tem
sua estrutura produtiva caracterizada pela apropriação privada dos meios de produção. Os
conflitos sociais estavam ligados sempre à condição econômica dessas sociedades.
A luta de classes, pelo materialismo histórico, é um meio pelo qual ocorrem as
principais transformações estruturais, mudança social, superação dialética das contradições
existentes, sendo que a classe explorada constitui-se como a mais potente agente da mudança.
Na atualidade do sistema capitalista o proletariado acaba por ser refém da ideologia
burguesa, pois este tem o domínio das grandes corporações, mídia e essa classe dominante
que está no topo espalha sua visão de mundo e sociedade influenciando o proletariado que
está na base a acreditar que seus direitos estão assegurados nas mãos dos dominadores. Só a
educação e a revolução do proletariado na busca de suas reais forças de poder poderiam
romper esta ideologia escravista.
Para defender seus próprios interesses e combater seus opressores, os membros da
classe oprimida se unem solidariamente, pois na sociedade capitalista, conscientes de sua
classe são conduzidos a formarem associações políticas, sindicatos.
Para Marx o trabalho é o fundamento da alienação, o qual ele atribui três aspectos da
alienação. Primeiramente o trabalhador se relaciona com o produto do seu trabalho como algo
alheio a ele, em segundo a atividade que executa não está sob seu domínio, sentida como
atividades que não lhe pertencem e terceiro o trabalho seria para o ser humano apenas um
meio para sobrevivência que faz com que o trabalhador não seja livre, apesar de ser uma
atividade vital consciente e que o distingue dos animais.
O proletário é obrigado a vender sua atividade vital, a realizar um trabalho produtivo,
pois não possui os meios de produção, mas não vê esse trabalho como parte de sua vida e sim
como sacrifício, e o objetivo da atividade que realiza não é o produto que produz, mas sim o
salário, e é quando sua atividade termina e ele ganha seu dinheiro que começa a viver.
O salário conserva o trabalhador como instrumento produtivo e a existência da
propriedade privada dos meios de produção fazem com que as necessidades dos homens se
resumam ao dinheiro e a criação de novas necessidades fará com que a dependência e a
obrigação a novos sacrifícios sejam necessários.
O capitalista, dono da riqueza, também é escravo e se desumaniza, pois organiza e
dirige a sociedade segundo seus próprios interesses, sem considerar as necessidades de
realização pessoal e bem estar do proletariado tendo como uma condição essencial a divisão
do trabalho e incessante aperfeiçoamento técnico visando seu próprio sustendo e aumento de
produtividade, enquanto isso, para o trabalhador sua tarefa individual torna-se um ato abstrato
e sem relação com o produto final.
Segundo Marx, o trabalhador sente-se infeliz, vê o trabalho como algo externo a ele e
obrigatório, se não fosse assim fugiria desse trabalho. O capitalismo regula a força de trabalho
do mesmo modo que a mercadoria e quando a oferta é maior que a demanda os operários
acabam por mendigar emprego ou sobrevivem no desemprego. O produtor é cada vez mais
dominado e explorado frente aos meios criados para o desenvolvimento da produção que
acaba por converter sua vida em tempo de trabalho.
Marx chama de caráter fetichista da mercadoria o fato da relação parecer ocorrer entre
as coisas, ao se trocar certa quantidade de moeda por um produto, quando na verdade é uma
relação social determinada dos homens entre si, sendo os produtores incapazes de perceber
que, através da troca dos frutos de seus trabalhos no mercado, são eles próprios que
estabelecem uma relação social.
É na abolição de todas as classes que Marx vê a condição de emancipação da classe
operária. A permanente necessidade de avanço técnico e renovação é também uma das
oposições dialéticas que formam a sociedade capitalista e a levam à sua superação como
derradeira sociedade de classes, sendo as relações de produção burguesas a última forma
contraditória do processo de produção social.
Sua teoria vem mostrar o caminho da humanização onde as condições de trabalho e da
vida prática apresentem ao homem relações transparentes e racionais com seus semelhantes e
com a natureza, que este homem se oriente segundo sua consciência e necessidades e não ao
externo a si e finaliza dizendo que a sociedade comunista é que poderia resolver o conflito
entre homem e natureza e entre homem e homem.
Procurando estabelecer as leis de desenvolvimento das sociedades Marx volta-se à
temática progresso, prolongando a tradição iluminista. Novas e superiores relações de
produção são substituídas após a produção das condições materiais de existência dessas
relações na sociedade antiga, ou seja, se a humanidade levanta problemas é porque já é capaz
de resolver ou já estão próximos de aparecer tais resoluções. Para o desaparecimento de uma
organização social é necessário que todas as forças produtivas tenham se desenvolvido.
O choque entre a necessidade das forças produtivas e as estruturas econômicas, sociais
e políticas causa a desintegração possibilitando a formação de uma nova estrutura, abrindo-se
uma época revolucionária, de conflitos sociais amadurecidos onde o resultado dialético dessa
ruptura é o progresso. As relações sociais de produção tornam-se um entrave ao
desenvolvimento.
A imposição de uma classe sobre outra que jaz ultrapassada destrói as formas
econômicas, as relações sociais, civis e jurídicas, as visões de mundo e o regime político,
substituindo-os por outros, condizentes com seus interesses e seu domínio.
Para Marx as classes oprimidas são os agentes de tais transformações e da mudança
social, a maior força produtiva, que faz evoluir mais rápido. Ao permanecerem, com seus
interesses subordinados, nas idéias, economia, social e politicamente continuarão dominados.
As evoluções sociais só deixam de ser políticas na não-existência de classes, então, para
apropriar-se da vida seria necessário superar essa alienação ao capitalismo, à propriedade
privada. Essa superação abrange aspectos como a religião e econômica.
A completa dissolução das barreiras entre o interesse privado e o comum é o que
representa o comunismo de Marx, também a eliminação de divisão de trabalho ou trabalho
forçado, e o fim da propriedade privada e divisão entre homem e natureza.
Embora tenha dito que o modo de produção capitalista representou um passo evolutivo
Marx afirma que o comunismo é a forma necessária e o princípio dinâmico do futuro
imediato, mas o comunismo em si não é a finalidade do desenvolvimento humano, a forma da
sociedade humana. Descreve que há um período transitório entre capitalismo e comunismo
puro que significa uma reconstrução completa da sociedade e que reflete características de
ambos os períodos mesmo sem afirmar quanto tempo pode durar essa transição.
O comunismo permite liberdade dos indivíduos para estudar em seu campo de
interesse e capacidade de mudar sua ocupação sem medo de perder seus meios de
subsistência, e onde a divisão de trabalho passe a obedecer aos interesses de toda a sociedade,
e com a apropriação social das condições da existência a contradição entre o privado e o
coletivo se extingue. Desta forma seria possível um sistema social regulado de acordo com as
necessidades humanas, voltado para as potencialidades criativas que os indivíduos livres
abrigam em seu espírito.
A sociedade comunista seria o resultado de uma reconstrução consciente da sociedade
humana, pondo fim à pré-história da humanidade e dando início a uma nova vida social. O
comunismo, segundo Marx, é o último e mais alto estágio de desenvolvimento.
Teoria Social de Max Weber

Max Weber nasceu em Erfurt Turíngia, Alemanha, em abril de 1864, graduado em


direito, doutor em economia, professor universitário e considerado um dos fundadores da
Sociologia Moderna ao lado de Comte, Marx e Durkheim. Escreveu obras importantes como
A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo e Economia e sociedade, morreu em Munique
na Alemanha, vítima de pneumonia, em junho de 1920.
Para Weber o foco da sociedade são os indivíduos, pois são eles que moldam as
estruturas da sociedade através da motivação. Então, para interpretar a sociedade é necessário
criar modelos simplificados da realidade devido a alta diversidade de ações individuais
existentes, pois a sociologia teria como objeto o sentido da ação humana individual que deve
ser buscada pelo método da compreensão, baseado no estudo da mente humana.
Toda conduta humana que apresenta um significado subjetivo por quem à executa e
orienta é uma ação. Se tal orientação tem em vista a ação de outro ou de outros agentes a
ação passa a ser definida como social.
A sociologia busca entender, interpretando o sentido da ação social na intenção de
explicá-la causalmente em seu desenvolvimento e efeitos, suas regularidades, expressadas no
uso, costumes e situações de interesse, pois para Weber a sociologia é constitutiva. Para que a
ação seja compreendida é necessário que tenha sentido não se propondo a julgar a validez de
tais atos nem a compreender o agente enquanto pessoa.
O sociólogo trabalha com uma elaboração limite, essencial para o estudo sociológico,
para compreender uma ação através do método científico, o qual deu o nome de tipos ideais
puros que servem como modelos, uma infinidade, que pode ser resumida em quatro ações
fundamentais, a ação racional com relação a fins, a ação racional com relação a valores, a
ação tradicional e a ação afetiva, sendo as ultimas duas consideradas irracionais. A sociologia
compreende a ação com sentido, considerando conexões de sentido racionais e não-racionais.
Na ação racional com relação a fins o indivíduo pretende atingir um objetivo
previamente definido utilizando de meios adequados ou necessários, avaliados e combinados
para atingir um fim, ou resultados ou ainda o alcance dos objetivos. Como exemplo cito um
procedimento científico, uma ação econômica ou aplicar em uma bolsa de valores a partir de
uma avaliação de um especialista do que por um impulso repentino.
Na ação racional com relação a valores o que conduz os indivíduos são os princípios,
a norma moral, o próprio desenrolar de suas condutas, são valores específicos, onde agirão
segundo suas próprias convicções e sua fidelidade aos valores que o guiam. Exemplos dessa
conduta é a honestidade, ser casto, não se alimentar de carne, como se estivesse cumprindo
um dever ou exigência ditados por seu senso, crenças ou por valores que preza, por exemplo,
quando lutam pela preservação dos animais ou em benefício da liberdade política, religiosa,
sexual, etc. Existe uma elaboração consciente dos pontos de direção últimos da atividade que
o orienta de maneira conseqüente, pois age racionalmente.
Na ação social afetiva ou ainda emocional o indivíduo é inspirado por suas emoções
imediatas, e não considera atingir meios e fins, o agente não está preocupado com os
resultados ou as conseqüências de sua conduta. Tais ações podem levar a resultados não
pretendidos, catastróficos, desastrosos ou magníficos. A vingança, desespero, admiração,
orgulho, medo, inveja, entusiasmo, desejo, compaixão, gosto estético ou alimentar são
exemplos de emoções imediatas. Como exemplo de ação afetiva cita magoar a quem se ama
deixando-se orientar pelo ciúme ou produzir uma obra de arte, escrever poemas eróticos,
torcer por um time de futebol, desde que essas ações estejam sendo orientadas pelos
sentimentos daqueles que a realizam.
Na ação tradicional entram os hábitos e costumes arraigados, onde a ação ocorre em
função de tais hábitos. Weber compara os estímulos que levam à ação tradicional aos que
produzem a imitação reativa, devido a dificuldade em conhecer até que ponto o agente tem
consciência de seu sentido. Como exemplo cita o batismo dos filhos realizado por pais pouco
comprometidos com a religião, pedido de benção aos pais e mais velhos, cumprimento semi-
automático entre pessoas no trabalho etc.
Utilizando essas quatro categorias o sociólogo tenta compreender o sentido e o
significado que um indivíduo atribui à sua ação.
A ação social distingue-se de condutas simplesmente reativas como a ação
homogênea, que é executada por diversas pessoas simultaneamente como proteger-se contra
uma calamidade natural, e ou ação proveniente de imitação ou condicionada pela conduta da
massa como uma multidão, a imprensa ou a opinião pública. Se a conduta do indivíduo não
for orientada casualmente pelo comportamento de outros e for somente reativa e imitativa não
haverá neste caso uma relação de sentido, o que já não será mais um campo de interesse da
sociologia compreensiva.
A relação social é a probabilidade de que uma forma determinada de conduta social
tenha seu sentido partilhado pelos diversos indivíduos numa sociedade qualquer, em algum
momento. É ainda uma conduta de vários, orientada de forma recíproca, que apresenta
conteúdos significativos que descansam na probabilidade de que se agirá socialmente de certo
modo ou sentido sem se importar no que se baseia essa probabilidade.
Ao agir o indivíduo irá orientar sua conduta baseando-se na probabilidade de que o
outro agirá socialmente de um modo que corresponde às suas expectativas, em cada ação os
envolvidos percebem o significado e partilham o sentido das ações. Há uma diversidade de
conteúdos nessas relações e um caráter recíproco, mesmo que a reciprocidade não esteja no
conteúdo de sentido que cada indivíduo lhe atribui, mas na capacidade de cada um
compreender o sentido da ação dos outros.
A reciprocidade da relação social vem dizer que uns e outros partilham da
compreensão do sentido das ações sociais, todos sabem do que se trata, mesmo que não haja
correspondência, ou seja, não significa uma atuação do mesmo tipo por parte de cada um dos
agentes envolvidos. Esses conteúdos assim como as próprias relações sociais entre os
indivíduos podem ser transitórias, duradouras, causais, repetidas, etc.
Apesar de não necessitar de uma reciprocidade quanto ao conteúdo as relações sociais
apresentam conteúdos significativos atribuídos por aqueles que agem tomando o outro como
referência orientando suas condutas pelo sentido, ou seja, por expectativas recíprocas quanto
ao seu significado. E podem ainda mudar de sentido durante seu curso.
Desejadas estruturas sociais como Estado e Igreja só existem, segundo Weber,
enquanto houver a probabilidade de que se dêem as relações sociais dotadas de conteúdos
significativos que as constituem. Estes são desenvolvimentos e entrelaçamentos de ações
específicas de pessoas individuais, já que apenas elas podem ser sujeitos de uma ação
orientada pelo seu sentido, não existe para ela uma personalidade coletiva em ação e sim
desenvolvimento da ação social de uns tantos indivíduos. As relações podem ter ambos
conteúdos, enquanto definições ou conceitos são tipos ideais.
As relações sociais comunitárias se fundam num sentimento subjetivo, afetivo,
baseado em sentimento, de pertença mútua que se dá entre as partes envolvidas e com base no
qual a ação está reciprocamente referida. Já as relações sociais associativas têm um teor
objetivo e baseia-se na razão e união de interesses, seja com base em fim ou valores.
Elementos comunitários e societários são identificados na maior parte das relações
sociais, assim como em quase todas as ações estão mesclados motivos afetivos, tradicionais,
religiosos e racionais, e a regularidade dessas condutas são de interesse da sociologia, seja por
uso ou costume. Na racionalização dessa conduta o agente poderá tomar consciência e rejeitar
sua submissão ao costume imposto ou orientar-se pelas crenças na validade da ordem, e
quanto mais agentes vêm valida essa ordem mais amplamente a ação se orientará por ela, com
pouca discordância entre os agentes, e no caso de discordância, tal será reprovada, coagida
física e psicologicamente por indivíduos com a missão de obrigar à observância dessa ordem
ou de castigar sua transgressão.
As estruturas sociais estabelecem direitos e deveres praticados pelos variados grupos
sociais, é um sistema de organização decorrente da inter-relação e posição de seus membros
sendo determinada por fatores econômico, político, social, cultural, histórico, religioso e
outros, ou seja, é como a sociedade se organiza, e esse é o objeto de estudo da sociologia. A
relação dos indivíduos entre si engendram as estruturas sociais que também determinam as
ações dos indivíduos revelando o comportamento destes.
Essas estruturas sociais podem ser modificadas a partir da mudança de normas, regras
e comportamentos, elas não existem no espaço e no tempo, somente enquanto estruturas
mentais é uma representação que flutua sobre a cabeça dos homens reais.
As relações sociais se constroem a partir das ações individuais, e só persistem devido a
dominação ou a produção da legitimidade, da submissão de um grupo a um mandato, sendo
assim, é fundamental distinguir os conceitos de poder e dominação.
O poder, na sociologia, significa a probabilidade de impor a própria vontade dentro de
uma relação social, mesmo contra toda a resistência e qualquer que seja o fundamento dessa
probabilidade, e para tal pode-se usar vários meios como a violência, a propaganda, dinheiro,
influencia social, poder da palavra, sugestão e engano grosseiro.
A dominação acontece quando a vontade do dominador influi sobre os atos dos
dominados, de tal modo que, em um grau socialmente relevante, estes atos tem lugar como se
os dominados tivessem adotado por si mesmos e como máxima de sua ação a obediência. A
legitimidade da dominação pode justificar-se pelos princípios de autoridade racionais,
tradicionais ou afetivos, porém se repousar-se somente nesses fundamentos seria
relativamente instável, por esse motivo a dominação apóia-se internamente em bases
jurídicas.
São três, os tipos de dominação legitimamente pura, a legal, a tradicional e a
carismática.
A dominação legal se justifica na autoridade, na fé na validade do estatuto legal e
competência funcional, onde as regras são criadas de modo racional sancionadas pela
sociedade ou organização. Essas regras definem a quem e até quando obedecer, possibilitando
a aceitação de um superior, por parte dos dominados, devido uma consciência de que o
dominador tem o direito de ordenar. Essa autoridade é reconhecida pelo dominado, pelo cargo
que a pessoa ocupa e não pela pessoa em si, pois essa pessoa só poderá dominar dentro dos
limites antes estabelecidos pelo cargo.
A forma como a autoridade é colocada nos remete a instituições burocráticas, o
ordenador é superior e o que cumpre as ordens é o ordenado. Esse modelo de dominação se
possibilitou devido a consolidação do modelo capitalista que possibilitou a transição de uma
sociedade antes tradicional e baseada nos valores para uma sociedade orientada em objetivos,
regras e controle dos meios para atingir fins.
A dominação tradicional como o próprio nome sugere, baseia-se nas tradições e
costumes de uma sociedade, personifica as instituições na figura de um líder. Acredita na
santidade das ordenações e dos poderes senhoriais, em um estatuto existente desde o início
com o poder emanado da dignidade própria, santificada pela tradição, do líder, de forma fiel.
Nessa tradição a obediência é prestada por respeito à pessoa, que se julga sagrada, o
comando são normas tradicionais, não legais, uma espécie de lei moral, que impossibilita a
criação de um novo direito, é estável. Como exemplos são citados a dominação patriarcal,
uma aldeia indígena, etc.
A dominação carismática possui uma autoridade suportada devido a uma devoção
afetiva por parte daqueles que são dominados. Apresenta-se sobre crenças transmitidas por
profetas, onde a obediência a uma pessoa se dá considerando suas qualidades pessoais. Não
existe um processo de ordenação, nomeação e substituição, não há carreira, não exige
formação profissional por parte do portador do carisma e de seus ajudantes. Em sua forma
mais pura tem um caráter autoritário e imperativo.
Para Weber é considerada uma dominação instável, pois nada há que assegure a
perpetuidade da devoção afetiva ao dominador, por parte dos dominados. Como exemplos são
citados Jesus Cristo e Adolf Hitler.
Referências Bibliográficas

QUINTANEIRO, Tania; BARBOSA, Maria Ligia de Oliveira; OLIVEIRA, Márcia Gardênia


Monteiro. Um toque de clássicos: Marx, Durkheim e Weber. 2. ed. rev. amp. Belo Horizonte:
Editora UFMG, 2002.

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