JORNAL DA ALERJ

A S S E M B L É I A L E G I S L AT I VA D O E S TA D O D O R I O D E J A N E I R O
Ano V N° 166 – Rio de Janeiro, de 1º a 15 de fevereiro de 2008
Robert Davies/ SXC

Esperança de reencontro
l NESTE NÚMERO Deputados elaboram projetos que visam a intensificar a exposição de fotos
de crianças desaparecidas e a aumentar as chances dos pais em encontrá-las

A
Comissões
apresentam
planos para 2008 união de esforços tem sido uma O resultado de muitas dessas ações pode ser
PÁGINAS 4 e 5 das grandes responsáveis pelo encontrado nas próximas páginas do JORNAL
encontro de crianças desapare- DA ALERJ, onde também estão endereços e
Lei amplia poder cidas em todo o estado. Conscientes de que telefones de postos de auxílio, além de atitudes
de intervenção podem atuar para resolver este problema, que que pais e responsáveis devem tomar caso sejam
da polícia nas atinge mais de 400 famílias, os deputados da atingidos por uma tragédia como essa. Porém
lan houses Assembléia Legislativa do Rio buscam, em muito ainda precisa ser feito para se evitar
PÁGINA 10 parceria com a Fundação para a Infância e que mais casos fiquem sem solução. “Temos
a Adolescência (FIA), do Governo do estado, que fazer com que mais órgãos fixem fotos das
As realizações de e com a Polícia Civil, diminuir a dor desses crianças em locais e horários que atinjam o
Ronaldo Medeiros pais. Projetos de lei e indicações legislativas grande público”, pontua o deputado Chiquinho
no município foram elaborados para fomentar a divulgação da Mangueira (PMDB), autor de um projeto sobre
de Petrópolis de fotos e dados sobre os desaparecidos, o tema. Há muitas outras idéias e ações sendo
PÁGINA 12 utilizando-se dos mais diferentes meios, tais levadas adiante, enchendo de esperança pais
como placares eletrônicos, contracheques e que torcem para reencontrar seus filhos.
sites de órgãos públicos, dentre outros. PÁGINAS 6, 7 e 8
 2 Rio de Janeiro, de 1º a 15 de fevereiro de 2008

Frases Consulta popular Expediente

“ Acho que esta

Casa tem dado
demonstrações
l Como devo proceder em caso de falta d’água, já
que estou com minhas contas em dia com a Cedae?
A Comissão pode resolver o meu problema?
vivas de que é Pergunta respondida com freqüência pela Comissão de Saneamento Ambiental
possível ser
um Parlamento Normalmente, a Cedae se
ALERJ
Assembléia Legislativa

livre e independente Deputado encarrega de encaminhar do Estado do Rio de Janeiro

e ajudar as políticas Pedro uma equipe, coordenada

públicas sérias Paulo pelo gerente de área, até o Presidente
Jorge Picciani
que vierem a (PSDB) local da denúncia para que
1ª Vice-presidente
ser discutidas e sejam tomadas as devidas

”
Coronel Jairo
aprovadas aqui providências. Todo esse 2º Vice-presidente
processo é acompanhado Gilberto Palmares
Luiz Paulo (PSDB), sobre o discurso
do governador Sérgio Cabral na de perto pela comissão, 3º Vice-presidente
abertura do ano legislativo,
reconhecendo o trabalho da Alerj
l Todos os problemas que orienta o cidadão so- Pedro Fernandes
4º Vice-presidente
relacionados à falha e ou in- bre como deve proceder Gerson Bergher
terrupção no abastecimento até a solução do caso. A
“
1ª Secretária
É preciso de água, que chegam até a falta de abastecimento de Graça Matos
estabelecer qual é Comissão de Saneamento água é um problema grave 2º Secretário
o papel do poder Ambiental são encaminha- e recorrente que ainda é Zito

público no que diz dos à Nova Cedae, entidade preciso ser resolvido em 3º Secretário
Dica
respeito a subsidiar competente para prestar nosso estado. A água é um 4ª Secretário
eventos, porque hoje serviço público de água patrimônio de todos e sobre Fabio Silva
o que acontece é e esgoto à população do o qual temos direito e prin- 1a Suplente
que não existe Estado do Rio para que cipalmente deveres. Para Renata do Posto

meia-entrada. ela solucione o problema. isso é necessário cons- 2 o Suplente

Armando José
Hoje existe entrada No ofício, relatamos o pro- cientização da população, 3º Suplente
dobrada, e o valor blema e requeremos uma para que cuidemos melhor Pedro Augusto
que se chama de solução rápida e eficaz. desse bem. 4º Suplente
meia é entrada Edino Fonseca

inteira
”
Marcelo Freixo (PSOL), sobre a
l O que a Assembléia Legislativa do Estado do
Rio de Janeiro tem feito para combater a sonegação JORNAL DA ALERJ
Publicação quinzenal
política de patrocínio do Governo de impostos? do Departamento de
federal de shows como o de Ivete Comunicação Social da
Sangalo, que cobra R$ 100 pelo ingresso Tiago Borges - Niterói
Assembléia Legislativa do
Estado do Rio de Janeiro
Rafael Wallace
ações que resultaram na
prisão de muitos fiscais Jornalista responsável
Fernanda Pedrosa (MT-13511)
Deputado corruptos e na promoção de
Luiz ações contra sonegadores. Coordenação: Geiza Rocha
Paulo Além disso, através da Reportagem: Everton Silvalima,
(PSDB) Comissão Permanente de Luciana Ferreira, Fernanda Porto e
Marcela Maciel
Tributação, Controle da
Arrecadação Estadual e Estagiários: Ana Beatriz Couto,
Camila de Paula, Carla Boechat,
de Fiscalização dos Tri-
“
Fabiano Veneza, Karina Moura,
Em nenhum l A Assembléia Le- butos Estaduais da Alerj, Louise Peres, Natalia Alves e Zô
outro Governo os gislativa vem colaborando nós acompanhamos diaria- Guimarães

representantes fortemente com o Governo mente a receita do estado e Fotografia: Rafael Wallace
dos sindicatos do estado para combater a procuramos sempre apontar Diagramação: Daniel Tiriba
dos funcionários sonegação dos impostos. No onde ela está claudicando,
públicos tiveram ano passado, fizemos a CPI fruto de uma possível sone- Telefones: (21) 2588-1404/1383
Fax: (21) 2588-1404
a oportunidade de da Arrecadação, que pro- gação, porque a sonegação Rua Primeiro de Março s/nº sala 406
negociar diretamente pôs um grande número de estará sempre ligada a um CEP-20010-090 – Rio de Janeiro/RJ
Email: dcs@alerj.rj.gov.br
com um governador medidas que o Governo do processo de corrupção. www.alerj.rj.gov.br
de estado, e isso estado deverá adotar para O cidadão pode con-
já no primeiro essa sonegação diminuir. tribuir para o trabalho da Impressão: Gráfica da Alerj
ano do Governo Nosso relatório, inclusive, comissão fazendo denún- Coordenação: Leandro Pinho

”
Montagem: Bianca Marques e
Sérgio Cabral propiciou que o Ministério cias ao Disque Contribuinte Rodrigo Graciosa

Nelson Gonçalves (PMDB), Público do estado fizesse (0800 282 35 95).

lembrando que o governador recebeu Tiragem: 2 mil exemplares
pessoalmente diversas categorias
Dúvidas, denúncias e reclamações: 0800 22 00 08
Rio de Janeiro, de 1º a 15 de fevereiro de 2008 3

Fim do recesso

Planos para o estado Rafael Wallace

Ano legislativo é aberto com
anúncio de investimentos em
Saúde, Educação e Segurança

R
E verton S ilvalima

eforma de escolas públi-

cas, aumento do efetivo das
polícias, modernização de
equipamentos e infra-estrutura hospi-
talares, gestão nova de pessoal na rede
de saúde e obras de infra-estrutura em
várias regiões do estado. Estas são as
ações que o Governo pretende realizar
em 2008, e que ganharam destaque no
discurso feito pelo governador Sérgio
Cabral, no dia 12 de fevereiro, durante
a abertura do ano legislativo na Alerj.
“É extremamente louvável a atitude do
governador de vir à Casa do Povo para
prestar contas e anunciar os projetos
do Executivo para este ano”, afirmou
o presidente da Alerj, deputado Jorge
Picciani (PMDB).
A sessão, que contou com a presença
de diversos parlamentares, de alguns se-
cretários de Estado e do procurador-geral
de Justiça, Marfan Vieira, foi marcada por
elogios do chefe do Executivo ao trabalho
realizado pela Alerj em 2007. “Presidi
esta Casa por oito anos e, por isso, estou
aqui para prestar tributo àquele que
julgo o Poder mais representativo, que
tem a maior capilaridade e que melhor
reflete o que pensa a sociedade”, iniciou
Cabral. O governador lembrou que teve
40 mensagens aprovadas pelos deputa-
dos no ano passado, sendo que as mais
importantes foram as que instituíram as
fundações públicas de Saúde, as parcerias
público-privadas (PPPs), o zoneamento
ecológico-econômico e o ICMS Verde.
Por outro lado, o Executivo sancionou 168
dos 214 projetos de lei enviados para seu
parecer e vetou seis projetos parcialmente
e 40 totalmente.
Graças a um “forte choque fiscal”,
Cabral disse que conseguiu manter
em caixa R$ 800 milhões e listou que
o êxito se deveu ao aumento da receita
tributária, à redução de despesas e ao
número recorde de licitações, com a
realização de 800 pregões eletrônicos.
“Temos um volume da ordem de R$ 2,8
bilhões da parceria estado-União para
Sérgio Cabral elogiou a contribuição dos deputados na aprovação de importantes projetos
serem usados nos próximos três anos em
ações de infra-estrutura”, citou o gover-
nador, que definiu o Plano de Aceleração
do Crescimento (PAC) como fator de
desenvolvimento econômico, frisando
intervenções nas favelas, no sanea-
mento, na construção de estradas e na
implantação do Arco Metropolitano.
Inauguração de 20 novas UPAs
As áreas que, segundo o governador,
receberam mais investimentos em 2007
foram Saúde, Educação e Segurança.
Cabral comemorou a instalação de
quatro unidades de Pronto Atendimento
(UPAs) e anunciou a criação de outras
20, além de informar que vai implan-
tar centros de imagem em unidades
hospitalares na Baixada Fluminense,
na Zona Oeste e no Centro do Rio,
com tomógrafos e equipamentos de
ressonância magnética. Ele criticou a
lentidão na reforma de escolas públicas
e sugeriu aos deputados que elaborem
projetos indicando prédios que possam
ser comprados e transformados em pó-
los de ensino. Na área da Segurança,
Cabral comentou a aquisição de um
helicóptero blindado, para ser usado nas
operações policiais, e a apresentação
à população dos 630 novos carros da
polícia comprados por leasing, que serão
mantidos de forma terceirizada.
O governador enumerou ações em
outras áreas. Comemorou parceria com
a Petrobras e o BNDES, que irá possi-
bilitar o repasse de R$ 50 milhões para
a reforma do Theatro Municipal e disse
que enviará para a Alerj mensagem
estabelecendo a gestão dos teatros da
rede estadual por meio de Organização
Social (OS). Quanto aos transportes,
ele destacou o acordo de R$ 1,2 bilhão
feito com a companhia que administra
o metrô, para construir uma ligação
entre as estações de São Cristóvão,
na Linha 2, e da Central, na Linha 1.
“Também vamos nos reunir com as
concessionárias que pretendem dis-
putar a construção da Linha 3, ligando
Itaboraí a Niterói, para começarmos a
obra”, afirmou. Sérgio Cabral encerrou
seu discurso agradecendo, mais uma
vez, a “maturidade da classe política
do Rio e desta Casa”. “A lista de pro-
blemas é, sem dúvida, maior do que
a de realizações, mas vi, como chefe
do Executivo, como o Legislativo tem
muito a contribuir para a melhoria do
nosso estado”, finalizou.
4 Rio de Janeiro, de 1º a 15 de fevereiro de 2008
parlamento em ação
Trabalho na ordem do dia
No início do ano legislativo,
comissões definem temas que
serão discutidos em 2008
N
E verton S ilvalima
a última edição do JORNAL
DA ALERJ de 2007, os de-
putados elegeram vários
desafios para 2008 e definiram o “tra-
balho” como a palavra de ordem do ano
legislativo que se iniciou no dia 12 de
fevereiro. As comissões reiniciaram as
atividades legislativas e já estipularam
alguns dos temas que serão debatidos
nos fóruns e seminários, e que darão
continuidade a muitas questões que
começaram a ser discutidas em 2007.
Este ano também será dedicado a
eventos que marcam datas comemora-
tivas, como os 200 anos da chegada da
Família Real portuguesa ao Brasil e os
120 anos da abolição da escravatura.
Na semana de abertura dos traba-
lhos na Casa, a Comissão de Consti-
tuição e Justiça (CCJ), presidida pelo
deputado Paulo Melo (PMDB), agendou
duas reuniões para a discussão de
projetos de lei que serão votados no
plenário. O mesmo fez a Comissão de
Trabalho, Legislação Social e Segu-
ridade Social, presidida pelo deputa-
do Paulo Ramos (PDT). O pedetista
convocou uma reunião para deliberar
sobre a realização de audiências que
indicam as principais preocupações
da comissão para o primeiro semestre:
finalização das discussões sobre a
venda da Varig, a situação dos traba-
lhadores dos transportes alternativos, a
atividade dos mototaxistas e a forma-
lização da situação trabalhista destes
profissionais, e a diminuição de postos
de trabalho na indústria naval.
Ramos também destacou o tema
da terceirização dos serviços de pro-
fissionais estrangeiros na Petrobras
como meta dos debates – o caso ainda
está sendo averiguado e, segundo o
parlamentar, será contemplado com
mais audiências em 2008. “Queremos
investigar essa questão e lutar, junto
aos trabalhadores brasileiros, para
que eles possam ter seus trabalhos
respeitados, como manda a legisla-
ção em vigor”, avisa o deputado. Do
Rafael Wallace
mesmo partido de Ramos, a deputada
Cidinha Campos fala com entusiasmo
das novidades da comissão que pre-
side, a de Defesa do Consumidor da
Alerj, para 2008. A principal delas é
a criação de uma página na internet,
onde as pessoas poderão acompanhar
os processos abertos. “O ano de 2007
consolidou nosso trabalho de atendi-
mento. Agora, pretendemos oferecer
essa possibilidade de acompanhamen-
to dos processos, o que fecha o ciclo
de atendimento aos consumidores
fluminenses”, comemora.
Duas outras comissões já marcaram
agenda após o retorno dos trabalhos
legislativos: a de Agricultura, Pecuária
e Políticas Rural, Agrária e Pesqueira,
presidida pelo deputado Rogério Cabral
(PSB), e a de Assuntos Municipais e
Desenvolvimento Regional, presidida
pelo deputado Rodrigo Neves (PT). A
primeira organizará ainda no primeiro
trimestre o I Seminário Rio Eco-Rural,
em Nova Friburgo, na Região Serrana
do estado, com a consolidação dos
resultados obtidos nos seis fóruns
regionais de Agricultura que acontece-
Rio de Janeiro, de 1º a 15 de fevereiro de 2008 11
5

parlamento em ação Outras atividades:

ram em 2007. “Os fóruns fizeram com
que a Alerj fosse ao interior ouvir as
principais demandas dos produtores.
Realizamos um levantamento sobre
a economia rural em cada região
do estado. Ao final desse trabalho,
apresentaremos projetos de lei para
o desenvolvimento da agricultura e o
fortalecimento do homem do campo”,
garante Cabral.
O petista Neves elege o acompa-
nhamento das obras do corredor viá-
rio da Alameda São Boaventura, em
Niterói, como uma das prioridades de
sua comissão. “O projeto do corredor
viário é extremamente importante
para desafogar o fluxo de carros na
região”, comenta. Outra obra muito
importante para cerca de 1,7 milhão
de moradores de 21 bairros da Zona
Oeste vai merecer atenção especial
de uma comissão da Casa: a de Pro-
moção do Levantamento das Ações
do Poder Público no Saneamento da
Zona Oeste, presidida pelo deputado
Rodrigo Dantas (DEM), que pretende
realizar visitas semanais aos locais
afetados pelas intervenções. “A região
tem uma população muito grande, que
nunca teve acesso à rede de esgoto,
apesar de a Companhia Estadual de
Águas e Esgotos (Cedae) cobrar pelo
serviço. Essas obras são históricas e
vamos acompanhá-las, fiscalizando
cada etapa”, frisa o democrata.
A Comissão de Educação, presidi-
da pelo deputado Comte Bittencourt
Comissão de Cultura: presidida
(PPS), vai fiscalizar a utilização dos 32
pela deputada Jane Cozzolino (PTC),
mil laptops que o Governo do estado
vai acompanhar a implantação de um
pretende enviar para as escolas da plano estadual para a área.
rede pública. A de Saúde, presidida
pelo deputado Átila Nunes (DEM), quer Comissão de Acompanhamento
lançar a Cartilha do Paciente. “Nela, do Pronasci: presidida pelo
deputado Alessandro Molon (PT),
a população terá acesso às principais
vai acompanhar a construção de uma
leis relacionadas ao Sistema Único de
nova penitenciária e a criação de uma
Saúde (SUS), telefones úteis, direitos bolsa-auxílio para policiais.
dos pacientes, planos de saúde, dentre
outras informações”, conta. O deputado Comissão dos 120 Anos da
Pedro Paulo (PSDB) destaca que 2008 Abolição da Escravatura: presidida
pelo deputado Gilberto Palmares (PT),
é o Ano do Saneamento Ambiental e,
vai realizar um grande seminário
por isso, a comissão que ele preside
sobre o tema.
e que trata do assunto vai realizar
importantes audiências. “Vou enca- Comissão de Combate às
minhar ao secretário (do Ambiente) Discriminações: presidida pela
Carlos Minc um documento que vai deputada Beatriz Santos (PRB),
pretende criar um disque para
apresentar a situação dos catadores de
recebimento de denúncias de
lixo de Gramacho (Duque de Caxias)
racismo.
e regiões próximas”, declara.
A Comissão de Transportes, pre- CPI da Ampla: presidida pelo
sidida pelo deputado Marcelo Simão deputado Marcos Figueiredo (PSC),
(PHS), vai se debruçar sobre a du- vai preparar o relatório final que será
encaminhado ao Ministério Público.
plicação da Rodovia Presidente Du-
tra, na altura de São João de Meriti. Escola do Legislativo do Estado
“Acertamos com os diretores da Nova do Rio: presidida pelo deputado
Dutra que as obras serão iniciadas nos Gilberto Palmares (PT), vai priorizar
primeiros meses de 2008”, revela. A a realização de cursos de pós-
acessibilidade das pessoas portadoras graduação e o oferecimento de
palestras e cursos no interior.
de deficiência (PPD) continuará sendo
prioridade da Comissão de Defesa da 200 Anos da Chegada da Família
PPD, presidida pela deputada Sheila Real: serão entregues os prêmios
Gama (PDT). “É preciso conscientizar do concurso de monografia sobre
os poderes público e privado e a socie- o tema, criado a partir de um projeto
dade civil de que a acessibilidade não de resolução do deputado Luiz
Paulo (PSDB).
é apenas um detalhe”, afirma.

Reprodução

Prestação de contas à população */2.!,$!!,%2*

A Alerj iniciou 2008 convidando a população a acompanhar !SSEMBLÏIA,EGISLATIVADO%STADODO2IODE*ANEIRO  0RESTA ÎODE#ONTAS

o trabalho dos deputados e a participar das discussões e do

processo legislativo. Meios não faltam, e, numa edição especial do
Portas abertas ao povo
A Assembléia Legislativa presta
2AFAEL7ALLACE

JORNAL DA ALERJ, encartada no último dia 17 de fevereiro nos contas do trabalho realizado em
2007 e convoca os cidadãos
jornais O Dia e Meia Hora, eles foram apresentados aos leitores. a participar do processo
legislativo e a fiscalizar
O foco da edição foi a prestação de contas e a aproximação seus deputados

com a população. Com números sobre a produção legislativa e

o resumo das principais atividades realizadas pelas comissões,
a edição traz um panorama da atuação parlamentar em 2007,
informando os leitores sobre os canais de contato que eles
possuem com a Assembléia Legislativa. “O objetivo deste
informativo foi ressaltar que mesmo quem mora no interior
pode fiscalizar o trabalho parlamentar por meio da TV Alerj, do
site www.alerj.rj.gov.br e dos telefones de discagem gratuita”, Produtividade traduzida em números
destaca o presidente da Alerj, deputado Jorge Picciani (PMDB). páginas 4 e 5

Na edição, além dos 0800 disponíveis na Assembléia Alerj devolve Leis que surgem Assembléia busca Como fiscalizar o
Legislativa, também são informados os locais em que estão R$ 10 milhões de sugestões se aproximar trabalho do seu
ao Governo da população do interior deputado estadual
instalados os Quiosques da Cidadania, o site da TV Alerj página 7 página 3 página 8 página 2
(www.alerj.tv) e os canais em que ela pode ser assistida.
6 Rio de Janeiro, de 1º a 15 de fevereiro de 2008
capa
Em busca das crianças perdidas
Deputados se mobilizam e
fazem parcerias para dar fim
à dor dos pais de 416 crianças
desaparecidas no estado do Rio
L
M arcela M aciel e K arina Moura
arissa Andrade de
Souza, de nove anos,
foi para a escola de
manhã, soube que não
teria aula e, mesmo
assim, não voltou mais para casa. O
desfecho dessa história, ocorrida em
março de 2007, ainda é um mistério
para os pais da criança, Nilo César
Andrade dos Santos e Silvania Maria
de Souza, que não tiveram mais notícias
da filha. Larissa completou dez anos
no dia 30 de dezembro e os pais ainda
têm esperança de comemorar a data.
“Não sei o que houve com a minha filha,
mas tenho fé em Deus que vou achá-la.
Já acionamos o SOS Criança e, com a
divulgação da foto, as pessoas podem
me ajudar a encontrá-la”, aposta Nilo.
A dor dos pais de Larissa, infelizmente,
é compartilhada por responsáveis de
outras 416 crianças que, atualmente,
estão desaparecidas no estado. Elas
compõem os registros do programa SOS
Crianças Desaparecidas, da Fundação
para a Infância e Adolescência (FIA),
que, em 11 anos, ajudou, através de
pesquisas e fotos, a localizar 84% dos
desaparecidos. E, para que nenhuma
criança permaneça por mais tempo
longe de casa, a Assembléia Legislati-
va do Rio também tem feito sua parte
na elaboração de projetos de lei que
auxiliem nas buscas.
Muitas das ações legislativas têm a
finalidade de aumentar a divulgação das
imagens dos que desapareceram. Em
dezembro, antes do recesso parlamentar,
a Alerj aprovou o projeto de lei 577/07, de
autoria do deputado Roberto Dinamite
(PMDB), que determina a impressão das
fotos de crianças desaparecidas em todos
os recibos de pedágio emitidos no Rio.
O projeto determina ainda que, caso a
pessoa inscrita como desaparecida seja
Rio de Janeiro, de 1º a 15 de fevereiro de 2008 7
reencontrada, o fato seja comunicado ao expor as fotos das crianças desaparecidas a aprovação do projeto, as fotos também
órgão responsável, em, no máximo, 72 nos sites dos órgãos públicos do estado. deverão ser exibidas em telões, placares
horas, pela mesma pessoa que comu- O Poder Executivo abraçou a idéia e, em eletrônicos ou similares, nos locais que
nicou seu desaparecimento. Segundo ofício assinado pelo coordenador Luiz os possuírem; em espaço a ser reservado
Dinamite, o Governo ficará encarregado Henrique Oliveira e pela presidente da em publicações internas e em murais; no
de definir a instituição que irá receber e FIA, a ex-deputada Jurema Batista, deu início e nos intervalos de todas as sessões,
divulgar as fotos. “A família vitimada com parecer favorável à proposta, consideran- jogos ou eventos, e durante todo o horário
um desaparecimento não tem condições do-a uma defesa dos interesses da causa de funcionamento de rodoviárias, aeropor-
de arcar com o pagamento de anúncios das crianças desaparecidas. O tucano tos, portos e clubes recreativos.
em veículos de comunicação”, afirma o comemora a resposta. “Este retorno é um O peemedebista espera que o “ajus-
deputado, para quem são necessárias ótimo sinal para o que tanto desejamos: te” que fez na lei também se transforme
mais ações que estimulem a partici- ajudar as famílias que sofrem com este num documento de valor legal. “Uma vez
Fo
pação de órgãos públicos e privados to
s:
tipo de violência”, declara. que o texto em vigor, mesmo obrigando
Fa
para incrementar a circulação des- bi
an
As ações da Casa legislativa vão além. a exibição das referidas fotos, não expli-
tas imagens. o A criação de uma central de informações cita de que maneira tal comando deve
Ve
n ez
A divulgação das fotos cons- a sobre pessoas desaparecidas no estado ser realizado, achei importante fazê-lo.
titui uma das formas mais efica- é o que propõe o projeto de lei 952/07, Esse vácuo regulamentar faz com que os
zes de se conseguir encontrar do deputado Rodrigo Dantas (DEM). órgãos atingidos fixem fotos das crianças
os desaparecidos. Segundo o O autor do projeto explica que a finali- desaparecidas em locais e horários que
coordenador do SOS Crianças dade seria unir todas não atingem o grande público”, avalia.
Desaparecidas, Luiz Henrique as informações sobre Chiquinho também aponta o avanço
Oliveira, a solução da maioria
dos casos se dá através de
denúncias da população, que
“ Este retorno é um
ótimo sinal para o que
tanto desejamos: ajudar as
os desaparecidos, pa-
ra tentar diminuir o
número considerável
da tecnologia de telões e placares ele-
trônicos como mais um motivo para se
adequar a Lei 3.618 às novas condições
reconhece as crianças pelas ima- famílias que sofrem com de casos no estado. da modernidade. “Isso irá garantir, sem
gens divulgadas, principalmente
na imprensa. A FIA, por exemplo,
não tem se furtado a lançar mão
este tipo de violência
” “Estaremos dando um
passo fundamental pa-
ra que o grande pro-
dúvida, que se atinja um público maior”,
ressalta o parlamentar.
Um instrumento importante no aten-
dos mais diversos meios para en- Deputado Glauco Lopes (PSDB) blema existente hoje dimento das famílias envolvidas e que, de
contrar meninos e meninas perdi- possa ser amenizado, acordo com o deputado Nelson Gonçalves
dos. Com isso, conseguiu fazer com permitindo que as fa- (PMDB), agiliza o atendimento e facilita
que os contracheques dos servidores mílias dos desaparecidos possam ter a o processo de busca das crianças e ado-
do estado tragam as imagens dessas chance ou a perspectiva de descobrir lescentes desaparecidos, é a Delegacia
crianças estampadas. Outra ação do o que aconteceu com os que sumiram. Especializada de Proteção à Criança e
poder público já trouxe muita gente A proposta visa ao estabelecimento da ao Adolescente (DPCA). Além de pres-
de volta para casa ao imprimir fotos Silvania de obrigatoriedade da centralização de todas tar um serviço diferenciado aos pais e
nos envelopes dos telegramas en- Souza, mãe de as informações em um só órgão público”, responsáveis pelas crianças, as DPCAs
viados em todo o País – uma ação Larissa, tem comenta o democrata, ressaltando a ago- também ajudam no encaminhamento
conjunta da Empresa Brasileira esperanças de nia pela qual passam os familiares que de denúncias de casos como a violência
de Correios e Telégrafos (ECT), encontrar a peregrinam de um local para outro na doméstica. Para o parlamentar, que
da Loteria Federal e da Caixa filha de nove esperança de conseguir notícias. propôs o projeto de lei 431/07, que cria
Econômica Federal (CEF). anos que foi à Para diminuir esse sofrimento, o a obrigatoriedade da implementação
A questão mobilizou não só escola e nunca estado deu o primeiro passo já em 2001, dessas delegacias em municípios com
o deputado Dinamite. Tramitam mais voltou quando a Lei 3.618/01, que torna obri- mais de cem mil habitantes, a iniciativa
hoje na Alerj diversos outros projetos para casa gatória a fixação de fotos de crianças atenderia à própria reivindicação da Rede
que buscam colaborar para tornar desaparecidas em rodoviárias, aeroportos, Nacional de Identificação e Localização
os reencontros familiares uma re- teatros, estádios de futebol, clubes recre- de Crianças e Adolescentes Desapare-
alidade cada vez mais comum. ativos, casas de espetáculos e cinemas, cidos. “Durante o primeiro encontro que
No ano passado, outra vitória foi foi sancionada. Desejando ampliar essa ocorreu em Brasília, em 2006, este foi um
conquistada através da indicação divulgação, o deputado Chiquinho da dos pedidos incluídos no documento final,
legislativa 1.821/07, de autoria do Mangueira (PMDB) apresentou o projeto após discussão travada para aumentar
deputado Glauco Lopes (PSDB), de lei 949/07 visando a aumentar o es- o alcance dessas delegacias em todo o
que autorizou o Governo estadual a pectro de atuação da lei em vigor. Com País”, justifica Gonçalves.
 12
8 Rio de Janeiro, de 1º a 15 de fevereiro de 2008

capa

SOS Crianças Desaparecidas

Fundação para a Infância e a Adolescência
Rua Voluntários da Pátria, 120 – Botafogo
de segunda a sexta, das 9h30 às 17h
Tels.: 2299-1495, 2299-1496 ou 2299-1507
Pólos de Articulação Regional (PAR)
PAR / Rio de Janeiro – Rua Joaquim Palhares, s/nº ­–Estácio
Tel. : 2502-4361 Telfax.: 2299-1017
PAR / Região Serrana – Av. Julius Antonio Thuller, 480, Olaria – Nova Friburgo
Tel.: (0xx22) 2522-7763 Telfax.: (0xx22) 2522-9516
PAR / Baixada Fluminense – Estrada Pres. Henrique Duque Maia, 149, fundos,
Posse – Nova Iguaçu – Tel.:2667-6224 Telfax.: 3102-1851/ 2299-9002
PAR / Baixada Litorânea – Rua Dr. Bernardo Vasconcelos, 791, Centro –
Araruama – Telfax.: (0xx22) 2264-2721/ 2664-2847
PAR / Sul Fluminense – Rua Volta Grande II – Volta Redonda (prédio com
estrutura de CIEP, onde funcionam o CETEP e a FAETEC) – Telfax.: (0xx24) 3341-
0399/ 3337-7490
PAR / Leste Fluminense – Rua General Castrioto, 589, Barreto – Niterói
Tel. 2628-9961 Telfax.: 2299-1004
PAR / Norte Fluminense I – Rua Lacerda Sobrinho, 284, Centro –
Campos – Tel.: (0xx22) 2722-0229 Telfax.: (0xx22) 2733-3687
PAR / Norte Fluminense II – Rua Francisco Portela, 505, Centro –
Macaé – Tel.: Cel. 9261-0713
Delegacias de Proteção à Criança e ao Adolescente
DPCA – Centro do Rio – Avenida Presidente
Vargas, 1.100 Tels.: 3399-3681 a 3687 e 3399-
5445 a 5449 – Telefax: 3399-3678 / 3681
DPCA – Niterói – Rua São João, 370,
Centro – Tels.: 3399-3949 a 3952 e
3399-1208 a 1224

Rodrigo Rodrigues, de um ano, seqüestrado em fevereiro de 2007, foi encontrado na Paraíba graças à divulgação de uma foto sua pelo SOS Criança

l Para que procura tenha início é necessário registrar a ocorrência

Casos como o de Larissa são mais
freqüentes do que se imagina. De acor-
do com o SOS Crianças Desaparecidas,
61% dos registros de desaparecimento
ocorrem no trajeto entre a casa e a es-
cola. Foi o que aconteceu com Jéssica
Freitas de Oliveira, de seis anos, que
ficou sete dias sumida. “Eu me de-
sesperei e comecei a divulgar as fotos
da minha filha por todo lugar até que
encontrei o SOS, através do Conselho
Tutelar. É horrível você como mãe, que
sempre quer proteger o filho, não poder
fazer nada diante do fato”, relata a mãe
de Jéssica, Ana Paula Machado de
Freitas. E foi graças à ação do programa
estadual que a menina foi encontrada.
Para isso precisa-se agir como manda a
FIA: procure a delegacia mais próxima,
efetue o registro de ocorrência (RO) e
compareça à sede do SOS, ou em um
dos oito pólos de Articulação Regional
(ver quadro acima), munido do RO, da
certidão de nascimento e da foto da
criança, da identidade do responsável
e de um comprovante de residência.
Atitude que garantiu à dona-de-casa
Juciara Rodrigues meios para encontrar
seu filho Rodrigo, de um ano de idade,
seqüestrado em fevereiro de 2007 no
município de Nova Iguaçu, na Baixada
Fluminense. O menino havia sido levado
para a Paraíba, onde já estava vivendo
com outra família. “Parecia que tinham
tirado um pedaço de mim. As mães não
devem desistir de procurar porque um dia
elas vão achar seus filhos. Eu torço para
que todas tenham o sucesso que eu tive”,
afirma, emocionada. Nova Iguaçu, junto
ao Rio e a São Gonçalo, é uma das cida-
des que, segundo a FIA, mais registram
casos de desaparecimento de crianças e
adolescentes até 18 anos incompletos e de
pessoas portadoras de deficiência com até
21 anos – situações que fazem parte dos
casos resolvidos pelo SOS Criança.
O programa teve início em 1997 e,
além de produzir e divulgar dados e fotos
de desaparecidos em locais de grande
circulação, bem como na imprensa, ofe-
rece à população os serviços de uma
equipe técnica composta por assistentes
sociais, psicólogos e advogados. O SOS
Crianças Desaparecidas enfatiza a cultu-
ra da identificação, visando à prevenção
do desaparecimento. É por isso que os
profissionais do Governo do estado suge-
rem, através de orientações nos meios de
comunicação, a distribuição de pulseiras
de identificação em grandes eventos, o que
facilita a localização o mais rapidamente
possível. Para intensificar esse trabalho, a
FIA lançou, também em 1999, o programa
SOS Verão, que consiste na busca por
crianças desaparecidas e na orientação
aos pais nas praias do estado.
Rio de Janeiro, de 1º a 15 de fevereiro de 2008 9

cultura

História ao alcance de todos Rafael Wallace

Biblioteca da Alerj oferece
acervo de obras raras e
diários oficiais digitalizados

U
Camila de Paula

m dos mais completos registros

da história política do Estado
do Rio, e mesmo do antigo
Estado da Guanabara, está muito bem
guardado e à disposição da população
na biblioteca da Alerj. Localizada no
segundo andar do Palácio Tiradentes, a
biblioteca mantém em sua arquitetura
as características originais do prédio
em estilo renascentista italiano, com
paredes revestidas por belas estantes em
imbuia e teto de estuque em caixotões
trabalhados – ambiente que convida a
um passeio pelo passado do Legislativo
fluminense e por preciosidades como uma
das primeiras edições de Os Lusíadas, de
Luiz de Camões (1880), e o exemplar que
reúne alguns dos primeiros números do
Jornal do Commércio (1832). Publicações
como estas, guardadas com extremo zelo
por aqueles que trabalham no setor, são
exemplos de seu rico acervo.
Referência em edições que preservam
a história da antiga capital do País, a Bi-
blioteca Dona Maria Portugal Duque Costa
foi criada em 1947, tendo sua primeira
sede localizada no Palácio Pedro Ernesto,
atual sede da Câmara Municipal do Rio de
Janeiro. Em 1975, com a fusão do antigo
Estado do Rio com a Guanabara, o acer-
vo, com publicações originais do Poder
Legislativo do Brasil desde o império e
anais da Câmara Federal, do Senado, das
prefeituras do Rio e de Niterói, do Estado
da Guanabara e do antigo Distrito Federal,
mudou-se para o Palácio Tiradentes. Em
1989, ela recebeu o nome de sua fundadora,
uma das mais importantes bibliotecárias
do País e que, por mais de 20 anos, dirigiu
a biblioteca da antiga Câmara dos Depu-
tados do Distrito Federal.
Duque Costa foi a principal responsável
por reunir o acervo único da biblioteca,
que, em 1998, passou por um processo de
modernização, envolvendo preservação,
modelagem de dados para a intranet e
a internet e microfilmagem dos diários
oficiais do estado do Rio. “Hoje temos
possibilidade de acesso digitalizado às
edições do Diário Oficial tanto do Legis-
Localizada no segundo andar do Palácio Tiradentes, a biblioteca está aberta a visitação
lativo quanto dos executivos estadual e
municipais, desde a primeira edição, em
1975, até 2006. Também temos o Diário
Oficial do antigo Estado da Guanabara,
além do Boletim Oficial do Estado, o BOE,
antigo boletim de pessoal que foi incorpo-
rado ao Executivo”, explica a diretora da
biblioteca, Isabela Aguiar. “Nunca deixa-
mos o usuário sem saber onde encontrar
o que precisa. Parte do nosso trabalho é
ensinar o caminho das pedras”, comenta
a bibliotecária Rosa Maria Rangel.
Cópias e livros gratuitos
Outro funcionário do setor, o docu-
mentarista Luis Fernando Teixeira revela
que, dentre os 45 mil volumes disponíveis
nas estantes da biblioteca, consultados
por mais de 20 mil usuários por ano, os
mais procurados são os antigos anais da
Câmara Legislativa, onde se pode encon-
trar a coleção mais completa desse tipo de
publicação no Rio. Segundo ele, um dado
que impressiona a quem busca atendi-
mento é o fornecimento de até três cópias
autenticadas gratuitas de documentos, o
que corresponde a 80% da demanda. “Uma
vez uma mulher se surpreendeu ao receber
a cópia sem mesmo tê-la solicitado, per-
guntando se não tinha que pagar alguma
coisa. Respondi de imediato: a senhora já
paga seus impostos”, conta Teixeira.
A diretora lembra, ainda, outro serviço
disponível para os usuários: uma listagem
de obras que podem ser doadas – dentre
elas, estão algumas biografias e edições
sobre a história política do Estado do Rio.
“Se percebemos que alguém se interes-
sa muito por um determinado assunto,
oferecemos uma obra relacionada. Isto
tem ajudado muitos estudantes e pesqui-
sadores”, explica. A biblioteca também
editou algumas publicações próprias, que
estão entre as mais procuradas: caso das
legislações sobre direitos da terceira idade,
da mulher e do portador de deficiência.
“Estamos com a intenção de editar leis e
normas referentes à defesa do meio am-
biente e do consumidor”, expõe Isabela
Aguiar. Ela aproveita para lembrar que
a Biblioteca Dona Maria Portugal Duque
Costa funciona de segunda a sexta, das
11h às 17h30, e que mais informações
podem ser obtidas através dos telefones
(21) 2588-1418 ou 2588-1419. A listagem
de obras disponíveis para doação pode
ser solicitada através do e-mail dbibliot@
alerj.rj.gov.br.
10
l curtas
Holocausto
A Frente Parlamentar Brasil-Israel
da Assembléia Legislativa do Rio
promoveu, nos dias 27 e 28 de
janeiro, uma exposição de fotos em
homenagem ao Dia Internacional
do Holocausto, celebrado em 27
de janeiro. A mostra, realizada
em parceria com a organização
não-governamental Amisrael,
ficou exposta em frente ao Hotel
Copacabana Palace, na Avenida
Atlântica, em Copacabana, Zona Sul
do Rio. “É importante que as novas
gerações tenham conhecimento de
que, em pleno século XX, o homem,
guiado pela intolerância, foi capaz de
cometer um dos maiores genocídios
da história. Todos deveriam saber um
pouco mais sobre este acontecimento
que marcou a Humanidade para
sempre e evitar que fatos como este
se repitam”, afirmou o presidente da
frente parlamentar, deputado Jodenir
Soares (PTdo B).
Nova imagem
A Escola do Legislativo
Fluminense passou a se chamar,
em fevereiro, Escola do Legislativo
do Estado do Rio de Janeiro.
Segundo a direção da instituição,
o objetivo é evitar uma possível
imagem regionalista do centro de
ensino. “Nossa intenção é evitar
que a escola seja classificada como
regional, limitada à capital. Isso
iria de encontro aos projetos de
cursos e palestras pelo interior que
temos para este ano”, explica o
diretor, Marcelo Henrique da Costa,
que buscará este ano ampliar a
área de atuação da escola, através
de convênios com municípios do
interior do estado.
A nova marca do centro de ensino,
lançada este ano, segue a mesma
idéia e traz a imagem de um livro
aberto, que faz lembrar montanhas,
num azul que se refere à cor que
caracteriza o estado.
cidadania
No rastro dos
crimes digitais
Lei obriga lan houses a
cadastrar clientes para facilitar
investigações policiais
C
M arcela M aciel
ada vez mais comuns, os
crimes cometidos por quem
utiliza a internet estão na mira Martins afirma nunca ter tido proble-
do Legislativo estadual. Com o objetivo de
aumentar o poder de alcance da polícia
em casos que podem envolver, dentre ou-
tros, pedofilia, tráfico de drogas e racismo
através da rede mundial de computadores,
os estabelecimentos que cobram pela
navegação, também conhecidos como
cibercafés ou lan houses, estão obrigados
a manter um cadastro de seus usuários.
A determinação é da Lei 5.132/07, de au-
toria da deputada Graça Prereira (DEM),
sancionada pelo governador Sérgio Cabral
em novembro de 2007.
A proposta estipula
que as casas deverão
criar registros em que
constem informações
sobre seus clientes,
tais como nome, en-
dereço, data, hora e
terminais utilizados,
para fim de controle
e fiscalização policial
em caso de infrações
criminais.
Segundo a de-
putada, a sanção da
lei representou uma Dentro da lei: lan house na Zona Sul faz cadastro dos clientes
vitória. “As investiga-
ções de crimes na internet conseguem
chegar ao computador utilizado, mas não
a quem o utilizou para a prática do crime.
O que tem acontecido é que a polícia só
consegue identificar os suspeitos quando
se trata de um computador caseiro. As
lan houses e similares ainda ofereciam
esse sigilo, já que os policiais não tinham
como saber quem havia utilizado as
máquinas. Agora, de forma simples, isso
vai acabar”, comemora Pereira. A parla-
mentar ressalta, ainda, que o próximo
passo será tentar incluir na fiscalização
Rio de Janeiro, de 1º a 15 de fevereiro de 2008
os estabelecimentos clandestinos, que
não têm alvará e que, normalmente, se
encontram em comunidades carentes.
“É um obstáculo e tanto porque são
cibercafés sem alvarás. Mas estou estu-
dando a possibilidade de estender esta
fiscalização a eles também”, explica.
Dona de uma lan house na Zona Sul
do Rio há cinco anos, Márcia Cristina
mas com a má utilização da rede, mas
considera louvável a iniciativa. “Embora
o cadastro dos usuários não evite que
eles cometam algum tipo de crime, a
lei ajudará na apuração da polícia para
os casos da ocorrência do uso indevido
da internet”, comenta a empresária.
Márcia ressalta ainda que, desde que
tomou conhecimento das determina-
ções legais, passou a identificar todos
os seus clientes. Porém, para a dona da
lan house, ainda é preciso fiscalizar mais
Zô Guimarães
os estabelecimentos para que a lei seja
cumprida. “Mesmo não tendo nenhum
problema na lan house até agora, esta-
mos obedecendo a lei. Não queremos ser
punidos por conta de faltas cometidas
por alguns poucos”, destaca.
Para as lan houses e cibercafés que
descumprirem a norma, será cobrada uma
multa que poderá variar entre cem e mil
Ufirs (R$ 170 a R$ 1,7 mil). A quantia paga
seguirá para a Secretaria de Estado de
Segurança Pública e poderá ser destinada
ao fundo especial deste órgão.
Rio de Janeiro, de 1º a 15 de fevereiro de 2008
bem-estar
Na batida do coração
Rotina estressante dos
deputados exige atenção
redobrada com a saúde
E
E verton S ilvalima
laborar projetos que se trans-
formem em leis não é uma
atividade das mais fáceis. São
muitas sessões de votação, visitas às ba-
ses eleitorais para conhecer os anseios da
população, reuniões e mais reuniões em
gabinetes e em vários pontos do estado,
audiências públicas, enfim, um trabalho
que normalmente excede as oito horas
regulares de um trabalhador comum.
Essa rotina caracteriza o dia-a-dia dos
deputados e, se determinados cuidados
com a saúde não forem tomados, ela
pode se transformar numa bomba que
atende pelo nome de infarto. “Quem tra-
balha com funções muito estressantes
precisa de acompanhamento médico,
além de realizar, pelo menos, exames
clínicos anuais”, alerta a diretora do
Depois de sofrer infarto, o deputado Jodenir Soares passou a utilizar com mais freqüência o serviço médico da Alerj para medir a pressão
Departamento Médico da Alerj, Mônica
Antun Maia.
São cuidados que podem evitar o
susto que o deputado Jodenir Soares
(PTdoB) levou em meados de 2007, quan-
do passou mais de 20 dias licenciado
depois de ter infartado. O parlamentar
começou a passar mal e a sentir falta
de ar após uma agenda de trabalho e,
como ele mesmo garante, sua sorte foi
medir a pressão arterial em um apare-
lho comprado em uma farmácia na rua.
“Depois que passei por isso, elaborei um
projeto que obriga as farmácias a medir
gratuitamente a pressão de quem quer
que seja. Isso vai evitar muitas mortes”,
comenta. Soares também fez questão de
modificar alguns hábitos que poderão
evitar que ele se assuste novamente.
“Agora, me alimento com mais cuidado,
sem gorduras e frituras, e caminho uma
hora por dia”, ensina.
As mudanças fazem parte do que a
médica Maia classifica como “um novo
estilo de vida”, que inclui alimentação
11
mais regrada, atividades físicas regu-
lares e controle do peso e do colesterol.
“Os exames médicos freqüentes também
indicam algumas doenças que podem
levar ao aumento do colesterol, como a
arterosclerose, o acúmulo de gordura na
parede das artérias”, explica. O conselho
para a mudança já foi seguido por outros
deputados que também sofreram infarto.
O deputado Coronel Jairo (PSC) passou
por esse problema em 2005 e, desde
então, segue à risca as novas sugestões:
depois de 30 anos, parou de fumar, além
de não beber mais bebidas alcoólicas e
optar pelas comidas “mais lights”, como
peixe e sopa de ervilha.
A diretora do Departamento Médico
frisa, ainda, que o aconselhamento serve
para todos, pois o infarto não escolhe
idade. Nesse sentido, dois deputados
ilustram bem essa constatação: o tucano
Gerson Bergher, de 82 anos, e o comunis-
ta Fernando Gusmão, de 40. Os dois já
infartaram e, a partir de então, também
mudaram hábitos do cotidiano.
Fabiano Veneza
12 Rio de Janeiro, de 1º a 15 de fevereiro de 2008

l ENTREVISTA ronaldo medeiros (psb)

Rafael Wallace

“O legislador jamais
pode esquecer que
seu compromisso
é com o povo”

E
M arcela M aciel

studante de Economia, marchand e comerciante

são algumas das atividades já exercidas pelo
deputado Ronaldo Medeiros (PSB), antes de
entrar para a carreira política. Vereador por três man-
datos, ele foi o mais votado da história de Petópolis na
última eleição municipal. Como relator do projeto de lei do
Uso, Ocupação e Parcelamento do Solo, ainda na Câmara
Municipal de Petrópolis, em 2000, Medeiros apresentou
200 emendas à lei, que possibilitaram investimentos nos
setores comercial e industrial da cidade, sem perder de
vista a importância da preservação ambiental. Na Alerj,
sua meta é fazer sempre o melhor para a Cidade Imperial
e levar conquistas para a região.

Como o senhor define o tra-
balho de um político com
atuação regional, como é o
seu caso?
O que o legislador jamais pode
esquecer é que o seu compro-
misso é com o povo, que ele
ocupa um cargo público para
representar a população, e não
seus interesses pessoais. Com
transparência, responsabilida-
de e dedicação, as coisas ten-
rápida. Mas a experiência é
muito interessante, até porque
sabia que entraria em uma
Casa de proporções muito
maiores, e o impacto acaba
sendo amenizado no dia-a-
dia, na convivência com os
outros parlamentares e os
funcionários e com o ótimo en-
trosamento existente entre os
Legislativo esta-
dual e municipal,
O estudo foi demorado?
Foram quase dez anos entre
estudo e aprovação do proje-
to, porque a minha proposta
mexia em todo o uso do solo e
as discussões eram abertas à
população. Mas valeu a pena
porque hoje vemos grandes
conquistas como a Faculdade
Arthur Sá Earp (Fase), que
comprou cinco
casarões para um
os projetos Parlamento Juvenil
e Câmara Mirim. As crianças
e os adolescentes não gostam
de política porque, na maioria
das vezes, não conhecem e só
ouvem o lado ruim. Inserir no
jovem a cultura do que são os
poderes Legislativo, Judiciário
e Executivo, até para que eles
possam acompanhar e exercer
a cidadania, é fundamental.

dem sempre a correr pelo lado
positivo. Foi assim em todos os
meus mandatos como vereador
e no meu biênio (1999 e 2000)
como presidente da Câmara
Municipal de Petrópolis.
A sua experiência é no
Legislativo municipal. O
senhor percebeu muita
diferença no parlamento
estadual?
Em um primeiro momento
senti um grande impacto, por-
que tudo o que você gostaria
de realizar aqui é muito mais
difícil devido ao número de
parlamentares e de projetos.
Como o número de projetos
na Câmara Municipal era bem
menor, a tramitação era mais
“
e o próprio Poder novo campus na
O processo
Executivo. Rua Barão do Rio
político é tão
Branco, onde, an-
apaixonante que
O que o levou teriormente, só po-
para a política? os que têm boa deria ter utilização
Entrei para a po- vontade superam
”
residencial. Assim
lítica em 1993, a parcela ruim também foi com a
como vereador. transferência das
Cerca de dois Sendas para a ci-
anos antes de me candidatar, dade, ocupando 17 mil metros
comecei a estudar o solo do quadrados, e a ampliação do
município para o desenvol- Hospital Santa Teresa.
vimento comercial. E, perce-
bendo que a cidade não tinha O que é preciso fazer para
zoneamento, resolvi levantar que a população se interes-
a idéia do parcelamento do se mais pela política?
solo. Essa foi a minha maior O foco tem que estar na crian-
conquista para a cidade, que ça. É preciso inserir a criança
possibilitou a execução de no universo político, assim
aproximadamente 200 proje- como a Alerj e a Câmara Mu-
tos para a região. nicipal de Petrópolis fazem com
Como o senhor vê a política
hoje?
Há muitos políticos descom-
promissados atuando para
fins pessoais, mas o processo
político é tão apaixonante que
aqueles que têm a boa vontade
superam a parcela ruim. Nós
já poderíamos ser uma nação
de primeiro mundo, abraçando
as manifestações populares,
as lutas pelo desenvolvimento.
Mas é imprescindível que a so-
ciedade faça a sua parte nesse
sistema porque é necessário ter
muita consciência na hora de
votar. E, exatamente por isso,
também é tão importante que
os jovens e as crianças fiquem
entrosados desde bem cedo
com a política.