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Parte 01

EMPREEN-
DEDORISMO:
FUNDAMENTOS,
GESTÃO, INOVA-
ÇÃO E NEGÓCIOS
Tema

O EMPREENDEDORISMO:
03
01
DA SUA NATUREZA
E ORIGENS À
FUNCIONALIDADE
EMPREENDEDORA
Neste tema serão abordados assuntos que irão
ajudá-lo a compreender questões como: o que é o empre-
endedorismo; a natureza empreendedora; sua origem;
necessidade e funcionalidade; etapas para gerar e manter
ao longo do tempo um empreendimento; entender como
as oportunidades surgem; por que os aspectos cognitivos
influenciam na origem e na criatividade de ideias para
serviços ou produtos no exercício da inovação.
Tais questões são essenciais para se compre-
ender ao longo deste tema o processo empreendedor
elucidando sua natureza (origem), funcionalidade ou
aplicabilidade dentro da organização, o processo em-
preendedor. Será discutido, ainda, de forma resumida,
o empreendedorismo no Brasil, exemplificando a im-
portância da criação do Sebrae para gerar um empre-
endimento com o mínimo de riscos possíveis. Assim, ao
final desta seção, você terá informações precisas e sufi-
cientes para responder a tais questionamentos. Vamos
buscar compreender as etapas a seguir?
1.1 O empreendedorismo e suas raízes

Ter uma definição precisa do que vem a ser o empreendedorismo tor-


na-se uma missão complexa, visto que se trata de uma temática nova e ambígua
para muitos indivíduos que querem abrir um negócio. O que é necessário para
que alguém seja um empreendedor? É essencial que saibamos responder a tal
questionamento para que de fato se chegue ao consenso do que estamos bus-
cando; de outra maneira não teremos oportunidade de desenvolver um conceito
sistemático e, portanto, abrangente do que de fato trata o Empreendedorismo e
quais são suas verdadeiras raízes.
Para alguns autores atuais, “a palavra empreendedor origina-se da pa-
lavra entrepreneur que é francesa, literalmente traduzida, significando aquele
que está entre ou intermediário” (HERRERO, 2014, p. 201). A definição de em-
preendedor evoluiu com o passar do tempo por conta das mudanças no cenário
econômico mundial, tornando-a mais complexa. Mais adiante iremos nos apro-
fundar nesse conceito.
A pessoa que gerenciava grandes projetos na área de produção era cha-
mada de empreendedor, isso acontecia nos chãos de fábricas, desde o início
na idade média, porém é interessante lembrar que as pessoas daquela época
utilizavam os recursos fornecidos geralmente pelo governo do país: “[...] o em-
preendedor da idade média era o clérigo – a pessoa encarregada de obras ar-
quitetônicas como castelos e fortificações, prédios públicos, abadias e catedrais.
No século XVII agrega-se mais uma característica ao empreendedor, a do risco”
(CHIAVENATO, 2013, p. 203).
Nesse período o empreendedor era a pessoa que assumia uma espé-
cie de “contrato com o governo” para o provimento de um produto ou serviço.
Como o valor deste era um valor estável, quaisquer resultados, seja ele lucro ou
até mesmo prejuízo, eram do empreendedor (HASHIMOTO, 2006, p. 203).
De acordo com Dolabela (2008, p. 47),

Atualmente, os estudiosos da administração entendem que o empre-


endedorismo é um conhecimento voltado para o desenvolvimento de
competências e habilidades relacionadas à criação de um projeto (téc-
nico, científico, empresarial) e o termo empreender significa: realizar,
fazer ou executar.

10 Empreendedorismo
Tema | 01
O empreendedor é aquele que apresenta determinadas habilidades e

O empreendedorismo: da sua natureza e origens à funcionalidade empreendedora


competência para criar, abrir e gerir um negócio, atingindo resultados dese-
jados. Para Dolabela (2008, p. 49), “o empreendedorismo é essencial para se
originar riquezas dentro de um país, promovendo o crescimento econômico e
melhora as condições de vida da população”. É também um fator importantíssi-
mo na geração de empregos e renda em qualquer empreendimento.
A partir de então iremos pontuar conceitos cruciais e subdividi-los para
que possamos alicerçar de modo um tanto consistente o conceito de Empreende-
dorismo para que possa melhorar sua compreensão (DOLABELA, 2008, p. 49):

I – Oportunidade
O empreendedorismo busca entender como surgem as oportunidades
para criar algo novo (sejam produtos ou serviços; matérias-primas; processos
de produção; inserção de tecnologias ou aprimoramento das já existentes na
organização).
O grande desafio aqui está na questão em reconhecer a oportunidade
e aproveitá-la no momento adequado; é quando a habilidade do empreendedor
é crucial para desenvolvê-la, já que, segundo Dolabela (2008, p. 47), “empre-
endedorismo não é um tema novo ou modismo: existe desde sempre, desde a
primeira ação humana inovadora, com o objetivo de melhorar as relações do
homem com os outros e com a natureza”. Percebe-se que já faz parte do cotidia-
no das pessoas atualmente, apenas há um amadurecimento guiado por procedi-
mentos técnicos (BARON, 2013).
Um fator importante que chama a atenção é que uma oportunidade
deve ser avaliada sob o ponto de vista do aproveitamento das habilidades e dos
objetivos pessoais do empreendedor. “Quanto mais tempo e esforço for dedi-
cado para a compreensão da oportunidade, maior a possibilidade de sucesso.
Quanto menor o tempo de abertura da janela de oportunidade, maior a pressão
para decidir”. Logo, a rapidez perante uma tomada de decisão é decisiva. Deci-
dir certo e rápido! (SOUZA, 2011, p.34).
Assim, a captação de recursos financeiros, tecnológicos e humanos,
além do “saber gerenciá-los”, é ponto determinante para o sucesso do empre-
endimento. Antes de qualquer decisão, na abertura de um negócio, é necessário
que o empreendedor entenda os verdadeiros motivos que o levaram a empreen-
der, seja por necessidade ou pela oportunidade (DOLABELA, 2008).

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É importante que se façam alguns questionamentos para melhor
identificar:

1. De onde ela nasceu?

2. Discutir uma transformação de âmbito: tecnológico, governamental


ou trata-se de uma tendência de mercado?

II – Necessidade
O empreendedorismo também surge a partir de uma necessidade -
quando se encontra diante de um ambiente propício ao desenvolvimento de um
negócio com recursos financeiros alinhados à criatividade e nas mãos de um
indivíduo que tem o espírito empreendedor. Veja o exemplo da Nancy Mueller
quando criou a rede de fast food – denominada Nancy’s Specialty Foods (veja
mais informações sobre o case na leitura sugerida a seguir ainda nesta seção).
A necessidade aparece bem exemplificada em pessoas que geralmente
foram desligadas do seu emprego ou aquelas que não têm um emprego garanti-
do (não se sentem “seguras” onde estão trabalhando) ou porque simplesmente
querem aumentar sua renda. Segundo Rubens (2009, p. 307):

Para um psicólogo tal pessoa é geralmente impulsionada por certas


forças chamadas de “necessidade” de obter ou conseguir algo, expe-
rimentar, realizar ou talvez escapar da autoridade dos outros. Para
alguns homens de negócios, um empreendedor pode ser um aliado,
uma fonte de suprimento, um cliente ou alguém que cria riqueza para
outros, assim como encontrar melhores maneiras de utilizar recursos,
reduzirem desperdício e produzir empregos que outros ficarão satis-
feitos em conseguir.

Também vale ressaltar que existe uma forte influência da mídia –


quando mencionam nomes de sucesso como o de Bill Gates, Mary Kay Ash,
entre outros, despertando assim o entusiasmo e a crença de que se você iniciar
um negócio ficará logo rico e terá uma vida fantástica.
Diante do número cada vez maior de empreendimentos que são aber-
tos tanto no Brasil quanto nos EUA, pelos dados estatísticos atuais, observa-se

12 Empreendedorismo
Tema | 01
que há uma tendência em ascensão no universo empresarial de as pessoas sen-

O empreendedorismo: da sua natureza e origens à funcionalidade empreendedora


tirem necessidade em escolher esse tipo de carreira (BARON, 2013).
De acordo com os estudos do GEM (2014), trata-se de um indicador
que faz a comparação de dados estatísticos entre o Brasil e outros países. O de-
senvolvimento do empreendedorismo brasileiro é decorrente da existência de
dois tipos de Empreendedorismo, de acordo com Dornelas (2008, p.35):

A primeira seria: O empreendedorismo de oportunidade, onde o empre-


endedor visionário sabe aonde quer chegar, cria uma empresa com pla-
nejamento prévio, tem em mente o crescimento que quer buscar para a
empresa e visa à geração de lucros, empregos e riquezas. E a segunda
definição seria: O empreendedorismo de necessidade, em que o can-
didato a empreendedor se aventura na jornada empreendedora mais
por falta de opção, por estar desempregado e não ter alternativas de
trabalho.

Ainda dentro deste contexto, em que se analisam as raízes inerentes


que levam alguém a se comportar como empreendedor, não se pode deixar de
enfatizar que no olhar de Chiavenato (2013, p. 187) existem três características
fundamentais e marcantes para uma pessoa ser empreendedora:

1. Necessidade de realização: Uma necessidade pessoal, o que o


diferencia dos outros;

2. Disposição para assumir riscos: Riscos financeiros e de de-


mais ordens assumidos ao iniciar o próprio negócio;

3. Autoconfiança: Segurança ao sentir que pode enfrentar os desa-


fios e problemas.

Portanto, para Chiavenato (2013, p. 188), o empresário que de-
seja obter sucesso nos negócios precisa possuir os seguintes aspectos: “coragem
e paixão para desbravar o novo, e equilíbrio, racionalidade e facilidade em lidar
com as mais variadas situações, já dentro do empreendimento”.

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As raízes do empreendedorismo, como uma subdivisão da área dos ne-
gócios, requer quatro considerações importantes e necessárias, como discorre
Chiavenato (2013, p. 11):

1. As condições econômicas; sociais e tecnológicas das quais


as oportunidades surgem;

2. As condições humanas em que há pessoas que reconhecem es-


sas oportunidades;

3. As condições técnicas de negócios e estruturas jurídicas


que elas usam para desenvolvê-las;

4. As condições dos efeitos sociais e econômicos produzidos


por tal desenvolvimento.

Todos esses dados exercem um papel no empreendedorismo e preci-


sam ser considerados com a importância que lhe é devida, pois desta forma
poderemos entender em sua totalidade a complexidade desse processo. O que
converge, por sua vez, para o campo do empreendedorismo, já que este está,
segundo Baron (2013, p. 14), “intensamente relacionado às disciplinas mais an-
tigas e estabelecidas, como: economia, ciências do comportamento (psicologia,
ciência cognitiva) e sociologia”.
Ainda de acordo com o autor supracitado, o campo do empreendedo-
rismo concorda que “tanto a perspectiva micro (que envolve o comportamento
e pensamento dos indivíduos) quanto o macro (que enfoca principalmente os
fatores ambientais) são importantes para se obter um entendimento completo
no processo empreendedor”. Percebe-se que é um processo que se amplia ao
longo do tempo e que se movimenta por diferentes fases, mas que está forte-
mente interligado.
Já como um ramo de negócios, “tem raízes importantes no segmento
econômico, nas ciências do comportamento e na sociologia. Nos últimos anos, o
fascínio do empreendedorismo aumentou e isto resultou em mais pessoas esco-
lhendo essa carreira” (BARON, 2013, p. 14). Os aspectos individuais, grupais e
sociais também interferem em todas as etapas do processo empreendedor.

14 Empreendedorismo
Tema | 01
Assim, o empreendedorismo requer a criação ou reconhecimento de

O empreendedorismo: da sua natureza e origens à funcionalidade empreendedora


uma aplicação comercial para uma coisa nova, no entanto, esses fatores não são
suficientes quando os negócios não são bem gerenciados por pessoas que possu-
am habilidades nos diversos níveis hierárquicos da organização, certamente não
trarão o retorno financeiro desejado e por certo não atingirão metas para sobrevi-
ver no ambiente globalizado e competitivo em que se encontram inseridos.
Lembre-se de observar, de acordo com Souza (2011, p. 14), atentamen-
te no momento de empreender questões como:

DD mercado;
DD riscos;
DD concorrência;
DD fornecedores;
DD público-alvo;
DD capital humano;
DD comportamento do cliente;
DD inovação;
DD tendências da tecnologia;
DD quantidade de capital envolvido, que passa a ser a base para o
retorno;
DD compensações econômicas.

Sendo assim, o empreendedor precisa reconhecer oportunidades ou


necessidades para projetar algo inovador – ainda que isso não seja basicamente
um novo produto ou serviço. “Muito pelo contrário, pode se tratar de reconhe-
cer uma oportunidade para desenvolver um novo mercado, usar uma nova ma-
téria-prima ou desenvolver um novo meio de produção, para mencionar apenas
algumas possibilidades” (BARON, 2013, p. 10).

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1.2 O processo empreendedor e suas conquistas

Este livro foi elaborado para facilitar o seu entendimento acerca de in-
formações sobre as condições fundamentais para um negócio de sucesso, in-
dependentemente de suas características ou dimensões. Pensando nisso é que
propomos uma leitura de fácil compreensão, distribuída em pequenas seções
discorrendo sobre um tema específico.
Atualmente existe uma crença por parte de alguns estudiosos de que
o processo empreendedor pode ser ensinado e entendido nas universidades ou
em algum curso técnico, mas não é bem assim. Este livro, também, irá guiá-lo
em alguns caminhos que facilitarão tal compreensão. É bom observar que existe
todo um processo de aprendizagem intrínseco que caracterizará esse “universo”
da Administração.

Você já se perguntou:

Eu tenho um perfil empreendedor?

Nasci com essa predisposição?

O que preciso saber para desenvolver tais habilidades?

Quanto de valor monetário preciso ter para abrir um negócio?

Vamos buscar respostas e refletir sobre tais questões!

Procuramos apresentar os principais itens que se mostram necessários


para a viabilidade de abertura de empreendimento, principalmente, aos peque-
nos e aos médios empreendedores na visão de Chiavenato (2013 p. 7), tais como:

1. Quais são as decisões iniciais e básicas para começar seu próprio


negócio ou desenvolver mais intensamente suas atividades atuais;

2. Como planejar, organizar, conseguir financiamentos, obter pessoal


e finalmente lançar um empreendimento ou alavancar o empreen-
dimento atual;

16 Empreendedorismo
Tema | 01
3. Como assegurar a viabilidade, a competitividade e a sustentabilidade

O empreendedorismo: da sua natureza e origens à funcionalidade empreendedora


do negócio em um mundo em contínua mudança e transformação;

4. Como sustentar tanta lucratividade em curto prazo, assim como o


crescimento em longo prazo.

É importante considerar algumas particularidades que o empreende-


dor que está à frente do seu tempo precisa perceber, pois de acordo com Chia-
venato (2013, p. 254):

“não é somente um fundador de novas empresas, ou construtor de no-


vos negócios ou consolidador e impulsionador de negócios atuais”. Ele
é muito mais do que isso, pois proporciona a energia que move toda a
economia, alavanca as mudanças e transformações, produz a dinâmi-
ca de novas ideias, cria empregos e impulsiona talentos e competên-
cias. Mais ainda: ele é quem fareja, localiza e rapidamente aproveita
as oportunidades fortuitas que aparecem ao acaso sem aviso prévio,
antes que outros aventureiros o façam.

Os empreendedores se dizem “natos” ou que têm um viés empreende-


dor, no entanto, muitos mitos estão por trás dessa crença, devemos desmistifi-
car, e tentar buscar o caminho da coerência. O perfil empreendedor não pode
ser “mensurado pelo quanto você vende ou compra, mas, principalmente, pelo
tempo que você já está no mercado. O posicionamento mercadológico é um dos
indicadores de sucesso do empreendedor, claro que devemos considerar vários
outros, que estudaremos mais a seguir” (DORNELAS, 2008, p. 207).
Vejamos o que Chiavenato (2013, p. 257) discorre acerca da decisão de
tornar-se empreendedor: “poderá ocorrer por vários fatores: externos, sociais e
ambientais e aptidões pessoais”.
O autor supracitado acredita que a “inovação é uma semente do pro-
cesso empreendedor” (DORNELAS, 2008, p. 38), igualmente vê nas inovações
e, principalmente, nas tecnológicas, no diferencial do desenvolvimento econô-
mico mundial, o caminho para obter êxito em suas conquistas.
Esses autores falam sobre a contribuição da inovação no processo em-
preendedor de diversas formas: “sugerem que há uma forte correlação entre

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o desempenho mercadológico e a inserção de novos produtos, estes permitem
capturar e reter novas fatias de mercado, além de aumentar a lucratividade em
tais mercados” (DOLABELA, 2008, p. 39).
No caso de produtos mais “maduros e estabelecidos, o crescimento da
competitividade nas vendas é resultado não apenas da capacidade de oferecer
preços mais baixos, mas também de uma infinidade de fatores não econômicos:
modelos, customização e qualidade”, enfatiza Chiavenato (2013, p. 259).
No momento atual, em que há uma alta rotatividade de produtos e o
ciclo de vida dos produtos é acelerada – em que, por exemplo, “a vida útil de um
televisor ou computador é medido em meses, ou ainda, em que produtos mais
complexos, tais como o motor de um automóvel, levam apenas poucos anos para
ser desenvolvidos” – o prazo para a substituição de produtos por versões novas e
atualizadas ocorre com uma maior frequência (CHIAVENATO, 2013, p. 259)

Para Dolabela (2008, p.55) existem quatro categorias de inovação:

 Inovação de Produtos – mudanças nas coisas (produto/serviços)


que uma empresa oferece;

 Inovação de Processos – mudanças na forma em que os pro-


dutos/serviços são criados e entregues;

 Inovação de Posição – mudanças no contexto em que produtos/


serviços são introduzidos;

 Inovação de Paradigma – mudanças nos modelos mentais sub-


jacentes que orientam o que a empresa faz.

A inovação também é resultado, segundo fala Dornelas (2008, p. 67),


do talento empreendedor e da “percepção, direção, dedicação e muito trabalho
do indivíduo que deseja esse oficio. Onde existe talento, há a oportunidade de
crescer, diversificar e desenvolver novos negócios”. Mas talento sem ideias e
inovação é como uma semente sem água, certamente não germinará. Ainda ire-
mos discutir mais detalhadamente sobre a inovação no capítulo seguinte.

18 Empreendedorismo
Tema | 01
Por exemplo, um novo modelo de carro, um novo pacote de seguros

O empreendedorismo: da sua natureza e origens à funcionalidade empreendedora


contra acidentes para bebes recém nascidos e um novo sistema de en-
tretenimento doméstico seriam exemplos de inovação de produtos. Já
a mudança nos métodos de fabricação ou nos equipamentos utiliza-
dos para produzir o carro ou sistema de entretenimento doméstico, ou
mesmo nos procedimentos administrativos, no caso do seguro, seriam
exemplos de inovação do processo (KOTLER, 2011, p. 84).

É, mas só talento não é suficiente para o negócio alavancar, lembre-


-se! Existe algo importante e tão essencial que será um oxigênio para os pul-
mões da empresa, que deve ser gerenciada de forma cautelosa e ponderada,
visto que, quando o talento é associado à tecnologia e os gestores têm excelen-
tes ideias e estas são viáveis, o processo empreendedor está na iminência de
ocorrer e ter sucesso.
Mas existe ainda a necessidade de um combustível essencial: o capi-
tal. Um dos combustíveis trata-se da inovação tecnológica; veja como o autor
abaixo os considera como sendo uma base de quatro pilares (CHIAVENATO,
2013, p. 251):

A- Investimento de capital de risco;

B- Infraestrutura de alta tecnologia;

C- Ideias criativas;

D-Cultura empreendedora focada na paixão pelo negócio.

Para Souza (2011, p. 57), pode-se afirmar que o processo empreende-


dor “é envolvido por ideias, dúvidas, incertezas e questionamentos. À medida
que o processo se aprofunda é natural que novas reflexões e questionamentos
venham surgir”. Essa técnica é acondicionada pelo que diz Dornelas (2008,
p.6): “[...] o momento atual pode ser chamado de a era do empreendedorismo,
pois são os empreendedores que estão eliminando barreiras comerciais, cultu-
rais e encurtando distâncias, criando novas relações de trabalho e empregos,
quebrando paradigmas e gerando riquezas para a sociedade”.

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Ainda de acordo com Souza (2011, p. 59), “é importante refletir sobre
as questões a seguir diante do processo evolutivo de uma organização”:

DD Qual é o nosso negócio?


DD Onde estamos?
DD Para onde vamos?
DD Com quem vamos?
DD Quais são os objetivos?
DD Como vamos?
DD É viável?
DD Quais são os objetivos?
DD Quais são os riscos?

Chiavenato (2013, p. 253) identifica três vértices do processo empreen-


dedor, os quais julga fundamentais no sucesso do empreendimento:

 Identificar e avaliar oportunidades: É a parte mais difícil. O


empreendedor precisa ter muita percepção para os negócios. Mas
muitos dizem que isso ocorre por sorte. Outros dizem que sorte é o
encontro da competência com a oportunidade.

 Desenvolver o plano de negócios: Pode ser a parte mais traba-


lhosa do ciclo. Ela dá forma a um documento que sintetiza toda a
essência do negócio, a estratégia da empresa, seu mercado e com-
petidores, como vão gerar receitas e guiar o empreendedor para o
mínimo de risco possível.

 Determinar e captar os recursos necessários: É consequên-


cia do que já foi feito e planejado no plano de negócios. A captação
de recursos pode ser feita de diversas formas.

 Gerenciar a empresa criada: O estilo de gestão do empreen-


dedor na prática deve reconhecer suas limitações e saber recru-
tar uma excelente equipe de profissionais para ajudá-lo a gerir
a empresa.

20 Empreendedorismo
Tema | 01
Mas existem algumas questões importantes e que merecem ser desta-

O empreendedorismo: da sua natureza e origens à funcionalidade empreendedora


cadas sobre o capital a ser investido no negócio: quais são as possibilidades de
obtê-lo? Onde encontrar os recursos nesses tempos de crise econômica? Quais
são as garantias que o empreendedor possui no momento do investimento?
Há alguns anos as únicas possibilidades de se obter financiamento ou
recursos no Brasil eram através de “bancos ou economias pessoais ou de conhe-
cidos. Hoje já é mais comum encontrar a figura do capitalista de risco ou um
“investidor anjo” que preferem arriscar em novos negócios a deixar todo seu
dinheiro aplicado nos bancos” (DORNELAS, 2008, p. 37).
Mas o empreendedor também poderá optar por uma sociedade Ltda.,
por exemplo. A sociedade limitada entrará como um subtipo da sociedade em-
presarial. Essa é a mais escolhida e comum entre as empresas por conta das
vantagens oferecidas. Os sócios terão a finalidade de desempenhar uma ativi-
dade econômica, partilhar os lucros e responder de modo limitado ao capital
integralizado do empreendimento empresarial.
As vantagens de uma sociedade Ltda., além de outras, consistem em
atender tanto aos interesses da empresa de pequeno porte quanto à de médio, e
há facilidade nas normas e características quando comparadas às das socieda-
des anônimas. “Existe pouca interferência do Estado e os próprios sócios fazem
reuniões ou assembleias onde poderão definir por meio do contrato social a
forma de participação, integralização do capital, administração, acordos entre
outras normas organizacionais” (DORNELAS, 2008, p.27).
Além dessas vantagens, a mais atrativa é o fato de que limita a responsabi-
lidade dos empresários, “pois os sócios possuem a liberdade de compor o capital so-
cial da empresa solidariamente. Esse fato garante ao empreendedor a segurança de
que seus bens particulares não serão comprometidos” (DORNELAS, 2008, p.28).
Entre os aspectos que já foram abordados, inerentes ao processo em-
preendedor, devemos analisar as considerações de Kotler (2011, p. 87), que
pontua os seguintes fatores:

DD Oportunidades: avaliação para que se tome a decisão de conti-


nuar ou não com o projeto.

DD Equipe empreendedora: os profissionais da equipe têm perfis


complementares, ou seja, um está interligado ao outro.

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DD Recursos: saber como e onde captá-los. A análise dos recursos
necessários deve ser a última a ser feita, para evitar que o empre-
endedor e sua equipe restrinjam a análise da oportunidade, que é
a primeira tarefa a ser realizada.

Para Bernardi (2009 apud SOUZA, 2011, p. 57) pode-se afirmar que o
processo empreendedor “[...] é envolvido por ideias, dúvidas, incertezas e ques-
tionamentos. À medida que o processo se aprofunda é natural que novas refle-
xões e questionamentos venham surgir”.
Esse aspecto é condicionado pelo que diz Dornelas (2008, p.6), que na
atualidade trata-se da “[...] era do empreendedorismo, pois são os empreende-
dores que estão eliminando barreiras comerciais, culturais e encurtando distân-
cias, criando novas relações de trabalho e empregos, quebrando paradigmas e
gerando riquezas para a sociedade”.
Vamos refletir com Souza (2011, p. 59) quando fala da “[...] importân-
cia sobre as questões a seguir diante do processo evolutivo de uma organização”.

DD Qual é o nosso negócio?


DD Onde estamos?
DD Para onde vamos?
DD Quais são os objetivos?
DD Como vamos?
DD É viável?
DD Quais são os objetivos?
DD Quais são os riscos?

Ainda que pareçam perguntas simples, diz Souza (2011, p. 59) que “[...]
são de extrema complexidade, uma vez que envolvem muitos fatores, a exem-
plo: fatores de cunho emocionais e psicológicos”.
O processo empreendedor que é fruto de uma organização recheada
de pessoas motivadas ou que possuem um espírito empreendedor, em geral, é
diferenciado dentro do contexto econômico em que está inserido. Não há du-
vidas de que, também, esse fato se origine dentro do ambiente organizacional.
Dornelas (2008, p. 5) aponta os empreendedores como:

22 Empreendedorismo
Tema | 01
Os empreendedores são pessoas diferenciadas, que possuem motivação

O empreendedorismo: da sua natureza e origens à funcionalidade empreendedora


singular, apaixonadas pelo que fazem não se contentam em ser mais um
na multidão, querem somente ser reconhecidas e admiradas, referencia-
das e imitadas, querem deixar um legado. Uma vez que os empreende-
dores estão revolucionando o mundo, seu comportamento e o próprio
processo empreendedor devem ser estudados e entendidos.

Joseph Schumpeter (1989) falava, desde essa década, que “[...] o em-
preendedorismo é o envolvimento de pessoas e processos que, em conjunto,
levam à transformação de ideias em oportunidades”. Ainda na definição de Dor-
nelas (2008, p. 207), trata-se de um individuo que “[...] destrói a ordem eco-
nômica existente pela introdução de novos produtos e serviços, pela criação de
novas formas de organização ou pela exploração de novos recursos e materiais”.
Chiavenato (2013, p. 107) afirma que:

Para ser bem sucedido o empreendedor não deve apenas saber criar
seu próprio empreendimento. Deve também saber gerir seu negócio,
para mantê-lo e sustentá-lo em um ciclo de vida prolongado e obter re-
tornos significativos de seus investimentos. Isso significa administrar,
planejar, organizar, dirigir e controlar as atividades relacionadas direta
ou indiretamente com o negócio.

Assim, é possível pontuar as etapas do processo empreendedor de acor-


do com Dornelas (2008), Kotler (2011) e Chiavenato (2013), já que consistem em:

DD identificar uma oportunidade para inovação;


DD definir características do empreendimento;
DD avaliar requisitos de recursos;
DD aquisição de recursos necessários;
DD criar o empreendimento e implementar – teste real do conceito;
DD administrar o empreendimento – crescimento - resultado do con-
ceito ou características do empreendimento e seus frutos.

Agora vamos entender um pouco mais sobre esse processo evolutivo


que caracteriza o empreendedor. É bom separar dois aspectos importantes

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entre eles, em que “[...] o revolucionário é aquele que cria novos mercados, ou
seja, algo único. Já o empreendedor é aquele que cria negócios, que inova dentro
da empresa já construída, que detecta uma oportunidade e cria um negócio para
capitalizar sobre ele, assumindo riscos calculados” (DORNELAS, 2008, p. 46).
Essas definições sofreram mudanças ao longo do caminho, principal-
mente, pelo processo de globalização, e deram asas às novas fronteiras de mer-
cado que muito interferiram nos empreendimentos. Veja o que esses autores
declaram acerca desse processo evolutivo:

A definição de empreendedor evoluiu com o passar do tempo, devido


às mudanças ocorridas na área econômica mundial tornando-se mais
complexa. Desde seu início na idade média, o indivíduo que participava
ou administrava grandes projetos de produção era chamado de empre-
endedor, porém esta pessoa utilizava os recursos fornecidos geralmen-
te pelo governo do país. O empreendedor da idade média era o clérigo
– a pessoa encarregada de obras arquitetônicas como castelos e forti-
ficações, prédios públicos, abadias e catedrais (KOTLER, 2011, p. 135).

Portanto, tanto o empreendedor que necessitava do valor monetário


quanto o fornecedor eram os investidores que assumiam todos os riscos do ne-
gócio, isso é o que caracteriza esse indivíduo como sendo um profissional que
tem como principal objetivo obter altas taxas de retorno sobre o investimento
financeiro aplicado (CHIAVENATO, 2013).
Faz-se necessário comentar sobre a importância do projeto GEM (Glo-
bal Entrepreneurship Monitor), este foi criado em 1997 por pesquisadores ameri-
canos da renomada Babson College e da London Business School, na Inglaterra.
De acordo com Dornelas (2008, p. 6), o GEM possui como princípio norteador
“medir a atividade empreendedora dos países e observar seu relacionamento com
o crescimento econômico”. Até o momento atual é avaliado como um dos mais
ousados e impactantes projetos destinados ao tema (DORNELAS, 2008).

Para o autor acima citado o GEM apresenta importantes diferenciais


em relação a outros estudos sobre empreendedorismo. O primeiro de-
les é que o levantamento dos dados é feito em fontes primárias, com

24 Empreendedorismo
Tema | 01
indivíduos e não com empresas. Assim sendo, as conclusões serão

O empreendedorismo: da sua natureza e origens à funcionalidade empreendedora


sempre relacionadas aos indivíduos empreendedores e seus respec-
tivos empreendimentos. O segundo diferencial é que o GEM utiliza um
conceito amplo de empreendedorismo que visa captar os diversos ti-
pos de empreendedores (formais ou informais), sejam os empreende-
dores da base da pirâmide, envolvidos com empreendimentos muito
simples ou aqueles envolvidos em empreendimentos mais sofisticados
e de mais alto valor agregado (DORNELAS, 2008, p. 6).

O que levou ao surgimento desse projeto foi a crise econômica que


atravessava. Segundo Dornelas (2008, p. 54), “[...] os Estados Unidos entre os
anos de 2007 a 2008, com o colapso imobiliário que trouxe um efeito dominó,
não somente a sua economia, mais a todos outros países que mantinham rela-
ções internacionais com este país”.
Diante do que já abordamos, você poderia fazer uma reflexão sobre
alguns tópicos?

1- Você tem vontade de abrir um negócio próprio?


2- Você tem algum projeto empreendedor?
2- Possui em mente uma ideia inovadora?
3- Já pesquisou a viabilidade econômica dessa ideia?
4-Já enxergou oportunidades para sua implantação?
5- Observou as ameaças do mercado?
6- O que você faria para captar os recursos financeiros?

Seria interessante começar a responder juntamente com seus colegas


(individual ou em equipe) o que fariam primeiro após a leitura dessas questões.
Você deverá ter todo um planejamento bem elaborado e conciso antes
de iniciar a abertura de um negócio. Isso deverá acontecer com precisão atra-
vés de uma ferramenta de gerenciamento – denominada de plano de negócios
- PN. Esta será constituída como uma bússola para a condução correta do seu
empreendimento, desde o nascimento até sua efetivação e, principalmente, na
continuidade e manutenção do negócio dentro do mercado.
Desta forma, podemos afirmar que um planejamento é bem estrutura-
do quando este é elaborado por meio de um plano de negócios (business plan),

25
pois, segundo aponta Dornelas (2008, p. 47), esta serve, entre outras atribui-
ções, para: avaliar oportunidades, identificar, buscar e alocar os recursos neces-
sários ao negócio; planejar as ações a serem tomadas, implementar e gerenciar
o novo negócio. Sobre o PN, fator importante e decisório no processo empreen-
dedor, será visto com detalhes no segundo tema deste livro.

1.3 Breve cenário do empreendedorismo no Brasil e


o papel do Sebrae para as MPE’s

O surgimento dos primeiros empreendedores no Brasil deu-se a partir


da abertura da economia, a globalização e as novas tecnologias, que na década
de 90 tiveram um desenvolvimento crescente em esfera mundial. No entanto, o
que se observava era que esses novos empreendedores não possuíam conheci-
mentos nem habilidades gerenciais suficientes para administrar seus negócios.
Foi então a partir desse novo perfil de empreendedores que o Sebrae (Serviço
Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) ofereceu um suporte técni-
co para esses novos empreendimentos (DORNELAS, 2008). A partir de agora
vamos conhecer um breve histórico do empreendedorismo no Brasil.
Você conhece o Sebrae?
Sabe qual é sua missão e seus valores?
Quais são as ferramentas de suporte para os empresários?
Caso não conheça, convido-o a acessar o site do Sebrae para conhecer
melhor os seus serviços e como este poderá ajuda-lo no sucesso do seu empre-
endimento. Trata-se de uma entidade privada sem fins lucrativos. Segundo Dor-
nelas (2008, p. 207), as características primordiais do Sebrae consistem em ser:

Um agente de capacitação e de promoção do desenvolvimento,


criado para dar apoio aos pequenos negócios de todo o país. Ga-
rantia de atendimento aos pequenos negócios, o SEBRAE atua
em todo o território nacional. Além da sede nacional, em Brasília,
a instituição conta com pontos de atendimento nas 27 unidades

26 Empreendedorismo
Tema | 01
da Federação. Responsável pelo direcionamento estratégico

O empreendedorismo: da sua natureza e origens à funcionalidade empreendedora


do sistema, o SEBRAE define diretrizes e prioridades de atuação. As
unidades estaduais desenvolvem ações de acordo com a realidade re-
gional e as diretrizes nacionais. É agente de capacitação e de promo-
ção do desenvolvimento, mas não é uma instituição financeira, por
isso não empresta dinheiro. Articula (junto aos bancos, cooperativas
de crédito e instituições de microcrédito) a criação de produtos finan-
ceiros adequados às necessidades do segmento. Também orienta os
empreendedores para que o acesso ao crédito seja, de fato, um instru-
mento de melhoria do negócio.

Neste momento, na década de 1990, “[...] o movimento do empreen-


dedorismo no Brasil começou a tomar forma, quando entidades como Sebrae
e a Softex (Sociedade Brasileira para Exportação de Software) foram criadas”
(SEBRAE, 2015, p. 25).
Até a década de 90 o termo empreendedor não tinha sido utilizado de
modo consistente e a criação de pequenas empresas era restrita em função do
ambiente político e econômico do país que operava de forma restrita (CHIAVE-
NATO, 2013).
Enfatiza Dornelas (2008, p. 10) que “O Sebrae é um dos orgãos mais
conhecidos do pequeno empresário brasileiro, que busca junto a esta entidade
todo o suporte de que precisa para iniciar sua empresa, bem como consultorias
para resolver pequenos problemas pontuais de seu negócio”. Segundo o Sebrae
(2015, p. 37), atua na:

1. Educação empreendedora;
2. Capacitação dos empreendedores e empresários;
3. Articulação de políticas públicas que criem um ambiente legal mais
favorável;
4. Acesso a novos mercados;
5. Acesso à tecnologia e inovação;
6. Orientação para o acesso aos serviços financeiros.

A participação do Sebrae é fundamental no cenário econômico, visto


que atua em diversos programas de formação profissionalizante (EMPRETEC,

27
DESAFIO - SEBRAE, entre outros) – prestando suporte empresarial e cursos di-
ferenciados de capacitação, principalmente, para micro e pequenas Empresas –
MPE’s. Destacam-se ainda: palestras, consultorias, feiras, workshop (SEBRAE,
2015). Quanto à participação das MPE’s no desenvolvimento da economia bra-
sileira – principalmente na geração de emprego, podem-se pontuar dados do
Sebrae (2015, p. 164):

No Brasil há 4,5 milhões de micro e pequenas empresas (98,3% do to-


tal de empresas), que asseguram 60% do total de empregos privados.
Existem ainda as micro empresas familiares, onde quem cuida é a pró-
pria família. As micro e pequenas empresas são as maiores aliadas da
ordem econômica nacional, pois além de cumprirem todos os princí-
pios lá emanados, ainda geram esperança para muitos brasileiros – no
quesito empregabilidade. Esta esperança está na grande quantidade
de vagas de empregos oferecidos por estas empresas e também no pro-
cesso social que muitas vezes são difundidos por elas.

Uma questão a ser identificada e que nos dá preocupação está relacio-


nada com o grande número de empresas que operam na ilegalidade ou na infor-
malidade. Isso acontece, principalmente, segundo dados do Sebrae (2015) por
conta da alta carga tributária, além dos custos adicionais que o pagamento de
impostos e burocracia geram, muitas vezes impossibilitando a sustentabilidade
de se manter um negócio.
Existe um ponto bastante positivo para trazer à discussão, trata-se da
atividade de terceirização, pois para Dolabela (2008, p. 59) “[...] aumento da
atividade terceirizada fez com que várias empresas de pequeno porte fossem
surgindo nesse segmento”, o que contribuiu para que a partir daí as grandiosas
empresas exterminassem seus setores de pequenos serviços. Esse comporta-
mento organizacional minimizou o desemprego, já que esse é um dos grandes
problemas sociais da atualidade, enfatiza Dolabela (2008).
Para o Sebrae (2015, p. 87), qualquer país que quer controlar a taxa de
desempregados terá o seu PIB (Produto Interno Bruto) em um “ponto de equi-
líbrio favorável, o caminho está em se criar uma quantidade expressiva com um
maior número de vagas possíveis no mercado de trabalho”. De fato, podemos

28 Empreendedorismo
Tema | 01
observar de acordo com os dados estatísticos que as MPE’s têm um desempenho

O empreendedorismo: da sua natureza e origens à funcionalidade empreendedora


imprescindível nessa área, pois é notório que estas criam novas oportunidades
de empregos enquanto as grandes corporações estão achatando e demitindo
funcionários. De acordo com o Sebrae (2015, p. 83):

Desde muito tempo as MPE’s têm destaque no processo de novas vagas


de empregos. “Entre 1980 e 1986, as empresas com menos de 20 em-
pregados respondiam mais pelo crescimento total de empregos do que
aquelas de 500 empregados ou mais”. Isso mostra que as Micro e Pe-
quenas Empresas têm um percentual total de criação de vagas de ser-
viços maior que as das grandes empresas e na maioria das vezes essas
vagas são acessíveis para todas as pessoas, sejam qualificadas ou não.

É notório o papel das pequenas empresas no âmbito empresarial, elas


estão acelerando a economia, tanto na renda das pessoas, criando vagas de em-
pregos, quanto no desenvolvimento econômico do país. Um dos fatores que le-
vam as empresas de grande porte a enxugar o seu quadro funcional é a falta de
qualificação dos seus funcionários – não há uma preocupação de ambas as par-
tes, os funcionários se acomodam e as empresas querem crescer rapidamente e
por conta disso não investem no seu quadro funcional.
Para Dolabela (2008, p. 87) “[...] as demissões de funcionários fecham
as oportunidades principalmente para os empregados não qualificados”. Como
no Brasil a mão de obra qualificada ainda é pouca, diz Chiavenato (2013, p. 79)
que “[...] às vezes tem vagas nas grandes empresas, mas faltam pessoas com
treinamento adequado. Logo vêm as MPE’s que ainda não são tão rigorosas no
quesito funcionários qualificados e dão essa oportunidade de emprego para es-
sas pessoas”. Ainda de acordo com Chiavenato (2013, p. 81):

Há de se ressaltar que a capilaridade dos pequenos negócios propicia


a criação de oportunidade àqueles com maior dificuldade de inserção
no mercado. Por exemplo, a dificuldade de uma pessoa que procura o
primeiro emprego e as pessoas com mais de quarenta anos. Isso ocorre
na maioria das grandes cidades, onde as pequenas empresas estão em
pouca quantidade, mas nas cidades do interior esse tipo de empresa dá
várias oportunidades para as pessoas que estão começando a integrar
o mercado de trabalho.

29
Essas empresas continuam a gerar empregos mesmo se elas saírem da
classificação de MPE’s. Não podemos deixar de lado que as grandes corpora-
ções também criam e ampliam a empregabilidade. O objetivo dessa discussão
foi justamente mostrar para você a importância da formalidade empresarial e a
representatividade desta no cenário econômico, principalmente, para o Brasil.
Antes disso, praticamente não se falava em empreendedorismo e em
criação de pequenas empresas ou mesmo MPE’s, nem de suas vantagens, com
tanta consistência e entusiasmo de que a criação de um negócio seria um sucesso.
Segundo Dornelas (2008, p.39), além do Sebrae, também existem ou-
tros programas que auxiliam o empreendedor, tais como:

1. A SOFTEX e GENESIS (Geração de Novas Empresas de Softwa-


re, Informação e Serviço) que foi criado para apoiar as empresas de
informática que exportavam software. E também foi através desse
programa que o plano de negócios (business plan) começou a se
popularizar no Brasil.

2. O programa Brasil empreendedor, do governo federal, que


visa à melhor capacitação do profissional empreendedor.

Atualmente, no cenário mundial, o Brasil aponta diante da conturba-


da crise econômica que atravessa atualmente como um “[...] grande celeiro de
novos e jovens empreendedores, principalmente no que diz respeito a novas
tecnologias”, segundo dados do Sebrae (2015, p. 27). É interessante conhecer-
mos quem são os clientes que o Sebrae atende, assim, você poderá descobrir se
possui um perfil para abrir um negócio e, para isso, precisa de um grande dife-
rencial, possuir um espírito empreendedor. Observe o que, segundo os dados do
Sebrae (2015) citados por Chiavenato (2013, p. 287), as pessoas que pensam em
abrir seu próprio negócio são:

Quem já tem seu negócio: não importa o ramo de sua empre-


sa ou há quanto tempo está no mercado, o SEBRAE está preparado
para incentivá-lo a crescer cada vez mais.
Quem quer ir mais longe: soluções para as empresas que já estão
consolidadas no mercado, mas não querem estacionar nos negócios.

30 Empreendedorismo
Tema | 01
Quem acredita na força da união: incentiva a cooperação entre

O empreendedorismo: da sua natureza e origens à funcionalidade empreendedora


empresas e empreendedores, pois acredita que a união fortalece os
pequenos negócios por torná-los mais competitivos.
Quem busca a formalização do seu negócio: o SEBRAE mos-
tra aos empreendedores as vantagens de se ter um negócio formali-
zado. O microempreendedor individual (MEI) é uma das possibili-
dades para quem quer se formalizar.

A Softex possui um papel relevante também na confecção de um em-


preendimento, pois se trata de um programa de grande relevância para os em-
preendimentos brasileiros. Fundada pelo Ministério de Ciência e Tecnologia
(MCTI), criada em 1986, esta tem como objetivo central o desenvolvimento da
Indústria Brasileira de Software e Serviços de TI direcionada, principalmente,
para o estímulo a exportação.
Além do desenvolvimento de tecnologias nacionais, segundo Dornelas
(2008, p. 31), “[...] a Softex promove, por meio de seus programas de softwear
difundir a importância do plano de negócios (business plan) como ferramen-
ta necessária para o sucesso de qualquer empreendimento”.
No Brasil, o Estado exerce um forte papel na economia, representando
mais da metade do PIB (Produto Interno Bruto) do país, lembrando que essa
participação ocorreu após o processo da privatização de diversas empresas es-
tatais e que foi reduzido por mais da metade no quesito investimento.
Isso contribuiu para deixar as pessoas habituadas a aguardar soluções
por parte do governo. Já é possível visualizar atitudes empreendedoras em anda-
mento por parte de vários setores e, assim, alguns empreendimentos começam a
surgir. É importante destacar as limitações, pois diante da escassez de oportuni-
dades de estudos nem todo mundo tem acesso à educação, e nem todos têm uma
vida familiar adequada, resultando no despreparo para atender a requisitos de
empregos que são oferecidos (SOUZA, 2011).
Agora vamos estudar o papel das incubadoras brasileiras e sua impor-
tância no desenvolvimento de um empreendimento
No Brasil, os empreendedores têm a sua disposição e podem fazer uso de
entidades como a ANPROTEC - Associação Nacional de Entidades Promotoras de
Empreendimentos Inovadores, responsável pela formação de incubadoras e pelo
surgimento de muitas empresas em diversas regiões do país (SEBRAE, 2015).

31
Depois que discutirmos sobre a importância das incubadoras de em-
presas, você estará apto a responder às seguintes questões:

Você já ouviu falar em incubadoras?

Você sabe o que é uma incubadora?

Para Souza (2011, p.87), “[...] as incubadoras são locais especialmente


criados para abrigar empresas e com estrutura configurada para estimular, fa-
vorecer a transferência de resultados de pesquisa para atividades produtivas”.
Para isso, a incubadora oferece apoio gerencial e técnico (serviços de recepção
e secretária, salas de reunião, internet, telefone, entre outros) e uma variedade
de serviços que propiciam maravilhosas oportunidades de negócios e parcerias
para que o empreendedor desenvolva seu projeto de negócio e, posteriormente,
concretize a abertura da empresa (RUBENS, 2009).
O surgimento do sistema de incubação facilita a troca de ideias e tecno-
logias entre empresários que participam desse sistema. Dornelas (2008, p. 19)
diz que “as incubadoras são destinadas a amparar o estágio inicial de empresas
nascentes em determinadas áreas do negócio. Define-se como um ambiente fle-
xível e encorajador no qual são oferecidas facilidades para o surgimento e cres-
cimento de novos empreendimentos”.
Os empreendedores aprendem a importância de dividir o mesmo espa-
ço, realizar parcerias e cultivar relacionamentos interpessoais de forma efetiva.
As incubadoras podem ser de três tipos, segundo Dornelas (2008, p. 58):

Incubadoras de Empresa de Base Tecnológica: É a incuba-


dora que abriga empresas cujo produto, processos ou serviços são
gerados a resultados de pesquisas aplicadas às quais a tecnologia
representa alto valor agregado.
Incubadoras de Empresas dos Setores Tradicionais: É a
incubadora que abriga empresas ligadas aos setores tradicionais
da economia, as quais detém tecnologia largamente difundida e
queiram agregar valor aos seus produtos, processos ou serviços por
meio de um incremento no nível tecnológico empregado. Devem es-
tar comprometidas com a absorção ou desenvolvimento de novas
tecnologias.

32 Empreendedorismo
Tema | 01
Incubadoras de Empresas Mistas: É a incubadora que abriga

O empreendedorismo: da sua natureza e origens à funcionalidade empreendedora


empresas dos tipos anteriormente descritos.

Verifique também no site do GEM Brasil e analise a situação do país


em relação aos outros países e discuta com a sua equipe de estudo. Faça uma
correlação entre as empresas brasileiras e as de países de primeiro mundo como
os EUA e o Canadá. Veja por que a China tem um crescimento econômico cres-
cente e a que se deve esse fator. Depois você terá subsídios suficientes para com-
preender o comportamento das empresas desses países também.

A Unit abriga uma Incubadora de Empresas de Bases Tecnológicas,


o i-tec, com instalações novas, modernas e confortáveis. Visite o i-tec
no Campus Farolândia da Universidade Tiradentes e amplie os seus
conhecimentos sobre incubadoras de empresas.

Em Sergipe também temos o parque tecnológico, SERGIPETEC, que


abriga várias empresas incubadas. Vamos pesquisar sobre esses órgãos de fo-
mento? Acesse o site <http://sergipetec.org.br>.
Faça uma pesquisa sobre a sobrevivência das empresas. Dados do Se-
brae apontam para um índice significativo de mortalidade das micro e pequenas
empresas, algo em torno de 80% nos dois primeiros anos. Por que isso ocorre?
Esse conhecimento é valioso para a compressão do alto índice de falência das
empresas. Veja o site do portal do Sebrae e você terá um melhor conhecimento
sobre esse assunto.

33
1.4 Entendendo o universo dos negócios e do em-
preendedor

Neste momento nós iremos estudar o que é um negócio e as caracterís-
ticas do empreendedor.

Afinal, o que é negócio?

Chiavenato (2013, p. 33) diz que negócio “é uma atividade baseada no


esforço organizado de determinadas pessoas para produzir bens e serviços a fim
de vendê-los em um determinado mercado e alcançar recompensas financeiras
pelo seu esforço”.
Você sabia que existem negócios que surgem por necessidade ou
oportunidade?

Mas como saber se você tem perfil para abrir seu negócio, ou seja,
tornar-se um empreendedor?

Para encontrar essa resposta você precisa avaliar:

Você sabe identificar uma oportunidade lucrativa?


Você tem disposição para correr riscos?
Você sabe lidar com pessoas?
Você tem controle emocional para lidar com as dificuldades?
Você sabe formar parcerias?
Você é criativo e está aberto a mudanças?
Você busca atualizar-se tecnologicamente?
Você tem apoio da família ou amigos?
Você tem disposição para aprender?

Caso as suas repostas sejam positivas para a maioria das perguntas,


então podemos entender que você tem o perfil para ser empreendedor.

Mas, cuidado! Para tornar-se um empreendedor de sucesso não basta


apenas ter perfil, mas atitudes corretas, tais como:

34 Empreendedorismo
Tema | 01
DD Elaborar o plano de negócio;

O empreendedorismo: da sua natureza e origens à funcionalidade empreendedora


DD Analisar os riscos;
DD Firmar parcerias;
DD Buscar apoio financeiro.

Sem uma avaliação e uma clara compreensão da decisão não é interes-


sante seguir adiante com a ideia de empreender. Os autores supracitados ainda
destacam os pontos discutidos quanto ao empreendedor, como: “suas motiva-
ções, crença e comprometimento com o projeto e o negócio terão peso relevante
e decisivo na apreciação da viabilidade do plano de negócios, notadamente pe-
los investidores e financiadores” (SOUZA, 2011, p.24).
Chiavenato (2013, p. 32) diz que, primeiramente, é imprescindível sa-
ber qual é o negócio de sua empresa, “[...] pois esta é uma atividade baseada no
esforço organizado de determinadas pessoas para produzir bens e serviços a fim
de vendê-los em um determinado mercado e alcançar a recompensa financeira
pelo seu esforço”.
Antes de se tomar qualquer decisão de seguir avante com o plano, faz-se
necessário, prioritariamente, um diagnóstico do ambiente, observar os desafios e
os parâmetros básicos de atuação que são necessários, o que dará o embasamen-
to conceitual e filosófico ao plano de negócios (SOUZA, 2011).
Os empreendedores são agentes de mudança da sociedade, e suas
ideias e ações são acima de tudo “negociadores” que, através de suas atitudes,
têm ajudado a transformar o mundo. Muitas vezes eles criam inovações incrí-
veis ou apenas iniciativas práticas que acrescentam algo bastante simples, mas
que não havia ainda sido implementado (KOTLER, 2011).
Negociar significa basicamente comprar e vender algo a alguém e, sem
dúvida, produzir esse algo e agregar valor no meio dessas duas pontas. Chiave-
nato (2013, p. 35) detalha melhor esse conceito:

Todo o produto envolve necessariamente o ato de produzir ou vender


um produto ou de prestar um serviço especializado e definido. Um pro-
duto é um bem concreto ou uma mercadoria: algo que se pode pegar,
ver e apalpar. Pode ser destinado ao consumo (bens de consumo) ou à
produção de outros bens (bens de produção). No primeiro caso quem

35
compra é o consumidor final, enquanto que no segundo o produto é
destinado a quem vai utilizá-lo para produzir bens de consumo ou
bens de produção.

Pode-se concluir que tanto um bem como um produto é um complexo


de qualidades tangíveis ou intangíveis, que inclui desde sua fabricação e confec-
ção até itens como as embalagens, cor, preço, prestígio do produtor, do varejista
e serviços que são agregados e, assim, comercializados por anos, que o empre-
endedor acredita ser suficiente para atender as suas necessidades e desejos.
Já que foi compreendido o que os empreendedores são e, também, a
sua origem, é preciso conceituar melhor o empreendedorismo. O economista
Joseph Schumpeter (1883-1950), de acordo com Dornelas (2008) e Rubens
(2009), afirmava que o empreendedor é uma pessoa que destrói a ordem eco-
nômica existente introduzindo novos produtos e serviços, criando novas formas
de organização e explorando novos materiais.
Schumpeter (1989 apud Dornelas, 2008) afirmava que os empreende-
dores tinham como função trazer a inovação para o mercado e considerava-os
responsáveis pela destruição da ordem econômica, provocando a necessidade
de ser gerada uma nova ordem.
Nesse ambiente surge o próximo conceito de empreendedorismo aqui
apresentado e que foi desenvolvido pelo professor Bygrave, que também é um
dos fundadores do GEM – Global Entrepreneurship Monitor (SOUZA, 2011).
Segundo Dornelas (2008, p.75), ele afirmava que “o empreendedor é alguém
que percebe uma oportunidade e cria uma organização para persegui-la”.
Nas duas definições que foram enunciadas pelos professores, pode-se
compreender melhor o perfil do empreendedor, caracterizando-se como um su-
jeito proativo e determinado a exercer seus objetivos. As ideias empreendedoras
são valorizadas no aproveitamento das oportunidades.
Enfim, pode-se dizer que empreender é idealizar, conceber a ideia e
coloca-las em prática, pois, se eu penso, mas não realizo, não estou empreen-
dendo. Seguem algumas reflexões a respeito das características empreendedo-
ras de acordo Chiavenato (2013, p. 287):

1. Capacitados para prospectar, detectar e avaliar oportunidades e,


partindo de suas ideias, desenvolverem planos para realização de
seus objetivos;

36 Empreendedorismo
Tema | 01
2. Possuem o hábito de tomar decisões e são empenhados fortemente

O empreendedorismo: da sua natureza e origens à funcionalidade empreendedora


em realizar suas ideias;
3. Caracterizados por comportamentos e hábitos que podem ser ad-
quiridos, praticados e desenvolvidos, não necessariamente o em-
preendedor é obrigado a nascer com todas as características;
4. Possuem atitude proativa de observação da realidade, que os leva a
ter excelente percepção das oportunidades;
5. Desenvolvem habilidades com o objetivo de obter apoio de colabo-
radores e financiadores para seus empreendimentos;
6. Buscam incessantemente criar valor para a sociedade através de
seus empreendimentos;
7. Possuem a necessidade de colaborar com o social por meio do seu
empreendimento.

A busca constante por realização e a determinação que se origina em


outros elementos motivadores qualificam as pessoas dotadas de maior capaci-
dade e as diferenciam dos demais, independentemente do fato de possuírem
maior ou menor quantidade de ideias. Como pessoas inovadoras, desejamos
conhecer quais são as “boas ideias” que precisamos possuir para a concretização
de um sonho. No entanto, talvez apenas uma seja suficiente para ocupar toda a
existência de um empreendedor.
Segundo Drucker (2010, p. 287), o conceito que melhor define a ino-
vação e vem sendo exaustivamente utilizado no universo acadêmico consiste na
busca de novas tecnologias em seus produtos e serviços integrados “às transfor-
mações de culturas organizacionais. A empresa necessita ser reestruturada em
seus distintos níveis hierárquicos para que possa ser obtido o papel almejado e
assim estar na frente dos seus concorrentes” (KOTLER, 2011, p. 67).
Tem-se como inovador um produto ou serviço que possui custo baixo,
qualidades aperfeiçoadas ou inexistentes De acordo com Chiavenato (2013, p.
64), “estas características são decisivas para que um empreendimento possa ser
competitivo no cenário mercadológico em que estiver inserido. Trata-se de algo
abrangente, estende-se além da novidade ou da invenção”.
Objetivando sinalizar para as possibilidades de inovação em países em
desenvolvimento, Dornelas (2008, p. 98) desfaz a noção de que “inovação deve
ser algo absolutamente novo no mundo e colabora para a sua compreensão, ao

37
focar a inovação sob o ponto de vista do agente econômico que a está imple-
mentando”.
Em um mundo de “negócios carregados de mudanças e transforma-
ções, não basta a inovação evolucionaria e gradativa e nem mesmo a inovação
revolucionaria. É preciso se antecipar às mudanças e para a inovação”, fala
Chiavenato (2013, p. 11). Veja mais adiante com detalhes a definição de cada
uma delas.
Assim, é possível entender que esse pode ser considerado um processo
pelo qual produtores dominam e implementam novos projetos de bens e servi-
ços que são novos para os mesmos, a despeito de serem ou não novos para seus
concorrentes domésticos ou estrangeiros.
Segundo o Sebrae (2015, p.85), existem cinco diferentes tipos de inova-
ção considerados dentro de um ambiente organizacional:
Introdução de novos produtos no mercado ou de produtos já existen-
tes, mas melhorados;

DD Novos métodos de produção;


DD Abertura de novos mercados;
DD Utilização de novas fontes de matérias-primas;
DD Surgimento de novas formas de organização de uma indústria.

Desta forma, o empreendedor desenvolve o intraempreendedorismo,


ou seja, aptidões que podem ser adquiridas e inseridas no âmbito organizacio-
nal, o que decorre do constante exercício de criatividade e inovação a que está
submetido.
Para Chiavenato (2013, p. 10), existem vários tipos de inovação, a saber:

A inovação evolucionaria: melhora e aperfeiçoa gradativamen-


te a tecnologia ou produtos de maneira incremental e contínua.

A inovação revolucionária: traz rápidas e profundas mudanças


nas tecnologias ou produtos atuais, rompe o status quo e torna rapi-
damente velho aquilo que é novo, abre novas fronteiras, traz novas
soluções e novos negócios. É a inovação que rompe paradigmas e
cria novas e diferentes expectativas.

38 Empreendedorismo
Tema | 01
A inovação disruptiva: começa com a tecnologia ou produtos

O empreendedorismo: da sua natureza e origens à funcionalidade empreendedora


mais baratos e com desempenho inferior para preencher um espaço
demarcado que as organizações líderes atuais não estão dispostas a
ocupar e a que não atendem para então gradativamente melhorar,
aperfeiçoar e deslocar aqueles lideres.

Em geral as líderes de mercado não têm interesse em baixar seus atuais


níveis de qualidade (e suas atuais margens de lucro) para produzir tecnologias ou
produtos mais baratos. Essas organizações perdem a liderança porque não conse-
guem entender as tendências do mercado. Isso abre espaço para novos e inician-
tes concorrentes que depois passarão a ameaçá-los (CHIAVENATO 2013).
Esse “conjunto de procedimentos pode ser incorporado à cultura orga-
nizacional, transformando-se em fatores decisivos para o diferencial competi-
tivo das empresas frente às constantes mudanças no cenário econômico” (SE-
BRAE, 2015, p.61). Veja o que Chiavenato (2013, p. 6) diz sobre a repercussão
de se criarem e inovar novos negócios:

[...] a atividade do empreendedor é associada muita das vezes à in-


certeza, principalmente quando o seu negócio envolve algo realmen-
te novo ou quando o mercado para o seu produto sequer existe. É o
caso de negócios como a Google, Amazon, You Tube, Yahoo, Facebook
e outros, que tiveram seu início a partir do surgimento da internet e
das oportunidades de mercado proporcionada pelo desenvolvimento
da tecnologia da informação. Quando já existem, como o mercado de
refrigerantes criados pela Coca-Cola, não há nenhuma garantia de que
haja mercado para um novo jogador na área.

Outra questão que não pode ser esquecida dentro do cenário da ino-
vação refere-se à motivação dos colaboradores. A partir deste momento vamos
elucidar a importância dessa ferramenta tão essencial para o desenvolvimento
de qualquer negócio. Vamos refletir sobre as seguintes perguntas:

Você conhece a importância da motivação?


Você sabe motivar uma equipe?
Enquanto líder, o que você faria para motivar seus colaboradores?

39
Segundo afirma Maximilano (2012, p.14), “a palavra motivação deriva
do latim - motivus, movere, que significa mover. Fundamenta-se no processo
no qual o comportamento é incentivado, estimulado ou energizado por algum
motivo ou razão”.
A motivação impulsiona o indivíduo a atuar de determinada forma ou,
pelo menos, dá origem a uma propensão a um comportamento pontual, poden-
do esse impulso à ação ser instigado por um estímulo externo (decorrente do
ambiente) ou ser causado internamente pelo indivíduo (CHIAVENATO, 2013).

Os autores Lieury e Fenouillet (2007, p. 11) afirmam que:

A motivação é o conjunto de mecanismos biológicos e psicológicos que


possibilitam o desencadear da ação, da orientação (para uma meta ou,
ao contrário, para se afastar dela) e, enfim, da intensidade e da persis-
tência: quanto mais motivada a pessoa está, mais persistente e maior
é a atividade.

Assim, pode-se observar que, diante dos conceitos de motivação, entre


muitas razões objetivas e subjetivas para empreender, encontram-se a necessida-
de de realização, implementação de ideias, independência, fuga da rotina profis-
sional, maiores responsabilidades e riscos, prova de capacidade, autorrealização,
maior ganho, status e controle da qualidade de vida (BERNARDI, 2009).

40 Empreendedorismo
Tema | 01
O empreendedorismo: da sua natureza e origens à funcionalidade empreendedora
BARON, Robert A; SCOTT A. Shane. Empreendedorismo: Uma visão do
processo. Tradução atual All Tasks. 4. ed. São Paulo: Cengage Learning. 2013.

Leia as paginas 6 e 7, “O Campo do Empreendedorismo”, e você terá uma


visão crítica e ampla referente à natureza e às raízes do empreendedorismo.
De que trata o GEM - Monitor Global do Empreendedorismo - e qual supor-
te pode dar aos empreendedores e empreendimentos? Veja o site do GEM:
<www.genconsortium.org>.

Comente sobre a importância das micro e pequenas empresas – MPEs no Brasil


e sobre o seu impacto econômico para o país. Veja o site do Sebrae: <www.se-
brae.br>. Aconselho que visite o site do GEM e veja os países que estão em cres-
cimento. Mesmo enfrentando a crise mundial, quais são os seus diferenciais?
Em quem têm se norteado? Esses questionamentos vão lhe dar ideias para que
você possa desempenhar com cautela suas ações empreendedoras.

CHIAVENATO, Idalberto. Empreendedorismo: dando asas ao espírito em-


preendedor. Empreendedorismo e viabilização de novas empresas. Um guia
eficiente para iniciar e tocar seu próprio negócio. 3. ed., Rev. Amp. São Paulo:
Saraiva, 2013.

Leia na página 04 o texto: “O espírito empreendedor de Dell” e reflita sobre o


motivo pelo qual se deve estudar empreendedorismo. Qual a motivação que leva
as pessoas a discutirem o assunto?

Qual é a proposta do Jovem Empreendedor do Sebrae? Veja o site do


Sebrae: <www.sebrae.br>. Você poderá discutir com seus colegas no momento
do fórum, por exemplo. Interagir e entender os objetivos antes da abertura do
negócio é de extrema importância; esse item já foi comentado no decorrer deste tema.

41
BERNARDI, Luiz Antônio. Manual de empreendedorismo e Gestão:
Fundamentos, estratégias e dinâmicas. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2009.

Veja nas páginas 09 e 10 os detalhes sobre as características do empreendedor


nato, o herdeiro, o funcionário de empresa, excelentes técnicos, vendedores,
opção ao desemprego, desenvolvimento paralelo e a aposentadoria.

Durante a realização deste primeiro tema foi possível, através das leituras e
também das indicações complementares inseridas nos Box, que você pudesse
conhecer e entender melhor o caminho do empreendedorismo antes de se to-
mar qualquer passo em direção à abertura do empreendimento. Questões refle-
xivas foram fomentadas e esclarecidas. Desejamos que tenha despertado o seu
interesse para as diversas questões que norteiam o universo empreendedor.

No primeiro momento, foram discutidas as origens e as raízes do empreende-


dorismo – passando pelos fundamentos do processo empreendedor – que se
torna indispensável com o seu rico conteúdo para a formação do mundo dos
negócios e como deve se comportar diante das contingências organizacionais e
mercadológicas atuais.

No segundo momento, foram abordados vários conceitos sobre o empreende-


dor e suas características. O diálogo entre autores renomados foi de grande im-
portância para o enriquecimento e construção deste livro.
No terceiro momento, discutimos a importância do papel do Sebrae e outras
ferramentas que auxiliam você a buscar o apoio desse órgão tão importante,
principalmente, para as MPE’s. O surgimento do Sebrae e sua participação efe-
tiva no cenário empresarial brasileiro se confundem com a história da empre-
gabilidade e a geração de riquezas em nosso país, contextualizado por um breve
cenário do empreendedorismo no Brasil.

42 Empreendedorismo
Tema | 01
No quarto momento, foi elucidada a importância de se entender o universo dos

O empreendedorismo: da sua natureza e origens à funcionalidade empreendedora


negócios, como deve ser o comportamento organizacional, dos seus gestores e
colaboradores em um cenário econômico globalizado e com a economia instável.

Todos esses conceitos e discussões foram importantes para que você pudesse
prosseguir nas leituras a seguir e entender o complexo mundo dos negócios. E,
por fim, foram abordados aspectos importantes relacionados aos diversos ele-
mentos que integram o processo empreendedor, tais como: a potencialização de
ideias, a identificação de oportunidades para a prática da inovação, bem como a
motivação para empreender.

No ambiente AVA (ambiente virtual de aprendizagem) está disponível todo o


conteúdo deste livro e você poderá aplicar tais conhecimentos juntamente com
os seus colegas, além da sua participação nos fóruns, onde você poderá tirar
dúvidas, discutir e interagir com seus colegas.

Boa Leitura!

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