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TÁTICAS

PROFANATÓRIAS
DE ESPAÇOS
PÚBLICOS
Paola Berenstein Jacques

UFPB | PPGAU
Disciplina: Centros Históricos e Urbanidades
Aluno: Iale Luiz Moraes Camboim
2015.2

[SESSÃO 03]
Fundamentos para renovação epistêmica e
metodológica em projeto, pesquisa e gestão da
cidade contemporânea
TÁTICAS PROFANATÓRIAS DE ESPAÇOS PÚBLICOS
Paola Berenstein Jacques

Crítica ao processo de espetacularização urbana a partir de:

VITALIDADE E
APROPRIAÇÕES IMPROVISAÇÕES INTESIDADE DA
VIDA PÚBLICA

“As zonas opacas ganham visibilidade por negação,


exatamente por sua exclusão dos holofotes do
processo mais vasto de espetacularização urbana
contemporânea”. (p.15-16)
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Paola Berenstein Jacques

empobrecimento
ESPETACULARIZAÇÃO das experiências
corporais
URBANA

negação dos
espaços “revitalizados” conflitos e
dissensos
ordenados

assépticos tentativa de redução


ou eliminação da
vitalidade popular
gentrificados
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Paola Berenstein Jacques

USO COTIDIANO DA CIDADE:


PROJETOS URBANOS: estratégias homogeneizadoras,
espetaculares e consensuais.
microrresistência à
espetacularização
urbana;
“Estes projetos buscam transformar o espaço
experiências não
público em cenários, espaços desencarnados, planejadas e usos
fachadas sem corpo: pura imagem publicitária”. desviatórios dos
espaços públicos.
(p.16)
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Paola Berenstein Jacques

A espetacularização urbana
também inclui:
O museu e o turismo Processos que não só
[espetáculo e consumo] pacificam, como também
são as duas faces da MUSEIFICAÇÃO sacralizam os espaços
impossibilidade de usar e públicos, tornando-os
[Giorgio Agamben, 2007]. MUSEALIZAÇÃO luminosos.
URBANA

O USO enquanto forma de resistência crítica!


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Paola Berenstein Jacques

“Profanar os espaços públicos


luminosos significaria tirá-los desta
esfera do sagrado, do consumo e
da exibição espetacular, e restituí-
los ao uso comum dos habitantes,
passantes ou demais usuários”.
(p.15-16)

Jogos, festas e danças:


instrumentos de profana-
ção.

“Fazer com que o jogo volte


a sua vocação puramente
profana é uma tarefa
política” [Agamben, 2007].
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construção de situações "a realização contínua de um grande jogo” Potlatch no7

SITUACIONISTAS psicogeografia “O jogo psicogeográfico da semana“ Potlatch no1


anos 1950

derivas “a deriva […] era considerada uma distração“ (p.18)

jogos urbanos como táticas anti-espetaculares “jogo: criação de ambiências lúdicas escolhidas” [IS, 1958]

“A ideia que estaria por trás de todo o pensamento urbano


situacionista […] seria então essa questão do jogo, uma grande
tática antifuncionalista e profanatória que prioriza os usos, os
desvios e não as funções”. (p.19)
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“A cidade para os situacionistas é o espaço


SITUACIONISTAS do jogo, mas eles não se contentam com os
anos 1950 jogos já existentes. Os situacionistas querem
criar novos jogos na vida cotidiana”. (p.20)

a vida livremente construída;

invenção, criatividade e ludicidade;

desaparecimento de qualquer elemento de competição;

Se as táticas profanatórias urbanas podem ser provocadas, criadas


ou construídas, será que elas não poderiam ser apenas táticas de
sobrevivência ou de uso cotidiano, que desviam dos usos planejados?
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TÁTICAS utilizar, manipular, alterar.

x
ESTRATÉGIAS produzir, mapear, impor.
Michel de Certeau [1996]

“As práticas cotidianas mais ordinárias são táticas desviatórias - estão


diretamente relacionadas com a experiência urbana do ‘embaixo’, com o
‘corpo a corpo amoroso’ -, enquanto as estratégias ‘escondem sob cálculos
objetivos a sua relação com o poder’ que sustenta os espaços”. (p.21)
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o caminhar pela cidade: desestabiliza a ordem social dominante;


A experiência da
o saber subjetivo, lúdico e amoroso desses praticantes;
cidade vivida
revela ou denuncia o que o projeto urbano estratégico exclui.

o CORPO do praticante!

“Em suma, o espaço é o lugar praticado. Assim, a rua


Lugar x Espaço geometricamente definida pelo urbanismo, é transformada em
espaço pelos pedestres”. [Certeau, 1996, p.202]
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“As zonas opacas das cidades periféricas, ou das


periferias das grandes cidades globalizadas, são espaços
O espaço em em constante movimento exatamente por serem seus
movimento usuários, praticantes e habitantes os verdadeiros
responsáveis por sua construção coletiva”. (p.23)

construtores informais das favelas brasileiras;


Táticas
nos espaços luminosos: moradores de rua, ambulantes, prostitutas, catadores etc.; profanatórias!

primeiros alvos da assepsia dos projetos de “revitalização".


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Milton Santos [1996]

Espaços luminosos

da mercadoria, do espetáculo, da imagem;

espaços do tempo rápido;

“espaços fechados da exatidão”.

Espaços opacos

do corpo a corpo, da tentativa, da cegueira;

espaços do tempo lento;

“do aproximativo e da criatividade”;

“sobreviventes”.

Para Ana Clara Ribeiro [2006] “os homens


lentos politizam o cotidiano, ao resistir em
espaços opacos e sobreviver em espaços
luminosos […]”. (p.25)
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o empobrecimento dessa experiência [espetacularização];


A experiência
corporal das a questão do corpo cotidiano [corporeidade] no espaço urbano;

cidades homens lentos: praticantes ordinários da cidade.

“O sujeito corporificado também está diretamente relacionado à


necessidade de ressubjetivação das relações sociais, ‘resistindo à
abstração dos números, ao império das estatísticas, à desmaterialização
dos fluxos comunicacionais, […] à aceleração contínua da existência”. (p.26)
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corpo-máquina
Sujeito
corporificado x corpo-produto
corpo-mercadoria

estratégias de marketing que buscam construir


uma nova imagem da cidade contemporânea;

O “modelo Barcelona”;

Cidade top-model.

Aproximação dos conceitos: sujeito


corporificado, homem lento [Milton Santos],
praticantes ordinários da cidade [Certeau];

Demonstram um compromisso com a busca


de uma maior “incorporação” das ideias nas
práticas.
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Paola Berenstein Jacques

“Os urbanistas indicam usos possíveis para o espaço projetado, mas são
aqueles que o experimentam no cotidiano que os atualizam. […] Acredito
que estas improvisações urbanas, sobretudo através de suas práticas
profanatórias, possam nos ajudar a melhor interrogar e tensionar o
pensamento contemporâneo hegemônico sobre as cidades […]”. (p.29)

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