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CURSO ON-LINE – ADM PÚBLICA EM EXERCÍCIOS – AFRFB E AFT

PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

Aula Demonstrativa

Olá, Pessoal!
Esta é a aula demonstrativa do curso de Administração Pública em Exercícios
para Auditor Fiscal da Receita Federal e Auditor Fiscal do Trabalho. O curso é
voltado para os dois cargos porque o edital deles é praticamente igual; a única
diferença está no fato de o edital de AFT não prever Ética no exercício da
função pública. Todavia, existe uma matéria específica de Ética na
Administração Pública, ou seja, o conteúdo cai também para AFT.
Este curso será apenas de comentários de exercícios, na forma de simulados.
Vou comentar 30 questões por aula, divididas em três simulados de 10
questões, como foi nos últimos concursos dos dois cargos. Também
comentarei uma questão discursiva por aula. O curso será composto de 07
aulas, às quartas-feiras, começando no dia 16/11.
Veremos muitas questões da ESAF, mas também comentarei questões de
outras bancas e questões formuladas por mim. Serão questões próximas ao
estilo que a ESAF utiliza e, em muitos casos, as bancas usam os mesmos
textos para formular suas questões. Assim, poderemos abordar aspectos que
ainda não foram cobrados pela ESAF, mas que podem fazer parte de suas
provas no futuro.
Agora, vou me apresentar. Sou Auditor Federal de Controle Externo do
Tribunal de Contas da União. Já fui Analista Tributário da Receita Federal do
Brasil e escriturário da Caixa Econômica Federal, além de ter trabalhado em
outras instituições financeiras da iniciativa privada. Sou formado em
jornalismo, graduando em economia e tenho especialização em Orçamento
Público. Sou professor de cursinhos para concursos desde 2008, tendo dado
aulas em cursinhos de Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Cuiabá.
Também dou aula em cursos de pós-graduação.
Nesta aula demonstrativa, vocês poderão ter uma ideia de como será nosso
curso, nela estou comentando a prova do concurso de AFRFB de 2009. Espero
que gostem e que tenhamos uma jornada proveitosa pela frente.
Boa Aula!

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Sumário

1 QUESTÕES COMENTADAS ..................................................................................... 2

1.1 SIMULADO 1 – PROVA DE AFRFB 2009 ..................................................................... 2


1.2 QUESTÃO DISCURSIVA ....................................................................................... 35

2 LISTA DAS QUESTÕES ........................................................................................ 42

2.1 SIMULADO 1 – PROVA DE AFRFB 2009 ................................................................... 42


2.2 QUESTÃO DISCURSIVA ....................................................................................... 46

3 GABARITO ......................................................................................................... 46

4 PONTOS IMPORTANTES DA AULA....................................................................... 46

5 LEITURA SUGERIDA ............................................. ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.

1 Questões Comentadas
1.1 SIMULADO 1 – PROVA DE AFRFB 2009

1. (ESAF/AFRFB/2009) Sobre a organização do Estado brasileiro, é correto


afirmar que:
a) administrativamente, os municípios se submetem aos estados, e estes,
por sua vez, submetem-se à União.
b) quando instituídas, as regiões metropolitanas podem gozar de
prerrogativas políticas, administrativas e financeiras diferenciadas em
relação aos demais municípios do estado.
c) quando existentes, os territórios federais gozam da mesma autonomia
político-administrativa que os estados e o Distrito Federal.
d) o Distrito Federal é a capital federal.
e) embora, por princípio, todos os entes federados sejam autônomos, em
determinados casos, os estados podem intervir em seus municípios.

Essa questão pode ser enquadrada mais como de Direito Constitucional do que
como de Administração Pública. Isso é normal nas questões que cobram o item
“Organização do Estado e da Administração Pública”. Normalmente são
abordados mais aspectos legais, vistos também em direito administrativo,

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A letra “A” é errada, já que todos os entes possuem autonomia administrativa


e não se submetem aos demais. Na federação não há hierarquia entre os
entes.
Segundo Georges Scelle o sistema federativo repousa sobre dois princípios
essenciais:
ƒ a lei da participação: os estados membros tomam parte da formação
da vontade estatal referida a toda ordem federativa.

ƒ a lei da autonomia: há competência constitucional própria e primária


para organizar, estatuir e gerir o seu ordenamento, dentro dos limites
traçados pela Constituição federal. Não depende da União naquilo que
constitui a esfera de suas atribuições específicas. É dotado de poder
constituinte

O poder político é compartilhado pela União e pelas unidades federadas. Além


do governo federal, existem governos estaduais dotados de autonomia política,
podendo fixar sua própria orientação nos assuntos de seu interesse, desde que
não contrariem a Constituição Federal.
Podemos dizer que são três os tipos de autonomia de que são dotadas as
unidades federadas:
ƒ Auto-Organização: refere-se ao poder de os entes federados
elaborarem suas próprias constituições e leis;

ƒ Autogoverno: refere-se à eleição dos governadores e dos Deputados


Estaduais, que governarão o estado sem nenhuma intervenção da União.
Refere-se também a possibilidade de montarem seus próprios poderes.

ƒ Auto-Administração: manifesta a capacidade de cada ente político


para prestar os serviços e desempenhar as atividades a eles cometidas.

A Constituição Federal de 1988, já no seu primeiro artigo, coloca que:


Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel
dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado
Democrático de Direito e tem como fundamentos:

Uma das grandes inovações da Carta Magna foi a inclusão dos municípios
como entes federativos. Abrúcio afirma que:
Pela primeira vez na história, os municípios transformaram-se em entes
federativos, constitucionalmente com o mesmo status jurídico que os
estados e a União. Não obstante essa autonomia, os governos locais
respeitam uma linha hierárquica quanto à sua capacidade jurídica – a Lei

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Orgânica, por exemplo, não pode contrariar frontalmente a Constituição


estadual –, e são, no mais das vezes, muito dependentes dos níveis
superiores de governo no que tange às questões políticas, financeiras e
administrativas.

Com a CF88, um novo federalismo nascia no Brasil. Foi estabelecido de um


amplo processo de descentralização, tanto em termos financeiros como
políticos. Em relação aos Municípios, as Leis Orgânicas estão sujeitas a uma
dupla vinculação: devem obedecer tanto a Constituição Federal quanto a
Constituição Estadual. Além disso, os Municípios não possuem representantes
no Senado Federal, e os Prefeitos e as Câmaras Municipais, coletivamente, não
têm competência para o oferecimento de proposta de emenda à Constituição.
Enfim, o regramento constitucional dos Municípios distingue-se em aspectos
relevantes do regramento constitucional da União, dos Estados e do Distrito
Federal. Essas diferenças de tratamento jurídico, entre outras considerações,
fizeram com que, nos anos imediatamente subsequentes à entrada em vigor
da Constituição Federal, muitos de nossos doutrinadores negassem aos
Municípios a condição de verdadeiros entes federativos.
Entretanto, apesar de posicionamentos desse teor, paulatinamente foi-se
consolidando o entendimento de que os Municípios são verdadeiros membros
de nossa Federação, e que as peculiaridades de seu tratamento constitucional
de forma alguma os coloca em nível hierárquico inferior ao dos demais entes
federativos. O STF e o STJ já emitiram pronunciamentos no sentido de que os
Municípios são efetivamente entes federados, gozando das três capacidades
que integram a autonomia política.
A letra “B” é errada porque as regiões metropolitanas (RM) não constituem
entes federativos, como os municípios, e não possuem prerrogativas políticas.
É unânime a doutrina no sentido de que a região metropolitana configura um
instrumento meramente administrativo, sem poder político.
A CF88 dispõe sobre as Regiões Metropolitanas no art. 25, que trata da
organização dos estados:
Art. 25, § 3º - Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir
regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas
por agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar a organização, o
planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum.

Primeiro ponto importante aqui é o fato das regiões metropolitanas serem


criadas pelos estados. Na Constituição de 1967, era a União que tinham esta
competência. Outro ponto interessante é que era compulsório aos municípios

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participarem da RM. Segundo José Nilo de Castro, esse caráter compulsório foi
mantido na CF88.
Desse texto, interessante notar a expressão “funções públicas”, ao invés de
serviços públicos. Segundo José Nilo de Castro:
Função pública é conceito mais restrito do que o de serviço público.
Informa, pois, a função pública o interesse regional, aqui qualificado. Nem
todos os serviços públicos podem ser transmutados em interesse regional. É
dizer: só alguns serviços públicos é que se pode desmunicipalizar, obtendo-
se ai o que o constituinte previu como função pública. E a função pública é
toda atividade estatal e, em se tratando daqueles de interesse comum a
vários municípios, perfaz-se o interesse metropolitano, o interesse regional.

Vamos ver agora a diferença entre os tipos de reuniões de municípios, nas


palavras de Alexandre de Moraes:
ƒ Regiões metropolitanas: conjuntos de Municípios limítrofes, com certa
continuidade urbana, que se reúnem em tomo de um município-polo,
também denominado município-mãe.
ƒ Microrregiões: também se constituem por municípios limítrofes, que
apresentam características homogêneas e problemas em comum, mas
que não se encontram ligados por certa continuidade urbana. Será
estabelecido um município-sede.
ƒ Aglomerados urbanos: áreas urbanas de municípios limítrofes, sem um
polo, ou mesmo uma sede. Caracterizam-se pela grande densidade
demográfica e continuidade urbana.
A letra “C” é errada porque os territórios federais não são entes federativos
como os estados, eles estão submetidos à União. Segundo a CF88:
Art. 18, § 2º - Os Territórios Federais integram a União, e sua criação,
transformação em Estado ou reintegração ao Estado de origem serão
reguladas em lei complementar.

Atualmente não existe nenhum território no Brasil, mas eles são figuras
relativamente recentes, como os estados do Roraima e Amapá que foram
transformados em estados na CF88.
A letra “D” é errada. Segundo a CF88:
Art. 18, § 1º - Brasília é a Capital Federal.

Assim, Brasília, e não o Distrito Federal, é a capital federal. Porém, todavia,


entretanto, temos que tomar muito cuidado nesse tipo de questão, pois a ESAF
já cometeu algumas bobagens. Na prova do concurso da CGU de 2008 ela deu
como certa a seguinte afirmação:

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1. (ESAF/CGU/2008) O Distrito Federal é chamado de Brasília


e com esse nome constitui a Capital Federal.

É um entendimento equivocado. O Distrito Federal não é chamado de Brasília,


são duas coisas diferentes: Brasília é a Capital Federal, enquanto o Distrito
Federal é um dos entes que integram o nosso Estado Federal. Na Constituição
Federal de 1969 o Distrito Federal era considerado a capital federal:
Art. 2º O Distrito Federal é a Capital da União.

Já a CF88 é clara ao distinguir Brasília do Distrito Federa, estabelecendo a


primeira como a capital federal. Se as duas fossem a mesma coisa, a letra “D”
desta questão da prova de AFRFB de 2009 deveria estar certa.
A letra “E” é certa, existe autonomia dos municípios, pois são entes
federativos, mas existe a possibilidade de intervenção neles por parte dos
estados, e da União nos estados. Segundo a CF88:
Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto
para:
I - manter a integridade nacional;
II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra;
III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública;
IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da
Federação;
V - reorganizar as finanças da unidade da Federação que:
a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos
consecutivos, salvo motivo de força maior;
b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta
Constituição, dentro dos prazos estabelecidos em lei;
VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial;
VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais:
a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático;
b) direitos da pessoa humana;
c) autonomia municipal;
d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta.
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais,
compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e
desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde.
Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos
Municípios localizados em Território Federal, exceto quando:

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I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos
consecutivos, a dívida fundada;
II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei;
III - não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na
manutenção e desenvolvimento do ensino;
III - não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na
manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos
de saúde;(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)
IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representação para assegurar a
observância de princípios indicados na Constituição Estadual, ou para prover
a execução de lei, de ordem ou de decisão judicial.

Gabarito: E.

2. (ESAF/AFRFB/2009) Considerando os modelos teóricos de


Administração Pública, é incorreto afirmar que, em nosso país:
a) o maior trunfo do gerencialismo foi fazer com que o modelo burocrático
incorporasse valores de eficiência, eficácia e competitividade.
b) o patrimonialismo pré-burocrático ainda sobrevive, por meio das
evidências de nepotismo, gerontocracia e designações para cargos públicos
baseadas na lealdade política.
c) a abordagem gerencial foi claramente inspirada na teoria administrativa
moderna, trazendo, para os administradores públicos, a linguagem e as
ferramentas da administração privada.
d) no Núcleo Estratégico do Estado, a prevalência do modelo burocrático se
justifica pela segurança que ele proporciona.
e) tal como acontece com o modelo burocrático, o modelo gerencial adotado
também se preocupa com a função controle.

A letra “A” é errada. A administração gerencial substituiu o modelo burocrático.


Ela não irá incorporar a ele os valores de eficiência, eficácia e competitividade,
uma vez que ela está se colocando em seu lugar. Apesar dessa substituição,
não podemos entender que a administração gerencial abandone todos os
princípios da burocracia. O seguinte trecho do Plano Diretor da Reforma do
Aparelho do Estado é importante, já foi cobrado algumas vezes:
A administração pública gerencial constitui um avanço e até um certo ponto
um rompimento com a administração pública burocrática. Isto não
significa, entretanto, que negue todos os seus princípios. Pelo contrário, a
administração pública gerencial está apoiada na anterior, da qual conserva,

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embora flexibilizando, alguns dos seus princípios fundamentais, como a


admissão segundo rígidos critérios de mérito, a existência de um sistema
estruturado e universal de remuneração, as carreiras, a avaliação constante
de desempenho, o treinamento sistemático. A diferença fundamental está
na forma de controle, que deixa de basear-se nos processos para
concentrar-se nos resultados, e não na rigorosa profissionalização da
administração pública, que continua um princípio fundamental.

Assim, muitos dos princípios defendidos pela administração burocrática


permanecem na administração gerencial. Como afirma o PDRAE, a
administração gerencial pode até ser considerada um rompimento, mas
princípios como a impessoalidade, a divisão do trabalho, a avaliação de
desempenho são mantidos. Vamos ver uma questão da ESAF:

2. (ESAF/EPPGG-MPOG/2009) Acerca do modelo de


administração pública gerencial, é correto afirmar que nega
todos os princípios da administração pública patrimonialista e
da administração pública burocrática.

A questão é certa, pois muitos dos princípios da administração burocrática são


mantidos. Quando aos princípios do patrimonialismo, podemos dizer que são
negados, pois se referem à confusão entre o público e o privado.
A letra “B” é certa. Outra coisa importante em provas de administração pública
é que, apesar de os modelos anteriores serem substituídos, não podemos dizer
que eles tenham sido extintos, que suas características não estejam mais
presentes. Assim, tanto o patrimonialismo quanto a burocracia existem em
nossa administração, apesar de prevalecer a administração gerencial. O
patrimonialismo ainda está bastante presente em nosso país, vide os casos de
corrupção que aparecem a todo o momento na mídia. Gerontocracia é o
“governo dos mais velhos”. Essa permanência dos demais modelos é cobrada
recorrentemente:

3. (ESAF/SUSEP/2010) De certa forma, patrimonialismo,


burocracia e gerencialismo convivem em nossa administração
contemporânea.
4. (ESAF/APO-MPOG/2010) com o gerencialismo, a ordem
administrativa se reestrutura, porém sem abolir o
patrimonialismo e a burocracia que, a seu modo e com nova
roupagem, continuam existindo.

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5. (ESAF/ISS-RJ/2010) No Brasil, o modelo de administração


burocrática foi completamente substituído pelo modelo
gerencial implantado ao final do século XX.

As duas primeiras questões são certas e a última é errada.


A letra “C” é certa. A administração burocrática entra em crise juntamente com
o Estado de Bem-Estar Social, a partir da década de 1970, em função da crise
fiscal. De um lado, os governos se viam pressionados pelas demandas
crescentes da população por políticas públicas; de outro, não tinham os
recursos necessários para suprir estas demandas. Para conseguir gerar mais
serviços com menos recursos era preciso ser eficiente, e a burocracia estava
longe disso.
As críticas ao modelo burocrático não se restringiam apenas ao campo da
administração pública. Há muito tempo as teorias da administração geral já
apontavam a necessidade de maior flexibilidade nas organizações. Tanto que,
ao mesmo tempo em que criticavam a burocracia, as pessoas defendiam uma
aproximação com a gestão privada, defendendo as técnicas gerenciais que já
eram adotadas por ela.
Por isso o uso do termo gerencialismo, que tem uma ligação estreita com a
adoção de práticas da administração privada na gestão das organizações
públicas. É com esse espírito que o setor público assume o discurso da
modernização, da orientação para os clientes, da flexibilidade, da estrutura
enxuta e desburocratizada. As modernas ferramentas de gestão, como
qualidade total, planejamento estratégico, reengenharia downsizing,
benchmarking e terceirização, invadem as organizações públicas e os projetos
dos gestores públicos.
A letra “D” é certa. Ela afirma que no núcleo estratégico deve prevalecer o
modelo burocrático. Segundo o Plano Diretor da Reforma do Aparelho do
Estado:
Nestes termos, no núcleo estratégico, em que o essencial é a correção das
decisões tomadas e o princípio administrativo fundamental é o da
efetividade, entendido como a capacidade de ver obedecidas e
implementadas com segurança as decisões tomadas, é mais adequado que
haja um misto de administração pública burocrática e gerencial.

Bresser Pereira (2003), que foi Ministro da Administração e Reforma do Estado


do governo FHC e principal idealizador da reforma, afirma que:
Por outro lado, a combinação de princípios gerenciais e burocráticos deverá
variar de acordo com o setor. A grande qualidade da administração pública

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burocrática é a sua segurança e efetividade. Por isso, no núcleo estratégico,


onde essas características são muito importantes, ela deverá estar ainda
presente, em conjunto com a administração pública gerencial. Já nos
demais setores, onde o requisito de eficiência é fundamental dado o grande
número de servidores e de cidadãos-clientes ou usuários envolvidos, o peso
da administração pública burocrática deverá ir diminuindo até praticamente
desaparecer no setor das empresas estatais.

Pode-se observar que, na realidade, os textos não falam que deve prevalecer o
modelo burocrático, mas sim que deve haver um misto entre administração
burocrática e gerencial. Contudo, o posicionamento da ESAF foi mantido, ou
seja, no núcleo estratégico deve prevalecer a administração burocrática.
A letra “E” é certa. Uma coisa importante é não achar que a administração
gerencial não se preocupa com o controle, ela se preocupa sim, o que muda é
a forma de controle, dos processos a priori passa para os resultados a
posteriori. Segundo Bresser Pereira:
A administração pública gerencial emergiu, na segunda metade deste
século, como resposta à crise do Estado; como modo de enfrentar a crise
fiscal; como estratégia para reduzir custos e tornar mais eficiente a
administração dos imensos serviços que cabem ao Estado; e como um
instrumento para proteger o patrimônio público contra os interesses do
rent-seeking ou da corrupção aberta. Mais especificamente, desde os anos
60 ou, pelo menos, desde o início da década dos 70, crescia uma
insatisfação, amplamente disseminada, em relação à administração pública
burocrática.

Portanto, a administração gerencial também é justificada pela necessidade de


controle do patrimônio público. A burocracia não dava mais conta das novas
formas de corrupção, como o rent seeking, termo que surgiu na década de
1970 para descrever a atuação de determinados grupos com o objetivo de tirar
vantagem do Estado, por isso é chamado também de parasitismo político.
Traduzindo literalmente, é o ato de “buscar rendas”, ou seja, de tentar se
apropriar do patrimônio público sem contribuir na mesma medida.
Podemos citar como exemplos os subornos direcionados à venda ou concessão
de subsídios, impostos privilegiados, manutenção de preços e tarifas,
estabelecimentos de cotas de importação, concessão de licenças, pagamentos
de elevados salários ou pagamentos de adicionais.
Gabarito: A.

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3. (ESAF/AFRFB/2009) O estudo das experiências de reformas


administrativas havidas em nosso país permite concluir, acertadamente,
que:
a) a retórica da reforma dos anos 1930 avançou do ponto de vista dos
princípios políticos que a orientaram, a saber: participação, accountability e
controle social.
b) a tentativa de modernização do aparelho de Estado, especialmente a da
década de 1960, teve como consequência o fortalecimento da administração
direta, em detrimento da administração indireta.
c) no sentido weberiano do termo, o Brasil nunca chegou a ter um modelo
de burocracia pública consolidada.
d) ao contrário de outros países, o modelo de nova gestão pública, adotado
a partir dos anos 1990, possuiu inspiração autóctone e em nada se valeu
das experiências britânica e estadunidense.
e) a partir da década de 1990, caminhamos rumo a uma nova administração
pública, de caráter gerencialista, visando consolidar o ideário keynesiano e o
estado do bem-estar social.

A letra “A” é errada porque a reforma da década de 1930 foi autoritária, dentro
do Estado Novo de Getúlio Vargas. Assim, não trazia praticamente nada de
participação, accountability ou controle social. A evolução da burocracia no
Brasil destoa um pouco do ocorreu no mundo. Lá fora, a burocracia surgiu em
função do capitalismo e da democracia. O desenvolvimento industrial e a maior
complexidade da economia exigiam uma administração racional e eficiente. De
outro lado, a noção de res publica e a ampliação dos valores democráticos fez
com que as pessoas não aceitassem mais o patrimonialismo.
Já no Brasil, o capitalismo foi o propulsor da burocracia, mas a democracia
não. Ela foi implantada por um governo autoritário. Na realidade, no Brasil, a
democracia sempre caminhou em sentido contrário à burocracia. Segundo
Humberto Falcão Martins:
Sobretudo, dada a peculiaridade do nosso processo histórico de construção
nacional, a construção da ordem burocrática se chocou com a construção da
ordem democrática. Só conseguimos fortalecer de forma mais significativa o
universalismo de procedimentos e a capacidade de realização da burocracia
governamental em regimes autoritários, ao arrepio da democracia.

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Tanto em 1945, com a saída de Vargas e o fim do Estado Novo, quanto em


1985, com o fim da ditadura, o retorno da democracia foi marcado por uma
acentuação das práticas patrimonialistas. O CESPE já cobrou isso:

6. (CESPE/SEAD/2001) O processo histórico de construção


nacional no Brasil seguiu uma trajetória caracterizada por
ciclos de construção de uma ordem burocrática que se
alternaram com ciclos de construção de uma ordem
democrática de forma mutuamente disfuncional.

A questão é certa.
A letra “B” é errada porque tanto no governo JK quanto na ditadura de 1964
foi fortalecida a administração indireta em detrimento da direta. Nesses dois
períodos foi promovida a chamada Administração para o Desenvolvimento,
um conjunto de ideias em voga na América Latina da época que defendia que o
Estado deveria se modernizar para permitir um maior desenvolvimento do
país. Outro princípio desta corrente era a necessidade de planejar o
desenvolvimento, visando estabelecer prioridades de investimento de recursos
escassos para utilizá-los da melhor forma possível. Assim, a ação do governo
deveria estar intimamente relacionada com o planejamento.
A aplicação da administração para o desenvolvimento no Brasil resultou, tanto
no governo de JK quanto na ditadura, no crescimento da administração
indireta. Como se defendia a adequação da administração pública às
necessidades desenvolvimentistas do país, eram necessárias estruturas
administrativas mais flexíveis do que a rigidez do modelo burocrático
implantado pelo DASP. O governo JK diagnosticou a incompatibilidade entre a
estrutura burocrática vigente e o novo projeto nacional. Além da sobrevivência
de valores tradicionais no núcleo da burocracia, a implementação do Programa
de Metas exigia estruturas flexíveis, não burocráticas e uma capacidade de
coordenação dos esforços de planejamento.
A estratégia de JK para enfrentar possíveis embates com a burocracia foi a
constituição de estruturas paralelas para promover as reformas. Ganhou vulto
a aurtarquização de órgãos da administração direta, mediante a criação de
várias autarquias e sociedades de economia mista, mecanismos mais ágeis e
flexíveis.
Na ditadura ocorreu a mesma coisa. Segundo Bresser Pereira:
O aspecto mais marcante da Reforma Desenvolvimentista de 1967 foi a
desconcentração para a administração indireta, particularmente para as

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fundações de direito privado criadas pelo Estado, as empresas públicas e as


empresas de economia mista, além das autarquias, que já existiam desde
1938.

Bresser fala em “desconcentração para a administração indireta”, mas o


correto seria “descentralização”.
A letra “C” é certa. Apesar da modernização conseguida em diversos campos,
ainda permaneceu marcada por aspectos patrimonialistas. Segundo o Plano
Diretor:
A administração pública brasileira, embora marcada pela cultura burocrática
e regida pelo princípio do mérito profissional, não chegou a se consolidar,
no conjunto, como uma burocracia profissional nos moldes weberianos.
Formaram-se grupos de reconhecida competência, como é o caso das
carreiras acima descritas, bem como em áreas da administração indireta,
mas os concursos jamais foram rotinizados e o valor de sua remuneração
real variou intensamente em função de políticas salariais instáveis. Os
instrumentos de seleção, avaliação, promoção e treinamento que deram
suporte a esse modelo estão superados.

Isso já foi cobrado várias vezes pela ESAF:

7. (ESAF/APO-MPOG/2008) A despeito das diversas


tentativas, nunca se logrou implantar uma burocracia do tipo
weberiano no Brasil, porque os textos legais que mais se
aproximaram desse ideal abriam brechas que se
contrapunham ao espírito da burocracia racional-legal ou
propunham a superação desta.

Essa questão foi copiada do texto "As reformas administrativas no Brasil:


modelos, sucessos e fracassos", muito usado pela ESAF e disponível em:
http://www.enap.gov.br/index.php?option=com docman&task=doc view&gid
=1563
A questão é certa, segundo o texto:
Finalmente, cabe concluir, com base na literatura que analisa as várias
reformas administrativas e as propostas não efetivadas, que o País, de fato,
nunca logrou implantar uma burocracia do tipo weberiano. Até porque, os
textos legais que mais se aproximaram desse ideal abriam brechas que se
contrapunham ao espírito da burocracia racional-legal. Creio que,
independentemente de regime político e de governo, o país sempre
conviveu com segmentos dispersos de uma burocracia weberiana em vários
níveis da administração, interpenetrada e convivendo com um alto teor de

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patrimonialismo burocrático, nunca de fato completamente extirpado da


administração pública. Contrapondo-se a essa administração,
essencialmente amorfa, destacavam-se as “ilhas de excelência”, aspecto de
resto já salientado por todos os estudiosos da política e da administração
pública: “ilhas”, porque razoavelmente imunes ao processo político; “de
excelência”, dada a competência de seus membros.

A letra “D” é errada porque a reforma de 1995 praticamente copiou as


reformas britânica e americana. “Autóctone” significa que algo é natural de
determinada região, que teve origem na região onde é encontrado. Assim, a
reforma gerencial não é própria do Brasil, não foi originada aqui, mas sim
trazida de outros países.
A letra “E” é errada. Caminhamos no sentido contrário, de redução das
atividades estatais. O Keynesianismo surge na década de 1930, com a crise da
bolsa de Nova York em 1929, que levou o mundo inteiro a uma recessão
profunda. Para sair da crise, John Maynard Keynes defendia um papel mais
interventor do Estado na economia de forma a estimular a demanda e, por
consequência, o crescimento.
O Estado de Bem-Estar Social tem início na década de 1940, como o princípio
de que:
Independentemente de sua renda, todos os cidadãos, como tais, têm direito
de ser protegidos – com pagamento em dinheiro ou com serviços – contra
situações de dependência de longa duração (velhice, invalidez) ou de curta
(doença, desemprego, maternidade).

É um Estado que deve prover os direitos sociais a todos os cidadãos,


entendendo como um direito de cidadania. No pós-Segunda Guerra, diversos
países desenvolvidos irão ampliar suas políticas sociais e o Estado irá
aumentar sua intervenção na economia.
O problema foi que, com a crise fiscal da década de 1970, os países não
tinham mais recursos para financiar tais políticas. Assim, de um lado,
assistimos a um crescimento das demandas da sociedade por mais políticas
sociais. De outro, reduziam os recursos disponíveis para que tais políticas
fossem implementadas. Por isso que muitos autores a crise tem origem numa
sobrecarga de demandas, em que o sistema política não tem condições de
suprir às exigências dos grupos sociais, resultando numa crise de
governabilidade.
A crise do Estado de Bem-Estar Social vai estar atrelada à crise da burocracia.
Os governos tinham que produzir uma série de serviços e bens exigidos pela
sociedade, mas não possuíam recursos suficientes. Eles precisavam, então, de

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eficiência, o que estava longe de ser proporcionado pelo modelo burocrático,


que era rígido, lento, caro e não dava atenção às necessidades da população.
Com toda a insatisfação da sociedade em relação ao modelo burocrático,
começam a surgir as teorias em busca de uma administração gerencial. Ao
mesmo tempo, a crise fiscal demonstra que o Estado de bem-estar social era
inviável, o que provocou o aparecimento das teorias neoliberais. Segundo
Bresser Pereira:
A administração pública gerencial é frequentemente identificada com as
ideias neoliberais por outra razão. As técnicas de gerenciamento são quase
sempre introduzidas ao mesmo tempo em que se implantam programas de
ajuste estrutural que visam enfrentar a crise fiscal do Estado.

Essa insatisfação da sociedade irá levar ao poder governos conservadores


como o de Ronald Reagan, nos EUA, e de Margareth Thatcher, na Inglaterra,
no início dos anos 1980, que irão adotar reformas segundo os princípios do
Consenso de Washington e do Neoliberalismo.
Gabarito: C.

4. (ESAF/AFRFB/2009) Uma correta análise da adoção da chamada Nova


Gestão Pública, pelo Brasil, revela que:
a) em sua forma original, a Constituição Federal de 1988 já disponibilizava a
base legal suficiente para a implementação daquele novo modelo de gestão,
sem a necessidade de reformas.
b) toda a máquina pública passou a adotar o controle por resultados, razão
pela qual foram descontinuados alguns mecanismos de controle financeiro e
orçamentário até então existentes.
c) com o aumento da descentralização, visava-se reduzir o nível de
accountability a que se submeteriam os órgãos reguladores.
d) no plano federal, a implementação das Organizações Sociais sagrou-se
vitoriosa, havendo, hoje, milhares delas espalhadas pelo país, prestando
serviços públicos essenciais.
e) o Estado tinha por objetivo atuar mais como regulador e promotor dos
serviços públicos, buscando, preferencialmente, a descentralização, a
desburocratização e o aumento da autonomia de gestão.

A letra “A” é errada. Com a redemocratização do país em 1985, embora


representasse uma grande vitória da sociedade, ocorreu o loteamento dos

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cargos públicos. O processo de expansão da administração indireta decorrente


da descentralização implementada pelo Decreto-Lei 200/1967 fora
diagnosticado como danoso ao Estado, que teria perdido o controle operacional
da máquina pública por excesso de flexibilidade administrativa. A autonomia
da administração indireta foi considerada excessiva e responsável pelo
enfraquecimento dos mecanismos de controle administrativo.
Por considerar que o excesso de flexibilização concedido à administração
indireta era uma das causas da crise do Estado, a Constituição de 1988 dá um
passo atrás na caminhada rumo à administração gerencial, representando um
retrocesso, já que traz de volta a rigidez burocrática. Assim, enquanto o
mundo caminhava para a Nova Gestão Pública, a CF88 irá para o sentido
contrário, de burocratização.
Portanto, a CF88 enrijeceu a administração pública e a implantação da
administração gerencial precisou sim reformar o texto constitucional, surgindo
daí a Emenda Constitucional 19/1998. Como inovações desta emenda temos:
ƒ Inclusão do princípio da eficiência no caput do art. 37;
ƒ Previsão de lei que trate das formas de participação do usuário na
administração pública direta e indireta;
ƒ Previsão do contrato de gestão como instrumento de gestão por
resultados;
ƒ Possibilidade de perda do cargo em avaliação periódica de desempenho;
ƒ Possibilidade de exoneração de servidores não estáveis em função de
excesso de gastos com pessoal;
ƒ Quebra do regime jurídico único.

O STF suspendeu o dispositivo que derrubou o RJU, por isso ele ainda está
valendo.
A letra “B” é errada. Vimos que a administração burocrática não será
abandonada com a reforma gerencial no Brasil, principalmente no núcleo
estratégico, em que deveria ainda prevalecer. Além disso, apesar da reforma
ter como um dos objetivos implantar o controle de resultados, não podemos
dizer que isso realmente se concretizou em toda a administração pública,
permanecendo uma série de controles financeiros e orçamentários.
A letra “C” é errada. A descentralização tem como objetivo aproximar a
sociedade da gestão dos serviços públicos, transferindo para os estados e
municípios as decisões sobre as políticas públicas. Isso irá permitir uma maior

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participação e controle da sociedade, aumentando assim a accountability. Esta


pode ser dividida em três aspectos: obrigação de prestar contas,
responsabilização e responsividade.

Elementos do Conceito de Accountability

ƒ Obrigação em prestar contas


ƒ Responsabilização pelos atos e resultados
ƒ Responsividade

A descentralização facilita a transparência e a prestação de contas. O gestor


também é mais facilmente responsabilizado, pois as pessoas podem avaliar
melhor sua gestão e retirá-lo do poder nas eleições. Por fim, a
descentralização facilita a responsividade, que significa a capacidade do gestor
em interpretar as necessidades e interesses da sociedade e agir conforme eles.
A letra “D” é errada. Não são milhares de Organizações Sociais no plano
federal, nem mesmo considerando os três níveis da federação. Um estudo do
Ministério do Planejamento levantou o número existente de Organizações
Sociais e OSCIP:

ƒ 192 Organizações Sociais: ƒ 5.050 OSCIPs:

o 6 federais o 4.856 federais

o 115 estaduais o 167 estaduais

o 71 municipais o 27 municipais.

A letra “E” é certa. Com a nova gestão pública, o Estado se retira da execução
dos serviços públicos para se concentrar na regulação e no incentivo,
ampliando a descentralização e a autonomia.
Gabarito: E.

5. (ESAF/AFRFB/2009) Sobre o tema ‘governabilidade, governança e


accountability’, assinale a opção incorreta.
a) A accountability visa a fortalecer o controle social e político, em
detrimento do controle burocrático.

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b) Governança pode ser entendida como um modelo horizontal de relação


entre atores públicos e privados no processo de elaboração de políticas
públicas.
c) O conceito de governança possui um caráter mais amplo que o conceito
de governabilidade.
d) As parcerias público-privadas (PPPs) constituem um exemplo de
coordenação de atores estatais e não estatais, típico da governança.
e) A governabilidade refere-se mais à dimensão estatal do exercício do
poder.

A letra “A” é errada. A accountability busca fortalecer o controle social e


político, mas sem perda do controle burocrático. O conceito vem evoluindo ao
longo do tempo, acompanhando a evolução da própria administração pública.
Assim, ao longo do tempo foram incorporados aspectos relacionados com o
controle de resultados e o controle social. Segundo Fernando Abrucio e Maria
Rita Loureiro:
Normalmente, a literatura sobre a accountability trata do controle dos atos
dos governantes em relação ao programa de governo, à corrupção ou à
preservação de direitos fundamentais dos cidadãos. Mais recentemente,
esse tema tem sido estudado em sua intersecção com a reforma do Estado,
analisando como o aperfeiçoamento das instituições estatais pode
contemplar, ao mesmo tempo, a melhoria do desempenho dos programas
governamentais e sua maior transparência e responsabilização do poder
público frente à sociedade.

A letra “B” é certa. Definição copiada de Leonardo Secchi, no texto “Modelos


organizacionais e reformas da administração pública”, disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/rap/v43n2/v43n2a04.pdf
Segundo o autor:
A interpretação de governança adotada neste artigo é a derivada das
ciências políticas e administração pública, como um modelo horizontal de
relação entre atores públicos e privados no processo de elaboração de
políticas públicas.

O conceito de governança normalmente era utilizado para designar a


capacidade de determinado governo em implementar as políticas públicas,
uma capacidade de gestão em termos financeiros, gerenciais e técnicos. A
discussão mais recente do conceito ultrapassa o marco operacional para
incorporar questões relativas a padrões de articulação e cooperação entre
atores sociais e políticos e arranjos institucionais que coordenam e regulam

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transações dentro e através das fronteiras do sistema econômico. Portanto, a


governança passa a ser entendida como a capacidade de implementação de
políticas públicas por uma rede de atores públicos e privados, que conseguem
cooperar para a geração de resultados. Torna-se importante também no
conceito a participação da sociedade. Segundo Löffer:
A governança pode ser entendida como uma nova geração de reformas
administrativas e de Estado, que têm como objeto a ação conjunta, levada
a efeito de forma eficaz, transparente e compartilhada, pelo Estado, pelas
empresas e pela sociedade civil, visando uma solução inovadora dos
problemas sociais e criando possibilidades e chances de um
desenvolvimento futuro sustentável para todos os participantes.

A letra “C” foi dada como certa. Ela foi copiada de Alcindo Gonçalves, no texto
“O conceito de governança”, disponível em:
http://www.ligiatavares.com/gerencia/uploads/arquivos/24cccb375b45d32a6df
8b183f8122058.pdf
Segundo o autor:
Já a governança tem um caráter mais amplo. Pode englobar dimensões
presentes na governabilidade, mas vai além. Veja-se, por exemplo, a
definição de Melo: “refere-se ao modus operandi das políticas
governamentais – que inclui, dentre outras, questões ligadas ao formato
político-institucional do processo decisório, à definição do mix apropriado de
financiamento de políticas e ao alcance geral dos programas”. Como bem
salienta Santos “o conceito (de governança) não se restringe, contudo, aos
aspectos gerenciais e administrativos do Estado, tampouco ao
funcionamento eficaz do aparelho de Estado”.

Discordo desse entendimento. Vamos ver as definições de governabilidade e


governança de Vinícius de Carvalho, muito cobradas em provas. O texto dele é
“A conceituação de governabilidade e governança, da sua relação entre si e
com o conjunto da reforma do Estado e do seu aparelho”, disponível em:
www.enap.gov.br/index.php?option=com docman&task=doc download&gid=1
649
Segundo o autor:
As definições de governabilidade e governança do Vinicius de Carvalho
também são muito cobradas em provas, vale à pena dar uma olhada.
Em uma definição genérica, podemos dizer que a governabilidade refere-se
às próprias condições substantivas/materiais de exercício do poder e de
legitimidade do Estado e do seu governo derivadas da sua postura diante da
sociedade civil e do mercado (em um regime democrático, claro). Pode ser
concebida como a autoridade política do Estado em si, entendida como a

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capacidade que este tem para agregar os múltiplos interesses dispersos


pela sociedade e apresentar-lhes um objetivo comum para os curto, médio
e longo prazos.
Já a governança pode ser entendida como a outra face de um mesmo
processo, ou seja, como os aspectos adjetivos/instrumentais da
governabilidade. Em geral, entende-se a governança como a capacidade
que um determinado governo tem para formular e implementar as suas
políticas. Esta capacidade pode ser decomposta analiticamente em
financeira, gerencial e técnica, todas importantes para a consecução das
metas coletivas definidas que compõem o programa de um determinado
governo, legitimado pelas urnas.

O autor afirma ainda que:


Sobre a governança, as tipologias também convergem. Esta nada mais seria
do que os aspectos adjetivos/instrumentais da governabilidade, constituindo
uma variável auxiliar desta última.

Se a governança constitui um aspecto instrumental da governabilidade, uma


variável auxiliar desta, não pode ser considerada um conceito mais amplo. Mas
o que importa é a posição da banca, e ela deu que a governança é um conceito
mais amplo.
A letra “D” é certa. A governança envolve o relacionamento entre atores
públicos e privados. A governança pode ser classificada em interna e externa.
A primeira se refere a capacidade de gestão dos recursos humanos,
financeiros, materiais de que a organização dispõe. A externa envolve a
capacidade de as organizações atuarem conjuntamente. As abordagens mais
recentes de governança tratam de ampliar o seu significado, fazendo-o
avançar sobre as fronteiras semânticas do conceito de governabilidade. Isso se
dá a partir do momento em que essas novas concepções passam a considerar
“questões mais amplas relativas a padrões de coordenação e cooperação entre
atores sociais”. Assim, as Parcerias Público-Privadas se enquadram no conceito
de governança, pois abrangem uma relação de cooperação entre atores
públicos e privados para implementação de políticas públicas.
o conceito de governança deixa de estar restrito ao campo da gestão, para
ganhar contornos políticos, tanto que Frederickson afirma que “a definição
implica que a governança é inerentemente política, que envolve barganha e
compromisso entre atores com interesses diversos”. E o conceito de
legitimidade deixa de ser algo inerente apenas à governabilidade. Para
Edmilson Francisco de Oliveira:
Esse esforço teórico mostrou que a principal diferença entre governabilidade
e governança está na forma como a legitimidade das ações dos governos é

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entendida. Enquanto no conceito de governabilidade a legitimidade vem da


capacidade do governo de representar os interesses de suas próprias
instituições. No conceito de governança, parte de sua legitimidade
vem do processo, do entendimento de que, quando grupos específicos da
população quando participam da elaboração e implantação de uma política
pública, ela tem mais chances de ser bem sucedida em seus objetivos.

Podemos ver aqui que a legitimidade não é mais associada apenas ao conceito
de governabilidade, ela passa a integrar também o conceito de governança.
Portanto, temos que tomar MUITO CUIDADO.
Na governabilidade, a legitimidade está relacionada com a representação de
interesses, se a sociedade percebe o governo como um legítimo intermediário
na disputa de interesses entre os diversos grupos da sociedade ou se ele é
visto como direcionado para determinado grupo. Na governança, a
legitimidade está relacionada com a participação da sociedade nas decisões, se
as políticas são formadas e implementadas junto com a sociedade.
As bancas de concursos normalmente não tratam desses nuances, elas ficam
em torno de pontos que são mais consensuais e superficiais. Porém, algumas
vezes elas passam a incorporar mudanças mais recentes nos conceitos, e a
ESAF já fez isso uma vez com esse conceito de governança. Vamos ver a
questão:

8. (ESAF/CGU/2008) Durante a crise do Estado dos anos


1980 e 1990, palavras e expressões foram forjadas para
possibilitar o entendimento de suas diferentes dimensões e
propiciar a busca de soluções. Neste contexto, quando um
governo está preocupado em legitimar decisões e ações se diz
que ele está buscando maior ...........
Complete a frase com a opção correta.
a) governabilidade.
b) efetividade.
c) governança.
d) accountability.
e) eficiência.

A questão fala em legitimidade, por isso a tendência é marcarmos


governabilidade. Só que ela fala em legitimidade das “decisões e ações”, ou
seja, abrange um aspecto mais da gestão, não da política. Portanto, podemos

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perceber que eles estavam trazendo as tendências mais recentes do conceito


de governança. Tanto que a resposta da questão era a letra “C”. Todavia,
como choveu recursos de pessoas que associaram a legitimidade com a
governabilidade, a ESAF anulou a questão. Mas, vejam que ela não quis alterar
o gabarito para a letra “A”, ou seja, ela voltou a trás, mas nem tanto.
A letra “E” é certa. Segundo Alcindo Gonçalves:
A governabilidade refere-se mais à dimensão estatal do exercício do poder.
Diz respeito às “condições sistêmicas e institucionais sob as quais se dá o
exercício do poder, tais como as características do sistema político, a forma
de governo, as relações entre os Poderes, o sistema de intermediação de
interesses”. Ainda segundo Luciano Martins, o termo governabilidade refere-
se à arquitetura institucional, distinto, portanto de governança, basicamente
ligada à performance dos atores e sua capacidade no exercício da
autoridade política.

Importante destacar que nem sempre que falarmos em poder vamos estar nos
referindo à governabilidade. Vamos ver a definição do Banco Mundial para
governança.
O exercício da autoridade, controle, administração, poder de governo. É a
maneira pela qual o poder é exercido na administração dos recursos sociais
e econômicos de um país visando o desenvolvimento, implicando a
capacidade dos governos de planejar, formular e implementar políticas e
cumprir funções.

Podemos ver que o exercício do poder na administração dos recursos sociais e


econômicos refere-se à governança.
Gabarito: A.

6. (ESAF/AFRFB/2009) Sob o ponto de vista do cidadão, podemos afirmar


que os seguintes mecanismos, todos acessíveis pela Internet, são mantidos
pelo governo federal como instrumentos de transparência, exceto:
a) ComprasNet.
b) SIAFI.
c) Portal Brasil.
d) Portal da Transparência.
e) Portal de Convênios.

Entre os sistemas acima, todos possuem como objetivo proporcionar


transparência para a sociedade. O Comprasnet é o portal de compras do

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governo federal, nele existe o módulo SIDEC, que divulga as licitações que
ocorrem na administração pública. No site, as pessoas podem ter acesso às
informações das licitações que estão sendo realizadas pelo governo federal.
O SIAFI tem como objetivo proporcionar transparência. Segundo a Instrução
Normativa nº 03 de 23 de maio de 2001, da Secretaria do Tesouro Nacional:
CAPÍTULO II – OBJETIVOS DO SIAFI
1. O Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal –
SIAFI tem como objetivos:
[...]
5. Permitir aos segmentos da sociedade obterem a necessária transparência
dos gastos públicos;

O Portal Brasil é o site “www.brasil.gov.br”, que possui uma série de


informações sobre o governo.
O Portal da Transparência é mantido pela CGU e disponibiliza demonstrativos
dos gastos do governo.
O Portal de Convênios (SICONV) foi uma exigência do TCU para que houvesse
um instrumento que permitisse o controle dos convênios realizados pelo
governo com outros entes e entidades privadas.
O único que não é acessível pela internet, pelo cidadão, é o SIAFI.
Como medidas de transparência em termos de governo eletrônico, podemos
mencionar ainda o site: www.transparência.gov.br. Não é portal da
transparência. Também não confundam com o site da Transparência Brasil,
que é uma ONG voltada para o controle social do poder público. Este outro
dispõe sobre os sites relacionados à transparência dentro dos portais dos
diversos órgãos do governo federal. Segundo a Portaria Interministerial
140/2006:
Art. 2º Os órgãos e entidades da Administração Pública Federal deverão
manter em seus respectivos sítios eletrônicos na rede mundial de
computadores página denominada “Transparência Pública”, tendo por
conteúdo mínimo as informações previstas nesta Portaria.

O Conselho Nacional de Justiça publicou a Portaria 79/2009 que regulamenta a


transparência no Judiciário. Nela ele coloca como princípio a
livre acessibilidade a qualquer pessoa, integralidade, exatidão e integridade
das informações alusivas à gestão administrativa, financeira e orçamentária
dos tribunais e conselhos, devendo seus respectivos sítios eletrônicos na
rede mundial de computadores dispor de campo de informações
denominado "transparência" onde se alojem os dados concernentes à

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programação e execução orçamentária, integrados a sistema informatizado


de administração financeira e controle.

Assim, os diversos órgãos do Judiciário, como os Tribunais estaduais, tiveram


que criar portais da transparência.
No legislativo, no portal da Câmara dos Deputados temo a parte do Orçamento
Brasil, que traz informações sobre os gastos públicos, e no Senado tem o
SigaBrasil, um sistema em que é possível também consultar os gastos e outras
informações sobre o orçamento.
Gabarito: B.

7. (ESAF/AFRFB/2009) No âmbito da administração pública, o


empreendedorismo pressupõe a incorporação dos seguintes
comportamentos, exceto:
a) participação dos cidadãos nos momentos de tomada de decisão.
b) substituição do foco no controle dos inputs pelo controle dos outputs e
seus impactos.
c) criação de mecanismos de competição dentro das organizações públicas e
entre organizações públicas e privadas.
d) adoção de uma postura reativa, em detrimento da proativa, e elaboração
de planejamento estratégico, de modo a antever problemas potenciais.
e) aumento de ganhos por meio de aplicações financeiras e ampliação da
prestação de serviços remunerados.

No tópico do empreendedorismo governamental, são normalmente cobrados


conteúdos relacionados com o livro “Reinventando o Governo: Como o espírito
empreendedor está transformando o setor público”, de David Osborne e Ted
Gaebler. Lançado no início da década de 1990, nele os autores analisam
diversas iniciativas de administrações públicas, principalmente municipais, que
demonstram que o Estado poderia eliminar a burocracia, superando a crise que
se instalara em todo o mundo. Podemos dizer que o empreendedorismo é uma
escola que se insere dentro da administração gerencial, vocês vão ver que
muitos de seus princípios são bastante semelhantes.
Analisando diversas iniciativas inovadoras de administrações públicas
americanas, os autores identificaram alguns traços comuns a todos esses
esforços. A partir deles, enumeraram os 10 princípios do governo
empreendedor. Vamos dar uma olhada neles.

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Princípios do Governo Empreendedor

I . Preferência às alternativas de produção externa de bens e serviços:


terceirização, parcerias governo-sociedade civil, voluntarismo etc.;
II . Gestão participativa de programas e projetos com clientes;
III . Estímulo à competição interna e externa;
IV . Desregulamentação interna, simplificação organizacional e
clarificação de papeis e missões;
V . Avaliação e financiamentos baseados em resultados;
VI . Imagem do cliente como consumidor: com direito a escolhas,
pesquisas de preferências e atitudes, treinamento de atendimento e
formulários de sugestões;
VII . Criação de centros de resultados financeiros, promovendo ação
pública rentável;
VIII . Antevisão estratégica de serviços;
IX . Descentralização e desconcentração: controle hierárquico versus
autoridade, desenvolvimento de equipes (team building), gestão
participativa, cooperação trabalhadores-gerentes, círculos de controle
de qualidade e programas de desenvolvimento gerencial; e
X . Atingimento das finalidades governamentais através da
reestruturação do mercado.

A letra “A” é certa, está no princípio II.


O governo pertence à comunidade: dando responsabilidade ao cidadão, em
vez de servi-lo

A reforma do sistema significa, ao mesmo tempo, a introdução de métodos


voltados para a produção qualitativa de serviços públicos com a prioridade
dada aos clientes e cidadãos como razões últimas do setor público, o que quer
dizer não só que eles devem ser bem atendidos, mas que devem ser também
chamados a participar do governo, definindo os destinos de suas comunidades.
A maioria dos exemplos do livro de Osborne e Gaebler mostra que a melhor
resposta para tornar melhor um serviço público é chamar a comunidade a
participar de sua gestão, seja fiscalizando, seja trabalhando voluntariamente
na prestação de serviços — constituindo-se numa resposta adequada tanto
para a questão da eficiência como para o problema da transparência. Portanto,
a modernização do setor público deve caminhar pari passu com o aumento da
accountability.

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Quando a reciclagem de materiais se tornou uma prioridade, Seattle, a cidade


com a melhor experiência nessa atividade, creditava parte de seu sucesso ao
trabalho de voluntários de quarteirão, que ajudavam os vizinhos a ver como
essa tarefa podia ser mais bem executada. A maior parte das iniciativas no
campo da habitação popular recorria a companhias de desenvolvimento
comunitário, cooperativas de moradores, etc. No campo da educação, os pais
começaram a afirmar seu controle sobre as escolas.
A letra “B” é certa, está no princípio V. Inputs são entradas e outputs são
saídas. Assim, deixa de haver um controle sobre as entradas, os meios, para
se controlar os resultados.
Governos tradicionalmente burocráticos concentram-se excessivamente sobre
as entradas, os recursos, e não sobre as saídas, os resultados. Continuam
financiando escolas com base no número de alunos matriculados; a assistência
social em função do número de atendimentos; e os departamentos de polícia
com base nas estimativas próprias de pessoal necessário para combater o
crime. Presta-se muito pouca atenção aos resultados. Pouco importa como as
crianças se saem nas escolas, ou quantas pessoas finalmente conseguem se
empregar e deixar de receber o seguro-desemprego, ou em quanto tenham
baixado os índices de criminalidade. Na realidade, escolas, instituições de
assistência social e departamentos de polícia ganham mais dinheiro à medida
que fracassam, ou seja, quando as crianças vão mal, o desemprego aumenta e
a taxa de criminalidade sobe.
Por não mensurar os resultados, os governos burocráticos raramente logram
grandes conquistas. Com tão pouca informação sobre os resultados,
recompensam seus funcionários com base em outros critérios: o tempo de
serviço, o volume de recursos e de pessoal que administram, além de sua
hierarquia. Sendo assim, esses funcionários tratam de manter seus
empregados de qualquer maneira, construindo, assim, seus impérios, tentando
conseguir orçamentos maiores, supervisionar mais funcionários e ter mais
autoridade.
Vamos ver uma questão do CESPE:

9. (CESPE/TRE-MA/2009) Se determinado hospital recebe


recursos do SUS em função dos variados níveis de
atendimento que presta, por exemplo, atendimento
ambulatorial que custa X e internação que custa 4X, então tal
gestão é caracteristicamente uma gestão com base em

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resultados, pois o hospital deve receber mais recursos para as


atividades nas quais são gastos mais recursos.

A questão é errada, pois nãos e deve financiar os gastos, mas sim os


resultados.
A letra “C” é certa, está no princípio III. Outro traço dos governos
empreendedores é a promoção da competição. A competição seria uma forma
de melhorar a qualidade do governo, uma vez que garante o controle dos
serviços públicos pela população. Competição, para os autores, não é um
conceito que só tem validade no contexto do setor privado. O ambiente
competitivo, na verdade, serve para acabar com o monopólio — que tanto
pode reinar no setor público como no privado — e encorajar a inovação
organizacional.
No livro de Osborne e Gaebler, segundo pesquisa feita nos Estados Unidos, os
serviços realizados diretamente pelo setor público são de 30 a 95% mais caros
do que os terceirizados. Isso não acontece por que o governo seja pior do que
a iniciativa privada, acontece porque a iniciativa privada trabalha sob o regime
da competição.
O princípio da competição nos serviços públicos tem como meta a competição
não apenas entre os setores público e privado, como, por exemplo, entre uma
empresa estatal e uma concessionária na área de limpeza pública, mas dentro
de cada um desses dois setores que operam na jurisdição de um dado
governo. A questão não é público versus privado, mas competição versus
monopólio. Assim, podemos ter os seguintes tipos de competição:
ƒ Público versus privado;
ƒ Privado versus privado;
ƒ Público versus público.

Os autores afirmam que não defendem a promoção da competição entre


indivíduos. Os prêmios em salário concedidos a professores a título de mérito,
por exemplo, não fazem outra coisa senão jogar professores contra
professores, além de minar o espírito de corpo da classe. Porém, prêmios por
mérito para uma determinada escola pode ser algo diferente. A competição
entre equipes, entre organizações, é construtiva e encoraja a criatividade.
A letra “D” é errada, está no princípio VIII. Os governos burocráticos
tradicionais se concentram na prestação de serviços destinados a enfrentar
problemas. Contra a doença, custeiam serviços médicos; e para combater o

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crime, aumentam o aparato policial; para lutar contra os incêndios, adquirem


mais carros de bombeiros. O modelo burocrático trouxe consigo uma
preocupação com a prestação do serviço – a preocupação em remar. Gastam
somas consideráveis tratando os sintomas, atuando apenas quando os
problemas se transformam em crises, enquanto faltam estratégias para a
prevenção desses problemas. A burocracia é cega no que se refere ao futuro.
Numa era em que as mudanças ocorrem com assustadora rapidez, a cegueira
com relação ao futuro é uma falha mortal. Os governos empreendedores
passaram a atuar de forma completamente diferente, fazendo da prevenção
um tema central de sua administração.
Alguns governos estão tentando não apenas prevenir problemas, como
também tentar antecipar o futuro. Diz-se que há três tipos de pessoas: as que
fazem as coisas acontecerem, as que observam as coisas acontecerem e as
que não sabem o que está acontecendo. O mesmo se pode dizer dos governos;
infelizmente a maioria está na terceira categoria.
A letra “E” é certa, está no princípio VII. Segundo os autores:
A crise dos impostos chegou para ficar. Para garantir receitas futuras,
precisamos criar novas fontes de receitas.

Nos governos burocráticos, os sistemas orçamentários levam as pessoas a


gastar dinheiro, sem qualquer preocupação de produzi-lo. Na maioria dos
governos, poucas pessoas fora dos departamentos financeiros sequer pensam
sobre receitas. Ninguém se preocupa com o lucro. A palavra lucro é vista pelos
governos tradicionais como um verdadeiro pecado.
Os governos empreendedores, terrivelmente pressionados pela crise fiscal da
década de 1980, concentram-se na busca de receitas não tributárias.
Passaram a mensurar o nível de retorno de cada investimento. Não se quer
dizer, com isso, que a maioria dos serviços públicos deva ser vendida visando
ao lucro. Ao contrário! Mas muitos serviços beneficiam indivíduos isolados.
Talvez a forma mais segura de se arrecadar recursos sem cobrar impostos seja
simplesmente cobrar taxas daqueles que se utilizam de serviços públicos. As
taxas sobre a utilização de serviços nem sempre são apropriadas, logicamente.
Para funcionarem, são necessárias três condições: o serviço deve ser,
fundamentalmente, “um bem privado”, prestando benefício individual a seus
beneficiários; deve ser possível excluir dos beneficiários aqueles que não
pagam pelos serviços; e deve ser possível recolher as taxas de maneira
eficiente. Os bens coletivos que beneficiam a sociedade de maneira geral não
podem ter seus custos totalmente repassados aos seus beneficiários. O

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transporte público, por exemplo, beneficia todos os usuários e não-usuários,


pois reduz os congestionamentos e a poluição.
Vamos ver uma questão:

10. (CESPE/ANCINE/2005) Um governo empreendedor


caracteriza-se, entre outros aspectos, por executar atividades
que venham a gerar receitas com os serviços oferecidos,
podendo até cobrar taxas como penalidades para cidadãos que
cometeram pequenas infrações que envolvem o bem-estar da
comunidade.

A questão é certa. Temos que entender que prova de administração pública


não é prova de direito tributário. Segundo o Código Tributário Nacional:
Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo
valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito,
instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente
vinculada.
Art. 5º Os tributos são impostos, taxas e contribuições de melhoria.

Tributos não podem constituir sanção de ato ilícito. Taxas são tributos.
Portanto, taxas não podem ser usadas como punição de penalidades. Mas,
como foi dito, nossa prova não é de direito tributário, por isso a questão é
certa.
Gabarito: D.

8. (ESAF/AFRFB/2009) A compreensão adequada do ciclo de gestão do


governo federal implica saber que:
a) no último ano de um mandato presidencial qualquer, à lei de diretrizes
orçamentárias compete balizar a elaboração do projeto de lei do plano
plurianual subsequente.
b) a função controle precede à execução orçamentária.
c) a não-aprovação do projeto de lei de diretrizes orçamentárias impede o
recesso parlamentar.
d) a votação do plano plurianual segue o rito de lei complementar.

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e) com o lançamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o


orçamento de investimento das empresas estatais passou a integrar o plano
plurianual.

A letra “A” é errada. O PPA é o instrumento que irá balizar a formulação da


LDO e da LOA, e não o contrário. A elaboração do PPA no primeiro ano do
mandato presidencial não precisa seguir a LDO elaborada no ano anterior.
Segundo a CF88:
§ 1º A lei que instituir o plano plurianual estabelecerá, de forma
regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da administração pública
federal para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as
relativas aos programas de duração continuada.

Portanto, o PPA define o DOM (diretrizes, objetivos e metas). Diretrizes são


orientações ou princípios que nortearão a captação, gestão e gastos de
recursos durante um determinado período, com vistas a alcançar os objetivos
de Governo.
Vamos dar uma olhada em uma questão da ESAF:

11. (ESAF/APO/2008) O planejamento governamental


estratégico tem como documento básico o Plano Plurianual.

A questão é certa. Na minha visão, isto é um pouco equivocado, pois o


planejamento estratégico, que é um planejamento de longo prazo, teria como
documentos básicos os planejamentos de longo prazo. Contudo, o Decreto
6.601 de 2008, referente ao PPA 2008-2011, afirma o seguinte:
Art. 1º A gestão do PPA, para o quadriênio 2008-2011, orientada para
resultados, segundo os princípios de eficiência, eficácia e efetividade,
compõe-se dos níveis estratégico e tático-operacional.
§ 1º O nível estratégico do PPA compreende os objetivos de governo e os
objetivos setoriais.
§ 2º O nível tático-operacional do PPA compreende os programas e ações.

Portanto, dentro do PPA temos os três níveis de planejamento: o estratégico e


o tático. O estratégico é constituído pelos objetivos de governo e os objetivos
setoriais. Já o planejamento tático envolve os programas e o operacional as
ações. Isso é representado na mensagem presidencial do PPA 2008-2011 pelo
seguinte diagrama:

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Uma mudança importante do PPA 2012-2015, que está para ser votado, é que
as ações não vão mais constar do PPA. O binômio “Programa-Ação”, que
estruturava tanto os planos plurianuais como os orçamentos, dá lugar a
Programas Temáticos, Objetivos e Iniciativas, tornando-se a Ação uma
categoria exclusiva dos orçamentos anuais. O objetivo foi deixar no PPA só o
que se refere às dimensões estratégica e tática, ficando a dimensão
operacional para os orçamentos.
A letra “B” é errada. O controle pode ser prévio, concomitante ou posterior.
Assim, não é necessariamente errado falar que o controle precede a execução
orçamentária. Contudo, de forma geral, o controle normalmente vem no final
do ciclo. Para entender o ciclo de gestão, podemos usar o Ciclo PDCA, uma
ferramenta da qualidade total. Essa é uma ferramenta bem simples, mas de
extrema importância na administração. Ela traz uma regra bem singela: as
ações na gestão devem formar um ciclo que proporcione a melhoria contínua.
Este ciclo seria formado por quatro etapas:

ƒ To Plan = planejar;
P D
ƒ To Do = implementar;

ƒ To Check = avaliar;

ƒ To Act correctly = agir corretivamente. A C


Este ciclo tem como objetivo conscientizar o gestor de que sua ação deve estar
constantemente se retroalimentando por informações que demonstrem o que
pode ser melhorado.

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A letra “C” é certa. Segundo a CF88:


ADCT, Art. 35, § 2º - Até a entrada em vigor da lei complementar a que se
refere o art. 165, § 9º, I e II, serão obedecidas as seguintes normas:
I - o projeto do plano plurianual, para vigência até o final do primeiro
exercício financeiro do mandato presidencial subsequente, será
encaminhado até quatro meses antes do encerramento do primeiro
exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento da sessão
legislativa;
II - o projeto de lei de diretrizes orçamentárias será encaminhado até oito
meses e meio antes do encerramento do exercício financeiro e devolvido
para sanção até o encerramento do primeiro período da sessão legislativa;
III - o projeto de lei orçamentária da União será encaminhado até quatro
meses antes do encerramento do exercício financeiro e devolvido para
sanção até o encerramento da sessão legislativa.

Os prazos para envio dos projetos de lei pelo Executivo e devolução pelo
Legislativo são:

Prazos
Art. 35 do
ADCT Encaminhamento Devolução para
ao Congresso Sanção

PPA 31 de agosto 22 de dezembro

LDO 15 de abril 17 de julho

LOA 31 de agosto 22 de dezembro

O não envio da LOA caracteriza crime de responsabilidade do Presidente. A CF


não dá alternativa caso isto aconteça. Há uma previsão na Lei 4.320 de 1964:
Art. 32. Se não receber a proposta orçamentária no prazo fixado nas
Constituições e nas Leis Orgânicas dos Municípios, o Poder Legislativo
considerará como proposta a Lei de Orçamento vigente.

Há quase um consenso na Doutrina acerca da impossibilidade jurídica de o


Poder Legislativo rejeitar o PPA e a LDO. Primeiro, porque a CF não previu essa
possibilidade, uma vez que estabeleceu, no art. 35 do ADCT, que ambas as leis
devem ser devolvidas ao Poder Executivo para sanção. Se é somente para
sanção, não há como sancionar o que foi rejeitado. O segundo argumento
toma por base o disposto no art. 57, §2º, segundo o qual a sessão legislativa
não será interrompida sem a aprovação da LDO:

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Art. 57, § 2º - A sessão legislativa não será interrompida sem a aprovação


do projeto de lei de diretrizes orçamentárias.

A letra “D” é errada. O PPA, a LDO e a LOA serão apreciados pelo Congresso
Nacional de acordo com o regimento comum. O PPA é uma lei ordinária.
Segundo a CF88:
Art. 166. Os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às diretrizes
orçamentárias, ao orçamento anual e aos créditos adicionais serão
apreciados pelas duas Casas do Congresso Nacional, na forma do regimento
comum

A letra “E” é errada. O orçamento de investimento das empresas estatais


compõe a LOA, e não o PPA. Segundo a CF88:
Art. 165, § 5º - A lei orçamentária anual compreenderá:
I - o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos
e entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações
instituídas e mantidas pelo Poder Público;
II - o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou
indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto;
III - o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e
órgãos a ela vinculados, da administração direta ou indireta, bem como os
fundos e fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público.

Gabarito: C.

9. (ESAF/AFRFB/2009) O controle externo da administração pública federal


é exercido:
a) pelo Senado Federal.
b) pela Câmara dos Deputados.
c) pelo Tribunal de Contas da União.
d) pelo Congresso Nacional, com o auxílio do Tribunal de Contas da União.
e) pelo Tribunal de Contas da União, com o auxílio do sistema de controle
interno de cada Poder.

Segundo a CF88:
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido
com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete:

Gabarito: D.

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10. (ESAF/AFRFB/2009) Para ser eficaz, uma política de promoção da ética


no serviço público deve enfocar as seguintes ações, exceto:
a) identificação pormenorizada de padrões éticos a serem observados por
detentores de cargos de confiança.
b) criação de regras de quarentena extremamente rígidas.
c) criação de instrumentos institucionais pedagógicos de esclarecimento
sobre o conteúdo de normas éticas.
d) acompanhamento sistemático, por meio de instrumentos próprios de
auditoria e da observância de regras de conduta.
e) estabelecimento de regras flexíveis para o trato de transgressões de
menor potencial.

Essa questão foi copiada do texto “O aprimoramento da conduta ética no


serviço público federal”, de João Geraldo Piquet Carneiro, usado várias vezes
pela ESAF e disponível em:
http://www.enap.gov.br/index.php?option=com docman&task=doc download
&gid=2722
O autor afirma que “O trabalho de prevenção pressupõe”:

Pressupostos da Prevenção

ƒ a fixação de regras claras de conduta geral, a serem observadas em


toda a administração;
ƒ a identificação pormenorizada, por setor, órgão e função, de quais são
os padrões éticos a serem observados pelos detentores de cargos de
confiança e pelo corpo funcional de cada órgão de governo;
ƒ o acompanhamento sistemático, através de instrumentos próprios de
auditoria, da observância dessas regras de conduta;
ƒ a criação de instrumentos institucionais pedagógicos de esclarecimento
sobre o conteúdo de normas éticas;
ƒ o estabelecimento de regras flexíveis para correção de desvios
verificados, principalmente quando se tratar de transgressões de menor
potencial;
ƒ a transparência desses instrumentos, de tal forma que a opinião pública
possa acompanhar a evolução dos trabalhos realizados”.

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Podemos observar que a letra “B” não está citada, as regras rígidas de
quarentena. Contudo, tomem cuidado porque as regras de quarentena são
importantes sim. Elas são usadas principalmente para funcionários do Banco
Central, de Agências Reguladoras e outras entidades. Elas estão previstas no
do Código de Conduta da Alta Administração Federal:
Art. 14. Após deixar o cargo, a autoridade pública não poderá:
I - atuar em benefício ou em nome de pessoa física ou jurídica, inclusive
sindicato ou associação de classe, em processo ou negócio do qual tenha
participado, em razão do cargo;
II - prestar consultoria a pessoa física ou jurídica, inclusive sindicato ou
associação de classe, valendo-se de informações não divulgadas
publicamente a respeito de programas ou políticas do órgão ou da entidade
da Administração Pública Federal a que esteve vinculado ou com que tenha
tido relacionamento direto e relevante nos seis meses anteriores ao
término do exercício de função pública.
Art. 15. Na ausência de lei dispondo sobre prazo diverso, será de quatro
meses, contados da exoneração, o período de interdição para atividade
incompatível com o cargo anteriormente exercido, obrigando-se a
autoridade pública a observar, neste prazo, as seguintes regras:
I - não aceitar cargo de administrador ou conselheiro, ou estabelecer
vínculo profissional com pessoa física ou jurídica com a qual tenha mantido
relacionamento oficial direto e relevante nos seis meses anteriores à
exoneração;
II - não intervir, em benefício ou em nome de pessoa física ou jurídica,
junto a órgão ou entidade da Administração Pública Federal com que tenha
tido relacionamento oficial direto e relevante nos seis meses anteriores à
exoneração.

Gabarito: B.

1.2 QUESTÃO DISCURSIVA

(ESAF/AFRFB/2009) A seguinte afirmativa está repleta de erros


conceituais. Identifique-os, fundamentando sua argumentação:

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“Pelo fato de integrar, nos termos do Plano Diretor da Reforma do


Aparelho do Estado, o chamado núcleo estratégico, a fiscalização
tributária se reveste de um caráter eminentemente burocrático. Por
conseguinte, seu processo de modernização deve ser refratário à
incorporação de novas técnicas gerenciais, limitando-se ao
desenvolvimento de ferramentas de acesso aos dados fiscais do
contribuinte, a exemplo do que ocorre, há mais de uma década, com a
declaração do imposto de renda via internet”.

(até 30 linhas)

Um dos mandamentos das provas discursivas é se ater ao que a questão pede.


Tudo bem que às vezes é importante se valer do chamado “embromation”, que
consiste em jogar informações vagas quando não sabemos o que responder.
Contudo, para que a nota seja alta e não percamos pontos com fuga parcial ou
total ao tema, é preciso que vocês falem apenas do que a questão solicita.
Esta questão do concurso de Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil devia
ser respondida entre 15 e 30 linhas. Portanto, é uma questão que exige uma
resposta direta, sem divagações. Ela é muito clara no que quer: que o
candidato aponte os erros conceituais presentes no trecho.
Portanto, não cabia traçar um histórico do Plano Diretor ou então falar dos
princípios da administração gerencial. A questão não pedia isso. Pedia apenas
que fossem enumerados os erros conceituais. Entre as maiores causas de
perda de pontos que podiam ser observadas nesta prova estava a fuga parcial
ao tema. Isso porque os alunos desatavam a falar de tópicos que até tinham
relação com o tema da questão, mas que não estavam sendo solicitados por
ela. Alguns explicaram cada um dos quatro setores de organização do Estado e
tiraram zero, pois não apontaram os erros.
Uma vez que a questão pedia para apontar os erros conceituais, nada melhor
do que centrar a redação neles, nos erros. Portanto, uma das possíveis
melhores introduções seria aquela que começasse com: “A afirmativa em
destaque apresenta quatro erros conceituais”.
São quatro os erros do trecho da questão:
1. Não integra o núcleo estratégico;
2. Não se reveste de um caráter eminentemente burocrático;
3. Não deve ser refratário à incorporação de novas técnicas gerenciais;

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4. Não deve se limitar ao desenvolvimento de ferramentas de acesso aos


dados fiscais

1º ERRO: O primeiro erro do trecho é afirmar que a fiscalização tributária faz


parte do núcleo estratégico
O Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado (PDRAE) é o documento
referencial da reforma administrativa promovida pelo Governo Fernando
Henrique Cardoso. Lançado em 1995 pelo então Ministério da Administração e
Reforma do Estado, sob a coordenação de Luís Carlos Bresser-Pereira, tinha
como objetivo promover uma reforma gerencial na administração pública, nos
moldes da reforma ocorrida na Inglaterra.
O PDRAE diferencia quatro segmentos de organização do Estado, formas de
relacionamento com a sociedade, no que concerne à distribuição de
responsabilidades.
Núcleo Estratégico: Corresponde ao governo, em sentido lato. É o setor que
define as leis e as políticas públicas, e cobra o seu cumprimento. É portanto
o setor onde as decisões estratégicas são tomadas. Corresponde aos
Poderes Legislativo e Judiciário, ao Ministério Público e, no poder executivo,
ao Presidente da República, aos ministros e aos seus auxiliares e assessores
diretos, responsáveis pelo planejamento e formulação das políticas públicas.
Atividades Exclusivas: É o setor em que são prestados serviços que só o
Estado pode realizar. São serviços em que se exerce o poder extroverso do
Estado - o poder de regulamentar, fiscalizar, fomentar. Como exemplos
temos: a cobrança e fiscalização dos impostos, a polícia, a previdência social
básica, o serviço de desemprego, a fiscalização do cumprimento de normas
sanitárias, o serviço de trânsito, a compra de serviços de saúde pelo Estado,
o controle do meio ambiente, o subsídio à educação básica, o serviço de
emissão de passaportes, etc.
Serviços Não-Exclusivos: Corresponde ao setor onde o Estado atua
simultaneamente com outras organizações públicas não-estatais e privadas.
As instituições desse setor não possuem o poder de Estado. Este,
entretanto, está presente porque os serviços envolvem direitos humanos
fundamentais, como os da educação e da saúde, ou porque possuem
“economias externas” relevantes, na medida em que produzem ganhos que
não podem ser apropriados por esses serviços através do mercado. As
economias produzidas imediatamente se espalham para o resto da

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sociedade, não podendo ser transformadas em lucros. São exemplos deste


setor: as universidades, os hospitais, os centros de pesquisa e os museus.
Produção de Bens e Serviços para o Mercado: Corresponde à área de
atuação das empresas. É caracterizado pelas atividades econômicas voltadas
para o lucro que ainda permanecem no aparelho do Estado como, por
exemplo, as do setor de infra-estrutura. Estão no Estado seja porque faltou
capital ao setor privado para realizar o investimento, seja porque são
atividades naturalmente monopolistas, nas quais o controle via mercado não
é possível, tornando-se necessário no caso de privatização, a
regulamentação rígida.
Pode-se resumir da seguinte forma:
ƒ O núcleo estratégico é formado pela cúpula dos três poderes,
responsável pelo planejamento e definição das diretrizes.

ƒ As atividades exclusivas são aquelas que só podem ser executadas pelo


Estado, como polícia, regulação, fiscalização, tributação, etc.

ƒ Os serviços não exclusivos são aqueles que podem ser executados por
entidades privadas, mas que o Estado ainda considera importantes
porque envolvem direitos fundamentais, como saúde e educação, ou que
geram economias externas.

ƒ A produção de bens e serviços para o mercado consiste nas atividades


econômicas que têm como objetivo o lucro e que, na visão daquele
governo, não teria mais necessidade de serem gerenciadas pelo Estado.

O trecho erra ao afirmar que a fiscalização tributária faz parte do núcleo


estratégico. Este abrange a cúpula dos três poderes e as atividades de
planejamento de definição de estratégias. A fiscalização não possui o caráter
estratégico, ela busca justamente verificar se as normas definidas pelo núcleo
estratégico estão sendo cumpridas.
A fiscalização tributária é uma atividade exclusiva, assim como os demais tipos
de fiscalização, como: a vigilância sanitária, do trabalho, ambiental, etc. O
próprio PDRAE coloca que “são serviços em que se exerce o poder extroverso
do Estado – o poder de regulamentar, fiscalizar, fomentar”. O poder extroverso
corresponde a capacidade de o Estado impor comportamentos a terceiros, de
interferir nas pessoas. O Estado é a única organização que tem o poder
legítimo de gerar obrigações para outras pessoas de forma unilateral, por isso
que as atividades que envolvem o poder extroverso são exclusivas do Estado.

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2º ERRO: O segundo erro do trecho está na afirmação de que a fiscalização


tributária possui caráter eminentemente burocrático. Neste setor, deve haver
ainda um grau de administração burocrática, mas ele deve ser menor que o da
administração gerencial.
O Plano Diretor afirma que existem duas formas de administração pública
“relevantes”: a administração burocrática e a gerencial. A burocrática, apesar
do formalismo e da ênfase no controle a priori de processos, apresenta como
vantagens a segurança e efetividade das decisões. Há mais segurança
justamente por causa dos controles e da necessidade de se definirem
previamente os parâmetros considerados corretos para a decisão.
O conceito de efetividade já foi visto na questão XXXX. Ele envolve a
capacidade do Estado em proporcionar resultados para a sociedade, em alterar
a qualidade de vida das pessoas. No caso, o PDRAE fala em efetividade das
decisões para se referir ao fato delas estarem ou não sendo cumpridas e se
elas correspondem aos objetivos mais gerais para os quais a sociedade está
voltada. A administração burocrática tem como vantagem também a
efetividade.
Já a administração gerencial tem como vantagem a eficiência dos serviços
prestados. Uma vez que ela não está sujeita ao formalismo e ao controle
rígido, teria condições oferecer serviços de melhor qualidade e a custos
menores.
Para cada setor de organização do Estado é prevista uma combinação diferente
de administração burocrática e gerencial. Segundo o Plano:
No núcleo estratégico, em que o essencial é a correção das decisões
tomadas e o princípio administrativo fundamental é o da efetividade,
entendido como a capacidade de ver obedecidas e implementadas com
segurança as decisões tomadas, é mais adequado que haja um misto de
administração pública burocrática e gerencial.
No setor das atividades exclusivas e de serviços competitivos ou não
exclusivos, o importante é a qualidade e o custo dos serviços prestados aos
cidadãos. O princípio correspondente é o da eficiência , ou seja, a busca de
uma relação ótima entre qualidade e custo dos serviços colocados à
disposição do público. Logo, a administração deve ser necessariamente
gerencial. O mesmo se diga, obviamente, do setor das empresas, que,
enquanto estiverem com o Estado, deverão obedecer aos princípios
gerenciais de administração.

No núcleo estratégico a efetividade é mais importante que a eficiência, por isso


deve prevalecer a administração burocrática. Já nos demais setores, onde a
eficiência é fundamental, deve prevalecer a administração gerencial e o peso

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da administração pública burocrática deverá ir diminuindo até praticamente


desaparecer no setor das empresas estatais.
Portanto, a fiscalização tributária, que faz parte do setor de atividades
exclusivas, deve ter um caráter mais gerencial do que burocrático. Isso pode
ser observado em uma figura jurídica que também foi criada pelo PDRAE: as
agências executivas. O Plano fala em agências autônomas, mas se trata
apenas de outra nomenclatura. A qualificação de agência executiva é conferida
a autarquias e fundações que exerçam ATIVIDADES EXCLUSIVAS, após a
assinatura de um contrato de gestão. O objetivo é conferir maior autonomia à
gestão dessas entidades em troca da responsabilização por resultados.
3º ERRO: O terceiro erro do trecho está na afirmação de que “seu processo de
modernização deve ser refratário à incorporação de novas técnicas gerenciais”.
Uma vez que na fiscalização tributária deve prevalecer a administração
gerencial, ela deve sim incorporar técnicas gerenciais. Algo que poderia dar um
requinte para a redação seria a exemplificação de técnicas gerenciais que
poderiam ser usadas:
ƒ Gestão por resultados, como o uso de contratos de gestão;
ƒ Planejamento estratégico, balanced scorecard e SWOT;
ƒ Qualidade Total, Ciclo PDCA, 5S;
ƒ Reengenharia, Downsizing;
ƒ Gerenciamento de Projetos;

4º ERRO: O último erro do texto está na afirmação “limitando-se ao


desenvolvimento de ferramentas de acesso aos dados fiscais do contribuinte”.
A fiscalização tributária não deve limitar a isso, deve buscar se aprimorar
constantemente e desenvolver ferramentas que facilitem e melhorem a
qualidade dos serviços. Deve principalmente buscar formas de diminuir a
burocracia de seus processos, facilitando o acesso aos seus serviços pelos
cidadãos.
Com os quatro erros do texto em mãos, podemos responder à questão.
Primeiro, vamos ver como estruturar o texto. Como essa é uma questão direta,
não vejo necessidade de fazer uma introdução. É melhor ir direto à resposta,
apresentando os quatro erros encontrados no texto. Assim, bastava explicá-
los. Uma forma de estruturar seria elaborar um parágrafo para cada erro.
Contudo, como o 3º e 4º erros estão muito ligados, preferi colocá-los juntos.

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A afirmativa em destaque apresenta quatro erros conceituais. O


primeiro se refere ao fato de a fiscalização tributária não integrar
o núcleo estratégico, mas sim as atividades exclusivas. O Plano
Diretor dividiu o aparelho do Estado em quatro setores: núcleo
estratégico, atividades exclusivas, serviços não exclusivos e
produção de bens e serviços para o mercado. O primeiro
corresponde à cúpula dos três poderes, onde as decisões
estratégicas são tomadas. As atividades exclusivas são aquelas
que envolvem o poder extroverso e só podem ser
desempenhadas pelo Poder Público, como é o caso da
fiscalização tributária.
O segundo erro foi considerar que a fiscalização tributária se
reveste de um caráter eminentemente burocrático. Segundo o
Plano Diretor, a administração burocrática tem como vantagem
proporcionar mais segurança e efetividade para as decisões,
fazendo com que elas se orientem pelos valores da sociedade e
que sejam realmente cumpridas, por isso deve prevalecer no
núcleo estratégico. Contudo, nas atividades exclusivas, como é o
caso da fiscalização tributária, a eficiência é fundamental, por
isso deve prevalecer a administração gerencial.
Desse ponto decorre o terceiro erro, que consistiu em afirmar
que seu processo de modernização deve ser refratário à
incorporação de novas técnicas gerenciais. As atividades
exclusivas devem sim adotar modernas técnicas de gestão, como
a gestão por resultados, por meio de contratos de gestão, o
planejamento estratégico, etc. Assim, a fiscalização tributária
não deve se limitar ao desenvolvimento de ferramentas de
acesso aos dados fiscais do contribuinte, que é o quarto erro da
questão. Deve buscar também ferramentas que reduzam a
burocracia de seus processos, facilitando o acesso a seus
serviços pelos cidadãos.

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2 Lista das Questões


2.1 SIMULADO 1 – PROVA DE AFRFB 2009
1. (ESAF/AFRFB/2009) Sobre a organização do Estado brasileiro, é correto
afirmar que:
a) administrativamente, os municípios se submetem aos estados, e estes, por
sua vez, submetem-se à União.
b) quando instituídas, as regiões metropolitanas podem gozar de prerrogativas
políticas, administrativas e financeiras diferenciadas em relação aos demais
municípios do estado.
c) quando existentes, os territórios federais gozam da mesma autonomia
político-administrativa que os estados e o Distrito Federal.
d) o Distrito Federal é a capital federal.
e) embora, por princípio, todos os entes federados sejam autônomos, em
determinados casos, os estados podem intervir em seus municípios.

2. (ESAF/AFRFB/2009) Considerando os modelos teóricos de Administração


Pública, é incorreto afirmar que, em nosso país:
a) o maior trunfo do gerencialismo foi fazer com que o modelo burocrático
incorporasse valores de eficiência, eficácia e competitividade.
b) o patrimonialismo pré-burocrático ainda sobrevive, por meio das evidências
de nepotismo, gerontocracia e designações para cargos públicos baseadas na
lealdade política.
c) a abordagem gerencial foi claramente inspirada na teoria administrativa
moderna, trazendo, para os administradores públicos, a linguagem e as
ferramentas da administração privada.
d) no Núcleo Estratégico do Estado, a prevalência do modelo burocrático se
justifica pela segurança que ele proporciona.
e) tal como acontece com o modelo burocrático, o modelo gerencial adotado
também se preocupa com a função controle.

3. (ESAF/AFRFB/2009) O estudo das experiências de reformas


administrativas havidas em nosso país permite concluir, acertadamente, que:

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a) a retórica da reforma dos anos 1930 avançou do ponto de vista dos


princípios políticos que a orientaram, a saber: participação, accountability e
controle social.
b) a tentativa de modernização do aparelho de Estado, especialmente a da
década de 1960, teve como consequência o fortalecimento da administração
direta, em detrimento da administração indireta.
c) no sentido weberiano do termo, o Brasil nunca chegou a ter um modelo de
burocracia pública consolidada.
d) ao contrário de outros países, o modelo de nova gestão pública, adotado a
partir dos anos 1990, possuiu inspiração autóctone e em nada se valeu das
experiências britânica e estadunidense.
e) a partir da década de 1990, caminhamos rumo a uma nova administração
pública, de caráter gerencialista, visando consolidar o ideário keynesiano e o
estado do bem-estar social.

4. (ESAF/AFRFB/2009) Uma correta análise da adoção da chamada Nova


Gestão Pública, pelo Brasil, revela que:
a) em sua forma original, a Constituição Federal de 1988 já disponibilizava a
base legal suficiente para a implementação daquele novo modelo de gestão,
sem a necessidade de reformas.
b) toda a máquina pública passou a adotar o controle por resultados, razão
pela qual foram descontinuados alguns mecanismos de controle financeiro e
orçamentário até então existentes.
c) com o aumento da descentralização, visava-se reduzir o nível de
accountability a que se submeteriam os órgãos reguladores.
d) no plano federal, a implementação das Organizações Sociais sagrou-se
vitoriosa, havendo, hoje, milhares delas espalhadas pelo país, prestando
serviços públicos essenciais.
e) o Estado tinha por objetivo atuar mais como regulador e promotor dos
serviços públicos, buscando, preferencialmente, a descentralização, a
desburocratização e o aumento da autonomia de gestão.

5. Sobre o tema ‘governabilidade, governança e accountability’, assinale a


opção incorreta.

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a) A accountability visa a fortalecer o controle social e político, em detrimento


do controle burocrático.
b) Governança pode ser entendida como um modelo horizontal de relação
entre atores públicos e privados no processo de elaboração de políticas
públicas.
c) O conceito de governança possui um caráter mais amplo que o conceito de
governabilidade.
d) As parcerias público-privadas (PPPs) constituem um exemplo de
coordenação de atores estatais e não estatais, típico da governança.
e) A governabilidade refere-se mais à dimensão estatal do exercício do poder.

6. (ESAF/AFRFB/2009) Sob o ponto de vista do cidadão, podemos afirmar


que os seguintes mecanismos, todos acessíveis pela Internet, são mantidos
pelo governo federal como instrumentos de transparência, exceto:
a) ComprasNet.
b) SIAFI.
c) Portal Brasil.
d) Portal da Transparência.
e) Portal de Convênios.

7. (ESAF/AFRFB/2009) No âmbito da administração pública, o


empreendedorismo pressupõe a incorporação dos seguintes comportamentos,
exceto:
a) participação dos cidadãos nos momentos de tomada de decisão.
b) substituição do foco no controle dos inputs pelo controle dos outputs e seus
impactos.
c) criação de mecanismos de competição dentro das organizações públicas e
entre organizações públicas e privadas.
d) adoção de uma postura reativa, em detrimento da proativa, e elaboração de
planejamento estratégico, de modo a antever problemas potenciais.
e) aumento de ganhos por meio de aplicações financeiras e ampliação da
prestação de serviços remunerados.

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8. (ESAF/AFRFB/2009) A compreensão adequada do ciclo de gestão do


governo federal implica saber que:
a) no último ano de um mandato presidencial qualquer, à lei de diretrizes
orçamentárias compete balizar a elaboração do projeto de lei do plano
plurianual subsequente.
b) a função controle precede à execução orçamentária.
c) a não-aprovação do projeto de lei de diretrizes orçamentárias impede o
recesso parlamentar.
d) a votação do plano plurianual segue o rito de lei complementar.
e) com o lançamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o
orçamento de investimento das empresas estatais passou a integrar o plano
plurianual.

9. (ESAF/AFRFB/2009) O controle externo da administração pública federal é


exercido:
a) pelo Senado Federal.
b) pela Câmara dos Deputados.
c) pelo Tribunal de Contas da União.
d) pelo Congresso Nacional, com o auxílio do Tribunal de Contas da União.
e) pelo Tribunal de Contas da União, com o auxílio do sistema de controle
interno de cada Poder.

10. (ESAF/AFRFB/2009) Para ser eficaz, uma política de promoção da ética no


serviço público deve enfocar as seguintes ações, exceto:
a) identificação pormenorizada de padrões éticos a serem observados por
detentores de cargos de confiança.
b) criação de regras de quarentena extremamente rígidas.
c) criação de instrumentos institucionais pedagógicos de esclarecimento sobre
o conteúdo de normas éticas.
d) acompanhamento sistemático, por meio de instrumentos próprios de
auditoria e da observância de regras de conduta.
e) estabelecimento de regras flexíveis para o trato de transgressões de menor
potencial.

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2.2 QUESTÃO DISCURSIVA

(ESAF/AFRFB/2009) A seguinte afirmativa está repleta de erros


conceituais. Identifique-os, fundamentando sua argumentação:

“Pelo fato de integrar, nos termos do Plano Diretor da Reforma do


Aparelho do Estado, o chamado núcleo estratégico, a fiscalização
tributária se reveste de um caráter eminentemente burocrático. Por
conseguinte, seu processo de modernização deve ser refratário à
incorporação de novas técnicas gerenciais, limitando-se ao
desenvolvimento de ferramentas de acesso aos dados fiscais do
contribuinte, a exemplo do que ocorre, há mais de uma década, com a
declaração do imposto de renda via internet”.

(até 30 linhas)

3 Gabarito
1. E 6. B
2. A 7. D
3. C 8. C
4. E 9. D
5. A 10. B

4 Pontos Importantes da Aula


ƒ Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões
metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por
agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar a organização, o
planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum.

ƒ A administração gerencial representa um rompimento com a administração


burocrática, mas não nega todos os seus princípios, mantendo a

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racionalidade, a impessoalidade, a divisão do trabalho, o sistema


estruturado e universal de remuneração, as carreiras, a avaliação constante
de desempenho, o treinamento sistemático.

ƒ Apesar de atualmente prevalecer o modelo gerencial, ainda permanecem


características do patrimonialismo e da burocracia.

ƒ A administração gerencial, assim como a burocracia, também se preocupa


com o controle, o que muda é a forma de controle, dos processos a priori
passa para os resultados a posteriori.

ƒ Nunca se logrou implantar uma burocracia do tipo weberiano no Brasil.

ƒ O conceito de governança tem se alterado ao longo do tempo, da


capacidade de gestão para implementação de políticas públicas para
abranger a atuação coordenada de diferentes atores.

ƒ Accountability é um conceito muito importante para a Administração


Pública. Esse termo abrange pelo menos três aspectos

Elementos do Conceito de Accountability

ƒ Obrigação em prestar contas


ƒ Responsabilização pelos atos e resultados
ƒ Responsividade

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