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FRANCA
2007
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FRANCA
2007
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RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo analisar a evolução da assistência internacional aos
refugiados, em sua vertente institucionalizada. As primeiras organizações com este objetivo
datam do período subseqüente à Primeira Guerra Mundial e surgiram no bojo da Liga das
Nações, de forma temporária e com vistas a assistir grupos específicos, deslocados em função dos
conflitos que se desenrolaram na Europa. Na década de 1940, quando da ocorrência da Segunda
Grande Guerra, os fluxos de deslocados voltaram a se intensificar, chamando a atenção da
comunidade internacional para este problema. Foi criada a Organização Internacional para
Refugiados (OIR), mas, devido a tensões existentes entre os blocos antagônicos no período da
Guerra Fria, esta foi extinta alguns anos após sua criação. Surgiu então, no âmbito das Nações
Unidas, o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), que veio a se tornar
principal órgão no que tange a proteção jurídica e assistência humanitária aos refugiados. No ano
de 1951, foi elaborada a Convenção Relativa ao Estatuto dos Refugiados, que dá as diretrizes, até
os dias de hoje, para a definição de refugiado. Pretende-se analisar também, o contexto que levou
à criação desse regime internacional para refugiados, bem como as debilidades e restrições
existentes nesse sistema, que deixam, ainda hoje, milhões de deslocados fora do âmbito da
proteção jurídica internacional, sem conseguirem o estatuto de refugiados.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 04
INTRODUÇÃO
Segundo as Nações Unidas, estima-se que, neste início de milênio, haja no mundo por
volta de 150 milhões de pessoas vivendo fora de seu país de nascimento, o equivalente a cerca de
2,5% da população mundial. Entre este enorme contingente de migrantes, por volta de 15
milhões, ou seja, 10% são refugiados (ACNUR, 2000b, p. 309).
A problemática dos refugiados ganhou destaque na comunidade internacional ao longo
da primeira metade do século passado, quando as duas Guerras Mundiais geraram fluxos de
deslocados em proporções nunca antes observadas. Estabeleceram-se, assim, as primeiras
organizações, bem como instrumentos jurídicos internacionais a fim de conferir proteção e
assistência a esses contingentes.
Ao longo do século XX, entretanto, as dinâmicas do deslocamento forçado e as causas
dos fluxos de refugiados e solicitantes de refúgio mudaram drasticamente, fazendo com que os
conflitos interestatais – como as duas Guerras Mundiais – não sejam mais a principal causa de
deslocamentos. Atualmente, guerras civis causadas por disputas étnicas, nacionalistas ou
religiosas, bem como violações de direitos humanos e graves crises econômico-sociais são os
fatores determinantes no deslocamento compulsório de milhões de pessoas ao redor do mundo.
Segundo Flavia Piovesan (2001), a situação que culmina com a fuga e estabelecimento
de refúgio, pode ser analisada em quatro momentos: 1. o período anterior ao refúgio, no qual há a
violação maciça de direitos humanos no Estado de origem; 2. indivíduo vê-se obrigado a
abandonar seu território de origem e busca refúgio num outro Estado; 3. período de refúgio, no
qual o indivíduo encontra-se em outro Estado que não o seu de origem e deve ter seus direitos
(em especial o direito a não ser devolvido para território onde sua segurança esteja ameaçada)
protegidos; e por fim, 4. estabelecimento de solução durável quanto ao problema do refugiado,
que pode se dar pela repatriação voluntária, pela integração na comunidade local ou ainda, pelo
reassentamento em um terceiro país.
Essas soluções duráveis, entretanto, têm seu estabelecimento dificultado cada vez mais,
haja vista que atualmente, os refugiados, assim como os demais migrantes, são vistos pelos
Estados, em especial pelos mais desenvolvidos, como questão de segurança. Isso faz com que
milhões de pessoas que têm suas vidas ameaçadas e fogem para outros Estados, enfrentem
5
dificuldades na obtenção do status de refugiado e acabem sendo mantidas, muitas vezes por
longos períodos, confinadas em acampamentos, no limiar da sobrevivência.
Dessa forma, pretende-se analisar, neste trabalho, a evolução da assistência
internacional aos refugiados, relacionando-a diretamente, com o contexto político internacional
no qual está inserida.
O primeiro Capítulo apresenta um breve histórico a respeito do estabelecimento do
instituto do asilo ao longo da história e aborda as primeiras organizações internacionais de
assistência aos refugiados, surgidas no âmbito da Liga das Nações, quando da ocorrência da I
Guerra Mundial.
O Capítulo 2 trata das organizações do pós-Segunda Guerra, surgidas já sob o escopo da
Organização das Nações Unidas. Neste sentido, é importante ressaltar que o regime estabelecido
neste momento – abarcando o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados e a
Convenção Relativa ao Estatuto dos Refugiados – rege, até hoje, os trabalhos de assistência aos
refugiados. Trata-se nesta seção também, da importância política dos refugiados naquele
momento de início de Guerra Fria, onde os mesmos eram disputados entre as superpotências na
tentativa de demonstração de superioridade.
O terceiro Capítulo, por sua vez, traz à tona os novos fluxos de refugiados, surgidos a
partir de fins da década de 1960, e que deslocaram o foco da problemática dos refugiados da
Europa, continente que até então concentrava todos os trabalhos do ACNUR. As guerras de
independência afro-asiáticas, as guerrilhas na América Central e os conflitos étnicos na região
dos Bálcãs provocaram, na segunda metade do século XX, o deslocamento de milhões de
pessoas, exigindo que se ampliassem as definições e instrumentos que marcam os trabalhos de
assistência aos refugiados.
Por fim, trata-se da assistência aos refugiados atualmente, ressaltando, principalmente,
as debilidades existentes nos instrumentos e organizações de assistência, que não abarcam os
fluxos deslocados, fazendo com que muitos solicitantes de refúgio tenham sua condição negada e
permaneçam sem a proteção da qual necessitam.
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CAPÍTULO 1
UM BREVE HISTÓRICO ACERCA DA INSTITUCIONALIZAÇÃO DA
ASSISTÊNCIA AOS REFUGIADOS
Desde os mais remotos tempos, homens e mulheres viram-se, por diversas vezes,
obrigados a deixar seus lares pelos mais variados motivos. Perseguições de ordem política ou
religiosa, desastres naturais, ou ainda, a própria impossibilidade de subsistência são alguns desses
fatores. Ao fugir, os indivíduos buscam, portanto, estar fora do alcance dessas ameaças, gozando
da proteção que lhes foi inviabilizada em seu local de origem. Neste sentido, o termo “refúgio”
origina-se do latim refugium, que significa “lugar seguro onde alguém se refugia; asilo para quem
foge ou se sente perseguido” 1.
Com esta perspectiva de proteção que foi se consolidando, ao longo do tempo, o
instituto do asilo, como meio de amparar àqueles que por uma razão ou outra se viam fora do
âmbito de jurisdição de seu Estado (ANDRADE, 1996, p. 8-9). Já na Grécia Antiga, o asilo era
concedido com uma noção de “refúgio inviolável”, onde os perseguidos podiam encontrar
proteção para sua vida. Nesse momento, contudo, o asilo tinha caráter notadamente religioso,
sendo os templos locais invioláveis, onde os estrangeiros encontravam guarida.
Mais tarde, quando a Grécia passou ao jugo de Roma, a instituição do asilo sofreu
influências do direito romano, perdendo muito de seu aspecto religioso e revestindo-se de caráter
jurídico. O asilo era concedido somente àqueles que não fossem considerados culpados pelas leis
da época, conferindo proteção apenas a pessoas consideradas injustamente perseguidas.
(ANDRADE, 2001, p. 105).
O século XVII foi de extrema relevância no desenvolvimento e consolidação da
instituição do asilo. Nesse período, Hugo Grotius, em seus escritos, defendeu o direito daqueles
que fossem expulsos de seus lares estabelecerem residência permanente em outro país,
submetendo-se ao seu respectivo governo. Grotius acreditava ser o asilo um direito natural e,
além disso, uma obrigação dos Estados para com a comunidade internacional. (HATHAWAY,
1990, p.130 apud ANDRADE, 1996, p.14-15). Vale ressaltar que Grotius defendia que o asilo
deveria ser concedido exclusivamente às pessoas que fossem vítimas de perseguições políticas ou
religiosas, sendo vedado aos fugitivos que tivessem cometido crimes comuns. Até fins do século
1
Segundo definição do dicionário Michaelis da Língua Portuguesa.
7
XVII, entretanto, criminosos ainda conseguiam se valer do instituto do asilo. Foi só a partir
do século XIX que o princípio proposto por Grotius começou a ser gradualmente aceito e as
pessoas perseguidas por terem cometido crimes comuns passaram a ser entregues aos seus
Estados.
No século XVIII o direito de asilo apareceu pela primeira vez na constituição de um
Estado, a saber, a da França pós-revolucionária, proclamada em 1793. Em seu artigo 120,
proclamava que o povo francês “dá asilo aos estrangeiros exilados de sua pátria por causa da
liberdade. Recusa-o aos tiranos”. (LÓPEZ GARRIDO, 1991, p. 127 apud ANDRADE, 2001,
p.110). Entretanto, a partir desse período, os textos constitucionais passam a silenciar sobre o
direito de asilo. Com a consolidação do sistema westifaliano2 e a conseqüente ênfase na soberania
dos Estados, o direito de asilo deixou de ter caráter de direito individual, convertendo-se em
direito do Estado em acolher estrangeiros que fugiram de seu lugar de origem. Assim, o asilo
deixa de ser direito do indivíduo (direito a gozar de proteção) para transformar-se em direito do
Estado (direito a conferir proteção) (CAVARZERE, 1995, p.95). Dessa forma, cria-se uma
lacuna no Direito Internacional dos Refugiados que, ao longo do tempo, não foi corrigida. Os
refugiados têm direito a buscar asilo, não correspondendo a esse direito, entretanto, o dever dos
Estados de concedê-lo. Estes últimos têm, contudo, direito a conceder asilo, não ficando dessa
forma obrigados a fazê-lo.
Em fins do século XIX, deu-se, no continente americano, a primeira normatização
internacional de âmbito regional concernente ao asilo. Em 1889 concluiu-se o Tratado Sobre
Direito Penal Internacional, que ditava sobre a concessão de asilo, relacionando-o às regras sobre
extradição e aos delitos políticos. (ANDRADE, 1996, p.19).
Como instituto jurídico internacional de alcance global, o refúgio surgiu a partir de
1921, no âmbito da Liga das Nações (LDN), e desenvolveu-se, posteriormente, no seio da
Organização das Nações Unidas (ONU). Até a ocorrência da I Guerra Mundial (1914 a 1918), as
soluções para os refugiados se davam pela concessão de asilo ou pela extradição. Até então, a
incorporação dessas pessoas em novas sociedades era facilitada pela receptividade dos Estados,
que viam com bons olhos o acréscimo de indivíduos economicamente ativos à sua população
(ACNUR, 2000b, p. 309).
2
Diz-se sistema westifaliano de Estados, a estrutura internacional desenvolvida a partir da assinatura do Tratado de
Westifália, no ano de 1648, que estabeleceu princípios normativos, tais como territorialidade, soberania, autonomia e
legalidade, que regem o sistema moderno de Estados. (CASTRO, 2005, p. 17).
8
3
José Henrique Fischel de Andrade é Diplomado no Institut International de Droits de L’Homme (Estrasburgo,
França) e Mestre em Direito Internacional pela Universidade de São Paulo. Atualmente, é Consultor Jurídico da
representação regional do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) na Bósnia. O autor será
recorrentemente citado ao longo deste primeiro Capítulo, haja vista que a bibliografia referente às primeiras
organizações de assistência internacional aos refugiados é bastante escassa, em especial no Brasil, onde Andrade é
nome de destaque nessas pesquisas.
9
4
Doravante “Escritório Nansen”.
10
5
O governo soviético declarava que os “russos brancos” que fugiam para outros países, estariam conspirando contra
o regime comunista e não deveriam, portanto, ser atendidos pelos organismos internacionais de proteção aos
refugiados. A União Soviética, insistia, por isso, na repatriação dos refugiados de lá provenientes (ANDRADE,
1996, p. 73).
6
Do francês, não-devolução. O princípio do non-refoulement constitui norma consuetudinária do Direito
Internacional e prevê a proibição do retorno forçado de refugiado para um país onde este possa vir a sofrer
perseguição. (CASELLA, 2001, p. 20).
11
7
Doravante “Alto Comissariado para a Alemanha”
8
A saída da Alemanha da Liga das Nações permitiu que se redigissem instrumentos internacionais juridicamente
vinculantes e a integração à Liga do Alto Comissariado para a Alemanha. Até então, as tentativas de estender o
12
mais tarde, foi apresentada para assinaturas, então, a Convenção Relativa ao Estatuto dos
Refugiados Provenientes da Alemanha. Esse novo instrumento jurídico é importante ao
analisarmos a maneira pela qual se qualifica o refugiado, conferindo seu estatuto; representa um
marco de transição entre a fase de qualificação coletiva e de qualificação individual na
determinação da condição de refugiado. Com isso, para se obter o status de refugiado, já não
bastava pertencer a determinado grupo, como se dava até então. Essa Convenção previa que os
solicitantes de refúgio comprovassem a ausência de proteção de seu governo de origem e não
aceitava motivos de pura conveniência pessoal na concessão do estatuto de refugiado
(ANDRADE, 1996, p.103-105). Essa prática de qualificação individual do solicitante de refúgio
se consolidou nos instrumentos convencionais posteriores, tendo sido aplicada no período de
Guerra Fria, como veremos mais à frente.
Por se tratarem de órgãos temporários, com datas pré-estabelecidas para o encerramento
de suas atividades, o Escritório Nansen, bem como o Alto Comissariado para a Alemanha foram
extintos em 1938. Iniciou-se, a seguir, um debate no âmbito da Liga a respeito da necessidade da
criação de um organismo central, que coordenasse a assistência aos solicitantes de refúgio em
todos seus aspectos, uma vez que a criação de entidades específicas a cada novo fluxo de
refugiados, tornava os trabalhos mais difíceis. Decidiu-se, então, pelo estabelecimento do Alto
Comissariado da Liga das Nações para os Refugiados9,um organismo temporário, que deu início
a suas atividades em janeiro de 1939. Suas funções restringiam-se à proteção política e jurídica
dos refugiados, ficando a assistência direta a cargo de outras organizações humanitárias.
Nesse mesmo período, fora do âmbito da Liga das Nações, criava-se o Comitê
Intergovernamental para os Refugiados, que tinha como principal objetivo assegurar a proteção
de refugiados alemães.
O trabalho coordenado das duas organizações poderia ter sido bem sucedido na proteção
dos refugiados, não fosse a eclosão da Segunda Guerra Mundial (1939 a 1945), que acabou por
provocar novos deslocamentos de milhões de pessoas. O conflito impediu que a Liga das Nações
supervisionasse a proteção jurídica concedida aos refugiados e tornou mais complexo seu
reassentamento, uma vez que somente os países neutros10 poderiam recebê-los. Além disso, as
mandato jurisdicional do Alto Comissariado não haviam obtido sucesso, uma vez que os Estados-membros temiam
“provocar” o governo nazista. (BOLESTA-KOZIEBRODZKI, 1962, p. 153 apud ANDRADE, 1996, p. 98).
9
Doravante “Alto Comissariado da Liga”.
10
Na Europa, os países neutros naquele momento eram Suécia, Suíça, Espanha e Portugal.
13
11
A UNRRA foi a primeira organização internacional a incorporar o termo “Nações Unidas”. Foi, entretanto,
estabelecida dois anos antes da criação da Organização das Nações Unidas (ONU), que só se deu em junho de 1945.
14
CAPÍTULO 2
AS ORGANIZAÇÕES DO PÓS-GUERRA
12
Segundo sua carta constitutiva, a OIR iniciaria suas funções após o recebimento do 15° instrumento de
comprometimento, o que se deu em agosto de 1948. Até que isso acontecesse, suas atividades foram desempenhadas
pela Comissão Preparatória para a Organização Internacional dos Refugiados, estabelecida aos 31 de dezembro de
1946.
13
As abstenções, quase todas de países não-europeus, refletem a falta de interesse pela temática, uma vez que o
problema dos refugiados era mais latente na Europa, onde havia, naquele momento, mais de 40 milhões de pessoas
deslocadas (MOREIRA, 2006, p. 46). Já os votos contrários, mostram a discordância dos países socialistas com o
texto da Constituição da OIR e seu desejo de manter o tema afastado da agenda internacional.
15
certo grupo étnico, racial ou religioso. Segundo a Constituição da OIR, o status de refugiado
era concedido
1. [...] a toda pessoa que partiu, ou que esteja fora, de seu país de nacionalidade, ou no
qual tenha residência habitual, ou a quem, tenha ou não retido sua nacionalidade,
pertença a uma das seguintes categorias:
(a) vítimas dos regimes nazista ou fascista ou de regimes que tomaram parte ao lado
destes na Segunda Guerra Mundial, ou de regimes traidores ou similares que os
auxiliaram contra as Nações Unidas, tenham ou não, gozado do status internacional de
refugiado;
(b) republicanos espanhóis e outras vítimas do regime falangista na Espanha tenham, ou
não, gozado do status internacional de refugiado;
(c) pessoas que foram consideradas refugiados, antes do início da Segunda Guerra
Mundial, por razões de raça, religião, nacionalidade ou opinião política.
2. [...] estiverem fora de seu país de nacionalidade, ou de residência habitual, e que,
como resultado de eventos subseqüentes ao início da Segunda Guerra Mundial, estejam
incapazes ou indesejosas de se beneficiarem da proteção do governo de seu país de
nacionalidade ou nacionalidade pretérita.
3. [...] tendo residido na Alemanha ou na Áustria, e sendo de origem judia ou
estrangeiros ou apátridas, foram vítimas da perseguição nazista e detidos em, ou foram
obrigados a fugir de, e foram subseqüentemente retornados a um daqueles países como
resultado da ação inimiga, ou de circunstâncias de guerra, e ainda não foram
definitivamente nele assentados.
4. [...] sejam órfãos de guerra ou cujos parentes desapareceram, e que estejam fora de
seu país de nacionalidade [...] (ANDRADE, 1996, p. 162-163 apud MOREIRA, 2006, p.
52).
Colocava também, os deslocados sob seu mandato, o que jamais havia sido previsto nas
convenções internacionais até então. Ademais, estabelecia a perseguição como fator determinante
para a concessão do estatuto de refugiado. A definição de refugiado tendo como centro a questão
da perseguição, reflete o contexto da Guerra Fria, no qual os refugiados eram disputados entre os
blocos e apresentados como “troféus” (MELO, 2001, p.271). Naquele momento os movimentos
em direção aos países capitalistas eram encorajados e, nos dizeres de Michael Head (2002, p.7)
[...] the West sought to strengthen its democratic credentials against the Soviet Union
and Eastern bloc countries, and specifically to hold the door open for political dissidents
from the Stalinist regimes. The very conception of ‘persecution’ was tailored to give
Western governments ideological kudos for providing sanctuary to ‘defectors’ to the
‘free world’.
Vê-se, dessa forma, que a organização, apesar dos propósitos ditos humanitários,
apresentava características de natureza notadamente política, que persistem até hoje no que se
16
refere à assistência aos refugiados, demonstrando que “ [...] os Estados dominantes têm
criado e moldado ordens mundiais da forma mais conveniente aos seus interesses” (SILVA,
2005, p. 266).
A insistência dos países ocidentais em atrair dissidentes do bloco socialista fez com que
houvesse também, uma nítida mudança de prioridades, haja vista que ao invés de buscar a
repatriação como solução preferencial, passou-se a realizar uma política de reassentamento dos
refugiados em outros países (MOREIRA, 2006, p.53). Isso acabou por acirrar as tensões entre
Estados Unidos e União Soviética no interior da OIR, uma vez que os países socialistas insistiam
na repatriação de seus nacionais.
14
Diz-se volksdeutsche as pessoas de origem étnica alemã.
17
longo do seu curto período de atuação, o problema dos refugiados não foi solucionado,
havendo ainda, ao final de 1951, cerca de 400 mil pessoas deslocadas na Europa (ACNUR,
2000a, p.18). A Organização Internacional dos Refugiados foi, dessa forma, extinta aos 30 de
junho de 1950 tendo, contudo, encerrado suas atividades operacionais em fevereiro de 1952.
Foi substituída, ainda em 1950, pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para
Refugiados (ACNUR), que acabou por herdar a maior parte das suas funções.
As recorrentes tensões entre Estados Unidos e União Soviética, a partir do ano de 1947,
influenciaram sobremaneira a criação do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados
(ACNUR), bem como a elaboração da Convenção Relativa ao Estatuto dos Refugiados, de 1951
(ACNUR, 2000a, p.19). Apesar das dificuldades do período, a Assembléia Geral das Nações
Unidas decidiu, em dezembro de 1949, estabelecer o ACNUR, antes mesmo da extinção da OIR.
Os trabalhos da nova agência da ONU teriam início em janeiro de 1951 (ACNUR, 2000a, p.19).
Assembléia Geral e do Conselho Econômico e Social (ECOSOC) das Nações Unidas, o que
acabou por se concretizar (MOREIRA, 2006, p.58).
Quanto ao seu financiamento, o ACNUR dependia de verbas providas pela ONU para
realizar somente suas atividades administrativas. Todas as outras despesas seriam custeadas com
verbas provenientes de doações voluntárias, que, devido a pressões dos EUA, deveriam ser
aprovadas pela Assembléia Geral (ACNUR, 2000a, p.22). Diante disso, a princípio, o ACNUR
contava com verbas insuficientes para realizar suas atividades de reassentamento e repatriamento,
dependendo de parcerias com outras organizações para levá-las a cabo. Somente no ano de 1954
a ONU criou o Fundo das Nações Unidas para Refugiados, com a finalidade de financiar
programas na Alemanha Ocidental, Áustria, Grécia e Itália (ACNUR, 2000a, p.24). Vê-se, dessa
forma, que quando criado, o ACNUR era uma organização modesta, contava com poucos
funcionários e tinha sua atuação concentrada na Europa, prestando assistência, principalmente, a
pessoas que fugiam do fascismo e do stalinismo (ACNUR, 2000b, p.305). Suas atividades,
contudo, foram se transformando gradativamente, de acordo com os novos contextos político-
sociais ao redor do mundo, como veremos mais adiante.
Entre os anos de 1947 e 1950 – à mesma época em que foi criado o ACNUR – a ONU
decidiu elaborar um instrumento internacional que conferisse proteção aos refugiados. Em 1951,
realizou-se então, na cidade de Genebra, a Conferência de Plenipotenciários, afim de que fosse
assinada a Convenção Relativa ao Estatuto dos Refugiados. A minuta da Convenção havia sido
preparada por uma Comissão ad hoc para Refugiados e Apátridas, com exceção do Artigo 1°
(que trata da definição de refugiado), que fora recomendado pela Assembléia Geral das Nações
Unidas, em dezembro de 1950 (MOREIRA, 2006, p.60-61).
segundo grupo faziam parte países como Estados Unidos, França, Itália, Austrália, entre
outros. A fim de resolver o impasse, o representante do Vaticano propôs que as duas vertentes
fossem contempladas no Artigo 1° da Convenção. Para isso, caberia ao Estado-contratante, no
momento da assinatura ou adesão ao documento, adotar a fórmula que julgasse adequada,
considerando refugiados somente aqueles de origem européia ou os solicitantes advindos de
outras regiões do mundo (ACNUR, 1970 apud MOREIRA, 2006, p.63).
16
Os 12 países que assinaram a Convenção em julho de 1951 foram: Áustria, Bélgica, Colômbia, Dinamarca,
Holanda, Iugoslávia, Liechtenstein, Luxemburgo, Noruega, Reino Unido, Suécia e Suíça (ACNUR, 2000a, p.4-5).
20
A Convenção reconhecia também aquele que é tido como princípio basilar da proteção
dos refugiados, qual seja, o princípio de non-refoulement. Conforme seu Artigo 33,
Em segundo lugar, nem todas as pessoas que fogem em razão de graves violações
de direitos humanos e que conseguem, de alguma maneira, alcançar o território de um outro
Estado, podem ser qualificadas como refugiados. Somente aquelas que são capazes de provar seu
fundado medo de serem perseguidas por razões de raça, religião, nacionalidade, pertencimento a
certo grupo social ou opiniões políticas, estão sob a proteção da Convenção. Dessa maneira, os
refugiados econômicos, aqueles que fogem de guerras civis ou até mesmo as vítimas de desastres
naturais ficam de fora do escopo da proteção conferida por este instrumento internacional
(HEAD, 2002, p. 06). Da mesma maneira, este requerimento de que a perseguição se dê em razão
de um ou mais dos cinco elementos já mencionados, impede que pessoas fugindo de tortura,
punições cruéis ou outras infrações aos direitos democráticos – independentemente de quão
sérios sejam – levados a cabo por outros que não um dos cinco motivos previstos pela
Convenção, encontrem-se fora do alcance deste instrumento (HEAD, 2002, p.06).
Portanto,
The right of asylum is a right of States, not of the individual; no individual, including
those seeking asylum, may assert a right to enter the territory of a State of which that
individual is not a national (GUMMOW, 2000 apud HEAD, 2002, p.06).
22
Cox e Jacobson ainda chamam a atenção (1996, p. 164) para fato de que quando se
estabelece uma instituição intergovernamental, cristaliza-se o consenso hegemônico de um
momento particular em relação a uma tarefa global específica; criam-se metas globais. Neste
caso, tratando-se do período de Guerra Fria, as organizações de caráter humanitário, foram de
extrema relevância para ressaltar a imagem de um Ocidente livre e protetor dos direitos humanos,
sendo usadas como meios de propaganda na disputa ideológica. Portanto, tem-se que as políticas
dos Estados ocidentais em geral, e em especial dos Estados Unidos, tomaram os direitos humanos
não como algo positivo, com fim em si mesmo, mas sim como um meio através do qual se
obteria vantagens com relação à União Soviética e seus aliados do leste europeu (VINCENT,
1999, p.71).
17
Segundo a definição de Stephen Krasner, os regimes internacionais podem ser definidos como princípios, normas,
regras e procedimentos de tomada de decisões, explícitos ou não, nos quais as expectativas de cada ator convergem,
em uma determinada área das relações internacionais(KRASNER, 1983, p. 02 apud KEOHANE, R. O. After
Hegemony: Cooperation and Discord in the World Political Economy. Princeton: Princeton University Press, 1984.
p. 57)
23
Sebastião C. Velasco e Cruz (2000, p. 26) aponta também para o papel relevante
das organizações internacionais no fomento econômico e na assistência social dos países menos
desenvolvidos no período da Guerra Fria e o significado estratégico mais amplo dessas práticas
na luta contra o comunismo.
24
CAPÍTULO 3
NOVOS FLUXOS DE REFUGIADOS: DA DESCOLONIZAÇÃO AO PÓS-
GUERRA FRIA
território e, a partir daí, algumas organizações, tais como o ACNUR e a Cruz Vermelha,
passaram a prestar assistência aos refugiados e a criar programas de desenvolvimento no local
(ACNUR, 2000a, p. 54).
Assim, tendo em vista a crise em Ruanda, o ACNUR criou um programa para
refugiados que abarcava toda a região da África Central, fornecendo alimentos e terras para
cultivos, para que essas populações conseguissem garantir sua auto-suficiência. Contudo, a
recorrente instabilidade política impediu que o programa obtivesse o êxito esperado (ACNUR,
2000a, p. 52). Neste contexto, tem-se que em finais da década de 1960, existiam cerca de um
milhão de refugiados no continente africano. Com isso, o ACNUR retomou a determinação
coletiva do status de refugiado, já que os fluxos maciços impediam a avaliação individual de cada
caso de solicitação de refúgio (ACNUR, 2000a, p. 56).
[...] aplicar-se-á também a toda pessoa que, por causa de uma agressão exterior, uma
ocupação ou uma dominação estrangeira, ou de acontecimentos que perturbem
gravemente a ordem pública em uma parte ou na totalidade de seu país de origem, ou do
país de sua nacionalidade, está obrigada a abandonar sua residência para buscar refúgio
em outro lugar fora de seu país de origem ou do país de sua nacionalidade
18
Os 40 países que assinaram a Convenção da OUA em 1969 foram: Alto Volta (atualmente chamado de Burkina
Faso), Botsuana, Burundi, Camarões, Chade, Congo-Brazaville (atualmente República do Congo), Congo-Kinshasa
(atualmente República Democrática do Congo), Costa do Marfim, Daomé (atualmente com nome de Benin), Etiópia,
Gabão, Gâmbia, Gana, Guiné, Guiné Equatorial, Ilhas Maurício, Lesoto, Libéria, Líbia, Madagascar, Malawi, Mali,
Marrocos, Mauritânia, Níger, Nigéria, Quênia, República Centro-Africana, República Árabe Unida (formada por
Egito e Síria), República Unida da Tanzânia (resultado da união de Tanganica e Zanzibar), Ruanda, Senegal, Serra
Leoa, Somália, Suazilândia, Sudão, Togo, Tunísia, Uganda e Zâmbia.
28
Esta foi, sem dúvida, a maior contribuição deste instrumento, já que possibilitava a
indivíduos que fossem vítimas de conflitos internos ou outras formas de violência que não
necessariamente a perseguição, serem reconhecidos na categoria de refugiados. Além disso,
diferentemente do instrumento de 1951, a Convenção da OUA centralizava a responsabilidade
estatal na concessão do refúgio, enfatizando o comprometimento dos Estados contratantes em
acolher os refugiados e garantir sua instalação19. Por fim, reforçava também o princípio de
burden sharing (repartição de encargos), através do qual estabelecia-se que um Estado que
estivesse sobrecarregado no acolhimento de refugiados seria auxiliado pelos demais (ACNUR,
2000a, p. 58-60).
19
Artigo 2° (1) da Convenção da OUA (ORGANIZAÇÂO DA UNIDADE AFRICANA, 1969 apud MOREIRA,
2006, p. 94).
20
O pólo de convergência tratava-se de um conceito inovador nos programas de ajuda humanitária da ONU, que
envolvia angariação de fundos, aquisição e entrega de produtos na Índia, bem como sua distribuição pelo governo
indiano (MOREIRA, 2006, p.96).
29
3.3.1. Afeganistão
A problemática dos refugiados afegãos teve início no ano de 1978, quando um grupo de
intelectuais tomou o poder no país, instaurando um regime socialista. O governo, com apoio da
União Soviética, implementou uma série de reformas sociais, mas a população as rejeitou, se
opondo política e militarmente ao regime, o que acabou por ocasionar reações do governo
(VIZENTINI, 2002, p. 65-66). Com isso, milhares de afegãos deixaram o país rumo ao Irã e ao
Paquistão, somando-se, neste último país, no ano de 1979, mais de 400 mil refugiados (ACNUR,
2000a, p. 121).
A oposição armada ao regime socialista continuava a avançar no Afeganistão e, diante
disso, em dezembro de 1979 a URSS decidiu invadir o país, provocando o deslocamento de cerca
de 600 mil pessoas para os países vizinhos (ACNUR, 2000a, p. 121). A partir de então até o ano
de 1983, calcula-se que por volta de três milhões de afegãos tenham ingressado no Paquistão,
31
além de 1,5 milhões na Turquia, Índia e outros países da região (MARSDEN, 1999, p. 56
apud MOREIRA, 2006, p. 105).
O governo paquistanês, apesar de ter sofrido fortes pressões do governo afegão para que
expulsasse os refugiados, decidiu acolhê-los, mas para isso solicitou auxílio ao ACNUR, que
disponibilizou recursos para a assistência e inaugurou, em outubro de 1979, uma delegação no
país (ACNUR, 2000a, p. 120-121). Além disso, diversas organizações, internacionais e não
governamentais, trabalhavam conjuntamente com o ACNUR, fornecendo alimentos, assistência
médica, condições sanitárias aos refugiados.
Neste contexto, vale ressaltar que a assistência internacional prestada aos afegãos
diferenciava-se no Paquistão e no Irã, que também acolheu fluxos maciços de refugiados. Devido
à revolução islâmica levada a cabo neste país em 1979, suas relações com os países ocidentais
estavam abaladas, fazendo com que as doações destinadas aos refugiados no Irã fossem bastante
inferiores àquelas destinadas ao Paquistão. A disparidade, neste sentido, era nítida: entre os anos
de 1979 e 1997, enquanto o ACNUR enviou mais de um bilhão de dólares ao Paquistão, o Irã
recebeu apenas 150 milhões de dólares (ACNUR, 2000a, p. 122-123).
Outro fator a dificultar a assistência aos afegãos, em especial em território paquistanês,
era a militarização das aldeias e campos de refugiados. Estes eram usados como base de apoio
por grupos islâmicos financiados pelos EUA, que buscavam combater o regime afegão
(VIZENTINI, 2002, p. 82). Portanto, a fim de garantir a segurança dos refugiados, muitos deles
foram transferidos das áreas fronteiriças para o interior do país, o que acabou por gerar tensões
entre refugiados e as populações locais (ACNUR, 2000a, p. 125).
No ano de 1989, as forças soviéticas retiraram-se do Afeganistão, entretanto os conflitos
entre o governo socialista e os grupos armados de oposição não cessaram. Em 1992, os grupos
islâmicos tomaram o poder, contudo os combates entre facções persistiram em diversas regiões
do país, sendo que muitas delas atuavam desde bases no Paquistão (VIZENTINI, 2002, p. 81-82).
Entre as décadas de 1970 e 1980, diversos países da América Latina foram governados
por regimes ditatoriais, sendo palco de violentos conflitos armados, que acabaram por provocar
deslocamentos humanos maciços.
32
21
Participaram do Colóquio delegações de Belize, Colômbia, Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Honduras,
México, Nicarágua, Panamá e Venezuela.
22
A Declaração de Cartagena foi aprovada pela Assembléia Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA)
no ano de 1985.
35
O fim da Guerra Fria, entre fins da década de 1980 e início da de 1990, alterou
profundamente o cenário internacional. A disputa político-ideológica travada entre as potências
do Leste e Oeste cedeu lugar a novos conflitos, marcados, cada vez mais, por tensões nas relações
norte-sul (AGIER, 2006, P. 197).
No que tange à problemática dos refugiados, acreditava-se que com o fim da Guerra
Fria, a questão seria mais facilmente resolvida, uma vez que o fim da bipolaridade poderia ser
favorável a uma maior cooperação entre os Estados e à redução dos conflitos, que são uma das
principais causas dos movimentos de refugiados.
Entretanto, o que foi observado a partir de 1990 foi o oposto do esperado, havendo nos
primeiros anos da década uma explosão da solicitação de refúgio ao redor de todo o mundo,
gerando o que pode ser chamada de uma “crise global de refugiados”. Isso se deu,
23
Os dez países que assinaram a Declaração de Cartagena foram Belize, Colômbia, Costa Rica, El Salvador,
Guatemala, Honduras, México, Nicarágua, Panamá e Venezuela
36
outro país vizinho. Isso fez com o Irã se tornasse o país a acolher o maior número de
refugiados no mundo, uma vez que já havia ali mais de dois milhões de refugiados, entre afegãos
e iraquianos (ACNUR, 2000a, p. 220).
Os conflitos desenrolados ao longo da década de 1990 e que foram responsáveis pelos
maiores deslocamentos humanos compulsórios desde então, têm dinâmicas distintas daqueles que
caracterizavam os movimentos de refugiados em meados do século XX. Isso porque são, em sua
maioria, conflitos intraestatais, marcados notadamente pelo componente étnico-nacionalista.
Dessa forma, os países desenvolvidos, preocupados com o grande contingente de solicitantes de
refúgio, passaram a alterar suas políticas para refugiados, tornando-as cada vez mais restritivas.
“Os interesses econômicos e políticos que levaram os países do norte a aceitarem de bom grado
refugiados nos anos posteriores a Segunda Guerra Mundial diminuíram, enquanto o número de
pessoas que precisam de proteção internacional aumentou nos últimos anos” (ANISTIA
INTERNACIONAL, 1997, p. 12, tradução livre).
38
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Most Third World refugees remain de facto excluded, as their flight is more often
prompted by natural disaster, war, or broadly based political and economic turmoil than
by ‘persecution’, at least as that term is understood in the Western context.
39
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