Você está na página 1de 23
TEATRO NO BOLSO VOLUMES PUBLICADOS 1 IBSEN — Joao Gabriel Be Ganivat. 2—MOLIERE — 4s Vethacarias de Scapin (esgotado) 3 ANTONIO BERREIRA—Cattro, t 4—ALFONSO CASTELAO—Os Velhos do devem na- ‘morar, com prefécio do prof. dr. Maguel Rodrigues Lapa. S—CARLO GOLDONI—O Mentiroso, com pre ‘actor Rogério Paulo. 6—GEORG BUCHNER — Wozzeck, com preficio de Ma- ‘nuel de Lim PIRANDELLO —Sels personagens @ procura de ‘autor, com preficio de Luigt Pirandello 8 EUGENE IONESCO— A Cantora Careca, com preficio ide Luls de Lime e epitatio do dr. Jono Gaspar Simoes. jo. do TW ‘A PUBLICAR: 9—RAUL BRANDAO—O Gebo ¢ «@ Sombra, com preti- ‘Gio do dr. CAmara Reys 10—GOGOL—O Revizor, na versio portuguesa de Re- dondo Junior. —SHAW— Apresentagio de Santa Joans, traduyio de ‘Helena Celmon. 12 ANOUILH — Joana a'Arc, ox versto portuguesa de Re- onde Tuaior. I3—GIL VICENTE —Forsa de Inés Pereira, edigio ‘ada pelo Povo, para leitura nas escolas. EUGENE IONESCO A CANTORA CARECA ANTLPECA TEATRO NO BOLSO ‘As obrascpimias de literatura draniticn numa colecsio ccssivel is possibtidades econémicas do grande piblico, ‘Pequenos volumes, em formato de algibeir, numa apreseh- tusio cuidado, contendo 0 texto intgrat das obras, preeedido de estudos sobre os autores, as pesas © sus montage céulea, Alguns dos volumes sio ilustrados. PRECO NAS LIVRARTAS js 10800 Condisien especiais de assipatura: Séries de 3 mimeros fee 15800 Volumes avalso 6300 Tertio.publicadas obras de Thsen, Motte (em reimpres- so); Antonio Ferreir, Alfonso Castelao, Carlo Goldonl, ‘Georg Buchner, Luigh Pirandello ¢ Hagéne Yoncseo. Har pro angio: 0 GEBO E A SOMBRA, de Ratt Brando (nos prelos; © REVIZOR, de Gogol; DIALOGO ENTRE UM PADRE E UM MORMIUNDO, de Sade; A FARSA DE INES PERBIRA, de Gil Vicente; A OOTOVEA, de Anowila. Pedidos 200 distribuidores: CONTRAPONTO, Rua Jorge Colago, 19, 1.° E—Lisboa-$ DIVULGAGKO, Avenida de Ceuta — Porto EUGENE IONESCO ENE IONESCO ina, com quilé Filho de mae francesa e pai romeno, BUM naseeu a 26. de Novembro de 1912, em SI Imairos o oeste. de, Bucareste ‘Com um ano de idade, fe secundd ignorando quase com= feos, quando voltou & moderna leccionou francés «a argumentagao de Tonesco ex Bes ao poete Ai ia nao havior cessado, quando Jere publica novo extudo sobre Arghezl, agora exaltando~ son com argumentorao igualmente bem fundada ‘Por todos esses anos, ™ iprecioso para a suas peca «A CANTORA CARECA>, sua primeira pega, data de 194 padowa um manual de conversagao inglesc, que Ihe 5 fornecera numerosas_ frases feitas, organizades em didlogos ‘rrgtnoso dos pensomentor € «4 Contra Givecan "voderi, demonstra. porstren ot pessoas ila ttebas de'nao der nadasToncico ormowse, esi, sm explo ‘ador do vdewo to pensamente © tear de fonico € um teatro de experincias ¢ aven- ‘uray, iapirado na exploragao de noves recurs de expres lacBes humanas jamats sto purarment jet, conteido este que as palavras se sonagens do teatro trad nicagao de ideias e sentime tensées ¢ valores sublet da peca iro de lonesco, as palavras tente essa fungao, porque "para conduzir 0 enredo ow a frank #0 mals esponidneo que 0 ‘ é um exe pponto de “nti-pega como se se tratasse de um texto vealsta, LUIS DE LIMA LUIS DE LIMA [Era uma ver (como nos contos de fadas...) um rapaz para. ‘quem o teatro era Um sonho de todas as horas —um sonho LIMA, passou episédicamente 9 Rua dos Caetanos, © viveu 8s primeiras emoebes © 0s primeiros fentusiasmos do Testso-Estodio do Salitre. Um dia —jé la vo ‘panher mais de perio 0 Sena contemporines que al ‘os seus principais obreios, oe ei meres, ‘mente burgués, a que bastava a. perfiga dum mecanisma que %6 poderia ser valida Sgnificasse o homem, 2 sua miséria e a sua esperanga ‘é que no Verio de 1950 Luis de Lima apresenta, no. ‘e, a partir de 1951, ingressa na ‘conspanhia de pantomime de" Marcel \ tando sucessivamente (0 Capote, mimodrama i 1 ie Lime fot proposian ‘amente a Portalegre para ver Régio e dzerihe o que havia ido Jacob ¢ 0. anio em Paris. E pela noite fort, na velne asa do posta, as personagens do misrio reviveram na sta talento do actor, som divida, mas ddieagio, pelo seu amor, pele dadiva t Si proprio) ‘Fevereiro de 1953 joan v prociamao ainda, elas su Sdapiagbes de Toneseo, o melhor tradutor desse mam ano 8 f desordem e 2 confuséo dos tempos atormentados que vive. mos, em que as palavras, usadas para todos os fins, se desva- lorizaram como moedas retiradas da circulaeio, os ideais alrai- ‘geados se converteram na sua propria e grotesce caricaturs, © (dio dos homens e 0 silencio do Mundo ilusbriameate se sm de uma. preseaga simulads ¢ de uma linguagem false Tisboa, que soube acompanhar os vagabundos de Samuel [Beckett ma sua espera por Godot, decerto saberd também dis: ‘pensar a Lule de Lima eis personagens tragi-cémicas de Fonssco 0 scolhimento que muito fe merecem. LUIS FRANCISCO REBELO DESTINADA AO PUBLICO DRASI- TEIRO, A PRESENTE VERSAQ DE 4 CANTORA CARECA, FEITA POR LUIS DE LIMA, NAO PODE SER INTEIRAMENTE ADAPTADA AO PORTUGUES DA METROPOLE, 0 EDITOR AGRADECE A CARLOS SILVA, LINOTIPISTA DESTE LIVRO, ‘A PRECIOSA COLABORACAO QUE LHE DISPENSOU NESTE TRABALHO CENA I és. com eadeirasinglesas. Terde tsa Oar, Sith, nelés, sentado, mura cadelra IMglece ¢ com ar sat pauforinglesan, fara no Pe cachinbo. inglés ee um formal ngs, perro hima ere ingles. Ure dou Unless, tm ev dino Dipode pra, Inglis, a seu tado, numa Sone cade ingles sr Sth, inglesa,remende dims euges inglesss. Un longo, momento de st Tincio'nglés. © reldgio inglés bate decssete bada- Teas inglesoe A SMITH—Veia, sia nove horas. Comemos sopa, peixe, batatay com toucinho, stlada inglesa. As criangas beberam ‘gua inglesa, Comemos beta, esta noite. B porque moramos ‘nos erredores de Londres © porque © nosso, nome @ Smith, ‘0 SMITH (continuando a feltura, faz estolar a lingua). ‘8 SMITH As batatas vio muito bem com toucinko, © azeite da salada ao estava rangoso. O azeite do tendeiro ‘da fesquina € de melhor qualidade que o do tendeiro da frente bem melhor que 0 fzeite do tendeiro da esquina de baizo. Mas nko quero dizer que o dele seja raim. ‘© SMITH (continuando a leitura, fox estalar a lingua). (A SMITH De qualguer maneira, 0 azeite do tendeiro da exquina & indiscutivelmente o melhor, © SMITH (continuondo a letma, faz estalar a lingua). ‘8 SMITH —Mary coreu bem as batalas, desta vez. Ha dias no as deixou bom cozidas. Para mim, clas presisam de estar bem cozidss. © SMITH (continuando a leitura, far estalar a lingua). A SMITH—O peixe estava fresquissimo. Foi fs beigos. Repti dues vezes. Nao, trés vezes dor de barriga. Voce também comen tr8s vezes, mas nal ter- ‘eine vez, voc pat menos no prato do que nes duas primeiras un » A SMITH “Assn scemoyaceo gue sop ex sum pouco slgads. Tinh mais sl ds Gus Tinta sel d le menos. Poin ter dite ‘uma poreio de fogurte 10- -o) Nio se encontram sempre 2 A SMITH — Porque? 6 SMITH —Um médico consciencioso deve morrer com fo pacieate, se ao se podem curer juntos, O comandante de Guinavio morre com 2 navio, no mar. Ele nfo abandons © posto. "A SMITH —Nio se pode comparar um doente com um que no? O navi Aoutor tem tanta sve morrer a0 mesma tempo que 0 doeate, ba pond io. ‘2 coaclurio que voc “o'SMITH —-f que tados 0s méicos nfo passam de char- TS dodos os doentes também. Sbmente a marina € ho- nesta na Inplaterca "A SMITH— Mas no os marinheiros, © SMITH—Naturalmente. (Pausa, Sempre com o sel jontal) Ha tama coisa que alo compreeado. Por que nas socials Aygrnal, dio sempre 2 idade de quem morre © nunca a dos ‘Que naseem? # urs enon sensen, "A. SMITH —Jamais me fiz a nfo de gio 00 sete jo. © reldpio nao. soa °0 SMITH (sempre com o jornal)—Ora veja, aqui diz que Bobby Watson more "A/SMITH—"Me Des, 0 pobre, quando fi aus sk “O SMITH — Hem?... Que espanto ¢ esse? Bem sabes que morten bk dois aos nid no esveos no enter dele °A SMITH — Claro que me lembro. Eu nfo me lembrei logo, Mas 0 que no compreendo € porque ficou voce tio tupantado de Ver isso no jornal ‘© SMITH —Ieso nio estava no joraal. HA trés anos que se felon na morte dele. Eu lembrei-me por associagio de ideias! "A SMITH Coitado! Estava tdo bem conservado, 6 SMITH —Era o cadiver mais bonito da Gri-Bretanha ‘Nao aparentava a sua idade. Pobre Bobb3 ‘morte hi Quatro anos e sinda estava quente. Um verdadelro cadaver ‘vo, B como ele era alegre! ‘A SMITH — Coitada da Bobby. 6 SMITH — Voot quer dizer coitado do Bobby. SMITIT—Neo, ‘penso sa mulher dele. Chamava-se Robty como cle, Bobby Watson. Como ele tinha © mesmo Is ome, nfo era possivel distinguir um do outro, quando esta- ‘vam juntos. SO depois da morte dele & que se péde suber de verdade quem era um e quem era outro. E voce sabe que ainda hoje hi gente que confunde a viva com 0 defunto © The dio os pésames? Voc® conhecea? (© SMITH—S6 a vi uma vez, por aceso, no enterro de Bobby, ‘A SMITH—£u nunca a vi, Ela 6 bonita? 0 SMITH —Fla tem gulares, mas nfo se pode ita, B um poueo baixinha a. & professors de cant. (0 reldgio soa cinco vetes. Um longo siléncio) A SMITH—E quando ¢ que eles se c: 0 SMITH—Acho que na préxima primavera, © mais tardar, ‘A’ SMITH —Precisamos de ir 20 casamento © SMITH —Temos que arranjar um presente de népcias. © que sera? ‘A'SMITH —Podiamos dar uma daquelas sete salvas de praia que recsbemos no nosso casamento e que munca usamos triste ficar vita t2o noval SMITH —Ainda bem que eles nfo tm filhos. A SMITH—Ere o que faltaval Filhos! Coitada, como € que sla se havia de arzaniar, (0 SMITH—Ela tinds é nova. Pode casar-se novameate, Fica muito bem de lato! "A SMITH —Mas quem fomari conta das eriangas? Voce sabe muito bem que cles tém um menino © uma menina. Como € que eles Se chamam? ‘0 SMITH — Bobby e Bobby, como os pais. O tio de Bobby Watson, 0 velho Bobby Watson, € rico e adora o garoto. Ble ‘Poder muito bem encarregar-se da educagio de Bobby. , a velha Bobby Watson, podria gare, por sua vez, da educagio de Bobby Watson, Ge Bobby. Watson. Assim a mae de Bobby Watsor ppoderia cssar-se do novo, Bla tem alguém em vista? © SMITH —Sim, um primo de Bobby Watson. A SMITH — Quem? Bobby Watson? © SMITH—De que Bobby Watson esti vocé fatando? |A SMITH —Voot quer dizer Bobby Watson, 0 caixeizo- “HRT rH —Todos os Bobby Watson sto. caixcros-vis- 'S cyurrHt—Que profiséo tcrvel! No entanto, && bom aii. " SS Sherr —sim, quando no soncoreéaciag SMTi ulado € gn concortensn? 8 SMITH As loran, Ss guiatas e 48 feral, O SMITH Akt wos dns por semana! Eo que € que oiby. Watton darante tere? CSET Mas por que Taefo cle no trabalba nesses tuts la sento ba concorcencia? a ‘SShatEHt Bu nie. powo saber tudo. Como & que espn a odas asa pergutas iota? eR fofendiaa)— Voce dle to para me, hur SMITE (sordente)—Vac8 bem sabe ave 86, A SMI "Os hoes so odor aul Noes eam of 0 dis bututtho com 0 tgarro na boea, ou enifo empoando~ 9 cin nai fos, cnguentavezes or din, quando af © fee a beber sem arar SMITH Maro gue dita, voce se farse como as mulheres, furmar 0 dia inti, pa Stor o tempo todo, baton para chy baton pare cae iio ligo! Mas se voc® diz isso 8 SMITE Por oy outa deuat brocade, Ionge ore pomhathe 05 ‘0. SMITH es Sok jamorador bobos que nos somes. Steer 888 ‘CENA TT (0s Meswos B Many lenrondo) Fu sou a crnds. Passe uma tarde te Gaain somn'em homem © 8m Hine ” Saath oe wa Soe eae eer rok ‘ide Sy a gage ee eoa |é fora, Estavam-me esperando. [0 at slam Raat nds Neo are A SMITH — 2 verdade! Estivamos esperando, mas et 4 fome apertaa e ols ato chegavam,Sanoy cose wen oes, Wo comemos nada o dia inteiro! or saido, Geen te ane see eo AAS foe ea ae ¢ diga os Martin entrarem. pridade) Varo ore, GIS atc pn caren (A sre 6-0 sr. Smith soem pea dre 4 ebgutrda pla gual env oat eats Barge” © P=" CENA tt Many © 0 casa Maxros aeMlARY — Porque virgo, tarde? Af! de conte deviam ter vindo hora, nfo €7'& precio ser pontial Ager demas. Fopam favor de experir un pou. ilar) ah CENA IV Os Meswos MENoS Mary A st 6 9 ar Martin sentanse dane w sem Sela sore, com tides,” “™" 42 2 © MARTIN (o didlogo que se trava a seguir deve ser dito ‘uma vor arrastada, manétona, um pouco cantante, ¢ sempre 18 i al) —Desculpe-me, minha senhora, mas se no me engano, Dereceme que i a encontret nalgum Jugar. "A MARTIN —A mim também, senhor. Parece-me que jf ‘9 eacontrei nalgum iugsr. ‘O MARTIN—Nio a teria encontrado, minha senhors, ‘em Manchester, por acaso? A MARTIN —B muito possivel, eu sou natural da cidade de Manchester, mas nao me Iembro muito bem, seabor, no (A MARTIN —Como € curioso! © MARTIN—Como & curios! Apenas, seahora, deixei a vidade de Manchester bh cinco semanas mais ou menos A MARTIN —Come & curioso e que estranha coincidén- | ial Eu também, senor, deixei a cidade de Manchester hi | Ginco semanas mais ou menos ‘0 MARTIN — Vim no comboio das 8.30 da manhl, que | choga a Lontdres as 4.45, senbors. "A MARTIN —Como & curiosol Como ¢ estranho! E que coineidéneia! Eu também vim no mesmo comboio, senhor. ‘© MARTIN —Meu Deus, como curioso! Talvez entio, ‘minha senbore, eu a tenba visto 20 comboio? 'A MARTIN —£ bem possivel, € muito possivel, € mesmo phusivel e afinal de coatas por’ que néo?.... Mas nio me lembro, senor! (0 MARTIN —Eu viajava em 2+ classe, senhora. Néo existe 2° classe na Lagloterra, mas mesmo assim eu viajo em 20 classe. A MARTIN —Como ¢ estranho, como ¢ curioso, © que ccoineidéncial Também eu, senhor, viajava em 2° classe! (© MARTIN —Como € eur contrado na 2” classe, cara seahor "A MARTIN — Isso & bem possivel, mas niio me lembro, caro senhor! ‘0 MARTIN —O meu lugar era na carruagem n° 8, sexto ‘conipartimento, senhora! "A MARTIN — Como @ curioso! © meu lugar também era ‘oa cartuagem ° 8, texto compartimento, caro senor, O MARTIN —Como 6 curiosol E que coincidéncia! ‘Tl- ver nos tenhamos encontrado no sexto compartimento, cara seahoral 19 (0 MARTIN —Estou alojado no nimero 19, cera senhora. ‘eu também estou alojada ahora. OR MARTIN —Isso € possivel, mas nilo me Tembro, caro er ©. MARTIN—O meu apartament & 9 5° andar nies 8, cara seahora. ‘AMARTIN —Como € curioso, mes Deus, como hol B que colneidénela! Também moro no 3 andi Gin eediedons verde, Bste quarto com esta cama wam-se no fondo do corredor entre & verdade eu também nfo me fo, & possivel que nos tenhamos atio, minha senhora, faimos na mesma cama, cara senhora. Foi sneontsarnos ‘A MARTIN — Como é curios, como € esranho! ‘eu, desde que cl i a Londres est ando an run Brose gaye se fw eon shoe morando na rn oo fo. poss (Um longo’ momento nove badaladas). muito powivel afaal de conan! Mas nfo me Tembro, caro CENA VI ‘que, surpreendida pelo ar solene do sr Os mesos SEM Many Tevantou, entretanto, com toda a calma; 0 st. Mar © reldgio toca & vontade. Apés alguns momentos a senhora e 0 senhor Martin afastam-se um do outro fe retomam of lugares onde estavar a principio. Endo, cara senhore Vins’ eva seatiors € = re ‘A (oproximasse do sr, Morin som se apresar. Abrganvse sem expresito. 0 reléglo soa uma vee, multo forte 4 badalada mato forte deve cssstar os espectedores "casa! Martin nao @\ouve)—Donalé, & 1, dating! (Sere reio que no hi ‘minha esposa.. El © MARTIN —Esquecamos, darling, tudo 0 que nfo se ‘passou entre nés, © agore que fos torndmos a encontrar, pro Guremos nfo nos perder outra vez e vivamos como dantes. ‘A MARTIN — Sim, darling. i soa vara Mary na ponta dos ps, com um ‘sobre os labios, entra sorrateiramente ¢ divige-se a0 piiblico) CENA V CENA VIE Os MesMos & Many (Os musmos # os Sure MARY —Elizabeth ¢ Donald estfo agora felizes demais pale ee ree ere one tenia ert A srt eo sr. Smith entram & dirita, sem terem mu- dado de roupa 8 Gilhinha de Elizabeth. Mas a crianga de Donald tem o olho ‘branco a direita eo olho vermelho a esquerla, e a crianga de Elizabeth tem o olno vormelho & dizvita e 0 branco a cesquerdal Assim, todo o sistema de argumentasio de Donald, eparendo com’ esse obstaculo, destréi toda’ a sua tcoria, | ‘Apesar das cointidncias extrdordingrias que parecer ‘ot Drovas definitivas, Donald © Elizabeth nfo sendo pais da ‘mesma cianea, nfo so Donald Elizabeth. Fle pode acte- sitar que é Donald, ela pode acreditar que ¢ Elizabeth. Ele ‘pode mesmo screditar que ela é Elizabeth, B ela pode acre- iter que ele & Donald: ambos se enganam redondamente ‘Mas quem @ 0 verdadciro Donald? Qual & a verdadeira Eli zabeth? Quem & que esti interessado em efabelecer esta ‘confusio? Bu & que nfo sei. NEo procuremos saber. Deixemos 5 coisss como esto. (Val aié & porta, depots voltase ¢ dirt geste ao piblico) Mex verdadelzo nome & Sherlock Holmes. (Sai. 4 SMITH™ No, eth mao atl ‘A MARTINO, 0 sonkor, nr Lade no dveria, (sienaoh ‘SMrrIt— 0 coragio nfo tem idade, Silene 8 Manctin —s0 ieee! A SMITH Vocés vsjaram tanto que podiam contar analgur cob de interesante (para a muler)—Diga, quetida, 0 que & que paosea hoje? a RTIN~Nio vale a pena. Ningusia screditari. © sMrtit—~winguem vai dividar da sors, ‘A SMITH— Sora ume ofeate penser iso de nbs dindria, Uma coise incrivel. © MARTIN Diz logo, suerids Ab, agora val ser divertide. A SMITH — Fisalmere. eral ers de am cafe, um omen smuto bese vendo, deans Cagcnts anos Ge ade talvez nem isso, que. aoa ee oan © SktrrH Gre" 9 quer & SMITH — Que que? og, SMITE (gee @muer)—Nto intesomes, ques m j)— Bem, se & assim, vou contar, A SMITH —Mas, querido, foi yoo? que interrompeu_ pri ‘meio, idiota, ‘0 MARTIN—Chut. (Para a mulher) Vamos, 0 que € que fazia esse homer? ‘A MARTIN — Bem, yoots vio dizer que ex estou a inven ‘tar, mas eu vio pér up joelho no chao © curvarse ‘0 SMITH, O/ MARTIN, A SMITH — Oh! ‘A MARTIN— Sim, curvado. 0 SMITH—Nao € possivel A MARTIN—Curvado, sim. Aproximei-me para var 0 que estaya a fazer. SMITH —E entio? ‘A MARTIN—EFle estava a atar os cordées do. sapsto. © MARTIN, OS SMITH — Fantastico! © SMITH — se nfo fosse pela senhora, eu nfo acreditari, 0 MARTIN—E por que no? Véemse coisas ainda mais extriordinisias quando se anda af pela rua. Hoje mesmo, vi | no aulocarro, sentado’ atm banca, um homem que lia tan- Guilamente o'seu jornal salguém, Eu’ vou ver, (Val abrir a inguém. (Sentarse) E (0 MARTIN—Eu vou dar outro exemplo... (Compainka) (0 SMITH —Fatio a tocar. A SMITH —Deve cer alguém, Bu vou ver, (Vai abrir a porta, fechava ¢ volta) Ninguém. (Senta-se). (© MARTIN (Esqueceu onde estava, procurando recordar- seJ— Ant. O que € que eu estava a dizer? "A MARTIN Voce ia dar um outro exemplo. © MARTIN — Ab! f verdade... (Campainha). © SMITH —Bstio a tocar ‘A SMITH — Desta Yer ao vou abrir, | guada também aio. Porque deve ser alguem agora! © SMITH—Porque tocaram 2 campainhs, ora essa! A MARTIN — Iso nfo ¢ uma razio, © MARTIN — Como? Quando se olive tocar & porta, 6 ‘porgue esti alguém & porta, e toca para que Ihe abram a porta ‘A MARTIN— Nem sempre. Vocés bem viram ha poucol (0 MARTIN — Mas. quase sempre. 0 SMITH —Por mim, quando vou a casa de slguéin toco Sempre para que me sbram a porta. Atho que toda a gente 25 gem esta tocando, "A MARTIN — Nunca. © MARTIN — Nem sempre (0 SMITH eso ¢ que mio, A maioria das vezes quando se ouve totar & porta, € porgue alguém esth tocando, A SMITH (para 0 marido)— Nao. © SMITH — sim, ‘A SMITH — J4 te disse que nfo. Em todo 0 caso, desta ver voot nio me vai fazer levantar sem motivo, Se quiser, Va * Smith sacode os ombros: ‘dot (Olhando pera as Sith e porao» Martin. que es Minpreentis) B @ eomandaate dos Bomberos! CENA VII Os meswos » © COMANDANTE DOS BoMBEIROS BOMBEIRO (Este usa, & cloro, um enorme capacete ue britha e um unijorme)— Boa tarde, minhas senhoras € senhores, (Os clreunstantes mosiram'se ainda um pouco adh 2% pados, A sr? Smith, zangada, vira a cabeca ¢ ndo responde a Sauder. Boa tarde, Sls A senhora passe ear an: gale ‘A SMITH — ob! 6 SMITH —B que, 0 seahor ‘um pouco hugs porter MARTIN Seshor tomandante, howws spes08 ma pe uenina conttvarsin entre a see 9.3. Sih Too Mert) senor nio tm nads i). ‘eres f 1 SHiLIH— Ors, querida,afo € nada de grave, O coman- dante € um velbo amigo ‘casa. Aife dele adore ipa era um bom sujet. Ele até pedi mina flba em esta ‘nto, quando eo tveee ama Cotado, morey ances dso. G'MARTIN™ A ipa nto € dele, som su BOMBBIRO — Stas 9 que ha atial? ACSMITH™ Meu mario taimava ‘A MARTIN —Nio, ele... BOMBEIRO—Calma, calma, nfo se enervem. Conte & Lisria, si Smith. ‘A/SMITH—Esté bem. Eston um pouco intimidada para Ine falar francamente, mas... um bombelro, afinal de contss, © uma especie de confessor, BOMBEIRO—E onta0? ASMITH—Estivamos discutindo porque meu marido dizia que quando se ouve tocar a campeinha da porta € sinal que ha alguém acras da porta. "0 MARTIN Isso # bastante plausivel. ‘A SMITH—B eo dizia que sempre que tocam nfo hi singuém. "A MARTIN —O que pode parecer estranho. ‘A SMITH— Mas fol provado, nfo tedricamente, mas por A mais B, por factos. “Isso falso! Entfo 0 bombeiro nio esti aqui? ‘0 MARTIN— Agora mesmo. A SMITH—Sim, mas s6 depois de se ter ouvido tocer ‘uma quarta vez 6 que se encontrou alguém. E a quarta vez so conta, "A MARTIN — Claro. As tsés primeiras € que contam. 2 © SMITH— Senbor comandante, 0 senhor permite-me que cu Ibe faga algumas perguntas? BOMBEIRO —Pois io. © SMITH ~ Quando eu abri a porta e 0 eneonttei, foi 0 senhor mesmo quem tocoa, nfo foi? BOMBEIRO—Eu mes © MARTIN —O senor extra 8 ports? Tosou pars sx rar! BOMBEIRO — Sim. © SMITH (para a mulher, vtoriosamente)—Estés 2 ver, como eu tinhe azo? ‘Quando a campainha toca, & porque alguén tocou. Vocé no pode dizer quo comandant nfo ¢ alguem, BOMBEIRO —Nio, nfo era ev. ‘A MARTIN — Estio aver? Tocaram ¢ nfo era ninguém, ralvee fosee outa peisoa. ‘muito tempo que 0 senhor estava afi BOMBEIRO — Hé trés quarios de hore 0 SMITH—E nfo vin ninguém? BOMBEIRO —Ninguém. Tenho 2 certeza AMARTIN—E 0 senhor ouviu quando tocaram a se- (Ao Bombeiro) £0 que & que o senhor estava a fazer & porta? “BOMBEIRO— Nada. Estava ali, Pensava numa poreio de ‘© MARTIN (a0 Bombeiro)—Mas a terceira vez. fol o senhor quem tocou? BOMBEIRO— Sim, fui eu © SMITE — Bas quando fomos ebrir a porta, 0 setbor aio estava Hd BOMBEIRO—Foi porque ev me escondi... pouro. ‘A SMITH —Nio tla, comandante. O caso 6 triste © MARTIN — Mas, afinal, scebamos por nfo saber se quando tocam 6 alguém ou tio. ‘A SMITH — Naot © SMITH— Sim, sempre! 8 ako para rir um = | | | _ BOMBEIRO—Vamos chegar a um_acordo. Os dois tém ‘mals ou menos sazio. Quando 2 campainha tocs, as vezes hs gente, oultrs, nfo. ‘© MARTIN — Isso & mais (gic. ‘A MARTIN — Tambien acho. BOMBEIRO— As coisas, na realidade, sio simples. (Para ‘9 casal Smith) Vamos, um abraga. "A SMITH — Alnds h& pouco nos abragémos. © MARTIN —Deixe-os, amaohi se abragam. Tém muito ITH — Comandante, jé que 0 seahor nos ajudou a tos limpos, panka-ee & vontade, tie 0 capa- em, mas née posto ficar muito ou tirar o capacete, mas nfo tenho tempo para me * (Sentave, sem tirar 0"eapacete) Confesso que vim aqui isa, Estou de servo, Fava SMITH —Em que servigo le posso ser tit? BOMBEIRO—Queiram deseulpar a minha. indiserigio, mas... (Embaragado, mostrando 0 casal Martin) posso. diaate dels, ‘(A MARTIN —Nio se acanbe ‘MARTIN —Somot\ velhos amigos. Eles contam-nos tudo. (© SMITH — Diga, diza BOMBEIRO—Bem, enifo... no h& slgum fogo por ai? A.SMITH— Por que. perguita isso? HOMBEIRO—B porque... perdoem, mas tenho ordem de ‘apagar todos os incEatlios na ‘eidade. "A MARTIN — Todos? BOMBEIRO— sim, todos. A SMITH (conta) —Nio se eu v8 ver (0 SMITH (fungando)—Acho que nfo hé, no. Néo esta cheicando chamusto BOMBETRO (desolado)—Nado, io crvio... quer que ma chamin¢? qualquer colsa que est ‘ba cave? Um principio de incéndio, a0 menos? ‘A SMITH™-Ouga, meu caro senor, sinto muito, mas acho que agui em casa no bA nada, por enguanto.’ Logo fue scontecer qualquer coiss, eu prometo que aviserci 'BOMBEIRO—Nio se esqueca, por favor. Presta-me um grande servigo. ‘A SMITH — Prometido, BOMBEIRO (Pare 0 casal Mort Gen nada a ander? 29 A MARTIN —Nio, infelizmente, ‘© MARTIN (ao Bombelro)—Os negécios vio cada ver piot, nese momento! BOMBEIRO—Nio hi quase nada, apenas uns sescaldos, uma charming, ponias de cigarros, nada sério. Nao dé nada E como nfo’ Hi rendimento 9 prémia da produgio ¢ zero (0 SMITH—Tudo vai mal. E a crise € geral: Comercio, agricultura, este ano esti exactamente como 0 fogo para senor, tudo eada vez pior. (© MARTIN —Nem trigo, nem fo BOMBEIRO— Nem inundacdes, ‘A SMITH — Mas agdear, hi, © SMITH —8 porque 0 mane lo estrangeio. A MARTIN—Para os incéndios € mais dificil, Muitos impostos! BOMBEIRO— Ainda assim ha alguns, mas sto. raos, ‘Uma ou outra asfixia pelo gis. Uma mulher, na semana pas sada, deixou 9 gis aber. "A MARTIN — Foi esquecimento? ,BOMBEIRO —Nio. Confondiu 0 Togto com o pene do (© SMITH —Essas confusdes sio sempre perigoses! ‘A SMITH — AbI Th Toi ver oa tabacaria? BOMBEIRO—Nio vale ® pena. Esti segura contra in tatios. O-MARTIN—Entto vé ver de minhe pare 0 vightio de ‘Wakefield! oe ‘A SMITH —| ; 6 MARTIN —Comece! & MARTIN — Silene BOMBEIRO (ste vd hes asi: pra im fine, a> THK —Ele & encantador! (Beti-). ao ACMBBLRO Bom, agors vou comesar. Mas promet no me ula Te Bo SRTIN —Mas se nfo. escutarmos como pod ccomegar. a eres) —Deseulpem, mas no ‘nvergonbado, Eu sou muito 320, née "Bums crianga janga encantadora! (Bel: BOMBEIRO — © SMITH —Ele tem razio. SMITH (urge) — ORF BLOT as BOMBEIRO—Ele apagowo sbzinho, clandestinamente, F BOMBEIRO— Um vitelinho come: ‘A SMITH—Mas quando 0 fog bem. que eles o apagaram! BOMBEIRO— Ele agagou-o sdzinho, clandestinamente, f claro que nfo © vou denunciar. ano. passado, fra 0. Galo, Bea una Br TeeMcit agora vos. contar outa. ©. Galo, Era una ‘eum elo a gut psn For =f, ah M80 Men jorra queria Pe ita ca compen, 0 ators sar por galo e ninguem 0 reconkese eS Di! BerrHT Agora ¢ 2 minha vez de contar uma: A dante, que mais um instante, Nao imagina o prazer us nos da \ BOMBEIRO—Querem que Ibes conte anedotas? A SMITH — Optimo. O senhor & formidavel. (Beljo-). © SMITH, 0 MARTIN E A MARTIN—Sim, sim, cont ‘uma anedota. Bravo! (4 lauder), a A SMITH (cai de joethos solugando ou ndo)— Suplic (BEIRO Ess bem, : os COMMITEE foo ouside da ar." Metin) Ele acct! V Uma raposa no dé dinheiros, respondeu 0 gue para escapar, pulou num vale profundo ¢ de mel de galiahs. A serpente Id estava | ‘esperando, com uma gargalhada meistofélica. A reposa s4col fde ume faca, berrando: eVou-te ensinar a viverls Depois vires 88 costes ¢ saiu correndo. Mas nfo teve sorle porque 2 sor. ppente foi mais esperis. Com um $oco eetteiro stingia a raposa na esta, que se qusbrou em pedacinhos. Gritava «N40, aio! Quatro veces no. Nio! Ngo sou tua filhal ‘A MARTIN interessante, ‘A SMITH—Boa piads. O MARTIN (operta a mao do sr. Smith) — As minhes f lictagdes. 10) —Nio € grande coiss. Eu jk co- 7 ‘nfo aconteceu, ‘A MARTIN — Infelizmente, © MARTIN (para-a.ir ith) — Agora € 3 sua vez ‘A SMITH —Eu conheso s6 uma. Vou contar. Chama-se © Bouguet © SMITH — Minha mulher fot sempre roméntica © MARTIN—E uma verdadeira Ingless A SMITH— assim: Uma vez, um noivo trouxe um que Ie tinha preseateado um seu primo, cunhado eouguets def onigues, flo neural de um mason mulo po- "onde de aie tomou por mulher a fitha de umn ode lee do tbo dem ler iandot alte aces fomovas Dissecadetn e forse embora por age e por al | t2N0, ale mao filko nat Por aqut,e por a eas dus vez seas CO MAREIN Que marital (Bea ov néo"boj'e | ,,0, MARTIN Th cate ess tei on RMA —Sua mulher, caro Smith, é de fechar E BOMBEIRO — Nio era 8 mesma. cA MATIN —s Smit, & de fechar 0 POMBEIEO Nis © SMITH 2 Yerdade, Minba muther & a inelgbaci penonificads. Ela ¢ mesmo ais Intelgente do que ee Bia todo 0 caso cla ¢ muko mals femining Discrs ° ‘A SMITH (ao Bombeira)—~AMais uma, comandanes BOMBEIRO™- Oh, no. Ha # muno tarde, © MARTIN — (OY cicn.. Como era? Coin terse ma et Oana cua patted resid, 8 ual fara viva ite edo. STL —come abe MABE ie muta BOMBER Stato de nova cos um teow fo 2 fbn te tm tae de este Het aii que soe veneer no caminho te 8 nit SR ei ee ev casou. com uma fiant, eajo pai tina a eee recto de ume cidade, qe extou com Um profesor furs co primo, pescado d= 0 MARTIN Agias Tare. 3 AMARTIN— 0 scahor tem um carasio de pedea. Bs tamos ardendo de curiosidade. pose BOMBEIRO — hamava também IM; Maria, também prot (0 SMITH Se HOMBEIRO —... 2 cujo pai uma velha que era sobrinha de um céra, que tinha u ‘as vers, tura de ave do Sempre a gente se Ob, sim, comandaa! ITH Ihe_pedimos. BOMBEIRO— Ah, nio sei se vou poder. Estou de servigo. Depende da hora, io funciona bem, Tem espirito de con- tradigfo. Marea sempre 0 contrério'da hora carta CENA IX Os seesutos, com Many MARY.—Minha senhora,.. meu senhor. A SMITH — Que ¢ quo vocd quer? © SMITH— Que ¢ quo voce vem fazer aqui? MARY — Que a senhora e 9 senhor me desculpe, ssa senhoras © senhores,... ex queria, queria, (ar ‘contar uma. anedota, ‘A MARTIN— Que & que ela est a dizer? © MARTIN — Parece que louca... Bla também quet con BOMBETRO — Quem pensa ela que € (Observo-a) Oh! ‘A SMITH —Por que ¢ que vi © SMITH — sts ‘saindo fora da Tinha, Mary. BOMBETRO— Oh, mas ¢ ela! Nao ¢ possi ; MARY —Nio € possivel? Aqui? ' : J reno de STEINBERG) A SMITH—Que quer dizer tudo isso? (© SMITH — Voets conhecemse? noBOMBEIRO—E como nio! (Mary arose ao peeve do rombeito) | MARY —Enfim, toro veto! (O$ SMITH — Ob! (© SMITH — Isto € demais em nosta casa e nos arredores ‘A'SMITH — Iso ¢ inconvenieate! BOMBEIRO—Foi ela quem epagou os meus primeires esguicho de égua ‘2G 2h Meus on ania. Bis -—senfimentor S20 Tumanos © Bonross _SU"MARTIN —Tudo que € hnumano ¢ honroso. ASMITH Mesmo asim eu nio gosto de véla aqui. gue uma criada, afinal de conias, nfo 0 MARTIN Mesmo que tective, ‘BOMBEIRO —Larga-me. MARY —Deixecte disso... Eles nfo so to maus como parecer, (0 SMITH —Hum,.. Hum... Voois sio enternecedores, os ‘ne exprimit bem... enfim, nao digo isso pelos seahore.. ‘MARY —Eu queria conte, (© SMITH —Néo conte nada... MARY — Conto, ss ‘poemas diante do "A MARTIN Esta manhé quando olbaste para 0 espelho ‘lo te viste Ii) ‘0 MARTIN—E£ porque sinda 14 nfo tinha chegado.. MARY —Bu podia pelo menos recitar um poemazinho. ‘A SMITH — Maryzinh, voce muito teimosa, heim? esse? Um fogo numa cha- MARY —Vou recitar um poema. Entio! Esta bem? & ‘um -poema que se chara 40. Fogos, em homensgem 20 comandaste, im isso, Um fogo de palha © uma propésito, 2 = Cantora ‘A SMITH — Continua ‘BOMBEMRO — An! ‘A Hlaresta pegou fog0 Gs homens pegaram fog0 ‘As mulleres pegaram fog0 ‘Os passarinhos peguzam fog0 Qs peixes pegaram fos0 E80. — Asin 'E para todos. Tat Todos o conduzem até d porta ¢ volta CENA XI (0s atzsnos, SeM 0 CoMANDANTE DOS BoMEIROS A MARTIN — Bu posto comprar um canivete para © mes ‘nmio ans yoot ado pode comprar a Irlanda para 0 seu av®. "O 'SMITH.— Andamos com os pés, mas aquecemo-nos com 1 elesiicidade ou com 0 carvao. MARTIN. Quem vende hoje um corvo, amanhl teré .e numa cadeira mesmo quando bio. f’ sMITH—Quando digo sim, ¢ uma maneira de felar. tim 0 seu destino ‘um circtlo, gcarciti-o e cle se tornart Sitio hearts Sp Ain, ir ohana. gS hace es a gata di de mamar 20s fondo sio poquenos. aA MARTIN —Enguanto a vaca nos dio melhor. 6 SMITH Quando estou no campo, gosto da solidio € a cal, 0 MARTIN —Vocé ainda nfo tem idade para isso. 0 A SMITH—Benimin Prenkia nha rato —vo menos tranquilo do que ele. oe ‘A SMITH — Que gente do que uma meia cea © SMITH— Antes um fete num ctalé do que uma #8 num canapé. = © MARTINA casa ‘A SMITH Nap set bas comprecue. ‘A. MARTIN —Dor-lhe voct me der 0 eaixto. do seu marido © SMITH procuro um padre mo com a nosts eras © MARTIN—O fo ¢ uma 4 tambéay uma arvore, ¢-d0 earvalho sim ao averse THO met tio vive no campo, mas is da on da parteira. Be MARTIN--O papel € para excrever, 0 gato ¢ para 0 rato, O qusio & pata arranhai, oes "A SMITH—-O automovel vai depres prepara melhor 08 praton. O SMITH—Nto sejam pat o conspirador © MARTIN — Chari ‘A SMITH Bape sinho. TAO MARTIN Pode provarse que 0 propio soi ¢ ‘0. SMITH. (Depots desta os chinslos da minke sogra ee e, enguanto 0 plo ¢ Jum earvalho’ todas aio € pas a cozinheira € melhor bejjar primeiro 0 final desta cena, as quero ersonagens dev Sstor de pS; mult. prsinos uns dot 2. Gritando a sues replicas, tenantonde ot punkor pron tos a engalfinharem-se). ” tend OF UN 0 © MARTIN —Nio se limpam Sculos com graxa_preta. A sim, may com dinheiro pode comprar-se tudo ‘9 que se quer. 10 MARTIN —Prefiro matar um opelho do gue cantar aque cacadas ° MARTIN — Que exscata de cacadas, que cascata de ca: je caseata de cacadas, que caidas, que cascata de cacala ie cacadas, que cascata de fs cachorros tém "MARTIN — Cactus, eoccix, coco, cvcardio! cachorrio! ‘A SMITH— Embarricador voc’ nos embarrica © MARTIN —Prefire por um ovo do que roubar um. TRC MARTIN (obrindo desmesuradamente a boca) — Abt A ‘as, dio encau! Os cacaveltos dos cacaunis nfo dio cetstuas, Gio cacaut Os exeaueitos dos cacausis no do catatuas, dio TR SMITH —As ratazanas tém pestanas, as pestanas nfo tem rutazanas "A MARTIN —Néo mexa com a minha amé © MARTIN —Néo remexa a ameixat © SMITH Mere a madoixa, mas deixa a ameixa (S MARTIN— A madeixa mere © MARTIN —Quem se queixa da ameixa nko se meta ‘com-a madeixa. ‘0 SMITH—-A emeixa tem eixo, 2 madeixa tem cixa ‘A MARTIN — Deira a, queixa! ‘A SMITH— Santa madeixe! 0 MARTIN— Tua qu desleixa © SMITH —Néo me ein ‘A MARTIN —Porca meixa! Pega tua deixa! utra delxa! © MARTIN — Alexandre, © SMITH— Dumas ‘A MARTIN © O SMITH — Filho. 4a Balczo! es, be ‘A MARTIN— Mel no fel, pastel no mel. ‘A SMITH (Imitendo 0 comboio) — Teh ‘Voheckt.. Teheck.. Tchosk!.. Teheck!... Toheckl... Teheck! ‘0 MARTIN— At A SMITH — Qui! (odos ao mesmo tempo, no auge do furor, berram aos ‘ouvidos uns dot outros. luz apagouse. No obscuridade, ‘uvetse num ritmo cada vez mais répido): TODOS —Nao é por lé, & por aqui, néo € por li, ¢ por aqui, nfo é por I, € por edu, nio € por Ja, € por aqui, alo é'por ls, € por aqui, a0 6 por Ml, € por aqui. (As palavras cessom bruscamente. A cena iluminase de nova, O sr. ea sr Martin esido sentados onde se encon- ‘05 Martin, nna I" cena, enquonto @ pano desce suavement). 2 Como Joao Gaspar Simées fala de © ANTLTEATRO EM PORTUGAL ‘Com a devida vénia, transcrevemos do «Jornal de Noti- i “de 17 de Mato de 1959, 0 seguinte artigo que ‘vente significativo da psigao mental do Autor ‘slo. noseo3) wea Guses isa que sudlramos orrrceot pelo seloeo. da Europa, descomie rudio ¢ a televielo, Os avides ainda nao para representa qualquer coisa de tio far que no hit quem no se aperceba de 8 Paris, Em todo 0. ca i ‘que visiondrio adepto das aguardam 0 © papel de de um: certo ntimero de peras que, como rincfpiam a irradier pel 39 material que nos cerea, seja 0 ‘comportamento dos hom: sdos de onde vi de vista da atraso: estamos coin o re :0 nao de certo pela spareceu foi no penta de vista mundo expedidas dos patcos de vale a pena hema = como peixe na dgue diante de az = subpesioas iia pode orgulhosamente pro. lamar que gasiou, gostou muito, porque nao. pereebeu abso: Totamente: nada pars pereebe ‘Evidentemente que nis inferiordades. ow a ‘onguanto nada rpercebessein ‘que tinkam aes primitivas que ouviram narrar os eplsbdios sory sla vinganes do mogo principe ‘da Dinamarca, Vingst Por que a mie casara tom o 19 do maride?: M: mulher do irmio 96 lamo nupeisl? (0 entendiam. costumes © outras ‘Tinham ouvido contar qualauer ie no podiam deicer de Ime Inve ‘que fe dos olhos no desconchavo de Beckett, 45 SHOWIS UVUSVD OVOr

Você também pode gostar