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EAD

Arte e Conhecimento

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1. Objetivos
• Conhecer os principais pensadores da Antiguidade grega
e suas concepções sobre Arte e Estética.
• Compreender a intersecção entre Estética e manifesta-
ções artísticas na escultura, pintura e teatro gregos.
• Conhecer os principais pensadores da antiga China e suas
ideias sobre o mundo, a Arte e a beleza.

2. Conteúdos
• Conceitos gerais.
• Filósofos gregos: Sócrates, Platão e Aristóteles.
• Teatro grego.
• Artes plásticas gregas.
• Filósofos chineses: Confúcio e Lao-Tzu.
• O Belo na China.
• Escultura e pintura.
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3. Orientações para o estudo da unidade


Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que
você leia as orientações a seguir:
1) Para saber mais sobre a vida e a obra de Sócrates, assista
ao filme Sócrates, produzido pela televisão italiana e
dirigido pelo cineasta italiano Roberto Rosselini, lançado
pela Versátil Home Vídeo em 1974.
2) Para fazer e manter contato com a filosofia platônica,
leia o livro de bolso lançado pela Editora L&PM, em
2009, Apologia de Sócrates, que reproduz os diálogos de
Platão: Críton e Eutífron.
3) É interessante fazer a leitura de A Poética de Aristóteles e
Édipo Rei, ambos com várias traduções para o português.

4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Na Unidade 1, tivemos uma visão geral dos conceitos
relacionados aos estudos de Estética. Nesta, conheceremos os
principais filósofos gregos e chineses que influenciaram esses
estudos, e de que maneira as reflexões desses pensadores da
Antiguidade ainda ecoam nos dias de hoje.
Perceber o alcance atual de ideias surgidas há tantos séculos
é algo que vem se tornando recorrente. Há algum tempo, as
filosofias da Antiguidade grega e oriental voltaram a ser valorizadas
e compreendidas como parte de um corpo de conhecimento
holístico. O holismo busca abarcar todos os aspectos do saber,
vendo-o como um conjunto e não como algo divisível, que possa
ser estudado em partes. Além disso, essas filosofias voltaram a
integrar o conhecimento metafísico, regido pela razão pura – ou
seja, abdicando de experiências empíricas em prol de proposições
e deduções lógicas.
Nesta unidade, embarcaremos, portanto, nesse processo de
revalorização, tratando da origem dos estudos acerca da percepção
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do "belo" e do surgimento dos conceitos filosóficos aos quais hoje


chamamos de componentes dos estudos estéticos.
É importante perceber que o conceito de "beleza" estava
diretamente relacionado à sociedade da época e a seu modo
de vida. Tendo isso em mente, poderemos também perceber a
diferença entre a Estética do Oriente e a do Ocidente por meio de
seus grandes filósofos.
A Estética (enquanto estudo) na Antiguidade teve grande
influência não apenas no campo filosófico, mas sobretudo na
aplicação de ideias e visões do mundo da Arte. Veremos nesta
unidade como tudo isso se deu. Bons estudos!

5. conceitos gerais
A tarefa dos estudos de Estética não está propriamente
em ditar regras de como deve ser uma "boa" obra de arte, nem
em teorizar normativamente, ou seja, de maneira prescritiva,
enumerando o que deve ser feito, a respeito da Arte. Em vez
disso, os estudos estéticos analisam as obras de arte segundo
critérios filosóficos bem fundamentados. Tampouco se pode dizer
que a Estética determina técnicas ou materiais que devem ser
empregados, mas compreende a importância deles no campo das
artes, conectando-os aos estilos artísticos, à História, à Sociologia e
à própria Filosofia. Pode-se dizer, então, que a Estética é o próprio
conhecimento relacionado à Arte e às questões que a envolvem.
Devemos salientar que a Estética, além de não ser Arte, mas
sim um estudo sobre a Arte, não é um estilo artístico, tampouco é
uma teoria que defenda este ou aquele estilo artístico. A Estética
é um estudo especulativo e não pragmático, tendo fim em si
mesma. Sua finalidade está sempre no conhecimento, no exercício
filosófico e na crítica reflexiva a respeito da Arte.
Os primeiros filósofos surgiram na Antiguidade. Alguns
deles discutiram a essência do belo em um contexto histórico de
importantes definições, sobretudo políticas e sociais. A seguir,
conheceremos mais sobre alguns desses filósofos.

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6. Filósofos gregos
Iniciaremos este tópico com uma citação na qual Platão cita
Sócrates discutindo a respeito de juízos éticos ou estéticos:
Então, qual seria o assunto que, por não ser passível de decisão,
causaria entre nós inimizade e nos tornaria reciprocamente
irritados? Pode ser que não esteja a teu alcance, mas considera,
pelo fato que estou dizendo, se se trata do justo e do injusto, do
belo e do feio, ou do bom e do mau. Com efeito, não é por causa
disso que, justamente devido às nossas diferenças e por não poder
conseguir uma decisão unânime, nos convertemos em inimigos uns
dos outros, quando chegamos a sê-lo tanto tu como eu e todos os
outros homens? (PLATÃO, 1999, p. 43).

Veremos logo à frente quem foi Platão. Antes, porém, vejamos


quem foi Sócrates, um dos personagens representados no texto.
Sócrates foi, segundo os próprios gregos, um dos maiores (senão,
o maior) filósofos da Antiguidade. Teria vivido aproximadamente
entre 470 e 399 a.C. Ateniense, Sócrates representou o apogeu
do chamado "período de ouro" da cidade-estado grega de Atenas,
quando, no século 5º a.C., se tornou o principal centro político e
econômico da Grécia, desenvolvendo a democracia, as artes e a
filosofia.
Consta que Sócrates (Figura 1) exercia a Filosofia, mas não a
tomava como um "trabalho", no sentido moderno da palavra. Via,
portanto, o exercício filosófico como busca incessante da Verdade,
mas não encarava tal atividade como profissão. Assim, não cobrava
dinheiro dos discípulos que o acompanhavam e, principalmente,
não chegou a deixar nenhum trabalho escrito. Todos os registros
que se têm das falas e pensamentos de Sócrates chegaram até nós
pelos alunos, principalmente por Platão.
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Figura 1 Busto de Sócrates no Museu do Vaticano.

Sócrates desenvolveu um método filosófico conhecido como


"Maiêutica". Tal método se guia pela dúvida e pelo questionamento
incansável das ideias pré-concebidas a respeito de qualquer
assunto, para que, ao final do processo, possamos atingir o ponto
do conhecimento verdadeiro (como vimos na unidade anterior,
para os gregos antigos, os conceitos de Verdade, Beleza e Bem
estavam intimamente ligados).
De rigor intelectual e ético inabaláveis, Sócrates, por sua
posição de questionamento em relação a diversos tabus, acabou
perseguido e condenado à morte em Atenas. Segundo os escritos
que relatam o fato, ele poderia ter se salvado da condenação caso
tivesse voltado atrás em alguns dos seus princípios, ou mesmo se
tivesse fugido; até o fim da vida, porém, o filósofo manteve suas
convicções, preferindo defendê-las e acatando sua condenação:
tomar cicuta (um veneno).

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Não apenas a vida, mas também a morte do filósofo foram


representadas em diversas obras de arte. Rafael (1483-1520)
representou Sócrates como personagem principal de seu afresco
A Escola de Atenas, apresentado na Figura 2, na qual aparecem
alguns dos principais pensadores que viveram em Atenas nesse
"período de ouro" da cidade. Rafael foi um dos artistas mais
famosos do Renascimento italiano. As características pictóricas
de suas obras são a fusão entre figuras e espaço, a harmonia de
gestos e o equilíbrio de massas.
Na obra (Figura 2), Rafael retratou vários dos grandes artistas
de seu tempo. Para representar Platão (a figura esquerda central
no fundo, ao lado de Aristóteles), retratou Leonardo da Vinci, no
primeiro plano, no degrau mais baixo à esquerda, Michelangelo
representa o filósofo grego, Heráclito. Rafael utiliza o seu
autorretrato para representar Apelles, o famoso pintor da Grécia
Antiga (extrema direita no primeiro plano). Há ainda várias outras
pessoas da época de Rafael representando personagens famosos
da cultura ateniense nesta obra.

Figura 2 A Escola de Atenas (Sócrates aparece ao centro, com um manto vermelho, ao lado
de Platão, com um manto azul), Rafael, 1506-1510, afresco, Palácio Apostólico, Vaticano.
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Também o pintor francês Jacques-Louis David, um dos mais


importantes representantes do estilo neoclássico, ilustrou a morte
de Sócrates em um de seus mais famosos quadros, como mostra
a Figura 3. Entre as principais características das obras desse
artista, estão os chiaroscuros, áreas de luz e sombra que auxiliam
na impressão de volume, a simplicidade, a severidade, o desenho
impecável e o grande apreço pela Antiguidade.
O estilo neoclássico surgiu em meados do século 18, quando
houve na Europa uma redescoberta do mundo clássico grego e
romano, redescoberta que influenciou as mais diversas áreas da
cultura. Esse fator, aliado a outros, teve reflexos não só no lado
estético do cotidiano ocidental, mas também em áreas como a
Filosofia e a política. Surge, assim, o Neoclassicismo, que se baseava
na ideia de que a magnitude da Antiguidade grega representava a
norma mais reluzente que havia, e tudo, até então, fora apenas
triste decadência e implacável desmoronamento cultural. Diversos
artistas, nos mais variados campos, passaram à realização de obras
seguindo esse estilo.

Figura 3 A morte de Sócrates, Jacques-Louis David, 1787, óleo sobre tela, 130 x 196 cm,
Museu Metropolitan (Nova York).

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Platão
Platão (428/427-348 a.C.), ilustrado na Figura 4, foi outro dos
grandes filósofos gregos da Antiguidade. Ateniense como Sócrates,
foi discípulo deste, seu maior divulgador e autor de enorme
quantidade de escritos, realizados principalmente na forma de
diálogos, ou seja, obras em que vários personagens discutem
sobre determinado tema em busca das concepções verdadeiras.
Platão sucedeu Sócrates como grande nome da filosofia grega e
teve também muitos discípulos, principalmente em sua Academia,
uma espécie de escola fundada por ele, na qual havia a dedicação
à busca filosófica. Um dos discípulos de Platão foi Aristóteles, que
abordaremos mais à frente.

Figura 4 Busto de Platão.

Pode-se dizer que parte da filosofia de Platão deriva também


da sua resposta, enquanto pensador, ao contexto de sua época e
de sua região. Atenas passava por acontecimentos marcantes, tais
como a Guerra do Peloponeso, que opunha os atenienses a forças
lideradas por cidadãos de Esparta (outra cidade-estado grega,
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de vocação eminentemente guerreira); e o próprio Platão reagia


ao que imaginava ser uma precoce decadência da democracia
ateniense, dedicando-se à filosofia ao invés de ingressar na
política, como chegara a intentar fazer. Em um de seus escritos,
Platão (apud CHRISTOPH, 2006, p. 25) faz o seguinte relato:
Planejara, assim que alcançasse minha independência, começar
imediatamente a participar dos assuntos públicos. Como nossa
constituição do Estado estivesse sendo alvo de muitas críticas, ela
estava sofrendo reformulações. Essa reformulação era conduzida
por cinqüenta e um homens; [...] ocorria que alguns desses homens
eram meus parentes ou conhecidos. [...] Logo percebi, porém, que
esses homens em pouco tempo faziam o antigo estado de coisas
parecer uma idade de ouro. [...] Infelizmente, algumas pessoas
poderosas arrastaram diante dos tribunais nosso [...] amigo
Sócrates, levantando contra ele uma acusação das mais graves e no
mínimo imerecida; [...] à medida que voltava minha atenção para
isso e para os homens que conduziam a política, e também para
a boa educação e as leis, e quanto mais eu me entregava a essas
observações [...], mais me parecia difícil a condução dos negócios
do Estado. [...] Num modo de melhorar a administração como um
todo, esperando sempre o momento oportuno para agir, finalmente
compreendi que todos os Estados atuais são mal governados. [...]
Fui então irresistivelmente levado a louvar a verdadeira filosofia e
a proclamar que somente à sua luz se pode reconhecer a justiça.

Como já foi dito, boa parte da obra de Platão foi escrita na


forma de diálogos em que vários personagens discutem um tema.
O próprio Platão, no entanto, não figura como personagem (ao
contrário de Sócrates, por exemplo). Os diálogos, brilhantemente
escritos, possuem clareza e têm como finalidade a busca da
Verdade de acordo com o desenrolar dos itens expostos ao longo
dos discursos.
Parte da exposição da filosofia de Platão se dá pela utilização
de alegorias (narrativas ou imagens metafóricas que visam remeter
ao significado de algo ou mesmo resumi-lo). Uma dessas alegorias,
por exemplo, apresenta os requisitos necessários, mencionados a
seguir, para a busca da verdade e do conhecimento:
1) Percepção indireta: suposições feitas a respeito de uma
imagem.

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2) Percepção direta: opiniões emitidas considerando as ex-


periências vivenciadas.
3) Ciência: abstração matemática.
4) Conhecimento filosófico: ideias relacionadas à ciência,
à percepção e ao objeto que permitem a compreensão.
Para Platão, existem os valores do Belo, do Bom e do
Verdadeiro que, unindo-se, fazem da alma uma entidade imortal,
fazendo parte de sua essência. Sobre a essência, ela está sempre
ligada à "ideia", que funciona como o princípio verdadeiro de
todas as coisas. Nesse sentido, devemos diferenciar a acepção
platônica de "ideia" da nossa acepção moderna, que diz respeito
a concepções intelectuais ou cognitivas relativas aos fatos e ao
mundo.
Em Eutífron, diálogo de Platão que tem como personagens
Sócrates e Eutífron e que versa sobre a piedade e a religiosidade,
surge a palavra "ideia" derivada de um verbo cuja significação
está relacionada ao "ver", ou seja, às formas visíveis no sentido
pitagórico, geométrico, do termo.
Platão (1999, p. 19) expõe que: "Admitamos pois – o que me
servirá de ponto de partida e de base – que existe um belo em si e
por si, um bom, um grande e assim por diante".
Tomando tal ponto de partida, Platão diferencia-se de
filósofos anteriores a ele, que partiam de outros elementos como
princípio e origem de todas as coisas. Para Platão, o belo é belo,
pois existe um belo pleno, relacionado ao bom e à verdade e
independente de quaisquer relativizações.
O templo grego da época clássica exposto na Figura 5 pode
ser usado como ilustração dos conceitos estéticos presentes na
estrutura de um espaço religioso: além da simplicidade da forma,
a escala está relacionada com a presença humana e a construção e
a decoração são adequadas ao material utilizado. Algumas de suas
características são:
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1) forma retangular;
2) plataforma num nível superior;
3) três degraus para chegar ou pórtico;
4) fileira de colunas sustentando o entablamento;
5) capitéis de colunas decorados;
6) frisos esculpidos;
7) pórtico de entrada para o interior do templo onde en-
contramos o Pronaus e atrás deste o Cela, lugar sagrado
onde se encontra a estátua de um deus ou deusa.
Desse modo, temos na Figura 5 um exemplo daquilo que os
gregos definiam como proporções, ritmo e harmonia.

Figura 5 Gravura representando templo grego do período clássico.

Platão utiliza como base de seu pensamento filosófico uma


condição plena e supostamente atemporal. A partir desse princípio,
discute, em seus diálogos, os diferentes níveis de compreensão

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do belo. As causas invisíveis e passíveis de dedução dos objetos


físicos são nomeadas como "ideia". Assim, a razão dos objetos
físicos encontra-se na sua inteligibilidade e não na sua matéria. O
pensador trabalha com a hipótese de materialidade condicionada
pela essência, ou seja, pela "ideia", usando essa hipótese para
compreender o universo material.
O intelecto pode conceber e absorver as ideias, pois
também não possui fisicalidade. Para Platão, a alma humana
estaria conectada diretamente com as ideias e com os arquétipos
incorpóreos dos deuses, mas, ao encarnar, no nascimento humano
ficaria distanciada de sua origem imaterial e, assim, durante a
vida, poderia recuperar, reconhecer e relembrar parâmetros
relacionados às ideias plenas de uma alma imortal.
Para Platão, a relação entre a forma material e sua ideia
inteligível está conectada à noção de imitação. A imitação, mimesis,
diferente do conceito geométrico, matemático e concreto de
Pitágoras, estava, segundo Platão, relacionada à ligação metafísica
entre o plano inteligível e o plano sensível. O homem poderia,
portanto, fazer arte imitando a natureza, mas também, de uma
forma ou de outra, baseando-se em ideias.
Observe na Figura 6 a escultura Vênus de Milo, do inteligível
com o visível: representação de beleza ideal por meio de formas
sensuais e procura da perfeição nas proporções humanas.
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Figura 6 Estátua de Afrodite conhecida como "Vênus de Milo", c. 130 a.C.

Resumo da Teoria do Belo para Platão


Ao analisarmos as obras de arte gregas, podemos usar as te-
orias de Platão para fundamentar a nossa apreciação crítica:
1) Estética = aisthesis em grego antigo.
2) Platão identifica o estético com a percepção do sensível.
3) Percepção = representação = imitação = mimese = ima-
gem.
4) Belo = princípio de unidade = harmonia.
5) Na escultura e na pintura, a beleza da forma e da graça
torna-se visível para a Arte.
6) As imagens e a imaginação são sempre inferiores à ciên-
cia e à natureza.
7) Sendo a Arte uma mera cópia da realidade, é, além de
imitação da natureza, uma materialização das "ideias".

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Vale ressaltar que Aristóteles continua desenvolvendo as


ideias de Platão adicionando a elas o conceito de "emoção que
se materializa na obra de arte". Assim, a função da Arte seria a de
aprofundar o conhecimento dos sentimentos humanos.

Aristóteles
Aristóteles (384-322 a.C.), ilustrado na Figura 7, nasceu em
Stagira, na Macedônia, numa família de médicos. Foi aluno de
Platão na Academia de Atenas e, depois disso, nomeado professor
do filho do rei Felipe II da Macedônia (382-336 a.C.). Esse aluno era
"Alexandre, o Grande" (356-223 a.C.).
É importante frisar que Felipe II da Macedônia deu início
à expansão macedônica, que incorporou as cidades-estado da
Grécia e grande parte das suas colônias no Mar Mediterrâneo, e
expandiu a cultura grega.

Figura 7 Busto de Aristóteles.

Alexandre, o Grande (356-223 a.C.), foi um dos maiores (senão


o maior) conquistadores da Antiguidade. Continuou a expansão
macedônica iniciada por seu pai e a expandiu enormemente,
construindo um dos maiores impérios de que já se teve notícia.
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Destaca-se no imperialismo de Alexandre seu apreço pela


cultura grega (lembre-se de que ele foi aluno de Aristóteles) e a
difusão desta por todos os domínios do império, o que configurou
o início do período "helenístico". Aristóteles fundou em Atenas a
escola Liceu. O filósofo produziu uma obra escrita imensa, da qual
somente uma pequena parte chegou até os nossos tempos. Como
veremos na próxima unidade, sua filosofia teve influência enorme
sobre toda a filosofia da Idade Média, a ponto de ser, nessa
época, a referência intelectual mais "obrigatória" para os filósofos
e teólogos. As principais obras de Aristóteles foram Organon,
Metafísica, Física, Política, Ética e a Poética.
O princípio básico da filosofia de Aristóteles concerne
às correlações de proposições chamadas de silogismos, por
meio dos quais se chega à verdade. O silogismo é exatamente o
encadeamento de proposições que, por meio da lógica, nos leva a
outra proposição mais sofisticada, porém igualmente comprovável.
Um exemplo clássico de silogismo é: "Todo o homem é mortal.
Sócrates é homem. Portanto, Sócrates é mortal".
Em termos estéticos, ao lermos textos ou citações de
Aristóteles, não devemos nos esquecer de que o antigo conceito
grego de Arte difere essencialmente do nosso. Para os gregos,
as artes eram apreciadas de acordo com a promoção de certos
objetivos ou ideias. Considerava-se o artista um "manufaturador"
especial entre os outros artesãos, sendo seu trabalho definido
como techne e o próprio artista como criador/artífice (demiourgos).
Platão refere-se a Fídias (c. 490-c. 430 a.C.), um grande escultor
da Grécia Antiga, como um demiourgos no pináculo de sua profissão
e, portanto, autoridade no que era correto e apropriado para a
realização de uma escultura, como a representada pela Figura 8.
Pouco se sabe a respeito de Fídias, porém, há dados que
comprovam que ele foi não apenas autor de obras reconhecidas,
como também supervisor da confecção das esculturas de famosos
templos atenienses durante o século 5º a.C.

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Figura 8 Atena, Fídias, 447-438 a.C.

A palavra grega techne denota habilidade ou ofício. O conceito


não se referia apenas à habilidade manual cultivada segundo
regras da tradição, mas a um verdadeiro ramo do conhecimento,
uma forma de ciência prática ou à capacidade de fabricar ou fazer
bem alguma coisa. Os gregos, às vezes, referiam-se às artes que
identificamos como "belas-artes" falando de "ofícios cuja função é
produzir fontes de prazer". Aristóteles, por exemplo, escreveu na
sua Poética a respeito do prazer "apropriado" que encontramos
nas grandes tragédias teatrais.
Voltando às diferenças entre as definições de "beleza" para
Aristóteles e as nossas, podemos dizer que, para o filósofo, a beleza
(kalos) estava ligada à adequabilidade e à utilidade da obra, isto é,
deveria haver adaptação eficiente a um propósito prévio. A arte
visual grega da época de Aristóteles registrou o desenvolvimento
de técnicas cujo motivo principal derivava da vontade de produzir
representações convincentes das aparências visíveis das coisas.
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O domínio gradativo da representação figurativa mais


"realista" pode ser percebido na escultura, por exemplo, do rígido
formalismo dos arcaicos kouroi, até nas figuras de aparência
realista de Fídias e Praxíteles, este é um dos maiores escultores da
Grécia no século 4º a.C. e um dos responsáveis pela passagem, na
arte grega, ao chamado "Classicismo tardio", que levava adiante
algumas das conquistas estéticas do período clássico.
É importante saber que kouroi é um tipo de estátua grega
basicamente com três funções: representar deuses, servir como
oferenda às divindades e representar postumamente algumas
pessoas. O estilo dessas obras foi, no entanto, modificando-se
com o passar do tempo, encaminhando-se cada vez mais para uma
representação realista que resultaria na famosa estatuária grega
do período clássico.
Aliás, quando nos deparamos com esculturas de Fídias (Figura
8) e Praxíteles (Figura 9) e as comparamos com os kouroi (Figura
10), percebemos como a escultura grega evoluiu rapidamente
rumo ao realismo.

Figura 9 Hermes com o infante Dioniso, Praxíteles.

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Figura 10 Um dos "kouroi" mais conhecidos, c. 530 a.C., Museu Nacional de Atenas.

A habilidade dos artistas em produzir obras semelhantes à


"realidade" persistiu durante a Antiguidade. A representação da
emoção ou do caráter pelas imagens visuais diretas, em vez de
representá-los simbólica ou conceitualmente, tornou-se mais
importante nos anos posteriores ao período Clássico Grego, nos
séculos 2º e 1º a.C. e, principalmente, no "Período Helenístico". Os
gregos denominaram esse tipo de realismo de "imitação da alma".
Na Poética, Aristóteles retoma algumas proposições de
Platão, afirmando que a Arte é a criação por imitação, e as artes
tanto se distinguem pelo que imitam como pelo que se servem
para imitar. Ao escrever sobre o teatro, especificamente sobre as
"Tragédias", sustentou a teoria da catarse emocional. Ele afirmava
que as emoções fortes e até negativas da "piedade ou pena" e
do "medo" podem ajudar a "purgar" os sentimentos ruins dos
espectadores. Assim, o público obteria alívio pela libertação
emocional ocasionada por criações artísticas.
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O efeito de "catarse" nas artes consistiria no fato de que,


ao entregar-nos a elas, poderíamos assegurar o despertar
de impulsos emocionais em nós mesmos e desfrutar-lhes a
organização no mais rico e mais amplo dos sistemas criativos sem
a menor interferência, pois eles não seriam extravasados numa
ação manifesta. Assim, a apreciação seria um modo de cognição,
de percepção particularmente intensa do objeto de arte. Vamos
abordar de forma mais detalhada a arte grega em manifestações
como o teatro e as artes plásticas.

Teatro grego
O teatro ou, mais especificamente, a tragédia grega teve seu
desenvolvimento e auge no século 5º a.C. Trata-se de um período
em que Atenas, maior cidade-estado da Grécia, encontrava-
se economicamente próspera. Paralelamente, buscava-se o
estabelecimento de uma nova ordem política, em que a democracia
(como já sabemos, era privilégio de poucos: homens, nascidos em
Atenas e proprietários de terras) viria substituir formas de governo
até então tradicionais. A Figura 11 traz o infográfico de um anfiteatro
grego, e a Figura 12 a fotografia de um anfiteatro grego.

Figura 11 Ilustração mostrando como seria um anfiteatro grego.

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Figura 12 Anfiteatro grego.

Para o desenvolvimento das novas formas de governo, parte


dos governantes de Atenas viu a classe até então menos privilegiada
(comerciantes e pequenos proprietários, por exemplo) como forte
aliada. Passou a haver uma espécie de aliança que levou a política
e também outros aspectos, como a cultura e a religião, a voltarem
os olhos para as classes menos favorecidas.
O processo conduziu certas mudanças religiosas e culturais:
passavam a perder força os cultos ligados aos deuses olímpicos
(Zeus, Hera, Atena, Apolo etc.) e a ganhar força cultos mais
populares, como aqueles ligados a Dioniso. Este, como sabemos,
era o deus do vinho e da festa; mas ligava-se fortemente aos
aspectos da agricultura e da fertilidade, sendo um deus até então
muito mais cultuado no campo do que na cidade. A Figura 13
apresenta uma representação de Dioniso em uma obra-prima da
pintura grega.
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Figura 13 Representação de Dioniso em vaso grego.

Ocorreu que, com os donos do poder voltando seus olhos


para as classes menos privilegiadas, ganhou força em Atenas o culto
a Dioniso, gerando os festivais dionisíacos, nos quais o deus era
celebrado por meio de rituais que já contavam com certa carga de
teatralidade. Desses rituais surgiram as primeiras representações
de narrativas ligadas ao mito de Dioniso, e dessas primeiras
representações nasceu a tragédia, ou seja, o gênero teatral
voltado para a representação de histórias que contribuíssem com
a cristalização da nova ordem e da nova moralidade que passavam
a vigorar na Grécia.
A "nova moralidade" dava conta de um homem cada vez mais
dono de seu próprio destino, que, apesar disso, vivia a "rachadura"
cultural de um mundo em plena transformação, rachadura que se
traduzia em enormes conflitos ocorridos dentro das trajetórias
pessoais dos heróis trágicos.

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Um bom exemplo de "personagem dividido" é Édipo: tentando


construir seu próprio destino, Édipo depara-se com os desígnios dos
deuses, que o levam a, de certa forma inadvertidamente, cometer
falhas como o assassinato do próprio pai e o incesto com a própria
mãe, falhas pelas quais é posteriormente castigado. A Figura 14 traz
uma representação de Édipo ilustrada em um vaso grego.

Figura 14 Representação de Édipo frente à Esfinge em vaso grego.

Édipo foi tema de algumas tragédias, entre elas a famosa


obra Édipo Rei, de Sófocles. Os maiores tragediógrafos da Grécia
antiga foram Sófocles (497/496-406/405 a.C.), Ésquilo (525/524-
456/455 a.C.) e Eurípedes (c. 485-406 a.C.).
No que concerne especificamente à Estética, podemos dizer
que o teatro grego em geral e a tragédia em particular foram bas-
tante discutidos por filósofos como Aristóteles, que em sua Poética
dedica todo um capítulo à tragédia. A partir desses textos teatrais,
surgiram uma série de conceituações estéticas que passariam a
ajudar não apenas os escritores da Antiguidade, mas também os
que viriam depois. Pode-se dizer que a Estética de Aristóteles é,
até hoje, uma das mais fecundas fontes de referência para a cons-
trução de obras de arte em geral e de obras literárias ou principal-
mente teatrais em particular.
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Artes plásticas
Há outros exemplos da Arte que influenciaram e foram in-
fluenciadas pelas discussões estéticas dos filósofos gregos na ar-
quitetura e nas artes plásticas. Dentre estas, podemos destacar a
escultura e a pintura.
Já vimos que a escultura grega, em seus primórdios, contava
com gêneros como os kouroi, representações pouco realistas, mas
que, com o passar dos tempos, tornaram-se próximas da realida-
de, realizando melhor o que os filósofos chamavam de mimesis
(imitação).
Pode-se dizer que o auge desse processo ocorreu no século
4º a.C. Atribuem-se à estatuária grega três principais traços:
• Naturalismo.
• Procura de perfeição nas proporções das figuras.
• Crescente especialização dos artistas, que se tornaram
peritos na representação de emoções e de ações.
A Figura 15 apresenta uma obra-prima da Antiguidade.
Observe.

Figura 15 Laocoonte e seus filhos.

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Segundo a lenda, Laocoonte (Figura 15) foi o sacerdote


troiano que advertiu seus conterrâneos para que não aceitassem
o cavalo de madeira dado a eles de presente pelos gregos. Tendo
despertado a ira de Poseidon por ir contra os gregos, foi então
estrangulado, juntamente com seus filhos, por uma serpente
marinha.

7. Filósofos chineses
Para falar da Arte e da Estética na China, vamos citar uma
passagem de Read (1968, p. 71-72), que serve como introdução ao
nosso tema:
[A arte chinesa se inicia] no século 13 a.C. e continua, com períodos
de escuridão e incerteza, até os nossos dias. Nenhum outro país
do mundo pode dispor de tamanha riqueza de atividade artística,
e nenhum outro país, levando tudo em conta, possui nada que
iguale as realizações mais altas desta arte. É uma arte que tem as
suas limitações (...) que nunca cultivou o grandioso e que, portanto,
nunca teve uma arquitetura comparável com a grega ou a gótica.

A Figura 16 ilustra uma peça da Arte chinesa.

Figura 16 Vaso de porcelana da Dinastia Ming, período Jiajing (1522-1566).


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Podemos perceber, portanto, que não há nada "menor"


na Arte oriental (chinesa, no caso) em relação à Arte ocidental,
apenas que o foco de desenvolvimento da Arte chinesa foi outro.
Da mesma forma, pode-se dizer que, assim como a Arte ocidental
passou por várias mudanças, o mesmo ocorreu com a oriental.
Para entender não apenas a Arte, mas a vida como um todo,
surgiram na história da China grandes pensadores cujas ideias
chegaram apenas recentemente (a partir, principalmente, do
século 19) até o Ocidente. Entre eles podemos citar Kung-Fu-Tze
(551-479 a.C.), conhecido como Confúcio (Figura 17).

Figura 17 Confúcio representado em gravura, Wu Daozi (685-758, Dinastia Tang).

Confúcio foi um grande seguidor do Tao, encaminhamento


espiritual bastante comum na China. Tao significa "caminho",
sendo tanto uma filosofia quanto uma religião, ou, indo além,
uma maneira de encarar o mundo. Com base no Taoísmo, o
pensador realizou algumas adaptações criando o Confucionismo,

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78 © Estética I

nova vertente que buscava um princípio de ordenação do mundo


para torná-lo melhor, mais harmonioso em termos sociais. Seus
princípios estavam ligados à justiça, à cortesia, à fidelidade, ao
altruísmo, ao conhecimento e à integridade. Sua filosofia pregava
uma sociedade culturalmente forte e capacitada.
Já Lao Tzu pensava de maneira diferente. Para esse grande
pensador chinês, as "doenças" sociais não poderiam ser tratadas
com simples fórmulas e qualquer movimento que tentasse
reordenar a sociedade terminaria por aumentar a desordem e a
ganância pelo poder. Pode-se dizer, então, que as teorias de Lao
Tzu se fundamentavam, principalmente, no relaxamento do corpo
e na conexão deste com as energias da natureza.
Imagina-se que Lao Tzu (também conhecido como Lao-Tze,
Lao-Tsé ou Lao-Zi) possa ter nascido por volta de 500 a.C., mas,
para muitos, trata-se apenas de uma figura lendária. Lao Zi significa
"velho mestre" e essa alcunha deriva, segundo as tradições
chinesas, do fato de Lao-Tzu ter nascido com o rosto de um velho.
Podemos localizar escritos atribuídos a ele entre os séculos 7º e 4º
a.C. O pensador deixou como legado escritos encontrados no Tao
Te King, livro que consiste em uma das bases da tradição chinesa,
além de outras obras importantíssimas como o Chu Ching, "Livro
dos documentos", e I Ching, "Livro das mutações" etc. A Figura 18
apresenta uma obra-prima da dinastia Ming.
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Figura 18 Confúcio apresentando o jovem Buda a


Lao-Tzu, pintura da dinastia Ming.

Parte importante dos escritos tradicionais chineses aparece


na forma de provérbios, algo próximo dos ditados que, hoje em
dia, estão impressos em calendários, por exemplo. Eles sempre se
relacionam à renovação dos laços de harmonia entre o homem, a
natureza e o destino. Os escritos são, portanto, metáforas da vida
cotidiana, que tinham o objetivo de corrigir e instruir.

O Belo
Na filosofia chinesa não se fala do belo com o mesmo sentido
que era tratado no pensamento ocidental. Porém, podemos
perceber que as preocupações estéticas aparecem diluídas em
questões gerais, que buscam a harmonia do mundo como um todo
(e não de um continuum "dividido" em sessões fragmentadas,
como o vemos através dos parâmetros ocidentais).

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80 © Estética I

Na arte chinesa também não há tanta preocupação com a


"imitação" quanto na arte ocidental, especialmente na arte grega.
Assim, não há na arte chinesa muita preocupação em delimitar
tempo e espaço ou em registrar fatos, seres ou objetos. Ao
contrário, o símbolo é muito empregado.
Pode-se dizer que na arte chinesa os "fatos" perdem espaço
para as "metáforas" e símbolos recorrentes (Figura 19) e muito
pouco mutáveis dentro de uma sociedade que também procura a
imutabilidade, ao contrário da nossa sociedade ocidental. Para os
chineses, as aparências não importam tanto quanto as essências.
Estas, derivam do Tao, que não é a sua causa primária, mas o todo, o
meio responsável por todas as causas. Assim, o pensamento chinês
não procura exercitar-se num campo que seria o do movimento e
da quantidade.
Segundo Granet (1997, p. 208), "[...] entrincheira-se
obstinadamente num mundo de emblemas, que não quer se
distinguir do Universo real". Assim, ao analisarmos o signo-símbolo
do Tao (Figura 19), descobrimos nas suas formas contrastantes e
ao mesmo tempo complementares um universo de harmonia.

Figura 19 O ba qua, ou ba guá símbolo relacionado ao Tao e suas atribuições.


© U2 – Arte e Conhecimento 81

Escultura e pintura
Como exemplos do universo cultural e filosófico chinês
aplicado às artes, podemos citar a escultura e a pintura.
Esculturas chinesas das dinastias Qin (ou Quin) e Han, de
aproximadamente 221 a.C. a 220 d.C., são representações de
grande importância para a história da arte chinesa. Da dinastia Qin
foram encontradas, há pouco tempo, em Xian, mais de seis mil
figuras de terracota, conhecidas como os Guerreiros de Terracota
ou Guerreiros de Xian (Figuras 20 e 21), que se apresentam em
tamanho natural de soldados, além de cavalos equipados. A
descoberta ocorreu no túmulo do imperador Qin Shi Huangdi.

Figura 20 Guerreiros de Xian.

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82 © Estética I

Figura 21 Detalhe de Guerreiros de Xian, ou Exército de Terracota.

Outra grande obra do imperador Qin foi a Muralha da China,


representada na Figura 22, iniciada por volta de 200 a.C. que
chega a mais de três mil quilômetros de extensão. A construção
foi finalizada pela dinastia Han e destinava-se à proteção contra
invasores estrangeiros, principalmente mongóis.

Figura 22 Trecho de Muralha da China.


© U2 – Arte e Conhecimento 83

Quanto à pintura tradicional chinesa, pode-se dizer que em


linhas gerais representa paisagens, heróis e lendas, mas atendo-
se também ao aspecto simbólico (como vimos anteriormente este
é o ponto defendido inclusive pela filosofia chinesa), traduzido,
por exemplo, em imagens como o dragão (símbolo de poder),
representado na Figura 23.

Figura 23 Detalhe da gravura "Nove Dragões", Che Rong, 2ª metade do século 13, Dinastia
Song do Sul.

Após esta trajetória por diversas teorias estéticas, podemos


concluir que ao estudarmos as artes de outras civilizações e de
países distantes, não só aumentamos a nossa bagagem cultural
como aprimoramos a nossa capacidade de discussão e crítica de
toda produção artística.

8. Questões autoavaliativas
Confira, a seguir, as questões propostas para verificar o seu
desempenho no estudo desta unidade:
1) Houve continuidade e evolução nas ideias de Sócrates, Platão e Aristóteles
sobre a Arte? Se a resposta for afirmativa, como isso ocorreu?

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2) Para Platão, o conceito de "Belo" é algo relativo ou está ligado à visão de


mundo que incluía também outros valores fundamentais? Justifique sua
resposta.

3) Para Aristóteles, a Arte era "imitação"? Explique.

4) Em que o conceito de "Belo" é diferente na filosofia grega antiga e na


filosofia chinesa?

9. Considerações
Nesta unidade, você conheceu dois universos filosóficos da
Antiguidade, o grego e o chinês. Pôde perceber que, assim como
a tradição estética do Ocidente deve muito à cultura e à filosofia
gregas, o mesmo ocorre no Oriente com relação à cultura e aos
pensadores chineses.
Sócrates, Platão, Aristóteles, Confúcio e Lao-Tzu traduziram
em filosofia os modos segundo os quais suas sociedades viam o
mundo, mas também interferiram nessas visões, contribuindo
para um aprimoramento dos conceitos relacionados à Arte e mes-
mo para o crescimento da discussão estética em suas sociedades.
Na próxima unidade, centraremos nossa atenção na Idade
Média, sua arte e sua estética. Até lá!

10. E-REFERÊNCIAS
Lista de figuras
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cm, Museu Metropolitan, Nova York. Disponível em: <http://upload.wikimedia.org/
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Figura 7 Busto de Aristóteles. Disponível em: <http://el-parlante.com/wp-content/
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Figura 12 Anfiteatro grego. Disponível em: <http://arte.com.educacao.sites.uol.com.br/
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12. REFERÊNCIA VIDEOGRÁFICA


SÓCRATES. DVD. Direção de Roberto Rossellini. Itália: Versátil Home Vídeo, 1974.

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