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Sei que quereis continuar vivos. Não desejais morrer. Quereis passar desta vida para
outra de tal maneira que não vos reergais como mortos, mas plenamente vivos e
transformados. É isso que desejais. Esse é o mais profundo sentimento humano:
misteriosamente a própria alma anseia por isso e instintivamente o deseja. (Santo
Agostinho - Sermão 344.4: 39: 544).
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Aluna de graduação do curso de História- UFRJ. b.gpereira@terra.com.br
A citação com a qual demos início ao presente trabalho, remete-nos a
princípios da Idade Média, período histórico normalmente associado a "um mundo
de padres monges e freiras celibatários" (BROWN: 1998, p. 353) e foi proferida
originalmente por Santo Agostinho, um dos Pais da Igreja. Ela reflete a crença ou
constatação de uma dolorosa realidade: a ruptura da alma em relação ao corpo,
com o fim de uma harmonia existente no Paraíso, conseqüência da queda de Adão
e Eva. Assim, a morte era para este monge de fins do século IV e início do V o mais
amargo sinal da fragilidade humana, pois frustrava o desejo da alma de viver em
paz com o corpo, provocando a distorção da vontade nos seres humanos. Desta
forma, a sexualidade recebe um peso que não tivera até então. Agostinho
considerava que, no estado decaído do ser humano, o desejo e o intercurso carnal,
a exemplo da morte, zombavam da vontade. Os movimentos aleatórios do ato
sexual, para ele, simbolizavam uma minúscula sombra da morte, figurando a
discórdia que se instaurara no homem com a Queda.
Bibliografia