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RESENHA DO CAPÍTULO V “A CIDADE NA REGIÃO.

NASCE O PLANEJAMENTO
REGIONAL: EDIMBURGO, NOVA YORK, LONDRES (1900-1940)”, DO LIVRO CIDADES DO
AMANHÃ, DE PETER HALL.

REFERÊNCIA DO TEXTO: HALL, Peter. A Cidade na Região. Nasce o Planejamento Regional:


Edimburgo, Nova York, Londres (1900-1940). In: _______. Cidades do Amanhã. São Paulo:
Editora Perspectiva, 2002. p.160-203

O planejamento regional nasceu com Patrick Geddes, mas foi através do encontro com
Lewis Mumford na década de 20 que sua teoria foi desenvolvida. Sua filosofia encontrou lugar
na cidade de Nova York, com um brilhante grupo de planejadores, e a partir daí espalhou-se
pelo mundo, influenciando o New Deal de Roosevelt, na década de 3º, e posteriormente, sobre
o planejamento das capitais europeias.

GEDDES E A TRADIÇÃO ANARQUISTA

Tendo como base os trabalhos dos geógrafos franceses Reclus e Vidal e do sociólogo
Le Play, extraiu o conceito de região natural, buscando estudar a região em sua forma pura,
separada da grande metrópole.
Segundo Geddes, é essencial partir de um levantamento dos recursos da região natural
para elaborar o planejamento. Trata-se de um levantamento geográfico, histórico e social. Esse
método baseado no levantamento tem origem nos estudos de Vidal.
Traçando um corte transversal do declive de uma montanha até o mar, seria possível
encontrar a famosa “Seção de Vale” desenhada por Geddes, “o esboço seccional essencial de
uma ‘região’ de geógrafo, pronto para ser estudado” (pág. 165), em que relaciona as
características culturais dos povos às características naturais presentes em seus locais de
origem, propiciando o conhecimento de um “ambiente ativo e vivenciado”.
A região não era apenas um objeto de levantamento, mas ela devia fornecer a base para
a reconstrução da vida social e política. Neste ponto, fica clara a influência da geografia
anarquista de Reclus e Kropotkin, pois para eles a evolução cultural estava sendo atacada e
corroída pelo Estado centralizado e a expansão da indústria pesada. Ambos baseavam suas
ideias nos escritos do anarquista francês Proudhon, que acreditava em uma sociedade livre
como base para um sistema descentralizado e não hierárquico de governo.
Na nova era da descentralização industrial, batizada de era “neotécnica”, seria essencial
a conservação pública e a evolução de vidas alheias, com os esforços de milhões de indivíduos
para criar uma “Eutopia”. “[...] Cada região e município pode aprender a gerir seus próprios
negócios” (pág.170), organizando “uma federação ampla o bastante para suprir as
necessidades” (pág. 170). Portanto, incentivava a busca de equilíbrio e independência da
região, a partir de sua auto-organização.
Em seu livro “Cidades em Evolução” (1915), Geddes constitui a explanação mais
coerente de suas ideias. As novas tecnologias neotécnicas (energia elétrica, motor de
combustão interna) causaram a dispersão das cidades e, consequentemente, sua
conglomeração. A esses “agregados-cidade” (pág.171) Geddes denominou de conurbações.
Esses municípios em expansão se baseavam na antiga era paleotécnica, que
desperdiçavam recursos e energias, minimizava a qualidade de vida, e como consequência
produziam desemprego, a enfermidade e a criminalidade. Este quadro era associado à falta de
integração entre o campo e a cidade, e principalmente entre o campo e as pessoas. Assim,
seria necessário “trazer o campo até eles” (pág.171), produzindo o crescimento botânico
dessas cidades.
Geddes foi quem forneceu a base para o trabalho de planejamento de Mumford e os
membros da Regional Planning Association of America (a RPPA).

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