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(2011) Administração Pública em Exercícios - Aula 00 PDF
(2011) Administração Pública em Exercícios - Aula 00 PDF
Aula Demonstrativa
Olá, Pessoal!
Esta é a aula demonstrativa do curso de Administração Pública em Exercícios
para Auditor Fiscal da Receita Federal e Auditor Fiscal do Trabalho. O curso é
voltado para os dois cargos porque o edital deles é praticamente igual; a única
diferença está no fato de o edital de AFT não prever Ética no exercício da
função pública. Todavia, existe uma matéria específica de Ética na
Administração Pública, ou seja, o conteúdo cai também para AFT.
Este curso será apenas de comentários de exercícios, na forma de simulados.
Vou comentar 30 questões por aula, divididas em três simulados de 10
questões, como foi nos últimos concursos dos dois cargos. Também
comentarei uma questão discursiva por aula. O curso será composto de 07
aulas, às quartas-feiras, começando no dia 16/11.
Veremos muitas questões da ESAF, mas também comentarei questões de
outras bancas e questões formuladas por mim. Serão questões próximas ao
estilo que a ESAF utiliza e, em muitos casos, as bancas usam os mesmos
textos para formular suas questões. Assim, poderemos abordar aspectos que
ainda não foram cobrados pela ESAF, mas que podem fazer parte de suas
provas no futuro.
Agora, vou me apresentar. Sou Auditor Federal de Controle Externo do
Tribunal de Contas da União. Já fui Analista Tributário da Receita Federal do
Brasil e escriturário da Caixa Econômica Federal, além de ter trabalhado em
outras instituições financeiras da iniciativa privada. Sou formado em
jornalismo, graduando em economia e tenho especialização em Orçamento
Público. Sou professor de cursinhos para concursos desde 2008, tendo dado
aulas em cursinhos de Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Cuiabá.
Também dou aula em cursos de pós-graduação.
Nesta aula demonstrativa, vocês poderão ter uma ideia de como será nosso
curso, nela estou comentando a prova do concurso de AFRFB de 2009. Espero
que gostem e que tenhamos uma jornada proveitosa pela frente.
Boa Aula!
Sumário
3 GABARITO ......................................................................................................... 46
1 Questões Comentadas
1.1 SIMULADO 1 – PROVA DE AFRFB 2009
Essa questão pode ser enquadrada mais como de Direito Constitucional do que
como de Administração Pública. Isso é normal nas questões que cobram o item
“Organização do Estado e da Administração Pública”. Normalmente são
abordados mais aspectos legais, vistos também em direito administrativo,
Uma das grandes inovações da Carta Magna foi a inclusão dos municípios
como entes federativos. Abrúcio afirma que:
Pela primeira vez na história, os municípios transformaram-se em entes
federativos, constitucionalmente com o mesmo status jurídico que os
estados e a União. Não obstante essa autonomia, os governos locais
respeitam uma linha hierárquica quanto à sua capacidade jurídica – a Lei
participarem da RM. Segundo José Nilo de Castro, esse caráter compulsório foi
mantido na CF88.
Desse texto, interessante notar a expressão “funções públicas”, ao invés de
serviços públicos. Segundo José Nilo de Castro:
Função pública é conceito mais restrito do que o de serviço público.
Informa, pois, a função pública o interesse regional, aqui qualificado. Nem
todos os serviços públicos podem ser transmutados em interesse regional. É
dizer: só alguns serviços públicos é que se pode desmunicipalizar, obtendo-
se ai o que o constituinte previu como função pública. E a função pública é
toda atividade estatal e, em se tratando daqueles de interesse comum a
vários municípios, perfaz-se o interesse metropolitano, o interesse regional.
Atualmente não existe nenhum território no Brasil, mas eles são figuras
relativamente recentes, como os estados do Roraima e Amapá que foram
transformados em estados na CF88.
A letra “D” é errada. Segundo a CF88:
Art. 18, § 1º - Brasília é a Capital Federal.
I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos
consecutivos, a dívida fundada;
II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei;
III - não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na
manutenção e desenvolvimento do ensino;
III - não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na
manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos
de saúde;(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)
IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representação para assegurar a
observância de princípios indicados na Constituição Estadual, ou para prover
a execução de lei, de ordem ou de decisão judicial.
Gabarito: E.
Pode-se observar que, na realidade, os textos não falam que deve prevalecer o
modelo burocrático, mas sim que deve haver um misto entre administração
burocrática e gerencial. Contudo, o posicionamento da ESAF foi mantido, ou
seja, no núcleo estratégico deve prevalecer a administração burocrática.
A letra “E” é certa. Uma coisa importante é não achar que a administração
gerencial não se preocupa com o controle, ela se preocupa sim, o que muda é
a forma de controle, dos processos a priori passa para os resultados a
posteriori. Segundo Bresser Pereira:
A administração pública gerencial emergiu, na segunda metade deste
século, como resposta à crise do Estado; como modo de enfrentar a crise
fiscal; como estratégia para reduzir custos e tornar mais eficiente a
administração dos imensos serviços que cabem ao Estado; e como um
instrumento para proteger o patrimônio público contra os interesses do
rent-seeking ou da corrupção aberta. Mais especificamente, desde os anos
60 ou, pelo menos, desde o início da década dos 70, crescia uma
insatisfação, amplamente disseminada, em relação à administração pública
burocrática.
A letra “A” é errada porque a reforma da década de 1930 foi autoritária, dentro
do Estado Novo de Getúlio Vargas. Assim, não trazia praticamente nada de
participação, accountability ou controle social. A evolução da burocracia no
Brasil destoa um pouco do ocorreu no mundo. Lá fora, a burocracia surgiu em
função do capitalismo e da democracia. O desenvolvimento industrial e a maior
complexidade da economia exigiam uma administração racional e eficiente. De
outro lado, a noção de res publica e a ampliação dos valores democráticos fez
com que as pessoas não aceitassem mais o patrimonialismo.
Já no Brasil, o capitalismo foi o propulsor da burocracia, mas a democracia
não. Ela foi implantada por um governo autoritário. Na realidade, no Brasil, a
democracia sempre caminhou em sentido contrário à burocracia. Segundo
Humberto Falcão Martins:
Sobretudo, dada a peculiaridade do nosso processo histórico de construção
nacional, a construção da ordem burocrática se chocou com a construção da
ordem democrática. Só conseguimos fortalecer de forma mais significativa o
universalismo de procedimentos e a capacidade de realização da burocracia
governamental em regimes autoritários, ao arrepio da democracia.
A questão é certa.
A letra “B” é errada porque tanto no governo JK quanto na ditadura de 1964
foi fortalecida a administração indireta em detrimento da direta. Nesses dois
períodos foi promovida a chamada Administração para o Desenvolvimento,
um conjunto de ideias em voga na América Latina da época que defendia que o
Estado deveria se modernizar para permitir um maior desenvolvimento do
país. Outro princípio desta corrente era a necessidade de planejar o
desenvolvimento, visando estabelecer prioridades de investimento de recursos
escassos para utilizá-los da melhor forma possível. Assim, a ação do governo
deveria estar intimamente relacionada com o planejamento.
A aplicação da administração para o desenvolvimento no Brasil resultou, tanto
no governo de JK quanto na ditadura, no crescimento da administração
indireta. Como se defendia a adequação da administração pública às
necessidades desenvolvimentistas do país, eram necessárias estruturas
administrativas mais flexíveis do que a rigidez do modelo burocrático
implantado pelo DASP. O governo JK diagnosticou a incompatibilidade entre a
estrutura burocrática vigente e o novo projeto nacional. Além da sobrevivência
de valores tradicionais no núcleo da burocracia, a implementação do Programa
de Metas exigia estruturas flexíveis, não burocráticas e uma capacidade de
coordenação dos esforços de planejamento.
A estratégia de JK para enfrentar possíveis embates com a burocracia foi a
constituição de estruturas paralelas para promover as reformas. Ganhou vulto
a aurtarquização de órgãos da administração direta, mediante a criação de
várias autarquias e sociedades de economia mista, mecanismos mais ágeis e
flexíveis.
Na ditadura ocorreu a mesma coisa. Segundo Bresser Pereira:
O aspecto mais marcante da Reforma Desenvolvimentista de 1967 foi a
desconcentração para a administração indireta, particularmente para as
O STF suspendeu o dispositivo que derrubou o RJU, por isso ele ainda está
valendo.
A letra “B” é errada. Vimos que a administração burocrática não será
abandonada com a reforma gerencial no Brasil, principalmente no núcleo
estratégico, em que deveria ainda prevalecer. Além disso, apesar da reforma
ter como um dos objetivos implantar o controle de resultados, não podemos
dizer que isso realmente se concretizou em toda a administração pública,
permanecendo uma série de controles financeiros e orçamentários.
A letra “C” é errada. A descentralização tem como objetivo aproximar a
sociedade da gestão dos serviços públicos, transferindo para os estados e
municípios as decisões sobre as políticas públicas. Isso irá permitir uma maior
o 71 municipais o 27 municipais.
A letra “E” é certa. Com a nova gestão pública, o Estado se retira da execução
dos serviços públicos para se concentrar na regulação e no incentivo,
ampliando a descentralização e a autonomia.
Gabarito: E.
A letra “C” foi dada como certa. Ela foi copiada de Alcindo Gonçalves, no texto
“O conceito de governança”, disponível em:
http://www.ligiatavares.com/gerencia/uploads/arquivos/24cccb375b45d32a6df
8b183f8122058.pdf
Segundo o autor:
Já a governança tem um caráter mais amplo. Pode englobar dimensões
presentes na governabilidade, mas vai além. Veja-se, por exemplo, a
definição de Melo: “refere-se ao modus operandi das políticas
governamentais – que inclui, dentre outras, questões ligadas ao formato
político-institucional do processo decisório, à definição do mix apropriado de
financiamento de políticas e ao alcance geral dos programas”. Como bem
salienta Santos “o conceito (de governança) não se restringe, contudo, aos
aspectos gerenciais e administrativos do Estado, tampouco ao
funcionamento eficaz do aparelho de Estado”.
Podemos ver aqui que a legitimidade não é mais associada apenas ao conceito
de governabilidade, ela passa a integrar também o conceito de governança.
Portanto, temos que tomar MUITO CUIDADO.
Na governabilidade, a legitimidade está relacionada com a representação de
interesses, se a sociedade percebe o governo como um legítimo intermediário
na disputa de interesses entre os diversos grupos da sociedade ou se ele é
visto como direcionado para determinado grupo. Na governança, a
legitimidade está relacionada com a participação da sociedade nas decisões, se
as políticas são formadas e implementadas junto com a sociedade.
As bancas de concursos normalmente não tratam desses nuances, elas ficam
em torno de pontos que são mais consensuais e superficiais. Porém, algumas
vezes elas passam a incorporar mudanças mais recentes nos conceitos, e a
ESAF já fez isso uma vez com esse conceito de governança. Vamos ver a
questão:
Importante destacar que nem sempre que falarmos em poder vamos estar nos
referindo à governabilidade. Vamos ver a definição do Banco Mundial para
governança.
O exercício da autoridade, controle, administração, poder de governo. É a
maneira pela qual o poder é exercido na administração dos recursos sociais
e econômicos de um país visando o desenvolvimento, implicando a
capacidade dos governos de planejar, formular e implementar políticas e
cumprir funções.
governo federal, nele existe o módulo SIDEC, que divulga as licitações que
ocorrem na administração pública. No site, as pessoas podem ter acesso às
informações das licitações que estão sendo realizadas pelo governo federal.
O SIAFI tem como objetivo proporcionar transparência. Segundo a Instrução
Normativa nº 03 de 23 de maio de 2001, da Secretaria do Tesouro Nacional:
CAPÍTULO II – OBJETIVOS DO SIAFI
1. O Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal –
SIAFI tem como objetivos:
[...]
5. Permitir aos segmentos da sociedade obterem a necessária transparência
dos gastos públicos;
Tributos não podem constituir sanção de ato ilícito. Taxas são tributos.
Portanto, taxas não podem ser usadas como punição de penalidades. Mas,
como foi dito, nossa prova não é de direito tributário, por isso a questão é
certa.
Gabarito: D.
Uma mudança importante do PPA 2012-2015, que está para ser votado, é que
as ações não vão mais constar do PPA. O binômio “Programa-Ação”, que
estruturava tanto os planos plurianuais como os orçamentos, dá lugar a
Programas Temáticos, Objetivos e Iniciativas, tornando-se a Ação uma
categoria exclusiva dos orçamentos anuais. O objetivo foi deixar no PPA só o
que se refere às dimensões estratégica e tática, ficando a dimensão
operacional para os orçamentos.
A letra “B” é errada. O controle pode ser prévio, concomitante ou posterior.
Assim, não é necessariamente errado falar que o controle precede a execução
orçamentária. Contudo, de forma geral, o controle normalmente vem no final
do ciclo. Para entender o ciclo de gestão, podemos usar o Ciclo PDCA, uma
ferramenta da qualidade total. Essa é uma ferramenta bem simples, mas de
extrema importância na administração. Ela traz uma regra bem singela: as
ações na gestão devem formar um ciclo que proporcione a melhoria contínua.
Este ciclo seria formado por quatro etapas:
To Plan = planejar;
P D
To Do = implementar;
To Check = avaliar;
Os prazos para envio dos projetos de lei pelo Executivo e devolução pelo
Legislativo são:
Prazos
Art. 35 do
ADCT Encaminhamento Devolução para
ao Congresso Sanção
A letra “D” é errada. O PPA, a LDO e a LOA serão apreciados pelo Congresso
Nacional de acordo com o regimento comum. O PPA é uma lei ordinária.
Segundo a CF88:
Art. 166. Os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às diretrizes
orçamentárias, ao orçamento anual e aos créditos adicionais serão
apreciados pelas duas Casas do Congresso Nacional, na forma do regimento
comum
Gabarito: C.
Segundo a CF88:
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido
com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete:
Gabarito: D.
Pressupostos da Prevenção
Podemos observar que a letra “B” não está citada, as regras rígidas de
quarentena. Contudo, tomem cuidado porque as regras de quarentena são
importantes sim. Elas são usadas principalmente para funcionários do Banco
Central, de Agências Reguladoras e outras entidades. Elas estão previstas no
do Código de Conduta da Alta Administração Federal:
Art. 14. Após deixar o cargo, a autoridade pública não poderá:
I - atuar em benefício ou em nome de pessoa física ou jurídica, inclusive
sindicato ou associação de classe, em processo ou negócio do qual tenha
participado, em razão do cargo;
II - prestar consultoria a pessoa física ou jurídica, inclusive sindicato ou
associação de classe, valendo-se de informações não divulgadas
publicamente a respeito de programas ou políticas do órgão ou da entidade
da Administração Pública Federal a que esteve vinculado ou com que tenha
tido relacionamento direto e relevante nos seis meses anteriores ao
término do exercício de função pública.
Art. 15. Na ausência de lei dispondo sobre prazo diverso, será de quatro
meses, contados da exoneração, o período de interdição para atividade
incompatível com o cargo anteriormente exercido, obrigando-se a
autoridade pública a observar, neste prazo, as seguintes regras:
I - não aceitar cargo de administrador ou conselheiro, ou estabelecer
vínculo profissional com pessoa física ou jurídica com a qual tenha mantido
relacionamento oficial direto e relevante nos seis meses anteriores à
exoneração;
II - não intervir, em benefício ou em nome de pessoa física ou jurídica,
junto a órgão ou entidade da Administração Pública Federal com que tenha
tido relacionamento oficial direto e relevante nos seis meses anteriores à
exoneração.
Gabarito: B.
(até 30 linhas)
Os serviços não exclusivos são aqueles que podem ser executados por
entidades privadas, mas que o Estado ainda considera importantes
porque envolvem direitos fundamentais, como saúde e educação, ou que
geram economias externas.
(até 30 linhas)
3 Gabarito
1. E 6. B
2. A 7. D
3. C 8. C
4. E 9. D
5. A 10. B