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CURSO DE
DIREITO PENAL
Aluno:
AN02FREV001/REV 4.0
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CURSO DE
DIREITO PENAL
MÓDULO I
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são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.
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SUMÁRIO
MÓDULO I
1 INTRODUÇÃO
1.1 DO CONCEITO DE DIREITO PENAL
1.2 CARACTERISTICAS DO DIREITO PENAL
1.3 OBJETO DO DIREITO PENAL
1.4 FONTES DO DIREITO PENAL
1.4.1 Material ou Substancial
1.4.2 Fonte Formal ou de Conhecimento
1.5 CLASSIFICAÇÃO DA LEI
1.5.1 Leis Penais Incriminadoras
1.5.2 Leis Penais não Incriminadoras
1.5.3 Leis não Incriminadoras Permissivas ou Normas Penais Permissivas
1.5.4 Leis Penais não Incriminadoras Finais, Complementares ou Explicativas
1.5.5 Normas Penais em Branco/Normas Cegas ou Abertas
1.6 INTERPRETAÇÃO DO DIREITO PENAL
1.6.1 Espécies de Interpretação da Lei Penal
1.7 PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DA INOCÊNCIA X PRINCÍPIO IN DUBIO PRO
REO
1.8 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO PENAL
1.8.1 Princípios do Direito Penal
1.9 O PRINCÍPIO DO NO BIS IDEM E O LIMITE DO PODER PUNITIVO DO
ESTADO
MÓDULO II
2 APLICABILIDADE DO DIREITO PENAL
2.1 ANALOGIA
2.1.1 Conceito
2.1.2 Espécies de Analogia
2.2 PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
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2.3 ÂMBITO TEMPORAL DA LEI PENAL
2.3.1 Irretroatividade da lei Penal
2.4 CONFLITOS DE LEIS PENAIS NO TEMPO
2.4.1 Hipóteses de Conflitos de Leis Penais no Tempo
2.5 LEI EXCEPCIONAL OU TEMPORÁRIA
2.6 TEMPO DO CRIME
2.7 CONFLITO APARENTE DE NORMAS
2.7.1 Conceito
2.7.2 Elementos
2.8 LEI PENAL NO ESPAÇO
MÓDULO III
3 TEORIA GERAL DO CRIME
3.1 CONCEITO DE CRIME
3.1.1 Conceito no Aspecto Material, Formal e Analítico
3.2 FATO TÍPICO
3.2.1 Elementos do Fato Típico
3.3 TEORIA DO TIPO
3.3.1 Elementos do Tipo
3.3.2 Objetos do Crime
3.3.3 Sujeitos do Crime
3.4 SUPERVENIÊNCIA CAUSAL
3.4.1 Espécies de Causas
3.4.2 Espécies de Causa Absolutamente Independente
3.4.3 Espécies de Causa Relativamente Independente
3.5 CRIME DOLOSO
3.5.1 Espécies de Dolo
3.6 CRIME CULPOSO
3.6.1 Modalidades de Culpa
3.6.2 Espécies de Culpa
3.7 CRIME PRETERDOLOSO
3.8 CONTAGEM DE PRAZO NO DIREITO PENAL
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3.9 PENA CUMPRIDA NO ESTRANGEIRO
3.10 EFICÁCIA DA SENTENÇ ESTRANGEIRA
MÓDULO IV
4 INTRODUÇÃO
4. 1 ITER CRIMINIS
4.1.1 Cogitação
4.1.2 Preparação
4.1.3 Execução
4.1.4 Consumação
4.2 CRIME CONSUMADO
4.3 TENTATIVA
4.3.1 Crimes que não Admitem a Tentativa
4.3.2 Espécies de Tentativa
4.3.3 Pena de Tentativa
4.4 DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ
4.4.1 Desistência Voluntária
4.4.2 Arrependimento Eficaz
4.4.3 Consequência Penal para a Desistência Voluntária e o Arrependimento Eficaz
4.5 ARREPENDIMENTO POSTERIOR
4.5.1 Requisitos do Arrependimento Posterior
4.6 CRIME IMPOSSIVEL
4.6.1 Hipóteses em que ocorre o Crime Impossível
4.7 CRIME IMPOSSÍVEL X DELITO PUTATIVO
4.8 ESPÉCIES DE DELITO PUTATIVO
4.9 DO ERRO NO DIREITO PENAL
4.9.1 Erro de Tipo
4.9.2 Erro de Tipo X Erro de Direito
4.9.3 Formas de Erro de Tipo
MÓDULO V
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5 INTRODUÇÃO
5.1 CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES
5.2 CONCURSO DE CRIMES OU DE DELITOS
5.3 CONCURSO MATERIAL OU REAL
5.4 CONCURSO FORMAL OU IDEAL
5.5 CRIME CONTINUADO
5.6 CONCURSO DE PESSOAS OU CONCURSO DE AGENTES
5.6.1 Tipos de Crimes Quanto ao número de Pessoas que Deles Participam
5.6.2 Autoria, Coautoria e Participação
5.6.3 Requisitos do Concurso de Pessoas
5.6.4 Punibilidade no Concurso de Pessoas
MÓDULO VI
6 INTRODUÇÃO
6.1 EXCLUDENTES DE ILICITUDE OU DE ANTIJURICIDADE
6.1.1 Causas Supralegais que Excluem o Ilícito Penal
6.2 EXCLUSÃO DE ILICITUDE, ERRO DE PROIBIÇÃO E ERRO DE TIPO
PERMISSIVO
6.2.1 Erro de Proibição ou Erro sobre a Ilicitude do Fato
6.2.2 Erro de Tipo Permissivo ou Descriminante Putativa
6.2.3 Descriminantes Putativas por Erro de Proibição
6.3 CIRCUNSTÂNCIAS INCOMUNICÁVEIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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MÓDULO I
1 INTRODUÇÃO
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fundamentais em risco para a sociedade, passando tais condutas a serem infrações
penais, aplicando-lhe uma sanção penal.
3º) Luis Regis Prado: O Direito Penal, no seu conceito formal, seria a parte
do ordenamento jurídico que enumera as ações ou omissões delitivas, aplicando-
lhes certas penas ou medidas de segurança. Em seu conceito material refere-se às
condutas consideradas reprováveis ou danosas à sociedade que atingem bens
jurídicos indispensáveis à sua própria existência.
4º) Damásio: A noção de Direito tem como base o fato social, que se
mostra contrário à norma de Direito e forja o ilícito jurídico, cuja forma mais séria é o
ilícito penal, que atenta contra os bens mais importantes da vida social, sendo que
este direito nasce das necessidades basilares da humanidade. É direito que
estabelece as normas que formam o alicerce das condições da existência da
humanidade.
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1.2 CARACTERISTICAS DO DIREITO PENAL
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h) Caráter dogmático: Como ciência jurídica o direito Penal tem caráter dogmático,
já que se fundamenta no direito positivo, exigindo o cumprimento de todas suas
normas pela sua obrigatoriedade.
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Fernando Capez, ao abordar o objeto do Direito Penal, traz o ensinamento de
Welzel:
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conforme art. 22, inciso I, parágrafo único da Constituição Federal, ocorre mediante
Lei Complementar.
b.1. Costumes: Conjunto de regras não escrita que antecede a lei, cuja
conduta é praticada de modo geral, igual, constante e uniforme e em razão da sua
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reiteração torna-se juridicamente obrigatória, imperativa. Não pode definir crimes,
cominar penas e revogar norma penal.
Luiz Regis Prado (2008), ao lecionar sobre costumes, entende que se trata
de uma regra de conduta criada espontaneamente pela consciência comum do povo
que a observa por modo constante e uniforme e sob a convicção de corresponder a
uma necessidade jurídica. Para ele o costume é formado de dois elementos; o
primeiro seria o objetivo (uso constante e prolongado) e o segundo seria o
subjetivo (convencimento de sua obrigatoriedade).
No mesmo sentido Fernando Capez (2006), em seus ensinamentos,
enumera os elementos do costume da seguinte forma:
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Observação: O costume não cria crimes (delitos), nem aplica sanção
(pena), somente a lei cria e aplica sanção (Princípio da reserva lega).
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A equidade (o juiz procura a solução mais justa ao caso concreto), a doutrina
(instrumento mediato, resultado do estudo jurídico-científico) e a jurisprudência (ao
interpretar as leis em um sentido/decisões judiciais comuns, torna uniforme o seu
entendimento) são procedimentos interpretativos do direito.
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1.5.4. Leis Penais não Incriminadoras Finais, Complementares ou Explicativas
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1.6 INTERPRETAÇÃO DO DIREITO PENAL
O que seria interpretar a lei penal? Seria somente ler a norma? Seria retirar
da lei penal seu exato alcance e seu significado real? Sim, isso é interpretar a lei
penal? O Art. 5º da Lei de Introdução ao Código Civil (LICC) traz a resposta a esta
indagação, “a interpretação da Lei sempre deve buscar a finalidade da Norma”.
Portanto, interpretar uma norma significa captar seu significado, compreender,
esclarecer o seu sentido e sua finalidade. É importante salientar que a atividade de
interpretação da lei não pode sair do ordenamento jurídico, dissociando-se das
fontes do direito, tampouco do contexto histórico-cultural.
Para alcançar o seu fim a interpretação da lei utiliza-se de muitos métodos
ou processos, tais como:
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teológicos da norma jurídica.
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3. Judicial: Realizada pelos órgãos jurisdicionais (Juízes e Tribunais)
quando aplica a lei ao caso concreto, não tem força obrigatória, somente valor para
as partes (eficácia inter partes).
c) Quanto ao resultado:
3. Extensiva: A lei ficou aquém da sua vontade, ou seja, a lei disse menos
do que queria. Neste caso usa-se a interpretação extensiva para ampliar o seu
significado. Exemplo: artigo 235 do Código Penal, que trata da do crime de Bigamia.
Por fim, a interpretação é um só: o que realmente difere são apenas os
métodos, pois somente no caso in concreto que o magistrado poderá preferir este ou
aquele método.
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Os princípios da presunção de inocência e in dubio pro reo não são
sinônimos. O que se pode concluir é que existe uma relação entre eles, pois o
princípio in dubio pro reo decorre de dois princípios: presunção de inocência e do
princípio do favor rei, que proclama que “no conflito entre o jus puniendi do Estado,
por um lado, e o jus libertatis do acusado, por outro lado, a balança deve inclinar-se
a favor deste último se quiser assistir ao triunfo da liberdade”. (TOURINHO FILHO,
2003). Segundo Fernando Capez (2006), o princípio da presunção de inocência para
muitos só se aplica no campo da apreciação das provas, nunca para interpretar a
norma, outros ao contrário entendem que o princípio pro reo aplica-se na
interpretação da lei, ao usar a interpretação mais favorável ao réu.
O princípio da presunção de inocência encontra-se inserido na Constituição
Federal de 1988, em seu artigo 5º, inciso LVII que prescreve: “ninguém será
considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”.
Para alguns doutrinadores e juristas o princípio in dúbio pro reo não vem sendo
aceito implicitamente em razão da distribuição do ônus da prova. Tourinho Filho
(2001), ao falar do assunto, diz que a regra do ônus da prova cabe ao autor da tese
(acusação). Cabe ao Promotor de Justiça na denúncia o ônus de provar que
determinado agente é o autor do crime, por exemplo, de lesão corporal. À defesa
cabe provar a inocência do agente, invertendo assim o ônus probandi.
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Faz-se necessário diferenciar Princípios de Direito Penal Constitucional dos
Princípios Propriamente Penais. Os primeiros estão previstos na Carta Magna
(Princípio da Legalidade, Princípio da Culpabilidade, etc), enquanto o segundo
integra o ordenamento do Direito Penal (Princípio da Reserva Legal).
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Assinala ainda o jurista que o princípio da legalidade previsto no artigo 1º do
Código Penal Brasileiro compreende os princípios da reserva legal e da
anterioridade. Damásio de Jesus (2000) entende que no aspecto político o Princípio
da Legalidade serve como garantidor constitucional dos direitos do homem, somente
a lei pode fixar limites que destacam a atividade criminosa da legítima defesa. Não
haveria segurança ou liberdade se a lei punisse condutas consideradas lícitas e se
os magistrados punissem fatos ainda não considerados crimes pelo legislador.
Francisco de Assis Toledo, ao falar do Princípio da Legalidade, entende que
sem ele nenhum fato pode ser considerado crime e nenhuma pena criminal pode ser
aplicada sem que antes desse mesmo fato tenham sido instituídos por lei os tipos
delitivos e a pena respectiva constitui uma real limitação ao poder estatal de interferir
na esfera das liberdades individuais.
Alguns juristas entendem que o Princípio da Legalidade se desdobra em
quatro postulados:
nullum crimen, nulla poena sine lege praevia;
nullum crimen, nulla poena sine lege scripta;
nullum crimen, nulla poena sine lege stricta;
nullum crimen, nulla poena sine lege certa.
Luis Regis Prado (2008) preleciona que o Princípio da Reserva Legal possui
três Garantias:
1. Garantia Criminal e Penal: Não há crime nem pena sem lei em sentido
estrito, elaborada na forma constitucionalmente prevista.
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Princípios Inerentes ao Princípio da Legalidade:
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B. Taxatividade e vedação ao emprego da analogia: Em razão do
Princípio da Reserva Legal é que surgiu a afirmação de que o Direito Penal positivo
é um sistema fechado. A Lei Penal (norma incriminadora) estabelece com a esfera
do ilícito uma incriminação taxativa, precisa. Impedindo sua atuação além dos
limites estabelecidos, mesmo através da analogia. A norma penal tem que ser exata,
precisa, como uma adição matemática de números inteiros, pois um fato só poderá
ser delito (criminoso) se estiver perfeitamente moldado na lei que o criou (descreve).
A lei penal não permite que uma conduta delitiva que fora cominado uma
pena seja estendida à outra por ser assemelhada. Isto ocorre em razão da lei penal
(Princípio da Legalidade), que ao frisar que não há crime sem lei que o defina exigiu
da lei a descrição da conduta criminosa com todos os elementos. A taxatividade na
descrição da conduta típica para uma exata identificação do fato, como corolário da
legalidade, proíbe, portanto, a incriminação vaga e indeterminada do fato, e se não
fosse assim a elasticidade na tipificação do fato permitiria o livre arbítrio do juiz.
Mirabete trás a lição de Silva Franco:
Cada figura típica constitui, em verdade, uma ilha no mar geral do ilícito e
todo o sistema punitivo se traduz num arquipélago de ilicitude. Daí a
impossibilidade do Direito Penal atingir a ilicitude na sua totalidade e de
preencher, através dos processos integrativos da analogia, eventuais
lacunas. (FRANCO, 1999)
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C. Taxatividade e Descrição Genérica: O Princípio da Reserva Legal
determina que a descrição da conduta delitiva (criminosa) é específica, não se
admitindo tipos genéricos. O que adiantaria exigir da lei a prévia definição do crime
se fosse permitido o uso de termos demasiadamente amplos, como por exemplo
“qualquer conduta contrária aos interesses nacionais”. Não se aplicam a crimes
culposos, em que a conduta que leva ao resultado pode ser infinitamente variável,
uma vez que o legislador não poderá descrever todas as condutas humanas que
coadunam com o tipo culposo, o que limita o legislador a dizer: “se o crime é
culposo, pena de tanto a tanto. A esses tipos penais a Doutrina definiu como
exemplo claro o crime de Homicídio Culposo (artigo 121, § 3º, do Código Penal
Brasileiro)”.
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Na legislação brasileira este princípio está regulado pelo artigo 5º, inciso
XXXIX da Constituição Federal de 1988 e no Código Penal em seu artigo 1º: “não há
crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”, ou
nullum crimen, nulla poena sine lege praevia.
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1.9 O PRINCÍPIO DO NO BIS IDEM E O LIMITE DO PODER PUNITIVO DO
ESTADO
FIM DO MÓDULO I
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